quarta-feira, dezembro 08, 2004

PP na corda bamba

Enola Gay

Paulo Portas também tem uma ‘bomba atómica’ e prepara-se para a lançar... sobre o epicentro do PSD: Santana Lopes.



Conjecturemos então um pouco sobre a actual crise política... O PP de Paulo Portas sopra para os meios de comunicação social que por menos de 14 deputados não aceita levar Santana Lopes ao colo até às urnas de Fevereiro. Suspeita que a procissão vai tresandar a incenso e quer beliscar o menos possível, se não mesmo recompensar, a sua excelente performance ao longo dos dois últimos governos, papando aos pontos tanto José Manuel Barroso, como Pedro Santana Lopes. Como? Pois mantendo a sua quota parlamentar, sabendo que se o PPD de Santana Lopes aceitar tal condição, o fará mordendo a sua própria cauda (até onde, ninguém sabe...) Ou então, se a isso for levado, concorrendo sozinho, fazendo tudo por tudo para não perder votos. É aqui que está o busilis da presente crise!

Santana Lopes vai inevitavelmente perder milhares de votos, dezenas de mandatos e muito provavelmente a sua própria cabeça política. Não deixará o lugar sem esbracejar, mas será concerteza empurrado para fora do núcleo duro da PSD pelo próximo congresso extraordinário do partido laranja. Nessa altura, Paulo Portas poderia captar para a sua banda boa parte dos populistas e ultra-liberais do PSD e avançar na consolidação do seu projecto partidário. Todavia tal passo é muito arriscado, pois uma derrota pesada da tal plataforma esvaziaria de conteúdo e alcance as manobras do PP. Muito melhor estratégia, tendo em conta os objectivos determinados de Paulo Portas, seria, na realidade, avançar sozinho, em nome do trabalho feito nos governos de coligação, demarcando-se da desorientação profunda que afecta o PSD actual, mas também em nome (e esta é a segunda bomba atómica desta crise) de uma reforma estratégica da Direita portuguesa. Apostar claramente na cisão do PPD/PSD é a única via que permitirá a Paulo Portas levar a cabo o ambicionado upgrade do PP no sistema de forças partidárias português. Eu se estivesse no lugar dele não hesitava.

Post Scriptum (15.12.04) — Para não desaparecer o PP terá agora que mostrar as suas verdadeiras intenções em termos de reestruturação do campo democrático da Direita.


O-A-M #62 08 Dezembro 2004

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