quarta-feira, maio 09, 2007

The Nuclear Bunker Buster

Nuclear Bunker BusterTerrorismo nuclear

A Union of Concerned Scientists mostra de forma clara e arrepiante, com base numa simulação do próprio Pentágono, as consequências de um único ataque nuclear ao Irão com uma NBB de 1 Mega Tonelada (60x a potência da bomba de Hiroshima): 3 milhões de mortos no Irão, Afeganistão, Paquistão e India, em apenas 48 horas..., e 35 milhões de pessoas expostas a radiações cancerígenas progressivamente letais. Mesmo com uma das actuais mini bombas nucleares anti-bunker, que Bush e a pandilha de criminosos que o inspira pensa usar num ataque surpresa ao Irão, as B61-11, com 400 Kilo Toneladas, causaria centenas de milhar de mortos e as respectivas irradiações chegariam aos países vizinhos.

O pico petrolífero será atingido, segundo várias previsões, este ano de 2007. Isto significa que, ao ritmo actual, o petróleo remanescente será consumido até 2030-2050! Por volta de 2015-2017, o ouro negro estará reservado para os mais ricos, para os mais poderosos e para as funções básicas essenciais dos países com alguma robustez económica. Não custará, no ano em que os idiotas do actual governo querem inaugurar a Ota (1), menos de 300 euros o barril.

Em suma, começou, sem declaração formal, a grande guerra energética da actual civilização. Os Estados Unidos e a Europa recomendam agora a produção de biodiesel. Tarde demais e uma receita hipócrita, pois colocará os produtores de alimentos contra os produtores de combustíveis, além de permitir cativar o uso do petróleo por parte dos países ricos e emergentes (Estados Unidos, Europa, Japão, China e India), mitigando por mais algum tempo o inevitável colapso do actual paradigma energético global.

Os dilemas actuais, ainda que invisíveis, ou permanentemente mascarados pela fotogenia mediática do Capitalismo e pela histeria consumista colectiva, são terríveis (2). Cada um de nós pode e deve começar a pensar seriamente no que poderá fazer para travar a possibilidade real dos três holocaustos que se avistam no horizonte: o nuclear, o energético e o climático.

ver animação

Notas
1 - O Erro da Ota.
Segunda-feira, dia 14 de Maio, 2007, pelas 17 horas, será lançado no Palácio da Bolsa (no Porto), o livro O Erro da Ota e o Futuro de Portugal: a Posição da Sociedade Civil.
Autores: Krus Abecassis, António Barreto, Vitor Bento, António dos Reis Borges, António Brotas, Frederico Brotas de Carvalho, Galopim de Carvalho, Miguel Frasquilho, Teresa Gamito, Luís Gonçalves, Pedro Quartim Graça, Mendo Castro Henriques, José Carlos Morais, Rui Moreira, António Cerveira Pinto, António Diogo Pinto, Patrícia Pires, Rui Rodrigues, Carlos Sant'Ana, Loureiro dos Santos, Goçalo Ribeiro Telles.
Mais pormenores em Somos Portugueses.

2- E O Wilson Encyclopedia of Life
As conferencias/prémios TED são um excelente exemplo do nascente cosmopolitismo tecnológico, graças à evolução paradigma da Internet para a chamada Web 2.0, ou web semântica.
A comunicação de E O Wilson é um notável contributo para a compreensão da urgência dos problemas com que estamos confrontados enquanto espécie.

FW:

Dear TEDizens,

Those of us in Monterey this year watched in awe as E O Wilson unveiled his inspiring TED Prize wish to create an Encyclopedia of Life. (If you weren't there, you can see it here.)

In Washington DC this morning, the first big step in that dream came true. Five major scientific institutions, backed by a $50m funding commitment led by the MacArthur Foundation, announced the launch of a global effort to launch the Encyclopedia. Ed Wilson described today's announcement as a dream come true.

As Ed hinted in his speech back in March, a broad-based effort to plan the launch was already underway at the time he made his TED Prize wish. But he called on us to assist the effort, I am proud to tell you that members of the TED community played a key role in realizing what happened today.

In particular I'd like to salute the effort of Avenue A-Razorfish who in three short weeks were able to visualize a stunning design for the Encyclopedia and incorporate it in a video that is the centerpiece of the newly launched website. Please take two minutes (and it is literally two minutes) right now to watch this video. It does a spectacular job of explaining the purpose and vision behind the Encylopedia. It is here at www.eol.org. This work was done entirely pro bono, and is a wonderful example of the TED Prize at work. Everyone at the launch today was blown away by it.

The video includes spectacular photography, some of it contributed by TEDster Frans Lanting. And the website address itself was contributed by an individual inspired by Ed's wish. Programmer Ray Ratelis owned eol.org, a valuable web address which he freely contributed to the project.

Many more TEDsters are meeting next month to assist the project in brainstorming its architecture, technology and design. It's proving an exhilarating example of the power of collaboration.

There are already many stories up online about the Encylopedia. Here's the official announcement.

Huge kudos and thanks to Ed and to Avenue A-Razorfish and to everyone else embarking on this journey.

My best,

- Chris Anderson, TED Curator

E O Wilson video

OAM #200 09 MAI 07

8 comentários:

Anónimo disse...

Caro António,

Também leio as mesmas fontes que lê. Apesar de concordar consigo em quase tudo, não são tão pessimista: O ataque ao Irão já terá passado. Os pequenos campos de petroleo poderão adiar o pico, mas não o aumento de preço, de facto. A OTA e o Socrates são mesmo maus. As alterações climáticas são uma manobra do lobby nuclear. Sabia que Marte também esta a aquecer ? De qualquer modo a poluição não é sustentável. Continue.

Paulo Vaz
Maia

António Maria disse...

Caro Paulo,

## Terrorismo nuclear: eu sei q a maioria democrática estará a fazer todos os possíveis por estancar a aventura nuclear da administração Bush. Ainda bem! Mas é sempre bom dar a conhecer os factos, e estes são mesmo assustadores.

## Paradigma energético: sobre o atraso do pico petrolífero, creio que o intervalo 2030-2050 dá conta, precisamente, dos efeitos de mitigação originados pelos débitos dos pequenos poços descobertos e a descobrir, e ainda dos efeitos de mitigação induzidos pelas alternativas oriundas das energias renováveis e nuclear. Mas mesmo que houvesse erro grosseiro, e o fim da era petrolífera só viesse a ocorrer em 2100, pouco menos assustados teríamos que ficar! A geo-estratégia global foi comandada ao longo de todo o século 20 pela geografia do petróleo, e no tempo que resta de vida a este paradigma energético, assim continuará a ser, só que agora com muitos mais actores com efectivo poder de dissuasão, quer em termos de guerra assimétrica global, quer em termos de guerra nuclear. Só a guerra clássica, com regras, passou de moda!!

## Alterações climáticas: sei que não aceita a tese do aquecimento global, e concordo que o Relatório Stern divulgou uma visão cínica do problema (o aquecimento global como oportunidade de negócio). Também concordo que o lóbi nuclear está a aproveitar-se do alarido mediático para se insinuar como solução alternativa (quando todos sabemos que não é). Mas daí a negar as evidências de que caminhamos para uma tragédia climática e ecológica global, parece-me um passo sem base documental, nem científica. Infelizmente, as previsões do Relatório encomendado pelo Clube de Roma estavam correctas. Donella Meadows disse, pouco antes de morrer, algo absolutamente certo: sem uma nova visão do planeta e da humanidade corremos mesmo riscos de assistir a uma quebra abrupta da população humana mundial antes de o actual século terminar. -- OAM

Anónimo disse...

O processo é conhecido: atribui-se uma intenção a alguém, luta-se para que essa intenção não se concretize e, se ela não se concretizar, encara-se o facto como uma vitória retumbante. Sem querer saber se esse alguém (com quem não simpatizo) tem mesmo essa intenção.
No caso presente, não acredito. Não faz sentido. Nem agora, que há um processo político em curso, nem depois, se esse processo falhar, o que é muito provável.
Quanto ao conteúdo do link, parece haver uma enorme confusão entre médias plausíveis e piores cenários. Se Chernobyl enviou para a atmosfera uma dose de radiação da ordem de 100 vezes a da bomba de Hiroshima e se o número de mortos, extremamente incerto e difícil de calcular, não parece exceder poucos milhares (o que já é suficientemente mau), como é que uma bomba de 400kt (20 vezes a de Hiroshima) numa explosão subterrânea, pode causar vários milhões de mortos?! Isso só seria possível se a bomba fosse lançada directamente sobre uma grande cidade e explodisse à altura 'ideal' para a onda de choque, o calor e a radiação ionizante terem o máximo de 'eficácia'.
O cenário é um disparate completo. Estou a referir-me ao lançamento da bomba, não à existência de um alvo do tipo de que se fala na proximidade imediata de uma grande cidade...

Anónimo disse...

O processo é conhecido: atribui-se uma intenção a alguém, luta-se para que essa intenção não se concretize e, se ela não se concretizar, encara-se o facto como uma vitória retumbante. Sem querer saber se essa alguém (com quem não simpatizo) tem mesmo essa intenção.
No caso presente, não acredito. Não faz sentido. Nem agora, que há um processo político em curso, nem depois, se esse processo falhar, o que é muito provável.
Quanto ao conteúdo do link, parece haver uma enorme confusão entre médias plausíveis e piores cenários. Se Chernobyl enviou para a atmosfera uma dose de radiação da ordem de 100 vezes a da bomba de Hiroshima e se o número de mortos, extremamente incerto e difícil de calcular, não parece exceder poucos milhares (o que já é suficientemente mau), como é que uma bomba de 400kt (20 vezes a de Hiroshima) numa explosão subterrânea, pode causar vários milhões de mortos?! Isso só seria possível se a bomba fosse lançada directamente sobre uma grande cidade e explodisse à altura 'ideal' para a onda de choque, o calor e a radiação ionizante terem o máximo de 'eficácia'.
O cenário é um disparate completo. Estou a referir-me ao lançamento da bomba, não à existência de um alvo do tipo de que se fala na proximidade imediata de uma grande cidade...

António Maria disse...

O cenário de milhões de mortos refere-se a uma bomba de 1 Mega Tonelada. O cenário correspondente a 400 Kilo Toneladas, sugere centenas de milhar de mortos potenciais. Qualquer dos cenários é aterrador. Não concorda? E se houver resposta?! E contra-respostas?!!

Anónimo disse...

Para 400kt ou 1000kt, a simples e básica aritmética continua completamente incoerente com os factos. Com o ponto adicional de que uma bomba de 1000kt é, certamente, de fusão (accionada por uma pequena bomba clássica de fissão).
É possível, e provável, que os testes com bombas nucleares na atmosfera, realizados pelos americanos e soviéticos, tenham provocado mortos. Quantos? Se tivessem sido milhões, tinha-se sabido. E as bombas termonucleares mais potentes (soviéticas) são de 10000kt (10Mt).
Concordo, evidentemente, que o cenário apresentado é assustador, mas é o pior cenário possível de um filme de ficção, que não faz sentido. Fazendo o devido desconto, já não deve assustar ninguém. É como dizer que a cobertura do Mosteiro dos Jerónimos pode ruir, matando potencialmente milhares de fiéis, se, inadvertidamente, lhe colocarem um comboio de mercadorias em cima!
Já o cenário da proliferação nuclear é assustador, por ser plausível. É esse cenário que aumenta as hipóteses de um ataque/resposta/contraresposta. Um ataque ‘preventivo’ com armas nucleares pode muito bem tornar-se no melhor dos incentivos à proliferação e, portanto, no pior dos disparates. Estou certo de que concordamos neste ponto…

António Maria disse...

Obviamente que se a explosão se der num deserto vazio, não haverá pessoas mortas, apenas toda a fauna e flora que por lá existir. Por outro lado, sabe-se que morreram vários observadores dos primeiros testes termonucleares americanos. Em suma, nenhum país testou uma bomba de 400kt ou mais na atmosfera! A previsão dos cientistas americanos que deu origem à simulação gráfica do artigo publicado não é certamente uma quimera... E o ponto fundamental é este: o pior, em matéria de guerra nuclear, é dar o primeiro passo! Ninguém sabe ao certo o que dele advirá.

Anónimo disse...

Não sei se a wikipédia é uma fonte segura mas, de acordo com o que lá está, a União Soviética testou uma bomba de cerca de 50Mt, em 1961, na atmosfera, sobre o arquipélado de Nova Zembla.
A previsão dos cientistas americanos que deu origem à simulação gráfica do artigo publicado não é certamente uma quimera... é uma aldrabice se for entendida como o cenário médio expectável e não um dos piores possíveis. Acho que presta um mau serviço a quem (como eu) se opõe à 'democratização' e, por maioria de razões, à utilização deste tipo de armas.