quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Portugal 158

Orçamento vigiado - 4, o garrote aperta...

Bolsa afunda mais de 5% e regista maior queda desde o rescaldo da falência do Lehman Brothers (Negócios)

Aviso ao PS 2 - Ouçam o Medina Carreira!
Do que ouvi, apenas Medina Carreira, na entrevista de esta noite ao José Gomes Ferreira (um excelente profissional), resumiu simultaneamente o essencial da crise em que estamos e o essencial das medidas a tomar. Dentro de 10 a 15 anos, se nada de sério se fizer, o Estado irá à falência. - in O António Maria, 27-05-2005.

Aviso ao PS 3 - Job for the boys 2
O PS alterou promessas eleitorais fundamentais (aumentou os impostos e promete mexidas abruptas no sistema das pensões e reformas) com base numa encenação caricata em volta do valor do défice esperado das contas públicas. Para isso, contou com a assessoria zelosa, mas suspeita, do Governador do Banco de Portugal. Ao contrário do esperado, a tónica foi para o aumento das receitas, e não para os cortes sérios na despesa pública. E quando digo cortes sérios nas despesas refiro-me, sobretudo, a uma diminuição drástica, mas faseada, ponderada e inteligente, do Estado, contemplando medidas como as que se seguem, e que me parecem inevitáveis, mais cedo ou mais tarde:... - in O António Maria, 05-06-2005.

No Conselho de Estado (C.E.) reunido ontem à tarde encontravam-se alguns dos máximos responsáveis pela pré-falência técnica para que Portugal caminha a passos largos. Salvo António Guterres, Santana Lopes e Victor Constâncio, que não fazem parte deste C.E., estavam lá muitos culpados: Cavaco Silva, José Sócrates, Mário Soares, Almeida Santos, Jaime Gama, Carlos César, Alberto João Jardim, etc. Claro que as dezenas de economistas e de opinadores mediáticos que só agora acordaram para o endividamento geral do país e tiveram responsabilidades várias nos processo de formação da vontade política são igualmente cúmplices do descalabro actual.

A declaração lacónica emitida pelo dito C.E., pouco depois de José Sócrates ter quebrado o voto de silêncio e declarado que a reunião do C.E. lhe correra muito bem, serviu certamente para reposicionar o problema da actual crise na sede que lhe é devida por efeito dos resultados eleitorais de Setembro de 2009: a Assembleia da República. Vamos ver o que acontece na sessão parlamentar de hoje: se a Madeira recebe o reforço orçamental que pediu, e se Teixeira dos Santos larga ou não o governo.

Para já, uma coisa é certa: Portugal está e estará sob vigilância apertada, quer por parte de Joaquín Almunia, comissário da União, quer por parte das agências de rating e dos especuladores envolvidos no ataque concertado às dívidas soberanas dos pequenos países fragilizados por décadas de despesismo, artimanhas e corrupção generalizada das respectivas nomenclaturas político-partidárias. As exigências que pesam sobre a Grécia chegarão a Portugal em dose reforçada!

Teixeira dos Santos: Portugal vai emitir dívida pública dirigida às famílias
27/01/10 13:58 -- "Vamos lançar uma emissão de OT para o mercado de retalho", disse Teixeira dos Santos, citado pela "Reuters" que, durante o ano passado, já tinha dito que encarava este tipo de operações com "simpatia".

A emissão, que está já a ser preparada pelo Instituto de gestão da Tesouraria e do Crédito Público (IGCP), será uma medida de "fomento à poupança", explicou o governante, que ontem projectou um agravameto da dívida pública em 2010 até 85,4% do PIB.

Teixeira dos Santos não adiantou, contudo, o montante da emissão nem a data de lançamento da emissão.O ministro das Finanças anunciou que está a ser preparada uma emissão de Obrigações do Tesouro (OT) para particulares. in Económico.

Entretanto, com o preço da dívida pública a subir numa escalada cujo fim se desconhece, a anunciada emissão de Obrigações do Tesouro ficou no tinteiro, sem que ninguém tenha dado o aviso. Foi preciso lê-lo no boletim diário do EurActiv que hoje me chegou à caixa de correio.

Brussels vows to hold Greece to austerity

Thu, 2010-02-04 06:15 - The European Commission vowed on Wednesday (3 February) to hold Greece strictly to an austerity plan to tackle the most severe debt crisis in the euro zone, proposing unprecedented surveillance measures to keep Athens' soaring budget deficit under control.

... In addition to the strict surveillance, the Commission recommended launching an excessive deficit procedure against Greece, suggesting a strict adjustment path to cut its deficit.

"The recommendations include measures to be implemented already in 2010, such as a reduction in the overall public sector wage bill, including through the replacement of only 1 of 5 retiring civil servants, progress with healthcare and pension reforms, the set up of a contingency reserve amounting to the 10% current expenditure, tax and excise duties increases and tax administration reform," the Commission said.

... Greek bonds and stocks rose briefly in response to Brussels' approval, but dipped again and ended in negative territory after fellow eurozone weakling Portugal cut a planned treasury bill issue because of high borrowing costs.

... "The market appears to be taking over from the European Commission the role of enforcer of fiscal discipline, and it could prove far more efficient and brutal than the Stability and Growth Pact," said Unicredit chief economist Marco Annunziata." -- in EurActiv.

Admitir apenas um novo elemento na Administração Pública por cada cinco funcionários que saem ou se reformam, encerrar serviços inúteis, acabar com muitos dos benefícios fiscais que persistem, aumentar a idade da reforma e penalizar ainda mais as saídas antecipadas (para evitar a esperada sangria de quadros, nomeadamente no sector da Saúde), baixar os vencimentos  da Função Pública (nomeadamente no sector da Educação) ou congelá-los até 2013, e aumentar os impostos (o IVA poderá subir até 25%, situando-se então nos actuais valores aplicados na Dinamarca e na Suécia), são algumas das medidas que ninguém quererá tomar, mas que os credores internacionais acabarão por nos impor.

É verdade que Portugal, tal como a Grécia, está sendo alvo de uma agressão financeira sem precedentes. E que países em idêntica ou pior situação que os PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha), tais como os Estados Unidos da América, o Reino Unido, e o Japão, jamais foram atacados da mesma maneira pelas retóricas das agências de rating e dos burocratas de Bruxelas. Quem se lixa é o mexilhão, pois é! Mas talvez haja um ponto que convém não esquecer quando comparamos Portugal com os Estados Unidos: nós não temos bombas nucleares, não dispomos de recursos energéticos, minerais e alimentares em abundância, a nossa capacidade produtiva é escassa e de baixa qualidade técnica, desbaratámos a poupança pública e privada e vegetamos numa economia real estagnada há mais de uma década! Sem fundos comunitários e com uma previsível redução substancial das remessas dos portugueses que voltaram a emigrar como já não faziam desde a década de 60, a nossa economia caminha mesmo para uma depressão profunda. É por isso que os credores e os especuladores não desistirão de nos importunar.

A principled Europe would not leave Greece to bleed

... With Europe's economy still weak, an excessively rapid tightening of its budget deficit would risk throwing Greece into a deep recession. Adjustments always take time, and are always painful. Europe should reframe the short-run budgetary targets it sets for Greece in terms of the structural deficit – what the deficit would have been had the country been able to achieve full employment. In recent years, even the IMF has reframed most countries' budgetary targets in terms of the primary deficit – net of interest payments, recognizing that volatile financial markets mean that interest payments are not really within a country's control. — in Joseph Stiglitz, The Guardian, Monday 25 January 2010.

O trambolhão do PSI-20 de hoje pode ser apenas o princípio de uma verdadeira derrocada. Atenção à situação da Caixa Geral de Depósitos!



OAM 680 — 04 Fev 2010 15:20

3 comentários:

Mrzepovinho disse...

bem.. eu planei remover de imediato o meu dinheiro da CGD... é urgente, pois para os primeiros ainda deve haver alguma coisa :P

António Maria disse...

A Caixa andou este tempo todo a financiar o falido BCP, os piratas do BPN e do BPP, a Teixeira Duarte e o comendador Berardo, enfim, um rol de despesas sem fim. E agora está seca! A prova é esta: não consegue travar a OPA à CIMPOR que os brasileiros levarão por diante sem grandes problemas.... Texeira Duarte e Berardo já devem estar a desfazer-se das suas posições....

António Maria disse...

A fuga de capitais vai ser muito rápida. Convém pois dispersar as poupanças por duas ou três instituições bancárias, e comprar algum ouro (físico, não virtual!) quanto antes, a título de aplicação a médio-longo prazo (5-10 anos). 10% da poupança investida em ouro pode ser uma boa aposta, pois a crise financeira tem ainda 5-6 anos pela frente e fala-se já na onça a 3000 USD! Outra boa aplicação são as obras de arte de grande qualidade (só as de grande qualidade e de autores reconhecidos), mas para este tipo de investimento é preciso escolher bons consultores, que não abundam...