terça-feira, novembro 20, 2012

Mota-Vinci e PS querem a ANA

Vinci é uma Mota-Engil em ponto grande.
Foto: Vinci

Público promove consórcio Mota-Engil-Vinci

A Vinci pretende fazer do Aeroporto da Portela o principal aeroporto da empresa. “Lisboa seria o grande Hub da nossa rede”, disse Nicolas Notebaert, presidente do Conselho de Administração da Vinci Airports, numa conferência de imprensa em Lisboa — in Público, 19 nov 2012.

Mais uma notícia encomendada, a pensar no novo aeroporto de Alcochete. Mota-Engil, BES, Mellos e fundo de investimento clandestino do PS ao barulho, claro!

A Vinci move menos passageiros nos 12 aeroportos que explora do que a Portela. Além do mais, a Vinci é uma concessionária típica de pontes, barragens e estádios de futebol, ou seja, uma Mota-Engil em ponto grande. Está bem de ver ao que vem, e porque o seu parceiro local é liderado por um socialista chamado Jorge Coelho.

O objetivo é conhecido, embora a indigente imprensa portuguesa esconda o facto (sob pena de lhe secarem a publicidade), e passe o tempo a ecoar a propaganda dos piratas do regime. Neste caso, o que a Mota-Engil, a Brisa, o grupo Espírito Santo, Stanley Ho, a SLN (agora Galilei) e o fundo de investimento holandês do PS querem é tomar de assalto a ANA, e depois fazer o que a anterior administração tentou realizar sem conseguir: travar as Low Cost, rebentar com o aeroporto Sá Carneiro, atrofiar com actos de gestão danosa a Portela, travar a todo o custo o célebre "TGV", e assim voltar à carga com a famosa ideia de construir o Novo Aeroporto de Lisboa (NAL), seja lá onde onde for — Alverca, Ota, Rio Frio, Canha ou Alcochete, tanto faz. O que estes piratas querem é betão e rendas!

Têm, porém, um problema, estão muito mal aconselhados. O dinheiro que eu lhes poderia ter ajudado a poupar se me tivessem consultado a tempo!

Nós não precisamos de novos aeroportos

Portela mais o Montijo, Sá Carneiro e Faro, sobretudo se forem bem geridos, e não sabotados, chegam e sobram (1). Mas precisamos, tal como precisamos das Low Cost, da prevista ligação ferroviária de Alta Velocidade entre Lisboa e Madrid e resto de Espanha.

Também não precisamos de devoristas —deputados, juízes e espécies do género que não pagam bilhetes e exigem Executiva—, nem sequer de sindicatos corporativos egoístas que não pensam, nem da TAP, nem da CP como estão e enquanto forem sacos de corrupção partidária e de ruína.

Precisamos, sim, de atrair pessoas e investimento, e para tal, uma só empresa privada, a Ryanair, fez mais pelo turismo e pela mobilidade dos pequenos empresários, estudantes e pessoas em geral, no Norte, em Lisboa e no Algarve, do que os governos e partidos todos juntos ao longo da última década. Aliás as Low Cost trouxeram para Portugal mais turistas numa década do que o ICEP, ou AICEP, em trinta anos! Como hoje se sabe a corja partidária apenas roubou e afundou o país, e já está, uma vez mais, em campanha de compra de votos com o nosso próprio dinheiro.

Precisamos do "TGV", sim, e já!

Primeiro argumento: a ligação ferroviária de Alta Velocidade em bitola europeia entre o Poceirão e Caia (Badajoz) é a mais barata (o Alentejo é plano!) das três novas e futuras ligações previstas entre Portugal e Espanha/resto da Europa. Inevitáveis porque depois de 2015-2020 deixará de haver bitola ibérica na maior parte da rede ferroviária espanhola que serve Portugal, o que faria de Portugal, se continuássemos a fazer o jogo sujo dos piratas do regime, uma ilha ferroviária.

Segundo argumento: a ligação ferroviária em bitola europeia entre Lisboa e Madrid serve passageiros e mercadorias, ligando, por um lado, as duas maiores comunidades urbanas e suburbanas da península (cerca de 11 milhões de pessoas), e por outro, três portos estratégicos portugueses (Lisboa, Setúbal e Sines) a Espanha, nosso maior cliente comercial, e ao resto da Europa, que representa mais de 70% das nossas exportações.

Terceiro argumento: a penalização fiscal (e portanto do preço) dos voos de médio curso na Europa é uma tendência irreversível. O comboio de Alta Velocidade substituirá progressivamente, com muitas vantagens, nomeadamente de tempo e conforto, as ligações entre cidades que distem entre si menos de 800Km.

Quarto e decisivo argumento: a União Europeia, e portanto os nossos principais credores, já desenharam a futura rede europeia de mobilidade ferroviária, onde a ligação Lisboa-Madrid, Porto-Aveiro-Salamanca e Porto-Vigo são decisões assentes, e aliás aprovadas em sucessivas cimeiras entre Portugal e Espanha.

A intoxicação mediática contra o "TGV"

A propaganda contra o "TGV" (não existe nenhum TGV, de facto, previsto, mas uma rede ferroviária!) foi a maior manobra de intoxicação pública de que há memória na imprensa portuguesa, promovida pelos piratas do embuste da Ota em Alcochete. Estes piratas sabem que no dia em que a ligação Lisboa-Madrid estiver em operação, o embuste da Ota em Alcochete, onde o Bloco Central da Corrupção apostou centenas de milhões de euros, cai imediatamente. Por isso resistem como podem. A mais recente promoção que o Público fez do candidato Vinci na corrida à ANA, esquecendo de nos esclarecer, que a Vinci, além de uma empresa sem estatuto aeroportuário digno desse nome, é a lebre da Mota-Engil nesta corrida, é mais uma prova de que o lóbi do NAL não só não tem estratégia, como não aprende. Eles querem a ANA para voltar a promover intensivamente o NAL de Alcochete! António José Seguro, do PS, a isto disse e diz nada. É que também o PS, através dum fundo escondido que tem sediado na Holanda, andou a especular com terrenos perto de Alcochete. Provem-me que estou errado!

ÚLTIMA HORA

Candidato à ANA oferecem novo aeroporto
Sol, 20 nov 2012

O SOL apurou que a Fraport, por exemplo, defende que, caso vença a corrida para a concessão da ANA durante 50 anos, a construção de uma nova estrutura aeroportuária é a melhor estratégia para a empresa.

Os alemães podem, no entanto, não avançar para a construção total do aeroporto em Alcochete, para onde, segundo o projecto aprovado, estavam previstas duas pistas e espaço para outras duas. Segundo fontes do sector, poderá optar-se por uma construção faseada do novo aeroporto, construindo-se, inicialmente, uma só pista, para aliviar a Portela – que em 2022 estará no seu limite máximo.

«O facto é que, ao longo dos 50 anos de concessão, o problema de falta de capacidade não se resolve mesmo usando a base militar», diz outra fonte. No entanto, a base militar parece ser a opção preferida da Eama, para colmatar a falta de capacidade da Portela.

Comentário: Antes de construírem o que quer que seja de novo vão ter que rentabilizar as infraestruturas atuais! O que exigirá investimentos na Portela (500 milhões de euros previstos) e no aeroporto Sá Carneiro (taxiway apropriado e ILS). Depois vão ter que demonstrar que precisam de expandir, onde e como. E só depois é que a discussão pública sobre o NAL recomeçará!

Uma vez entregue a exploração da ANA a um privado, nem o aeródromo militar do Montijo, nem o Campo de Tiro de Alcochete deixaram de ser propriedade do Estado, nem o ministério da defesa deixará tão cedo de usar aquelas infraestruturas. Se o futuro concessionário da ANA quiser expandir para o Montijo, expropriar terrenos na Maia (para fazer o taxiway), ou começar a construir um NAL na zona de Alcochete-Rio Frio-Canha, vai ter que negociar com o Estado e com os proprietários de terrenos privados na altura própria.

Espero bem que Bruxelas, relativamente a este processo de privatização, acautele, i.e. vigie e impeça se for caso disso, a possibilidade inaceitável de a ANA se transformar num monopólio privado das infraestruturas aeroportuárias comerciais do país! Os monopólios privados, os cartéis e as rendas excessivas da burguesia rendeira local têm que acabar. Memorando dixit — com o que estou 100% de acordo!


NOTAS
  1. O Público, que não publicou o meu comentário à sua indecorosa notícia, apenas exibe um comentário sobre a tragédia que seria um acidente aéreo em Lisboa. Este é o tipo de argumento terrorista que tem que ser desmontado. Primeiro, o aeroporto da Portela situa-se num planalto que favorece as manobras de descolagem e aterragem, pelo que obteve a máxima classificação aeroportuária em matéria de segurança. Segundo, se um avião cair —e o único que caiu até hoje, nas imediações Portela, foi uma avioneta armadilhada para explodir—, a maior tragédia é sempre para os passageiros, e não para as eventuais vítimas no terreno. Terceiro, se o critério do medo fosse aplicado no resto do planeta onde há aeroportos, metade deles teria que fechar.

Última atualização: 21 nov 2012 ; 12:30

2 comentários:

Bmonteiro disse...

Portela mais o Montijo, Sá Carneiro e Faro...
Perfeitamente de acordo.
Entretanto ali para o planalto de Castelo Brnco, em breve um novo aeroporto/aeródromo para a economia local.
Somos assim.

António Maria disse...

O importante é ter área para, se for preciso, estender e alargar a pista até aos 3000 metros de comprimento e 60 de largura ;) Quando houver bonecos envie-nos ;)