sábado, janeiro 31, 2015

Juros negativos



Nordea Credit: o primeiro banco a pagar juros, em vez de cobrar, por um empréstimo à habitação!


“Thanks of Mario Draghi’s generosity with “other generations’ slavery”, and following 3 consecutive rate cuts by the Danish Central Bank, a local bank - Nordea Credit - is now offering a mortgage with a negative interest rate! This means, according to DR.dk, that Nordea have had to pay instead of charging interest to to a handful of customers, says housing economist at Nordea Kredit, Lise Nytoft Bergmann for Finance” — in Zero Hedge, 30-01-2015.


Quando compramos uma casa e pedimos dinheiro ao banco, ficamos a dever esse dinheiro, que pagaremos em 10, 15, 20 ou 30 anos, mais os juros do empréstimo, que é, alías, o montante que começamos por pagar em primeiro lugar.

Imagine agora que, depois de pedir 100 mil euros à Caixa para comprar um apartamento, em vez de pagar os 100 mil euros mais juros, irá pagar menos de 100 mil euros. A isto chama-se NIRP (Negative Interest Rate Policy), e a esta economia surrealista, NEW NORMAL!

Na realidade, aquilo a que estamos a assistir é o princípio da evaporação das dívidas.

No entanto, embora o NIRP possa beneficiar temporariamente o comum dos mortais, no essencial, este ato de monetização desesperada destina-se sobretudo a salvar bancos e governos duma implosão social.

Voltamos a sublinhar: não foi por acaso que o anúncio da diarreira financeira do BCE —60 mil milhões de euros mensais, entre março deste ano e setembro de 2016— ocorreu na mesma semana em que o Syriza venceu as eleições na Grécia.

PS: se pensa comprar uma casa, um terreno, ou mesmo um carro, espere até abril. Se pensa vender uma casa, um terreno, ou trocar de carro, espere até ao verão ;)

A dívida grega e a nossa...


A cacafonia indígena sobre a dívida é poeira atirada aos nossos olhos


Os mitos sobre a impagável dívida grega, levando o nosso parlamento a confecionar retóricas indigentes sobre o tema, não nos devem afastar do essencial, e o essencial é que temos um problema bem maior do que o da Grécia, para lá da comparação entre as duas dívidas: falta-nos coragem e rumo nas decisões coletivas. Demos demasiada confiança aos imprestáveis políticos que fomos elegendo nas últimas décadas. Talvez seja o momento de repararmos este erro histórico.

Para que conste: o serviço da dívida pública grega é inferior aos da Espanha, Irlanda, ou Itália,  e muito inferior ao custo da nossa própria dívida pública, o mais pesado de todos os países da União Europeia.
Three myths about Greece's enormous debt mountain

By Mehreen Khan
The Telegraph, 5:00PM GMT 28 Jan 2015

€317bn - it’s the number that could determine whether Greece stays in the euro. But is the country’s debt pile really unsustainable?

[...] The new far-left/right-wing coalition is now demanding a write-off of up to 50pc of its liabilities. The government argues that this is the only way Greece can remain in the single currency and prosper.

According to the newly appointed finance minister, who first coined the term “fiscal waterboarding” to describe Greece’s plight, the EU has loaded “the largest loan in human history on the weakest of shoulders - the Greek taxpayer”.

sexta-feira, janeiro 30, 2015

Energia: roubalheira e saque fiscal

Os gráficos não enganam!

O FMI tem razão: governo, oposição e regime continuam a dar Pão de Ló e ostras aos rendeiros da energia


  • Alguém consegue explicar porque motivo o preço do gás —e da energia em geral, em Portugal, continua tão elevado? A eletricidade, por exemplo, amenta 3,3% em 2015!
  • Alguém consegue explicar porque é que a TAP continua a impor uma taxa de combustível, de 30 euros, nos seus bilhetes?
  • Alguém consegue explicar porque é que o falso ministro do ambiente impõe taxas sobre sacos de plásticos —feitos a partir de gás natural e plástico reciclado (PET)— quando os preços do petróleo e do gás natural cairam 50% de há um ano para cá?
  • Alguém consegue explicar os preços escandalosos da água canalizada, quando a energia necessária para a tratar e movimentar deveria permitir a diminuição dos preços ao consumidor?
  • Será que esta irracionalidade económica, que prejudica o crescimento e penaliza as famílias, se deve apenas à voragem dos rendeiros oligopolistas e à insanidade orçamental dos governos deste regime falido?
  • Onde estão o PS e os hipócritas da Esquerda a denunciar esta espécie de fascismo fiscal?

Os gráficos não enganam!
Zero Hedge, 29/01/2015: “...as the chart below shows, since the oil’s peak in June 2014, Energy company EPS have crashed by 50%, as a result of a 60% plunge in the price of oil. What about Energy Index prices? Well, they have fallen to be sure, but nowhere near far enough to where they should, down “only” 20% from the highs.”

Entretanto...


EDP encaixa 186 milhões de euros com venda de activos em Espanha

A divisão espanhola da EDP concluiu a venda de activos de distribuição de gás a uma empresa do Goldman Sachs. O negócio pode vir a ascender a 237 milhões de euros, mas parte da operação aguarda por luz verde dos operadores espanhóis — in Jornal de Negócios.

EDP—a ordem dos chineses é clara: vender os anéis tão depressa quanto possível, para acudir à gigantesca dívida da empresa—boa parte dela denominada em dólares—, à queda dos preços e do valor dos ativos do setor energético, e a uma mais do que provável redução das rendas excessivas em Portugal. Só falta saber quando é que o cabotino Mexia e o Recluso 44 são chamados a explicar o negócio pirata das barragans.

NB: a mesma Goldman Sachs que impingiu as ventoinhas americanas da Horizon Wind à EDP, criando-lhe uma dívida gigantesca, vem agora compensar (um bocadinho) a empresa chinesa, com a compra de ativos da EDP em Espanha.

Atualização: 30-01-2015, 23:35 WET

quinta-feira, janeiro 29, 2015

Novo porto: Barreiro ou Setúbal?

Só mesmo o Bloco Central da Corrupção pode estar interessada no Barreiro

A corja rendeira ainda mexe!


Da análise comparativa entretanto realizada sobre as alternativas—Barreiro ou Setúbal—para um futuro terminal de contentores, conclui-se que a opção do Barreiro só tem uma vantagem: sacar mais 20% de financiamento comunitário, o qual será sempre pontual e se esfumará nos bolsos da malta do betão.

Em tudo o resto Setúbal aparece como a opção lógica. Lisboa e Setúbal são um porto só, e fazem parte de uma cidade-região chamada Lisboa. Se os produtores de vinho já entenderam esta realidade evidente, porque é que o resto da comunidade não percebe que é do seu interesse obrigar os devoristas partidários e autárquicos a racionalizar a gestão do território, pondo imediatamente em marcha a criação das cidades-região de Lisboa a Porto?

O sargento-ajudante do Recluso 44 e de Mário Soares anda por aí a agitar de novo o espantalho da regionalização. Alguma ideia concreta? Não, apenas diarreia 'socialista'!

Terminais de Contentores da Região Lisboa - Setúbal Análise Comparativa
Centro de Estudos de Gestão do Instituto Superior de Economia e gestão (ISEG), Lisboa, novembro de 2014 (pdf)

“O investimento previsto para o terminal de contentores da Trafaria e respectivas acessibilidades é superior a 760 milhões de euros. O investimento previsto para o terminal do Barreiro e respectivas acessibilidades é da ordem dos 750 milhões de eu ros a que se tem de juntar o investimento anual para a dragagem do canal fluvial da ordem dos 20 a 25 milhões de euros. O investimento previsto para o terminal de contentores de Setúbal e respectivas acessibilidades é da ordem dos 32 milhões de euros.”



O Bloco Central da Corrupção, desmiolado e sem vergonha, não desiste. No caso da inventona do novo porto do Barreito, conta também com os corruptos e desmiolados do PCP. Mas o pior é a procissão de indigentes (os adiantados mentais da indústria de estudos, e os jornalistas empratados) que segue qualquer cenoura que alguém agite diante dos seus pobres narizes.

Uma opinião crítica em tempo...

Pior que a Ota, só o Barreiro!
Jornal de Notícias, 29.01.2015, NUNO BOTELHO

“Os governos centrais adotaram nos últimos anos uma peculiar forma de gerir. Todos querem deixar uma obra de regime que os perpetue na memória dos portugueses, nem sempre pelas melhores razões. O Governo socrático queria, porque queria, a Ota... Que, apesar de todos os milhões gastos em estudos, não saiu do papel, muito graças à intervenção da Associação Comercial do Porto e do seu estudo “Portela + 1”, que deitou por terra os argumentos à época invocados. Agora, o Governo PSD/CDS ameaça com o novo porto do Barreiro, desativando o de Lisboa! Esta será mais uma obra faraónica que em nada beneficiará os portugueses, na medida em que os custos envolvidos em tal construção e manutenção tornarão inviável a sua rentabilização. No fim, serão os contribuintes do costume a ter de pagar a conta.

Na verdade, a desativação de Lisboa e a construção do Barreiro parece-me mais “gato escondido com rabo de fora”, pois irá obrigar à construção de novos acessos rodoviários, pontes e quem sabe novas ferrovias... Enfim, o lobby da construção parece que está de novo a atacar!”

Entretanto, a Trafaria e o fecho da golada — uma velha discussão, agora retomada




Nota final


  • 12 navios New Panamax, comportando 13 mil TEUs cada um, dariam conta de todo o movimento do Porto de Sines em 2013.
  • 169 navios New Panamax, comportando 13 mil TEUs cada um, dariam conta de todo o movimento portuário do país [PDF]

Um porto de águas profundas, que pode acolher navios com calados acima dos 12 e até 15,2 metros, como os porta-contentores da classe New-Panamax (que em vez de 5.000 TEU, comportam até 13.000 TEU equivalentes), só fará sentido como extensão do Porto de Sines, que tem ainda margem para crescer, ou seja, só terá justificação económica se e enquanto houver procura dos portos portugueses para a atividade de transhipment, ou seja, para a passagem de contentores dos grandes porta-contentores para navios mais pequenos, nomeadamente de cabotagem, destinados a transportar contentores ao longo das costas europeias e africana.

Mas atenção: um navio, quando chega a um porto, não pode descarregar apenas e, depois, levantar âncora com os porões vazios. Se não ocupar o vazio deixado pelos contentores que descarrega com contentores cheios de mercadorias, que transportará para outros portos, o negócio seria uma ruína, e portanto nem sequer terá lugar, se foram estas as perspetivas.

Ou seja, um porto de águas profundas orientado para a captação de navios porta-contentores New-Panamax não se destina a descarregar contentores para consumo interno, mas sim a permitir o tal transhipment.

Para consumo interno, os portos existentes chegam e sobram! 

No caso dos transportadores de graneis, líquidos e viscosos, como o carvão e outros minérios, petróleo e gás natural, para efeitos de importação e consumo interno, estamos servidos.

Se for para exportar, os portos terão então que dotar-se pipelines e linhas ferroviárias adequadas e interoperáveis, sob pena de perderem em competitividade para a concorrência, nomeadamente espanhola. O gasoduto chega a Sines, mas tanto Sines, como Setúbal, Leixões e Figueira da Foz estão muito mal servidos de ferrovia. A que existe não corresponde, pura e simplesmente, às exigências de interoperabildiade europeias (TEN-T).

A norma UIC é standard na União Europeia, e será aplicada de Badajoz até Pequim e Vladivostoque!

Ou seja, este governo, dominado em pastas estratégicas por testas de ferro dos rendeiros e devoristas que arruianram o país, condenou Portugal a transformar-se numa espécie de Berlengas ou Desertas ferroviárias.

Sem conformidade das normas da bitola, sistemas de alimentação elétrica, sinalização e segurança, em toda a rede, a qual neste caso é, será em breve, uma rede transeuropeia e interoperável de transportes as velhas redes e linhas ferroviárias que não fizerem o indispensável upgrade, morrerão na praia.

Ora neste capítulo o atual governo fez tudo ao contrário, sabotando os acordos internacionais e os contratos nacionais relativos às ligações ferroviárias do norte, centro e sul do país a Espanha e resto da Europa!

Por fim, se pensarmos no serviço ferroviário de carga existente em Portugal, à exceção da Takargo, tudo o resto —CP, CP Carga e EMEF— está falido. E o que nos vale é que os piratas indígenas mandam e decidem cada vez menos...

Assim, se vão fechar a CP Carga, porque já não poderá voltar a ser alimentada a Pão de Ló pelo burro contribuinte, um porto sem serviço ferroviário garantido pode estar em qualquer praia, desde que lá chegue um camião TIR. No Barreiro, ou em Peniche. Com a diferença que no Barreiro é muito mais caro, perigoso, e atravanca o estuário do Tejo para além dos limites toleráveis... Há alguma justificação técnica para a localização de um novo porto de contentores no Barreiro? Não, não há qualquer explicação plausível. Só pode ser fogo de vista, compra de votos, ou corrupção.

Que alternativa existirá para todo e qualquer porto nacional se o boicote às linhas de bitola europeia persistir?

Só vejo uma: transportar, de cada vez que um New Panamax aportasse a um porto de águas profundas português, 2, 3, 6 mil contentores, em 2, 3, 6 mil camiões TIR, até ao próximo porto seco espanhol—Caia/Badajoz, Salamanca,  Huelva ou Algeciras—, onde em breve estarão as novas ou renovadas plataformas logísticas e as estações, pelos vistos terminais, da nova rede ferroviária europeia em construção.

É este o entendimento que Jorge Moreira da Silva e os nossos ambientalistas têm do país? Se não é, porque estão há tanto tempo calados?

Como comenta um dos nossos leitores/colaboradores, sempre cheio de graça, o governo socratino construíu um aeromoscas em Beja, para cemitério e desmantelamento de aviões, o Passos Coelho arrisca-se a fazer um porto, no Barreiro, para desossar navios. Ali com a antiga Siderurgia Nacional mesmo ao lado até dava jeito. O pior é o programa de recuperação das ostras:(

Atualização: 29/01/2015, 17:34 WET

Não batam mais nos paraísos fiscais

A honestidade fiscal também não mora na Alemanha.

A fuga ao fisco é um problema, mas não é o maior de todos


Os paraísos fiscais em todo o mundo, e de todo o tipo, uns permitdos, outros perseguidos, incluindo as ilhas-pirata da Coroa Britânica, a City londrina, a Irlanda, a Holanda, o Luxemburgo ou a Suíça, poderão albergar entre 6 (Think Progress) e 32 (BBC) biliões de dólares—ou seja, entre 6E12 e 32E12 USD.

Para termos uma ideia da enormidade destas estimativas, basta pensar que o PIB mundial é da ordem dos 74 biliões de dólares—74E12 USD. Ou seja, a riqueza que foge, total ou parcialmente, às responsabilidades fiscais de origem, é da ordem de metade do PIB mundial.

Só em impostos não pagos por ano podemos estar a falar de 190 a 280 mil milhões de dólares. O PIB português em 2013 foi da ordem dos 220 mil milhões de dólares.

Tudo isto é verdade e deve ser denunciado e combatido. Mas não tenhamos ilusões: isto é apenas a ponta de um icebergue bem maior e mais perigoso.

Por exemplo, só a exposição do Deutsche Bank ao gigantesco mercado de derivados financeiros é da ordem dos 54,7 biliões de dólares—$54,7E12. Basta que 10% destes contratos (CDS, etc.) não sejam cumpridos, para que o DB tenha que assumir perdas na ordem dos 5,4 biliões de dólares, o dobro do PIB alemão!

Por sua vez, o 'valor nocional' do mercado mundial de derivados financeiros OTC (especulativos), era, segundo o BIS, na primeira metade de 2014, da ordem dos 691 biliões de dólares, mais de 9x o PIB mundial. Se apenas 10% destes contratos fossem ao ar, o buraco seria da ordem dos 69 biliões de dólares—próximo, portanto, do valor do PIB mundial...

Quero dizer com isto que a responsabilidade do Grande Buraco Negro que está a engolir as sociedades de consumo (e também as outras!) não é só do dinheiro que foge aos impostos, mas também do endividamento privado e público baseado em expetativas de crescimento que estão a desaparecer, e sobretudo ainda do jogo bolsista, boa parte do qual é investimento puramente especulativo.
Diria, em síntese, que é preciso menos impostos e mais repressão fiscal sobre os infratores, nomeadamente sobre os paraísos fiscais. Mas ao mesmo tempo é urgente suprimir a concorrência fiscal dentro duma mesma zona monetária, como hoje ocorre na Europa.
É mais urgente, factível e frutuoso, implementar imediatamente uma verdadeira união fiscal na Zona Euro, incluindo países associados ou com moedas atreladas à moeda única, do que insistir apenas no ataque já em curso contra os paraísos fiscais, nomeadamente por parte dos Estados Unidos, ou da China..

A denúncia cega dos paraísos fiscais pode ocultar sem querer a questão muito grave da concorrência fiscal entre países da zona euro, e a questão gravíssima da especulação financeira, nomeadamente com os célebres Credit Default Swaps, associados a PPPs, ao financiamento dos défices e das dívidas públicas, ou à especulação com taxas de juro e de câmbio.
Mas o que, do meu ponto de vista, temos que perceber de vez é que o paradigma do crescimento mundial mudou, seja porque o mix energético está em plena metamorfose, seja porque a redistribuição da riqueza mundial sofreu e continuará a sofrer um ajustamento brutal com a entrada dos países emergentes na equação de acesso e usufruto dos recursos finitos disponíveis, seja porque o modelo consumista, privado e público, morreu.
O perigo maior, neste momento, não são os paraísos fiscais, nem sequer a fuga aos impostos, mas a bolha de derivados especulativos, e o endividamento brutal, privado e público, que continuará a aumentar durante mais algum tempo.

Os maniqueísmos de que a comunicação social e os políticos gostam não são bons conselheiros.

quarta-feira, janeiro 28, 2015

O nó grego. Alemanha isolada?

Alexei Tsipras visitou em Kaisariani a campa dos duzentos ativistas gregos, na sua maioria comunistas, fuzilados pelos nazis em maio de 1944.

Parece que a Alemanha vai perder mais uma guerra


A Alemanha, que é tão extraordinária em tanta coisa, como no fabrico de automóveis e lentes fotográficas, ou na sua Filosofia, tem, no entanto, o mesmo problema do Francisco Louçã: pensa de maneira quadrada. Ou seja, a sua sensibilidade e capacidade de manobra são iguais a zero. Sempre que é conveniente contornar um obstáculo, o quadrado mal se move, pois, para chegar a qualquer um dos outros três lados do polígono, precisa de realizar um esforço enorme para vencer a inércia.

Todos sabemos que os oportunistas do sul da Europa se aproveitaram do súbito mas falso enriquecimento proporcionado pela entrada numa zona monetária forte. Sem produzirem o suficiente para o poder aquisitivo que lhes saiu na rifa, de um dia para o outro, desataram a comprar Golfs, Audis, BMWs, Mercedes e Porshces. E não ficaram por aqui. Especularam com terrenos e construiram milhares de empreendimentos imobiliáros para nada, construiram pontes para lado nenhum, autoestradas vazias, fecharam e venderam empresas em catadupa porque, de repente, o que produziam ficou mais caro do que sul-americanos, africanos e asiáticos exportavam para a Europa. Dedicaram-se aos casinos financeiros, que davam mais proveitos e prestígio do que a maçada de criar valor. E, para culminar tudo isto, endividaram os respetivos estados até à ruína, em nome de excelentes serviços de saúde, educação para todos, pensões de reforma para quem trabalhou e não trabalhou, e ainda mordomias sem fim e salários milionários para os principais rendeiros e devoristas dos novos e mui populistas regimes democráticos (outra aquisição repentina e mal digerida, claro). Em cima de tudo isto, a cereja da corrupção galopante—uma consequência previsível do abandono da ética, e da arrogância, protagonizados desde logo e em primeiro lugar pelas partidocracias instaladas.

Isto é tudo verdade, mas falta acrescentar um ponto: a Alemanha e os países ricos da Eurolândia contribuiram e beneficiaram como ninguém desta mentira económica, social e ética.

“...the conclusion is that Greece’s crisis is the EU’s fault, and the EU should “pay” via the debt write-offs that Syriza wants.” — Steve Keen, “It’s All The Greeks’ Fault”, Forbes, 21/1/2015.

Os gráficos (aqui e aqui) mostram que
  1. antes do euro a produção industrial da Grécia, Espanha e Itália cresciam mais depressa que a produção alemã, mas mais devagar do que esta última assim que foi criada a zona euro; e
  2. que o desemprego, a dívida pública, e o rácio da dívida privada face ao PIB se agravaram, e o desendividamento privado foi mais acentuado na Grécia e na Espanha do que nos Estados Unidos, quando comparados os gráficos homólogo, única e exclusivamente por efeito da austeridade. 
Mas há mais:

Por um lado, não podemos isolar o problema do endividamento e sobretudo das responsabilidades financeiras futuras do estado social grego, do resto da Eurolândia, como no gráfico seguinte bem se demonstra. 418% do PIB alemão são qualquer coisa como $15 592 490 980 000, enquanto que 875% do PIB grego são algo parecido com $2 115 058 750 000, ou seja, mesmo considerando as responsabilidades por cabeça, os números são desfavoráveis à Alemanha: $193 055/hab na terra da senhora Merkel, contra $192 418 /hab na terra do senhor Alexei Tsipras.



E mais ainda:

O sistema bancário grego está sob um enorme e orquestrado ataque financeiro especulativo. Teme-se pela segurança bancária grega, dizem. Mas a verdade é outra: o que se realmente se teme é que a crise grega possa revelar o grau de exposição criminosa da banca alemã, nomeadamente do Deutsche Bank, ao buraco negro dos derivados especulativos. Se não, reparemos no gráfico seguinte:



Vale a pena ler o comentário publicado pelo Zero Hedge sobre o artigo do The Wall Street Journal sobre esta bomba-relógio:

NY Fed Slams Deutsche Bank (And Its €55 Trillion In Derivatives): Accuses It Of "Significant Operational Risk"

Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 07/22/2014 20:41 -0400

First it was French BNP that was punished with a $9 billion legal fee after France refused to cancel the Mistral warship shipment to Russia (which promptly led to French National Bank head Christian Noyer to warn that the days of the USD as a reserve currency are numbered), and now moments ago, none other than the 150x-levered NY Fed tapped Angela Merkel on the shoulder with a polite reminder to vote "Yes" on the next, "Level-3" round of Russia sanctions when it revealed, via the WSJ, that "Deutsche Bank's giant U.S. operations suffer from a litany of serious problems, including shoddy financial reporting, inadequate auditing and oversight and weak technology systems."

What could possibly go wrong? Well... this. Recall that as we have shown for two years in a row, Deutsche has a total derivative exposure that amounts to €55 trillion or just about $75 trillion. That's a trillion with a T, and is about 100 times greater than the €522 billion in deposits the bank has. It is also 5x greater than the GDP of Europe and more or less the same as the GDP of... the world.

Que se passa então para lá da poeira e do fumo criados pela artilharia mediática?

Infelizmente só há uma explicação: a Alemanha tentou, mais uma vez, conquistar a Europa, usando desta vez uma estratégia sobretudo financeira. Uma vez mais falhou. E uma vez mais falhou porque traíu simultaneamente os compromissos com os aliados atlânticos, e com a Rússia!

Tal como nas anteriores tentativas de hegemonia, a Alemanha procurou resolver simultaneamente o problema do acesso ao mar e o problema da energia. Aceder à Eurásia, ao Atlântico e ao Mediterrâneo sem pedir licença, nem pagar taxas a ninguém, foi sempre um desejo racional, mas ilegítimo. Desta vez, caiu na armadilha americana de tentativa de isolamento da Rússia, aceitando expandir a NATO para os antigos países da Cortina de Ferro, ignorando que tal movimento seria sempre avaliado por Moscovo como uma ameaça intolerável.

A resposta de Moscovo foi estrategicamente contundente: interromper o fornecimento de gás natural (a energia rainha do século 21) à Europa via Ucrânia, e apostar num novo gasoduto a sul, com entrada europeia pela... Grécia!

A complicação está montada, e não é nada interessante para a Alemanha, a Holanda, e os países do Báltico.

Sinais eloquentes: os dois primeiros atos do novo governo grego foram uma homenagem aos comunistas fuzilados pelos nazis em Kaisariani, em 1944, e a receção do embaixador da Rússia, que já prometeu fornecer alimentos à Grécia, e o mais que for preciso.

A Rússia ameaçou o Ocidente com uma escalada sem precedentes da tensão existente se Wall Street, Londres e Frankfurt se atreverem a expulsar o país de Putin da SWIFT, a Sociedade para Telecomunicações Financeiras Interbancárias Globais.

A Rússia e a China são dois poderes globais a que a Grécia certamente recorrerá no seu desafio à arrogância paternalista do senhor Schauble.

Como em tempos escrevi, em vez de a Grécia sair do euro, pode acontecer que seja a Alemanha a regressar ao marco.

Batata quente da TAP vai explodir no próximo governo

Tal como a PT, a TAP é um fruto podre do senhor BES e do... PS


Pelo andar dos carroceiros, a TAP vai mesmo falir durante o próximo mandato. Trata-se de uma batata quente do tamanho ou maior ainda que a PT, e foi vítima dos mesmos pontapés que atiraram o BES e a Portugal Telecom para o charco, arrastando atrás de si centenas de empresas, e milhares de especuladores e incautos.

O BES e o Crédit Suisse, dois grupos financeiros conhecidos e abraços com a Justiça, por causa das suas piratarias de alto coturno, eram os fiadores, e os consultores, para quase tudo, da TAP. Foram estes banksters, por exemplo, que aconselharam o Governo, nomeadamente através do senhor Arnaut, do senhor Relvas e doutra corja da mesma laia, no processo de privatização abortado da TAP.

Convém recordar que o BES (ESI), antigo dono da Portugália Airlines, impingiu a PGA à TAP no tempo do Pinóquio Sócrates, mais precisamente em 2006—por cento e quarenta milhões de euros.

Por fim, relembro que o gaúcho Fernando Pinto foi contratado milionariamente, no ano 2000, para privatizar a TAP, transitando para esta companhia duma extinta empresa chamada Varig, de que a VEM era parte integrante e que, adquirida pela TAP em 2007, por 500 milhões de euros, num negócio que conviria investigar, pois até envolveu a Geocapital, de que Almeida Santos ainda é o presidente da respetiva Mesa da Assembleia Geral, nunca deixou de dar enormes prejuízos ao Grupo TAP, ano de 2014 incluído.

Creio mesmo que a operação TAP, apesar de mal orientada estrategicamente, pois não se preparou para a emergência das companhias Low Cost, tem sido mais ou menos rentável, mas os lucros obtidos têm servido sistematicamente para tapar o buraco sem fundo da agora designada TAP Maintenance & Engineering. Alguém colocou alguma vez a hipótese de estarmos na presença de um sistema de vasos comunicantes, onde os prejuízos circulam num sentido, e os lucros noutro?

Reproduzo, a propósito dos últimos desenvolvimentos do fogo fátuo em volta da segunda tentativa de privatização da TAP, a opinião de um leitor atento...

TAP - Uma privatização à grega
Avianca não entrega proposta para compra da TAP.
       
Segundo o Económico, o colombiano não está muito inclinado a entregar proposta para compra da TAP.

Parece pois que as coisas irão orientar-se para que a bomba-relógio vá cair direitinha nas mãos do PS quando este chegar a governo lá para o final do ano.

Como já se disse, a maturidade máxima do negócio do Gaúcho ocorreu no dia em que a Ryanair começou a operar em Lisboa. Parece que esta constatação é de alguma forma incontestável pois, segundo o relatório trimestral da TAP, o 3º trimestre, em vez de demonstrar um bom desempenho, revelou-se dececionante, e o 4º trimestre, com as paralizações, também não ajudou. Ainda faltam os dados do final do ano de 2014, que deixam antever, porventura, um cenário ainda mais complicado.

A receita por milha voada/ passageiro está claramente em queda, o que implica níveis de rentabilidade do próprio negócio em declínio. Eventualmente a Carga Aérea poderia dar uma ajuda. Mas apesar da competição na Portela ser reduzida, as coisas na TAP não se equilibram, ne por aqui.

A indecisão do colombiano decorre do acompanhamento do processo que se fez em 2012.
As condições de concurso foram substancialmente alteradas, sendo evidente na posição do colombiano que o seu interesse na TAP dependeria da total liberdade na área do pessoal. Como existem restrições em matéria de despedimentos e de rescisões de contratos, morre a margem de manobra para restringir a despesa.
Não será preciso perceber muito de gestão para entender que os efeitos são mais imediatos atuando diretamente na despesa, do que na receita, sabendo que esta (a receita) demora muito mais tempo a concretizar-se, para mais numa indústria altamente competitiva, onde as vantagens da TAP no médio curso (de onde provêm 60% das receitas) são praticamente nulas. Resta, pois, à TAP explorar a rota Lisboa-Terceira, que a Ryanair não disputará tão cedo.

O Diário Económico de ontem revela que as Low Cost (Ryanair, etc.) estão especialmente satisfeitas com os níveis de reserva conseguidas para Ponta Delgada, o que coloca a SATA numa situação especialmente desconfortável, pois as rotas para Ponta Delgada foram em tempos dadas à SATA como nicho protegido de mercado (à TAP deram a Terceira). A SATA é, assim, outra bomba-relógio, que deverá rebentar no futuro governo (PS?), e ainda durante a vigência do atual Governo Regional dos Açores (PS), que reivindicou publicamente a última vitória eleitoral do PS nos Açores como resultado da sua boa governação. Houve foguetes, champanhe a rodos, coisa de arromba. Vamos ver agora como irá acabar a festa.

No tocante ainda à TAP e à Terceira, a saída dos americanos das Lajes vai trazer complicações várias à economia da Terceira e do Açores. Mais uma bomba nas mãos do PS. Como é a TAP que opera na Terceira, com o poder de compra do pessoal em baixo, também não haverá muito dinheiro para a compra de bilhetes em aviões da TAP. Como em Porto Santo, vamos assistir a outro kaput da operação TAP nas ilhas adjacentes.

Talvez a Ryanair venha um dia a estar interessada na operação Lisboa-Terceira. Será que uma frequência de dois voos semanais poderá interessar-lhes?

E no meio disto tudo temos ainda o Montijo.

A Vinci quer maximizar os lucros na Portela. A TAP, para a sua sobrevivência, quer as Low Cost fora da Portela, coisa que no passado conseguiu através dos obstáculos colocados pela ANA às companhias Low Cost, mas que agora numa lógica de lucro rápido, não há como pressionar...

A TAP, ao restringir a sua operação ao mini-hub da Portela, por efeito evidente da concorrência e da falta de aviões que não deixem cair porcas pelo caminho, será uma má notícia para a Vinci. Esta irá certamente colocar mais pressão sobre o futuro governo. Imagino que no contrato assinado entre o governo e a Vinci tenham sido estabelecidas cláusulas de salvaguarda sobre tráfego, obrigando a compensações públicas caso a dminuição do mesmo seja imputável à TAP. Se é assim nas auto-estradas, não vejo que para a Vinci seja de outra forma.

A Vinci está, pois, muito atenta ao processo de privatização da TAP, bem como às opções futuras da TAP, nomeadamente em matéria de gestão. A falência da TAP é certamente um dos cenários que a Vinci tem em cima da mesa. Qual será o cenário da Portela e do Porto se a TAP fechar num dia e abrir no outro com uma nova configuração, onde haja uma redução de rotas? Estima-se em dois anos o tempo que leva outras companhias aéreas a ocuparem inteiramente o espaço deixado por uma companhia que faliu. Dois anos para a Vinci, com contas ao dia, é certamente muito tempo.

Vamos ver se a malta ainda não terá de entrar com o caroço para a Vinci. É claro que se pode agradecer ao BES/ESI, ao Gaúcho e ao Sérgio, se tal vier a ocorrer!

Apesar da queda do preço do petróleo, a TAP ainda cobra a "taxa de combustível".

Imagino que o Gaúcho lançou mão daquilo que ele diz ser o hedging, ou seja, um seguro para compra de Jet Fuel a determinado preço. Um swap no seu melhor! Ou seja, a TAP terá feito um seguro de combustível para preços superiores aos atuais, e agora está a pagar mais do que deveria pelo Jet Fuel. Deve ser por algo deste género que a malta que viaja na TAP, ao contrário de outras companhias aéreas, continua a pagar esta espécie de taxa FP. Como esta houve e há ainda outra que se chama VEM...

R.

PS. Num cenário de falência da TAP, ou de eventual privatização, cada vez mais afastada, a empresa simplesmente deixará de operar em Faro. Por sua vez, o destino da frota e do pessoal da PGA está traçado: não se podendo despedir pessoal, quem é que vai ter que os suportar durante dois anos sem fazerem nada? Acertaram! Será a TAP.

R.

Lisboa e Barcelona boicotam Portugaliza

Estou farto dos piratas catalães!


Oportunistas e peseteiros, os nacionalistas catalães, em perda acelerada de apoio eleitoral, unem-se aos aldrabões de Lisboa para tentar sabotar as ligações ferroviárias de alta velocidade entre a Portugaliza (o nome que José Rodrigues Miguéis deu à união histórica e convulsiva entre Portugal e a Galiza), toda a Península Ibérica, e o resto da Europa. O grave, grave, da questão, é que na sombra das manipuladas avaliações custo-benefício, da ideologia e dos supostos interesses estratégicos e históricos, só existe corrupção e da grande. Na Catalunha, e em Portugal.

CiU pide de nuevo paralizar el AVE a Galicia esgrimiendo informes de Francia y Portugal

El PP le reprocha que critique las obras cuando Cataluña tiene ya una línea de alta velocidad gracias a las inversiones del Estado

Gonzalo BareñoMadrid / La Voz, 28 de enero de 2015. Actualizado a las 05:00 h.

La campaña emprendida por la Generalitat y por CiU para tratar de paralizar las obras del AVE a Galicia no descansa ni siquiera cuando el Congreso se encuentra fuera del período de sesiones. Ayer, el diputado del Grupo Catalán Pere Macias aprovechó la reunión de la Diputación Permanente del Congreso para cargar contra este proyecto y contra el resto de los que están actualmente en construcción, esgrimiendo de nuevo la supuesta falta de rentabilidad de estas infraestructuras. La novedad en este caso es que el representante de CiU se basó también para ello en supuestos informes elaborados en Francia y Portugal que cuestionan este tipo de inversiones.

El diputado catalán llegó a tachar de «grave irresponsabilidad» el hecho de que el Gobierno insista en mantener unas obras de alta velocidad que, según dijo, ponen en riesgo financiero tanto a Renfe como al ADIF, mientras se abandonan inversiones en líneas de cercanías en Cataluña. Pere Macias se refería así al anuncio realizado por la ministra de Fomento, Ana Pastor, de que en el 2015 se pondrán en funcionamiento 1.000 nuevos kilómetros de AVE en toda España, entre ellos la finalización del eje atlántico hasta Vigo.

O falso ministro do ambiente

Plataforma Logística em plena Reserva Ecológica Nacional


Jorge Moreira da Silva, o falso ministro do ambiente que temos —não passa de uma máquina de lavar verde— confabulou com os seus colegas de governo a autorização de construção de uma plataforma logística em Valença, desanexando da REN, para este efeito, mais de 53 hectares.

O único objetivo 'estratégico' desta decisão ilegal (há uma lei que impede o abuso) é contribuir para a sabotagem das novas, necessárias e urgentes ligações ferroviárias em bitola europeia entre Portugal, Espanha e o resto da Europa. Tudo em nome, claro, dos negóciso rodoviários e aeroportuários da corja que arruinou o país: o Bloco Central da Corrupção Alargado (pois neste caso inclui o PCP).

Ver Diário da República

terça-feira, janeiro 27, 2015

Socialistas afundaram Grécia e Portugal

Sem fiança possível

BCE antecipou-se à vitória do Syriza (para não perder a face)


Como se escreveu neste blogue, o BCE, para não perder a face, já avançou para taxas de juro negativas (NIRP), mais radical ainda do que a proposta do recém empossado ministro grego das finanças, Yanis Varoufakis (1), que, em 2013, defendia taxas de juro zero, sem maturidade.
 

Hoje, 27 de janeiro de 2015, a Espanha foi aos mercados e obteve dinheiro a juros de 0,018% e 0,137%. Capiche?

A renegociação das dívidas europeias está em curso há vários anos, sobretudo através de programas de estímulo sucessivamente anunciados pelo BCE (2). É por esta razão que seria conveniente separar o ruído ideológico das inúteis cagarras partidárias, e as táticas negociais dos governos e bancos centrais, do sumo da questão. E o sumo da questão é este: a Alemanha e a França são os maiores credores na teia de endividamento europeu (ver gráfico publicado pelo The New York Times em 2010), mas todos devem algo a alguém. Ou seja, um incumprimento total por parte da Grécia, ou de Portugal, Chipre, Espanha, etc., é impraticável, e mesmo impensável, porque desencadearia um imparável efeito de dominó. Há, aliás, países da Eurolândia em situação potencialmente mais dramática do que a da Grécia. Basta olhar para os três gráficos seguintes (clique para ampliar).

O endividamento público relativamente ao PIB é uma coisa...

O endividamento privado é outra...

E o endividamento público, empresarial e das famílias, 'per capita', outra!


Corrupção é uma coisa, acusar os povos de preguiça, outra bem diferente! 


É certo que a corrupção instalada, nomeadamente na Grécia, Espanha, Itália, ou Portugal, pelos níveis e descaramento atingidos, acabou por contrariar e fazer implodir a esperada convergência entre os países menos desenvovlidos da União Económica Monetária (zona euro) e os seus parceiros mais ricos. Ou seja, houve claramente países que perderam, mais do que ganharam, com a moeda única, enquanto outros claramente ganharam em quase todas as frentes.

Esta realidade, que os seguintes gráficos demonstram, não desculpa, porém, as elites corruptas que decisivamente contribuiram para o colapso financeiro e económico-social dos PIIGS. É neste sentido que os povos do sul da Europa devem dar aos partidos que os afundaram o mesmo tratamento que as eleições gregas acabam de dar ao PASOK, o cabotino e corrupto partido socialista  grego.

Antes do euro, o crescimento da Grécia era claramente mais acelerado do que o da Alemanha

A Alemanha beneficiou claramente com a moeda única


EMAIL RECEBIDO

Acrescento, a propósito da discussão grega, um apanhado de notas de Rui Rodrigues sobre o caso português.

O BCE salvou Portugal do pior em junho e agosto de 2014

A decisão do BCE de comprar dívida pública em 2015 vai criar mais confiança na economia portuguesa, por uma razão simples: o nosso país já não irá passar por um novo resgate, em 2015. 
  • Foi o BCE que salvou Portugal do 2º resgate, que poderia ter ocorrido em Junho. 
  • Foi o BCE que permitiu que Portugal, Grécia, Espanha e Itália voltassem aos mercados. 
  • Foi o BCE que salvou Portugal do colapso financeiro no mês de Agosto (dia 4 Agosto) ao resolver o colapso do BES

BCE inova com resolução do BES

A resolução do BES foi adoptada na Europa pela 1ª vez.

A solução aplicada em Chipre correu muito mal, sobretudo por se ter optado por forçar os depositantes pagar a crise dos bancos. Clientes com mais de 100 mil euros ficaram sem 60% dos depósitos. Devido a este erro, muitas pessoas ricas passaram a colocar parte do seu dinheiro em cofres.

Assim, e por intervenção do BCE, o BES foi dividido em Banco Mau e Banco Bom (o Novo Banco—sem dívidas).
O BCE decidiu ainda que a lista de interessados na compra do Novo Banco teria que ser apresentada até 31 de Dezembro deste ano.

É muito provável que sejam os chineses a comprar o Novo Banco.
Se este problema ficar resolvido no 2º trimestre de 2015, será uma grande vitória para o BCE.

Objetivos do Quatitative Easing à moda do BCE

Antes de descrever esta nova realidade convém saber algumas noções de economia.
A economia pode estar em expansão (crescimento) e no oposto existem 3 fases de decrescimento: 
  • Recessão - oposto ao crescimento. 
  • Deflação - É uma fase perigosa em que os preços começam a cair. Os consumidores podem adiar ainda mais tempo nas suas compras  na esperança dos preços caírem ainda mais. Existe o sério risco dos produtores irem à falência por não conseguirem vender os seus produtos e por consequência o desemprego por disparar. 
  • Depressão - Esta é a fase mais grave de todas. Os Estados Unidos já viveram essa tragédia em 1929 quando tiveram a grande depressão económica que provocou a falência de grande parte dos bancos e de empresas e o desemprego foi o mais alto de sempre.
A Europa está em deflação—crescimento quase nulo e inflação próxima do zero.

O objectivo do BCE é claro: aumentar a inflação para um valor abaixo dos 2%, mas próximo deste valor. 
PAra provocar este efeito, o BCE irá comprar 60 mil milhões de euros de dívida pública por mês, de Março a Setembro. A intervenção pode prolongar-se, caso os valores da inflação não venham a ser atingidos. 
O BCE vai comprar títulos de dívida aos bancos com a intenção de colocar e fazer circular mais dinheiro na economia. 
A objectivo final é fazer crescer a economia e evitar o perigo de deflação.


Alemanha e França financiam os PIIGS

Em Portugal os maiores devedores são as empresas, depois o Estado, e por fim as famílias. 
A empresa com a maior dívida é a EDP: mais de 18 mil milhões de euros e juros de 600 milhões de euros por ano. 
Segundo opinião do Deutsche Bank, a Espanha, Irlanda e Itália vão resolver os problemas das suas dívidas.
A Irlanda tem a dívida empresarial mais elevada mas chegou a esta situação porque os seus bancos se "meteram de cabeça" nos derivados tóxicos.

Irlanda, Espanha e Itália têm economias mais fortes, o que ajudará estes países a pagarem as dívidas. 
Os casos de Portugal e Grécia são semelhantes. Crescimento baseado no endividamento.

O Deutsche Bank já sugeriu uma possível solução para a Grécia: ficar de quarentena durante uns anos até melhorar a sua economia. Nesse intervalo passariam a ter duas moedas:
  • o Drakma para operações internas 
  • o Euro para as trocas externas

Quem tivesse euros no banco mantê-los-ia e as poupanças seriam assim protegidas.


Consequências da decisão do BCE


Uma das consequências da decisão do BCE é a desvalorização o euro relativamente ao dólar

Esta opção poderá aumentar as exportações da Europa e consequentemente o emprego.

Os Estados Unidos, através da Fed, e a Inglaterra, através do Banco de Inglaterra, conseguiram aumentar o emprego e passaram a ter crescimento económico depois de terem optado pela compra maciça de dívida pública.

Aqueles que são contra a decisão do BCE dizem que o sucesso dos Estados Unidos e Inglaterra ocorreram em condições diferentes e em alturas diferentes das actuais. Nos EUA foi em Novembro de 2008. Em Inglaterra foi há 6 anos. Por estas razões julgam que o êxito do BCE pode ser bem mais limitado que nos EUA e Inglaterra.

NOTAS
  1. Yanis Varoufakis: 'We are going to destroy the Greek oligarchy system' (Channel 4—vídeo)

    Novo ministro das Finanças grego defendia em 2013 taxas de juro zero e empréstimos sem maturidade
    27 Janeiro 2015, 12:12 por Jornal de Negócios
  2. Draghi’s Introductory Remarks at ECB Press Conference: Text
    Bloomberg. Jan 22, 2015 1:52 PM GMT+0000

    Based on our regular economic and monetary analyses, we conducted a thorough reassessment of the outlook for price developments and of the monetary stimulus achieved. As a result, the Governing Council took the following decisions:

    First, it decided to launch an expanded asset purchase programme, encompassing the existing purchase programmes for asset-backed securities and covered bonds. Under this expanded programme, the combined monthly purchases of public and private sector securities will amount to €60 billion. They are intended to be carried out until end-September 2016 and will in any case be conducted until we see a sustained adjustment in the path of inflation which is consistent with our aim of achieving inflation rates below, but close to, 2% over the medium term. In March 2015 the Eurosystem will start to purchase euro-denominated investment-grade securities issued by euro area governments and agencies and European institutions in the secondary market. The purchases of securities issued by euro area governments and agencies will be based on the Eurosystem NCBs’ shares in the ECB’s capital key. Some additional eligibility criteria will be applied in the case of countries under an EU/IMF adjustment programme.

    Second, the Governing Council decided to change the pricing of the six remaining targeted longer-term refinancing operations (TLTROs). Accordingly , the interest rate applicable to future TLTRO operations will be equal to the rate on the Eurosystem’s main refinancing operations prevailing at the time when each TLTRO is conducted, thereby removing the 10 basis point spread over the MRO rate that applied to the first two TLTROs.

    Third, in line with our forward guidance, we decided to keep the key ECB interest rates unchanged. 
Atualização: 27/01/2015, 20:38 WET

Novo computador



O António Maria precisa de renovar as suas máquinas

  • computador portátil, rato, memória externa, pacote de manutenção e segurança...
Se aprecia o que escrevo, pense em enviar-me €1, mas também pode enviar €100 ;)

As nossas máquinas têm que ser robustas e seguras. Duram em média 4 a 6 anos cada. Precisamos dum portátil que tome o lugar no velho iBook G4, que deixou de suportar os novos browsers e muitas aplicações e plug-ins, cuja resolução de écrã já não chega para as encomendas, e cuja bateria deixou praticamente de carregar. E precisamos também de reforçar a capacidade e segurança das três máquinas em uso na edição do blogue: iMac, iBook e iPhone. E de um ratão novo;)

OBJETIVO: 900 euros

Assim que este montante for alcançado faremos o devido anúncio. A quantia recebida e o seu destino serão divulgados neste mesmo blogue.

QUANTIA RECEBIDA ATÉ 15/04/2015: 382,40€
Início desta campanha: 22/1/2015

RELAÇÃO DAS DOAÇÕES

13-04-2015 - 20,00
27-03-2015 - 20,00
24-03-2015 - 02,00
06-03-2015 - 10,00
19-02-2015 - 20,00
19-02-2015 - 25,00
10-02-2015 - 02,00
07-02-2015 - 40,00
05-02-2015 - 10,00
06-02-2015 - 20,00
03-02-2015 - 06,00
02-02-2015 - 10,00
02-02-2015 - 05,00
02-02-2015 - 05,00
02-02-2015 - 40,00
01-02-2015 - 10,00
29-01-2015 - 100,00
29-01-2015 - 10,00
29-01-2015 - 04,00
28-01-2015 - 05,00
27-01-2015 - 04,00
22-01-2015 - 14,40

TOTAL: 382,40


O António Maria convidará —por sorteio— um dos seus generosos leitores para jantar, em Lisboa ou no Porto, num restaurante inesquecível, assim que atingirmos o objetivo desta recolha de fundos e a encomenda do computador seguir o seu destino ;)

Obrigado :)

COMO FAZER? Através de uma pequena doação...



Utilize o sistema seguro da Paypal

Utilize o sistema seguro da Paypal
OU este NIB: 003501270005354410055


Outro modo de proceder a uma doação? Escreva-me um E-mail ou uma msg no Facebook.

Obrigado :)


Obrigado :)


Atualizado: 15/04/2015, 17:21 WET

O grego Costa


O PS não existe


António Costa abandonou a cidade, deixando-a inundada e com dívidas. Diz o seu vice, que pagou a fornecedores, quando o que fez foi transferir as dívidas a fornecedores para dívidas aos bancos que, por sua vez, serão enxugadas pela diarreia de liquidez do BCE que, por sua vez, os europeus terão que pagar com mais austeridade que, como se sabe, nunca chega aos devoristas da nova nomenclatura burocrática que capturou as instituições democráticas europeias, incluindo os respetivos governos.

António Costa já não faz peva no municpío que dirige. O qual está em regime de piloto automático, exibindo o vice-presidente como a sua nova cabeça falante. Mas Costa continua a ser pago pelo município, e continua a ser formalmente presidente da câmara da capital, e a deslocar-se nas suas viaturas, e a usar a vereação para fazer propaganda à sua candidatura primo-ministerial.

E no entanto, apesar de tanto insulto à famosa ética republicana, as sondagens a favor do Costa não arrancam!

O PS grego esfumou-se na corrupção e na inanidade. Corrupção e inanidade que são as mesmas que irão fazer implodir o PS deste sítio queiroziano—mais cedo, ou mais tarde.

No dia em que percebermos todos que o PS indígena não existe, esfumar-se-à num ápice, isto é, numa só eleição, como se esfumou o PS grego.

Até lá, porque não despedir António Costa, como António Costa, empurrado pelo Recluso 44 e por Mário Soares, despediu o Tozé?

As mordomias da corja devorista europeia 

 

A austeridade na China



Carros oficiais e motoristas, só mesmo para alguns


Até na China a austeridade ataca sem piedade... desta vez eliminando 50% das despesas com carros oficiais. Carros e motoristas para burocratas, acabaram! E na Lusitânia corrupta e falida que temos? Quando é que ganhamos juízo e pomos a corja devorista na ordem?

Sub-anchor: More restrictions on government cars - CCTV News - CCTV.com English

Sub-anchor: More restrictions on government cars
CCTV.com
01-26-2015 04:19 BJT

The number of cars reserved for government officials has been a cause of public discontent in the past. Austerity measures have been aimed at addressing this concern. Now for more on the issue, we're joined in the studio by my colleague Jin Yingqiao.

Q1: Tell us more about the guidelines issued last year to regulate this. Specifically, who can no longer use tax-payers' money on a government car?

A: Well, it's a massive scale operation going on around the country. So who's affected? According to a 2014 State Council directive, all officials below the rank of deputy minister no longer have a car and a driver. They can still use official vehicles, but only for special reasons, such as emergencies and law enforcement. What do they get instead? Transport subsidies ranging from 500 to 13-hundred yuan per month depending on their rank. Now this system is more in line with countries that have stricter policies, like the United States. There, only the President, vice president and ministers can use government cars to commute from home and work. Some others are permitted to drive government cars from their work place to bus stops, provided that there's no public transport or shuttle bus on that route. So China is making progress. At the national level, 3,000 cars are on auction now. At the local level, reforms have to be enforced by the end of this year.

Read more
China removes Audis and BMW cars from official list
The Telegraph
11:45AM GMT 28 Feb 2012

When driving in China, it is easy to spot government officials: they are the ones in the luxury German saloons, usually with blacked-out windows.

segunda-feira, janeiro 26, 2015

Syriza coliga-se à direita

Panos Kammenos e Alexis Tsipras durante o encontro desta manhã, em Atenas. No final da reunião, o líder do partido Gregos Independentes confirmou a existência de um acordo para a formação de um Governo /  LEFTERIS PITARAKIS/AFP/Getty Images

Syriza coliga-se com partido anti-austeritário de direita


Este é o primeiro soco no estômago da esquerda macumbeira indígena. O atónito Costa, o manhoso PCP e os desmamados esquerdistas do Bloco de Migalhas, exultavam ontem, ainda que discretamente, com a vitória retumbante do albergue espanhol de extrema-esquerda a que chamaram Syriza.

Alexis Tsipras acaba de coligar-se à direita, depois de um discurso de vitória onde anunciou a fidelidade ao euro e reformas (não disse, mas serão obviamente estruturais) na Grécia, a par de um programa de renegociação da dívida num quadro europeu alargado de maior racionalidade, capacidade de decisão e solidariedade, que o BCE, aliás, teve o cuidado de antecipar na mesma semana, quando percebeu o resultado inevitável das eleições gregas, e futuramente das eleições espanholas e... francesas. Como dizem os chineses, perder a face é uma uma derrota inaceitável e tudo devemos fazer para evitá-lo.

O que se está a passar na Europa é mesmo a derrocada dos que conduziram o continente até à beira do precipício. Para estes não há, nem poderá haver, novas oportunidades!

A metamorfose dolorosa está a meio, falta ainda muita imaginação para eliminar os vícios e sobretudo a corrupção estrutural dos regimes democráticos capturados pela aliança espúrea entre o capitalismo pirata mais especulativo e a generalidade das burocracias partidárias que capturaram os estados e as instituições em benefício próprio. Não nos esqueçamos que o senhor Ricardo Salgado financiava a Fundação Mário Soares, tal como financiava anualmente a Festa do Ávante!

Esta vitória do Syrisa, e a coliçação esquerda-direita anunciada, vão ser de uma enorme importância para avaliarmos o que foi e é inevitável nos programas austeritários de redução do endividamento excessivo (e especulativo) dos governos, das empresas e das famílias, já realizados, e o que pode e deve mudar à luz de uma Europa menos dominada pelo pensamento quadrado da Alemanha.

A Grécia da nova coligação quente-e-fria vai ter que bater o pé ao BCE, à Alemanha e aos satélites desta na Europa. Para isto irá desencadear uma dinâmica de coesão estratégica no sul da Europa, da Albânia até Portugal, passando obviamente pela Itália, Espanha, e França. Curiosamente, contará com aliados imprevistos, como o Reino Unido, os Estados Unidos e sobretudo a Rússia. Esta quer acabar com a passagem do seu gás natural pela Ucrânia, deixando o país em cacos ao cuidado da senhora Merkel e respetivos sobrinhos, e quer passar a abastecer a Europa através, precisamente, da Grécia (ler Guerra e Gás, e Guerra e Gás 2).

A Alemanha, com a sua proverbial falta de sabedoria diplomática, estragou uma vez mais o seu sonho imperial. A Eurásia com capital em Berlim morreu. Se outra Eurásia houver, que russos, indianos e chineses desejam, voltará a estar centrada nas potências atlânticas e mediterrânicas da Europa ocidental, na Rússia e na.... China. Os Estados Unidos terão que se contentar, a prazo, com a nova divisão do mundo (a que venho chamando Tordesilhas 2.0)

Quanto a Portugal, já é tempo de aparecer uma nova força política que anuncie o fim da velha ordem.

Uma medida imediata para mudar este país: acabar com a profusão de carros oficiais, reduzindo para metade toda a despesa suportada pelos contribuintes com automóveis do Estado, autarquias e empresas públicas. Os políticos devem usar os transportes públicos, tal como a maioria dos cidadãos que os elegem. O exemplo vem, aliás, da China, que acaba de anunciar mais esta medida de necessária austeridade (CCTV, 26 jan 2015).

ÚLTIMA HORA

Sem maioria absoluta, Alexis Tsipras não perdeu tempo para encontrar o parceiro de coligação: Panos Kammenos e o seu partido conservador, nacionalista, anti-Troika e algo xenófobo, Gregos Independentes. O líder do Syriza já tomou posse como novo primeiro ministro da Grécia.

Em Portugal, uma coligação destas daria uma aberração do género: Bloco de Esquerda+MRPP+Nova Democracia (PND). Vai ser lindo observar o atónito Costa, o manhoso PCP e os desmamados esquerdistas do Bloco de Migalhas a comentar o pragmatismo, certamente ousado, de Alexis Tsipras!

Atualização: 26 jan 2015, 15:17 WET

Good morning Mr. Tsipras

Alexis Tsipras, Primeiro Ministro da Grécia

O que irá amaciar a esquerda radical grega


Como bem observou Paulo Rangel, a diferença entre o Syriza de Alexis Tsipras e os nossos estalinistas, maoistas e trotsquistas revisionistas, é que o primeiro queria e obteve o poder, enquanto que os segundos se entretêm há décadas numa espécie de macumba anti-sistema. O protesto conjugado com o utopismo infantil é a sua chave para a sobrevivência burocrática nas fraldas orçamentais da democracia. Por isto mesmo, o eleitorado nunca os levou a sério, nem levará enquanto permanecerem nesta espécie de suspensão ideológica oportunista.

O que o Syriza quer (ver artigo do Observador), nem parece nada de extraordinário.

Parte do seu programa tem sido realizado, em Portugal, pelo próprio Pedro Passos Coelho e a sua coligação pragmática. Exemplos: a captura de milhares de milhões de euros que escapavam da receita fiscal, por exemplo, em IVA e IRS por pagar; energia, casa e alimentação de borla, ou quase, para dezenas de milhar de portugueses em situação desesperada; IRS abaixo dos 112€ para mais de 65% dos contribuintes, etc.

Por sua vez, na UE, também encontramos alguns dos desideratos do programa radical do Syriza, seja nas medidas dissimuladas de reestruturação das dívidas soberanas europeias, sucessivamente anunciadas e implementadas pelo BCE, seja nas promessas de um novo Plano Marshall por parte do recém empossado presidente da Comissão Europeia.

Quanto à manutenção de empresas públicas mal geridas, despesistas e corruptas até ao tutano, que pesam sistematicamente na dívida pública a crescer, veremos o que fará Alexis Tsipras. Eu faço uma aposta: se não as privatizar, terá que proceder a reestruturações draconianas, separando a prestação de serviços à comunidade do capitalismo de estado burocrático e indolente.

Vamos, pois, ver como é que a esquerda radical grega fará, ou não fará, as reformas indispensáveis à recuperação do país.

Se espreitar o que foi feito em Espanha, Portugal e na Irlanda, encontrará seguramente muita inspiração!

Desde logo, para conduzir um indispensável combate contra os setores rendeiros e devoristas da sociedade grega, os quais, como sabemos, vão da direita à esquerda, dos patrões aos sindicatos, dos parasitas profissionais às burocracias partidárias sem fim...

Por fim, o novo poder grego aprenderá, mais depressa do que julga, a ponderar sobre as complexidades objetivas —que não são nem ideológicas, nem maiqueístas— do mundo atual. Um mundo onde o fim do colonialismo e a globalização, a par do arrefecimento da explosão demográfica e consequente envelhecimento das populações, mudança do paradigma energético e entrada numa era duradoura de crescimento lento e deflacionista, exigem ideias frescas e coragem executiva.

Boa sorte Senhor Tsipras!

domingo, janeiro 25, 2015

Que fazem militares americanos na Ucrânia?

Quem explica o que se passa neste vídeo?


Still de um vídeo sobre o massacre de Mariupol, Ucrânia

Afinal os americanos, fardados de ucranianos, estão mesmo com as mãos na massa ucraniana! Que dirão agora os paspalhos de Londres, Bruxelas, Berlim e Paris?

Zero Hedge:

“Out Of My Face Please” - Why Are US Soldiers In Mariupol?
Amid the devastation of yesterday's Mariupol artillery strikes which killed or wounded dozens, which was promptly blamed by both sides on the "adversary" - and has been proclaimed by both 'sides' (more on that later) as more violent than before the truce - an 'odd' clip has emerged that appears to provide all the 'proof' a US intelligence officer would need to surmise that US military boots are on the ground in Ukraine. As the following clip shows, a Ukrainian journalist approaches what she thinks is a Ukrainian soldier (since he is wearing a Ukrainian military uniform and is carrying an AK) and asked him as they run through the battlezone, "tell me, what happened here?" His response, which requires no translation, speaks for itself.

With daily reportage of the 'invasion' of Russian military forces into Ukraine territory (admittedly unconfirmed by NATO), this clip raises many questions about American involvement in the ongoing conflict - most of all, was the US involved in the "staging" the Mariupol massacre, and if so it is clear who should be blamed (and isolated).

Of course, US troops, or at least mercs, on the ground, should not be a total surprise, since just 2 months ago, we discussed the hacked US documents that revealed the extent of undisclosed US "lethal aid" being given to the Ukraine army. What was apparently left unleaked was the part of the US aid also includes US-speaking soldiers. The only question is whether US taxpayers are paying their wages.

Fragmento do vídeo que prova o envolvimento de americanos na guerra civil da Ucrânia

Reportagem completa

Deflação ou hiperinflação, tanto faz!

A rentabilidade das dívidas soberanas na Europa já caiu no buraco



How Mario Draghi Unleashed A $1.4 Trillion Negative Interest Rate Tsunami
Zero Hedge, Submitted by Tyler Durden on 01/24/2015 19:25 -0500

Once upon a time, everyone was shocked when one after another central bank adopted what previously was unthinkable: a Zero Interest Rate Policy, or ZIRP. Then, on June 5, the ECB added "awe" to the equation when it became the first major central bank to push rates negative. The move was meant to shock depositors into pulling their money out of banks and into risk assets. It failed, which is why 2 days ago the ECB took awe to the next level when it added QE to NIRP. It did however succeed in one thing: pushing $1.4 trillion in Euro area government debt into negative interest rate territory and right into an abyss that screams deflation.

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A rentabilidade de 20% das obrigações dos vários tesouros da União Europeia estão em terreno negativo. O BCE, por sua vez, passou das taxas de juro nulas (ZIRP) para taxas de juro negativas (NIRP) em junho de 2014. O mesmo BCE anunciou em 22 de janeiro que em março de 2015 irá inundar os mercados financeiros e os bancos com euros (a sua versão de quantitative easing).

Também o banco central da Dinamarca, país onde a dívida privada chega aos 321% do rendimento disponível (OCDE), e cuja moeda estava indexada ao euro, baixou as suas taxas de juro negativas de -0,05% para -0,2%.

Em suma, a remuneração dos depósitos bancários nos vários países europeus vai a caminho de zero.

Já alguém pensou que a HIPERINFLAÇÃO pode não ser muito diferente da DEFLAÇÃO?

Num caso, o dinheiro não chega para nada, no outro, não há dinheiro para nada e teme-se que venha a existir ainda menos no futuro.

Em ambos os casos, porém, verifica-se uma contração súbita e muito forte da oferta de um número substancial de bens e serviços. Curiosamente, esta contração pode assumir a forma de inflação nos preços, ou de liquidação do emprego e do poder de compra de milhões de consumidores numa dada zona económica do planeta. Em ambos os casos é evidente que alguém —o sistema financeiro e as burocracias político-partidárias— assaltou a esmagadora maioria dos contribuintes, a esmagadora maiora dos aforradores e a esmagadora maioria dos consumidores, esmagando as suas expetativas de trabalho, de rendimento, de consumo e de poupança.

Por fim, a ideia de que a expansão monetária e o endividamento prolongado dos governos, das famílias e das empresas, poderá sustar o pânico da deflação, ou o descalabro da hiperinflação, tem-se revelado, uma e outra vez, ilusória.

Se ainda por cima as diarreias monetárias, anunciadas como estímulos à economia, não chegam a sair dos balanços dos bancos, ou servem apenas para tapar os buracos negros (por definição, indomáveis) das administrações públicas, dos bancos e dos fundos de especulação financeira, não chegando, se não marginalmente, aos cidadãos, o resultado será nulo, ou poderá mesmo agravar exponencialmente os desequilíbrios manifestos, nomeadamente geográficos, entre a oferta agregada mundial e a procura agregada mundial.

Há duas ideias que poderiam, e talvez devessem, ser modeladas teoricamente e testadas convenientemente nos próximos meses, de preferência antes da Diarreia Draghi começar, isto é, antes de março deste ano:
  1.  Financiar diretamente o rendimento disponível das famílias, procedendo à distribuição de um cheque no valor aproximado de 171 euros a cada um dos 335 milhões de pessoas que integram a Zona Euro. O montante total desta operação representa o mesmo grau de expansão monetária proposto pelo BCE para financiar governos incontinentes, bancos piratas e fundos abutres. Esta proposta segue (não exatamente, e de forma simplificada) uma ideia originalmente avançada por Steve Keen, sob a designação de Modern Jubilee:

    The broad effects of a Mod­ern Jubilee would be:

    1—Debtors would have their debt level reduced;
    2—Non-debtors would receive a cash injection;
    3—The value of bank assets would remain con­stant, but the dis­tri­b­u­tion would alter with debt-instruments declin­ing in value and cash assets rising;
    4—Bank income would fall, since debt is an income-earning asset for a bank while cash reserves are not;
    5—The income flows to asset-backed secu­ri­ties would fall, since a sub­stan­tial pro­por­tion of the debt back­ing such secu­ri­ties would be paid off; and
    6—Members of the pub­lic (both indi­vid­u­als and cor­po­ra­tions) who owned asset-backed-securities would have increased cash hold­ings out of which they could spend in lieu of the income stream from ABS’s on which they were pre­vi­ously dependent.

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  2.  Observar o impacto da recente decisão do governo chinês em matéria de estímulo à economia do país, a qual, no essencial, se resume a um aumento médio de 60% nos vencimentos da administração pública, o qual integra a extensa reforma do sistema de pensões em curso—os funcionários públicos, que até agora não descontavam para as suas pensões de reforma, passarão a fazê-lo (Caixin).
A estratégia anunciada por Mario Draghi, repetindo os erros da Fed americana e do Banco Central do Japão, não nos livrará da possível mutação da deflação instalada para a desordem da hiperinflação. A alternativa ao colapso da Zona Euro e a uma agitação social e política de enormes proporções, exige imaginação, justeza democrática e coragem. O contrário do que o BCE anunciou.

Crimes ferroviários

O suicídio ferroviário de Portugal, cortesia do Bloco Central da Corrupção Alargado (neste caso inclui o PCP), visto em números. É só fazer as contas...


Costos de construcción de infraestructura - Ferropedia

Os números espanhóis sobre custos de construção de linhas ferroviárias em bitola europeia (UIC) devem servir de referência, embora em Portugal tudo que envolva dinheiro dos cidadãos, fique sempre mais caro que em Espanha—apesar de o salário mínimo dos nossos vizinhos ser bem mais elevado...

O maior erro do governo Passos Coelho-Portas, apesar, e não é pouco, de ter impedido que o paraíso corrupto e mitómano do recluso 44 tivesse estourado completamente o país, foi o boicote criminoso das previstas e acordadas ligações ferroviárias de bitola europeia entre Portugal (região de Lisboa e região Centro-norte), Espanha e resto da Europa.
O senhor Sérgio das PPP, que a maioria não deixou ir ao parlamento explicar a sua intervenção nos contratos de swaps desenhados para várias empresas públicas de transportes, um dia acabará por ter que explicar o que andou a fazer, aparentando um vulgar mercenário, sob encomenda da corja do Bloco Central.

Comentário recebido:
Em 2012, 15 dias antes da tomada de posição do Tribunal de Contas sobre o contrato da Elos, existia o seguinte acordo entre o Secretário de Estado dos Transportes, a REFER e o consórcio Elos:

—a REFER, o Sec. Estado Sérgio Monteiro e a ELOS concordaram nos seguintes pontos:

1. Desistir da 3ª via de bitola ibérica entre Évora e Badajoz;

2. Alterar a estação de Évora, desistindo da gigantesca estação que estava na calha e que iria ter um custo desnecessaramente elevado (ou não estivesse este país ainda dominado pela lógica partidária, especulativa e corrupta, do betão);

3. Segundo o Presidente do Consórcio da Elos, o custo total previsto com as alterações acordadas, seria de 1200 milhões de euros para o novo troço Poceirão-Caia (previsivelmente uns 167 Km).

Do consórcio Elos faziam parte empresas de projectos ferroviários com larga experiência internacional e com muita obra feita.

A TIS, agora invocada,que se saiba, não tem experiência em projectos de ferrovia. Aliás, quem ler o estudo da TIS chega à conclusão de que as propostas que andam a fazer não têm sentido nenhum. Só quem nada sabe de ferrovia nas condições do território nacional, poderia propor aquilo que apresentaram.