domingo, janeiro 25, 2015

Deflação ou hiperinflação, tanto faz!

A rentabilidade das dívidas soberanas na Europa já caiu no buraco



How Mario Draghi Unleashed A $1.4 Trillion Negative Interest Rate Tsunami
Zero Hedge, Submitted by Tyler Durden on 01/24/2015 19:25 -0500

Once upon a time, everyone was shocked when one after another central bank adopted what previously was unthinkable: a Zero Interest Rate Policy, or ZIRP. Then, on June 5, the ECB added "awe" to the equation when it became the first major central bank to push rates negative. The move was meant to shock depositors into pulling their money out of banks and into risk assets. It failed, which is why 2 days ago the ECB took awe to the next level when it added QE to NIRP. It did however succeed in one thing: pushing $1.4 trillion in Euro area government debt into negative interest rate territory and right into an abyss that screams deflation.

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A rentabilidade de 20% das obrigações dos vários tesouros da União Europeia estão em terreno negativo. O BCE, por sua vez, passou das taxas de juro nulas (ZIRP) para taxas de juro negativas (NIRP) em junho de 2014. O mesmo BCE anunciou em 22 de janeiro que em março de 2015 irá inundar os mercados financeiros e os bancos com euros (a sua versão de quantitative easing).

Também o banco central da Dinamarca, país onde a dívida privada chega aos 321% do rendimento disponível (OCDE), e cuja moeda estava indexada ao euro, baixou as suas taxas de juro negativas de -0,05% para -0,2%.

Em suma, a remuneração dos depósitos bancários nos vários países europeus vai a caminho de zero.

Já alguém pensou que a HIPERINFLAÇÃO pode não ser muito diferente da DEFLAÇÃO?

Num caso, o dinheiro não chega para nada, no outro, não há dinheiro para nada e teme-se que venha a existir ainda menos no futuro.

Em ambos os casos, porém, verifica-se uma contração súbita e muito forte da oferta de um número substancial de bens e serviços. Curiosamente, esta contração pode assumir a forma de inflação nos preços, ou de liquidação do emprego e do poder de compra de milhões de consumidores numa dada zona económica do planeta. Em ambos os casos é evidente que alguém —o sistema financeiro e as burocracias político-partidárias— assaltou a esmagadora maioria dos contribuintes, a esmagadora maiora dos aforradores e a esmagadora maioria dos consumidores, esmagando as suas expetativas de trabalho, de rendimento, de consumo e de poupança.

Por fim, a ideia de que a expansão monetária e o endividamento prolongado dos governos, das famílias e das empresas, poderá sustar o pânico da deflação, ou o descalabro da hiperinflação, tem-se revelado, uma e outra vez, ilusória.

Se ainda por cima as diarreias monetárias, anunciadas como estímulos à economia, não chegam a sair dos balanços dos bancos, ou servem apenas para tapar os buracos negros (por definição, indomáveis) das administrações públicas, dos bancos e dos fundos de especulação financeira, não chegando, se não marginalmente, aos cidadãos, o resultado será nulo, ou poderá mesmo agravar exponencialmente os desequilíbrios manifestos, nomeadamente geográficos, entre a oferta agregada mundial e a procura agregada mundial.

Há duas ideias que poderiam, e talvez devessem, ser modeladas teoricamente e testadas convenientemente nos próximos meses, de preferência antes da Diarreia Draghi começar, isto é, antes de março deste ano:
  1.  Financiar diretamente o rendimento disponível das famílias, procedendo à distribuição de um cheque no valor aproximado de 171 euros a cada um dos 335 milhões de pessoas que integram a Zona Euro. O montante total desta operação representa o mesmo grau de expansão monetária proposto pelo BCE para financiar governos incontinentes, bancos piratas e fundos abutres. Esta proposta segue (não exatamente, e de forma simplificada) uma ideia originalmente avançada por Steve Keen, sob a designação de Modern Jubilee:

    The broad effects of a Mod­ern Jubilee would be:

    1—Debtors would have their debt level reduced;
    2—Non-debtors would receive a cash injection;
    3—The value of bank assets would remain con­stant, but the dis­tri­b­u­tion would alter with debt-instruments declin­ing in value and cash assets rising;
    4—Bank income would fall, since debt is an income-earning asset for a bank while cash reserves are not;
    5—The income flows to asset-backed secu­ri­ties would fall, since a sub­stan­tial pro­por­tion of the debt back­ing such secu­ri­ties would be paid off; and
    6—Members of the pub­lic (both indi­vid­u­als and cor­po­ra­tions) who owned asset-backed-securities would have increased cash hold­ings out of which they could spend in lieu of the income stream from ABS’s on which they were pre­vi­ously dependent.

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  2.  Observar o impacto da recente decisão do governo chinês em matéria de estímulo à economia do país, a qual, no essencial, se resume a um aumento médio de 60% nos vencimentos da administração pública, o qual integra a extensa reforma do sistema de pensões em curso—os funcionários públicos, que até agora não descontavam para as suas pensões de reforma, passarão a fazê-lo (Caixin).
A estratégia anunciada por Mario Draghi, repetindo os erros da Fed americana e do Banco Central do Japão, não nos livrará da possível mutação da deflação instalada para a desordem da hiperinflação. A alternativa ao colapso da Zona Euro e a uma agitação social e política de enormes proporções, exige imaginação, justeza democrática e coragem. O contrário do que o BCE anunciou.

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