terça-feira, junho 16, 2015

Quem vai decidir a próxima maioria?

Rio Minho na região de Monção-Melgaço

Precisamos de uma democracia de qualidade apoiada em plataformas de cidadania


A maioria eleitoral estaria fora de si se arriscasse entregar de novo o poder a quem nos meteu no buraco e promete afundar ainda mais o país se regressar ao governo.

Nem os pensionistas querem aventuras nesta altura do campeonato, nem a maioria dos portugueses tolera mais ataques fiscais à propriedade que cada um adquiriu ou está a adquirir com esforço, ou herdou dos pais.

Um terço do eleitorado vive hoje de pensões, e uma percentagem ainda maior do mesmo eleitorado quer ver um ponto final na expropriação fiscal e financeira do que é seu. Ou seja, quer o contrário do que a lógica e a burocracia da nossa indigente esquerda pretendem.

Todos sabemos que crescimento e emprego são duas realidades difíceis de alcançar e que regressarão lentamente.

Um avião cheio de novos emigrantes sai diariamente de Portugal. Mas estes não esquecem as suas responsabilidades, pois enviam mais de três mil milhões de euros por ano para as suas contas bancárias sediadas em Portugal. Os que continuamos por cá é que temos que lhes garantir que o seu esforço não será pasto da rapina dos piratas que nos enfiaram no buraco em que ainda estamos.

Há, apesar da desgraça, sinais de esperança.

Alto Minho: EDP restitui terras expropriadas há 40 anos
Green Savers, 15/06/2015
Quarenta anos depois de terem sido expropriados vários terrenos nas margens do Rio Minho (na foto), entre Monção e Melgaço, para a construção da barragem de Sela, um projecto luso-espanhol, os cerca de mil expropriados – os seus herdeiros, na maioria – poderão voltar a cultivar as antiga propriedades.

O sentido de propriedade é fortíssimo entre nós. Isto, e nada mais, explica porque as cigarras da esquerda oportunista e os seus realejos enferrujados jamais seduziram consistentemente os portugueses. Por outro lado, o acosso e as expropriações fiscais em curso, por parte de uma nomenclatura citadina corrupta e oportunista, está a separar a maioria dos portugueses do regime constitucional que temos. Fenómenos como o de Rui Moreira, eleito para dirigir a segunda cidade do país e a capital do noroeste peninsular, irão repetir-se, nomeadamente em Oeiras, Lisboa, Sintra, Vila Nova de Gaia, Coimbra, Figueira da Foz, Cascais e... em Belém. Vai ser desta maneira que a terceira república acabará por colapsar, dando passo a uma democracia qualitativa assente no poder das plataformas de cidadania democrática, onde o estado e os partidos políticos deixarão de infernizar a vida dos cidadãos.

Henrique Neto na Feira Nacional da Agricultura de Santarém.
Foto @ Marcos Borga/ Expresso

Henrique Neto: “Não foram as minhas críticas a prejudicar o PS”
Expresso, 13/6/2015
Depois de aderir ao PS fui um entusiasta das políticas decididas durante os Estados Gerais para uma Nova Democracia e depois apoiei o Governo do PS tanto quanto as oportunidades me permitiram, até ao momento em que o partido deixou de cumprir as suas promessas eleitorais, se afastou de uma governação consequente com o interesse nacional e passou a navegar à vista sem coerência estratégica, comprometendo com isso o futuro do País.

Henrique Neto daria um bom presidente. Não precisamos de continuar a suportar o peso hegemónico dos partidos na nossa sociedade, sobretudo dos que já conhecemos de ginjeira, mas sim de gente confiável e competente, e de plataformas de cidadania democrática. Precisamos de uma democracia qualitativa, em vez da sopa azeda que continuamos a tragar pagando por ela os olhos da cara!

2 milhões e meio de eleitores
Manuel Villaverde Cabral | Observador, 31/5/2015, 10:47

Há mais de 2,5 milhões de reformados em Portugal (eu sou um deles). Não estão longe de um terço do eleitorado real. Há mais eleitores inscritos com a complacência dos governos, mas não são reais. Esses 2 milhões e meio de pessoas recebem mais de 3,5 milhões de pensões contributivas e não-contributivas no valor de 27 mil milhões de euros, portanto, uma média individual acima de 10.000 € brutos por ano. As pensões representam cerca de 30% da despesa pública e aproximadamente 15% do PIB.

A armadilha demográfica e um sistema de segurança social desajustado poderão mergulhar Portugal na insolvência estrutural. Quando? Daqui a uma década ou menos, se persistirmos em fechar os olhos à realidade.

Duas notas sobre a miopia da esquerda que temos

A esquerda ainda não percebeu duas coisas muito simples:
  1. Portugal é um país pobre (Plutocracia demo-populista e Rendimento Básico), onde 90% das famílias apresentam rendimentos coletáveis inferiores a 30 mil euros/ano; mais de 60% das famílias tem rendimentos coletáveis inferiores a 10 mil euros (833 euros/mês), e só 7,1% dos agregados apresenta rendimentos coletáveis entre 20 e 30 mil euros (1.666 a 2.500 euros/mês). Escusado será dizer que os nossos deputados, por exemplo, fazem parte de uma casta que representa menos de 1% da população — alguns pertencem mesmo à exclusiva elite dos 0,1%!
  2. Mas apesar de pobre, Portugal é um país de proprietários. Se não vejamos:
  • há 10,6 milhões de portugueses (Census 2011)
  • mas existem 11,7 milhões de prédios rústicos (haverá algum português que não seja dono de uma leira?)
  • em 40% da superfície agrícola útil —36.681,45 Km2— existem 305 mil explorações agrícolas
  • há registo de 7,9 milhões de prédios urbanos, a que correspondem mais de 5,8 milhões de alojamentos, e destes 4,4 milhões são ocupados pelos seus proprietários.

1 comentário:

JS disse...

ACP, falando nos persistentes, e ausentes, milhões de eleitores e no poder e significância do seu voto permita-me:

Concordará que a pedra de toque de um político é ser re-eleito. Nominalmente entenda-se.

Logo aí todos os políticos que passaram pela AR e Constituinte desde o 25 de Abril, são apenas políticos "de segunda", nomeados. Figurantes a mando de outrem, como aliás reza o seu estatuto. (Não está em causa o valor pessoal de nenhum deles). Muito menos poderam ser, portanto, nominalmente re-eleitos....

Os que foram nominalmente eleitos e re-eleitos, os cabeças de cartaz, contam-se com os dedos de uma mão. Sintomático, quiçá razão para uma irresponsabilidade rampante.

Que valor terá um político re-eleito, em nome, por 1/4 do eleitorado.
Mas com o voto contra, expresso, de outro 1/4 do eleitorado
E com um olímpico desprezo ou indiferença de 1/2 do eleitorado?.
Grau zero da democracia?.

PS. Não falando do óbvio poder simbólico dos cargos políticos num diminuto País falído, de uma Europa em crise.