sábado, agosto 29, 2015

A Grande Miragem da China








A crowd watched as a building designed by Rem Koolhaas burned in Beijing on Monday, FEB 9, 2009. Credit David Gray/Reuters. The New York Times

China, a terceira maior economia do planeta, depois da UE e dos EUA, chegou a uma encruzilhada


O excesso de reservas cambiais da China, nomeadamente sob a forma de títulos de dívida americana, está a ser aliviado para, com os dólares obtidos na venda dos chamados treasuries, convertidos depois em yuans depreciados, ensopar a gigantesca bolha de endividamento especulativo e deficit spending com que a China pretendeu enganar o abrandamento da economia mundial, mas que acabou por rebentar com estrondo ecuménico na passada segunda-feira—o primeiro Black Monday da bolsa de Xangai. Welcome to crony capitalism!

A China esteve de pernas cortadas no que se refere ao seu crescimento e desenvolvimento enquanto não pôde dispor de petróleo barato. Até 1960, quando finalmente começou a produzir petróleo, a partir das grandes reservas de Daqing, descobertas em 1959, tudo mudou. Pequim deixou de depender de Moscovo e do Ocidente para se abastecer do precioso ouro negro. Foi a descoberta das grandes reservas de petróleo na bacia de Songhua Jiang-Liao —cujo pico de exploração foi, no entanto, atingido em 2014-2015— que viria a pulverizar o comunismo chinês, inventado por Mao Zedong, e tão do agrado de alguns intelectuais sado-masoquistas da Europa. Foi a junção económica entre as reservas próprias de petróleo e as suas formidáveis reservas de mão de obra barata e submissa que levou a China até aos píncaros de 2007. No entanto, a conjunção entre o colapso da procura agregada mundial, pondo fim ao boom das exportações Made in China, a par do fim do petróleo barato chinês, fazendo da China hoje o maior importador de petróleo do planeta, podem transformar 2015 no ano da Grande Miragem da China. Talvez alguns chineses já se tenham apercebido disto mesmo, e por isso começam a voar como as andorinhas em direção ao Ocidente, nomeadamente para Portugal.

À luz desta visão estratégica, eu recomendaria ao Banco de Portugal que forçasse os chineses interessados no Novo Banco a pagar o que inicialmente prometeram, ou até um pouco mais. A Europa é um ativo cada vez mais precioso, ao contrário do que afirma Krugman e outros lunáticos como ele.


POST SCRIPTUM — vale a pena ler o post de Charles Hugh Smith sobre os mitos que o crash chinês desfez...

Here's Why The Markets Have Suddenly Become So Turbulent
A perfect storm of failing trends
by Charles Hugh Smith
Friday, August 28, 2015, 2:28 PM
Peak prosperity

The China Story is Over

And I don’t mean the high growth forever fantasy tale, I mean the entire China narrative is over:

  • That export-dependent China can seamlessly transition to a self-supporting consumer economy.
  • That China can become a value story now that the growth story is done. 
  • That central planning will ably guide the Chinese economy through every rough patch. 
  • That corruption is being excised from the system. 
  • That the asset bubbles inflated by a quadrupling of debt from $7 trillion in 2007 to $28 trillion can all be deflated without harming the wealth effect or future debt expansion. 
  • That development-dependent local governments will effortlessly find new funding sources when land development slows. 
  • That workers displaced by declining exports and automation will quickly find high-paying employment elsewhere in the economy.

I could go on, but you get the point: the entire Story is over.  (I explained why in a previous essay, Is China’s “Black Box” Economy About to Come Apart? )

This is entirely predictable. Every fast-growing economy starting with near-zero debt and huge untapped reserves of cheap labor experiences an explosive rise as the low-hanging fruit is plucked and the same abrupt stall and stagnation when the low-hanging fruit has all been harvested, leaving only the unavoidable results of debt-fueled speculation: an enormous overhang of bad debt, malinvestment (a.k.a. bridges to nowhere and ghost cities) and policies that seemed brilliant in the good old days that are now yielding negative returns.

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