segunda-feira, janeiro 04, 2016

Dívidas soberanas já não pagam juros

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A falência do neo-keynesianismo soma e segue


Government bond yields remain in negative territory. As of December 14, over 50% of European government bonds maturing in less than five years had a negative yield, roughly the same as in the run-up to the launch of ECB QE in March. Two-year government bond yields were generally lower on the year, despite some rebound after aggressively pricing further ECB easing ahead of the December meeting. (The German two-year yield, for example, bottomed out at -0.44% on December 2.) Looking beyond Europe, roughly half of two-year government bonds in the developed world trades at a negative yield. 
Sovereigns have issued debt at record-low—or altogether negative—yields. In April, Switzerland became the first country to issue 10-year government bonds at a negative yield; other governments did the same at shorter maturities. 
“What Does The Future Hold For Negative Rates In Europe? Goldman Answers”
ZeroHedge. Submitted by Tyler Durden on 01/02/2016 20:00 -0500

Os depósitos são um custo para os bancos, o qual, se não fosse contrabalançado com empréstimos a clientes e outras operações de crédito, acabaria por levá-los à falência.

O sobre-endividamento das pessoas, das empresas e dos governos que continuaram a investir (e sobretudo a especular) e a consumir, sem ao mesmo tempo produzirem o contra-valor equivalente ao gasto e às responsabilidades contraídas, acabou por explodir numa crise económico-financeira generalizada, a qual curto-circuitou os binómios procura-oferta (a procura caiu e continua a cair), investimento-lucro (ambos foram sucessivamente caindo) e produção-consumo (a queda de ambos gerou deflação).

Daqui à situação paradoxal em que os bancos centrais e de retalho hoje se encontram —ambos cobram taxas de juro crescentes pelos depósitos à vista, e de curto prazo— foi um passo.

Um passo que, por sua vez, atinge criticamente a poupança, ferindo de modo cada vez mais preocupante os fundos de pensões públicos e privados, em especial se, imprudentemente, estes tentaram iludir a destruição das rendas e dos juros jogando no casino dos derivados especulativos e outros produtos financeiros de risco elevado.

75% da reserva do Fundo de Pensões português já foi aplicado em dívida pública portuguesa.

Uma vez que a rentabilidade (yield) da dívida soberana portuguesa tem vindo a cair, quem nela investiu para obter algum rendimento (nomeadamente fundos de pensões e bancos) será sucessivamente penalizado. No caso dos fundos de pensões e de alguns bancos portugueses esta exposição ao endividamento compulsivo de um estado social que deixou de gerar riqueza e poupança suficientes, e portanto à insolvência potencial de governos e municípios, transformou-se numa serpente que morde a própria cauda. A poupança é engolida pela dívida pública em nome da sustentação de um estado social que devora essa mesma poupança e, pior ainda, que extingue a própria capacidade de a gerar. O fascismo fiscal em curso é a foice que, se não for afastada, acabará por ceifar rente o estado social que as esquerdas diariamente e aos gritos afirmam defender.

A rentabilidade das dívidas soberanas já é negativa no caso de obrigações públicas de curto prazo em países como a Alemanha (-0.44% nas obrigações a dois anos emitidas a 2 dezembro de 2015).

Resumindo: os estímulos neo-keynesianos são cada vez menos eficazes. Nem a deflação passa, nem o crescimento saudável regressa. E assim sendo, a bolha monetária, ou seja, a destruição do dinheiro, prosseguirá em direção ao mais completo desastre se não formos capazes de achar alternativas construtivas. O buraco negro existe, e já começámos a ser sugados para o seu infinito âmago.

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