sábado, fevereiro 04, 2017

Onde vem escrito 'países muçulmanos'?

Apenas 12,5% da população islâmica vive nos sete países da lista de interdição temporária

Donald Trump (Twitter, 3/2/2017) “We must keep “evil” out of our country!”


O mesmo argumento que usei no passado dia 31/1 —Não há nenhuma referência islamofóbica no decreto que tem originado tanta agitação programada. Além do mais, os países objeto de prevenção reforçada foram definidos pelos seus antecessores, Obama incluído—foi esta sexta feira, 2 de fevereiro, invocado pelo juiz Nathaniel Gorton na decisão que anulou a tentativa de suspender a aplicação da ordem executiva do presidente dos Estados Unidos.

Early on Sunday, a magistrate judge in Boston issued an injunction that for seven days blocked enforcement of the order, which the White House has contended is necessary for national security.
“Where does it say Muslim countries?” U.S. District Judge Nathaniel Gorton on Friday asked Matthew Segal, an attorney with the American Civil Liberties Union (ACLU) representing the plaintiffs in the Boston case.
“If your honor’s question is, ‘Does the word ‘Muslim’ make a profound presence in this executive order?,’ my answer is that it doesn’t,” Segal said. “But the president described what he was going to do as a Muslim ban and then he proceeded to carry it out.”
Gorton shot back, “Am I to take the words of an executive at any point before or after election as a part of that executive order?”
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O abuso das metáforas por parte do actual presidente americano não faz mais do que responder na mesma moeda à linguagem arcaica usada nos comunicados dos fundamentalistas radicais islâmicos. Podemos não gostar, mas em si mesmo não passa de um estilo de comunicação. O que é mais intrigante e importa perceber é a nova estratégia que aparentemente se esconde detrás da nova retórica tática americana. E também o que move a reação epidérmica, mas violenta, das elites que acabaram e perder as eleições. A rapidez e a sucessão vertiginosa dos tweets de Trump, mais do que o estilo ordinário dos mesmos tem, apesar de tudo, uma vantagem: iremos perceber rapidamente se o homem é apenas um amador a quem saiu a presidência do mais poderoso país do planeta, ou se, pelo contrário, tenciona mesmo levar o seu anunciado programa até às últimas consequências. Os Estados Unidos poderão estar a caminho de uma encruzilhada fatal, cujas consequências poderão ir desde uma multiplicação e intensificação das guerras regionais, até ao surgimento de verdadeiros focos de separatismo e guerra civil no interior da América.

O simples facto de Donald Trump ter dividido o parlamento desmiolado que temos é prova da sua eficácia táctica inesperada, mas também, do amadorismo proverbial das pessoas que, sem as conhecermos, elegemos em nome de um ideal democrático que não controlamos.

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