domingo, maio 21, 2017

O tigre português

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Afinal, não é só turismo, nem vistos gold. 


boom das exportações e do investimento produtivo que aflui agora abundantemente ao país (1) assenta em vantagens competitivas geradas desde o final século passado, e de que a aposta na formação, o domínio crescente de línguas estrangeiras (sobretudo inglês e francês) e os preços competitivos da propriedade e do trabalho acabam por ser decisivas na hora de combater uma profundíssima crise económica e financeira, ou pelo menos, de reagir aos seus efeitos mais nefastos com as armas que melhor dominamos: dar corda aos sapatos quando é preciso!

Centenas de milhar de portugueses emigraram para não deixar de pagar as suas hipotecas imobiliárias, em vez de ocuparem as praças do país ao som dos megafones populistas da desgraça. Mais, para muitos deles não se trata já de emigrar, mas de assumir a Europa e o Mundo como um espaço comum, e Portugal a sua casa de férias. Deixando para trás a endogamia própria dos pequenos países, centenas de milhar de portugueses (a diáspora portuguesa conta com mais de dois milhões de almas) aprenderam a dominar os idiomas do mundo, e a competir segundo as regras da globalização, mas também da transparência e da verdadeira igualdade de oportunidades. A pouco e pouco estas jovens gerações trazem a lição de volta ao país que os viu nascer e partir. O sucesso sem precedentes de muitos deles (2) é conhecido, e muitos mais há sem o mesmo protagonismo público.

Por cá, a Justiça e os políticos têm começado a expulsar da Política os mais corruptos, e, apesar das divergências, têm estado unidos no essencial: corrigir os erros mais crassos, pagar as dívidas, e seguir em frente. A dupla cesarista formada pelo presidente da república e pelo primeiro ministro, apesar de irritante, tem sabido potenciar os sinais da recuperação económica e financeira do país e, sobretudo António Costa, tem levado a cabo uma diplomacia externa hábil e com sinais de indiscutível visão estratégica. Sublinho, a este propósito, as suas manobras táticas no seio da União Europeia e as suas importantes visitas à China e à Índia.

Poderia ter sido Pedro Passos Coelho a cavalgar hoje a onda de sucesso português. Não foi, porque lhe coube o ónus de castigar os portugueses, e sobretudo porque não aprendeu a falar com os portugueses. A história recente ensina-nos que basta uma subida empinada e prolongada dos preços da energia para deitar por terra o melhor dos governos. O preço do petróleo continua baixo, provavelmente não regressará tão cedo aos 100 dólares, mas poderá ainda assim subir de uma guerra para a outra, ou na sequência de um novo colapso financeiros mundial, para valores que prejudiquem seriamente a nossa balança comercial e as taxas de juro da nossa dívida. Esperemos que tal não lhes aconteça (nos aconteça) nos próximos dois ou três anos. Mas como o seguro morreu de velho, o melhor é prevenir, e enquanto pau vai e vem, puxem as orelhas ao Mexia, e obriguem-no a baixar os preços especulativos internos da energia! Quanto aos rentistas preguiçosos, erradiquem-nos de vez da nossa realidade macro-económica (3).


NOTAS

  1. Galicia agranda el milagro económico portugués llenando sus polígonos
    Más de 300 pymes tienen sede en un país que repunta tras librarse del rescate
    M. SÍO . VIGO / LA VOZ 21/05/2017 05:00

    Antes de ganar Eurovisión, Portugal ya se había quitado de encima otros muchos complejos ante Europa. De entrada, el de ser un país rescatado. Hace meses que la Comisión Europea contempla sorprendida lo que ya todos llaman el milagro portugués, el que lo sitúa en el punto de mira de todas las grandes inversiones que planean sobre el Viejo Continente. Hay datos que dan cuenta de ese momento dulce. El año pasado consiguió captar más de 900 millones de euros de inversión extranjera directa. Con Tesla merodeando por la Región Norte, el país vecino se ha convertido en un polo de atracción de capital extranjero en sectores punteros como el tecnológico (Siemens) o el aeronáutico (Embraer).

    Y en esta pujanza de Portugal, el capital gallego -tan cercano geográfica e históricamente- está jugando un papel muy importante. Hay cifras y son sorprendentes. Se las ha puesto el Círculo de Empresarios de Ourense, que, en un informe a pie de campo, ha localizado más de 300 empresas gallegas instaladas en más de una veintena de polígonos industriales repartidos en la mitad norte de Portugal.

    ¿Qué clase de empresas? Pues según detalla el estudio, de todo tipo, pymes en su mayoría, con predominio de los sectores de alimentación, actividad turística, auxiliares de automoción, distribución, almacenamiento, manejo de mercancías y sector textil.

    Dicen los empresarios que la clave de estas localizaciones está en los costes. Ese estudio detecta en el norte de Portugal una veintena de parques empresariales (23 en concreto) en un radio de 50 kilómetros desde la frontera con el sur de Galicia, con 7 millones de metros cuadrados de suelo industrial a un precio medio de 20 euros el metro cuadrado y en los que hay una ocupación de hasta un 50 % de pymes procedentes del otro lado de la raia.

    • Álvaro Santos Pereira (OCDE) 
    • Álvaro Siza Vieira (arquiteto) 
    • António Guterres (ONU) 
    • António Simões (HSBC) 
    • Carlos Tavares (PGA) 
    • Cristiano Ronaldo (futebolista)
    • Durão Barroso (União Europeia) 
    • Elisa Ferreira (União Europeia)
    • Figo (futebol) 
    • Horta Osório (Lloyds)
    • Joana Vasconcelos (artista plástica)
    • Maria João Pires (pianista)
    • Maria João Rodrigues (União Europeia)
    • Salvador Sobral (músico)
    • Victor Gaspar (FMI)
  2. Costa sabe muito bem (e até Jerónimo de Sousa sabe) que o país tem que libertar as suas energias produtivas, começando por não atrapalhar mais a iniciativa privada das nano, micro e PMEs. Sabe que elevar o nosso PIB COGNITIVO é crucial para que Portugal se transfome num país rico, e culturalmente sofisticado. A mobilidade rodoviária foi conseguida no país inteiro. Falta agora pôr o Montijo a mexer, melhorar as pistas e o sistema de apoio à aterragem do aeroporto Sá Carneiro. Falta, enfim, ligar rapidamente a nossa rede ferroviária de mercadorias, e de passageiros, a Espanha e ao resto da Eurásia, fazendo da interoperabilidade ferroviária uma prioridade estratégica. Quanto às cidades-região de Lisboa e Porto, somos nós, os cidadãos, que temos que puxar as orelhas aos autarcas acomodados.

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