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quinta-feira, janeiro 31, 2019

A caixa negra de um resgate

Caixa Geral de Depósitos (CGD) (3779646223)

Propaganda não é prosperidade, nem paga dívidas


Resgate a Portugal foi o terceiro maior de sempre na história do FMI 
O Jornal Económico. Mariana Bandeira, 03 Janeiro 2019, 14:09 
O resgate financeiro do Fundo Monetário Internacional (FMI) a Portugal foi o terceiro maior da história da instituição liderada por Christine Lagarde. O ranking das maiores injeções de capital do fundo é encabeçado pela Argentina e pela Grécia.

A venda de ouro português foi uma prática sistemática desde o fim da ditadura. Foi, aliás, esta venda que financiou, em primeiro lugar, os novos direitos sociais do Portugal democrático.

Tal delapidação só parou em 2010, quando o Banco Central Europeu proibiu o governo português de mexer nas 382,5 toneladas que ainda restam das 801,5 toneladas existentes em 1974 (Wikipédia).

Estas reservas são, pois, uma espécie de colateral dos 51,7 mil milhões de euros emprestados pelo BCE e pela UE, para evitar a bancarrota do país cor-de-rosa que temos.

Continuamos, ao fim de três anos de propaganda governamental e partidária responsável por uma divisão social e cultural crescente entre os portugueses, no top dos devedores mundiais:
  • quase 250 mil milhões de euros de dívida pública bruta (a líquida andará pelos 225 mM€) 
  • mais de 700 mil milhões de euros de dívida total. 
Existem mais ou menos dez milhões de contas bancárias em Portugal. Mas total do dinheiro depositado nos bancos não vai além dos 140 mil milhões de euros, ou seja, pouco mais de metade da dívida do Estado e das suas sinecuras.

Por outro lado, menos de 200 mil portugueses têm depósitos superiores a 100 mil euros.

É por estas e por outras que a recente decisão, do PS, PCP e Bloco, de forçar os bancos a comunicar ao fisco as contas com mais de 50 mil euros, se parece com a preparação para uma nova crise financeira indígena. Quando? Quando batermos outra vez à porta do FMI e do BCE, porventura na iminência de uma nova bancarrota nacional. O governo pretende, pois, saber em que bancos e contas estarão os montantes de depósitos e obrigações potencialmente sujeitos a perdas por efeito de um bail-in (resgate interno) em caso de nova crise bancária acompanhada de falência de bancos. A preocupação anunciada com fugas ao fisco não passa de uma cortina de fumo.

A crescente agitação sindical é um sinal claro de que a reversão da austeridade não aconteceu, e que o governo, aflito, se prepara para novas emergências. E você, já se preparou?

O grande buraco da Caixa tem uma cor dominante: a cor da rosa. Parece assim evidente que Geringonça rosa-e-vermelha tudo fará para esterilizar o novo inquérito e os possíveis processos judiciais que entretanto surjam à superficie. Basta investigar Joe Berardo e o que levou Elisa Ferreira (e Francisco Louçã...) para o Banco de Portugal, para que mais este esclarecedor artigo de Helena Garrido abra uma nova e mais negra Caixa de Pandora.
Se os deputados quiserem, haverá culpados na CGD 
Helena Garrido. Observador, 31/1/2019, 7:44 

Com a informação disponível neste momento já é possível concluir que o período que gerou mais perdas para a CGD foi o que vai de 2005 a 2007, quando Carlos Santos Ferreira era presidente do banco e Armando Vara e Francisco Bandeira faziam parte da sua equipa. No relatório e contas de 2016 conclui-se que 39,5% das perdas apuradas nesse ano (imparidades) vieram de financiamentos concedidos entre 2005 e 2007. 
É nesse período que se inicia o processo da Artlant com a espanhola La Seda; é nesses anos que se financia Vale do Lobo; é nesses anos que se concedem empréstimos que envolvem indirectamente a CGD na guerra pelo controlo do BCP e é nesse tempo que se dá crédito para controlar a Cimpor. Quando Carlos Santos Ferreira passa para o BCP, a administração seguinte da CGD, liderada por Fernando Faria de Oliveira e que vai até 2010, gera igualmente perdas significativas (23,6% dos 5,6 mil milhões de euros de perdas apuradas em 2016), mas já estamos perante erros por omissão, por não decidir acabar com alguns projectos.
Joana Amaral Dias: “A Caixa é um poço sem fundo” 
Jornal i, 01/02/2019 12:09 
Injetámos mais ou menos 20 mil milhões de euros na banca nos últimos dez anos; destes, seis mil milhões de euros foram para a Caixa. Recordo que, em 2012, a Caixa não fez parte do escrutínio da troika e logo nesse ano foram injetados pelo governo de Pedro Passos Coelho 1,5 mil milhões de euros sem qualquer auditoria. Agora não há imparidades no banco? Vão justificar esses 6 mil milhões como? E esta auditoria da EY é de 2000 a 2015 porque é óbvio que antes de 2000 exatamente a mesma promiscuidade se passou na Caixa Geral de Depósitos, não há dúvidas. Teve momentos melhores, teve momentos piores, talvez este momento tenha sido pior, sobretudo depois de 2005, mas isso não foi um vírus ou um bug do milénio. A Caixa sempre foi este poço sem fundo, serviu como braço forte do poder político para basicamente comprar aliados, para arquitetar uma perigosa rede clientelar que contribui para que Portugal seja campeão da corrupção.

Atualizado em 02/02/2019, 16:08 WET

domingo, março 05, 2017

O Assalto ao Banco de Portugal (novos episódios)

Sede do Banco de Portugal
Foto ©desconhecido

Saberá Carlos Costa demasiado para continuar onde está?


A reportagem da SIC é uma espécie de embuste mediático destinado a facilitar o assalto da Geringonça ao Banco de Portugal. Oculta, por um lado, o histórico do BES desde 2006, e por outro também oculta o simples facto de os principais bancos portugueses estarem sob supervisão direta do Banco Central Europeu, e não de Carlos Costa, desde 4 de novembro de 2014. Por fim, o que é evidente foi ter existido um triângulo político-financeiro inexpugnável montado por José Sócrates, Ricardo Salgado e os capturados BES (imparidades de, pelo menos, 6 mil milhões de euros), BCP (imparidades de, pelo menos, 7 mil milhões de euros) e Caixa Geral de Depósitos (imparidades de, pelo menos, 5 mil milhões de euros).
Fuentes próximas a la investigación han explicado que la investigación, que se inició hace dos años, se dirige hacia un entramado de empresas tipo trust que tiene su origen en una filial del banco portugués Espírito Santo en Madeira y que habría utilizado a Cahispa para efectuar inversiones sin pagar al fisco. 
— in Bloqueados más 1.500 millones de euros de cuentas de los bancos Espírito Santo y BNP, El País, 2/11/2006.
Nessa palestra sobre a estratégia de Pequim em África, citada numa publicação ligada ao Departamento de Estado dos EUA, o analista sul-africano apenas aflorou as "ligações estratégicas" entre Pequim e companhias e bancos portugueses com influência em países como Angola. 
Ontem por telefone, Davies-Webb salientou ao PÚBLICO o caso da Eskom (1), empresa do Grupo Espírito Santo, com um papel preponderante de ligação entre Pequim e o poder em Luanda, junto do qual a instituição portuguesa tem influência. 
(1) Davies-Webb referia-se certamente à ESCOM. 
— in Portugal "ajudou a aproximar" China e Palop, Público, 12/12/2006.

Carlos Costa talvez tivesse tido razões ponderosas para não provocar uma corrida ao BES e ao resto dos bancos instalados no nosso país. Há muito, pelo menos desde quando Vitor Constâncio pontificava no Banco de Portugal, e José Sócrates no país, que o Grupo BES deveria ter merecido outra atenção dos reguladores e do poder político. São por isso muitos os co-responsáveis pelos danos causados ao país pelo colapso do BES. Encurralar agora Carlos Costa como um bode expiatório do desgraçado estado financeiro em que Portugal se encontra, quando nem José Sócrates, nem Ricardo Salgado, nem vários outros arguidos foram ainda acusados pelo que supostamente fizeram, diz bem da degradação a que chegámos.

Desde novembro e dezembro de 2006 (buscas nas sucursais do BES em Espanha e alerta sobre papel do BES em Angola), tal como desde maio de 2013 (relatório do BPI sobre o BES), e sobretudo depois de 22 de maio de 2014 (notícia da Reuters sobre investigações no Luxemburgo sobre o GES), ou ainda desde a revelação da SIC, feita por José Gomes Ferreira a 20 de junho de 2014, sobre o pedido de ajuda de Ricardo Salgado a Pedro Passos Coelho (recusado), que as campainhas de alarme sobre o Grupo Espírito Santo soavam sem cessar.

Durante todos este tempo, e sobretudo depois do alerta do BPI de janeiro-maio de 2013, dado a conhecer ao Banco de Portugal em agosto do mesmo ano, e até 21 de julho de 2014, não apenas os socialistas, mas também Cavaco Silva, Marcelo Rebelo de Sousa, Marques Mendes e a imprensa económica em geral asseguravam publicamente a saúde do BES.

A resolução do BES foi anunciada por Carlos Silva no domingo, dia 3 de agosto, às 23:15 minutos. 

Ou seja, segunda-feira, 00:15 da madrugada do dia 4 de agosto em Bruxelas e Frankfurt. 

Por incrível que pareça, até hoje nenhum órgão de comunicação, jornalista, ou analista se deteve sobre este pormenor. Porquê este dia e esta hora? Completava-se a 4 de agosto de 2014 os vinte dias mínimos necessários à entrada em vigor do mecanismo de resolução bancária aprovado pelo Parlamento Europeu no dia 15 de julho de 2014. Antes desta data teria sido impossível, ou ilegal, resolver o BES, cuja sangria era já imparável.

Até à data e hora em que ocorreu a resolução do BES o governador do Banco de Portugal não tinha nenhum instrumento que impedisse a falência descontrolada do BES em caso de uma denúncia explícita da situação real do universo Espírito Santo. Ações de persuasão sobre Ricardo Salgado não tiveram qualquer efeito. Mas acima de tudo, não podia decidir nada de essencial sem a aprovação do BCE.

Carlos Costa não teve outra alternativa que não fosse esperar pelo mecanismo de resolução bancária e pelo BCE. Ou seja, foi o BCE quem determinou o curso dos acontecimentos, em linha, aliás, com o futuro mecanismo único de supervisão bancária que entraria em vigor a 4 de novembro de 2014.

Em junho de 2014 Pedro Passos Coelho disse não a Ricardo Salgado, em primeiro lugar porque os bancos portugueses já se encontravam sob controlo do BCE, e depois porque sabia que um empréstimo de 2500 milhões de euros ao GES através de um sindicato bancário patrocinado pela Caixa Geral de Depósitos seria transformar o suicídio do BES/GES num genocídio bancário.

As medidas determinantes desenhadas para impedir que o colapso do GES-BES se transformasse numa derrocada completa do sistema financeiro português foram desenhadas e lançadas pelo Banco Central Europeu. Não pelo Banco de Portugal. Logo...

A caravana do populismo prefere agora, porém, usar a confusão para eleger um bode expiatório e, assim, tentar tomar de assalto o Banco de Portugal, peça essencial para proteger a Caixa Geral de Depósitos recauchutada das suas próximas avarias.

PS1: Cheguei a pedir no Facebok e no Twitter a demissão de Carlos Costa logo após a reportagem da SIC, mas bastaram 48 horas para rever os meus próprios posts neste blogue e perceber que estava errado. Carlos Costa pode muito menos do que a sua circunstância. E o Governo de Portugal, em matéria de bancos, já não manda nada, ou muito pouco. Por um lado, porque mais de 60% dos bancos portugueses foram desbaratados por um regime corrupto e incompetente (BPN, BCP, BPI, Banif), e por outro, porque quem manda no Banco de Portugal é o BCE.

PS2: Se alguém puxar por um fio da meada Caixa Geral de Depósitos, chamado ARTLAND, saberemos a razão de tanto nervosismo no seio da Geringonça a propósito do Banco de Portugal e da Caixa. Mas para que tal aconteça é preciso que uma fonte mistério se sente ao colo de um jornalista, não é?


A DECISÃO DO BCE E OS ÚLTIMOS DIAS DO BES

2014

30 junho
Termina Programa Assistência Económica e Financeira (PAEF), acordado em maio de 2011 entre as autoridades portuguesas, a União Europeia e o FMI. Segue-se uma fase de monitorização pós-programa – Post-Programme Surveillance, no âmbito da supervisão das instituições europeias; Post-Program Monitoring, no âmbito da supervisão do Fundo Monetário Internacional (FMI). Estima-se que este programa de vigilância/monitorização se manterá até 2035, com visitas semestrais ao país.

15 julho
—Parlamento Europeu aprova regulamento do resolução bancária (entra oficialmente em vigor passados 20 dias da data da sua publicação no Jornal Oficial da União Europeia).
—Goldman Sachs: compra 2,27% do BES.

21 julho
—Cavaco Silva afirmou que os portugueses podiam confiar no BES de acordo com informações que recebia do Banco de Portugal.

22 julho
—BES revela à CMVM que a Goldman Sachs comprou 127,6 milhões de ações a que então correspondia 2,27% do capital.

23 julho
—Imprensa portuguesa entusiasma-se com o apetite da Goldman pelo BES
—Citi recomenda a compra de ações do BES...
—Muitos idiotas dão ordem de compra, e muitos ingénuos adiam a sua saída do buraco chamado BES...
—Goldman vende neste mesmo dia 4,4 milhões de acções, ficando fora da participação qualificada.

29 julho
— A-G do BES é adiada sine die a pedido da ESFG depois de ver aceite por parte das autoridades luxemburguesas o seu pedido de protecção contra credores.

30 julho
—Publicação no Jornal Oficial da União Europeia do regulamento da resolução bancária (entra em vigor 20 dias após esta data: 19/8/2014.

01 de agosto, sexta-feira
—BCE retirou o estatuto de contraparte ao BES, suspendendo assim o acesso do banco às operações de política monetária.
—BCE exige ao BES a devolução, até dia 4 de agosto, dos 10 mil milhões de euros emprestados.
—A imprensa anuncia, oito dias depois do sucedido, que a Goldman Sachs deixou de ter uma participação qualificada no capital do BES após vender mais de 4,4 milhões de ações, ficando com menos de 2% da instituição. Esta alienação da posição ocorreu, recorde-se, no dia 23 de julho!
Ou seja, a Goldman vendeu, não dia 30 de julho, o que comprara no dia 15. No dia em que os brokers e a imprensa económica recomendaram a compra de mais lixo ao BES, a Goldman Sachs vendeu o dito lixo!

03 de agosto, domingo, 23:15/ ; 04 de agosto, segunda-feira, 00:15, em Bruxelas e Frankfurt
-Resolução do BES

04 de novembro
—Os principais bancos portugueses—BCP, Novo Banco, BPI, CGD— passam a estar sob controlo direto do BCE.

2016

03 de agosto
O Banco Central Europeu revogou a autorização do Banco Espírito Santo para o exercício da atividade de instituição de crédito. A decisão de revogação da autorização do BES implicou a dissolução e a entrada em liquidação do banco.



DESENVOLVIMENTO DO TEMA NOS MÉDIA

Assalto ao Castelo, que caíu no colo do jornalista Pedro Coelho, é apenas mais uma árvore da floresta que ninguém quer mostrar, nem ver. Desde logo, e a começar, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa.
Expresso, 06.03.2017 às 11h06 WET 
Carlos Costa enviou esta segunda-feira uma carta à presidente da Comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFAP), Teresa Leal Coelho, pedindo para ser ouvido para prestar esclarecimentos sobre o seu papel e o do Banco de Portugal no caso BES, depois de na reportagem da SIC, "Assalto ao Castelo", ter-se admitido que o governador ignorou informações que lhe teriam permitido afastar mais cedo Ricardo Salgado da liderança do banco da família Espírito Santo.

Publicado: 05/03/2017, 02:46 WET
Atualização: 06/03/2017, 12:47 WET

quinta-feira, janeiro 05, 2017

Portugal, um país, dois sistemas!

John Grayken - o abutre do fundo abutre Lone Star

Depois do Banif, entregar o Novo Banco a um abutre seria a dose fatal para uma Geringonça cujo estado de graça começa claramente a definhar.


Então não é que o José Maria do Espírito Santo Silva Ricciardi acaba de defender na SIC, em entrevista conduzida por José Gomes Ferreira, a nacionalização —temporária, diz o figurão— do Novo Banco?! Aquele almoço no Ritz foi uma autêntica epifania para António Costa. O PCP e o Bloco, coitados, devem deambular pelas catacumbas dos seus neurónios marxistas totally lost in translation.

Um país, dois sistemas?

Na China (Macau, Hong Kong) funcionou. O BCE manda cada vez mais no sistema financeiro europeu e nos seus bancos. Por outro lado, se os contribuintes já compraram o lixo do BES, porque não hão-de ficar agora com o lombo? Estamos numa tal emergência mundial (rotação tecnológica e sobre-endividamento) que se justifica algum experimentalismo económico, social e político. Tudo dependerá, neste caso, de Bruxelas e do BCE, pois como sabemos, a corja partidária e bancária que temos conduziu o país à condição de protetorado dos credores internacionais.

Jean-Claude Juncker vem a Lisboa nos próximos dias. A nacionalização do Novo Banco poderá obter nesta ocasião um poderoso aliado. O desairado Carlos Costa que se cuide!

Eis o que reza o comunicado do Banco de Portugal, autêntico trombone onde ninguém consegue já segurar uma informação:

Comunicado do Banco de Portugal sobre o processo de venda do Novo Banco
04 jan. 2017

O Banco de Portugal, no cumprimento do seu mandato relativamente ao processo de venda do Novo Banco, concluiu com base nos elementos disponíveis nesta data que o potencial investidor Lone Star é a entidade mais bem colocada para finalizar com sucesso o processo negocial tendente à aquisição das ações do Novo Banco e decidiu convidá-lo para um aprofundamento das negociações.  
A estabilidade do sistema financeiro e o reforço da confiança no futuro do Novo Banco são objetivos do processo de venda que o Banco de Portugal está a conduzir. No momento atual da negociação, a proposta do potencial investidor Lone Star é a que mais assegura estes objetivos mas apresenta condicionantes, nomeadamente um potencial impacto nas contas públicas, que se procurarão minimizar ou remover no aprofundamento das negociações que agora se inicia. 
Esta nova fase de negociações com o potencial investidor Lone Star não exclui a melhoria das propostas dos restantes potenciais investidores que entregaram propostas no âmbito dos dois procedimentos de venda – Procedimento de Venda Estratégica e Procedimento de Venda em Mercado - e que já mostraram disponibilidade para o fazer.
Lisboa, 4 de janeiro de 2017.

LINK

PS: Entretanto, no dia 5/1, Pedro Santana Lopes escreveu no Jornal de Negócios uma crónica que repete ipsis verbis o recado de Ricciardi. É improvável que não tenha sido previamente combinado. Seja como for, esta colagem ao PCP e ao Bloco não deixa de ser cómico-trágica. No fundo, também eu defendo, no estado a que coisa chegou, a nacionalização temporária do Novo Banco!

sábado, maio 21, 2016

Mais 7 mil milhões dos bolsos dos contribuintes para a banca

Foto original: Miguel Baltazar/Negócios (editada por OAM)

A geringonça é a melhor amiga dos banqueiros


Banif: Notícia da TVI baseou-se em carta entre governador e Centeno 
Negócios, 18 Maio 2016, 18:37 
Foi com base numa carta trocada entre o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, e o ministro das Finanças, Mário Centeno, que a TVI se baseou para avançar com a notícia, a 13 de Dezembro, que começou por falar no fecho do Banif e depois na sua resolução.

Está visto que António Costa, que almoçou no Ritz com a elite da banca nacional antes de perder as eleições, é uma das fontes da TVI, que esta decidiu não revelar quando perguntada se confirmara ou não junto do Banco de Portugal, do Banif e do Governo, a bomba noticiosa que forçou a resolução do Banif antes do fim de 2015.

Sérgio Figueiredo disse à comissão de inquérito parlamentar ao assalto ao Banif, sobre António Costa, primeiro ministro, que não revelaria, em nome da defesa das fontes, se o contatou ou não a este propósito. Ou seja, António Costa, primeiro ministro, é uma espécie de Garganta Funda na opinião do arrogante e desastrado testa de ferro da EDP e da Média Capital.

Mas o mais intrigante é o silêncio de António Costa perante a prestação de quem aparenta ostensivamente ter as costas quentes. Não deveria António Costa, primeiro ministro, ter desmentido imediatamente (ou confirmado) um hipotético contato com Sérgio Figueiredo a este propósito, depois dos dislates desta criatura na comissão de inquérito parlamentar?

Eu tenho uma teoria:

— os banqueiros indígenas, mais conhecidos pela APB (Associação Portuguesa de Bancos) conspiraram para forçar a resolução do Banif antes de 31 de dezembro de 2015, pois só assim evitariam suportar uma parte muito relevante dos custos de uma provável resolução do Banif, caso esta viesse a ocorrer já em 2016. Ainda que, também neste caso, por insuficiência de liquidez do Fundo de Resolução, o contribuinte tivesse que ser de novo chamado a emprestar ao fundo, como ocorreu com o BES (3.900 M€).

No entanto, como afirmou Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, à comissão parlamentar de inquérito ao assalto ao Banif, 'não foi a suspensão (1) do estatuto de contraparte que matou o Banif, antes a falta de colateral para absorver fuga de depósitos'. O BCE não retirou o estatuto de contraparte ao Banif, como então afirmou o primeiro ministro António Costa à laia de desculpa de mau pagador pela deflagração televisiva da resolução do Banif.

A fuga de depósitos do Banif foi desencadeada pela notícia explosiva da TVI. Ou seja, a notícia em causa não foi um acaso, mas um ato premeditado por quem mandou plantar a falsa notícia na TVI.

Diz Sérgio Figueiredo que a peça que baseou a notícia foi uma uma carta trocada entre o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, e o ministro das Finanças, Mário Centeno. Se é assim, então, um dos dois é objetivamente responsável pela fuga de uma informação obviamente confidencial. Que dizem ambos a esta afirmação de Sérgio Figueiredo? Já mandaram averiguar a fuga de informação? Já a desmentiram? Quem deu a notícia à TVI? Carlos Costa ou o antigo colega de faculdade de Sérgio Figueiredo, Mário Centeno?

Se o governador do Banco de Portugal afirma que foi a 'falta de colateral para absorver a fuga de depósitos o fator determinante da decisão de resolução', parece então evidente que a sabotagem do Banif não terá tido origem no Banco de Portugal. E se não teve, que responsabilidade teve o governo da geringonça na destruição, por deflagração mediática, do Banif, e na subsequente nacionalização dos prejuízos que tal sabotagem viria a provocar?

Não é esta mesma geringonça que, depois de enterrar 3 mil milhões de dívida pública no Banif, se propõe atacar uma vez mais os bolsos dos contribuintes, desta vez para voltar a recapitalizar a insolvente Caixa Geral de Depósitos, sugando mais 4 mil milhões de euros à poupança nacional?

A Caixa recebeu 3.600M€ dos contribuintes desde 2008, e espera agora receber mais 4.000M€ dos mesmos contribuintes. Assim não custa nada gerir um banco!

Onde está a lista de créditos incobráveis, de cobrança duvidosa ou simplesmente demorados, da Caixa? Queremos saber antes de pagar. Com certeza!

E onde param as imparidades da Caixa? Quem foram os responsáveis pelo colapso da Caixa, pois é de um colapso que se trata? Não fora a Caixa uma entidade pública (obscura), e em breve veríamos abrir-se diante de todos nós um buraco tão grande ou ainda maior do que o do BES. Com certeza!

Para já, o que está em curso, é o resgate da Caixa Geral de Depósitos, dissimulado e ilegal à luz das regras comunitárias sobre a concorrência bancária.

A fatura dos desvarios da banca indígena endossada ao contribuinte anda neste momento e previsivelmente nos 15.250 milhões de euros (BCP: 750M€ + BES:3.900M€ + Banif: 3.000M€ + Caixa: 7.600M€), 7 mil milhões dos quais, cortesia da Frente Popular pós-moderna, mais conhecida por geringonça, capitaneada pelo 'otimista ligeiramente irritante' António Costa (2).


ÚLTIMA HORA
CRISTINA CASALINHO: “As necessidades brutas de financiamento para este ano são de cerca de 23 mil milhões de euros” 
Em entrevista à Antena 1 e ao Económico, Cristina Casalinho refere que “tínhamos cerca de 8,5 mil milhões [de almofada financeira] acautelados quase até ao final de 2015. Não fora o Banif e teríamos cumprido o objectivo”.  
Económico, 23/5/2015, 00:05 
Recapitalização sobe "factura" do Estado na CGD para 7,6 mil milhões 
Económico, 23/5/2016 00:05 
Aumento de capital de 4 mil milhões de euros, que está em preparação, eleva para 7,6 mil milhões de euros o montante injectado pelo Estado na CGD, nos últimos oito anos.
ERC condena TVI por notícia do Banif
Negócios,  20 Maio 2016, 20:51
O regulador ordenou a TVI a ler a deliberação na íntegra no programa com maior audiência da TVI24. E terá que pagar 450 euros por encargos administrativos, segundo o Diário Económico. 
...a TVI "não auscultou o Banif, nem, aparentemente outras entidades interessadas, em momento prévio à difusão das informações identificadas, omissão esta que consubstancia inobservância do dever de auscultação prévia das partes com interesses atendíveis na matéria noticiada, tal como prevê o artigo 14º, nº1, alínea e) do Estatuto do Jornalista, e no ponto 1 do Código Deontológico", lê-se no mesmo projecto de deliberação citado pelo Diário Económico.

O regulador vai ainda enviar este projecto de deliberação à Comissão da Carteira Profissional do Jornalista (CCPJ), que tem o pelouro de avaliar se a TVI violou as regras de conduta deontológica.

Além disso, a TVI terá de pagar uma taxa por encargos administrativos no valor de 450 euros.

NOTAS

  1. Suspensão ou retirada da contraparte ao Banif, eis a questão que envolve Constâncio
    Negócios, 05 Abril 2016, 19:02

    “Houve decisão de suspender o estatuto de contraparte”, declarou o governador do Banco de Portugal, em resposta ao deputado centrista João Almeida quando questionado sobre o que decidiu o conselho de governadores do BCE.

    “Na linguagem do BCE, não há perda do estatuto. Há a palavra suspensão. O Banco de Portugal nunca falou em perda, falou sempre em suspensão”, continuou Carlos Costa na audição desta terça-feira, 5 de Abril, levando João Almeida a concluir que não houve, portanto, qualquer decisão de retirada do estatuto. A retirada impedia o regresso do banco à actividade, a suspensão permitiria.

    Seja qual for a opção, sublinhou Carlos Costa, este “não foi um factor determinante para a resolução”
  2. Afinal é mais (Económico): 19 a 23 mil milhões, ainda que parte deste dinheiro já tenha sido devolvido com juros: 1.500 M€ do BPI e 2.250M€ do BCP. Ou seja, a nossa exposição varia, de momento, entre 15.250M€ a 19.250M€, consoante se considerem os 4 mil milhões exigidos pela Caixa, ou não.
Atualização: 25/5/2016 23:51 WET

quinta-feira, abril 07, 2016

BANIF e a contra-informação



TVI: mensageiro ou parte interessada?


“Banif: está tudo preparado para uma intervenção no banco — TVI 24, 13 de Dezembro de 2015, 22:20 Redação / Atualizada dia 14, às 8:30”

A notícia da TVI foi a faca metida na carótida de um banco exangue, empurrando-o em menos de uma semana para a alienação forçada, com o grosso dos prejuízos a cargo do contribuinte.

No entanto, se a morte do Banif tivesse ocorrido depois de 1 janeiro de 2016, os prejuízos teriam ficado sobretudo a expensas da banca portuguesa, via Fundo de Resolução, com custos mínimos para o Estado.

Portanto, quem é que deu a notícia à TVI?
Resposta: quem previu ganhar com a solução encontrada.
E quem foi?
Provavelmente os bancos e o resto das instituições financeiras que fazem parte do Fundo de Resolução. Ou seguramente algum destes protagonistas.

Ou seja, os bancos não queriam deixar para 2016 a resolução do Banif que há muito se antevia, pois os custos da mesma recairiam a 100% sobre o sistema bancário e financeiro sediado no nosso país. Porém, se fosse até 31 dezembro de 2015, como foi, a gestão do colapso seria ainda cozinhada nos corredores sombrios do sistema político-financeiro e partidário indígena, como foi.

E aqui entra a responsabilidade do atual Governo PS e da Esquerda que o apoia.

Em vez de uma resolução praticamente inevitável, que deveria ter pesado sobre o sistema bancário e financeiro que temos, PS, PCP e Bloco procuraram desesperadamente enfiar o Banif dentro da Caixa Geral de Depósitos, para melhor disfarçar o fiasco e a sobrecarga orçamental que recairia sobre o lombo dos portugueses com a morte de mais uma maçã podre do regime falido que a nossa linda democracia pariu.

Basta, porém, ler os emails dos burocratas da Comissão Europeia para percebermos facilmente duas verdades elementares: 1) o Banif era um banco moribundo a que faltava tão só colocar um ponto final; e 2) a sua nacionalização definitiva, embora mais ou menos disfarçada, além de ilegal à luz da legislação europeia, seria uma forma cínica de passar os prejuízos de décadas de má gestão, de aventuras político-partidárias e corrupção para a conta dos contribuintes, dando mais uma machadada fiscal no famoso estado social.

“Em última instância, cabe às autoridades portuguesas (BdP) seleccionar a melhor oferta”, escreveu um burocrata de Bruxelas.

Em última análise, a vontade de nacionalizar o Banif, estando em funções um governo preso a uma solução parlamentar inédita e populista, pode ter sido a causa próxima do desenlace catastrófico do Banif. De repente, sistema bancário e financeiro indígenas, Comissão Europeia e BCE assustaram-se com o que poderia suceder. Os banqueiros previram, e bem, que adiar a resolução do Banif para este ano pregaria mais um prego no caixão do sistema financeiro português.

Faltava apenas deflagrar o engenho.

Foi o que a TVI fez. Resta desde então saber se o fez como mensageiro da notícia, ou como um protagonista, ou agente, interessado na realidade que anunciou. Uma pergunta simples a Sérgio Figueiredo: verificou a notícia que espalhou aos sete ventos, junto do Banif, junto do Banco de Portugal, junto do governo de António Costa?

Entre 30 de setembro e 11 de dezembro de 2015 o Banif terá visto a sua liquidez perder 708 M€. Mas só numa semana, a última semana do Banif, depois da notícia da TVI24 de 13 de dezembro, o banco das ilhas terá perdido 142 M€ (*) e morreu. De quem foi e de quem é a responsabilidade?

Para memória futura:

  • em 19 de agosto de 2015 foi criado o Fundo Único de Resolução
  • em 4 de outubro de 2015 o PS perdeu as eleições, mas subiu ao poder
  • em 8 de dezembro o ECOFIN reafirma a importância da União Bancária Europeia e estabelece o mecanismo do chamado 'financiamento ponte'
  • a 20 de dezembro o Banco de Portugal resolve o Banif
  • a 23 do mesmo mês o Orçamento Retificativo de 2015 é aprovado na generalidade com os votos a favor do PS, a abstenção dos PSD (com a exceção dos três deputados da Madeira, que votaram a favor) e os votos contra do Bloco de Esquerda, PCP e PEV, CDS e PAN.


O que diz a imprensa...

“Notícia da TVI não é uma fuga de informação” 
Ministro das Finanças rejeitou responsabilidades do Governo. 
Correio da Manhã, 07.04.2016  23:31  
O governante explicou que “havia a informação de que estava a ser preparado o fecho do banco, que a parte boa ia para a CGD e que havia perdas para os acionistas e depositantes acima de cem mil euros”. “Nada disto estava em cima da mesa”, frisou. E acrescentou: “Aquilo que o Ministério das Finanças fez foi desmentir a informação e reafirmar o que o primeiro-ministro já tinha dito sobre a importância da proteção de todos os depositantes do Banif.” Mário Centeno garantiu ainda que o Ministério Público está a avaliar o caso. “Compete-nos esperar que os resultados possam ser conhecidos.” 
Ler mais no Correio da Manhã

Os emails da Comissão que forçaram a resolução do Banif e a venda ao Santander 
Público, 07/04/2016 - 07:21 

Há uma frase que resume o jogo de sombras. “Em última instância, cabe às autoridades portuguesas (BdP) seleccionar a melhor oferta.” Acaba assim um email, enviado por Astrid Cousin, do gabinete da comissária da Concorrência, Margrethe Vestager, ao Governo português, às duas horas e quarenta e dois minutos da tarde de sábado, 19 de Dezembro, véspera da resolução do Banif e da venda do banco ao Santander. 
A posição da comissária surge, desta forma, após dois outros altos dirigentes da Direcção-geral da Concorrência de Bruxelas terem dado ao Governo português uma indicação clara. “A proposta do Santander parece financeiramente mais atractiva”, escreveu Gert-Jan Koopman, vice-director-geral da Concorrência e responsável pelo dossiê das ajudas estatais. “Em relação ao Santander temos uma boa expectativa sobre as discussões técnicas”, afirmou Karl Soukup, director do departamento de Ajuda Estatal, daquela direcção-geral. 
O contexto é simples. O Governo enviou para Bruxelas, às 11h56 o nome dos quatro candidatos à compra do Banif: Santander, Banco Popular, J.C. Flowers e Apollo. “Na curta conversa que tivemos esta manhã percebi que, de acordo com a DG Comp, apenas o Banco Santander preenche os requerimentos. Por isso gostaria que me respondessem a este email com uma curta avaliação sobre cada oferta e a sua compatibilidade com os requisitos”, escreveu o secretário de Estado Adjunto, do Tesouro e das Finanças, Ricardo Mourinho Félix. 
Poucos minutos depois, às 12h12, chegou a primeira resposta, de Koopman. Às 12h44 chegou a resposta de Soukup. Em menos de uma hora, a Comissão respondeu ao Governo, afastando as ofertas do Banco Popular, da Apollo e da J.C. Flowers. E dando nota positiva, ou esperançosa, à proposta do Santander. 
O Governo pediu, então, a estes responsáveis da Comissão que enviassem “uma resposta mais estruturada” para que pudesse ser “formalmente partilhada” com o Banco de Portugal (BdP). E foi então que chegou o email de Astrid Cousin: “Penso que a resposta do Karl deverá ser suficiente. Como sabem, é legalmente difícil da nossa parte escrever mais dado que, em última instância, cabe às autoridades portuguesas (BdP) seleccionar a melhor oferta.” 
O eufemismo “legalmente difícil” é interessante. A Comissão não tem qualquer problema em fazer saber ao Governo que considera “problemática” ou “inaceitável” a proposta do Popular, ou em fazer avaliações legais sobre a admissibilidade das propostas da Apollo e da JC Flowers. Mas, formalmente, insiste em dizer que a decisão sobre “a melhor oferta” não lhe cabe, antes é da responsabilidade do Banco de Portugal. 
[...] 
Cinco dias depois de tomar posse, o actual Governo começou a pôr em marcha o seu plano A: integrar o Banif na Caixa Geral de Depósitos (CGD). Desde o dia 30 de Novembro até à resolução, em 20 de Dezembro, as reuniões foram diárias. O projecto CGD+Banif foi apresentado à DG Comp no dia 3 de Dezembro. No dia seguinte houve uma reunião com Carlos Costa, governador do Banco de Portugal. O regulador já conhecia a proposta, através de José Ramalho, vice-governador responsável pelo Fundo de Resolução, desde, pelo menos, o dia 1. 
Mesmo assim, Carlos Costa insistia noutra solução: “O Banco de Portugal entende que a solução que melhor permite lidar com a situação de crise financeira grave que o Banif enfrenta e que melhor garante a estabilidade financeira é a realização de uma operação de capitalização obrigatória com recurso ao investimento público”, escreveu, num memorando dirigido a Mário Centeno, no dia 4 de Dezembro. 
A Comissão não aceitou nenhuma das duas hipóteses. A recapitalização sugerida pelo BdP não chegou a tomar muito tempo neste debate. Foi rejeitada liminarmente por não ser considerada legal. A proposta do Governo – integrar o Banif na CGD - originou um longo email de Gert-Jan Koopman, do dia 8 de Dezembro, dirigido a Mário Centeno, Ricardo Mourinho Félix e José Ramalho, do BdP. 
Os argumentos são vários. Por ter recebido ajuda estatal, o Banif não pode ser negociado fora de um “processo de venda aberto e transparente”. A Comissão adianta mesmo que se a decisão fosse “oferecer” o Banif, seria contestada em tribunal. Por outro lado, a própria CGD encontra-se em “reestruturação”, adianta a Comissão, e por isso impedida de comprar bancos. Por não ter cumprido o seu plano de pagamento do empréstimo que recebeu do Estado (900 milhões de euros através de capital contingente, ou CoCos), a CGD mostra, segundo a Comissão, “a sua fraqueza de capital”. Para mais, o banco público, escreve a Comissão, nem num processo de venda aberto seria considerado como melhor comprador. 
Pior ainda, acrescenta a Comissão, como “o Banif não é viável”, a CGD necessitaria de uma injecção de capital, e isso seria uma ajuda pública. Por isso, a CGD devia, nesse caso, “entrar em resolução”. E o sub-director-geral ironiza: “Não estou certo de que Portugal queira elaborar nesse cenário.”

BCE exigiu venda do Banif "por todos os meios disponíveis" 
Público, 07/04/2016 - 16:06 
Nos últimos quinze dias do Banif, as portas iam-se fechando, uma a uma, para uma solução mais pacífica. A fusão com a Caixa Geral de Depósitos, proposta pelo Governo, foi liminarmente rejeitada pela Comissão Europeia, que também não quis ouvir falar de uma nova capitalização pública, como defendia o Banco de Portugal. Sobrava, então, um "plano C" às autoridades portuguesas. Aplicar ao Banif uma resolução, criando um banco "bom", de transição, que permitisse alargar o prazo para a venda (prevista para 18 de Dezembro de 2015) e, eventualmente, fazer subir o preço e diminuir o valor a pagar pelos contribuintes. 
Essa hipótese começou a falhar no dia 15 de Dezembro, cinco dias antes da resolução. Era a véspera de duas importantes reuniões das estruturas do Banco Central Europeu (BCE). No dia 16, em Frankfurt, reunir-se-iam os Governadores de todos os bancos centrais do Eurosistema, encontro onde estaria Carlos Costa, e que seria presidido por Vítor Constâncio. Uns pisos abaixo, reunir-se-ia o Conselho de Supervisão, que contaria com a presença do administrador do Banco de Portugal com esse pelouro, António Varela. 
[...] 
Nouy cita os pareceres, informais, de Astrid Cousin, Gert-Jan Koopman e Karl Soukup, para frisar que “há outras ofertas pelo Banif, que de acordo com a Comissão não respeitam as regras de União Europeia das ajudas de Estado, e que por isso não podem seguir em frente”. 
Se restassem dúvidas a Carlos Costa, Mário Centeno, António Costa ou a qualquer outro responsável: “A Comissão Europeia foi muito clara neste aspecto, por isso, recomendo que nem percam tempo a tentar fazer passar essas propostas.” 
"Assim que as autoridades [portuguesas, no caso o Banco de Portugal] estiverem prontas para começar o processo", acrescenta Nouy, a Comissão vai "começar a trabalhar directamente com o Santander". Até porque, elogia, o “Santander está a comportar-se de maneira muito profissional e tem um departamento legal excelente”.

Banco perdeu 80% da liquidez antes da notícia da TVI 
DN, 07 DE ABRIL DE 2016, 08:36 

Se no final de setembro a entidade liderada por Jorge Tomé dispunha de uma posição de liquidez de 891 milhões de euros, em dois meses e meio, até 11 de dezembro, esse registo caiu quase 79,5%, para 183 milhões. 
Ora, quer em termos absolutos quer relativos, essa posição de liquidez (que corresponde à soma do saldo de tesouraria do banco no BdP, do saldo noutras entidades bancárias, de cedências em mercado monetário interbancário e ainda da carteira de colaterais disponíveis para operações de política monetária junto do Eurosistema) sofreu uma quebra superior à verificada após a notícia da TVI, que Carlos Costa disse ter precipitado o fim do Banif. 
Quando interrogado pelo deputado do PSD Luís Marques Guedes acerca do impacto que a notícia terá tido no banco, o governador foi taxativo: “Sim. Criou desconfiança por parte dos depositantes.” 
Seja como for, face ao valor de sexta-feira, o tal dia 11, o último antes da notícia que provocou uma enorme fuga de depósitos, a posição de liquidez do banco caiu 142 milhões de euros (para 41 milhões), no dia 16, a sexta-feira seguinte. O que traduz um recuo de 77,6%.

NOTAS

* Banco de Portugal invocou debate político e notícia da TVI para pedir travão no financiamento ao Banif 
Observador, 16/4/2016, 10:12 
Segundo o Banco de Portugal, a situação de liquidez do Banif, que já estava debaixo de uma considerável pressão desde outubro, foi “fortemente atingida” no início dessa semana. Entre 16 de outubro e 14 de dezembro, o Banif perdeu 726 milhões de euros em depósitos, incluindo 189 milhões de euros nessa segunda-feira e mais 328 milhões de euros no dia seguinte. 

Histórico do Caso Banif

Missão do Fundo de Resolução

O regime instituído em Portugal estabelece que tais necessidades de financiamento deverão ser suportadas pelo próprio sector financeiro, tendo em vista a salvaguarda dos interesses dos contribuintes e do erário público. Além disso, o regime estabelece também que a acumulação dos recursos financeiros eventualmente necessários para o financiamento das medidas de resolução deve ser prosseguida, não perante a ocorrência de uma situação que determine a aplicação dessas medidas, mas de forma antecipada.

Veja quem está no Fundo de Resolução

Banif, qual foi a pressa?
O António Maria, quinta-feira, dezembro 24, 2015

Atualizado: 20/4/2016, 00:04

segunda-feira, fevereiro 22, 2016

Portugal: a dívida mais cara da zona euro

Clique para ampliar. Gráfico interativo: aqui.


É tempo de falar verdade, em vez de tergiversar


Juros da dívida portuguesa descem em dia de debate do OE Jornal de Negócios. Rui Barroso | 22 Fevereiro 2016, 10:32 
A taxa exigida pelos investidores passou abaixo de 3,4%, com uma descida de quatro pontos base em relação a sexta-feira. A "yield" é de 3,398%. O dia também está a ser de descidas ligeiras nas taxas italianas e espanholas. Nas obrigações italianas a dez anos, a "yield" desde 3,1 pontos base para 1,533%. Já nos títulos espanhóis, a taxa desce de 1,705% para 1,698%. 
A queda das taxas portuguesas ocorre no dia em que o Parlamento começa a discutir o Orçamento do Estado e depois das obrigações nacionais terem passado por alguma pressão do mercado. A 11 de Fevereiro, a "yield" a dez anos ultrapassou durante a sessão a fasquia de 4,5%, com alguns bancos de investimento a mostrarem preocupação sobre a decisão da DBRS sobre o "rating" de Portugal. A agência canadiana é a única das consideradas pelo BCE que avalia a dívida nacional acima de "lixo", condição para que as obrigações portuguesas sejam incluídas nas compras do banco central.

O título do Jornal de Negócios é enganador. Os 'yields' da dívida pública portuguesa (3,398%) a 10 anos superam em mais de 10x a média dos títulos triplo AAA da zona euro (0,332% em 18/2/2016), e quase 4x mais elevados que a média de todos os títulos da zona euro (0,958%). Como sublinhou o FMI, a dívida portuguesa é a mais cara da zona euro.

O Dinheiro Vivo cita um estudo de economistas do FMI – “Fiscal costs of contingent liabilities” – que afirmam que Portugal foi a quinta economia, entre 80 países, com os piores passivos contingentes do séc. XXI.

E falta ainda incluir nas contas do FMI as responsabilidades públicas contratuais de 120 PPP: 35% do PIB!

O FMI refere que os contribuintes pagaram 24,5% do PIB – cerca de 43 mil milhões de euros – a bancos (11% do PIB) ou empresas públicas (12,1%). O valor acabou por ir parar à dívida portuguesa, que é hoje a mais cara da zona euro.

As esquerdas lembram-se sempre dos bancos, para cujo buraco tanto contribuíram ao exigirem-lhes o financiamento do regabofe populista partidário, mas esquecem-se invariavelmente do regabofe das empresas públicas, falidas em consequência da mesma lógica que conduziu ao fim da banca portuguesa.

Euro area yield curveEuropean Central Bank/ Eurosystem
The euro area yield curve shows separately AAA-rated euro area central government bonds and all euro area central government bonds (including AAA-rated). It is updated every TARGET business day at noon (12:00 CET). No data or other information are provided regarding any day on which the relevant trading venue from which the euro area yield curve data are sourced is not open for business.
A yield curve is a representation of the relationship between market remuneration rates and the remaining time to maturity of debt securities. A yield curve can also be described as the term structure of interest rates. The ECB publishes several yield curves, as shown below.

POST SCRIPTUM — Vítor Bento deu uma importante entrevista à Antena 1 sobre o Novo Banco e sobre a situação financeira do país. Duas conclusões: ou se nacionaliza o Novo Banco, ou a banca portuguesa desaparecerá a breve trecho. Curiosamente, esta entrevista ocorreu um dia depois do último programa Política Sueca ;) 

terça-feira, dezembro 22, 2015

E agora, Jerónimo? E agora, Catarina?

Jerónimo de Sousa. Arrependido?

O Soviete Supremo de São Bento é que manda, não é?


Se de cada vez que o PCP e/ou o BE recusarem apoiar o governo de António Costa, este recorrer aos votos do PSD e do CDS/PP, que acontecerá à coligação informal das esquerdas e ao famoso Soviete Supremo de São Bento? Poderão os comunistas do PCP e/ou do Bloco invocar quebra de 'posições comuns'? Mas não é o parlamento quem mais ordena? Não é no parlamento que a vontade popular se materializa em decisão e poder? Em suma, PCP e Bloco estão de pés e mãos atados enquanto não evoluírem do maximalismo populista que ainda os caracteriza para uma qualquer forma de realismo, ainda que radical.

O Estado, ao recapitalizar o Banif, entrando no capital do banco e tomando mesmo a maioria do seu capital, tornou-se refém da sua resolução. Em qualquer caso, ocorresse a resolução ainda em 2015, ou em 2016, os principais prejudicados seriam os seus acionistas... ou seja, neste caso, os contribuintes portugueses, na medida em que o governo anterior adquiriu, em nome do estado, 60,53% do capital do que então já não passava de um enteléquia financeira. A única diferença resultante do parto provocado pelo Bloco Central (que o Santander agradece!) é manter o processo na penumbra sórdida das negociatas do Bloco Central (que as 'posições conjuntas', pelos vistos, estão longe de neutralizar...). Se a resolução tivesse sido adiada para 2016, todo o processo de resolução passaria a depender diretamente do Mecanismo Único de Resolução e do Fundo Único de Resolução, havendo por esta via muito maior transparência de processos. Por sua vez, o setor bancário que temos e que está falido seria chamado a participar em maior grau na partilha de responsabilidades pelo colapso criminoso do Banif. Em suma, por alguma razão António Vitorino foi até há pouco presidente da mesa da AG do Santander-Totta, e Luís Amado ainda é o 'chairman' do Banif. Além do mais, se há quem saiba de buracos na banca provocados pelo modelo económico especulativo e corrupto assente no betão e no mercado imobiliário é, precisamente, António Costa e o seu antigo vereador do urbanismo, Manuel Salgado (sim, da família de Ricardo Salgado!)

Tempo de virar a página da austeridade? Ou de levar a cabo uma Operação Mãos Limpas contra a poderosa máfia do betão e dos banqueiros piratas?

Direita abre porta à abstenção no orçamento rectificativo mas não se compromete 
Público, 22/12/2015 - 23:44 
Nos últimos dias, o gabinete do secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos, vive um suspense pouco habitual em São Bento. Quem vai aprovar o Orçamento rectificativo que acomoda as perdas do Estado com o Banif, na votação desta quarta-feira, dia 23? O PS, naturalmente, mas os 86 deputados socialistas podem não chegar. A direita adensa a incógnita. 
A maioria de esquerda, que viabiliza o Governo, tem um acordo limitado. Dele não consta nada sobre a resolução do Banif. E os partidos à esquerda do PS já mostraram a sua discordância com a opção tomada pelo Executivo de António Costa. O PCP anunciou que vai votar contra, discordando da solução de transferir para os contribuintes uma fatia substancial dos encargos com o Banif. O Bloco de Esquerda colocou condições para viabilizar o documento. Contudo, se essas condições não forem satisfeitas, Catarina Martins adiantou ao PÚBLICO que os 19 deputados do seu partido votarão contra. 
PSD deverá viabilizar Orçamento Rectificativo de Costa 
Económico, 22 dezembro 2015, 13:34 Cátia Simões 
“Com a experiência que tenho, calculo, até porque sei o que pensa a Direcção Geral de Concorrência, e sei o que tem sido a abordagem do Banco Central Europeu nestas matérias, admito que não teria uma solução muito diferente desta que foi adoptada, na medida em que não foi possível identificar ao longo destes anos um comprador para o Banif”, afirmou Pedro Passos Coelho, em declarações aos jornalistas à margem do Conselho Nacional da Diáspora, que decorrem em Cascais. 
[...]  
Passos Coelho ainda não revelou o sentido de voto, mas considerou esta manhã, contudo, “absurdo” que se diga que o problema não foi resolvido mais cedo porque o anterior Governo queria uma “saída limpa do programa” e garantiu que o problema do Banif era “conhecido do PS e de toda a sociedade portuguesa, não houve nenhum secretismo”. 
No domingo à noite, em comunicado, o supervisor bancário divulgou a operação, explicando que a mesma foi tomada face às “imposições das instituições europeias”, bem como devido à “inviabilização da venda voluntária do Banif”.
Jerónimo vota vontra Orçamento Retificativo, BE impõe condições  
22 Dezembro, 2015 por ZAP 
O PCP não concorda com a proposta do Governo para o Orçamento Retificativo e, por isso, vai votar contra, segundo afirmou uma fonte do partido à agência Lusa, citada pelo Diário de Notícias. 
O Partido Comunista não concorda com a solução encontrada pelo Governo para resolver o caso Banif, uma vez que passa por transferir uma parte dos encargos para os portugueses. 
Já o Bloco de Esquerda revelou que vai impor duas condições para aprovar esta proposta, entre elas a criação de uma nova lei de intervenção no sistema financeiro, com a constituição de uma nova autoridade nacional e a retirada de poderes ao Banco de Portugal, e ainda a garantia de que o Novo Banco fica na esfera pública, com o Estado a assumir a direção do Fundo de Resolução e o fim da proteção aos chamados credores séniores. 

Atualizado em 29/12/2015 19:34 WET 

segunda-feira, fevereiro 16, 2015

BES e o segundo bail-in

Clique para ampliar

A experiência de Chipre repete-se, com cobertura da cleptocracia indígena


O assalto aos clientes do famoso Papel Comercial do BES (clique na imagem para ver bem o que se me afigura ser claramente uma burla) é uma repetição do bail-in executado em Chipre—embora incidindo apenas, neste caso, sobre um dos bancos do sistema (até ver...).

O ex-Banco BES vendeu aos seus clientes Premium, BES 360º (1), uma aplicação a um ano, a que chamou "investimento em papel comercial, E.S.International", com retorno assegurado: "no vencimento capital e juros garantidos").

Ou seja, o elaborado esquema Ponzi do BES atraiu clientes incautos para um empréstimo a que chamou investimento, mas cujo único objetivo foi financiar o já insolvente grupo de interesses da família Espírito Santo.

Ou seja, estamos perante um roubo a clientes bancários para salvar o próprio banco que os rouba.

Mas o mais grave é que este crime está a ter cobertura institucional do banco central indígena, na medida em que aparentemente Carlos Costa aprova a tentativa do chamado Novo Banco de isentar-se das suas responsabilidades, que as tem, uma vez que o ex-BES foi alvo de uma operaçao de resgate, denominada resolução, a qual é, pelo  menos em parte, financiada com dinheiro dos contribuintes.

Falta saber qual é o papel do BCE neste assalto.

Os clientes de Papel Comercial do BES, vítimas deste bail-in por baixo da mesa, devem dirigir-se diretamente ao BCE, e à opinião pública europeia, pois o Banco de Portugal não existe, e a corja partidária está toda comprometida com a insolvente banca portuguesa.

Sobre esta vigarice vale a pena ler o post de Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda e membro da comissão de inquérito ao BES —"E quem comprou obrigações do GES?"

RECOMENDAÇÃO: AFASTE-SE DOS BANCOS!
INVISTA EM OURO E PRATA, TERRA FÉRTIL, CERTIFICADOS DE AFORRO, US TREASURIES, E DÍVIDA PÚBLICA EUROPEIA, E COLOQUE QUANTIAS INFERIORES A 50 MIL EUROS DE PARTE EM DEPÓSITOS A PRAZO. PROPOSTAS MAIS COMPLICADAS DO QUE ESTAS, DA PARTE DO SEU GESTOR DE CONTA, ESQUEÇA!

Miguel Reis: Banco de Portugal está a deformar “grosseiramente a realidade”
Jornal de Negócios. 15 Fevereiro 2015, 21:16 por Lusa

O advogado Miguel Reis, que representa alguns clientes do BES, considera que o Banco de Portugal está a deformar “grosseiramente a realidade” e que a informação veiculada pelo banco central na sexta-feira é uma “operação de branqueamento”.

“...o comunicado do Banco de Portugal “não espanta ninguém e apenas serve para confirmar que [se vive] sob um sistema bancário selvagem, sem qualquer controlo de um regulador responsável”.

“...Miguel Reis destacou que o Banco Espírito Santo (BES) “não vendeu a ninguém títulos de dívida de empresas do GES” e que “não havia dívidas a quem quer que fosse, que o BES tivesse comercializado, comprando a um credor para ceder o crédito a outro”.

De acordo com o advogado, o que aconteceu foi que “o BES celebrou contratos, por força dos quais os seus clientes lhe emprestaram dinheiro, para que ele o emprestasse a empresas do GES”, e “não houve um único caso em que algum administrador de qualquer das empresas do GES tenha negociado o que quer que fosse com as pessoas que emprestaram o dinheiro”.

“Por isso, me parece que esse dinheiro deve ser tratado como todo o outro dinheiro que foi entregue por outras pessoas, nomeadamente por todos os depositantes ao BES”, defendeu Miguel Reis, reiterando que não há “nenhuma diferença” entre estas aplicações e os demais depósitos.”

POST SCRIPTUM—o "banco bom", o chamado Novo Banco que ainda anda à procura de comprador (ao que parece será mais uma empresa estratégica que o governo de Pequim vai comprar!) pagou o papel Comercial emitido pelo ex-BES, mas recusa-se a pagar o Papel Comercial emitido pelo ESI. Mas não é tudo a mesma trampa?

NOTAS
  1. "O serviço para clientes ‘premium' do BES dá pelo nome de BES 360º e assenta no conceito "360º à sua volta". O acesso resulta de uma análise do banco a variáveis como o rendimento, a profissão e o envolvimento financeiro de clientes com recursos a partir dos 35.000 euros. Através do serviço Mapa 360º o gestor indica as melhores opções de investimento mas também o apoia nas principais decisões financeiras, como sejam a aquisição de habitação ou a reforma." — in Económico.

terça-feira, dezembro 02, 2014

A Maria Luís recusou? Ganda ministra! Um beijinho daqui, do António Maria :)


Conversa fiada dum submarino do Cavaco no BES!


De acordo com o então CEO do Banco Espírito Santo, o encontro com Maria Luís Albuquerque serviu para saber se o Governo estaria disposto a adiantar um financiamento provisório ao banco, para superar a fase mais difícil do impacto da divulgação das contas do primeiro semestre. No plano adiantado por Vítor Bento, essa verba seria depois substituída por capital privado. Mas a ministra recusou.

O ex-presidente do Novo Banco, Vítor Bento, diz que foi "surpreendido" com a aplicação da medida da resolução do BES e que "não houve tempo" para saber se haveria investidores privados interessados em investir no banco.

Ler mais no JN

O destino fatal do BES começou quando recusou abrir os seus livros ao Banco de Portugal, e entrou na rampa do cadafalso no dia em que o Luxemburgo iniciou um processo de investigação judicial sobre o grupo, culminando com o telefonema do Draghi, ou de alguém por ele, a explicar ao pobre Carlos Costa que não podia anunciar a Resolução do BES antes das 00:00 do dia 4 de agosto — segunda-feira, por motivos óbvios, mas que até hoje, nem o governador do Banco de Portugal, nem a maioria dos ministros, nem as cagarras do parlamento entenderam. O motivo era, afinal, simples: sem a publicação da legislação sobre o Mecanismo Único de Resolução bancária, aprovada in extremis no dia 15 de julho de 2014 pelo parlamento europeu, no Jornal Oficial da União Europeia, facto que só se verificaria no dia 4 de agosto, não haveria, pura e simplesmente, mecanismo para invocar!

Foi por isto que a célebre conferência de imprensa do Governador do Banco de Portugal, anunciada para o dia 3 às 20:30, escorregou para as 22:30, mas só viria a começar às 23:15 do dia 3 de agosto, em Lisboa, ou seja, às 00:15 do dia 4 de agosto, em Bruxelas e Frankfurt. Capiche?
Entretanto, o inquérito ao BES não passa de mais uma fantochada para indígena ver, e pagar, claro.

Quanto às ajudas do fundo de capitalização bancária ao BES, foi Ricardo Salgado que as recusou e por motivos óbvios, como a seu tempo identificámos: não queria que se soubesse o que viemos todos a saber depois e determinou o fim de um dos principais alicerces (podre, é certo) do sistema financeiro português.

Ricardo Slagado fez tudo para sacar a massa de que precisava para tentar tapar um buraco negro sem fundo. Até convocou um Conselho de Estado para o efeito! Em desespero de causa, embora tarde demais, exigiu aos seus rapazes da Portugal Telecom (Granadeiro e Bava) a renovação do empréstimo da Rio Forte à PT, no montante de 900 milhões de euros — ou até a conversão desta em capital da PT. O resultado é também o que se conhece: o colapso e alienação forçada da PT pelo melhor preço.

O Professor Pardal, perdão, Marcelo, e todas as restantes aves canoras dos médias asseguraram, a mãos e pés juntos, que o sistema bancário português era um dos mais sólidos da Europa. Era, não foi? Já alguém ouviu algum dos opinocratas que venderam o prestígio e fiabilidade dos nossos bancos aos indígenas pedir desculpa pela péssima avaliação que fizeram? Então porque andam todos a chater o governo? Esta corja de rendeiros e devoristas chegou felizmente ao fim do seu prazo de validade. O que virá depois não sabemos, mas pior é impossível.

Triste e indigente é a forma como a imprensa continua a vender as ilusões deste poder corrupto, falido e que já não manda nada no que é essencial nas nossas finanças e na nossa economia.

sábado, novembro 15, 2014

LuxLeaks e a Caça às Raposas

Bandeira da ilha de Jersey

A União Bancária Europeia é incompatível com estados e ilhas piratas


As ilhas de Man, Jersey e Guernesey —também conhecidas por Ilhas do Canal— são Dependências da Coroa Britânica que não fazem parte do Reino Unido, nem da União Europeia. Então o que são? Bom, são paraísos fiscais!

Acontece que os Estados Unidos e agora também a China e outros estados asiáticos e da região do Pacífico, não estão dispostos a serem engolidos por revoluções sociais à conta do buraco negro da especulaçao mundial com derivados financeiros tóxicos (OTC), com os casinos a que chamam banca de investimento (hedge funds, também conhecidos por fundos de cobertura), com os esquemas de ladroagem em cascata (rehypothecation não autorizada, etc.) e outras atividades puramente predadoras (como, por exemplo, os Leverage Buyout—LBO) decidiram declarar guerra à monumental drenagaem de riqueza ilegal que tem ocorrido, nomeadamente sob a forma de fuga de capitais dos seus países em direção ao Luxemburgo, Suíça, City de Londres, ilhas piratas de sua majestade a rainha de Inglaterra, etc., etc., etc.

O capitalismo decadente e as alcateias de piratas da Europa ainda não perceberam que ou mudam rapidamente de registo, ou vão ser vítimas das revoluções que deixaram de poder exportar para os novos centros da riqueza, do trabalho, da tecnologia e do poder militar mundiais, a começar pela China, Rússia e Índia, mas também Austrália, Indonésia, Brasil, Angola e África do Sul.

Tempo de limpar a Europa da sua descarada hipocrisia.

Esperteza luxemburguesa (por Ana Gomes)

A investigação à criminalidade fiscal e financeira no universo BES/GES ainda vai no adro, mas uma auditoria da Price Waterhouse Coopers já revelou que, através de quatro offshores na ilhas britânicas Jersey e Guernsey, Ricardo Salgado desviou em poucos dias centenas de milhões do BES para o exterior, já depois de o Banco de Portugal ordenar a mudança de administração.

Público, 14/11/2014 - 03:18


China: Países da APEC comprometem-se a combater a corrupção

Pequim, - Os ministros dos Negócios Estrangeiros da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (Apec) adoptaram neste sábado um plano de combate à corrupção na região, à imagem do que já é feito na China.
              
Pequim trabalha sobretudo pela extradição dos seus funcionários acusados de corrupção que fugiram do país, mas o sistema chinês encontra entraves na aplicação de tal medida devido à ausência de tratados e garantias judiciais dos seus sócios.
              
A resolução anti-corrupção, promovida por China e Estados Unidos, foi adoptada neste sábado durante os trabalhos preparatórios da cúpula dos 21 líderes da Apec, que começa nesta segunda-feira.

[...]

Um boletim oficial do banco central chinês elaborado em 2008 estimava que pelo menos 18.000 funcionários corruptos teriam fugido da China desde meados dos anos 1990, levando consigo o equivalente a 123 bilhões de dólares [123 mil milhões de USD]
ANGOP, 08 Novembro de 2014 | 15h53 - Actualizado em 08 Novembro de 2014 | 15h56

terça-feira, setembro 16, 2014

Quem despachou de vez o BES?

A imagem que destruíu todas as veleidades indígenas


O poder indígena deixou de mandar no essencial


O ex-diretor do Público e atual publisher do Observador, José Manuel Fernandes, cometeu no Macroscópio de hoje (uma newsletter diária do mesmo Observador, aliás muito bem pensada) um lapso tipicamente freudiano ao datar erradamente o já célebre artigo do Financial Times, a que JMF chama “análise de fundo do Financial Times”. O artigo do FT não foi publicado na passada sexta-feira, mas sim na passada quinta-feira, dia 11 de setembro. Porque é que este detalhe cronológico é importante? Simples: porque foi a publicação do artigo do Financial Times de quinta-feira, 11 de setembro, repicada pelo Expresso no mesmo dia, e pelo Observador um dia depois, o empurrão, pelos vistos necessário, para levar o titubeante governador do Banco de Portugal a executar a ordem que certamente teria chegado do BCE há já alguns dias, ou semanas (1): vender o BES sem hesitação e depressa, a retalho se for preciso, com os custos sociais —despedimentos— e financeiros inerentes. Foi isto mesmo que Mario Draghi anunciou que se faria aos bancos atolados em dívidas, imparidades, empréstimos incobráveis e outras trapalhadas, em nome, também disse, de uma consolidação bancária à escala europeia. Para tal servirá a próxima ronda de provas de esforço de mais de uma centena de bancos europeus (Reuters).

A polémica tardia causada pela tentativa tosca de Cavaco Silva de sacudir para o governo e para Carlos Costa as suas pesadas responsabilidades no branqueamento da fatal crise do BES tem, aliás, que ver com este timming, e não com o do já longínquo afastamento da família Espírito Santo do banco. Não nos esqueçamos que o chamado Banco Novo continuava, até à demissão de Vítor Bento, sob influência de Ricardo Salgado —através de José Honório—, de Aníbal Cavaco Silva —através  de Vítor Bento—, e da UGT —através do seu secretário-geral e funcionário do BES, Carlos Silva. Todos estes protagonistas estavam unidos num ponto: encanar a perna à rã, ou seja, atrasar a metamorfose da borboleta do Banco Novo muito para além das leis da biologia. Salgado pretendia, até onde lhe fosse possível, evitar ser completamente esmagado pelo terramoto que provocou; Cavaco sabe melhor do que eu até que ponto a Caixa de Pandora em que o BES se transformou pode afetar gravemente a economia (TAP e outras empresas públicas de transportes, EDP, PPPs, etc.), e sobretudo a nomenclatura que ocupou e desfez o país (de que o dominó das dívidas autárquicas e regionais estará em breve na ordem do dia), e ainda, quem sabe, algum negócio mal explicado onde, por exemplo, o seu genro esteve envolvido. Foi o BES que financiou a compra do Pavilhão Atlântico, não foi? E a Portugal Telecom também viria a entrar no negócio, um pouco mais tarde, não foi? Não foi, aliás, o BES de Ricardo Salgado o principal financiador privado da campanha presidencial de Cavaco Silva? Por fim, Carlos Silva e a UGT devem estar neste momento a perguntar onde está a massa do fundo de pensões dos trabalhadores e funcionários da entretanto extinta instituição. Transitou para o Estado? Ninguém perguntou ainda? Ninguém quer saber? Alguém responde?

O sinal mais evidente, para quem acompanha estas coisas, de que o Banco Novo estava condenado, veio da súbita pressa do governo relativamente à privatização da TAP. Findo o verão, a TAP regressará rapidamente aos prejuízos, mas desta vez não há BES. Pelo contrário, a nova administração do banco bom irá provavelmente executar as dívidas de muitos clientes públicos, como, por exemplo, a TAP. Daí a pressa. Só que desta vez a coisa não pode continuar nas mãos do Sérgio das PPP! A opção Lufthansa é seguramente a mais conveniente para o país. Esperemos que Passos Coelho assuma diretamente o comando desta delicadíssima operação — desta vez, sem angolanos, nem brasileiros-colombianos, nem chineses! E quanto à venda do BES, não nos esqueçamos que o BPI não é um banco espanhol, mas português, onde o seu principal parceiro é La Caixa, o resultado da fusão de uma caixa de pensões com uma caixa de aforros, ambas catalãs e que é hoje a terceira maior instituição financeira da Península Ibérica.

As nossas elites continuam em estado de negação, imaginando diariamente que ainda são senhoras da situação. A verdade é que deixaram de o ser no dia em que os salários e vencimentos dos funcionários públicos e o funcionamento do estado em geral passaram a depender do BCE.

Temos que vigiar estas perigosas criaturas de perto!


CRONOLOGIA

Banco Espírito Santo: Family fortunes
Financial Times, September 11, 2014 6:58 pm

Diagrama do FT que destapou de vez a fraude dos Espírito Santo

Bank chief Ricardo Espírito Santo Salgado faces allegations that his group engaged in a fraud

Today, the 70-year-old patriarch of the Espírito Santo family is banned from leaving Portugal as he awaits the outcome of investigations into alleged fraud. The case has shaken faith in Portugal’s regulators, who face tough questions over their failure to prevent what has become one of Europe’s largest financial failures, leaving investors with an estimated €10bn of losses.

[...]

“The fall of the Espírito Santos is effectively the story of Portugal itself,” says one official. “They had too much debt, but they continued to consume.”

Financial documents and interviews with Portuguese officials and company executives reveal a trail of secret offshore financing vehicles stretching from Panama to Luxembourg which comprised a desperate attempt to prop up the ailing Espírito Santo empire before its collapse.

[...]

A BES-owned fund called Espírito Santo Liquidez marketed to its retail clients had grown to become the largest fund in Portugal, holding €1.7bn of debt – consisting almost entirely of short-term commercial paper issued by Rioforte and other ESI companies.


Salgado no “Financial Times” com máscara de Irmão Metralha
Expresso, 21:37 quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O financiamento do BES ao GES através do Panamá terá afinal existido desde 2012, revela o "Financial Times", que questiona o papel do Banco de Portugal. Na primeira página, o diário económico mais lido da Europa põe uma imagem do antigo presidente do BES com máscara de vilão.

BES financiou secretamente a ESI através do Panamá, durante dois anos
Observador, sexta-feira, 12/9/2014

O Banco Espírito Santo emprestou dinheiro secretamente à holding, Espírito Santo International (ESI), avançou o Financial Times quinta-feira. Segundo documentos que aquele diário britânico consultou, a operação de financiamento da ESI, que detinha então 25% do banco, durou dois anos e aconteceu através de um pequeno banco no Panamá. O dono desse banco é o Espírito Santo Financial Group.

Equipa de Vítor Bento de saída do Novo Banco
Expresso, 0:00 sábado, 13 de setembro de 2014

O Governador do Banco de Portugal já está a fazer contactos para substituir Vítor Bento, José Honório e João Moreira Rato na administração do Novo Banco. A notícia, surpreendente, é a manchete do Expresso deste sábado.

Os três administradores manifestaram-se várias vezes indisponíveis para liderar um projeto diferente daquele para o qual tinham sido convidados. Carlos Costa quer vender o mais depressa possível, a equipa de Vítor Bento não concorda.

Administração do Novo Banco confirma pedido de demissão
Expresso, 12:51 sábado, 13 de setembro de 2014

“Em face da especulação mediática sobre o assunto, confirmamos que durante esta semana comunicámos ao Fundo de Resolução e ao Banco de Portugal a intenção de renunciar aos cargos desempenhados na Administração do Novo Banco, dando tempo para que pudesse ser preparada uma substituição tranquila”, pode ler-se no comunicado.

Governo reconhece que problemas no BES podem ter impacto na economia
Público, 15/09/2014 - 17:27

O Governo reconhece que os problemas associados à reestruturação do BES poderão ter consequências “sobre a concessão de crédito à economia e, consequentemente, sobre o investimento privado e o crescimento do produto [interno bruto].

Na proposta de Grandes Opções do Plano para 2015 que foi enviada aos parceiros sociais esta segunda-feira, o executivo lembra que os problemas que o banco enfrenta, e que obrigaram a uma intervenção pública, “resultaram, no essencial, da exposição ao Grupo Espírito Santo, não reflectindo, por isso, problemas generalizados na banca nacional.

Passos exige cautela aos ministros no caso BES
Expresso, 18:00 Segunda feira, 15 de setembro de 2014

O impacto da crise do BES no último ano da legislatura foi discutido na reunião do Conselho de Ministros de quinta-feira passada, e o tom foi de apreensão, apurou o Expresso. O próprio Passos Coelho referiu a necessidade de tratar o assunto com grande cautela.

NOTAS
  1. É bem provável que Durão Barroso tenha sido informado, antes do dia 11 de setembro, do desfecho do BES, o que teria motivado a sua declaração de renúncia definitiva a uma candidatura presidencial que todos julgavam adquirida. Sem o BES, que apoiou de forma exclusiva a recandidatura de Cavaco Silva, onde iria Barroso arranjar dinheiro para a campanha? No dia 8 de setembro Durão Barroso falou à BBC e disse que 'I'm not going to run' (BBC/Sapo).

domingo, setembro 07, 2014

Bancos centrais metidos no casino da especulação

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Bancos centrais jogam na bolsa e com derivados financeiros


Como os bolsos dos bancos centrais não têm fundo (1), as subidas artificiais dos mercados acionistas podem ser o resultado de uma manipulação gigantesca de que os bancos centrais têm provavelmente sido os grandes protagonistas. A Federal Reserve, o Bank of England, o BCE, o Bank of Japan, o People's Bank of China, o Deutsch Bundesbank (e o Banco de Portugal?) podem ter andado desde 2010 a jogar no casino das ações e dos derivados financeiros não regulados. É pelo menos isto que resulta de uma observação cuidada do documento acima publicado, oriundo do CME Group — “the world’s leading and most diverse derivatives marketplace, handling 3 billion contracts worth approximately $1 quadrillion annually (on average). The company provides a marketplace for buyers and sellers, bringing together individuals, companies and institutions that need to manage risk or that want to profit by accepting risk.”.

Se for assim, como parece, o Banco de Portugal poderá estar à beira de um ataque de nervos. A guerra declarada entre o presidente da república, o governo e o dito banco central indígena, a propósito da trapalhada do BES pode não ter ainda saído do adro deste regime em fim de ciclo.

Cavaco levanta dúvidas sobre informação que recebeu no caso BES
Sofia Rodrigues, Público, 07/09/2014 - 14:23

Presidente da República Cavaco Silva disse este domingo esperar que o Governo assim que “tenha conhecimento de informação relevante a comunique” e que espera ter sido essa a situação no caso BES.

Em Arganil, onde participou nas comemorações no dia do município, Cavaco Silva começou por responder aos jornalistas sobre as declarações públicas que fez sobre o BES, ainda antes de ter sido dividido em dois. “O Presidente não tem ministérios, não tem serviços de fiscalização política, recebe a informação das entidades oficiais e espera que o Governo logo que tenha conhecimento de informação relevante a comunique. Eu espero que tenha acontecido assim, que é o que resulta da Constituição”, afirmou o Presidente da República.

No dia 21 de Julho, Cavaco Silva afirmou que os portugueses podiam confiar no BES de acordo com informações que recebia do Banco de Portugal.

Nós já tínhamos alertado (aqui e aqui) para a manipulação das informações sobre o resgate do BES, mas foi preciso o advogado Miguel Reis vir a terreiro, em nome dos seus clientes, acusar o presidente da república de prestar informação enganosa, para que Cavaco Silva viesse hoje lembrar o que disse em Seul sobre o BES no dia 21 de julho, ou seja, seis dias depois da compra de ações do BES pela Goldman Sachs, Desco e Baupost, mas um dia antes de esta compra ser divulgada pelo banco à CMVM, e quarenta e oito horas antes de a notícia vir a público. Acontece que no dia 23 de julho a mesma GS desfez-se da posição qualificada (passando de 2,27% para 1,91% do capital acionista), motivo suficiente para que o Banco de Portugal, o Governo e o Presidente da República tivessem lançado os necessários, embora cautelosos, avisos à navegação — o que nenhum deles fez. Porquê? Não sabiam da saída apressada da Goldman? Claro que sabiam!

Aqui chegados é importante percebermos que a complexidade da crise financeira continua a aumentar dia a dia.

O mais recente plano de Mario Draghi (levar o BCE a comprar ABS - Asset Backed Securities - senior portions of that...) pode acabar por revelar-se um tiro no escuro, ou mais um discurso para empurrar a crise com a barriga, à custa de mais dívida pública europeia a cobrar aos pagadores de impostos do costume.

Why Draghi's ABS "Stimulus" Plan Won't Help Europe's Economy
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 09/05/2014 15:29 -0400
Simply put, the reason why Mario Draghi's impressively-pitched ABS 'stimulus' QE-lite plan won't help can be summed up in 2 words "unencumbered assets." There is simply a lack of the right quality collateral, that has not already been swapped with the ECB (or delevered off balance sheets), for this to make a difference. However, as Bloomberg reports, the plan will not even get that far.. because the market for these assets is incapable of supporting this size of buying. As one major ABS asset manager notes, it takes him about three months to buy 1 billion euros of these securities, "the number that's circulating the market is 500 billion euros, but where is he going to get it from?" Add to that the report from Die Welt that The ECB lacks sufficient expertise for ABS purchases, and as another major European ABS manager concludes, "I don't see either a capital relief for banks or the banks giving more credit to the real economy." Still, it's fun to believe Draghi's promises, right?

Por outro lado, sabe-se agora que os bancos centrais têm andado a alimentar artificialmente as bolsas, como se fosse a única notícia boa a dar num castelo de cartas em derrocada.

It's Settled: Central Banks Trade S&P500 Futures
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 09/01/2014 09:02 -0400

Based on the unprecedented collapse in trading volumes of cash products over the past 6 years, one thing has become clear: retail, and increasingly, institutional investors and traders are gone, probably for ever and certainly until the Fed's market-distorting central planning ends. However, one entity appears to have taken the place of conventional equity traders: central banks.

Courtesy of an observation by Nanex's Eric Hunsader, we now know, with certainty and beyond merely speculation by tinfoil fringe blogs, that central banks around the world trade (and by "trade" we mean buy) S&P 500 futures such as the E-mini, in both futures and option form, as well as full size, and micro versions, in addition to the well-known central bank trading in Interest Rates, TSY and FX products.

In fact, central banks are such active traders, that the CME Globex has its own "Central Bank Incentive Program", designed to "incentivize" central banks to provide market liquidity, i.e., limit orders, by paying them (!) tiny rebates on every trade. Because central banks can't just print whatever money they need, apparently they need the CME to pay them to trade.

"Cluster Of Central Banks" Have Secretly Invested $29 Trillion In The Market
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 06/16/2014 07:22 -0400

Another conspiracy "theory" becomes conspiracy "fact" as The FT reports "a cluster of central banking investors has become major players on world equity markets." The report, to be published this week by the Official Monetary and Financial Institutions Forum (OMFIF), confirms $29.1tn in market investments, held by 400 public sector institutions in 162 countries, which "could potentially contribute to overheated asset prices." China’s State Administration of Foreign Exchange has become “the world’s largest public sector holder of equities”, according to officials, and we suspect the Fed is close behind (courtesy of more levered positions at Citadel), as the world's banks try to diversify themselves and "counters the monopoly power of the dollar." Which leaves us wondering where are the central bank 13Fs?
Bank Of Japan Plunge Protection Team Goes Into Overdrive, Buys Most ETFs Since 2010
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 08/14/2014 09:29 -0400

While the mainstream media has become used to the daily buying of bonds by The Fed, mention that they are buying 'stocks' and suddenly one is labeled a conspiracy theory wonk - despite 1) the fact that they are, and 2) they have admitted that equity wealth creation is a policy tool. However, ignoring the almost daily vertical ramps in US stocks and volatility from a seemingly bottomless pit of margin; the Bank of Japan has been buying stocks (directly through ETFs) for years... and as the Nikkei began to turn down in early August, the WSJ reports the BoJ undertook the longest and largest consecutive buying streak since it started purchasing ETFs in December 2010.

O medo da deflação

A deflação ameaça sobretudo os devedores, para quem a reflação, ou um pouco de inflação, seria uma maneira de desvalorizar as dívidas e de obrigar o aforro a sair dos bancos e dos colchões. Acontece que ninguém quer investir, nem mesmo nas bolsas (já vimos que a festa é patrocinada pelos bancos centrais), e portanto a deflação é mesmo uma ameaça que se perfil no horizonte. Só que à deflação pode seguir-se... a hiperinflação.

O Japão aposta na ilusão do dinheiro: pequenos aumentos salariais estimulam o comportamento consumista e, portanto, a retoma, dizem. Mas como o iéne continua a desvalorizar, e o imposto sobre consumo aumentou, cedo as populações perceberão que os aumentos salariais foram rapidamente comidos pelos impostos e pela desvalorização da moeda. Ou seja, o declínio dos rendimentos reais do trabalho acabará por ser percebida pela população que, por esta via, regressará aos comportamentos de poupança. E assim sendo, a economia japonesa continuará a sua marcha de declínio, com uma dívida pública ingovernável e uma balança comercial que se deteriora face à concorrência da China, Índia, Vietname, México, etc....

Em Portugal os sindicatos exigem aumentos (na realidade, apenas exigem o aumento do salário mínimo), num ambiente caracterizado por uma extraordinária agressividade fiscal, pela perda de regalias e de rendimentos do trabalho, e ainda pela recente desvalorização do euro face ao USD. O impacto dos pequenos aumentos no consumo será pois efémero, e o resultado final poderá resumir-se a mais retração do consumo, menos vendas, preços em queda, falências e... desemprego. Em suma, o ministério da segurança social, acarinhado pelo CDS, continuará a precisar de cada vez mais dinheiro para subsidiar o desemprego e a fragilidade social crescente. Os empresários da fome, e a Igreja agradecem!


ÚLTIMA HORA

A bronca produziu efeito: a partir de 15 de setembro a CME proíbe o que chama 'práticas disruptivas', entre as quais se encontram, claro, os negócos com bancos centrais!

These Kinds Of Market-Rigging "Practices" Will No Longer Be Allowed On The CME
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 09/08/2014 17:31 -0400

It has been an interesting week for the CME: first it was revealed a week ago that in order to “stimulate” the market, the CME is willing to pay central banks a liquidity rebate in order for the world’s monetary authorities to “make markets” in the most important S&P 500 future, the E-Mini, confirming not only that central banks directly trade the S&P 500, but are incentivized to nudge it along the preferred central bank direction: up. Then last week, none other than the CME’s own 10-K proved that something changed in 2013, when for the first time central banks officially became counted as clients of the biggest US derivative exchange.

Today, the CME’s fall from efficient market grace accelerate when it advised the CFTC that the derivative market would be adopting a new Rule 575 to eliminate “Disruptive Practices Prohibited.”



NOTAS
  1. Aos governos, para obterem o dinheiro de que os bancos centrais precisam, basta-lhes empobrecer os "sem dentes" (como lhe chama o "socialista" François Hollande), através da expansão monetária (ou seja, da desvalorização do dinheiro e correspondente expropriação das poupanças), através do desemprego e dos cortes salariais resultantes da paralização económica, através do assalto fiscal, e ainda recorrendo à manipulação das taxas de juro e câmbio. No entanto, o jogo pode não resultar, como parece ser o caso neste momento. A expansão da massa monetária já esgotou a capacidade de crescimento keynesiano convencional da economia e, aparente paradoxo, por mais dinheiro que os governos decretem, este não é transmitido, nem portanto circula na economai, ficando retido nos bancos centrais, ao mesmo tempo que continua a alimentar dívidas soberanas imparáveis, potencialmente catastróficas.

Atualização: 9/9/2014, 00:09 WET