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quinta-feira, janeiro 04, 2018

Fascismo fiscal


O capitalismo português é um embuste


Fisco desiste de cobrar 125 milhões à Brisa 
O Fisco desistiu de cobrar 125 milhões de euros à Brisa em IRC pela venda da brasileira CCR, tendo anulado a inspecção que lhe deu origem. A decisão foi tomada em 2016 e pesa mais de metade das anulações feitas nesse ano, gerando críticas do Tribunal de Contas à eficácia da Unidade dos Grandes Contribuintes. Jornal de Negócios.

O que é que em matéria de impostos diferencia o PCP do Grupo Mello? Nada.

Em Portugal não há capitalismo, nem liberdade económica, mas o velho e entretanto recauchutado corporativismo burocrático autoritário de sempre. Quem faz parte da nomenclatura, do PCP ao Grupo Melo, ou à EDP, passando pelo cartel partidário que se apropriou das instituições democráticas, pelo Estado obscuro e paquidérmico, pelas EPs TAP, CP, Carris e quejandas, autarquias e PPPs, e ainda pelos intermedários da desgraça alheia (Igreja, IPSS, fundações), come. Quem não faz, não come, ou emigra. Acontece que este grande ciclo de parasitismo endémico está a chegar ao fim. O império colonial morreu, e a União Europeia não irá deitar pérolas a porcos por muito mais tempo. Na precipitação descontrolada em direção ao bolo orçamental, dos cortesãos e cortesãs desta Loja Burocrática Indígena a que chamamos Portugal, multiplicar-se-ão exponencialmente os escândalos que provam a indigência da nossa economia e o embuste cada vez mais à tona da nossa democracia. Mas só quando os cidadãos que não fazem parte desta mixórdia acordarem e se unirem será possível varrer a enxovia, regressar à casa de partida, recuperar a confiança e recomeçar. Ou, como diz o Presidente da Repúblcia, reinventar o país.


quarta-feira, abril 29, 2015

Estado vai de ter pagar 150 milhões à Brisa

Os tribunais arbitrais são uma fantochada

É preciso acabar com os rendeiros do regime há décadas sentados à mesa do Orçamento. Para isto haverá que renegociar duramente os leoninos contratos PPP e responsabilizar, política e criminalmente, quem os assinou, lesando o estado, e portanto, os contribuintes.

O Grupo Mello é um dos rendeiros do regime que nenhuma falta faz ao país — nas estradas, na saúde, etc., etc. 

Estado vai de ter pagar 150 milhões à Brisa - Transportes - Jornal de Negócios

sexta-feira, abril 13, 2012

O mordomo da Brisa

António Nogueira Leite — vice do PSD, vice da Caixa e testa de ferro do grupo Mello

Pedro Passos Coelho diz que não foi ele quem deu carta branca à pantomina da OPA da Brisa. Mas se não foi ele, então foi o seu vice-presidente laranja, António Nogueira Leite, dedicado mordomo do grupo Mello e muito mais!


Pedro Passos Coelho, no debate quinzenal, no Parlamento garantiu que o Governo não deu instruções à Caixa sobre OPA, nomeadamente em relação ao financiamento para a OPA da Brisa (Jornal de Negócios online)


Em qualquer parte do mundo, salvo porventura na Guiné-Bissau e em Cabo-Verde, o escandaloso e creio mesmo que ilegal conflito de interesses entre o senhor António Nogueira Leite, vice-presidente da Caixa Geral de Depósitos e empregado da Brisa, e a dita OPA da Brisa, já estaria a ser investigado pelas autoridades de regulação financeira, pelo banco central local (isto é, o Banco de Portugal) e pela polícia!

Ora somem lá isto, e depois digam-me se o país não precisa mesmo de uma grande vassourada!

António Nogueira Leite (dados retirados, nomeadamente, da Wikipédia)

... administrador da CUF (grupo Mello), da SEC (Sociedade de Explosivos Civis, até Junho de 2011 pertencente ao grupo Mello), da José de Mello Saúde, da EFACEC Capital (grupo Mello), da Comitur Imobiliária (grupo Mello) e ainda da Reditus (participada do grupo Mello), da Brisa (grupo Mello) e da Quimigal (grupo Mello).

Este super-homem também é ou foi, pasme-se, presidente do Conselho Geral da OPEX (Sociedade Gestora De Mercado De Valores Mobiliários Não Regulamentado SA, dedicada à negociação de produtos financeiros especulativos, nomeadamente hedge funds, de que faz parte o BFI - Banco Fiduciário Internacional (IFI) SA, uma Off-Shore curiosamente sediada em Cabo Verde...)

Claro que o super Leite foi ou é ainda e também, tal como a Opex, membro do Conselho Consultivo da CMVM, o antro de cumplicidades que não viu nada, não ouviu nada e continua serenamente impune, em pleno colapso financeiro do país, como se a democracia portuguesa não passasse de uma parvalheira habitada por 230 palhaços parlamentares!

A indicação e a nomeação de António Nogueira Leite para a vice-presidência da Caixa Geral de Depósitos não foi realizada à revelia do Pedro Passos Coelho, primeiro ministro de Portugal, ou foi?!

Este escandaloso negócio de expropriação de poupança privada e pública serve única e exclusivamente os interesses de uma das famigeradas famílias de rendeiros responsável pela bancarrota do país: os Mellos. 

E o pior é que esta mesma família, agora coligada com a família Espírito Santo, presumo que com a mesma intermediação do dito mordomo e testa de ferro, se prepara para tomar de assalto a ANA e a futura ex-TAP para levar por diante o embuste criminoso do Novo Aeroporto da Ota em Alcochete — desta vez pretendendo vender aos tolos do país (que são muitos!) a ideia mirabolante de construir um aeroporto de raiz para as Low Cost. 

Querida Troika, salva-nos, por favor, dos nossos próprios indígenas!

terça-feira, agosto 16, 2011

A morte dos "grandes grupos"

O fim do regime não foi em 1974, vai ser em 2011!


A edificação criminosa de Obras de Arte como esta, e das anunciadas barragens da EDP, é a causa mais visível do colapso em curso. Mas a causa profunda foi o incesto entre uma burguesia palaciana inculta e uma classe partidária ávida de mordomias.
Família Mello dá património para garantir dívida do Grupo

Situação financeira do Grupo Mello está no limite. Garantias dos empréstimos estão a valer menos, família já entrou com património junto dos bancos. Grupo desvaloriza. Acções da Brisa também” — Jornal de Negócios, 16-08-2011.

Pergunta ao primeiro ministro Pedro Passos Coelho: foi para segurar os Mellos da Brisa e dos hospitais (que o contribuinte deixou de poder alimentar a Pão de Ló) que o senhor colocou o seu colega de partido e empregado da Brisa, António Nogueira Leite, na Caixa Geral de Depósitos? Não acha que é tempo de perceber que a Caixa está demasiado exposta e já não aguenta mais patifarias?

Um dia antes da notícia do Jornal de Negócios acima citada tínhamos escrito do Facebook d' O António Maria:

“As receitas têm vindo a cair a pique tanto na Ponte 25 de Abril, como nas autoestradas e SCUTS com portagem. Logo, a solução não é cobrar o que não deveria ser cobrado, mas sim parar imediatamente as PPP programadas para mais estradas e barragens inúteis, destinadas apenas a alimentar grupos económico-financeiros aventureiros e falidos. Mas atenção: não há quem corrompa se não houver corruptos, e neste caso os corruptos de serviço pertencem à nomenclatura partidária instalada.”

O Grupo Mello é um dos vários parasitas típicos da economia portuguesa, a par dos Espírito Santos, e outras sobrevivências renascidas do Antigo Regime. Ambos estão visivelmente falidos, pois têm mais dívidas que proventos numa conjuntura duradoura em que já não conseguirão sugar mais sangue fácil ao contribuinte português, nomeadamente através da corrupta nomenclatura partidária que colonizaram descaradamente, nem renovar os créditos que outrora conseguiram nos mercados financeiros. A especulação financeira joga agora contra eles!

Quanto à indigente nomenclatura partidária que temos, em breve perderá toda a confiança do eleitorado, e afundar-se-à tão redondamente quanto os bancos e famílias que serviu escondida atrás de um biombo de democracia.

Com o estouro que este Outono promete, não vejo como poderá o actual governo salvar o que quer que seja dos falidos grupos financeiros e empresariais portugueses sobre endividados. Se ao menos a Esquerda Empalhada que temos não fosse, in extremis, a sua mais inesperada e valiosa muleta!

BPNs, Mellos, Espíritos Santos, EDPs, Impresas (SICs, Expressos, Visões, etc.), Bloco Central do Betão, Berardos, Rendeiros, quem os salva?

Parece que a Esquerda Empalhada Portuguesa se tornou no mais diligente bombeiro voluntário desta turma do passado. Estes clérigos desmiolados e oportunistas (na realidade sem uma Roma que os guie) transformaram os partidos de esquerda em sindicatos, e como tal, para defender o emprego a todo o custo, acabaram por transformar-se nos melhores aliados do incesto entre quem pode e quem manda, mesmo se ambos falidos até ao tutano. Manda a gravidade geral do capitalismo que a sua renovação pressuponha a falência dos mais fracos, ou fora de tempo, para dar lugar aos mais produtivos, inovadores e até socialmente mais justos. Pois bem, os mais corruptos, os mais desorganizados, os menos competitivos, e os que mais especulam em vez de produzir, beneficiaram e gozam do apoio objectivo da Esquerda Empalhada Portuguesa, em nome, claro está, do emprego, aliás: do pleno emprego, do emprego para todos! O epílogo desta história não poderá deixar de ser uma tragédia.

E no entanto, vai acabar por ser inevitável renacionalizar a banca e alguns grupos económicos (ou parte deles), engavetando também os banksters e políticos piratas responsáveis pela bancarrota do país. Os países emergentes, se virmos bem, estão todos ancorados em empresas e instituições públicas estratégicas, ainda que, frequentemente, escondidas atrás de nuvens impenetráveis de marcas aparentemente privadas. São estas empresas (angolanas, brasileiras, chinesas, árabes, etc.) que se preparam para tomar o lugar da ignorante burguesia de São Bento. Mas será prudente, apesar da eventual importância das alianças que poderão vir a ganhar forma entre países amigos, deixar correr tal tendência sem uma reviravolta de objectivos, de estratégias e de poderes por parte das energias anímicas e seminais que há séculos garantem a independência do nosso país?

quarta-feira, agosto 10, 2011

O fim da TAP?

Lá se vai o hub da Portela para Madrid :(

Airbus A330 da TAP (Foto: Airliners.net)
British Airways e a Ibéria confirmam interesse na privatização da TAP

O presidente executivo da International Consolidated Airlines Group (IAG), empresa que resultou da fusão entre a British Airways e a Ibéria, confirmou hoje que está interessado na privatização da transportadora aérea portuguesa TAP.

Em entrevista à Bloomberg, Willie Walsh, diz que o interessa na TAP deve-se sobretudo à rede que a empresa portuguesa tem no Brasil.

“Queremos assegurar que teremos uma forte posição naquela que será uma economia chave no futuro”, disse o CEO da IAG, numa entrevista concedida à agência de notícias em São Paulo.

A British Airways e a Ibéria voam actualmente para quatro cidades brasileiras, metade dos destinos da TAP, que é líder da rota entre o Brasil e a Europa — in Jornal de Negócios, 10-08-2011.

Depois da Lufthansa ter aparentemente desistido de entrar na privatização da TAP as opções para a privatização da companhia aérea de bandeira portuguesa reduziram-se drasticamente. Por motivos que falta esclarecer, mas que podem estar relacionados com a indecisão governamental portuguesa relativamente à dívida acumulada da empresa (a qual não estará completamente expressa nos relatórios e nas informações prestadas aos governos...), e ainda com o destino a dar às empresas não lucrativas do grupo, ao excesso óbvio de pessoal, e aos administradores a mais, a estratégia da Star Alliance falhou.

O que a notícia relatada pelo Jornal de Negócios, oportunamente plantada na Bloomberg, insinua, não é nada bom, ou seja, a iberização da TAP levará não só o centro de decisão da Portela para Barajas (talvez contratando o mesmo gaúcho que conduziu a TAP a este triste fim), como acabará com a fantasia do mini hub da Portela, e com todos os voos de ligação entre a Europa e o Brasil passando por Lisboa. Madrid será a nova placa giratória! Mais, não tardaremos a ter que passar pela capital espanhola sempre que quisermos voar para fora de Portugal —como aliás acontece a boa parte de nuestros hermanos, vivam eles em Ibiza, na Corunha, em Badajoz ou nas Canárias.

A Lufthansa tem, ao que parece, uma nova estratégia, assente sobretudo nos A380, especialmente indicados para ligar a sério os principais hubs aeroportuários do planeta entre si, lançando ainda pontes para cidades importantes. Frankfurt ligar-se-à assim a São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Brasília, Bombaim, Nova Dehli, Pequim, Xangai, Luanda, Sidney e Tóquio, entre outras, usando preferencialmente, senão exclusivamente, os chamados wide-bodies. Nesta estratégia, a endividada TAP deixou obviamente de ser particularmente atractiva.

Mas haverá ainda alguma alternativa à espanholização da TAP?

Sim, há! Temo-la defendido há meses: fazer um spin off bem feito da companhia, largando o seu lastro mais ruinoso (aqui o Estado teria que intervir, suportando custos de indemnizações por cessação de postos de trabalho) e criando três novas companhias dentro do grupo:
  • a TAP Europa, baseada no modelo Low Cost; 
  • a TAP Atlântica, destinada a segurar o mini hub das ligações Europa-Brasil-Angola, ampliando-o aos continentes americano e a África; 
  • e finalmente a TAP Oriente, destinada a conferir autonomia nas ligações aéreas de Portugal ao Médio Oriente (Turquia, Irão, emiratos Árabes, Iraque, etc.), repúblicas do Mar Cáspio, Índia, Indonésia, Austrália, China e Japão.

Para aqui chegar, no entanto, são precisas alianças estratégicas que, por assim dizer, dividam o Atlântico em dois: norte e sul. Os aliados potenciais para o Atlântico sul são óbvios: Brasil, Angola, China e, por exemplo, o Qatar.

Esta opção, além de revelar visão de futuro, permitiria não só manter a Portela, e se for o caso, daqui a uma década, um NAL algures na Margem Sul (1), como plataforma aeroportuária independente do incorrigível hegemonismo da Moncloa e da Zarzuela, mas também a entrada no negócio de grupos portugueses que têm que mudar rapidamente de vida. Refiro-me, entre outros, ao grupo Mello (da Brisa, etc.), e ao senhor da GALP e das cortiças.

Estive ontem a ler um relatório muito interessante sobre o modus operandi chinês na sua estratégia de alargamento de influências aos vários continentes, no caso particular, África e muito especialmente Angola e Tanzânia. Ao ver a cronologia publicada pelo documento Sonangol The 88 Queensway Group — A Case Study in Chinese Investors’ Operations in Angola and Beyond produzido pela U.S.-China Economic and Security Review Commission, encontrei estas ocorrências deveras interessantes e especialmente oportunas para a discussão em curso sobre o futuro da TAP:

[...]

Feb. 1, 2009—Tanzanian oil company grants China Sonangol 3 licenses for oil exploration after it purchases 49 percent of Aur Tanzania.
Feb. 16, 2009—Hu Jintao visits Tanzania
March 12, 2009—China Developmet bank offers Angola $1 billion non-oil backed loan for...
March 26, 2009—China Sonangol acquires $200 million stake in CEPU oil and gas field in Indonesia

[...]

China Sonangol’s purchase of airplanes has not been limited to Tanzania. In addition to these purchases and the services agreement with Sonair in Angola, the 88 Queensway Group has purchased airplanes from France’s Airbus and Brazil’s Embraer. In February 2007, China Sonangol ordered three Airbus Corporate Jetliners and, in August 2007, purchased two Legacy 600 Executive Jets from Brazilian aircraft manufacturer Embraer.99 These jets may have been purchased in order to facilitate the activities of China Sonangol and its executives.

ÚLTIMA HORA! (12-08-2011 19:13 ; da msg do António Maria no Facebook)

Fusão TAM+LAN. Já agora, irrrmãos Brazileiros (a minha avó Martina era de Belém do Pará ;) alinhem no spin off da TAP! Bom, o spin off da TAP é ideia da Blogosfera, e resume-se a manter a companhia centrada na Portela (Lisboa), com uma estratégia própria, concorrente da liga BA-Iberia-American Airlines. TAP Europa+TAP Oriente+TAP Atlântica é o spin off proposto.

Angola, Brasil, China e alguma monarquia petrolífera deveriam compor o consórcio com a Caixa Geral de Depósitos e algum grupo português em metamorfose (Brisa...). Entregar a TAP ao rei de Espanha e à rainha pirata Isabel II seria um acto de traição!

NOTAS
  1. O aeromoscas de Ciudad Real, com "TGV" à porta e tudo, está para Espanha como o aeromoscas de Beja, do genial Augusto Mateus, está para Portugal. Dois exemplos de  corrupção em dois países entretanto falidos. Ler esta reportagem do Le Monde: Ciudad Real, terminal fantôme (PDF). Não creio que alguém com juízo se atreva a lançar a primeira pedra do embuste da Ota em Alcochete tão cedo.


El aeropuerto fantasma from Markus Böhnisch on Vimeo.

terça-feira, março 08, 2011

Uma democracia degenerada a caminho da cleptocracia

Novo Aeroporto: Brisa diz que projeto é a "frente mais importante" na diversificação do negócio em Portugal—Expresso.
 Só mesmo num país do terceiro mundo, falido, corrupto e sem vergonha, é que se admite a hipótese de uma velha família do capitalismo parasitário salazarista (o Grupo Mello), que nada fez ou faz pelo país, se não conduzi-lo, com outros, à bancarrota, arrogar-se o direito de receber do Estado que, com outros piratas capturou, tudo o que este tem de mais rentável.

Primeiro, os Mello expropriaram-nos (sob a designação falaciosa de "privatização") o negócio público lucrativo das autoestradas. Depois, atiraram-se à mina da saúde, através de PPPs escandalosamente ruinosas para o erário público. Agora, com a maior desfaçatez, querem ficar com todos (repito: TODOS!) os aeroportos do país, através da privatização da entidade que os administra com lucro (a ANA); e certamente, também, com os terrenos da Portela. Tudo isto a troco da construção (e exploração, claro) dum elefante branco chamado Novo Aeroporto de Lisboa, em Alcochete.

Para acontecer tamanho ataque ao bem público, o Estado terá então que perder as receitas avultadas e garantidas da ANA, e desfazer-se quer dos terrenos da Portela, quer da TAP. Um grande dispêndio, portanto, por parte dum país na bancarrota. Que diz o senhor Portas sobre isto? Nada! Que diz o senhor Passos de Coelho sobre isto? Nada! Que diz o Pinóquio sobre isto? Nada!

Ou seja, o Grupo José de Mello quer fazer um novo aeroporto desnecessário e de duvidosa viabilidade económica, a troco da ANA, dos terrenos da Portela e da TAP, recebendo ainda, certamente, generosos empréstimo do BEI. Que pensará o senhor Cravinho disto? Que opina o professor Marcelo sobre isto?

E se no fim tudo correr mal, como necessariamente correrá se o Bloco Central da Corrupção autorizar semelhante roubo e destruição do bem comum? Ficarão os Mello com bons terrenos para especulação? Stanley Ho sofreu desta mesma ilusão a propósito da Alta de Lisboa —um flop completo!

E se os terrenos da desactivada Portela, ou os terrenos do ruinoso NAL, nem para especular servirem? Fará a Caixa Geral de Depósitos o mesmo que fez com o BPN? Isto é, tapar um novo e gigantesco buraco financeiro privado, em nome do interesse nacional?! Poderá o governo de turno fazer o favor de expropriar, pela via fiscal, os cidadãos, em nome de um serviço público arruinado pela ganância previsível de um dos mais típicos exemplares da nossa burguesia parasitária e burocrática? Tenho as maiores dúvidas.

Para que precisamos de parlamento, governo ou presidente da república, se deixarmos que estes cenários de indigência continuem a exibir-se de forma tão pornográfica? Será assim tão difícil perceber que, se permitirmos mais este assalto e inacreditável abuso de poder económico por parte de uma família sem escrúpulos, continuaremos a destruir a democracia, e a abrir caminho a uma plutocracia, contra a qual, mais cedo ou mais tarde, o povo voltará a revoltar-se?

terça-feira, agosto 17, 2010

Demitam o Almerindo!

O senhor Almerindo Marques foi convidado um dia para salvar a RTP. E aceitou.

Vejam como a RTP continua: o mesmo enorme buraco financeiro e um serviço público de péssima qualidade, que ainda por cima dá cabo das televisões privadas ao concorrer no mesmo terreno, realizando os mesmos concursos imbecis, produzindo do nosso bolso as mesmas telenovelas desmioladas, e transmitindo os principais jogos de futebol. Desta forma o serviço público de televisão, que é tudo menos um serviço estratégico da república (como deveria ser), disputa e perverte o mercado publicitário, licitando sempre acima das propostas da SIC e da TVI. Tudo e sempre com o nosso dinheiro (as famosas transferências), agravando diariamente o endividamento público suicida de Portugal. Como se o escândalo não fosse já um caso de polícia, ainda pagam melhor aos seus colaboradores, com os nossos impostos e com a dívida pública portuguesa sempre a crescer, claro, do que aos trabalhadores e contratados a recibo verde das televisões privadas.

Depois do número da RTP voltaram a convidar o senhor Almerindo Marques, desta vez para tapar o escândalo da ex-Junta Autónoma das Estradas, cujos administradores se passeavam alegremente de Ferrari pelo país fora.

Salvar o saco azul (agora roto) das Estradas de Portugal, onde o Bloco Central da Corrupção roubou tudo o que pode nos últimos 30 anos de democracia — ámen na CP, na Carris e no Metro— foi a missão impossível de que incumbiram o senhor Almerindo Marques.

O resultado está à vista: uma empresa em bancarrota que transformou as autovias (não são autoestradas) sacadas de fundos comunitários que poderiam ter tido outra sorte, dos nossos impostos, e a cargo do endividamento público, com a promessa, isso sim, de que seriam estradas de boa qualidade, essenciais ao país, e "Sem Custos para o Utilizador (SCUT)".

Pois bem, afinal serão estradas com portagens (se as conseguirem implementar....), e uma renda milionária para os piratas da Mota-Engil e que tais (até 2033!) Essa renda representará qualquer coisa como 2 mil milhões de euros por ano a partir de 2014, se as novas concessões forem efectivamente realizadas Ou seja, os portugueses terão que pagar através de portagens e impostos, aos piratas da Mota-Engil e que tais, qualquer coisa como duas novas pontes Vasco da Gama por ano!

Em 2033, num país prisioneiro da sua descomunal e criminosa dívida pública, as autoestradas já muito deterioradas serão então entregues ao Estado. Ou seja, depois de levados à falência por um bando de piratas e de traidores, herdaremos um sistema rodoviário em ruínas, provavelmente insusceptível de recuperação.

As Mota-Engis, Brisas e EDPs deste país à beira de se tornar mais um estado falhado, já são hoje empresas falidas ou a caminho da falência, pois não têm quaisquer hipóteses de continuar a especular nos mercados bolsistas como até agora fizeram, os respectivos negócios amadureceram e em breve apodrecerão, não tendo por isso quaisquer possibilidades reais de expansão interna ou no estrangeiro, além de terem já neste momento passivos acumulados e serviços de dívida impagáveis. O destino que em breve espera todos estes impérios clientelares é a respectiva absorção por empresas estrangeiras de muito maior dimensão, ou então, se houver ainda uma réstea de tino em Portugal, o regresso imediato dos sectores estratégicos da economia às mãos do Estado — como aliás acontece na China, país que acaba de ascender à posição de segunda economia mundial. E neste caso, deverá ser o Estado a construir e gerir a rede rodoviária nacional (como faz a Holanda, por exemplo), de acordo com o rendimento nacional disponível e não em função das perspectivas de especulação dos piratas que tomaram de assalto a democracia portuguesa, com a cumplicidade de todos os partidos parlamentares. Se assim viesse a ser as novas concessões rodoviárias seriam imediatamente canceladas, como é óbvio!

Mas se os paspalhões do regime continuarem no estado de negação e parálise actual, protelando por cálculo eleitoral as decisões duras que urge tomar, o que virá será provavelmente isto:
  • Por cada nova aquisição de títulos da dívida pública portuguesa por parte do BCE, pois já nenhum privado os quer —para pagar os salários dos militares, polícias e demais funcionários públicos, deputados e ministros— os alemães e franceses, já para não falar dos espanhóis, nossos principais credores (a quem devemos mais de 260 mil milhões de euros!), exigirão algo em troca: os bancos e as maiores empresas portuguesas, depois o controlo de recursos estratégicos como a água, a energia eléctrica, as redes de transporte ferroviário e marítimo (portos), as futuras explorações offshore da plataforma continental portuguesa, etc.
  • Por cada novo empréstimo, até que um plano de resgate da bancarrota tome forma (chamar-lhe-ão qualquer coisa como Programa de Consolidação da Dívida Externa e Pública Portuguesa), o BCE desferirá mais uma machadada no inviável Estado Social que temos. Algumas serão até acertadas e virão na direcção de medidas que há muito recomendo: privatização completa de 90% do ensino universitário, aumento da idade da reforma para os 70 anos, encerramento imediato de todos os serviços redundantes da administração pública, equiparação imediata das remunerações dos administradores de empresas públicas às dos vencimentos dos secretários de Estado, fim de quaisquer isenções fiscais na banca e grandes empresas, introdução imediata da uni-dose nas receitas médicas, criação dum sistema nacional de saúde público, cooperativo e privado claramente identificado e transparente, etc. Outras, nem tanto, ou não fosse a Comissão Europeia e o BCE emanações neoliberais medíocres de uma Europa provavelmente sem futuro.
As dívidas, essas, têm que ser pagas.

POST SCRIPTUM: se nos dermos ao trabalho de revisitar a História de Portugal nos momentos em que, como agora, Portugal entrou em bancarrota, ficaremos a saber três coisas:
  1. Que as dívidas acabaram por ser pagas com graves prejuízos para a soberania e o desenvolvimento social e cultural do país;
  2. Que os regimes instalados estavam invariavelmente tolhidos pela corrupção e pela incompetência generalizada;
  3. E que, mais cedo ou mais tarde, as falências soberanas deram lugar, ou a revoltas, ou a guerras civis ou a golpes de Estado. O que neste caso impede a implosão imediata do actual regime demo-populista e partidocrata é tão simplesmente o BCE. Mas se a União Europeia fracassar no prazo de uma década, que sucederá em Portugal?