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domingo, julho 16, 2017

PCP quer entrar no Governo


Uma ideia lógica, mas tardia?


Jerónimo de Sousa: “O PCP sempre afirmou que fará parte de um Governo que corresponda a avanços, uma interrupção com a política de direita. Propomos uma política alternativa, patriótica e de esquerda, com grandes eixos centrais no plano económico, social, europeu. Insisto nesta ideia, o PCP será Governo se o povo português quiser”. DN, Lusa 16 DE JULHO DE 2017 09:00.

O padre Jerónimo tem o missal da Frente Popular cada vez mais à vista de todos. Álvaro Cunhal chamou-lhe Patriótica, na boa linha estalinista do socalismo num só país (1). Ao contrário dos outros padres, não segue a máxima que garantiu a reconhecida longevidade do Crisitianismo: a César o que é de César, a Deus o que é Deus.

Assim sendo, pela promiscuidade evidenciada entre o Padre Nosso marxista-leninisa-estalinista, as infiltrações no aparelho de estado (sobretudo nos braços judicial, educativo, e cultural), a força, embora declinante, nas burocracias sindicais e nas autarquias, somadas à não despicienda receita fiscal do Estado e da União Europeia de que vivem, sobra-lhes cada vez menos credibilidade e consistência. Ou seja, tal como o marxismo-leninismo em geral, o PCP foi um breve sonho de inverno. Até os santos pastorinhos e Nossa Senhora de Fátima os ultrapassaram, em audiência local, mas sobretudo no plano do internacionalismo militante!

As declarações de Jerónimo de Sousa à Lusa, em 16 deste mês, têm no entanto um significado na espuma dos dias que convém analisar. Desde logo, exprimem um desejo há muito reprimido da nova geração de dirigentes comunistas. Por outro lado, ultrapassaram uma vez mais o Bloco no que é a evidente estratégia desta frente de extrema-esquerda que Francisco Louçã (2) persegue desde que o conheço: converter os socialistas burgueses e pequeno-burgueses do Partido Socialista ao verdadeiro socialismo revolucionário de Léon Trotsky.

Desde que a Geringonça nasceu, apesar do seu oportunismo desesperado, que defendo a sua formalização numa verdadeira frente popular pós-moderna. Defendi e defendo, sim, a constituição de um governo de coligação entre o PS, o PCP e o Bloco, onde o PS seria claramente predominante, mas onde comunistas e socialistas revolucionários teriam pastas ministeriais de relevo em domínios como a educação, a cultura, o emprego, o ambiente, a agricultura e o poder local.

Só assim podemos fazer a prova do algodão das esquerdas!

E só assim, também, haverá lugar a uma refundação do corrompido, decadente, e incompetente sistema partidário que temos.


NOTAS

  1. O chamado socialismo num só país resulta de uma teoria contra-intuitiva do marxismo-leninismo, desenvolvida por Nikolai Bukharin, em 1925, e adotada por Estaline na sequência das sucessivas derrotas das revoluções socialistas na Europa. A discussão teórica desta polémica levar-nos-ia muito longe, mas importa aqui reter que o revisionismo da revolução socialista mundial preconizada na consigna Proletários do Todo O Mundo, Uni-vos! gozou de alguma plausabilidade num país como a Rússia, dada a sua extensão territorial e autonomia energética. O socialismo num só país chamado Rússia exigiu, todavia, uma condição a priori: jamais ser uma democracia, mas tão só uma ditadura burocrática (propagandisticamente apelidada de ditadura do proletariado), onde o antigo czar fora substituído pelo presidente do comité executivo do comité central do partido único que comandava o estado e toda a sociedade russa. O velho despotismo asiático russo, dirigido por uma aristocracia rural e por um príncipe absoluto rodeado de cortesão e burocratas, tão bem caracterizado por Karl Marx, não deu lugar a qualquer forma de socialismo, mas apenas à transição forçada (na realidade, acelerada e brutal) de uma secular sociedade campesina para uma sociedade industrial. Ou seja, o que a burguesia fraca e essencialmente clientelar da Rússia não soube, não quis, não pôde fazer, isto é, introduzir o capitalismo na Rússia, fizeram-no Lenine, Trotsky e sobretudo Estaline, ainda que em nome de uma liturgia completamente degenerada. O resultado foi, sobretudo depois da derrota de Hitler, um arquipélago continental (a URSS) politicamente herdeiro do cesarismo autocrático que sempre predominou na Rússia, onde se fez a experiência, não do socialismo num só país, mas antes do capitalismo de estado num só país. Este começou por falhar desde o início da Revolução Russa (1917), isto é, desde o assassinato do czar e da família próxima, prolongando a miséria e o sofrimento de milhões de pessoas até ao colapso da União Sociética em 1991. O capitalismo de estado num só país procurou alternativas alargando o espaço vital da Rússia até às capitais do que viria a ser conhecido como Europa de Leste. A descida desta cortina de ferro estalinista, como lhe chamou Churchill (1946), foi ainda uma maneira de acelerar a entrada da revolução industrial em países atrasados sob todos os pontos de vista. A guerra e a indústria de guerra a isso ajudaram. Mais tarde, a mesma receita estendeu-se à Ásia (protagonizada pela China e pelo seu principal líder, Mao Tsé-Tung), e o mundo bipolarizou-se de vez, entre duas formas de capitalismo: uma democrática, caracterizada pela separação institucional de poderes (legislativo, executivo e judicial), pela liberdade de expressão, de organização e de iniciativa, e sobretudo pela afirmação dinâmica do Estado de Direito, outra, cesarista e burocrática, onde nunca houve qualquer expressão de democracia, nem de liberdade. Sabemos bem como o capitalismo de estado, cesarista, burocrático e despótico, num só país, ou mesmo estendido a mais de metade do mundo demográfico viria a fracassar redundou num estrondoso fracasso. A prova do nove viu-se no colapso da antiga União Soviática. A prova real será em breve observada na China, quando os picos do crescimento (demográfico, energético e financeiro) originarem o colapso do mandarinato sediado em Pequim. A tensões externas que realmente afetarão a China começaram onde menos se esperava: na Coreia do Norte. Regressando a Portugal, parece evidente que o querido Governo Patriótico de Esquerda desejado por Jerónimo de Sousa, por maioria de razão, se não é uma forma de puro oportunismo destinado a segurar a relação parasitária que o PCP mantem há décadas com o aparelho e os orçamentos de estado, então será uma de duas coisas: ou uma perigosa fuga em frente pressionada pela desagregação da classe média (o populismo tem várias máscaras), ou então, o início de uma lenta reconversão ideológica do partido que ainda hoje se confunde com Álvaro Cunhal. Perceberemos em breve, certamente depois da spróximas eleições autárquivas, o que poderemos esperar das palavras de Jerónimo de Sousa. 
  2. Como não renunciou publicamente a esta forma de fé, presumo que o Professor Francisco Louçã, além de conselheiro do estado burguês que temos, continue a ser um dos principais dirigentes da obscura IV Internacional.



domingo, agosto 28, 2016

O XX Congresso

Álvaro Cunhal
Foto: Carlos Lopes/arquivo


O que é e para que serve a liturgia comunista do PCP?


João Oliveira: “O PS diz que é possível compatibilizar as regras e os compromissos europeus com o interesse do país, nós sentimos que regras e imposições da União Europeia são contraditórias com o interesse e com os problemas do país.” 
Ruben de Carvalho: “O PCP conhece a realidade, o BE não tem relação com a realidade, tem ideias exteriores à realidade” 
João Oliveira: “Será que o Governo de hoje (...) teria as perspectivas que tem, se não fosse o desenvolvimento da luta? A luta de massas é a origem das condições políticas que existem.”

Nos sinais que começaram a ser dados, nomeadamente através de três artigos publicados no Público por São José Almeida (1), o XX Congresso do Partido Comunista Português avizinha-se como um dos mais importantes gatilhos da discussão política em Portugal.

O PCP realizará em Almada, nos dias 2, 3 e 4 de dezembro, o seu XX congresso. A pergunta natural perante este número mágico é se, tal como ocorreu em 1956 na hoje extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), vulgo, União Soviética, haverá em Almada uma autocrítica do passado e um aggiornamento ideológico, tendo nomeadamente em vista a perspetiva de o PCP participar em soluções governativas consolidadas, de que as famosas 'posições conjuntas' assinadas recentemente com o PS de António Costa foram o tiro de partida.

O XX Congresso do PCUS abriu caminho a uma crítica aberta à herança horrenda de José Estaline (mas também de Lenine e Trotsky—ou seja, da Revolução Russa) e ao fim progressivo do estado concentracionário e assassino em que o prometido paraíso proletário se havia transformado. A liberdade, ou pelo menos a não perseguição mortal de quem não pensasse o mesmo que a burocracia instalada e o seu líder, foi entendida por Nikita Khrushchov como uma condição sine qua non para recuperar a Rússia do atraso económico, tecnológico e cultural em que se encontrava relativamente ao Ocidente capitalista. O lançamento do primeiro satélite artificial em 1957, o Sputnik I, seria assim o sinal desta auspiciosa mudança de comportamento e de imagem por parte do principal farol da ideologia comunista mundial.

A Europa capitalista e os Estados Unidos atravessavam então aquela que seria a primeira das suas três gloriosas décadas de prosperidade industrial alimentada a petróleo. A economia mundial do pós-guerra crescia a um ritmo impressionante, e a China, que em breve (1959-60) iria ter o seu próprio petróleo, em vez de depender a 100% das importações deste ouro negro, nomeadamente da então União Soviética, começaria a libertar-se do urso vermelho a partir de 1961—um ano depois do início da produção industrial de petróleo em Daqing.

O arrependimento russo foi, no entanto, insuficiente para suportar a Guerra Fria em quatro continentes e ao mesmo tempo prosperar. Tal como a União Soviética, os demais países que enveredaram por experiências socialistas ou comunistas, incluindo a China, atrasavam-se económica, tecnológica, social e culturalmente em relação aos Estados Unidos, à Europa ocidental, mas também relativamente aos vizinhos que entretanto adotaram, ainda que parcialmente, o código capitalista: Japão, Hong-Kong, Coreia do Sul, Formosa e Singapura.

Os jovens em todo o mundo olhavam cada vez mais para oeste, e cada vez menos para leste. A ideologia da liberdade comercial e inteletual e a religião do consumo revelavam-se muito mais poderosas e eróticas do que a liturgia marxista-leninista, mesmo nas suas variantes pós-estalinistas: maoista, guevarista, castrista ou enveroxhiana. Na realidade, a liturgia marxista revolucionária transformara-se numa caldeirada ideológica que, ora servia como soft power ateu dos regimes comunistas instalados, ora como propaganda nacionalista dos movimentos anti-coloniais, ora como cartilha religiosa dos partidos comunistas e socialistas radicais do Ocidente, ou ainda como cobertura moral de dúzias de intelectuais quase sempre vivendo profissionalmente como funcionários públicos nos países ocidentais cujos regimes recomendavam derrubar. Em suma, o chamado materialismo dialético, e o historicismo judaico-marxista, há muito que eram ciência degenerada.

O caso do PCP é sintomático. Trata-se de um partido formado na resistência contra o Salazarismo, mas o Salazarismo caíu da cadeira sem um verdadeiro empurrão de Álvaro Cunhal.

Quarenta e dois anos depois do 25 de Abril, quarenta e dois anos de um regime que contou sempre com o PCP enquanto parte integrante do mesmo, seja através do seu poder sindical, seja através da sua influência em numerosas autarquias, no setor da educação pública, no setor cultural, ou no setor judicial, seja ainda em múltiplos órgãos de comunicação social, a verdade é que Portugal pouco progrediu em matéria de aproximação aos padrões de crescimento, bem-estar, transparência democrática e desenvolvimento cultural dos mais avançados países capitalistas do planeta, estejam estes na Europa, na América, na Ásia ou na Austrália. E no que progrediu, nada deve às ideologias socialistas ou comunistas, mas sim à inércia do contágio decorrente da sua localização geográfica e integração na União Europeia. Por outro lado, a capacidade dos comunistas convencerem o eleitorado português manteve-se residual ao longo de todas estas décadas, com um máximo eleitoral em 1979, de 1.129.322 de votos (18,8%), e um mínimo de 379.870 (6,9%) em 2002, sendo que em média, desde 2002, a sua votação tem andado sempre abaixo dos 450 mil votos (7,5% a 8,3%).

A situação no resto do mundo não é melhor. Os partidos comunistas praticamente desapareceram, salvo na ex-União Soviética, em Cuba, na Coreia do Norte e na China. Todos estes países são regimes absolutistas e burocráticos, onde não há, e provavelmente nunca haverá, verdadeiro capitalismo. A Rússia e a China são duas formas de capitalismo de estado, por definição opaco, onde predominam o nepotismo partidário, as burocracias e a corrupção, e onde não existe nem democracia, nem liberdade. O seu atraso económico, científico, tecnológico, social e cultural relativamente aos países capitalistas, por mais aflitos que estes estejam, é manifesto. Mesmo a exuberância económica da China, assente numa verdadeira bolha especulativa de estado, tem pés de barro.

Onde está então a racionalidade da propaganda do Partido Comunista Português? Em lado nenhum!

Mas se é assim, porque lhe damos tanta importância, a ponto de termos hoje uma frente popular no poder, ainda que assente numa coligação parlamentar e não num governo de coligação? Poderá o PCP entrar num governo chefiado por António Costa? Ou só aceitará partilhar a penumbra do poder? De onde provém a sua resiliência institucional, ideológica, política e sociológica?

Para respondermos a esta pergunta seria necessário um excurso que não cabe no espaço idóneo de um post. Recomendo, todavia, a leitura de um instrutivo livro de Kojin Karatani: The Structure of World History: From Modes of Production to Modes of Exchange (2014) para ajudar a entender o essencial.

Há uma ideia errada em Marx: a da precedência dos modos de produção relativamente aos modos de troca. Se Karatani estiver certo, e creio que está, então poderemos explicar facilmente este enigma: porque motivo a Rússia continua a ser o inimigo da América e de uma parte da Europa uma vez morta e enterradoa a predominância da ideologia comunista naquelas paragens euroasiáticas? (2)

A resposta é esta: não foi nunca o comunismo —uma quimera que apemas sobrevive sob formas residuais isoladas nalguns lugares recônditos do planeta, ou na memória moral dos povos— que assustou a América, a Europa ou o capitalismo em geral, mas a existência de uma gigantesca nação continental onde há séculos predomina um estado imperial absolutista que, por definição, abomina o capitalismo. O caso é, aliás, semelhante na China. Em ambos os países a propaganda comunista foi uma forma de soft power destinada a manter o 'socialismo num só pais', quer dizer, a alimentar a resistência destes países imperiais à penetração do capitalismo.

Ou seja, o marxismo-leninismo, tal como o estalinismo, e hoje Putin, são afinal barreiras ideológicas contra o capitalismo, não porque promovam a passagem da Rússia a um novo estádio civilizacional e cultural da humanidade, mas porque defendem estádios pré-capitalistas de sociedade onde as burocracias, o autoritarismo e o estado são a lógica predominante deste império continental, cuja coesão seria abalada (como se viu durante a Perestroika) por uma excessiva abertura ao império da moeda e do modo de troca capitalista.

Nos modos de produção, América, Europa, Rússia e China estão de acordo: todos querem a espingarda que uniu o Japão.

Já a possibilidade da livre circulação de pessoas, bens, ideias e capitais, provocarem a desagregação de estados e nações milenares assusta e colocou na defensiva impérios que nunca assentaram predominantemente no comércio externo, mas antes na dimensão e autonomia económica dos seus vatíssimos territórios. Agora que o poder de fogo do petróleo e a abundância de recursos naturais per capita chegou ao fim, impérios continentais como a Grande Rússia, a China, ou a Índia, colocarão de novo a identidade espácio-temporal dos seus territórios materiais no centro estratégico das suas preocupações. É também a falta de petróleo para estender o capitalismo ocidental ao Médio Oriente e ao antigo Império Otomano que agita hoje, da maneira que temos visto, o Islão, quer dizer, o soft power de um império comercial desfeito que procura agora nova oportunidade para renascer.

Foram as grandes religiões monoteístas que permitiram consolidar os estados e as suas expansões imperiais. A inseparável tríade liberdade-igualdade-fraternidade, que cria a própria possibilidade de socialização e universalidade do conhecimento racional e científico, bem como da criatividade cultural aberta, é o soft power do capitalismo que sucede ao predomínio do cristianismo como ultima racio da ação política nos impérios romanos do ocidente e do oriente. Assim como as religiões cristãs criticam o poder de César, mas por outro lado o consagram, também as derivadas do moralismo marxista criticam o capitalismo, mas não conseguem, nem no fundo desejam sobreviver fora das liberdades que este consagra. É por isto mesmo que os comunistas portugueses, o seu partido, os seus sindicatos, as suas câmaras municipais e a sua Festa do Ávante!, ao espevitarem a dramatalogia das desigualdades e injustiças próprias do capitalismo, ao convocarem em cada um de nós, sobretudo aqueles que perderam a fé nos velhos deuses, a revolta diária contra a corrupção e a prepotência dos poderes formais e fáticos da sociedade, tocam naquilo a que Karatani chama a utopia comunista primitiva, um modo de troca assente na proximidade, na reciprocidade e na contenção instintiva do poder.

Se descontarmos os erros de retórica e alguma deformação imaginária, o discurso e a prática do PCP não andam assim tão longe da retórica e praxis milenar dos cristãos organizados, de que a igreja católica portuguesa é a instituição. No fundo, ambas as congregações pregam a utopia com os pés bem assentes na Terra.

Resta-me agora responder à pergunta inicial: poderá o PCP entrar no governo de António Costa? Se seguir a recomendação de Jesus Cristo, não!

NOTAS


Ver esta série imperdível na RTP 3 Play (disponível só por alguns dias)

  1. “PCP, o partido que continua “internacionalista”, “patriótico” e “de todos os trabalhadores”, São José Almeida, Público, 28/8/2016 09:52; “Um “largo historial de procura de entendimentos””, São José Almeida, Público, 28/8/2016 09:51; “Assim foi feito o acordo que afastou a direita do poder”, São José Almeida, Público, 28/8/2016 08:11.
  2. Porque é que os Estados Unidos e a Europa continuam a tratar a Rússia como uma inimiga se a mesma já não é comunista? A resposta a esta pergunta mudará completamente a nossa perceção da diplomacia mundial e do avolumar dos perigosos jogos de guerra em curso. Mas forçará também uma revisão dos nossos preconceitos sobre a esquerda e a direita.

    E ajudará ainda a inverter a nossa perspetiva sobre a natureza belicista dos Estados Unidos, nomeadamente da candidata presidencial Hillary Clinton. A citação que se segue é de um compreensivo artigo sobre a atitude defensiva e não beligerante de Putin perante as constantes provocações do imperialismo ocidental comandado pelo Pentágono.

    “Russia is ready to respond to any provocation, but the last thing the Russians want is another war. And that, if you like good news, is the best news you are going to hear.”

    A whiff of World War III hangs in the air. In the US, Cold War 2.0 is on, and the anti-Russian rhetoric emanating from the Clinton campaign, echoed by the mass media, hearkens back to McCarthyism and the red scare. In response, many people are starting to think that Armageddon might be nigh—an all-out nuclear exchange, followed by nuclear winter and human extinction. It seems that many people in the US like to think that way. Goodness gracious!

    Cluborlov
Atualização: 02/09/2016 09:51 WET

domingo, outubro 27, 2013

Cunhal contra a Europa

Álvaro Cunhal. Foto @ Alfredo Cunha

Jerónimo de Sousa: adesão à União Europeia e ao euro foi um "erro profundo"

O secretário-geral do PCP disse hoje que a adesão à União Europeia "foi um erro profundo" que levou à actual situação do país e sublinhou que o antigo líder comunista Álvaro Cunhal previu os efeitos dessa opção — Económico com Lusa , 27/10/13 18:10.

Haver um partido que se oponha ao euro e à nossa presença da União Europeia é bom para o debate público. Que o PCP venha agora clarificar a sua posição é também positivo, mas exige-se que este partido seja daqui em diante consequente e alternativo nesta matéria. Ou seja, que diga ao país o que faria se fosse governo e se Portugal abandonasse a Zona Euro, ou mesmo a União Europeia. Tim tim tim por tim tim. Sem meias palavras, nem promessas vagas de amanhãs que cantam. Por exemplo, quanto custaria a gasolina, o gasóleo, a eletricidade, o pão e a carne no seu modelo de regresso ao escudo. Em que é que a sua proposta difere da indigência venezuelana?

Álvaro Cunhal foi um devoto estalinista da URSS, mesmo depois desta se ter esfumado sob o peso da sua ineficiência, ortodoxia fundamentalista, injustiça e criminosa corrupção. Na realidade, Cunhal sempre esteve contra a Europa, e imaginou o futuro de Portugal como um Salazarismo de sinal contrário: concentracionário, fundamentalista, paternalista, burocrático, ditatorial, isolacionista, provinciano, corrupto e eternamente injusto. Enquanto o PCP não se libertar desta doença obsoleta, será rejeitado pelos portugueses. Se persistir na irracionalidade, à medida que o proletariado industrial se for reduzindo a uma classe residual, progressivamente substituída por autómatos inteligentes, o PCP acabará por se tornar um partido irrelevante. O determinismo histórico que tanto exaltaram conduziu, afinal, à extinção do proletariado!

sexta-feira, abril 24, 2009

Portugal 99

Europeias 2009 - um bigode faz toda a diferença!

Vital Moreira e Estaline

O número de sargentos e intelectuais estalinistas infiltrados no Partido Socialista augura-lhe o pior dos fados. O perigo eminente de caminharmos paulatinamente para um espécie de estado policial constitucionalmente camuflado deveria preocupar toda a sociedade portuguesa. Não nos iludamos!

A propósito de um vídeo difamatório


22 de Abril de 2009 — Se alguém divulga um documento alheio difamatório para outrem, o divulgador também comete o crime de difamação. Se o crime for cometido através dos media, a pena será agravada. E se a vítima for um membro de órgão de soberania, também tem pena agravada. Além disso, se se tratar de documento de um processo em segredo de justiça, há também o correspondente crime.
O problema é a lentidão da nossa justiça penal... — Vital Moreira em Causa Nossa.

Não há nada pior do que um estalinista-converso (1) ao ideal burguês, ao capitalismo terminal e sobretudo ao irresistível apelo do poder, nem que este venha de um antigo partido socialista profundamente corrompido nos seus ideais genéticos, cínico, tecnicamente incapaz, e tomado de assalto por uma tríade de piratas com insondáveis desígnios.

Basta olhar para o comportamento indecoroso de criaturas da laia de Mário Lino, José Magalhães ou Pina Moura, para estimarmos sem grande margem de erro qual vai ser o futuro de Vital Moreira: degradante! Este homenzinho de bigode que quer ficar na história, não como professor associado de direito e especialista de uma Constituição que é a alma infeliz do regime saído da revolução de 1974, mas como deputado de algo em que não acredita, a Europa, é tudo o que resta de uma criatura inteligente, mas sem princípios.

Mário Lino diz e faz tudo e o seu contrário desde que a ordem telefónica venha de Jorge Coelho, Ricardo Salgado ou Stanely Ho, rindo-se às gargalhadas enquanto chafurda na sua incorrigível falta de ética e amor-próprio. José Magalhães adora a sua nova função policial no ministério do interior, escrutinando putas brasileiras nos aviões da easyJet e da Ryanair, quando as estatísticas dizem claramente que elas preferem a TAP (2). Pina Moura entrega-se de alma e coração à tentativa de vender por um prato de lentilhas os rios e a rede eléctrica portuguesa a Espanha. E Vital Moreira, salivando como qualquer cachorrinho de Pavlov, antes mesmo de o PS socratino começar a cobrar seja o que for da sua nova prestação servo-partidária, não resistiu a soltar sibilinamente a sua íntima propensão para as lógicas inquisidoras oriundas da sua dupla condição de portuga manhoso e estalinista. Ele, que deveria falar da Europa, perguntando e respondendo se José Sócrates pode ir ao Reino Unido sem risco de ser interrogado pelo Serious Fraud Office (3), estreia-se como candidato do PS às eleições para o parlamento europeu, ameaçando de prisão 10 milhões e meio de portugueses por causa do papagaio mitómano que inadvertidamente deixámos chegar a primeiro ministro de Portugal.

É por estas e por outras que recomendo insistentemente que nas três eleições que se avizinham se vote nos partidos minoritários (Bloco de Esquerda, PCP-PEV e até no CDS!), para assim garantirmos a derrota do Bloco Central da Corrupção, principal responsável do estado pré-comatoso em que o nosso país se encontra.

Derrotar a grande corrupção que tolhe Portugal em resultado da captura da economia e do Estado pelo sector financeiro e da especulação bolsista, e em resultado ainda da captura do sistema partidário pelo consórcio financeiro-industrial da construção civil, é a prioridade das prioridades. Quem não entender que é vital meter na prisão umas dezenas largas de grandes corruptos, está a iludir-se e a contribuir, ainda que por omissão, para uma tragédia política sem precedentes.

Do ponto de vista da sustentabilidade económica, Portugal está hoje pior do que estava no início da guerra mundial de 1939-1945, e muito perto da situação de colapso sistémico do regime que pôs fim à Primeira República. Só desencadeando um ataque fulminante contra a corrupção, dirigido claramente à rede criminosa aninhada no Bloco Central, seremos capazes de, em primeiro lugar, retomar o controlo democrático dos recursos vitais e sectores estratégicos da nossa economia (energia, água e sector financeiro), e em segundo, evitar a implosão de um regime seriamente ameaçado pelo espectro da dívida perpétua!

Boa parte da economia ocidental afocinhou ao longo dos últimos vinte anos nos casinos bolsistas. O resultado destes monumentais esquemas piramidais é um buraco negro chamado Derivados, ou Derivativos, que continua a engolir a ritmo acelerado fundos de investimento e de pensões, empresas, bancos e a própria soberania de um número crescente de países.

A decadência do capitalismo neoliberal não podia ser mais catastrófica. Persistir no erro, reiterando as lógicas privatizadoras que visam entregar aos monopólios, oligopólios e cartéis desta economia criminosa, o controlo de portos, aeroportos, estradas, abastecimento de água, combustíveis e energia eléctrica, ou ainda da reciclagem dos lixos municipais, quando as principais economias emergentes (China, Índia, Rússia, Brasil), já para não dizer a generalidade dos países, à medida que a crise vai exibindo o logro da globalização neoliberal, regressam à ideia sensata de manter sob domínio público aquilo que é público de origem e por natureza, é uma forma de suicídio. Os países, como as pessoas, às vezes, suicidam-se. Cabe a cada um de nós, mas sobretudo às colectividades, lutar contra tal eventualidade.

Quanto ao senhor Vital, fica já a saber que jamais votarei nele, e sobretudo no que a sua cobardia ética representa. E já agora, por mero prurido estético, quando é que resolve rapar esse seu indecente bigode estalinista?!


NOTAS
  1. Mas que teve o cuidado de jamais abjurar o credo que lhe deu notoriedade, ou fazer a competente auto-crítica.
  2. Easyjet critica declarações de José Magalhães (23-11-2006, DN)
  3. A entrevista combinada entre a RTP e José Sócrates foi uma decepção e mais uma cortina diáfana lançada sobre o escândalo Freeport. Efectivamente, há pelo menos quatro perguntas que eu gostaria de colocar a José Sócrates, sem ter que perder um segundo com as ameaças dos seus cães de fila:
    • como explica, senhor José Sócrates, que o Serious Fraud Office o considere como principal suspeito de corrupção no chamado Caso Freeport?
    • acha que pode visitar o Reino Unido sem correr o risco de ser chamado a depor pelo Serious Fraud Office?
    • porque não se disponibilizou até agora a prestar declarações à Justiça Portuguesa, tendo nomeadamente em vista dissipar difamações e suspeitas relativamente ao seu envolvimento no Caso Freeport?
    • dado o alto cargo público que ocupa e as presentes circunstâncias, não considera que seria de interesse público divulgar a origem e o montante de todos os seus rendimentos e bens adquiridos entre o início do processo de licenciamento do Freeport e a actualidade?

OAM 576 24-04-2009 15:06 (última actualização: 17:09)