Mostrar mensagens com a etiqueta H5N1. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta H5N1. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, abril 28, 2009

H1N1

Comam menos carne!



Para seguir em tempo real no Google maps...

As pandemias que ameaçam em ciclos cada vez mais curtos a humanidade são um subproduto evidente da ganância humana. Na origem da última Gripe Aviária e da explosão do vírus H5N1, tal como a pandemia que agora alastra rapidamente, provocada pelo vírus H1N1, e baptizada com o nome de Gripe Suína, estão as agro-indústrias financiadas pelo capital especulativo mundial. Neste caso, a empresa americana —sediada e associada a uma congénere mexicana, de nome Granjas Carroll—, cujas cotações em bolsa começaram a cair a pique, chama-se Smithfield Foods, Inc.

A concentração e clausura de milhões de porcos, de aves e de bovinos em explorações que nada vêem à frente se não as metas da especulação bolsista, são os principais responsáveis pelas catástrofes biológicas em curso, cujo controlo se vem tornando com o tempo cada vez mais difícil de conseguir. Quando um presidente americano, ou chinês, morrer de uma tempestade de citocina, em reacção a uma pandemia virulenta, então discutiremos seriamente a necessidade de acabar com o negócio concentracionário da carne.

Portugal deveria definir uma política inteiramente avessa às grandes multinacionais agro-pecuárias (1), proibindo por razões ambientais várias fileiras de produção agro-industrial de carne no nosso país. Deveria, pelo contrário, apostar nos métodos tradicionais de criação de animais para alimentação, ainda que com todas as garantias de higiene e cuidados sanitários proporcionados pelas ciências veterinárias. Um país pequeno como Portugal não tem condições para deixar instalar grandes explorações agro-industriais, seja no sector das plantações transgénicas, seja no da produção de carne. Os inconvenientes e perigos oriundos das invasões e contaminações transgénicas no universo vegetal, bem como os perigos catastróficos da contaminação dos lençóis freáticos, rios, ribeiras, lagos e albufeiras pelas fezes e urinas de milhões de suínos, caprinos, bovinos e aves, são uma desvantagem, um custo e sobretudo um perigo social inaceitáveis. O negócio, esse aproveita apenas a uns poucos, que na hora do desastre desaparecem sob uma bateria de agências de comunicação e escritórios de advogados, sempre dispostos a rastejar perante quem lhes paga bem.

É preciso vigiar os aeroportos principais (Portela, Sá Carneiro, Faro, Ponta Delgada e Terceira), assim como os aeroportos secundários (especialmente o de Tires), com prontidão e equipamento de despiste à altura das circunstâncias. O governo que faça o que tem a fazer e depressa, em vez de continuar a inundar o país de propaganda eleitoral mitómana.

Finalmente, no quadro da actual depressão económica mundial, esta pandemia terá impactos catastróficos nos sectores da aviação comercial, turismo, hotelaria e fileiras de produção de carne industrial. Comam menos carne e procurem os vegetais, legumes e frutas locais. Eu não dispenso a Feira de Carcavelos, nem os produtores vinícolas do Grande Estuário — que visito com frequência crescente.


NOTAS
  1. Ao contrário do que fomos levados a supor, na União Europeia mais de 40% dos subsídios agrícolas comunitários vão parar aos bolsos de menos de 2% dos beneficiários envolvidos na actividade agrícola. Enquanto uma empresa agrícola de pequena dimensão recebeu em média, no ano de 2005, €8.000, as grandes empresas agrícolas receberam em média €200.000.

    Leia-se a propósito este artigo do Spiegel Online:
    WHO GETS EU AGRICULTURE SUBSIDIES?
    German Minister Blocking Push for Transparency
    By Hans-Jürgen Schlamp in Brussels

    German Agriculture Minister Ilse Aigner doesn't want to follow an EU directive requiring member states to publish how much individual farmers receive in subsidies. She claims it is a matter of privacy, but some suspect Aigner is aiming to secure votes for her party in the European Parliament.

    Each year, the Queen of England receives several hundred thousand euros, as do her son Charles, the Duke of Westminster and the Earl of Plymouth. Despite their frequent criticism of Brussels, the British nobility aren't above taking a share of the European Union's agricultural grant money.

    ... One reason to be suspicious can be found in the fact that around 80 percent of German farmers -- the majority of whom are small farmers -- share only a quarter of this agricultural budget. In 2005, that averaged out to about €8,000 per farm. Meanwhile, 40 percent of all the premiums go to large-scale farmers and former agricultural production cooperatives, which make up only about 2 percent of the farmer population. On average, they receive €200,000 each.

    But even that looks like small peanuts next to the money pouring into the agricultural industry. Take, for example, companies like Germany's Südzucker AG, its British competitor Tate and Lyle, German energy providers Rheinbraun or RWE, the Dutch multinational Unilever or Switzerland's Nestlé. These companies receive almost half of all EU agricultural subsidies, all because they turn rapeseed into diesel or wine into fuel, add milk to animal feed or ice cream, or make butter to bake pastries or feed airline passengers. — in Spiegel Online, 27-04-2009.

REFERÊNCIAS

  • US CORPORATE PIG FARM POSSIBLE FLU EPICENTER
    By Elaine Supkis

    April 28, 2009 — It turns out, the epicenter of this H1N1 outbreak might possibly have been connected to a huge agribusiness pig farm in Oaxaca, Mexico. Smithfield denies they are the cause. We won’t know unless there is an investigation. Corporate pig farms are one of the top industrial-animal businesses that irritate neighbors and menace communities. For example, during hurricanes and floods, the pig feces ponds can overflow and the concentrations of nutrients kills plants and spreads diseases. — in Culture of Life News.

  • Mexico says suspected swine flu deaths now at 149
    By Peter Orsi - 28-04-2009

    MEXICO CITY (AP) — Mexico canceled school nationwide Monday and warned the death toll from a swine flu epidemic believed to have killed 149 people would keep rising before it can be contained. Health Secretary Jose Angel Cordova said 20 of the deaths have been confirmed to be from swine flu and the government was awaiting results on the others.

    "We are the most critical moment of the epidemic. The number of cases will keep rising so we have to reinforce preventive measures," Cordova said at a news conference that was briefly shaken by an earthquake centered in southern Mexico.

    ... Cordova also suggested an earlier timeline for documented swine flu cases inside Mexico. The first death confirmed by the government involved a woman who succumbed from swine flu on April 13 in southern Oaxaca state. But Cordova said tests now show that a 4-year-old boy contracted the disease at least two weeks earlier neighboring Veracruz state, where a community has been protesting pollution from a large pig farm.

    The farm is run by Granjas Carroll de Mexico, a joint venture 50 percent owned by Virginia-based Smithfield Foods, Inc. Spokeswoman Keira Ullrich said the company has found no clinical signs or symptoms of the presence of swine influenza in its swine herd or its employees working at its joint ventures anywhere in Mexico.

    But local residents are convinced they were sickened by air and water contamination from pig waste.

  • US HOT STOCKS: GM, Smithfield Foods, Continental Airlines

    April 27, 2009 (WSJ) — U.S. stocks were lower Monday as the Dow Jones Industrial Average slid 1% to 7996, the Standard & Poor's 500 lost 1.2% to 855 and the Nasdaq Composite declined 1% to 1677. Among the company's whose shares are actively trading in the session are General Motors Corp. (GM), Smithfield Foods Inc. (SFD) and Continental Airlines Inc. (CAL).

  • 2009 swine flu outbreak

    The 2009 swine flu outbreak is the spread of a new strain of H1N1 influenza virus that was first detected by public health agencies in March 2009. Local outbreaks of influenza-like illness were first detected in three areas of Mexico, but the new strain was not clinically ascertained as such until a month later in cases in Texas and California, whereupon its presence was swiftly confirmed in various Mexican states and Mexico City; within days isolated cases elsewhere in Mexico, the U.S., the Northern Hemisphere were also identified. By April 27, the new strain was confirmed in Canada, Spain, and the United Kingdom and suspected in many other nations, including New Zealand, with over 2,400 candidate cases, prompting the World Health Organization (WHO) to raise their pandemic alert level to 4. A level 4 warning officially means that the WHO considers that there is "sustained human to human transmission"; whereas levels 5 and 6 represent "widespread human infection".

    The new strain is an apparent reassortment of several strains of influenza A virus subtype H1N1, including a strain endemic in humans and two strains endemic in pigs, as well as an avian influenza. — in Wikipedia.

  • Cytokine storm

    It is believed that cytokine storms were responsible for many of the deaths during the 1918 influenza pandemic, which killed a disproportionate number of young adults. In this case, a healthy immune system may have been a liability rather than an asset. Preliminary research results from Hong Kong also indicated this as the probable reason for many deaths during the SARS epidemic in 2003.[citation needed] Human deaths from the bird flu H5N1 usually involve cytokine storms as well.[citation needed] Recent reports of high mortality among healthy young adults in the 2009 swine flu outbreak point to cytokine storms as being responsible for these deaths. — in Wikipedia.

  • The ancient Virus World and evolution of cells
    By Eugene V Koonin1, Tatiana G Senkevich and Valerian V Dolja

    The existence of several genes that are central to virus replication and structure, are shared by a broad variety of viruses but are missing from cellular genomes (virus hallmark genes) suggests the model of an ancient virus world, a flow of virus-specific genes that went uninterrupted from the precellular stage of life's evolution to this day. This concept is tightly linked to two key conjectures on evolution of cells: existence of a complex, precellular, compartmentalized but extensively mixing and recombining pool of genes, and origin of the eukaryotic cell by archaeo-bacterial fusion. The virus world concept and these models of major transitions in the evolution of cells provide complementary pieces of an emerging coherent picture of life's history. — in Biology Direct.

  • Swine Flu in BBC News

OAM 580 28-04-2009 13:40

terça-feira, abril 04, 2006

H5N1

Indústria, na origem da gripe aviária
Porquê culpar as aves selvagens?

por ASHOK B SHARMA (Finantial Express, Bombaím), 06 mar 2006.


Não é só na India, que as aves de criação industrial são a causa da disseminação mundial da gripe aviária.

Vários estudos mostram que a indústria aviária transnacional está na origem do problema. A expansão da produção industrial de aves para abate e das respectivas redes de comércio criaram as condições ideais para a emergência e transmissão de vírus letais tais como a variante H5N1 do vírus responsável pela gripe aviária.

No interior das explorações aviárias os vírus tornam-se letais e multiplicam-se. O ar carregado de concentrações virais oriundas de explorações infectadas espalha-se a quilómetros de distância, ao mesmo tempo que as redes integradas de distribuição chrome://foxytunes-public/content/signatures/signature-button.pngdisseminam a doença através de múltiplos portadores, tais como as aves vivas e o respectivo estrume.

Em termos relativos, pode dizer-se que não são as aves de capoeira que estão a potenciar a actual vaga de surtos epidémicos que atinge grandes zonas do globo. O epicentro destes surtos são os aviários da China e Sudeste Asiático. Segundo estudos recentes, ainda que as aves selvagens possam transportar os vírus, pelo menos a pequenas distâncias, estes são na realidade espalhados pela falta de higiene das explorações aviárias industriais.

Isto é especialmente verdadeiro no caso do recente surto da gripe aviária na India. O epicentro do surto foram 18 explorações industriais em e à volta de Navapur, em Maharashtra, onde não existe nenhum santuário de aves migratórias por perto.

A Organização para a Alimentação e a Agricultura das Nações Unidas referiu em Novembro de 2005, que "Até à data, os testes extensivos realizados em aves migratórias clinicamente sãs, nos países infectados, não produziram quaisquer resultados positivos relativamente ao H5N1." Mesmo nos casos conhecidos de H5N1 em aves selvagens na Europa, os especialistas concordam que tais aves terão sido provavelmente infectadas na região do Mar Negro, onde o H5N1 se encontra fortemente disseminado entre as aves de criação, vindo a morrer enquanto se dirigiam para oeste, fugindo às inusitadas baixas temperaturas.

A causa da disseminação do H5N1, atribuída aos gansos do Lago Qinghai no norte da China, foi negada pela BirdLife International, apontando o facto de aquele lago estar rodeado de explorações pecuárias. Estas explorações integram unidades de piscicultura onde as fezes dos galináceos são comummente utilizadas como alimento e adubo. Além disso, as redes ferroviárias ligam esta região às áreas onde se deram os surtos de gripe aviária, nomeadamente Lanzhou.

As aves selvagens e as aves de capoeira são as vítimas e não os portadores da doença. Ainda segundo a BirdLife International, a distribuição geográfica da doença não coincide com as rotas migratórias e correspondentes épocas de migração.

Um estudo efectuado por uma organização global, Grain, mostra que as aves migratórias e as aves de capoeira não são vectores efectivos da gripe das aves. Na Malásia, por exemplo, a taxa de mortalidade do H5N1 entre as galinhas de aldeia é de apenas 5%, indicando que o vírus tem dificuldades em disseminar-se entre pequenos bandos de galináceos. O surto de H5N1 no Laos, que está rodeados de países infectados, ocorreu apenas nos poucos aviários existentes, que por sua vez foram fornecidos de pintos por incubadoras Tailandesas.

O único caso de gripe aviária ocorrida num galinheiro, que no Laos é responsável por 90% da produção de aves domésticas para consumo, ocorreu perto de uma exploração aviária industrial.

Os surtos letais de gripe das aves tiveram lugar em grandes explorações aviárias na Holanda em 2003, no Japão em 2004 e no Egipto em 2006. O surto que ocorreu na Nigéria no início deste ano ocorreu numa única exploração pecuária afastada dos zonas frequentadas pelas aves migratórias, mas conhecida pela importação de ovos não certificados para incubação .

Em Setembro de 2004, as autoridades do Camboja concluíram que a origem de um surto da gripe das aves fora um fornecimento de pintos da empresa Tailandesa , Charoen Pokphand. Este conglomerado agro-industrial domina a indústria de rações e é o maior fornecedor de pintos à China, Indonésia, Vietnam e Turquia, que também conheceu alguns surtos de gripe aviária. A Ucrânia, onde ocorreu um surto de gripe aviária, importou 12 milhões de aves vivas em 2004 daquela mesma empresa.

A Rússia apontou as rações aviárias como uma das principais suspeitas de estarem na origem de um surto de H5N1 numa grande exploração pecuária na província de Kurgan.

Um boletim do e_Pharmail afirmou que o surto de gripe aviária em Maharashtra pode ter ficado a dever-se à inoculação de uma vacina impropriamente preparada (vírus inactivos) em aves, alegadamente distribuída pela Venkateshwara Hatcheries.

versão original em Inglês


Última hora
: [6 Abril 2006] H5N1 NA ESCÓCIA — o cisne mudo selvagem encontrado morto em Cellardike pertence a uma espécie residente e não migratória. Ou seja, é bem mais provável que o animal tenha sido vitimado pelo H5N1 na própria zona —onde existem 175 explorações industriais de aves e produtos relacionados (ovos, pintos para criação, etc.), com 3,1 milhões de aves, dedicando-se 48 das referidas explorações à criação de mais de 260 mil aves ao ar livre—, do que o contrário, i.e. que o pobre cisne mudo tenha entrado em contacto com alguma ave migratória que por ali tenha passado. Se as aves migratórias fossem os principais portadores do H5N1 teríamos que ver muitos milhares de aves selvagens mortas por aí, não é verdade? Porque será que boa parte dos casos até agora detectados ocorreram nas proximidades de explorações pecuárias industriais?

CONSELHO: comece a pensar em evitar o consumo de aves e seus derivados oriundos da indústria aviária nacional e internacional: frangos, galinhas, patos, codornizes, perus, ovos, fiambes de aves. Só metendo toda a cadeia produtiva e de distribuição de quarentena podemos atacar radicalmente o problema. Os prejuízos devem pagá-los os seus primeiros responsáveis, ou seja, uma indústria que não olha a meios para engordar à custa da saúde pública. Ao mesmo tempo, devemos exigir uma investigação efectiva sobre a origem e o negócio em volta do TAMIFLU, bem como sobre a origem e contornos mediáticos do alarme social promovido em volta do H5N1 e da gripe das aves.

Ver, a propósito desta notícia, o relato da BBC online


Para complemento deste artigo ler o Documento Informativo da SPEA (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves) e a Declaração da BirdLife International sobre o mesmo tema.



OAM #115 04 ABR 2006