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segunda-feira, março 14, 2016

Vítor Constâncio Superstar



Mario Draghi e Vítor Constâncio encostam a Alemanha às cordas


In defence of Monetary Policy 
Opinion piece by Vítor Constâncio, Vice-President of the ECB
ECB, 11 March 2016 
The notion that monetary policy alone cannot raise trend growth is mostly true but trivial, especially if the challenges of secular stagnation highlighted by Robert Gordon in his brilliant new book are considered.
[...]
“Structural reforms are essential for long-term potential growth, but it is difficult to see how they could spur growth significantly in the next two years, especially when the current problem is lack of global demand”.
[...]
To normalise inflation in the euro area we urgently need higher growth that can reduce negative output and unemployment gaps, using all really available policies. If not monetary policy, then what?Começa a ficar claro de onde vem a frase 'virar a página da austeridade': do BCE! 

Percebe-se agora a gaffe de Moscovici, seguida de um recuo acordado na condição de que o fiasco não fosse explorado por António Costa.

Parecera há dias, ao comissário europeu, que não poderia admitir em Portugal um alívio da austeridade quando o socialista Hollande está a infligir aos franceses um suplício financeiro, económico e social semelhante ao que Passos Coelho e Portas foram forçados a impor aos portugueses depois de um desvario de duas décadas de economia especulativa, populismo partidário, endividamento pornográfico e uma corrupção desenfreada.

Moscovici desconhecia naturalmente que o BCE iria proceder a uma monetização radical das dívidas europeias, contornando a célebre interdição alemã à emissão de obrigações europeias (eurobonds).

A conferência de imprensa do BCE do dia 10 de março de 2016 poderá ter sido a última tentativa de Mario Draghi e Vítor Constâncio evitarem reconhecer que a deflação veio para ficar e que deriva exclusivamente de uma quebra duradoura da procura agregada mundial, a qual, por sua vez, inaugurou, no início deste século, uma nova era de crescimento débil na economia, desemprego estrutural prolongado, diminuição dos rendimentos do trabalho e do capital, falência dos governos e dos estados sociais nas suas atuais configurações, tensões sociais e, por fim, a emergência dos novos paradigmas que fundarão a sociedade global pós-capitalista.

Duas deputadas europeias portuguesas poderão ter dado um auxílio precioso a Vítor Constâncio e a Mario Draghi neste verdadeiro tour de force conceptual do BCE. São elas Maria João Rodrigues e Elisa Ferreira. Por acaso, ou talvez não, duas socialistas particularmente inteligentes e determinadas.

Percebo agora claramente o otimismo de António Costa, e a razão do seu ataque ao governador do Banco de Portugal. Como cheguei a sugerir no programa televisivo Política Sueca, a grosseria do atual PM para com Carlos Costa tinha as costas quentes, ou melhor, um patrocínio de peso!

No dia 11 de março de 2016, um post do vice-presidente do BCE, no blog da instituição, causou algum furor nos meios financeiros internacionais

Após a conferência que reduziu a zero a taxa de juro de referência do Banco Central Europeu, que anunciou taxas de juro negativas para os depósitos bancários preguiçosos, estacionados no BCE, e que anunciou a emissão virtual de 80 mil milhões de euros mensais destinados a ensopar uma das maiores, ou mesmo a maior restruturação de dívidas até hoje levada a cabo na Europa, Vítor Constâncio veio anunciar Urbi et Orbi que não existe outra saída para esta monumental crise.

Depois de recomendar o último livro de Robert J. Gordon, defende o que é mais ou menos óbvio há já alguns anos, mas que os políticos e a generalidade dos macro-economistas se recusam a admitir: estamos a viver o início de uma estagnação secular.

Ora se a estagnação secular e a deflação que a precede já estão entre nós, e se a era de equilíbrio dos preços (como lhe chama David Hackett Fisher) se anuncia no horizonte, prometendo novos paradigmas energéticos, tecnológicos, sociais e culturais, parece evidente, a Vítor Constâncio e a todos nós, que as chamadas reformas estruturais e a repressão fiscal das classes médias não são, nem poderão nunca ser, o remédio de curto prazo para um problema que é, afinal, secular. Muito pelo contrário, os factos analisados, nomeadamente pelo FMI e pela OCDE, apontam para a evidência de um agravamento e aceleração da própria crise de crescimento, ou seja, para maior estagnação, maior deflação, e crises sociais, políticas e diplomáticas potencialmente explosivas, nomeadamente se se insistir em consolidações fiscais demasiado agressivas e desiguais (corporativas, burocráticas, plutocráticas, ou populistas).

Significa esta tese que o endividamento público poderá continuar?

Não, mas vai ser necessário prever e financiar períodos de adaptação mais longos e graduais do que os que foram experimentados em Chipre, na Grécia, na Irlanda, em Espanha ou em Portugal. Ou seja, vamos ter que passar de uma austeridade violenta e cega, para uma austeridade inteligente.

Neste transe, o sistema financeiro continuará a ser decisivo, mas já não poderemos contar com os bancos tradicionais como fizemos até 2008. Sobretudo com os bancos de investimento que acabaram, praticamente todos, por degenerar em lixeiras de produtos derivados especulativos, boa parte dos quais oriundos da tentativa desesperada de fugir ao que Karl Marx designava por lei da queda tendencial da taxa de lucro, i.e. lei da queda tendencial das taxas de exploração do trabalho, a que podemos acrescentar os limites ao crescimento impostos pela própria Natureza.

Perfila-se no horizonte um novo sistema financeiro protagonizado pelos bancos centrais dos Estados Unidos, da Eurolândia, do Japão e da China. Tudo o resto, de algum modo, ficará sob o poder das decisões que estas instituições globais tomarem. O fim das notas de 500 euros, e o fim das notas de 200 dólares são apenas o prenúncio de algo inesperado, que não estava certamente nas agendas dos epígonos do marxismo.

Graphic; McKinsey



NOTA

O surpreendente post de Vítor Constâncio evoca o mais recente livro de Robert J. Gordon, The Rise and Fall of American Growth: The U.S. Standard of Living since the Civil War, mas poderia também evocar outros títulos e reflexões fundamentais e publicados ao longo dos últimos quarenta anos:
  • The Limits to Growth (1972) de Donella H. Meadows, Dennis L. Meadows, Jørgen Randers, and William W. Behrens III, 
  • a primeira edição inglesa (1973) dos célebres Grundrisse (1858), de Karl Marx, 
  • The Rise and Fall of the Great Powers: Economic Change and Military Conflict from 1500 to 2000 (1987), de Paul Kennedy, 
  • The End of Work (1995), de Jeremy Rifkin, 
  • The Great Wave: Price Revolutions and the Rhythm of History (1996), de David Hackett Fischer, 
  • e ainda o recém publicado Postcapitalism (2016), de Paul Mason.
Entretanto, vale a pena começar por ler este comentário e a pergunta de Malcolm Barr a propósito do post de Vítor Constâncio.

ECB vice president Vítor Constâncio has published an “opinion piece” on the ECB website, entitled “In Defence of Monetary Policy” – an unusual step the day after an ECB decision.
The Guardian, 11/3/2016 13:20 (Updated at 2.20pm GMT)

Malcolm Barr at JPMorgan Chase says he can’t recall any instances of senior ECB officials putting pen to paper (as opposed to giving interviews) so soon after an ECB decision. In his view, two things in this piece stand out. One he would welcome, the other he finds thoroughly confusing. 
A reality check on fiscal policy and structural reform. Constancio points out that there are significant legal and political constraints on the ability of countries to use fiscal policy to stimulate growth. In his words “countries that could use fiscal space, won’t; and many that would use it, shouldn’t”. The hint that these constraints may be at least a little unhelpful reflects the drift of opinion on this issue we have been seen of late from the leadership of the ECB. What Constancio has to say about structural reform, however, cuts somewhat against the grain. Pointing out that structural reforms tend to be deflationary in the first instance, he states: “Structural reforms are essential for long-term potential growth, but it is difficult to see how they could spur growth significantly in the next two years, especially when the current problem is lack of global demand”. We agree, and it is refreshing to see the ECB acknowledge this so openly. 
Why the bound at -0.4%? Having argued that monetary policy has had to step into the void left by other policies, Constancio argues that monetary policy has boosted growth by around two-thirds of a percentage point over the last two years. But “all policies have limits. In the case of the instruments, we are now using, this is particularly true of negative interest rates on our deposit facility. The reasons are more fundamental than just the effect on banks”. At this point Constancio cites a recent blog by Cecchetti and Schoenholtz, before pointing out that bank returns on equity in the Euro area went up in 2015 despite negative rates. But if it is not the impact on bank profitability that sets a limit to the usefulness of negative rates, then what is the “more fundamental” reason?

Do nosso habitual crítico anti União Europeia, Ambrose Evans-Pritchard, mais uma acha para a fogueira...

ECB's Draghi plays his last card to stave off deflation
By Ambrose Evans-Pritchard
Telegraph, 10 MARCH 2016 • 9:21PM

Professor Richard Werner from Southampton University, the man who invented the term QE, said the ECB’s policies are likely to destroy half of Germany’s 1,500 savings and cooperative banks over the next five years. They cannot pass on the negative rates to savers so their own margins are suffering. “They are under enormous pressure from regulatory burdens already, and now they are reaching a tipping point,” he said. These banks make up 70pc of German deposits and provide 90pc of loans to small and medium firms, the Mittelstand companies that form the backbone of German industry.
Prof Werner said these lenders are being punished in favour of banks that make their money from asset bubbles and speculation. “We have learned nothing from the financial crisis. The sooner there is a revolt in Germany, the better,” he said.

REFERÊNCIAS

The Rise and Fall of American Growth: The U.S. Standard of Living since the Civil War (2016) By Robert J. Gordon

TED conference by Robert J. Gordon

Postcapitalism (2016)
By  Paul Mason

In these musings, not published until the mid-20th century, Marx imagined information coming to be stored and shared in something called a “general intellect” – which was the mind of everybody on Earth connected by social knowledge, in which every upgrade benefits everybody. In short, he had imagined something close to the information economy in which we live. And, he wrote, its existence would “blow capitalism sky high” (LINK)

The Great Wave: Price Revolutions and the Rhythm of History (1996)
By David Hackett Fischer

The End of Work (1995)
By Jeremy Rifkin

The Rise and Fall of the Great Powers: Economic Change and Military Conflict from 1500 to 2000 (1987)
By Paul Kennedy

Grundrisse (1857/58; ET 1973)
By Karl Marx

[“The Fragment on Machines” ; on the General Intellect]

Nature builds no machines, no locomotives, railways, electric telegraphs, self-acting mules etc. These are products of human industry; natural material transformed into organs of the human will over nature, or of human participation in nature. They are organs of the human brain, created by the human hand; the power of knowledge, objectified. The development of fixed capital indicates to what degree general social knowledge has become a direct force of production, and to what degree, hence, the conditions of the process of social life itself have come under the control of the general intellect and been transformed in accordance with it. To what degree the powers of social production have been produced, not only in the form of knowledge, but also as immediate organs of social practice, of the real life process.

sexta-feira, outubro 25, 2013

Desmantelar a espionagem americana na Europa?

Angela Merkel classifica espionagem americana de 'inaceitável'.
Foto ©Reuters/Fabrizio Bensch

O tiro do dólar contra o euro começa a desmoronar-se com estrondo

França e Alemanha vão liderar negociações anti-espionagem com os Estados Unidos
Revelações de Edward Snowden marcam cimeira de líderes europeus — Público, 25/10/2013 - 06:56.

Eu se fosse a Merkel a primeira coisa que exigiria dos países sob ajuda comunitária é que pusessem imediatamente na rua os agentes infiltrados nos respetivos estados pelo governo e sistema financeiro americanos. A guerra financeira do dólar conta o euro foi montada com base numa rede de espionagem e pressão sobre os governos europeus. É preciso desfazer esta rede imediatamente!

As relações entre a Goldman Sachs, o Citibank, o JPMorgan e Portugal devem ser analisadas em pormenor e, se for o caso, investigadas criminalmente. Os conflitos de interesse implícitos em pessoal do governo em funções, como é o caso do senhor Moedas, precisam de ser esclarecidos cabalmente, para sossego de todos nós.

quarta-feira, setembro 07, 2011

Derivatives

A Besta dos Derivados Financeiros

Touro morto na arena, Pamplona. Bernat Armangue—photo/AP (versão mod. p/ PB)

Aquilo a que se chama produtos "tóxicos" são regra geral (1) contratos de derivados financeiros, complexos (porque agrupam vários produtos financeiros em pacotes embrulhados com designações que não permitem ver o que está lá dentro), e negociados por debaixo da mesa, i.e. fora da bolsa e das demais praças (como são, por exemplo, os mercados públicos das "commodities": café, petróleo, trigo, arroz, carne argentina, etc.) A esta negociação fora dos mercados "transparentes" chama-se OTC: Over The Counter, que eu traduzo Por Debaixo da Mesa, na medida em que tais contratos, embora registados no seu valor, não são negociados em praças públicas (bolsas, etc.) e escapam aos organismos de supervisão financeira.

O derivado mais antigo e simples, que não é necessariamente "tóxico", é o chamado contrato de futuros, por exemplo, um seguro de colheitas, um seguro contra naufrágios, um seguro contra falências, ou contra alterações cambiais, etc. Um contrato de promessa de compra e venda de trigo por um dado valor numa dada moeda realizado antes da colheita é um bom exemplo de um contrato de derivados (não financeiro). Estes contratos existem desde que há comércio marítimo de longa distância, mas com a exportação progressiva das actividades produtivas (extração de matérias primas, produção industrial, serviços) do Ocidente para os chamados países emergentes, a base material da economia ocidental (a começar pela sobre endividada economia dos EUA) começou a decair. O modo como os gurus de Wall Street (de que tais Big Five são a marca distintiva) reagiram a esta perda progressiva de riqueza real foi precisamente a especulação com os mercados de futuros, tornando este tipo de contratos cada vez mais elaborados, opacos e fortemente apostados em ganhar dinheiro a partir de operações de risco: por exemplo, apostando na falência de um banco, ou de um país, apostando na subida e descida das taxas de juro interbancários, ou na subida e descida das taxas de juro das Obrigações soberanas no mercado secundário das dívidas públicas, etc.

Apostar contra/a favor das  taxas de juro, ou a favor/contra as taxas de câmbio, são o principal jogo da especulação financeira mundial de há umas duas décadas para cá, muito à frente das apostas no mercado imobiliário especulativo (de que o Subprime foi o mais recente exemplo), precisamente através dos tais produtos "tóxicos" que compõem o mercado de derivados financeiros: CDO (Credit Debt Obligations), CDS (Credit Default Swaps), Options, Naked Short Selling (vendas a descoberto sem garantia de recompra), etc....

Um dos principais estímulos concertados desta monumental bolha especulativa foi o chamado Yen Carry-Trade, i.e. a especulação com a moeda japonesa, e com as suas baixíssimas taxas de juro interbancário. Porém, no momento em que a China começou a emular este estratagema, e os Estados Unidos também decidiram optar por uma política de desvalorização agressiva do dólar e de destruição das taxas de juro, colocando-as cada vez mais perto de zero, o Yen Carry-Trade entrou em colapso, e com este colapso, começou o turbilhão desse inimaginável buraco negro financeiro chamado derivados.

A partir do momento em que estes produtos se autonomizaram a ponto de serem vistos e transaccionados como fichas de um gigantesco casino, o monstro do mercado de derivados financeiros começou a crescer exponencialmente. Hoje este mercado tem um valor "nocional" —quer dizer, um potencial de exposição ou de risco— na ordem de 12x o PIB mundial, i.e. 12x63 000 000 000 000 = 756 biliões de USD (ou como dizem os americanos: $756 trillions)

Bastaria que 30% dos contratos de Derivados dessem para o torto —e estão a dar!— para que se evaporassem da Terra qualquer coisa como 226,8 biliões de dólares (68E12 USD)

É este maremoto financeiro que está em curso :(




Vale a pena ver os 6 episódios deste excelente doc.

 NOTÍCIAS DO BURACO

A exposição dos cinco principais bancos americanos (JPMorgan Chase Bank, Bank of America, Goldman Sachs Bank USA, HSBC Bank USA) ao mercado de derivados financeiros, sobretudo envolvidos na especulação cambial (82%), com Credit Default Swaps (97,28% dos contratos), equivale a 4x o PIB mundial!

O crescimento desta exposição em 2010 (12,7%), a manter-se, seria claramente exponencial — i.e. virtualmente fora de controle.

Estes Big Five estão entre as dezassete instituições financeiras recentemente processadas pelas autoridades de Washington por terem defraudado a Fannie Mae e a Freddie Mac, causa principal do colapso do Subprime em 2007-2008.

É por estas e por outras que a imprensa anglo-saxónica berra histericamente e todos os dias contra os PIIGS. Estamos mal, sim, mas porque somos o elo fraco de uma cadeia de especulação e ganância mundiais com sede, precisamente, em Wall Street, sob o comando dos piratas que dirigem os Big Five.

CITAÇÕES
The notional value of derivatives held by U.S. commercial banks increased $12.8 trillion, or 5.5%, from the fourth quarter of 2010 to $244 trillion. The notional value of derivatives is 12.7% higher than a year ago. Derivative contracts remain concentrated in interest rate products, which comprise 82% of total derivative notional values. Credit derivatives, which represent 6.1% of total derivatives notionals, increased 5.3% to $14.9 trillion — in OCC’s Quarterly Report on Bank Trading and Derivatives Activities First Quarter 2011, Comptroller of the Currency Administrator of National Banks

World GDP in US$ (Wikipedia)
Listed by:
—IMF: 62,909,274,000,000
—World Bank: 63,048,823.000.000
—CIA: 63,170,000.000.000

JP Morgan still is the biggest HOLDER of derivative contracts. It has only $1.7 trillion in total assets while holding a hot hand of $73.6 trillion in derivatives! Wow. Talk about a heavy overhang of vapid paperwork that has no reality! Goldman Sachs has a mere $84 billion in assets but this lets them toy with $44 trillion in derivatives — in Culture of Life News.

NOTAS
  1. Esta versão simplificada não dispensa aos interessados leituras mais detalhadas sobre o fenómeno. Ler este artigo na Wikipedia.