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terça-feira, março 15, 2016

Querida Mariana



Há um grande problema, sim. Chama-se buraco negro dos derivados OTC. E não se resolve com mais caricaturas de Keynes


O problema é que as economias estão deprimidas pela austeridade, sobre-endividadas e sem capacidade de investimento (sobretudo público). 
[...] 
Draghi está preso àquilo a que Keynes chamava a “armadilha da liquidez”, sem admitir que a solução, mais que monetária, está na capacidade de estímulo orçamental e na reorientação estratégica do papel da Banca. 
in “É uma armadilha, Draghi”, por Mariana Mortágua (DN)

Querida Mariana, estímulo orçamental (e bolhas) foi o que não faltou desde final do século 20, e o resultado está à vista! Bolha dot.com, bolha imobiliária do Subprime, bolha estudantil nos Estados Unidos, bolha soberana na Europa, todas elas, como saberá, associadas a estímulos orçamentais e especulação financeira. Em Portugal, basta somar as faturas da EXPO '98, das PPP rodoviárias, das PPP das novas barragens, das PPP hospitalares, das PPP das águas e tratamento de resíduos, das ditas empresas municipais, do forrobodó e SWAPs no setor público dos transportes, da submissão da banca privada ao Estado crava que temos e, finalmente, da corrupção, para já todos sabermos que a receita de mais envolvimento público não só não resolve nada, como piora tudo, nomeadamente pelo fascismo fiscal e monetário que se anuncia. Que tal uma visita aos Grundrisse, do nosso amigo comum Karl Marx? É que o Capitalismo está a mudar, mas não por mérito das esquerdas.

segunda-feira, janeiro 04, 2016

Dívidas soberanas já não pagam juros

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A falência do neo-keynesianismo soma e segue


Government bond yields remain in negative territory. As of December 14, over 50% of European government bonds maturing in less than five years had a negative yield, roughly the same as in the run-up to the launch of ECB QE in March. Two-year government bond yields were generally lower on the year, despite some rebound after aggressively pricing further ECB easing ahead of the December meeting. (The German two-year yield, for example, bottomed out at -0.44% on December 2.) Looking beyond Europe, roughly half of two-year government bonds in the developed world trades at a negative yield. 
Sovereigns have issued debt at record-low—or altogether negative—yields. In April, Switzerland became the first country to issue 10-year government bonds at a negative yield; other governments did the same at shorter maturities. 
“What Does The Future Hold For Negative Rates In Europe? Goldman Answers”
ZeroHedge. Submitted by Tyler Durden on 01/02/2016 20:00 -0500

Os depósitos são um custo para os bancos, o qual, se não fosse contrabalançado com empréstimos a clientes e outras operações de crédito, acabaria por levá-los à falência.

O sobre-endividamento das pessoas, das empresas e dos governos que continuaram a investir (e sobretudo a especular) e a consumir, sem ao mesmo tempo produzirem o contra-valor equivalente ao gasto e às responsabilidades contraídas, acabou por explodir numa crise económico-financeira generalizada, a qual curto-circuitou os binómios procura-oferta (a procura caiu e continua a cair), investimento-lucro (ambos foram sucessivamente caindo) e produção-consumo (a queda de ambos gerou deflação).

Daqui à situação paradoxal em que os bancos centrais e de retalho hoje se encontram —ambos cobram taxas de juro crescentes pelos depósitos à vista, e de curto prazo— foi um passo.

Um passo que, por sua vez, atinge criticamente a poupança, ferindo de modo cada vez mais preocupante os fundos de pensões públicos e privados, em especial se, imprudentemente, estes tentaram iludir a destruição das rendas e dos juros jogando no casino dos derivados especulativos e outros produtos financeiros de risco elevado.

75% da reserva do Fundo de Pensões português já foi aplicado em dívida pública portuguesa.

Uma vez que a rentabilidade (yield) da dívida soberana portuguesa tem vindo a cair, quem nela investiu para obter algum rendimento (nomeadamente fundos de pensões e bancos) será sucessivamente penalizado. No caso dos fundos de pensões e de alguns bancos portugueses esta exposição ao endividamento compulsivo de um estado social que deixou de gerar riqueza e poupança suficientes, e portanto à insolvência potencial de governos e municípios, transformou-se numa serpente que morde a própria cauda. A poupança é engolida pela dívida pública em nome da sustentação de um estado social que devora essa mesma poupança e, pior ainda, que extingue a própria capacidade de a gerar. O fascismo fiscal em curso é a foice que, se não for afastada, acabará por ceifar rente o estado social que as esquerdas diariamente e aos gritos afirmam defender.

A rentabilidade das dívidas soberanas já é negativa no caso de obrigações públicas de curto prazo em países como a Alemanha (-0.44% nas obrigações a dois anos emitidas a 2 dezembro de 2015).

Resumindo: os estímulos neo-keynesianos são cada vez menos eficazes. Nem a deflação passa, nem o crescimento saudável regressa. E assim sendo, a bolha monetária, ou seja, a destruição do dinheiro, prosseguirá em direção ao mais completo desastre se não formos capazes de achar alternativas construtivas. O buraco negro existe, e já começámos a ser sugados para o seu infinito âmago.

quarta-feira, abril 08, 2015

O efeito Varoufalos

Instituição liderada por Christine Lagarde voltou a pedir mais investimento em infra-estruturas
Chip Somodevilla/Getty Images/AFP


Christina Lagarde perdeu a cabeça por um motard, foi?


FMI pede mais investimento público para reanimar investimento privado

Sérgio Aníbal, 07/04/2015 - 13:46 — Público

A forte queda do investimento na economias avançadas desde o início da crise financeira é fundamentalmente o resultado de uma actividade económica muito fraca, concluiu o Fundo Monetário Internacional, que diz que mais investimento público em infra-estruturas é necessário para convencer os investidores privados a voltarem a assumir riscos.

Ó minha senhora, mas então em que ficamos: paga-se a dívida pública, ou aumenta-se a dita?!

O problema das receitas keynesianas é que produzem retornos sucessivamente decrescentes, ou seja, quanto mais se abusa do abrir e tapar buracos, por exemplo, dos aeromoscas de Beja, menos estimulada a economia se sente, as expectativas de criação de emprego tornam-se ilusórias, e pelo caminho o Estado vai ficando cada vez mais endividado, os bancos deixam de pagar impostos e precisam de resgates sucessivos, os bancos centrais desfazem-se em diarreia monetária e assim, com muita retórica piedosa pelo meio, as elites políticas, empresariais e financeiras vão saqueando toda a poupança e toda a riqueza privada que conseguem. No fim deste caminho só resta uma saída: A DITADURA. É isso que a Senhora sugere?

Haverá certamente investimento público a fazer enquanto houver sociedade.

Por exemplo, em Portugal, o lançamento de um programa ferroviário de ligação à rede europeia de bitola UIC é mesmo uma prioridade que o governo de coligação PSD/CDS boicotou, mas que o próximo governo, seja ele qual for, terá que retomar, nem que seja necessário atropelar todos e cada um dos burocratas do Tribunal Constitucional.

Um programa europeu de eficiência e autonomia energéticas e o fim das rendas excessivas neste setor é outra prioridade que exigirá investimento público.

Reformar e adaptar o Estado Social ao envelhecimento demográfico, à desmaterialização tecnológica, à realidade aumentada, e à globalização, desenhar e implementar uma Renda Básica de Cidadania, por exemplo, são porventura os maiores desafios com que os governos terão que lidar num futuro relativamente próximo. Nenhuma destas transições se poderá realizar sem colossais investimentos públicos. Mas já que estamos na Europa conviria que tudo isto fosse pensado na escala devida e financiado por todos.

Mas o tom vago das suas palavras, Christine Lagarde, e a saliva que imediatamente cresce nas bocas vorazes dos devoristas, rendeiros e piratas do costume, auguram a pior das expectativas.

Portanto, Madame Lagarde, vamos lá a concretizar as ideias!


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domingo, dezembro 07, 2014

Prendam os ladrões primeiro!

Vítor Constâncio, vice-presidente do BCE
Foto ©
Bloomberg News

O regresso extemporâneo do PS ao poder seria um desastre


FRANKFURT—European Central Bank Vice President Vitor Constancio sent the strongest signal to date on Wednesday that the ECB is prepared to buy government bonds early next year if it decides that more aggressive stimulus measures are needed. (Update: Follow our ECB live blog). By Brian Blackstone and Todd Buell.

The Wall Street Journal, Updated Nov. 26, 2014 6:46 a.m. ET.

Quando a criação de dinheiro é um monopólio governamental, e a sua emissão deriva de uma operação simplesmente fiduciária, sem que as unidades monetárias criadas tenham qualquer valor intrínseco (por exemplo, o ouro ou a prata de uma moeda), ou as contrapartidas do valor declarado assentem apenas em garantias soberanas de países que não param de ver as suas dívidas públicas e privadas a aumentarem, afirmar que vivemos em economias neoliberais, sejam elas governadas à ‘esquerda’ ou à ‘direita’, não passa de uma fraude intelectual. Todos os governos que se conhecem atualmente neste planeta são réplicas extremistas do keynesianismo!

Nem sequer podemos qualificar estes regimes financeiros como Capitalismo de Estado, ou como Capitalismo Imperial, pois são economias intrinsecamente descapitalizadas (onde, no entanto, a concentração da riqueza cresce desmesuradamente) que há muito consomem mais do que produzem, e que por esta razão são forçadas a desvalorizar as respetivas moedas na competição externa (aumentando assim a competitividade relativa das respetivas exportações, ao mesmo tempo que diminuem o fardo financeiro da dívida externa caso a moeda em causa seja uma moeda de reserva), ao mesmo tempo que aceitam destruir as taxas de juro do dinheiro, resultado inevitável do aumento contínuo da massa monetária, ou seja das várias formas de dinheiro em circulação, promovendo desta forma uma ilusão de prosperidade, ao mesmo tempo ainda que proliferam máquinas especulativas insaciáveis que, em poucas décadas, substituem e devastam a economia produtiva e o emprego.

Não deixa de ser irónico que os megafones desta fraude intelectual sejam frequentemente empunhados por alguns protagonistas da dita ‘esquerda’.

A ideia, repetida numa famosa declaração de Jorge Sampaio, contra o que então chamou a ‘obsessão do défice’, e que desde o seu reinado se tornou uma litania da ‘esquerda’, volta a ganhar força na propaganda populista do PS, de António Costa e do mesmo Sampaio.

Poderia a austeridade brutal que atingiu Portugal ter sido menos violenta?

Podia. Mas para que tal tivesse ocorrido teríamos que ter cumprido as recomendações da Troika num ponto essencial: destruir a economia corrupta dos rendeiros que capturaram o regime partidário e que com este estabeleceram uma simbiose oportunista, transformando nomeadamente as PPP numa bateria de seringas que, sem pudor nem travão algum, tem vindo a chupar a sustentabilidade da nossa economia, destruindo empresas, empobrecendo a classe média, lançando milhões de portugueses no desemprego, na emigração e na morte antecipada por deterioração acelerada das reformas, pensões e acesso aos medicamentos mais caros ou de uso continuado.

Como se sabe (o caso do cerco e despedimento do ministro Álvaro Santos Pereira foi a este título plenamente demonstrativo), o Bloco Central da Corrupção, composto por piratas da banca, dos oligopólios indígenas e da execrável classe política que temos, com a fanfarra do Bloco de Esquerda, do PCP e da Intersindical atrás, demonizou a Troika, não em nome de uma menor ou mais calibrada austeridade, mas favorecendo precisamente o excesso desta, ao terem conseguido barrar a famosa redução da rendas excessivas dos oligopólios, a redução para metade do número de autarquias existentes, e o ajustamento da dimensão do estado em função das nossas possibilidades, prioridades e potencial tecnológico disponível, o qual tem evoluído rapidamente.

A litania que tem saído ultimamente dos velhos cérebros da ‘esquerda’ (novos não há) que enche de teias de aranha o temeroso sargento-ajudante de José Sócrates, António Costa, atirado à força para a fogueira que em breve o consumirá, é a mesma de sempre: menos austeridade e mais investimento público, como se não tivéssemos sufocados em investimento público inútil ou que apenas serviu para enriquecer os rendeiros e os devoristas desta democracia exangue, ou como se menos austeridade não implicasse automaticamente uma declaração de guerra à EDP, à Brisa e outras concessionárias rodoviárias, aos especuladores municipais da água, aos latifundiários-rendeiros da medicina e mesmo ao negócio sórdido da fome que entretanto proliferou como uma espécie de pandemia de novos parasitas.

A falsa esquerda que em nome da esquerda vocifera e prega é uma esquerda imprestável...

Deixou-se engordar no Clube dos Um Por Cento mais ricos da comunidade, e fez o favor de ajudar a corja rendeira a manter-se no poder num dos momentos mais difíceis da nossa história recente, quando, precisamente com a ajuda da Troika, teria sido relativamente fácil reduzi-la à insignificância estrutural exibida na estrondosa e súbita implosão do DDT BES.

Previsões do Scotiabank, 2 dez 2014
(clique para ampliar)


Se a Justiça trabalhar depressa e bem...

Se a Justiça trabalhar depressa e bem até às próximas eleições, metendo na cadeia os ladrões do Bloco Central da Corrupção, e este governo tiver ainda um golpe de asa para impor a renegociação imediata e global de todos os contratos de concessões e sub-concessões com cláusulas danosas (algumas delas secretas) para o estado português, tornando, por outro lado, transparente os processos de acesso e gestão relativos aos fundos comunitários do QREN 2014-2020, então a esperada janela de alívio temporário anunciada por Vitor Constâncio, através da continuação do ELA (“emergency liquidity assistance”), de empréstimos à banca a taxas reais negativas (taxa de juro do BCE a 0,05% contra uma inflação de 0,5%) e da compra direta de dívida soberana (“...purchases of covered bonds and asset-backed securities”—WSJ), será tempo ganho no inevitável ajustamento estrutural da nossa economia e das nossas instituições e hábitos de vida, a começar pelo estado e pela classe política.

As previsões apontam para que Portugal volte a convergir com a União Europeia, crescendo em 2015 e 2016 mais do que a média desta. Percebe-se, pois, a pressa dos 'socialistas'. Mas também se deve perceber que dar-lhes neste momento o poder poderia equivaler a deitar pela janela fora o sangue, suor e lágrimas dos últimos quatro anos.

Depois disto, e depois de o PS passar por uma profunda metamorfose, entretanto interrompida pelo golpe de estado dos soarista-socratinos, então sim, será tempo de sabermos o que a nova esquerda poderá fazer de bem ao século 21 português. Pois até agora fez tudo errado.

Mas nada de ilusões fora de tempo!

In Neil Howe. Forbes, 2014

Estamos ainda no interior de uma "Longa Depressão" (Neil Howe/ Forbes).

PS: Ao contrário da voz corrente, aprecio a personalidade e a competência técnica do socialista Vítor Constâncio. Tem sido uma peça essencial no BCE durante a gravíssima crise que atravessamos. Não é deste socialista que me queixo!

Atualização: 8 dez 2014, 01:55 WET

quarta-feira, maio 08, 2013

Gaspar Keynes

Diz o roto ao nu...

Consumo não é crescimento
What’s the typical life of an unassisted expansion? Based on the data presented here, I’ll call it two years. (1)
O problema do euromilhões keynesiano é que está no fim da linha. E não no princípio, como sugerem os discursos populistas aflitos do PS, PSD, CDS/PP e PCP. Ou seja, o aumento da massa monetária, através do aumento das dívidas soberanas, não só não chega à economia, não só não cria emprego, não só não diminui o ritmo das falências e do crescimento do desemprego, como vem piorando todos esses índices, com a agravante maior de, depois de toda esta diarreia keynesiana, transformando o dinheiro em meras notas de Monopólio, o que vemos é uma expropriação sem limites da classe média, e uma destruição de capital produtivo sem precedentes. Os únicos beneficiários do colapso em curso —o colapso de uma era de crescimento rápido dos preços, iniciada em 1896 (Fischer, D. H.)— circunscrevem-se a 1% da população americana, e a percentagem semelhante na Europa. Os restantes 99% (ou 90%, para sermos mais precisos) têm vindo a sofrer uma erosão de rendimentos imparável.
It's worth understanding the mechanisms of this wealth transfer: in essence, the Fed extends low-cost credit (i.e. "free money") to the financier class which then uses this free money to buy rentier assets, that is, assets that generate economic rents for the owners, who add no value and create no wealth.

This is of course the neofeudal model: the financial aristocracy in the manor house own the rentier assets and the debt-serfs toil away to pay the rents and taxes. The financier class (i.e. those that benefit from the financialization of the economy) are as unproductive as feudal lords; they skim the profits generated by the debt-serfs while adding no productive value to the economy. (2)
A criação monetária em curso (Quatitative Easing, LTRO, OMT, etc.) só pode servir, neste declinar de era —a era do enorme e rápido crescimento a que o mundo inteiro assistiu, sobretudo por efeito da descoberta e uso tecnológico intensivo de fontes de energia poderosíssimas e baratas (um ciclo que atingiu também e globalmente o seu pico de expansão)—, para mitigar a Grande Contração do Crescimento, dos Preços e do Consumo que aí vem. Segundo David Hackett Fischer, se a história dos últimos oitocentos servir para alguma coisa, seguir-se-à uma nova era de 'equilíbrio' dos preços, de recessão demográfica, crescimento entre 0-1%, mas também de uma nova e provável era de explosão de criatividade — científica, tecnológica e social. Estaremos eventualmente no pior momento da transição. Quanto tempo faltará ainda para entrarmos na próxima era 'estacionária' (Adam Smith/Niall Ferguson) de crescimento e desigualdade relativa extrema? Pouco tempo, ou mesmo nenhum!

O sucesso da ida aos mercados e o chico-esperto Sérgio Monteiro
Investimento dos maiores bancos em dívida pública subiu 46% em 2012 — i online.

Sérgio Monteiro diz que economia beneficia da emissão da dívida — i online.

"The Carrot's in Reach:" The Myth of a Self-Sustaining Recovery —  Charles Hugh Smith Of Two Minds (April 5, 2013)
A banca indígena financia-se a 0,5% junto do BCE e vai buscar aos nossos bolsos 5,7% e mais, na forma de cortes nas pensões, reduções de salários e vencimentos, despedimentos e desemprego (é a 'austeridade' que paga os subsídios de desemprego, por exemplo), e ainda na forma de subida dos juros a retalho (se e quando raramente emprestam dinheiro!)

O chico-esperto das PPP diz que isto é bom 'indiretamente' para a 'atividade económica', porque melhora a perceção do país. Veremos o que diz este chico-esperto daqui a 12 meses, quando todos descobrirmos o óbvio: i.e. que o dinheiro continua a circular entre o BCE, os 'banksters' indígenas e os governos, que por sua vez continuam a endividar criminosamente os povos que dizem representar.

É este o motivo de júbilo do governo, do PSD, e do CDS? Está na altura de interrogar seriamente os bancos que operam em Portugal.

Gaspar Keynes

Gaspar adianta o passo e reclama menor 'fragmentação financeira' no seio da UE, i.e. igualdade de oportunidades no acesso aos mercados financeiros e rejeição de um Euro a duas velocidades. Algo começou a nascer do 'input' político de Poiares Maduro. Menos mal. A Oposição é que já arranca cabelos por causa desta inflexão pré-eleitoral — 'just in time'!
Novidade, novidade, foi o discurso do ministro das Finanças português, que defendeu que “a fragmentação financeira que existe actualmente exacerba o custo associado ao ajustamento e funciona como um choque de competitividade negativo para o pais sob ajuda externa”, acrescentando que a “UE tem de respeitar o que eu considero um princípio: permitir aos Estados que assegurem aos seus cidadãos os direitos sociais que estes exigem”. (3)

QREN 2014-2020 escapa (aparentemente) à captura dos rendeiros do costume.

Retirar a 'coordenação, supervisão e distribuição dos fundos' das mãozinhas untadas dos estados-maiores partidários, dos poderosos e insaciáveis lóbis que dormem no Terreiro do Paço (BES, EDP, Mota-Engil, empresas públicas falidas, dinossauros autárquicos,  etc.), foi uma boa decisão do PM. Vamos ver até que ponto Poiares Maduro entende a questão crucial dos portos e sobretudo das ligações ferroviárias em bitola europeia (para mercadorias e pessoas) entre as cidades-região portuguesas, Lisboa e Porto, e as grandes cidades espanholas e do resto da União Europeia. Talvez fosse bom começar por despedir o Sérgio das PPP...

Geração S(em emprego)
Generation J(obless): A Quarter Of The Planet's Youth Is Neither Working Nor Studying, in ZerHedge.
25% da população jovem do planeta em idade ativa não trabalha, não estuda, nem tem treino profissional. Precisamos de menos verborreia populista, e de muita imaginação e bom senso para minimizar esta verdadeira tragédia social.

NOTAS
  1. Debunking the Keynesian Policy Framework: The Myth of the Magic Pendulum — F.F. WILEY, in Cyniconomics, May 7, 2013.
  2. Bernanke's Neofeudal Rentier Economy, in Charles Hugh Smith Of Two Minds, May 6, 2013.
  3. Vítor Gaspar transfigura-se em Bruxelas e já fala de direitos sociais, in i online.

segunda-feira, maio 06, 2013

Sair do euro?

A nova nota de 5 euros, 2013

Rendeiros do regime preferem derrubar o governo e regressar ao escudo, a perder privilégios

Ferreira do Amaral e Jerónimo de Sousa defendem regresso ao escudo. Que dois!

O secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, e o economista João Ferreira do Amaral defenderam hoje o abandono da moeda única europeia por parte de Portugal para evitar "o diretório" e "domínio" alemães. DN, 19mar2013.

An Unqualified Apology

During a recent question-and-answer session at a conference in California, I made comments about John Maynard Keynes that were as stupid as they were insensitive.

I had been asked to comment on Keynes’s famous observation “In the long run we are all dead.” The point I had made in my presentation was that in the long run our children, grandchildren and great-grandchildren are alive, and will have to deal with the consequences of our economic actions.

But I should not have suggested – in an off-the-cuff response that was not part of my presentation – that Keynes was indifferent to the long run because he had no children, nor that he had no children because he was gay. This was doubly stupid. Niall Ferguson, 4mai2013 (web).

Niall Ferguson, o historiador de economia e conhecido crítico da diarreia keynesiana que conduziu a América e a Europa, depois de trinta anos de endividamento irresponsável e bolhas especulativas sucessivas, à beira do colapso financeiro, económico e social, respondendo a uma pergunta da audiência de uma conferência sua na Califórnia (The Guardian), disparou uma metáfora considerada homofóbica pela hipersensível comunidade gay da Califórnia. Na realidade, tratou-se de um comentário tipicamente espontâneo e ácido (very Scottish, and bitchy) à célebre e brutal frase de John Maynard Keynes quando perguntado sobre os efeitos a longo prazo do endividamento das empresas, das famílias e dos governos. Keynes, num tom tipicamente espontâneo e ácido (very British, and bitchy), respondeu: “In the long run we are all dead.”

À parte a sensibilidade hipócrita dos sindicatos gay, onde predomina uma falta de humor pedante e estalinista, que não deve ser confundida com o sentido de humor saudavelmente gay de muitos amigos meus, a verdade é que os críticos da diarreia keynesiana andam cada vez mais nervosos. Estão com medo de perder o caviar, os pequenos-almoços no Ritz, e sobretudo estão em pânico pelo que o povo ainda possa vir a fazer-lhes à medida que for conhecendo o que a corja devorista e burocrática andou a fazer com dinheiro que não existia e que agora cai em cima de centenas de milhar de empresas e milhões de pessoas inocentes sob a forma de uma pesadíssima e injusta dívida por pagar.

As democracias americana e europeia degeneraram e são hoje regimes apenas formalmente democráticos, na realidade capturados pelas máfias bancárias e partidárias (e por alguns cartéis de matérias primas, energia, equipamento militar e produtos químicos) que controlam a economia, os governos, os média e as sociedades, como nunca antes fizeram, salvo quando geraram bestas humanas da laia de Hitler, Mussolini, Estaline ou Mao. Esta degenerescência é, na realidade, consequência da aplicação sucessiva da diarreia keynesiana, para lá de todos os limites que ele próprio poderia ter imaginado.

Os derivados OTC, contratos especulativos (Swaps e Credit Default Swaps) celebrados no éter global e sem fronteiras, nem supervisão, dos chamados mercados financeiros, representam hoje um valor nocional na ordem 1200 biliões de dólares (US$1.200.000.000.000.000), ou seja, qualquer coisa como 20x o PIB mundial! Se apenas 30% deste valor corresponder a contratos mal parados, isso significa que estamos a falar de um buraco negro na ordem dos US$360.000.000.000.000, ou seja, 6x o PIB mundial! Não pagar? Será que Jerónimo de Sousa e João Ferreira do Amaral sabem do que estão a falar? Creio que não. O que os preocupa é tão só o medo de perderem aquilo que muito provavelmente irão perder: públicos, eleitores e rendas.

A consolidação fiscal, bem ou mal feita, é algo a que não podemos escapar, e que continuará a ser dolorosa, mas que tem uma génese que só por má fé pode ser agora imputada a quem tem que aplicar a maldita austeridade — Passos Coelho e Paulo Portas, em Portugal, Barak Obama, nos Estados Unidos, David Cameron, no Reino Unido, ou François Hollande, em França.

Portugal sem o euro prejudicaria de forma fatal a maioria dos portugueses, e beneficiaria apenas as elites do costume, de Esquerda, de Extrema Esquerda, de Direita, de Extrema Direita. Só a classe média e as forças que muito mal a têm representado institucional e no plano partidário sairiam derrotadas. Pior: seriam esmagadas ao ponto de não serem capazes de se levantar durante mais de uma geração. Seria o regresso ao medo generalizado, à ignorância cultivada, à prepotência, e ao reino absoluto dos chulos!

Os movimentos populistas sem rosto, género Que se lixe a Troika, partem do princípio de que as democracias europeias são ditaduras asiáticas que é preciso derrubar de qualquer maneira. Usam para tal as táticas de Gene Sharp, não percebendo, porém, porque não têm resultado completamente. A razão é simples: apesar de degeneradas e falidas, as democracias ocidentais ainda não são ditaduras, e as liberdades cívicas impedem por isso que manifestações de rua e conspirações palacianas (como a que Mário Soares patrocinou e continua a patrocinar) levem ao derrube de governos legítimos por meios inconstitucionais, ilegítimos e com fins realmente inconfessáveis.

Há uma guerra contra o euro, em grande medida patrocinada e conduzida pela aliança anglo-americana dos interesses, em nome de um império falido, desesperado e agressivo. O inimigo não declarado é mesmo a União Europeia (basta ouvir Nigel Farage), mas como seria insuportável mencionar abertamente esta verdade, desvia-se a atenção das populações europeias para a Alemanha, apresentando-a como a verdadeira besta da situação. Que não foi, nem é.

A propósito: vale a pena ver este documentário recente da Amagifilms, En defensa del Euro. Neles se desmonta claramente a manobra anglo-americana contra a nossa moeda, que apesar de toda a especulação continua a valorizar-se acima dos 1,30 dólares, revelando desta forma clara a importância crescente da Europa no mundo.


terça-feira, março 12, 2013

Onde está a massa?

Krugman por Colonel Flick/WilliamBanzai7

Nobel, disse ele...

O Krugman que as roseiras socialistas indígenas adoram, acha que isto só vai lá com uma guerra nuclear. E toda a freguesia de cartomantes da nossa economia parece ler a mesma cartilha e entoar a mesma ladainha.

Onde está a massa? Basta ver!

Repare-se que a China começou a abrandar em 2011-12

Os maiores entesouramentos de reservas cambiais estão na China, no Japão (grandes exportadores que, ao mesmo tempo, mantém as suas moedas artificialmente desvalorizadas), na Rússia e na Arábia Saudita (os maiores produtores e exportadores de petróleo do planeta). E logo a seguir vêm a Índia, a Líbia, a Argélia, o Brasil e o México — todos eles (à exceção da Índia) ricos em recursos energéticos, minérios e terra arável.

Sem recursos energéticos, minerais e alimentares em quantidade e bom preço não há crescimento, por mais que as cartomantes da nossa economia balbuciem o contrário. Será que alguém já explicou esta verdade elementar ao Tó Zé?

quarta-feira, setembro 19, 2012

Em nome de Keynes?

Fausto de Goethe, no filme dirigido por F.W. Murnau: "Faust - Eine deutsche Volkssage", Alemanha, 1926.

Dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse Financeiro a uma Europa reforçada, e a tentação de Fausto

Beijing hints at bond attack on Japan
A senior advisor to the Chinese government has called for an attack on the Japanese bond market to precipitate a funding crisis and bring the country to its knees, unless Tokyo reverses its decision to nationalise the disputed Senkaku/Diaoyu islands in the East China Sea.

By Ambrose Evans-Pritchard. The Telegraph, 8:31PM BST 18 Sep 2012
Debt crisis: central bank action is work of the devil, says Germany's Jens Weidmann
Jens Weidmann said that efforts by central banks to pump money into the economy reminded him of the scene in Faust, when the devil Mephistopheles, “disguised as a fool”, convinces an emperor to issue large amounts of paper money. In Goethe’s classic, the money printing solves the kingdom’s financial problems but the tale ends badly with rampant inflation.

By Louise Armitstead, Chief Business Correspondent. Telegraph, 5:56PM BST 18 Sep 2012

O QUE MUDOU NAS ÚLTIMAS SEMANAS NA EUROPA... E EM PORTUGAL

BCE mais forte, mutualização parcial dos riscos soberanos sistémicos, maior coerência comunitária nas políticas fiscais e orçamentais e correspondente reforço dos mecanismos de supervisão e aprovação sucessiva, atuações de tipo keynesiano à escala europeia (ex: rede de mobilidade sustentável para pessoas e mercadorias, com prioridade já assumida pela ferrovia europeia interoperável e pelo transporte marítimo e fluvial) e ainda, criação dos primeiros corpos e comando estratégico de uma defesa militar europeia comum, agora que a América se afasta inexoravelmente do Reino Unido —nomeadamente pelo escândalo sem precedentes associado às falcatruas da City Londrina nas chamadas operações de "re-hypothecation"— e do resto da Europa, deixando a NATO num limbo de ineficácia crescente.

Consequência: não há mais lugar para a dupla Passos Coelho-Vítor Gaspar, nem para Paulo Portas. Ou seja, é necessário formar e dar posse a outro governo PSD-CDS.

Mário Soares tem a intuição certa sobre a presente crise governamental ao sugerir uma mudança de governo. O Presidente da República pode e deve promover a metamorfose da coligação.

 A AUSTERIDADE EUROPEIA E A TENTAÇÃO DE KEYNES

Custo da austeridade nos vários países europeus onde programas explícitos de austeridade constam das propostas para os orçamentos públicos para 2012 — segundo a AFP, baseada em cifras do Eurostat, Insee e OCDE. Clicar na quadro para ampliar. Ver mapa.

A expansão da massa monetária, do aparelho de estado, do emprego não produtivo, e sobretudo do paternalismo governamental, com base em investimentos públicos suportados por cargas fiscais crescentes e saldos orçamentais e das balanças de capital e de pagamentos negativos, não é uma agenda que John Maynard Keynes (1883-1946) pudesse subscrever inteiramente, na medida em que Keynes encarou o cenário da intervenção do Estado em países onde o potencial produtivo e de exportações e a dimensão interna das economias são suficientes para gerar a riqueza e a poupança necessárias à superação das depressões e recessões que ciclicamente ocorrem, nomeadamente por efeito da inovação tecnológica e das assimetrias de preços dos bens e serviços que circulam através do comércio mundial.

Acresce que a estes dois factores de desequilíbrio verificados ao longo das últimas duas décadas, fruto de uma fuga em frente face aos efeitos do abandono progressivo da produção industrial e consequente destruição de empregos produtivos, a par da perda de competitividade e desvalorização do emprego associado a uma massa crescente de desempregados de longa duração e empregos burocráticos, tanto nos EUA como na Europa, levou-se a cabo um processo selvagem de globalização comercial e financeira destinado sobretudo a obter, pela via da especulação financeira e da sobre-exploração do trabalho global, uma compensação pelos rendimentos decrescentes nas sociedades ricas e desenvolvidas, mas onde o instalado círculo vicioso do bem estar social, do consumismo desmiolado e da suposta educação permanente acabaria por empurrar-nos para uma situação de debilidade estrutural silenciosa, mas a longo prazo fatal.

A liquidez dos Estados Unidos e da Europa é uma liquidez cada vez mais rarefeita que os emergentes “criadores de riqueza” tendem a descontar nas suas transacções comerciais, usando a enorme acumulação de dólares, de euros, mas também de outras divisas (rublos, pesos argentinos, ienes…), a par do ouro, para adquirir ativos mais sólidos e recursos futuros, nomeadamente, direitos de exploração no campo da energia, dos transportes e dos recursos naturais, com especial destaque para os alimentares. Basta olhar para as compras externas da China, sobretudo na América do Sul e África, mas também já na Europa e nos Estados Unidos, para avaliarmos o alcance potencialmente destrutivo dos desequilíbrios mundiais, que não param de crescer.

Uma agenda keynesiana não é possível no quadro da globalização em curso, na medida em que esta é uma globalização assimétrica: os países ricos e desenvolvidos empobrecem pela via da destruição das suas classes médias, da destruição de milhões de empregos e pela redução abrupta do consumo, alimentado durante décadas por vantagens financeiras e monetárias especulativas, enquanto os ditos países emergentes, ao mesmo tempo que superam atrasos económicos, sociais e tecnológicos de décadas, sugam, por assim dizer, uma a uma, décadas, se não séculos, de acumulação de riqueza ocidental, comprometendo a viabilidade dos mercados de trabalho na Europa, nos Estados Unidos e até já nos próprios países emergentes —pela  mesma via tecnológica que eliminou milhões de postos de trabalho nos EUA e na Europa ao longo dos últimos quarenta anos, substituindo-os por uma nova massa assalariada com direitos sociais decrescentes, a que já se convencionou chamar precariado!

Está em curso, pois, uma tentativa inédita de levar as ideias de Keynes à economia global — mas com resultados que são opostos aos esperados!

Os exercícios em curso nos EUA e na União Europeia vão neste sentido, mas a sua originalidade é suicida. A liquidez gerada perde-se no buraco negro dos derivados financeiros especulativos (OTC), não chegando à economia, ao mesmo tempo que deixa os bancos em quarentena, coloca as empresas em situação cada vez mais complicada, e lança no desemprego vagas sucessivas de milhões de pessoas.

Assim, os países que foram caindo na armadilha do endividamento estão a ser tratados, por exemplo, no interior da União Europeia, não como partes efectivas de economias regionais com uma só moeda, mas como países estrangeiros! Desta forma, o nó que aperta hoje as economias grega, espanhola, irlandesa e portuguesa de forma intolerável é o oposto de uma receita keynesiana.

Os Estados Unidos acabam de anunciar o seu terceiro programa de expansão monetária (Quantitative Easing 3). A União Europeia, se quiser manter o euro, parece também não ter outra alternativa diversa desta espécie de redução do peso do endividamento pela via da inflação geral dos preços subsequente a uma tal forma de desvalorização da moeda. Vai pois pelo mesmo caminho dilemático.

O prolongamento das metas dos Memoranda da Troika, na Grécia, como em Portugal, assim como as facilidades mitigadas dadas até agora à Espanha, vão neste mesmo sentido.

O FMI e os Quatro Cavaleiros do Apocalipse Financeiro (JP Morgan, Bank of America, Citi, Goldman Sachs) apostam nesta forma de keynesianismo puramente financeiro, pretendendo assim reduzir administrativamente o valor das dívidas americana e europeia (haircut at large) aos credores e fornecedores internacionais, ao mesmo tempo que acreditam ser capazes de tapar com sucessivos maremotos de massa monetária o buraco negro dos Derivados. Veremos se o capitalismo de estado americano é mesmo keynesiano, ou apenas um estratagema destinado a salvar os Quatro Cavaleiros do Apocalipse residentes em Wall Street.

Quanto à União Europeia, terá que conseguir a quadratura do círculo, ou morrer na praia.

Ou seja, à medida que for forçada pelas circunstâncias a embarcar num programa keynesiano de expansão da massa monetária destinada a diminuir o peso das dívidas soberanas no interior da União, ou é ao mesmo capaz de implementar mecanismos de convergência orçamental, fiscal e de supervisão favoráveis a uma maior coerência económica, institucional e financeira em todo o espaço comunitário — ou o baralho do Euro ruirá com enorme estrondo.

PORTUGAL

Basta olhar atentamente para o quadro de austeridade europeia acima publicado [clicar na imagem para ampliar] para intuir a dor e o caos político e social que temos pela frente. Se não erguermos desde já barreiras de contenção ao terrorismo fiscal em curso, e que promete aumentar de intensidade, se não trabalharmos com coragem na emenda do regime degenerado que deixámos crescer à nossa volta como um campo de ervas daninhas, espera-nos o desastre — pela certa!

Mas também, sem um empurrão de fora, dificilmente conseguiremos derrotar os cleptocratas, os monopólios, as corporações e as burocracias privilegiadas pela captura que há muito realizaram do degenerado regime democrático que temos.

A reforma do nosso regime constitucional, absolutamente necessária e inadiável, exige sinais claros vindos de Bruxelas e de Frankfurt — para que o povo, as classes médias e uma parte das elites que não pertence à cleptocracia, possam reunir esforços suficientes para mudar de hábitos e de vida.

Precisamos de UMA NOVA CONSTITUINTE,  de OUTRA CONSTITUIÇÃO e de uma QUARTA REPÚBLICA !

sábado, setembro 03, 2011

From Portugal with Love — 1

Raphael Bordallo Pinheiro. "II-A Finança: O Grande Cão" (1900)


Dear Troika,

I feel that I should write to you a weekly post beginning in such friendly way a useful convesation about the country you are trying to help to stabilize its unfortunate economic, financial and political recent evolution. You must know by now that accurate information is not an easy pearl to get! Noise is everywhere. Even for a local dandy like me to know what’s happening is not an easy task. Nevertheless I presume to know by now what are the few decisive barriers we have to cross if we really want to put Portugal in the right path to sustainability and human progress. I assume optimistically that your difficult job may profit from new, independent and above all unexpected insights.

Every Saturday at brunch time I will post a brief memo to you. This first one is about the need of theory before practice. I am actually reading for the second time a marvellous book by Hyman Minsky on the very same and urgent issues that worry most of the macro-economists today, at least in USA and Europe. Big Government he said! Too big right now, many suggest. Can we have “IT” (The Great Depression) again — notwithstanding the huge preponderance of governance in almost all contemporary corners of life?

From Minsky to Yiamouyiannis

How can an exhausted Lender Of Last Resort (Keynes) play the role of an Employer Of Last Resort (Minsky)? Answer: if without some global Debt Forgiveness policy (Yiamouyiannis) it is impossible. On the other hand, fiscal adjustment as the only way to socialize debt cannot solve real issues. It is actually a very dangerous step to try at present pandemic sovereign debt crisis, either in USA or Europe. Overall OTC derivatives notional value amount to more than ten times world GDP. This monster cannot be socialized!

Why to give away our public companies?

Total amount of expected revenues from forthcoming privatization of Portuguese public companies and utilities will not suffice to pay for TAP and CP debts alone. My country is then supposed not only to offer these public companies, but also to heavily pay for such nonsensical give away of potencially profitable business, public utilities and public services. Why not spin-off some of these companies into reliable (even profitable) entities before taking such a suicidal course of action?

Next week

Future roads (SCUTs) and dams (PNBEPH) will drawn this country down the drain of debt if you do not give it full attention, and if we the people fail to stop these huge scams!

And now some juicy food for thought!



By the way: FHFA Sues 17 Firms to Recover Losses to Fannie Mae and Freddie Mac

Finally, my readings for this weekend:
Stabilizing An Unstable Economy (1986, 2008)
Hyman P. Minsky

Although stabilization policy operates upon profits, the humane objective of stabilization policy is to achieve a close approximation to full employment. The guarantee of particular jobs is not an aim of policy; just as with profits, the aggregate—not the participants—is the objective.

The current strategy seeks to achieve full employment by way of subsidizing demand. The instruments are financing conditions, fiscal inducements to invest, government contracts, transfer payments, and taxes. This policy strategy now leads to chronic inflation and periodic investment booms that culminate in financial crises and serious instability. The policy problem is to develop a strategy for full employment that does not lead to instability, inflation, and unemployment.

The main instrument of such a policy is the creation of an infinitely elastic demand for labor at a floor or minimum wage that does not depend upon long— and short-run profit expectations of business. Since only government can divorce the offering of employment from the profitability of hiring workers, the infinitely elastic demand for labor must be created by government.

A government employment policy strategy should be designed to yield outputs that adavnce well-being, even though the outputs may not be readily marketable. Because the employment programs are to be permanent, operating at a base level during good times and expanding during recession, the tasks to be performed will require continuous review and development.


“Endgame: When Debt is Fraud, Debt Forgiveness is the Last and Only Remedy”
by Zeus Yiamouyiannis, Ph.D., copyright 2011. (in Of Two Minds, September 1, 2011)

Finally serious economists are considering a position I have been maintaining and writing about since the 2008 financial meltdown. Whatever its name —erasure, repudiation, abolishment, cancellation, jubilee— debt forgiveness, will have to eventually emerge forefront in global efforts to solve an ongoing systemic financial crisis.

[...]

Debt grows exponentially indefinitely, growth (income and otherwise) cannot. This leads to a widening condition where the fruits of productive “growth” devoted to interest payments increase until those fruits are entirely consumed. [...] Once this happens, stores of wealth (hard assets) begin to be cannibalized to make up for the difference. You see this in Greece with its sale of public assets to private companies, and in middle-class America where people are liquidating retirement accounts to pay for their cost of living.

This problem is compounded by a private Federal Reserve that lends money into circulation at interest, and then allows the multiplication of this consumer debt-money liability through fractional reserve banking. The money in circulation today could pay only a small fraction of the total private and public debt. That fact alone is evidence of a kind of systemic fraud. “If you just work hard enough, save, and make sensible decisions, you can get out of debt” could only physically work for a bare fraction of the population, given the money-to-debt ratio. The rest would have to simply default to clear the boards.

This is why debt forgiveness makes not only moral but rational, mathematical sense. Finances require balancing to be coherent. There must be some way to redress systemic imbalance. One has to be able to “zero the scales” to get an accurate weight of value and to re-establish healthy value creation.

[...]

...subtle debt extortion creates a system of never-ending debt-slavery for a vast majority of the population. When this “manageable” slavery is aggravated by a desire to use hardship to extort ever greater assets from the overburdened at ever cheaper prices (what Naomi Klein calls “disaster capitalism”), by open and unapologetic widespread fraud, and by the unjust offloading of risk and liability to taxpayers who had nothing to do with poor decisions of private banks, then the systemic abuse is revealed in the daily lives of citizens.

Debt creates scarcity, which stimulates fear, which drives manic competition, which favors opportunism, collusion, and concentrations of power, which translates to abuse, which results in a collapse of legitimacy for the economic system. Overreach causes a breaking point, and we are getting close to it. Will the response be warfare, taxpayer revolt, political upheaval, mass default, debt forgiveness, something other, some combination? I have predicted pockets of violence would be mixed with some softer combination of taxpayer revolt, mass default, political upheaval, and debt forgiveness, along with a return to community exchange to meet basic needs.

Last update: 2011-09-04 10:56