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quinta-feira, janeiro 15, 2015

Guerra e Gás

A corrida do gás está ao rubro!

A mudança de paradigma energético é o principal responsável pelas guerras e pelo terrorismo em curso na Europa.


A guerra pelo gás substituiu a guerra do petróleo(clicar para ampliar)

A bolha financeira do petróleo começou a desinchar. Quer dizer, o Pico do Petróleo é hoje um facto adquirido, e a migração para a principal alternativa, que irá dominar o século 21, ou seja o gás natural, está na origem dos principais conflitos geoestratégicos em curso.

A Rússia, que detém as maiores reservas comprovadas de gás natural do mundo (Wikipedia), quer proteger o seu monopólio no fornecimento à Europa, mas cometeu um erro ao desafiar, de forma brutal, a estratégia europeia de segurança energética. A Alemanha, por sua vez, também cometeu um erro, privilegiando a integração apressada da antiga Cortina de Ferro na União Europeia, nomeadamente em detrimento da Turquia, e uma vez mais praticando jogo duplo com a Rússia e com a Eurásia em geral, tendo por esta via provocado desnecessariamente os países do Mediterrâneo, onde predominam as religiões católica, ortodoxa e muçulmana. O trio Merkel, Hollande, Netanyahu, que vimos na linha da frente da manifestação de Paris, contra os ataques terroristas reivindicados pela Al-Qaida do Iémen, é todo um gráfico dos jogos de guerra em volta do Corredor Sul de abastecimento de gás à Europa. Não me admiraria nada que, neste momento, Obama esteja a apoiar discretamente o Syriza, e até o Podemos! (1)

A Grécia e a Itália tem uma carta na manga...
(clicar para ampliar)

Os principais produtores de petróleo começaram a fazer regressar em massa os petrodólares a casa, e a China estancou o ritmo especulativo e perigosamente tóxico do seu crescimento.

O crescimento mundial está a caminhar rapidamente para uma longa era de crescimento zero (0-1%), à medida que as bolhas especulativas e a financiarização da economia vão implodindo, e as dívidas públicas insustentáveis vão forçando os governos a abandonar o endividamento sistémico e a economia virtual.

A falta de liquidez proveniente dos petrodólares vai necessariamente rebentar com muitas empresas e bancos, sobre-endividados, e/ou sobre-expostos, nomeadamente, ao buraco negro dos derivados financeiros, e/ou ao negócio, cada vez menos rentável, das dívidas soberanas.

O fim do petrodólar é a principal origem da falta de liquidez(clicar para ampliar)

Os casos da PT e do BES estão aí. A EDP poderá ser a próxima vítima. Até porque é mais barato produzir energia elétrica com gás natural do que com ventoinhas e paineis solares dependentes do tempo e de bolsas de capital especulativo que estão a encolher, ou dos subsídios públicos indecorosos em países à beira da explosão social.

A proteção que os rendeiros até agora gozaram dos políticos desmiolados, ou corruptos, acabou.

A guerra pelo gás natural substitui as anteriores guerras do petróleo.

A procura excedentária e especulativa do ouro negro vai provavelmente deixar muito crude nas profundidades do pré-sal brasileiro, nas areias betuminosas do Canadá, e nas rochas de xisto por fraturar na América de Obama. Os países exportadores de petróleo, sobretudo os que dependem de petróleo pesado e muito caro (60-80 USD/bbl.), perante a queda da procura e a queda prolongada dos preços, serão forçados a diminuir a exportação de capital oriundo da venda do crude (petrodolares), e nalguns casos até, a importar capital. A seca nos mercados bolsistas não se fará esperar, e a falta global de liquidez, nomeadamente para investimentos produtivos, também não.

O Quantitative Easing, quer no Japão, quer nos Estados Unidos, chegou ao fim, com resultados miseráveis. O ensaio que Mario Dragi promete na União Europeia (2), e que servirá apenas para impedir o colapso das dívidas soberanas de países como a Grécia, Portugal, Espanha, Itália, França, ou Reino Unido, e que jamais chegará à economia, terá provavelmente a mesma má sorte.

A produção de petróleo estagnou, dando lugar a uma bolha financeira (clicar para ampliar)
A especulação terminou, por agora. Logo...(clicar para ampliar)


E no entanto, porque precisamente estamos no início de uma metamorfose energética da economia mundial, que implicará necessariamente mudanças de paradigma na economia (eficiência, eficiência, eficiência), nas tecnologias, nas sociedades, nas democracias e na cultura, as oportunidades começarão também a surgir, apesar do horror das guerras assimétricas em curso e da manipulação mediática permanente.


NOTAS
  1. ÚLTIMA HORA (16/1/2015 10:18): A Guerra do Gás está ao rubro!
    A Rússia anunciou anteontem que desviará o abastecimento do seu gás à Europa para a Turquia, com entrada... pela Grécia! O Syriza abre hoje uma garrafa de Champagne — pois ganhou, de repente, dois aliados: Obama e Putin!

    EurActiv: European Commission Vice President Maroš Šefčovič was told in Moscow Wednesday (14 January) that Russia would shift all its gas transit from Ukraine to Turkey, and that EU customers should buy this gas at the border with Greece.

    According to press reports, Šefčovič, who visits Russia for the first time since he was appointed Commission Vice-President for the Energy Union, said he was “very surprised” by the Russian move.
  2. ÚLTIMA HORA: Enquanto escrevíamos este post a Suíça (i.e. o SNB) anunciou que desligava a sua moeda do euro. E catapum! Na iminência de uma diarreia de euros destinada a salvar governos e bancos, a libra suíça bate com a porta; coloca a taxa de juro de referência nos -0,75%, e mostra que vai deixar de ser um fiel comprador de euros... depois de a moeda única ter decidido alinhar com os lémures japoneses e americanos... em direção ao precipício. Tempo de comprar francos suíços e ouro (se tiver francos suíços, claro!) 
REFERÊNCIAS
Russia Just Pulled Itself Out Of The Petrodollar
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 01/14/2015 12:45 -0500

Back in November, before most grasped just how serious the collapse in crude was (and would become, as well as its massive implications), we wrote “How The Petrodollar Quietly Died, And Nobody Noticed”, because for the first time in almost two decades, energy-exporting countries would pull their “petrodollars” out of world markets in 2015.

This empirical death of Petrodollar followed years of windfalls for oil exporters such as Russia, Angola, Saudi Arabia and Nigeria. Much of that money found its way into financial markets, helping to boost asset prices and keep the cost of borrowing down, through so-called petrodollar recycling.

We added that in 2014 “the oil producers will effectively import capital amounting to $7.6 billion. By comparison, they exported $60 billion in 2013 and $248 billion in 2012, according to the following graphic based on BNP Paribas calculations.”

“Oil May Drop To $25 On Chinese Demand Plunge, Supply Glut, Ageing Boomers”
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 12/17/2014 11:45 -0400

By Paul Hodges of International eChem via Russell Napier’s ERIC

We have forecast since mid-August that Brent oil prices would fall to “$70/bbl and probably lower”, and the US$ would see a strong rise. As Chart 1 shows, Brent has now reached our target, falling 40%, whilst the US$ has risen 10%. We believe this represents the first stage of the Great Unwinding of policymaker stimulus that has dominated markets since 2009. This Note now takes our oil price forecast forward into H1 2015.

Astonishingly, most commentators remain in a state of denial about the enormity of the price fall underway. Some, failing to understand the powerful forces now unleashed, even believe prices may quickly recover. Our view is that oil prices are likely to continue falling to $50/bbl and probably lower in H1 2015, in the absence of OPEC cutbacks or other supply disruption. Critically, China’s slowdown under President Xi’s New Normal economic policy means its demand growth will be a fraction of that seen in the past.

This will create a demand shock equivalent to the supply shock seen in 1973 during the Arab oil boycott. Then the strength of BabyBoomer demand, at a time of weak supply growth, led to a dramatic increase in inflation. By contrast, today’s ageing Boomers mean that demand is weakening at a time when the world faces an energy supply glut. This will effectively reverse the 1973 position and lead to the arrival of a deflationary mindset.
Petróleo, gás, Síria e Estado Islâmico
O dossier energético e a guerra na Síria: o caso do pipeline Irão-Iraque-Síria
O António Maria. Por José Manuel Castro Lousada

End of Nabucco – end of Southern Gas Corridor?

Energy Post. June 27, 2013 by Agata Loskot-Strachota and Janek Lasocki

TAP—Trans Adriatic Pipeline

The Geopolitics of Gas and the Syrian Crisis: Syrian “Opposition” Armed to Thwart Construction of Iran-Iraq-Syria Gas Pipeline
Global Research