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quinta-feira, agosto 30, 2018

Um poder que vem de trás...


O presidente da Câmara de Pedrógão Grande, Valdemar Alves, com o primeiro-ministro, António Costa, e o presidente da República em segundo plano.

Não são só alfaces estragadas


Em 2016, últimos dados disponíveis de acordo com a sistematização feita pela Pordata usando dados do Ministério do Trabalho, atingimos nesse ano o número mínimo de trabalhadores em greve (sete mil). O número de paralisações pode dizer-se que estabilizou – mais uma do que em 2015. 
[...] 
O que conseguimos hoje perceber melhor é que algumas elites dependentes do Estado não queriam mais o PSD de Pedro Passos Coelho a governar o país. Era preciso que o Estado voltasse a ser rapidamente o que tinha sido para todos aqueles que dependem dele. E não estamos a falar dos funcionários públicos em geral, mas sim de uma elite fundamentalmente lisboeta que vive à mesa do Orçamento – do lado da despesa ou da receita – e que inclui também empresários. 
Helena Garrido—“O poder das elites e de António Costa”
Observador, 30/8/2018, 7:04

Sobre o excelente, e como sempre corajoso texto de Helena Garrido, publicado no Observador, apetece-me comentar o seguinte:

O gráfico das greves, mencionado no artigo, não revela grande coisa sobre a Geringonça, pois até houve mais uma greve em 2016 do que em 2015; o que sim revela é uma tendência consistente para a perda de capacidade reivindicativa do setor do trabalho, incluindo a dos sindicatos do PCP: 363 greves em 1986, abrangendo 232 mil trabalhadores, com 382 mil dias de trabalho perdido; 76 greves em 2016, abrangendo 7 mil trabalhadores e 12 mil dias de trabalho perdidos—PORDATA - Greves (1986-2016).

Esta tendência é, aliás, uma consequência do fim da era de crescimento rápido da economia mundial—declínio acelerado das reservas de energia fóssil barata, e queda da procura agregada global.

Já no que toca às elites urbanas de Lisboa, eu seria mais abrangente: o ódio aos memorandos da Troika (1), impostos ao governo do PS e assinados por este, vem não apenas das elites atingidas, nomeadamente nos setores financeiro e rentista do regime, não apenas das burocracias partidárias sem exceção, mas também, e mais gravemente, dessa imensa mole que é o neo-corporativismo herdado de Salazar, cujo funcionamento em ditadura insular ainda se aguenta, mas que, numa economia aberta e em democracia vai acabar por morrer, ou dar lugar a nova ditadura, praticamente inevitável se houver um colapso da União Europeia.

Para já, a Geringonça está tão atada de pés e mãos quanto o governo de Passos Coelho. Limita-se a fazer propaganda com o orçamento de estado invariavelmente deficitário que é capaz de produzir, oferecendo torradeiras, perdão, viagens de borla na CP e descontos temporários no IRS a alguns emigrantes que regressem a tempo de votar no PS, ao povo léu, e à corte democrática, ao mesmo tempo que estupora criminosamente a infraestrutura económica, material e política do país.

Portanto, Helena, a coisa é mais grave do que pensa.


Post scriptum

A dita revolução dos cravos não matou o salazarismo. Deu-lhe uma nova face, de balbúrdia democrática, muito parecida com a da primeira República. Ou seja, há uma mole rentista, corporativista, partidocrática e burocrática, sebosa e indigente, queiroziana em suma, que não mudou e perdura na sua histórica e venal inutilidade. Prova disto mesmo são os níveis de emigração, de iliteracia funcional e de dislexia. Já viram como fala o nosso PM?

As ideologias dos partidos, de direita, de esquerda e de extrema esquerda não passam de máscaras de conveniência e demagogia. Nenhuma delas pariu, em 40 anos de pós-ditadura, uma idea nova que fosse. Ideologia? Esquerda? Direita? Nada! Limitaram-se a importar o que a social-democracia alemã, ou a ex-URSS tinham para dar e vender. Nada mais. Hoje, morta a segunda, e exangue a outra, o país, o nosso país, afunda-se como um Titanic sur Mer (excelente nome dado pelo Manuel João Vieira ao seu bar de escárnio e mal cantar ;)

Disse numa das primeiras emissões do censurado (sim!) programa semanal da RTP2, Política Sueca, que a Geringonça iria durar uma ou duas legislaturas. E afirmei também que era bom a democracia conhecer finalmente o PCP e o Bloco. Se a UE não implodir de vez na próxima década (2020-30), e não deverá implodir, apesar do que se teme, o que irá certamente mudar no nosso país é a liturgia do nosso sistema partidário. Para melhor, espera-se. O desvairado Santana Lopes é uma dessas lebres que, aos ziguezagues e caretas, ainda poderá precipitar a reação em cadeia que todos esperamos, como réplicas infinitas de Godot.


NOTAS
  1. Vale a pena recordar os factos, pois a manipulação partidária dos mesmos (fake news) é constante. Para tal recomendo este post do blogue Aventar, “Memorando da Troika – Em Português”, de que cito a introdução:

    Foi apresentado no dia 3 de Maio um Memorando de Entendimento. Esta versão foi aprovada pelo PSD e pelo CDS-PP e corresponde à tradução feita pelo Aventar que se pode ler mais abaixo.

    No entanto, no dia 17 de Maio, o governo assinou outro Memorando de Entendimento, diferente do anterior. Notar que o governo não achou necessário informar os portugueses nem sequer os próprios partidos signatários da versão do dia 3 e que muito provavelmente terão de ser eles a cumprir este “programa de governo”.

    Ler o original completo


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sábado, julho 08, 2017

A "nova filosofia" e a tragédia de Pedrógão Grande

Ao que parece, as antenas dos WT portáteis, que faltaram, custam 15 euso!

Walkie Talkies do SIRESP, sem antenas adequadas, agravaram caos, incompetência e tragédia


Enquanto o primeiro ministro continua fugido numa qualquer praia espanhola, e os pândegos parlamentares se divertem com mais comissões da treta e guerrilha retórica, o balanço público da tragédia de Pedrógão Grande continua a fazer-se, sendo cada vez mais evidentes as responsabilidades do Bloco Central, mas sobretudo do atual governo, e em particular de António Costa, em tudo o que de sórdido e mau tem ocorrido no país, nomeadamente por causa da austeridade de esquerda arquitetada pela Geringonça, mas mais ainda pelos efeitos nefastos do assalto que a turma de António Costa tem promovido por esse aparelho de estado acima, e abaixo!

Ficou provado que o incêndio de Pedrógão Grande não foi o resultado de um raio de Lúcifer, como um solícito boy da Judiciária começou por querer fazer crer à populaça pregada aos televisores.

Ficou provado que não há nenhuma prova meteorológica da ocorrência de um down burst.

Ficou provado que bombeiros e a dita proteção civil foram avisados atempadamente pelo IPMA sobre as condições atmosféricas adversas que se aproximavam da zona onde ocorreu a tragédia de Pedrógão Grande

Ficou provado que os bombeiros e em primeiro lugar a proteção Civil falharam clamorosamente na fase inicial e crucial do incêndio.

Ficou provado que ninguém encerrou ou mandou encerrar a EN236-I antes de nela terem morrido 33 (ou 47?) pessoas, vítimas da fornalha em que a mesma se transformou à medida que os pinheiros plantados ao longo das suas bermas começaram a arder em força. A EN236-I foi encerrada, por conseguinte, por volta das 22:15, segundo respondeu António Costa ao PP.

Ficou provado que os sistemas de comunicações do SIRESP, ao serviço da dita Autoridade Nacional de Proteção Civil, falharam clamorosamente, desde logo porque os bombeiros andavam como baratas tontas munidos de walkie-talkies com antenas urbanas, em vez de antenas adequadas, mais compridas, como recomenda a Motorola: “optimize and maximize range, the antenna must be as high up as possible.” Estas antenas custam 15 euros cada!

Ficou provado que o comandante operacional da dita Autoridade Nacional de Proteção Civil e o presidente da mesma confraria partidária estiveram a milhas da ocorrência—não por algum tempo, mas todo o tempo!

Ficou provado que presidência da república e governo chegaram ao local da tragédia já noite adiantada, única e exclusivamente porque foram avisados das dezenas de mortes na EN 236-I.

Ficou patente que a ministra da administração interna e o seu secretário de estado, um boy e uma girl de António Costa, ficaram de plantão até ao rescaldo da tragédia por instruções de um primeiro ministro que, depois de despejar no éter mediático uma bateria de perguntas aos seus serviços, escovando assim e miseravelmente as suas próprias responsabilidades, batia em retirada para uma zona de conforto chamada Palma de Maiorca.

Ficou, por fim, evidente, que a presidência de Marcelo Rebelo de Sousa, pese embora as carícias da cor-de-rosa Eurosondagem, foi, essa sim, atingida por um downburst!

Quanto ao assalto promovido por António Costa ao aparelho de estado (mais de metade das chefias da Autoridade Nacional de Proteção Civil mudaram com a sua chegada ao poder), para o que foi e é imprescindível cumplicidade comprada aos comunistas do PCP e aos trotsquistas e maoistas do Bloco, devo confessar um erro de análise. Cheguei a pensar que eram gente séria, e sobretudo inteligente, que poderiam alterar o figurino da esquerda em Portugal, transformando a Geringonça num verdadeiro governo de esquerda simultaneamente desempoeirado e pragmático. Mas enganei-me. Num país falido e que perde soberania a cada dia que passa, esta gentinha faz-me cada vez mais lembrar os náufragos que dão às costas italiana e grega. E o pior é que estão a dividir criminosamente Portugal entre Lisboa e o resto do país. Exemplo: todos pagamos taxas para a RTP, mas as instalações do Monte da Virgem, no Porto, só servem para produzir informação quando a malta de Lisboa vai para os copos, ou ainda não acordou. De um lado estão burocratas, corruptos e outros privilegiados, do outro, uma manada bovina de zombies, gente atónita, e um crescente número de revoltados. Vai acabar por dar mau resultado.

O regime político corrupto e irresponsável que temos entrou numa espiral implosiva sem retorno.

É preciso pensar em alternativas.


PS: vale a pena ver estes quatro videos, ainda que a segunda parte do Sexta às 11, sob o pretexto (e a pressão?) do dito contraditório, tenha sido mais uma lamentável demonstração da indigência mediática instalada. Já Pedro Soares, embora denuncie e bem a existência de uma negociata, parece esquecer que o Siresp não é uma empresa privada, mas uma PPP. E portanto, o problema não se resolve nacionalizando do Siresp, mas denunciando o contrato por manifesto incumprimento, e só depois deverá haver lugar à discussão sobre se o Siresp é melhor administrado por boys e girls do atual sistema partidário (não é, nem será), ou se deve, pura e simplesmente, ser contratado com a Altice, a NOS, ou a Vodafone. Colocando a discussão num plano meramente ideológico, como acabou por fazer, o Bloco evidencia, uma vez mais, a sua imaturidade política congénita.


RTP. Sexta às 9 (VI)
O que falhou na tragédia de Pedrógão Grande? | 07 Jul, 2017 | Episódio 22

TVI, 2017-07-06 21:05, Ana Leal
Governos conheciam fragilidades do SIRESP e nada fizeram

SIC-N, 23.06.2017 23h27
O relato do homem que deu o primeiro alerta do incêndio de Pedrógão Grande

ARTV Direto, 5/7/2017
Pedro Filipe Soares: “O SIRESP é uma negociata que tem fragilizado o país”

sábado, julho 01, 2017

ARDIAN, responsável pela tragédia da EN 236-I?

A proximidade dos pinheiros à estrada é ilegal

A Ascendi tinha como seus investidores de referência a Mota-Engil e o BES... 


Mas em 2015 a Mota-Engil despachou a sua participação na Ascendi para os franceses da ARDIAN, e o Novo Banco (ex BES) alienou a sua participação ao mesmo private investmet manager, em 2016.

Como se percebe cada vez melhor, a tragédia da EN236-I, o fogo de Pedrógão Grande, a Ascendi do BES e da Mota-Engil, mais o SIRESP negociado por António Costa, onde a SLN, o BES, e o famoso Lacerda andaram todos de mãos dadas, desembocam num Elefante Branco chamado Autoridade Nacional de Proteção Civil, dirigida por um coronel amigo de António Costa, de nome Joaquim Leitão, cuja esposa socialista, Maria Isabel Leitão, é atualmente Diretora do Departamento de Administração Geral e Contratação Pública no Instituto de Gestão Financeira da Educação, mas que foi também, pasme-se, Secretária-Geral do Ministério da Defesa Nacional e, pasme-se, Vice-Presidente da Autoridade Florestal Nacional.

Com uma família destas, onde haveria que incluir ainda, para sermos justos, o hiperativo presidencial, amigo de longa data dos Espírito Santo, vai ser muito difícil encontrar o Wally da maior tragédia incendiária ocorrida em Portugal.

Só mesmo se sacudirem as responsabilidades para os franceses da ARDIAN.

O problema desta fuga em frente seria evidentemente o sinal que um tal alijamento de responsabilidades políticas daria aos mercados...

A proximidade dos pinheiros à estrada é ilegal


Pedrógão Grande: Castanheira de Pera alertou “entidades competentes” 
...Ascendi explicou que a Ascendi Pinhal Interior tem sob sua responsabilidade a subconcessão que integra a EN 236-1, tendo a seu cargo as respetivas atividades de manutenção, conforme estipulado no contrato de subconcessão. “No caso da EN 236-1, foi efetuada, entre 05 e 07 de junho passado, uma operação de limpeza da respetiva faixa de combustível”, concluiu. 
—in Dinheiro Vivo, 23.06.2017 15:45 
Castanheira de Pera alertou "entidades competentes" para limpeza da "estrada da morte" 
A Câmara de Castanheira de Pera disse esta sexta-feira ter alertado "as entidades competentes" para se proceder à limpeza das bermas da Estrada Nacional (EN) 236-1, onde morreram a maioria das vítimas do incêndio que começou em Pedrógão Grande. Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara de Castanheira de Pera, Fernando Lopes, explicou que a EN 236-1 é uma via que não pertence às competências do município. 
—in Correio da Manhã. 23.06.2017

A proximidade dos pinheiros à estrada é ilegal

A afirmação da Ascendi—“No caso da EN 236-1, foi efetuada, entre 05 e 07 de junho passado, uma operação de limpeza da respetiva faixa de combustível”— não colhe. Basta olhar para as fotografias e recolher todos os testemunhos locais que forem necessários. A faixa de pinheiros não só não estava distanciada pelo menos dez metros da berma da estrada, como não existia espaçamento mínimo de quatro metros entre cada copa, tal como vem expressamente dito na lei. Basta ler...

Critérios para a gestão de combustíveis no âmbito das redes secundárias de gestão de combustíveis  
A) Critérios gerais — nas faixas de gestão de combustíveis envolventes às edificações, equipamentos e infra-estruturas devem ser cumpridos cumulativamente os seguintes critérios:  
1 — No estrato arbóreo, a distância entre as copas das árvores deve ser no mínimo de 4 m e a desramação deve ser de 50% da altura da árvore até que esta atinja os 8 m, altura a partir da qual a desramação deve alcançar no mínimo 4 m acima do solo.  
2 — No estrato arbustivo e subarbustivo, o fitovolume total não pode exceder 2000 m3 /ha, devendo simultaneamente ser cumpridas as seguintes condições: a) Deve ser garantida a descontinuidade horizontal dos combustíveis entre a infra-estrutura e o limite externo da faixa de gestão de combustíveis; b) A altura máxima da vegetação é a constante do quadro n.º 1, variando em função da percentagem de cobertura do solo.
3 — Os estratos arbóreo, arbustivo e subarbustivo remanescentes devem ser organizados espacialmente por forma a evitar a continuidade vertical dos diferentes estratos combustíveis. 
4 — No caso de infra-estruturas da rede viária às quais se associem alinhamentos arbóreos com especial valor patrimonial ou paisagístico, deve ser garantida a [deveria ler-se "à", não é verdade?] preservação do arvoredo a aplicação do disposto nos números anteriores numa faixa correspondente à projecção vertical dos limites das suas copas acrescida de uma faixa de largura não inferior a 10 m para cada um lado.

—in Decreto-Lei n.º 124/2006, de 28 de Junho, e Decreto-Lei n.º 17/2009, de 14 de Janeiro
—in Diário da República N.º 123—28 de Junho de 2006

sábado, junho 24, 2017

Remodelar António Costa, ou mudar o chip do regime?

A fotografia que desmascara o embuste montado pelo Governo sobre a origem da tragédia
Foto: Daniel Saúde (ver as suas declarações à SICN)

A austeridade das esquerdas está a revelar-se uma tragédia


António Costa, depois de atropelar o seu próprio partido, perdeu as eleições que prometera ganhar, tal era a convicção de que o governo de centro-direita estaria já completamente queimado pela austeridade imposta pelos credores externos e internos (não nos esqueçamos dos bancos e de outros detentores nacionais de dívida pública), e ainda pela guerrilha civil que lhe fora movida desde o primeiro minuto de vida pelas esquerdas concubinas do orçamento e do aparelho de estado: PS, PCP e Bloco de Esquerda.

O PSD, contra todas as sondagens, ganhou as eleições. Perdera, porém, a maioria parlamentar. E como a ocasião faz o ladrão, Costa aceitaria de imediato a bóia de salvação estendida pelas esquerdas comunista, maoista e trostquitsa. Em grande foi esta derrota feita vitória, mas com um preço cosido na bainha: reverter a austeridade da Troika a favor da manutenção do concubinato entre partidos numericamente irrelevantes, ideologicamente indigentes e historicamente desfasados, e o Estado, protegendo a todo o custo as suas quintas de poder: o proletariado docente, os sindicatos, algumas, cada vez menos, autarquias que há muito fogem da demagogia improdutiva, juízes que deixaram de ser órgãos de soberania, e muita mais função pública e atividades afins. Em suma, substituiu-se a austeridade da Troika por uma austeridade das esquerdas, pois, como sempre disse e escrevi, o cutelo do défice só não desfigurará mais o país que temos se respeitarmos as imposições dos principais credores. Como agora percebemos, as esquerdas, em matéria de défice, também foram além da Troika, e preparavam até os respetivos festejos para o solstício deste Verão.

Não foi pois obra do diabo o que aconteceu em Pedrógão Gande, mas consequência direta de cativações que, como sabemos, têm vindo a atingir setores vitais da nossa sociedade, como é há muito notório no setor da saúde, mas também nos investimentos em segurança florestal que ficaram no gabinete do excelso Mário Centeno (Expresso). No caso da caricata Autoridade Nacional de Proteção Civil, até consultar o seu sítio na Internet leva uma eternidade!

Duas perguntas fatais


I
Porque tardou António Costa mais de dez horas a chegar ao comando central da Autoridade Nacional de Proteção Civil? A mesma pergunta ao PR, no que se refere à sua primeira aparição televisiva. A mesma pergunta ao secretário de estado da administração interna, que só se deslocou a Pedrógão Grande seis hotas depois de os incêndios começarem. A mesma pergunta à inenarrável MAI, Constança Urbano de Sousa, que levaria onze horas a chegar ao teatro das operações.

Hipótese: estiveram a combinar uma estratégia de controlo de danos reputacionais.

Quando o par bonapartista surgiu nos vários canais de televisão a dar prova de vida, já havia 64 mortos civis e mais de uma centena de feridos inexplicáveis. Presume-se que conheciam bem, há mais de seis ou oito horas, a gravidade da situação.

II
Se, como reza agora a narrativa sobre o SIRESP (1), não falharam as comunicações, pois os sistemas complementares e redundantes suprimiram as falhas do sistema principal de comunicações do SIRESP, então haverá que responder a uma outra pergunta crítica: porque não foi encerrada a Estrada Nacional 236-1 a tempo de evitar a tragédia que ali ocorreu?

Está na hora de despedir António Costa, e de o afetuoso presidente Marcelo Rebelo de Sousa nomear outro primeiro ministro, ou, se não encontrar personalidade à altura e disponível, demitir mesmo o governo, e agendar eleições antecipadas.

Se Marcelo não retirar a tempo as devidas consequências desta degradação rápida do regime, o regime encarregar-se-à de mudar os principais chips do sistema. Em nome da sobrevivência da democracia, pois claro!

NOTAS

  1.  Jorge Lacão andou ontem à noite de um canal televisivo para outro dando explicações sobre o SIRESP. Basicamente, o que ele repetiu várias vezes foi que a PPP SIRESP, afinal, não tinha sofrido qualquer apagão de comunicações, não senhor! Seja porque funcionou um outro recurso ("estratégico") do mesmo SIRESP, seja porque não deixou de operar a rede de telecomunicações do Serviço Nacional de Bombeiros. De onde vem, porém, este empenho de esclarecimento por parte do deputado socialista? Teria sido uma resposta à revelação da clásula 17 do Contrato entre o MAI e o SIRESP, de 4 de julho de 2006, dedicado à chamada "força maior", a qual desresponsabiliza o SIRESP de qualquer incumprimetno imputável às mais diversas causas naturais e humanas, incluindo raios? Teria sido, tão só, o cumprimento de uma instrução de António Costa, no sentido de desviar todas as atenções do inimputável SIRESP, uma vez que o contrato existente, por si assinado, substitui um anterior declarado nulo por ter sido elaborado e assinado à pressa pelo governo Santana Lopes quando este já se econtrava demitido e em meras funções de gestão? Que diferenças existem entre as duas versões contratuais? António Costa, MAI de José Sócrates, assinou ou mandou assinar um contrato exorbitantemente caro para os resultados que se conhecem. Mas se esta foi a intenção, esconder as ligações do SIRESP ao atual primeiro ministro, sobre uma dúvida árdua de esclarecer: porque se manteve aberta a EN236-1 durante várias horas depois do incêndio ter deflagrado e assumido proporções alarmantes?
Atualizado em 24/6/2017, 16:47 WET

quarta-feira, junho 21, 2017

Ia tudo tão bem...




António Costa é o principal responsável pela tragédia de Pedrógão Grande


Ouviram-no, esta terça-feira, na TVI? O homem gaguejava por todos os poros!

E certamente exigiu deste colaborante canal televisivo, que não lhe fizessem três perguntas melindrosas:

  1. foi V. que colocou o Joaquim Leitão—coronel de sua confiança, presume-se—na Proteção Civil, não foi?
  2. porque preferiu. à época em que era ministro da administração interna de José Sócrates, manter a PPP com o SIRESP quando poderia ter denunciado esta parceria ruinosa? Não acha, hoje, que ter sido necessário chamar a MEO para acudir às comunicações em Pedrógão Grande é motivo bastante para denunciar o péssimo serviço do escandalosamente caro SIRESP, e rasgar um contrato que nunca deveria ter sido assinado?
  3. Quem deu a ordem fatal para desviar o trânsito, que vinha do IC8, para a Estrada Nacional 236-1, entre Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos?
Judite de Sousa fez-lhe a vontade. Não lhe fez estas perguntas, entretendo-nos com o fait divers que a sua ministra da administração interna sempre proporciona ao país cada vez que abre a boca.

Primeiro, a trapalhada fiscal de Cristiano Ronaldo. Depois, a mesma trapalhada, mas agora com Mourinho. Finalmente, o criminoso falhanço do SIRESP e da Autoridade Nacional de Proteção Civil, com as consequências trágicas que se vão conhecendo.

Parece que o vento mudou, António Costa!

PS: Se tentar entrar no sítio que a Agência Nacional de Proteção Civil tem na Internet perceberá porque são tão lentos e ineficazes. Inenarráveis são, por outro lado, as palavras do senhor coronel Joaquim Leitão publicadas a propósito da tragédia de Pedrógão Grande. O país arde por causas profundas, e uma delas é a ignorância e irresponsabilidade dos políticos que temos—da extrema esquerda à direita mais católica.


ATUALIZAÇÃO (22/06/2017, 10:33)

A contra-informação mediática sobre o desvio fatal da circulação automóvel do IC8 para a EN236-1 é manifesto nas citações que se seguem...


Onde começou o fogo, e quem mandou fechar a EN 236-1?

IPMA (Público, 22/6/2017): “os níveis de avisos emitidos estavam de acordo com as regras fixadas entre o IPMA e a ANPC [Autoridade Nacional de Protecção Civil]”.

UA (Público 22/6/2017): “É muito frequente em todo o mundo ver descargas eléctricas a provocar fogos florestais. O que não é normal é a consequência trágica que este teve.” Ter sido uma descarga eléctrica de uma trovoada seca a desencadear este incêndio “é muito plausível”

Público (22/6/2017): Logo no início da manhã de domingo, menos de 24 horas após o primeiro alerta para o incêndio, o director nacional da PJ, Almeida Rodrigues, anunciou que as autoridades policiais já tinham conseguido “determinar a origem do incêndio” e que tudo apontava “muito claramente para causas naturais”, tendo sido encontrada “a árvore que foi atingida por um raio”. (...) “Sabemos onde começou e foram analisados os vestígios no local que mostram como aconteceu”, acrescentou, assegurando que um evento deste tipo deixa marcas que são facilmente (e rapidamente) identificadas por especialistas.

Costa pergunta (Público, 22/6/2017): “Confirma-se que houve uma interrupção do funcionamento da rede SIRESP, porquê, durante quanto tempo, se não funcionaram as suas próprias redundâncias e que impacto teve no planeamento, comando e execução das operações, como se estabeleceram ligações alternativas?”, perguntou à ANPC.

Quem encerrou a EN 236-1? Ou quem desviou a circulação automóvel do IC8 para a EN236-1?

Costa pergunta e obteve resposta da GNR: (Público):  Na noite de terça-feira, entrevistado na TVI, o chefe do Governo referiu que a GNR não deu ordem para encerrar a EN 236-1 [contra-informação]. “Que eu tenha conhecimento, não há nenhuma instrução específica para o encerramento daquela via, conforme aqui diz a GNR” [contra-informação], disse António Costa, referindo-se à resposta que entretanto recebeu.

“Não foi dada essa instrução pelo comando da Guarda, pelos militares da Guarda no local e, provavelmente, também não pela ANPC” [contra-informação], acrescentou. O primeiro-ministro foi informado de que “o fogo terá atingido esta estrada de forma totalmente inesperada, inusitada e assustadoramente repentina, surpreendendo todos, desde as vítimas aos agentes de protecção civil, nos quais se incluem os militares da GNR destacados para o local”, o que corresponde “à descrição do dramatismo e da rapidez com que tudo aconteceu naqueles 400 metros daquela estrada”.


A versão dada pelo primeiro-ministro, com base nas respostas da GNR, não é coincidente com o que disse Jorge Gomes à TSF, nesse mesmo dia. “Uma das primeiras perguntas que fiz à Guarda Republicana foi se a via estava fechada. A GNR informou-me que sim, que a via estava fechada” [contra-informação], disse o secretário de Estado da Administração Interna.

TVI: Fonte da GNR esclareceu a TVI que “é o comandante das operações de socorro”, da Proteção Civil, “que dá indicações aos militares para fechar ou abrir estradas” (ver relato de uma testemunha).

DN (20/6/2017): Segundo o porta-voz da Guarda Nacional Republicana, toda a atuação vai ser avaliada, nomeadamente se foi ou não encerrada a Estada Nacional (EN) 236-1, apelidada agora de "estrada da morte" e onde morreram várias pessoas encurraladas pelas chamas entre Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos.

Há relatos de sobreviventes que dizem que a GNR desviou os carros para a EN236, onde morreram 47 pessoas [informação].

...

O incêndio que deflagrou no sábado à tarde em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, provocou pelo menos 64 mortos e mais de 150 feridos.

O fogo começou em Escalos Fundeiros, e alastrou depois a Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera, no distrito de Leiria.

Desde então, as chamas chegaram aos distritos de Castelo Branco, através do concelho da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra.

Este incêndio já consumiu cerca de 26.000 hectares de floresta, de acordo com dados do Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais.

Da preguiça legislativa do PS e do Bloco de Esquerda


Vale a pena ouvir cada palavra de António Leitão Amaro, pois descreve o essencial da responsabilidade da Geringonça na tragédia de Pedrógão Grande. 

O falhanço clamoroso da Autoridade Nacional de Proteção Civil, do Primeiro Ministro e do seu Governo (Capoulas Santos tem mais de uma década de responsabilidade na pasta da agriculura — como ministro e como deputado europeu) é mais do que evidente, e dessa responsabilidade devem ser, senhor Presidente da República, retiradas consequências claras. Já no que se refere às famosas questões de fundo (a gestão das florestas, etc.), soube-se ontem à noite na SICNOTÍCAS, pelo deputado António Leitão Amaro (minuto 12:40) que o famoso Pacote Legislativo exigido por Marcelo Rebelo de Sousa e aprovado em Conselho de Ministro de 27 de outubro de 2016, andou a pastar numa comissão liderada pelo PS e pelo Bloco de Esquerda até ao dia da tragédia.Isto explica, talvez, o silêncio mortal de Catarina Martins e do convertido Louçã.


Atualizado em 22/6/2017, 11:18 WET