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quinta-feira, outubro 02, 2008

Crise Global 31

O colapso de América XII

Reserva Federal Americana sem limites! A caminho de Weimar?
Na Europa, a próspera Irlanda, à beira da falência! E Portugal?

U.S. Senate Approves $700 Billion Financial-Rescue

By Nicholas Johnston and James Rowley

Oct. 1 (Bloomberg) -- The U.S. Senate tonight approved a $700 billion financial-rescue plan that funds the biggest government intervention in the markets since the Great Depression. The package now goes to the House of Representatives, which rejected an earlier version of the measure.

The bill, a bipartisan effort to restore confidence in the nation's banking system, passed 74-25 with 40 Democrats, 33 Republicans and independent Joe Lieberman of Connecticut voting for it. The two presidential nominees, Democrat Barack Obama and Republican John McCain, returned from the campaign trail to cast votes for the plan.

Backed by the Bush administration, the measure authorizes the government to buy troubled assets from financial institutions reeling from a record number of home foreclosures.


Ireland puts up €400bn to protect six big lenders


Wednesday October 1 2008 (Guardian).

Ireland announced yesterday that the state would safeguard all deposits, bonds and debts in six banks and building societies for two years following a huge share sell-off on Monday.

The €400bn package covers Allied Irish, Bank of Ireland, Anglo Irish Bank, Irish Life and Permanent, Irish Nationwide Building Society, and the Educational Building Society. British depositors with accounts in their UK branches will be covered, as will savers at the UK's Post Office whose deposits are run by Bank of Ireland.

The department of finance in Dublin said it was still considering whether the scheme could be extended to subsidiaries of Irish banks in the UK; it was awaiting a ruling by Ireland's financial regulator.

Opposition leaders warned that if the scheme failed it had the potential to bankrupt the republic. In Britain, ministers were also critical, suggesting it could breach European Union state aid rules.

Brussels made it clear yesterday that it was refusing to suspend such rules to meet the crisis Britain, Belgium, France, Germany and other states have all notified Brussels of their bail-outs, with European Commission officials promising urgent and swift decisions.

Another European bank was bailed out yesterday, the third within 48 hours, as €6.4bn was injected into Dexia. An emergency overnight meeting saw the Belgian government agree to invest €3bn, an amount matched by the French state which is to become a 25% shareholder. Luxembourg is supplying the remainder.

Dexia is the world's biggest lender to local government, but also has more than 5m retail customers. Its shares fell 30% on Monday.

Os 700 mil milhões não vão chegar. E como não vão chegar, pois representam apenas uma gota de água do imparável défice da América, está em curso um golpe de Estado legislativo -- chamado Emergency Economic Stabilization Act of 2008, H.R. 3997 -- cujo resultado, se passar incólume na Câmara dos Representantes (1), permitirá à Reserva Federal, ou seja ao cartel de bancos privados também conhecido por FED, criar do zero todo o crédito de que precisar para alimentar a voragem de um império a caminho da hiperinflação e do crash.

O impacto desta espécie de regresso sombrio da República de Weimar, vai lançar a Europa no caos. Para os que pensam que a corrida aos bancos ainda não começou, esclareço o seguinte: não há grandes bichas de clientes às portas dos bancos pela simples razão de que boa parte deles não têm senão dívidas acumuladas! Os fundos das grandes contas, pelo contrário, estão há mais de um ano a ser desviados pelos respectivos depositantes, accionistas e especuladores, em direcção aos países fiscais e à aquisição de activos capazes de resistir à sucção ciclónica do buraco negro dos derivativos. A prova do que afirmo é o número de instituições financeiras que já quebraram desde o Verão de 2007. Prova do que afirmo é o montante astronómico de dólares, libras, euros e francos suíços que os mealheiros públicos de uma trintena de países já injectou no mercado financeiro euro-americano. Prova do que afirmo e clamorosa demonstração desta corrida para o abismo, é a pré-falência já não de um grande banco, mas de um país inteiro, um país que ainda há um ano exibia orgulhosamente crescimento anual de 8%. Esse país chama-se Irlanda!

Ao contrário do que afirmam os optimistas profissionais, em Portugal, a situação pode evoluir num ápice para o desastre. Basta meditar uns segundos nesta notícia do Correio da Manhã de 1 de Outubro.

Milhões da UE aguentam banca portuguesa

Montante emprestado subiu 23,5 vezes desde Agosto de 2007

A Banca portuguesa tem recorrido cada vez mais ao Banco Central Europeu (BCE) para cedência de dinheiro como consequência da crise financeira mundial. Segundo dados do último boletim estatístico do Banco de Portugal, a cedência de liquidez às instituições financeiras que trabalham no nosso país quase triplicou desde o início do ano e subiu 23 vezes desde que a crise do Subprime se iniciou em 2007. No último mês de Agosto, o banco central cedeu 5,5 mil milhões de euros ao sistema financeiro nacional. Em Janeiro, as necessidades de liquidez da Banca estavam nos 1,8 mil milhões. E, se recuarmos a Agosto de 2007, as necessidades de financiamento dos bancos portugueses não iam além dos 234 milhões de euros.

Como disse Manuela Ferreira Leite, com razão, "não há dinheiro para nada!"

Hoje o Estado português, central, regional e autárquico, vai buscar dinheiro aos bancos (e ao sector financeiro desregulado!) para pagar os vencimentos da Função Pública. Tendo por outro lado em conta que o "endividamento das famílias portuguesas era da ordem dos 37% do rendimento disponível (1985), 87% (2000) e 124% (2006)" [Medina Carreira, 2007; A Economia Portuguesa, MFAP/DGEP, 2004, 2005, 2006], podemos intuir facilmente a gravidade do problema de tesouraria que poderá ocorrer no curto e médio prazo.

Temo ainda que à medida que tomarmos consciência de que empresas tão estruturantes como a TAP podem estar à beira da ruptura -- 200 milhões de euros de prejuízos previsíveis para o fim de 2008, e a compra da PGA ainda por contabilizar! (2) --, ou de que os "grandes investimentos" -- novo aeroporto, Alta Velocidade (3), nova travessia do Tejo, novas autoestradas (4) e barragens -- muito dificilmente encontrarão o financiamento exterior de que precisam, e portanto serão em breve abortados (ou adiados sine die), o espectro de uma desvalorização catastrófica em bolsa do lóbi do betão arraste todo o sector financeiro para a lama das falências. É por isso que os sound bite do Governo começam a ser contraditórios: Manuel Pinho asneira para um lado, o inenarrável dromedário das Obras Públcias, para o outro!

Não podemos esperar que o mundo desabe, nem confiar nas palavras irresponsáveis do senhor Durão Barroso, que de economia e gestão de crises já provou nada saber. A Euro-América está no meio de um ciclone alimentado por três poderosas forças destrutivas: a crise energética, a crise climática e a crise económico-financeira. Para debelar esta crise sistémica é necessária uma visão ampla e compreensiva da natureza intrínseca dos problemas. Doutro modo, o ciclone transformar-se-à num furacão bélico de consequências imprevisíveis. O aumento de 27% nas despesas militares russas para o ano de 2009 é o sinal mais evidente do potencial destrutivo da presente crise de supremacia do "mundo ocidental".

NOTAS
  1. Bush pressiona Câmara dos Representantes após Senado aprovar Plano Paulson

    02-10-2008 09:10 (Lusa/ Diário Económico). "Os americanos esperam e a nossa economia exige que a Câmara [dos Representantes] adopte esta semana esta boa lei e a reenvie ao meu gabinete", comentou Bush, citado pela Lusa, após o Senado ter aprovado o plano para injectar 700 mil milhões de dólares (501 mil milhões de euros) no mercado monetário, com 74 votos a favor e 25 contra.

    O Presidente norte-americano aplaudiu o voto do Senado satisfeito com o facto de republicanos e democratas terem superado as divergências partidárias para adoptarem o plano do secretário do Tesouro, Henry Paulson.

    "Depois dos melhoramentos introduzidos pelo Senado, creio que os membros dos dois partidos na Câmara podem apoiar esta lei", acrescentou Bush.
  2. TAP vai registar os maiores prejuízos de sempre desde a chegada de Fernando Pinto

    02.10.2008, Raquel Almeida Correia (Público)

    A transportadora perdeu 133 milhões até Agosto e prevê-
    -se que as contas piorem até ao final do ano. A tentativa de acordo com os sindicatos parece estar condenada

    Quando Fernando Pinto apresentou os resultados do primeiro semestre de operação da TAP (136 milhões de euros de prejuízos), ainda restava a esperança de que o Verão, período de pico da indústria aérea, ajudasse a recuperar a empresa. Ontem, o gestor brasileiro regressou à mesma sala para anunciar que os meses de Julho e Agosto apenas reduziram as perdas em três milhões de euros.
    Os dados acumulados dos oito primeiros meses do ano mostram uma TAP a caminho dos piores resultados de sempre desde a chegada de Fernando Pinto, no ano 2000. Desde Janeiro, a companhia registou prejuízos de 133 milhões e "o mais provável é que o resultado líquido seja pior no final do ano", avançou Michael Conolly, administrador financeiro da transportadora, ao PÚBLICO.
  3. Alta Velocidade: Prazo para entrega de propostas termina hoje

    02-10-2008 11:53 (Rádio Renascença.) O prazo para a entrega das propostas para concessão e construção do primeiro troço do projecto de alta velocidade ferroviária Poceirão-Caia termina hoje.

    ...As grandes empresas de construção portuguesas estarão em concurso, como por exemplo a Mota Engil, a Edifer, Zagope e Soares da Costa.

    O concurso tem por objecto a atribuição da concessão do projecto, construção, financiamento, manutenção e disponibilização, durante os 40 anos de concessão, das infra-estruturas ferroviárias que integram o troço Poceirão-Caia, numa extensão de 170 Km, compreendendo ainda a exploração da estação de Évora, que integra a gestão e comercialização das áreas comerciais e dos parques de estacionamento.

    O projecto realizar-se-á com uma parceria público-privada (PPP) integrando ainda a construção da linha convencional entre Évora e Caia, que ficará sob a responsabilidade do consórcio vencedor.

    O plano de construção português de alta velocidade será dividido em seis PPP: cinco para a concepção, construção, financiamento e manutenção da infra-estrutura e uma para os sistemas de sinalização e telecomunicações.

    Quando aos prazos definido, o Governo português prevê a entrada em funcionamento da linha Lisboa-Madrid em 2013 e da linha Lisboa-Porto em 2015.

    Apesar da forte crise nos mercados financeiros internacionais – e recorde-se que a banca comercial é um parceiro decisivo neste projecto – o Governo mantém, por enquanto, o calendário dos concursos públicos. -- BM.
  4. Estradas de Portugal garante 200 milhões com nova concessão
    A Mota e a Edifer são as concorrentes finais à auto-estrada do centro.

    Nuno Miguel Silva

    2008-10-02 00:05 (Diário Económico.) A Estradas de Portugal (EP) vai encaixar 200 milhões de euros de receitas até ao fim do ano com o pagamento à cabeça proposto pelos consórcios da Mota e da Edifer, que foram apurados para a ‘short list’ do concurso da Auto-estradas do Centro. Em declarações ao DE, Paulo Campos, secretário de Estado das Obras Públicas, sublinhou que este concurso tem várias novidades”. “Em primeiro lugar, os consórcios privados, qualquer deles, propõe pagar à cabeça 200 milhões de euros à Estradas de Portugal”, revela Paulo Campos.

    Este responsável acrescenta que, em segundo lugar, quer os estudos da EP, quer as estimativas dos concorrentes apresentam valores em que as receitas geradas são superiores aos custos logo no prazo de 30 anos da concessão, e não no prazo de 75 anos [referente ao novo contrato-programa da EP]. “Por último, o Valor Actualizado Líquido [pagamentos solicitados pelos privados à EP ao longo da concessão] das duas propostas apresentam valores inferiores às estimativas iniciais da Estradas de Portugal”.

OAM 450 02-10-2008 03:56 (última actualização: 13:20)

segunda-feira, setembro 29, 2008

Crise Global 28

O colapso da América IX

Num abismo perto de si: Plano Bush rejeitado! Quatro bancos europeus caem em dois dias! Banca portuguesa a caminho da falência?

29 SET 2008 | DOW 10,365,45 | -777.68

Congresso 'chumba' plano de salvamento financeiro de Wall Street

2008-09-29 18:55 (Diário Económico) O plano de salvamento foi rejeitado com 226 votos contra e 207 a favor.

Um total de 141 representantes democratas votaram favoravelmente e 66 representantes republicanos votaram no mesmo sentido.

Contra votaram 92 democratas e 132 republicanos. Um republicano absteve-se.

Esta votação coloca em dúvida a sobrevivência da maior parte das instituições financeiras norte-americanas. Recorde-se que o multimilionário Warren Buffett alertou ontem o Congresso para 'um derreter total' do sistema financeiro, caso a moção não fosse aprovada.

A reacção de Wall Street a esta notícia foi bastante negativa, tendo o índice Dow Jones chegado a cair mais de 600 pontos.

House votes down bail-out package


Monday, 29 September 2008 19:14 UK (BBC).The lower house of the US Congress has voted down a $700bn (£380bn) plan aimed at bailing out Wall Street.

The rescue plan - the result of tense negotiations between the government and lawmakers - was voted down by 226 votes to 207 votes.

Members of President George W Bush's Republican party were strongly opposed to it and many refused to back it.

Shares on Wall Street plunged within seconds of the announcement, following steep fall in earlier trading.

Fed Pumps Further $630 Billion Into Financial System

Sept. 29 (Bloomberg) -- The Federal Reserve will pump an additional $630 billion into the global financial system, flooding banks with cash to alleviate the worst banking crisis since the Great Depression.

Citigroup Agrees to Buy Wachovia's Banking Business

Sept. 29 (Bloomberg) -- Citigroup Inc., the biggest U.S. bank by assets, will acquire banking operations of Wachovia Corp. for about $2.16 billion after shares of the North Carolina lender collapsed under the weight of overdue mortgages.

Europe Sees Three Bank Bailouts in Two Days

Sept. 29 (Spiegel) The crisis sparked by the collapse of Wall Street investment banks continues to spread through Europe. Three major banks were bailed out by private banks or governments on Sunday and Monday, including Germany's Hypo Real Estate, the Dutch-Belgian Fortis and Britain's Bradford & Bingley.

A consortium of banks has stepped in to bailout Munich's Hypo Real Estate.

Overview: Europe bank failures trigger equities collapse

September 29 2008 18:48 (Finantial Times) ... Credit default swaps saw Iceland come under pressure as Glitnir, one of its leading banks, was nationalised. The country’s CDS, a kind of insurance against bonds defaulting, rose 23bp, or €2,300 for every €10m of debt, to 390bp. The spread is 130bp higher than at the start of the month.

Bancos portugueses são dos menos saudáveis da Europa

2008-07-17 00:05 (Diário Económico) Num ‘ranking’ com 62 bancos europeus, BCP, BPI e BES surgem entre as instituições com rácios de capital mais baixos.

Historicamente os bancos portugueses apresentam rácios de capital inferiores à média europeia. O problema é que, com a crise do ‘subprime’, as bases de capital do BCP e do BPI caíram abaixo dos níveis aconselhados pelo Banco de Portugal (BdP). O regulador recomenda que o ‘core tier I’, um dos indicadores mais utilizados para avaliar a saúde financeira de um banco, deva estar acima dos 5% e, no final do primeiro trimestre de 2008, o BCP e o BPI tinham este rácio nos 4% e 4,3%, respectivamente. Os dois bancos viram-se obrigados a pedir dinheiro aos seus accionistas mas, com a queda de 39% da bolsa portuguesa este ano, o mercado começou a questionar se estes aumentos de capital serão suficientes para manter o BPI e o BCP em níveis confortáveis.

Antes de mais há que perguntar: tem o Banco de Portugal, ou tem a CMVM, algo a dizer sobre a situação cada vez mais avermelhada dos bancos portugueses? Ou será que vamos continuar a aturar o optimismo idiota do ministro das finanças e do senhor Carlos Tavares sobre estes assuntos?
26-09-2008 (Jornal de Notícias). Em linha com as declarações de Teixeira dos Santos, o presidente da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Carlos Tavares, afirmou, numa visita à Bolsa de Nova Iorque, que em Portugal não há riscos de falências de instituições financeiras. "Não há nenhuma situação de alarme, nem os consumidores portugueses devem ter mais preocupações do que as que resultam" da situação internacional, referiu o presidente da CMVM.

Quanto ao resto, como aqui se vem escrevendo há pelo menos dois anos, as economias consumistas da América e da Europa, afogadas num mar de dívidas, estão literalmente à afundar. Os computadores piramidais do casino mundial de derivados vão sofrer dentro em breve um tenebroso RESET, seguido de CONTROL-ALT-DELETE e, finalmente, SHUT DOWN. Vamos ter que recomeçar de novo!


OAM 446 29-09-2008 19:45 (última actualização: 30-09-2008 01:30)

Crise Global 27

O colapso da América VIII

Valor nocional dos derivativos: 1.144 biliões de dólares (1)
Os banqueiros começaram suicidar-se. A grande depressão americana vem aí. E vai sobrar para Europa. Livrem-se das dívidas quanto antes!



Se o valor nocional do mercado de derivados (ou derivativos) fosse distribuído pelo 6,7 mil milhões de seres humanos existentes à face da Terra, daria qualquer coisa como 116 mil euros a cada um. Medido doutra forma: os derivativos, que ameaçam evaporar-se nos próximos meses, correspondem a 22,8 vezes o PIB mundial e mais de 15 vezes o valor de todo o imobiliário do planeta. Os bancos comerciais detêm, por si sós, mais de 12% deste valor nocional -- o que dá para imaginar as dezenas, centenas ou mesmo milhares de empresas que irão inevitavelmente falir até ao fim de 2009. Teríamos que multiplicar por 1634 os 700 mil milhões de dólares que os senhores Bush, Paulson, Bernanke, Pelosi e Obama querem arrancar aos bolsos dos contribuintes americanos, para chegarmos ao valor verdadeiramente astronómico do buraco negro gerado, sobretudo ao longo dos últimos dez anos, pela conjunção catastrófica entre o endividamento exponencial da América e o mar de liquidez gerado pelos superavites comerciais e financeiros dos principais produtores de petróleo e bens transaccionáveis (OPEC, China e Japão), e ainda pelos jogos cambiais (FOREX e currency carry-trade) oriundos sobretudo do Japão -- de que ninguém fala, à excepção de Elaine Meinel Supkis.

O empréstimo pedido pela Casa Banca aos americanos (2) é uma gota de água num oceano de dívidas assassinas. Talvez não haja, para já, outra solução que não passe por esta sucção da pouca poupança americana disponível. Os efeitos serão porém dramáticos, no imediato e ao longo dos próximos anos. Por um lado, a América dificilmente evitará um de dois cenários: ou uma inflação galopante (com o dólar a desaparecer), ou a depressão. Por outro lado, o futuro governo dos Estados Unidos, seja ele Democrata ou Republicano, será confrontado com sucessivos dilemas na ordem interna e na ordem internacional. O ano de 2009 será assim um ano de sustar a respiração. A recomendação que venho fazendo há dois anos é a mesma: nada de especulações bolsistas; fujam dos fundos de investimento e dos PPR como o diabo da cruz; saldem todas as vossas dívidas assim que puderem; comprem terra de boa qualidade e algum ouro fino (nada de ouro virtual!); mantenham algum dinheiro debaixo do colchão!

Europa: as falências seguidas de nacionalização, anunciadas este Domingo, do banco inglês Bradford & Bingley, e do banco holandês, Fortis (que precisou de três governos a fazer força), revelam que, ao contrário do optimismo patético de alguns, a crise já está a martelar com muita força o velho continente. Palpita-me que ouviremos em breve falar do Deutsche Bank.

Portugal: não se fiem na conversa dos políticos, sobretudo do actual governo, do imbecil escandalosamente bem pago do Banco de Portugal, e dos nossos caricatos reguladores. Os derivativos são, por definição, veículos sem controle! Da Caixa Geral de Depósitos ao BCP, passando pelo BPI, Santander-Totta e BES, há segredos que precisam de ser revelados quanto antes. Como irá o governo continuar a financiar as dívidas pública e orçamental? Haverá quem nos empreste dinheiro suficiente para acedermos aos fundos do QREN? O ciclo eleitoral que se avizinha não podia ser pior conselheiro para a malta irresponsável dos partidos. Vai ser uma procissão de perigosas baboseiras.


REFERÊNCIAS

The Invisible One Quadrillion Dollar Equation. Asymmetric Leverage and Systemic Risk
London, UK - 28th September 2008, 19:31 GMT

[...]

According to various distinguished sources including the Bank for International Settlements (BIS) in Basel, Switzerland -- the central bankers' bank -- the amount of outstanding derivatives worldwide as of December 2007 crossed USD 1.144 Quadrillion, ie, USD 1,144 Trillion. The main categories of the USD 1.144 Quadrillion derivatives market were the following:

1. Listed credit derivatives stood at USD 548 trillion;
2. The Over-The-Counter (OTC) derivatives stood in notional or face value at USD 596 trillion and included:

a. Interest Rate Derivatives at about USD 393+ trillion;
b. Credit Default Swaps at about USD 58+ trillion;
c. Foreign Exchange Derivatives at about USD 56+ trillion;
d. Commodity Derivatives at about USD 9 trillion;
e. Equity Linked Derivatives at about USD 8.5 trillion; and
f. Unallocated Derivatives at about USD 71+ trillion.

Quadrillion? That is a number only super computing engineers and astronomers used to use, not economists and bankers! For example, the North star is "just" a couple of quadrillion miles away, ie, a few thousand trillion miles. The new "Roadrunner" supercomputer built by IBM for the US Department of Energy's Los Alamos National Laboratory has achieved a peak performance of 1.026 Peta Flop per second -- becoming the first supercomputer ever to reach this milestone. One Quadrillion Floating Point Operations (Flops) per second is 1 Peta Flop/s, ie, 1,000 Trillion Flops per second. It is estimated that all the data found on all the websites and stored on computers across the world totals more than One Exa byte of memory, ie, 1,000 Quadrillion bytes of data.

Whilst outstanding derivatives are notional amounts until they are crystallised, actual exposure is measured by the net credit equivalent. This is normally a lower figure unless many variables plot a locus in the wrong direction simultaneously. This could be because of catastrophic unpredictable events, ie, "Black Swans", such as cascades of bankruptcies and nationalisations, when the net exposure can balloon and become considerably larger or indeed because some extremely dislocating geo-political or geo-physical events take place simultaneously. Also, the notional value becomes real value when either counterparty to the OTC derivative goes bankrupt. This means that no large OTC derivative house can be allowed to go broke without falling into the arms of another. Whatever funds within reason are required to rescue failing international investment banks, deposit banks and financial entities ought to be provided on a case by case basis. This is the asymmetric nature of derivatives and here lies the potential for systemic risk to the global economic system and financial markets if nothing is done.

Let us think about the invisible USD 1.144 quadrillion equation with black swan variables -- ie, 1,144 trillion dollars in terms of outstanding derivatives, global Gross Domestic Product (GDP), real estate, world stock and bond markets coupled with unknown unknowns or "Black Swans". What would be the relative positioning of USD 1.144 quadrillion for outstanding derivatives, ie, what is their scale:

1. The entire GDP of the US is about USD 14 trillion.

2. The entire US money supply is also about USD 15 trillion.

3. The GDP of the entire world is USD 50 trillion. USD 1,144 trillion is 22 times the GDP of the whole world.

4. The real estate of the entire world is valued at about USD 75 trillion.

5. The world stock and bond markets are valued at about USD 100 trillion.

6. The big banks alone own about USD 140 trillion in derivatives.

7. Bear Stearns had USD 13+ trillion in derivatives and went bankrupt in March. Freddie Mac, Fannie Mae, Lehman Brothers and AIG have all 'collapsed' because of complex securities and derivatives exposures in September.

8. The population of the whole planet is about 6 billion people. So the derivatives market alone represents about USD 190,000 per person on the planet.

The Impact of Derivatives

1. Derivatives are securities whose value depends on the underlying value of other basic securities and associated risks. Derivatives have exploded in use over the past two decades. We cannot even properly define many classes of derivatives because they are highly complex instruments and come in many shapes, sizes, colours and flavours and display different characteristics under different market conditions.

2. Derivatives are unregulated, not traded on any public exchange, without universal standards, dealt with by private agreement, not transparent, have no open bid/ask market, are unguaranteed, have no central clearing house, and are just not really tangible.

3. Derivatives include such well known instruments as futures and options which are actively traded on numerous exchanges as well as numerous over-the-counter instruments such as interest rate swaps, forward contracts in foreign exchange and interest rates, and various commodity and equity instruments.

4. Everyone from the large financial institutions, governments, corporations, mutual and pension funds, to hedge funds, and large and small speculators, uses derivatives. However, they have never existed in history with the overarching, exorbitant scale that they now do.

5. Derivatives are unravelling at a fast rate with the start of the "Great Unwind" of the global credit markets which began in July 2007 and particularly after the collapse of Freddie Mac and Fannie Mae in September this year.

6. When derivatives unravel significantly the entire world economy would be at peril, given the relatively smaller scale of the world economy by comparison.

7. The derivatives market collapse could make the housing and stock market collapses look incidental.

Three Historical Examples

1. The so-called rogue trader Nick Leeson who made a huge derivatives bet on the direction of the Japanese Nikkei index brought on the collapse of Barings Bank in 1995.

2. The collapse of Long Term Capital Management (LTCM), a hedge fund that had a former derivatives and bond dealer from Salomon Brothers and two Nobel Prize winners in Economics as principals, collapsed because of huge leveraged bets in currencies and bonds in 1998.

3. Finally, a lot of the problems of Enron in 2000 were brought on by leveraged derivatives and using derivatives to hide problems on the balance sheet.

The Pitfall

The single conceptual pitfall at the basis of the disorderly growth of the global derivatives market is the postulate of hedging and netting, which lies at the basis of each model and of the whole regulatory environment hyper structure. Perfect hedges and perfect netting require functioning markets. When one or more markets become dysfunctional, the whole deck of cards could collapse swiftly. To hope, as US Treasury Secretary Mr Henry Paulson does, that an accounting ruse such as transferring liabilities, however priced, from a private to a public agent will restore the functionality of markets implies a drastic jump in logic. Markets function only when:

1. There is a price level at which demand meets supply; and more importantly when
2. Both sides believe in each other's capacity to deliver.

Satisfying criterion 1. without satisfying criterion 2. which is essentially about trust, gets one nowhere in the long term, although in the short term, the markets may demonstrate momentary relief and euphoria.

Conclusion

In the context of the USD 700 billion rescue plan -- still being finalised in Washington, DC -- the following is worth considering step by step. Decision makers are rightly concerned about alleviating immediate pressure points in the global financial system, such as, the mortgage crisis, decline in consumer spending and the looming loss of confidence in financial institutions. However, whilst these problems are grave, they are acting as a catalyst to another more massive challenge which may have to be tackled across many nation states simultaneously. As money flows slow down sharply, confidence levels would decline across the globe, and trust would be broken asymmetrically, ie, the time taken to repair it would be much longer. Unless there is government action in concert, this could ignite a chain-reaction which would swiftly purge trillions and trillions of dollars in over-leveraged risky bets. Within the context of over-leverage, the biggest problem of all is to do with "Derivatives", of which CDSs are a minor subset. Warren Buffett has said the derivatives neutron bomb has the potential to destroy the entire world economy, and is a "disaster waiting to happen." He has also referred to derivatives as Weapons of Mass Destruction (WMD). Counting one dollar per second, it would take 32 million years to count to one Quadrillion. The numbers we are dealing with are absolutely astronomical and from the realms of super computing we have stepped into global economics. There is a sense of no sustainability and lack of longevity in the "Invisible One Quadrillion Dollar Equation" of the derivatives market especially with attendant Black Swan variables causing multiple implosions amongst financial institutions and counterparties! The only way out, albeit painful, is via discretionary case-by-case government intervention on an unprecedented scale. Securing the savings and assets of ordinary citizens ought to be the number one concern in directing such policy.

[ENDS]


NOTAS
  1. Isto é: 1.144.000.000.000.000 (1144E12) USD.

  2. Troubled Asset Relief Program (TARP): Congress Reaches Deal Outline

    Sep 28 Tentative deal includes the general but unspecified provision that the financial industry would pay for any outstanding cost for the programme after five years. Main components: 1) $700bn released in installments: $250bn right away, $100bn later if results positive and the option to block the remaining $350bn; 2) equity warrants in return for bad asset purchase to recapitalize institutions and retain upside for taxpayers; 3) The plan also would let the government buy troubled assets from pension plans, local governments and small banks; 4) restrictions on executive compensation; 5) independent oversight board. 6) "the government could use its power as the owner of mortgages and mortgage-backed securities to help more struggling homeowners modify the terms of their home loans" but Democrats jettisoned Bankruptcy reform to lower debt value of purchased mortgages (Reuters). Separately, second stimulus package is also in the making for Main Street next to bailout for Wall Street. -- RGE Monitor.

    Sweeping Bailout Bill Unveiled/ House Set to Vote Today, Senate to Follow

    Sep 28 After a week of political tumult and deepening economic anxiety, congressional leaders yesterday rallied support for an historic proposal that would grant the government vast new powers over Wall Street and offer fresh help to homeowners at risk of foreclosure. -- Washington Post.

OAM 445 29-09-2008 02:17

quinta-feira, setembro 18, 2008

Crise Global 20

O colapso da América

Bancos centrais mundiais anunciam acordo para injecção de dinheiro nos mercados


18-09-2008 (TSF). O Banco Central Europeu (BCE) anunciou, esta quinta-feira, uma iniciativa conjunta com outros bancos centrais mundiais para a injecção de mais dólares norte-americanos nos mercados financeiros.

Em comunicado, o BCE diz que a iniciativa envolve a Reserva Federal norte-americana, o Banco do Canadá, o Banco de Inglaterra, o Banco do Japão e o Banco Nacional da Suíça e tem por objectivo «enfrentar as continuadas pressões elevadas» e garantir a liquidez nos mercados financeiros.

Em mais uma tentativa para tentar acalmar os mercados financeiros, os bancos voltaram a injectar capital no total de 180 mil milhões de dólares (127 mil milhões de euros).

Comentário
-- traduzido por miúdos, isto quer dizer o seguinte: os Estados Unidos estão falidos! E o Japão parece ir pelo mesmo caminho. A reunião dos bancos centrais atrelados ao dólar é o reconhecimento camuflado do colapso da Reserva Federal e do império americano. A situação é dramática. Só mesmo os imbecis do Banco de Portugal e o motorista-mor do BES é que podem pensar o contrário!

Como a riqueza (a poupança, os superavit financeiros e comerciais, bem como os fundos soberanos) está na China, na Coreia do Sul e nos produtores de energia, de matérias primas e de alimentos básicos, o que o concílio da especulação financeira mundial vai injectar nos mercados financeiros europeus e norte-americanos, ambos à borda do suicídio, não é mais liquidez, mas mais dívida pura -- que os pobres contribuintes, consumidores e PMEs da Europa-América irão suportar com sangue, suor e lágrimas! Como não se cansa de repetir Elaine Meinel Supkis, também eu digo: prendam estes piratas!!

Morgan Stanley Said to Be in Talks With China's CIC
By Christine Harper

Sept. 18 (Bloomberg) -- Morgan Stanley, the second-biggest independent U.S. securities firm, may sell a larger stake to China Investment Corp. and is in talks about a possible merger with Wachovia Corp., a person familiar with the matter said.

Morgan Stanley pared its loss on the New York Stock Exchange after the person said China's state-controlled fund may buy as much as 49 percent of the New York-based investment bank. The person declined to be identified because the talks aren't public and may end in no agreement.

Comentário: os americanos precisam desesperadamente de dinheiro! Os chineses, pressionados, mostram-se dispostos a colaborar. Mas desta vez querem o melhor Pata Negra da região! Ora aí está: 49% do Morgan Stanley. Até parecem o Edu dos Santos a tomar conta do BPI! Como diria o Rui V Santos: só para apreciadores ;-)


Taxa Euribor a seis meses sobe para valor mais alto de sempre

18-09-2008 (TSF). A taxa Euribor a seis meses, a mais usada nos créditos à habitação, subiu esta quinta-feira para níveis históricos.
Taxa Euribor a seis meses chegou ao valor mais alto de sempre, atingindo os 5,223.
Já a Euribor a três meses subiu para os 4,991, o que corresponde ao valor mais elevado desde Dezembro de 2000, enquanto a 12 meses ascendeu aos 5,386 por cento.

Comentário
: a isto chama-se burlar os clientes depois de os ter seduzido para compras fáceis e irresponsáveis de casas, cuja construção, por outro lado, alimentou a indústria especulativa e corrupta do betão. Vale e Azevedo (o antigo pirata do Benfica) está sujeito a um mandado de captura. Mas as tríades de banqueiros e construtores civis que alimentam as nomenclaturas político-partidárias do Bloco Central (PP incluído) continuam incólumes! Continuarão a rir-se quando o sistema financeiro indígena começar a ser arrastado pela crise internacional? E você, vai continuar a votar no Bloco Central?


Rentabilidade dos títulos do tesouro americano a 3 meses caiem para 0,02 %

Wed Sep 17, 2008 1:00pm EDT (Reuters) - The 3-month U.S. Treasury bill yield "last traded at 0.02 percent as an actual trade and may have traded negative earlier today," said Sean Murphy, Treasuries trader at RBC Capital Markets in New York, shortly after 12:30 p.m. EDT (1630 GMT).
The last time the 3-month U.S. T-bill yield was at or below zero was in January 1940, said Bryan Taylor, chief economist with Global Financial Data in Los Angeles.
Murphy cited "a flight to quality into the Treasury bill market." "People are just panicking and they just want their principal," he said.

"Foge ladrão que te querem fazer barão! Mas para onde, se me querem fazer conde!!"


Esta velha diatribe contra a monarquia portuguesa decadente (que vendia títulos nobiliárquicos para sobreviver), serve perfeitamente para a actual crise financeira da Europa-América. As acções em bolsa e as acções das empresas andam aos trambolhões há pelo menos um ano, estando agora em plena queda livre. O refúgio proverbial nestas situações são as acções de Estado, isto é, os célebres e antes confiáveis títulos do tesouro, ou certificados de aforro. Mas quando até estes começam a oferecer rentabilidades negativas, de que vale confiar a poupança doméstica e os salvados do colapso financeiro à guarda destes outrora guardiões da riqueza dos povos?


OAM 435 18-09-2008 13:11 (última actualização: 16:30)