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sábado, janeiro 12, 2019

Social-fascismo mediático

Pormenor de uma fotografia de Robert Mapplethorpe, exposta no Museu de Serralves


O jornalismo, na sua guerra insane pelas audiências, está a transformar-se rapidamente numa forma pidesca de fascismo mediático. Ana Leal, por exemplo [ver “Ana Leal”: grupo secreto quer “curar” homossexuais — TVI24], tem vindo a destruir tudo o que revelou sobre a corrupção, à medida que percebemos os métodos inaceitáveis, e provavelmente ilegais, do seu jornalismo infiltrado.

Ninguém vai a um médico, ainda por cima a um psicólogo, ou a um psiquatra, se não se sentir mal, quer dizer, doente, neste caso, dos cornos. Quer isto dizer que a homossexualidade é uma doença? Não! Então o que é? Será um estado absolutamente natural da personalidade? Também me parece que não. Um defeito biológico, ou genético? Até agora ninguém demonstrou que seja o caso. Então o que é, porra? Ninguém sabe ao certo, embora haja muitas teorias psicológicas e culturais sobre o assunto. Mas lá que por vezes é um problema que causa transtornos psíquicos e comportamentais a milhares ou milhões de pessoas, é.

E já agora, não confundamos amor com sexo. Podem estar juntos, mas estão muito mais vezes separados. Quando a crise da SIDA atingiu nos Estados Unidos e na Europa a sua fase epidémica e o seu pico mediático, não por acaso, se desenvolveu uma moral monogâmica entre os gays, e se promoveu até a adoção dessa instituição conservadora que é o casamento entre os homossexuais e lésbicas. O objetivo principal desta restauração cultural era apenas um: diminuir o grau de promiscuidade decorrente do facto, de todos conhecidos, de os homossexuais serem muito pouco ou nada fieis e estáveis nas suas relações amorosas e sexuais.

Estas questões são complexas e sensíveis. Devem ser discutidas de forma racional e substantiva, em vez de servir de palco à voragem canina e desmiolada dos novos gladiadores do circo das audiência televisivas. Mas mais importante ainda, as sexualidades alternativas, desviantes, ou fraturantes não devem extravasar em espaço mediático e poder político a sua real e histórica representatividade social. Nem muito menos ser englobadas nessa espécie de federação das causas fraturantes e politicamente corretas que tem servido de elevador eleitoral a vários partidos urbanos mais ou menos populistas, como é o caso, entre nós, do Bloco de Esquerda. A bolha de misandria que se tem vindo a formar ao longo das duas últimas décadas começou, aliás, a rebentar sob a forma de fenómenos de grande magnitude eleitoral, política e cultural, como foram os casos recentes das eleições de Donald Trump e de Jair Bolsonaro. Mas esta é uma discussão para outro post.

Atualização: 12/1/2019 11:43 WET

quarta-feira, junho 20, 2018

A morte dos média



Cristiano by Nike, no Facebook. Uma conta com mais de 120 milhões de seguidores e fãs.

Depois dos mass media virá o hypermedia


A decisão de acabar, no fim deste mês, com o Diário de Notícias impresso em papel, que será em breve seguida pelo Público e pelo Jornal de Notícias, só peca por tardia. Por outro lado, vai aumentar a concorrência entre o Expresso e os outros semanários de papel. Na corrida do cabo, a CMTV lidera, à frente da SIC, TVI, RTP, Hollywood, mas o mais relevante é verificarmos como esta corrida se tornou rapidamente uma corrida de lémures em direção ao abismo. Os cavalos também se abatem!

Na realidade, o que já faliu há uma década a esta parte é o próprio modelo de média em que assentaram as sociedades industriais. Numa sociedade global eletrónica e digital desenvolvida a partir de satélites e cabos de fibra ótica, onde predomina a Internet, os chamados 'mass media' deixaram de fazer sentido e são sobretudo ineficazes quando comparados com os 'new media' e as redes sociais digitais, ou seja, aquilo a que Ted Nelson nos anos sessenta do século passado chamou hipermédia.

Acontecerá ao média tradicionais o que aconteceu à esmagadora maioria das mercearias e retrosarias depois do aparecimento das grandes superfícies comerciais e das marcas globais: uma extinção em massa. No caso de Portugal, a implosão em curso do sistema bancário indígena, bem como do protecionismo rentista nacional, só irá acelerar esta tendência, como estamos a ver. Esta transição tecnológica poderia ter decorrido de forma preparada, suave e avisada, mas vai ocorrer, ou está a decorrer, de forma brusca, inconsciente e injusta.

Num país com cabeça, esta evolução seria uma prioridade na discussão pública (em vez do Bruno de Carvalho!) A sociedade deveria debater abertamente o que pode estar em causa nesta transição, e como garantir a neutralidade da Net, ou as liberdades que podem estar em causa. Não é certamente metendo a cabeça na areia, como António Costa e a Geringonça fizeram no caso da compra abortada da TVI (Média Capital), ao grupo espanhol Prisa, pela Altice, que problemas de transição desta importância podem e devem ser analisados, enfrentados e resolvidos com o menor custo possível para a autonomia informativa e de opinião numa democracia.

O endividamento geral dos média portugueses, de que a recente venda do edifício-sede da Impresa se afigura como um péssimo augúrio, é uma Espada de Dâmocles que pesa sobre as suas principais cabeças. Sem sistema bancário, nem governo, em condições de os proteger, tornaraam-se naturalmente presas fáceis dos falcões que sobrevoam os produtores de conteúdos e as redes de telecomunicações e de hipermédia plantadas no planeta.

Sobre isto, como era de esperar, os bonzos burocráticos que opinam, nada previram, nada viram, nada sabem, nada comentam.

domingo, julho 17, 2011

Privatizar a RTP, já!

Media Capital e Impresa em pânico com privatização da RTP

Manuela Moura Guedes, um furacão a que não estávamos habituados.

O Expresso reafirmou este Sábado (LINK) a sua história sobre a investigação a Bernardo Bairrão supostamente realizada pela pouco Secreta portuguesa. Bernardo Bairrão era administrador da Média Capital, o grupo que detém a TVI, onde Miguel Pais do Amaral possui 10% do capital (1) e a Prisa (dona do El País) tem a maioria (84,69%), sendo que também a Caixa de Aforros de Vigo, Ourense e Pontevedra (Nova Caixa Galicia) detém 5,05% do grupo.

Bernardo Bairrão era pois administrador de uma empresa cujo comando pertence a um dos mais poderosos e políticos grupos de comunicação espanhol, com origens que remontam à era de Franco, mas cujo alinhamento pelo PSOE é a matriz genética e estratégica desde o primeiro dia em que o El País apareceu nas bancas. Bernardo Bairrão preparava-se pois para ser secretário de Estado da administração interna do actual governo português. O melindre, mais do que óbvio, é escandaloso!

Na qualidade de administrador da Media Capital, Bernardo Bairrão despediu Manuela Moura Guedes nas vésperas das eleições legislativas de 2009, para proteger o primeiro ministro (José Sócrates) que tentara controlar a TVI através de uma entrada da PT na Media Capital e que queria, por outro lado, numa espécie de dois em um, ajudar o El País e Zapatero. O canal de televisão português com maior audiência deixaria assim de ter vozes inconvenientes e evoluiria rapidamente para uma espécie de vaquinha ideológica dos socialistas ibéricos.

Um dos homens que concretizara esta estratégia (ainda que parcialmente, pois a Prisa acabou por não precisar de vender a Média Capital) foi Bernardo Bairrão, o mesmo que iria agora entrar no âmago do governo de Passos Coelho. Menos mal que Manuela Moura Guedes enviou um SMS ao primeiro ministro avisando-o da asneira crassa em curso.

É, porém, preciso regressar ao tempo em que o grupo Prisa pensou vender a Media Capital para realizar receitas urgentes destinadas a resolver um gravíssimo problema de incumprimento potencial das suas obrigações financeiras, para percebermos a outra dimensão deste caso, e sobretudo do empenho extraordinário do Expresso e da SIC (i.e. do cada vez mais frágil grupo Impresa, de Pinto Balsemão) em fazer do não-caso Bernardo Bairrão uma arma de arremesso contra o actual governo.

A Ongoing, que hoje se posiciona claramente para entrar na privatização da RTP, manifestou em 2009 a intenção de tomar posições accionistas activas (i.e. com capacidade de controlo e gestão) tanto no grupo Impresa (onde tem aliás uma participação histórica), como na Media Capital. A Impresa exibia já uma curva declinante aparentemente sem regresso, e o grupo Prisa tinha sido mais ou menos forçado a colocar à venda a Media Capital como forma de arrecadar receitas necessárias a por em dia o seu desequilibrado balanço. Quis o destino que nenhum dos grupo de média fosse parar às mãos da Ongoing e das do seu novo estratega para a área das indústrias de comunicação e conteúdos, José Eduardo Moniz.

Com o acordo da Troika ficou entretanto decidida a privatização da RTP — um monumental centro de custos (2), sede de mordomias sem fim e gestão aventureira dos escassos recursos fiscais existentes. No actual estado da tecnologia, a existência de televisões públicas não tem qualquer justificação, e a sua subsistência apenas revela a pulsão paternalista e o desejo de manipulação de massas que o poder partidário e o poder político conservam como uma espécie de direito natural. Basta pensar no trauma que à época foi a privatização do venerável Diário de Notícias para percebermos rapidamente que o caso da RTP é exactamente da mesma natureza: uma vez privatizada, ninguém mais pensará nisso, e o país deixará de carregar ao lombo um cancro despesista.

Os arquivos da RTP devem juntar-se à Cinemateca, e ambos os arquivos devem ser integrados na Biblioteca Nacional, formando um novo e único organismo de conservação e disponibilização pública de documentos. É assim que se poupa e ganha eficácia, transparência e independência democráticas.

Desde que a privatização da RTP foi anunciada (e não seria sério privatizar apenas um canal; é preciso mesmo privatizar toda a empresa), tanto Pinto Balsemão, como os espanhóis da Prisa, decidiram agitar as águas mediáticas, alertando para a ameaça que um novo canal privado de televisão colocaria à sobrevivência da SIC e da TVI. Ou seja, um canal público que é simultaneamente um buraco financeiro e uma empresa incompetente, nomeadamente na criação de audiências e na captação de receitas publicitárias, faz afinal bem à SIC e à TVI. Pois é, mas faz mal, aliás muito mal, ao bolso dos portugueses!

Bernardo Bairrão manifestou-se publicamente contra a privatização da RTP, em nome dos interesses da Prisa. Colocar este personagem, depois de semelhante declaração, na administração interna do país, ainda por cima com o cargo de secretário de Estado, seria como meter uma raposa dentro dum galinheiro e pedir-lhe que tomasse conta das galinhas! Elementar, não é?

Finalmente, toda a gente sabe nos "bas-fonds" da comunicação social portuguesa, que uma RTP privada, eventualmente controlada por uma aliança entre a Ongoing e a TV Globo, dirigida por José Eduardo Moniz, levar-nos-ia não só à segunda grande revolução na indústria mediática portuguesa, como acabaria por dar lugar à cooptação de uma das duas concorrentes, a Media Capital ou a Impresa, pela nova RTP.

Esta é a realidade que a indigente e manipulada imprensa que temos não desvenda, preferindo usar os canais de comunicação de massas à sua disposição para arquitectar uma guerra estúpida e injusta contra o actual governo. Espero bem que estes novos fariseus falhem o seu encapotado objectivo.

PS: A Prisa não voltou a receber no seu regaço Bernardo Bairrão, como seria normal. Moral da história: para evitar problemas com o novo ciclo político português, e com o que se aproxima em Espanha, o melhor mesmo é colocar uma catalã no lugar outrora ocupado por Bairrão. Há que por as barbas de molho, como se diria em Espanha: efectivamente!

NOTAS
  1. Segundo o Jornal de Negócios de 19-07-2011, Pais do Amaral vai comprar mais 20% da Media Capital. Daí, creio, a sua oposição à privatização da RTP. Resta perguntar se a oposição do CDS é um tributo de Paulo Portas ao seu antigo patrão.
  2. A  RTP, mesmo depois de por lá ter assado o famoso Almerindo Marques, tem mais funcionários do que a TVI e a SIC juntas, um passivo que daria para comprar duas pontes Vasco da Gama, e recebe mais dinheiro do Estado do que de publicidade. Consegue aliás a proeza de estar apenas a 13% do conjunto das indemnizações compensatórias pagas pelo Estado ao sector de transportes (ver este gráfico, relativo às contas de 2010, publicado pelo blogue Aventar.)

LINKS

Prisa vende posição na Media Capital abaixo do preço justo. Jornal de Negócios - 30 Setembro 2009 | 09:44
PRISA vende el 35% de Media Capital y el 25% de Santillana por 400 millones. EL PAÍS - Madrid - 28/09/2009
Prisa vende 30% da Media Capital à Ongoing (act.2). Jornal de Negócios - 28 Setembro 2009 | 19:58
Ongoing interessada em ter posições de "controlo partilhado".  Público - 02.07.2009 - 15:49 (Por Lusa)

ÚLTIMA ACTUALIZAÇÃO: 19 Julho 2011


quarta-feira, outubro 13, 2010

E agora Carrilho?

Manuel Maria Carrilho, E Agora? Por uma nova República.
Li o prefácio do livro de Manuel Maria Carrilho, "E AGORA? Por uma Nova República". Para princípio de novo programa do PS e de reforma do regime, não está nada mal. Depois do suicídio político de Francisco Assis, e da impossibilidade óbvia de Tó Zé Seguro substituir o Pinto de Sousa, eu, se fosse o Jorge Coelho, reorientava a minha armada de influências para o Manual Maria Carrilho. Foi ministro, é catedrático muito antes de se tornar político com responsabilidades, tem pensamento próprio e sobretudo é honesto, austero e gosta do seu país.

O despedimento sem justa causa do embaixador português da UNESCO, por um Sócrates inculto, aldrabão, e bonifrates enraivecido, depois da publicação do manifesto político de Manuel Maria Carrilho, é um excelente argumento a favor do ex-ministro da cultura, e convida a lê-lo.

Algumas das suas ideias — um só mandato presidencial, voto obrigatório, subordinação dos limites do endividamento público a imperativos constitucionais, ligação dos deputados a quem os elege, austeridade, competência, imaginação e probidade na função pública, de que a acção político-partidária deveria ser a mais exigente e nobre, uma mudança drástica nas filosofias e metodologias educativas, a correcção imediata do descalabro da Justiça, ou a consideração da cultura (do conhecimento e das artes), da boa administração do território, e do papel crucial do poder local, como opções estratégicas de fundo e urgentes — subscrevo-as por baixo imediatamente.

Faltará apenas, pelo que li do prefácio, uma nova percepção teórica das causas geo-estratégicas do nosso declínio. Sem isto, não saberemos reinventar completamente a economia portuguesa, nem mudar de vida. O declínio e as bancarrotas duram desde a perda do Brasil, e o estado em que estamos agora é já claramente comatoso. Portugal transformou-se, sobretudo na última década, numa cleptocracia sem rei nem roque. Foi por isso que a Alemanha decidiu parar com as mesadas inúteis.

O buraco que aí vem pode, por mais negro que seja, e vai ser muito negro, por incrível que seja, e é muito incrível, levar-nos à salvação. Estejamos, pois, muito atentos e activos.


POST SCRIPTUM

15-10-2010. Ontem, na SIC-N, no Jornal das Nove, surpreendentemente, o eminente teórico e consultor do aeromoscas de Beja e das cidades aeroportuárias da Ota e de Alcochete, apareceu a desconstruir naquele seu tom aznariano, toda a política económica de quem lhe deu de comer nesta última meia década. Não deixa de ser interessante observar as consequências gravíticas de um barco quando começa a adornar, com naufrágio inexoravelmente à vista. Será que o senhor Augusto Mateus já se apresentou a Manuel Maria Carrilho como futuro ministro da economia, ou preferirá antes ser o futuro anunciado ministro da qualificação? Eu sou tolerante, e como cristão genético aprendi a perdoar. Já estou a imaginar: primeiro ministro, Manuel Maria Carrilho; ministro da economia, Augusto Mateus; ministro da qualificação, Mariano Gago (há que repescar o que é bom); ministro dos negócios estrangeiros, Luís Amado (um bom ministro que fez o favor de colocar MMC na senda da sucessão de Sócrates); ministro das finanças, Luís Campos e Cunha; ministra do ambiente e do território, Elisa Ferreira; ministro da educação, Nuno Crato; etc.

13-10-2010. Manuel Maria Carrilho e Pedro Santana Lopes assinaram contrato com a TVI para comentarem a actual situação política. Dois líderes futuros no horizonte? Afastemos os preconceitos e as fábulas inventadas pelas agências de comunicação, antes de opinar sobre estas duas aves que renascem das cinzas. Como Passos de Coelho está a ser empurrado por todos para o caldeirão canibalista da actual nomenclatura político-partidária, e o seu futuro se torna assim naturalmente incerto, há que olhar para lá das presidenciais, e sobretudo para lá da era Cavaco-Sócrates!

Do quadrado professor Louçã ao quadrado professor Pacheco, todos querem que os laranjas deixem passar o Orçamento, para depois o senhor Pinto de Sousa acusar o PSD das medidas gravosas, enquanto gasta milhões de euros, dos nossos impostos claro, a colar a face do poeta surdo-mudo pelo país fora, de braço dado com o quadrado Louçã. O meu voto será obviamente branco!

quinta-feira, outubro 22, 2009

Portugal 135

Novela sórdida da TVI
Prisa nos eixos depois de adiar colapso financeiro com a venda de 35% da Media Capital.

In Illo Tempore: quem deu emprego a Fernanda Câncio no DN? Resposta: Henrique Granadeiro. Quem depois pôs o Granadeiro na PT: José Sócrates! Quem deu o primeiro passo, a pedido de Sócrates (claro!), para calar a Manuela Moura Guedes? Henrique Granadeiro. Quem deu o segundo (porque o primeiro foi em falso)? O franquista recauchutado que dirige o grupo Prisa! Quem insistiu e acaba de conseguir controlar a TVI? A PT superiormente comandada pelo boy socratino: Henrique Granadeiro. Que grande zurrapa!!

Com o estado de falência suspensa da Impresa (para se manter à tona viu-se forçada a dar o Expresso e a SIC como garantia aos bancos!), com o controlo crítico dos conteúdos da TSF e a transformação da RTP num reedição proto-fascista do Secretariado da Propaganda Nacional, só faltava mesmo à máfia que domina o PS controlar a TVI e monopolizar até ao limite a Internet e as comunicações telefónicas fixas, móveis e de dados. Estamos quase lá, ou estou enganado?!

Os meus amigos democratas já pensaram bem no que estão a tolerar?

O caldo de cultura para uma súbita desconstrução do Estado democrático está aí. De um dia para outro, deixaremos de ter democracia, e em seu lugar estará, sem que sequer disso nos tenhamos apercebido, um NOVO FASCISMO, suave como o anterior, mais corrupto do que o anterior, de seringas e tribunais fantoches em punho, capaz de nos esmagar com eficácia bem maior do que Salazar alguma vez imaginou.

Se abandonarmos os princípios, se os trocarmos pelo mísero prato de lentilhas que as eleições dá a alguns, não tenho dúvidas que o colapso acabará por ocorrer. De momento, só deposito esperança em duas coisas: no voto inteligente dos eleitores, e sobretudo no potencial de uma crítica social auto-organizativa que, com palavras e actos, denuncie sistematicamente o desastre que se prepara em múltiplos domínios, e se prepare para exercer de forma proporcional, mas sem hesitação, o seu inalienável direito à liberdade, à justiça, à democracia, à solidariedade e ao bom governo.

LER noticia no Público


OAM 640 22-10-2009 14:15

sábado, setembro 05, 2009

Portugal 122

Prisa? Rua!

O PS de Sócrates é contra a liberdade

Público, 04.09.2009 - 15h15 Eduardo Cintra Torres

A decisão de censurar o Jornal Nacional de 6ª (JN6ª) foi tudo menos estúpida. O núcleo político do PS-governo mediu friamente as vantagens e os custos de tomar esta medida protofascista. E terá concluído que era pior para o PS-governo a manutenção do JN6ª do que o ónus de o ter mandado censurar. Trata-se de mais um gravíssimo atentado do PS de Sócrates contra a liberdade de informar e opinar. Talvez o mais grave. O PS já ultrapassou de longe a acção de Santana Lopes, Luís Delgado e Gomes da Silva quando afastaram a direcção do DN e Marcelo da TVI.

... Intervindo na TVI, o PS-Governo atingiu objectivos fundamentais. Como disse Mário Crespo (SICN, 03.09), o essencial resume-se a isto: J.E. Moniz e M. Moura Guedes foram eliminados —e com eles as direcções de Informação e Redacção e um comentador independente como V. Pulido Valente.

O senhor Sócrates tinha um grande dilema: deixar a Manuela Moura Guedes apresentar novos dados sobre o seu envolvimento e o envolvimento da sua família no affair Freeport, voltando ainda à carga com outros temas reveladores da instrumentalização da actual maioria "socialista" por interesses económicos inconfessáveis (como seria, por exemplo, o caso do aeromoscas de Beja, pronto a inaugurar, mas sem clientes à vista, apesar de ter custado 33 milhões de euros ao bolso dos contribuintes); ou então impedi-la de o fazer, pedindo com urgência a Juan Luis Cebrián, o Maquiavel madrileno do falido Grupo Prisa, que mandasse calar Manuela Moura Guedes, encerrando o programa informativo com maior audiência em todo o panorama audiovisual português, apesar das previsíveis consequências nos resultados do PS nas eleições das próximas semanas.

O que aconteceu é público, e muito provavelmente custará ao PS um pesado e porventura longo isolamento político. Porque motivo decidiu então a tríade de piratas que manobra José Sócrates assassinar o PS? Certamente para evitar um mal maior. Resta perguntar: que mal maior é esse, e mal maior para quem?

Jose Luis Zapatero quer penetrar profundamente no território português através de uma espécie de garra de caminhos de ferro chamada TGV, Alta Velocidade, ou AVE (como preferirem). Segundo as suas próprias palavras (1), esta é a melhor forma de unificar a Espanha!

O PS da tríade de Macau é o instrumento imbecil e oportunista desta manobra. Não porque devamos rejeitar liminarmente a ligação da nossa rede ferroviária a Espanha e ao resto da Europa, mas porque devemos discutir de igual para igual os termos e o desenho dessa ligação, rejeitando desde logo a visão unilateral, centrífuga e ridiculamente imperial de Madrid sobre a configuração da nova rede ibérica de bitola europeia. Madrid quer que tudo passe por Madrid, antes de chegar a qualquer outro lugar, e quer, por outro lado, construir a nova rede ferroviária como uma teia de aranha cujo centro é a capital de um ex-império cheio de prosápia, pouca eficiência, maus modos e muita corrupção. Ora Manuela Ferreira Leite e Aníbal Cavaco Silva perceberam o alcance estratégico negativo da manobra de envolvimento lançada a partir dos palácios de La Moncloa e del Oriente, e têm vindo a dar insistentes sinais de que a mesma não passará tão cedo do papel ao teatro de operações.

Ora isto é muito preocupante para Madrid, sobretudo no enquadramento cada vez mais explosivo das reivindicações nacionalistas do País Basco e da Catalunha (2).

Chegar a Lisboa e ao Atlântico tornou-se uma obsessão espanhola desde a célebre Cimeira das Lajes, acolhida pelo actual presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, que então o príncipe da Prisa, e administrador do El País, Juan Luis Cebrián, mandou apagar da fotografia. O passado Franquista deste senhor e do seu querido progenitor (3) poderão explicar a pulsão autoritária que agora desagua em Lisboa da pior maneira.

O Grupo Prisa está à beira do colapso financeiro (4). A decisão de vender o Grupo Media Capital foi um recurso para salvar a jóia da manipulação jornalística espanhola. José Sócrates viu nesta ocasião, como anteriormente vira nas dificuldades do BCP, uma boa oportunidade para incluir no portefólio da máfia que tomou conta do Partido Socialista, mais um importante instrumento de controlo do poder. Meteu a Portugal Telecom ao barulho, mas Cavaco e Manuela Ferreira Leite travaram o assalto (de novo eles...) Ainda assim Cebrián está agradecido a José Sócrates. Quer dizer, disposto a ajudá-lo quando for preciso. E foi preciso! Resta apurar porquê...

Ao contrário do que a contra-informação governamental quis fazer crer, Cebrián não está em rota de colisão com a Zapatero (5), mas antes exigindo que este despeça o seu ministro da indústria, por prejudicar os negócios da Prisa. Ou seja, está a negociar! Daí que, à sua vontade de colocar a TVI ao colo da tríade de Macau, em troca, claro está, dumas preciosas centenas de milhões de euros (de preferência públicos), Zapatero acuda com mais Améns, em nome, desta vez, da sua manobra de penetração ferroviária, portuária e aeroportuária em território galaico-lusitano. Cebrián precisa de despachar a TVI, e Zapatero precisa de fazer chegar o AVE a Lisboa quanto antes. Para isso têm que impedir a vitória de Manuela Ferreira Leite e a subida do Bloco de Esquerda nos próximos actos eleitorais — nem que para tal seja preciso montar uma monumental provocação, digna das idas décadas de 1920-1930!

É por estas e por outras que é urgente impedir a continuação do senhor Sócrates e da tríade de Macau aos comandos deste país. Nem que para isso seja necessário votar em Manuela Ferreira Leite, em Paulo Portas ou em Francisco Louçã. A vitória previsível do PSD, porém, não chega. É fundamental enterrar as bases infecciosas do Bloco Central, para que o mesmo não possa ressuscitar nas próximas décadas. Mas para isso precisamos de ajudar os pequenos partidos (CDS e Bloco de Esquerda) a duplicarem (PP), ou mesmo triplicarem (BE) a sua força eleitoral já nas próximas eleições.

A Assembleia da República que resultar da eleição do próximo dia 27 de Setembro poderá e deverá legislar um conjunto de restrições à presença do capital estrangeiro nalguns sectores estratégicos da nossa economia e da nossa matriz cultural. O incidente com Cebrián serve de lição. Comunicação social; estradas, portos e aeroportos; defesa e segurança; mar; água; energia; telecomunicações e redes informáticas nacionais, por exemplo, devem passar a ser consideradas áreas de investimento protegido, onde nenhuma empresa estrangeira poderá, sob nenhum pretexto, deter maiorias de capital, nem poderes maioritários de administração.

Não sou, nem iberista, nem anti-iberista. Defendo, isso sim, uma Plataforma Ibérica de Cidadania, ou seja, uma rede ideológica alargada que, não se confundindo com o Iberismo, é porém capaz de promover a coesão estratégica, económica, social e cultural da Península Ibérica, no respeito absoluto das nações, territórios e independências políticas que a constituem, e ainda no quadro de uma União Europeia menos burocrática e mais solidária. Já é tempo de explicar aos nacionalistas madrilenos, franquistas e pós-franquistas, que o mundo mudou.


POST SCRIPTUM

Email enviado à redacção do El País, em resposta ao seu inqualificável artigo sobre a censura da Prisa ao Jornal Nacional de Manuela Moura Guedes.

Bom dia,

O vosso artigo sobre as eleições em Portugal é um exemplo triste de manipulação jornalística, bem ao estilo paternalista e arrogante que o Grupo Prisa habituou os portugueses sempre que aborda questões importantes dizendo respeito aos dois países — como foi o caso da inqualificável censura cometida pelo El País durante a Cimeira das Lajes que deu origem ao início da Guerra contra o Iraque (omitindo então, sistematicamente, em palavras e em imagens, a presença de Durão Barroso), e agora é o caso, de contar com o governo português de José Sócrates para salvar a falida Prisa, ou ainda negociar com o desprestigiado primeiro ministro português uma ajudar trapalhona ao governo espanholista de Zapatero na concretização do desenho tentacular da rede de Alta Velocidade ibérica, a qual, segundo o próprio Zapatero, é uma boa estratégia para garantir a unidade de Espanha!

Já vimos que não é, nem está a ser!!

A Prisa cometeu um acto de inqualificável censura no nosso país. Por esse acto deve ser penalizada sem hesitação. Espero bem que o novo governo de Portugal passe a tratar a Moncloa com mais firmeza, e crie legislação nacional que impeça a tentativa de assalto em curso, por parte dos estrategas madrilenos, aos sectores estratégicos do meu país. Desde logo, Portugal não é uma República das Bananas!

Aproveito ainda para recomendar ao El País a leitura do que esta madrugada escrevi no António Maria sobre o intolerável episódio de intromissão de uma empresa estratégica do socialismo espanholista nos assuntos internos de Portugal.

Atentamente,

António Cerveira Pinto

Anexo

V/ referência:

La campaña de Portugal arranca con un aluvión de debates

En esta "batalla preelectoral", una decisión empresarial se ha convertido en el tema que acapara la atención de políticos y los medios. La noticia se produjo cuando la cadena de televisión TVI, cuyo accionista mayoritario es el grupo PRISA -editor de EL PAÍS-, comunicó el cambio de formato del telediario de los viernes para homogeneizarlo con los informativos del resto de la semana. La decisión implicaba la salida de Manuela Moura Guedes como directora del Jornal Nacional de Sexta (telediario del viernes). Varios directivos del área de informativos de TVI dimitieron en solidaridad con la periodista. Se da la circunstancia de que el Jornal de Sexta se ha caracterizado por su crítica feroz al Gobierno socialista y, especialmente, a la figura del primer ministro, que llegó a calificar dicho telediario de periodismo travestido. Las reacciones de políticos, candidatos y comentaristas se produjeron en cadena y, en cuestión de horas, no sólo TVI y PRISA, sino "España" y "los españoles" se convirtieron en protagonistas involuntarios de la campaña electoral y del fuego cruzado entre los candidatos.

La utilización electoralista de un tema tan recurrente como la relación con España ha desplazado a los grandes temas de fondo de la campaña, que giran en torno a la crisis económica y a las iniciativas para salir de ella. Los programas de todos los partidos ponen el énfasis en la lucha contra el paro que, según las últimas cifras, llega al 9,3% (medio millón de portugueses). -- in El País.


ÚLTIMA HORA!

A empresa liderada pelo censor e ex-franquista Juan Luis Cebrián, PRISA, publica os manuais escolares portugueses para o ano lectivo 2009/2010, 1º ciclo, 1º ano, através da sua editora escolar Santillana!

NOTAS
  1. Zapatero dice que los AVE refuerzan la cohesión territorial al inaugurar la línea Córdoba-Antequera (Ler esta pérola do El País)

  2. El alcalde de Arenys de Munt defiende la consulta independentista y la mantiene
    Barcelona. (Agencias).-El alcalde de Arenys de Munt (Barcelona), Carles Móra explicó que la consulta, propuesta por el Moviment Arenyenc per l'Autodeterminació y aprobada en un pleno municipal con los votos favorables de AM2000, CiU, ERC y CUP y la oposición de PSC, se mantiene pese a la presentación del recurso por parte de los abogados del Estado para impedir su celebración. "Estamos dentro del marco legal. Es imposible contemplar la posibilidad de que el referéndum sea ilegal, y lo digo con todas las garantías", afirmó. "Los abogados se lo han mirado bien" y es "imposible" que no consideren válido el referéndum", agregó Móra. — La Vanguardia (03/09/2009).

  3. Su padre Vicente Cebrián fue un alto cargo de la prensa del régimen franquista y director del diario Arriba, órgano de comunicación de la Falange Española.
    (...) Con 19 años (...) entró a trabajar como redactor jefe en Pueblo, el diario vespertino del Movimiento (...)
    En 1974 fue nombrado jefe de los servicios informativos de RTVE por el último Gobierno de la dictadura, siendo Arias Navarro el jefe del gobierno, quien dio su aprobación. — in Wikipedia.

  4. Dívidas da Prisa poderão exigir venda de activos
    O grupo espanhol Prisa necessita de uma injecção de capital de pelo menos 300 milhões de euros até Outubro, para responder à pressão financeira dos bancos que concederam à empresa um adiamento nos empréstimos actuais, segundo a imprensa espanhola. Em causa poderá estar a venda de parte das empresas Digital Plus, Santillana e Media Capital (esta última, em Portugal). -- SIC.

  5. Cebrián ataca al Gobierno por la aprobación de la TDT de pago
    El consejero delegado del Grupo Prisa, Juan Luis Cebrián, ha calificado el comportamiento del Gobierno, con la reciente aprobación del decreto-ley de la TDT de Pago, de propio de una "república bananera", informa Efe. — Terra.

OAM 619 05-09-2009 02:38 (última actualização: 07-09-2009 16:45)

terça-feira, outubro 21, 2008

2008 Semana 43

Excitações da semana
20-26 outubro

Quarta Travessia do Tejo - AlgésTrafaria - negociada com Lusoponte
24-10-2008 (Diário de Notícias/ Leonor Matias) Quarta ponte. A travessia entre Algés e a Trafaria pode estar a ser negociada entre a Lusoponte e o Governo como contrapartida para a quebra no tráfego na Ponte Vasco da Gama, com a construção da terceira travessia, entre Chelas e o Barreiro.
A ADFER (Associação Portuguesa para o desenvolvimento Ferroviário) realiza hoje, dia 24, na Sociedade de Geografia, em Lisboa -- Rua das Portas de Santo Antão, 100 -- um encontro sobre a travessia Algés - Trafaria, e no dia 27 um outro, em conjunto com a Sociedade de Geografia, sobre a Crise Financeira e as Grandes Obras Públicas. Ambos às 18 horas.

Entretanto, esclarece-me um SMS do Rui Rodrigues que...
  1. o tráfego automóvel estagnou na Ponte 25 de Abril nos últimos cinco anos!
  2. o tráfego ferroviário na mesma ponte duplicou, encontrando-se actualmente esgotada a sua capacidade de resposta, já que a irresponsável que vem substituindo ultimamente o Grande Dromedário do MOPTC, não previu, nem prevê, adquirir mais comboios, nem ajudar a Fertagus a comprá-los, apesar de ela própria, quando ainda não sonhava ser governanta, ter afirmado haver “muitas insuficiências no funcionamento do comboio da ponte”, nomeadamente em relação à “pouca frequência de comboios face aos horários escolhidos”, o que torna as horas de ponta “caóticas”. Disse ainda, que o conforto também “não corresponde ao que foi anunciado à população” (in Setúbal na Rede, 19-11-2004).
  3. a próxima subida, dos actuais 5% para 20%, no IVA das travessias da Ponte 25A, determinada pela União Europeia, irá objectivamente aumentar o custo das portagens.
Se, como anunciou o dromedário, o governo resolver subsidiar este acerto do IVA, pagando indemnizações suplementares à Lusoponte, bem pode esperar por boicotes gerais nas portagens do resto das pontes e autoestradas do país! Como é possível andarmos a pensar em novas travessias sobre o Tejo, em cidades aeroportuárias, na transformação do apeadeiro do Oriente em mais um crime público (à semelhança do Metro no Terreiro do Paço), ou no TGV entre Lisboa e Porto que nem sequer poderia parar em Coimbra (nem depois em Braga), que custaria um horror de dinheiro, que rebentaria com dezenas de povoações ao longo do traçado, tudo isto para ganhar 20 minutos ao Alfa cuja optimização está longe de ser atingida por causa dos erros e irresponsabilidade do Bloco Central e do cancro de corrupção partidária que é a Refer?

Como escreve e bem Rui Rodrigues: Comprem mais comboios para a Ponte 25 de Abril!

Portugal irá atravessar uma recessão certa e grave nos próximos dois anos.

A Europa entrou já num período longo de estagnação, que poderá durar uma década. Em resultado deste colapso da economia virtual e especulativa em que temos vivido nos últimos 30 anos, as pensões de reforma europeias serão muito afectadas, o desemprego atingirá proporções trágicas, a produção e sobretudo o consumo cairão de forma dramática, e o efeito disto tudo em Portugal (com a Espanha à beira do precipício financeiro) será inevitável: diminuição drástica do turismo, quebra brutal das exportações e do poder de compra, desemprego maciço e duradouro, falência de milhares de empresas, deslocalização de alguns colossos empresariais para o Leste da União Europeia (com o previsível colapso da indústria automóvel sediada em Palmela), em suma, bancos e Estado falidos! O Aeroporto da Portela ficará então às moscas, como previ, caindo finalmente por terra toda a histeria especulativa em volta do NAL.

Seria preciso conhecer mais algum dado para percebermos todos que estamos diante de uma emergência mundial e nacional, de ordem financeira, económica, social, energética e institucional gravíssima? Há mais de um ano que venho escrevendo sobre os efeitos extremos da actual crise. Era um tempo em que a generalidade da imprensa portuguesa ignorava os sinais da tempestade e estimulava a inconsciência geral.

O buraco negro do chamado mercado de Derivados é suficientemente profundo para engolir toda a poupança mundial. Os biliões de dólares e de euros dos cofres públicos, até agora dados aos cartéis e sindicatos criminosos da banca mundial, derreteram-se num ápice, como se não passassem de gotas de água caindo num telhado de zinco quente! E assim vai continuar, a menos que alguém decida fazer o óbvio, i.e. nacionalizar pelo período de um ou dois anos toda a banca europeia e americana, todos os fundos de investimento e ainda invadir literalmente todos os paraísos fiscais, da Suíça ao Luxemburgo, passando pelas ilhas piratas da Avó Isabel de Inglaterra! Não seria suficiente para afastar o Buraco Negro dos Derivados da Economia Real, mas pelo menos, permitira evitar a actual tentação dos Estados de expropriarem literalmente os bens e as vidas de milhões de cidadãos em todo o planeta.

Comecemos pois por calar as notícias e as discussões idiotas sobre os grandes investimentos do Estado. Ou de atribuir a responsabilidade do actual colapso financeiro do Capitalismo às pessoas que deixaram de honrar os seus compromissos hipotecários. O prejuízo causado pelo crédito mal parado do imobiliários em Portugal é insignificante face ao monumental buraco financeiro gerado pelo comportamento especulativo dos banqueiros e políticos que nos governam.


Super-bomba ameaça explodir nas Furnas, São Miguel, Açores

O caso da bomba de gasolina das Furnas (vídeo RTP), em vias de implantação numa zona vulcânica activa com temperaturas subterrâneas de 90 a 100 graus centígrados, denunciado pelo geólogo e vulcanólogo Victor Hugo Forjaz -- o homem que chefiou a construção da primeira central geotérmica do país, literalmente alimentada por um vulcão! --, bradaria apenas aos céus, se não fosse uma grave ameaça aos humanos, e não traduzisse, por outro lado, o grau de entorse e desespero para que caminha o sistema de financiamento dos poderes locais.

A economia das autarquias terá que mudar radicalmente nos próximos anos -- e quando digo "próximos", digo já! --, sob pena de assistirmos a uma delapidação criminosa galopante do capital natural do país. Temos que regressar ao trabalho, à produção, à poupança e sobretudo à defesa estratégica do património existente e acumulado. Os municípios, por exemplo, terão que redefinir drasticamente os seus suportes de vida. E não conseguirão fazê-lo sem uma predisposição democrática efectiva que abra os espaços de diálogo e decisão a uma nova ideologia participativa cidadã, responsável e de pleno direito.

A formação profissional dos gestores públicos -- os de confiança partidária e os eleitos pelo país -- seria um bom primeiro passo. Não custava muito montar uma plataforma de e-learning acoplada a um pelotão de missionários evangelistas (1) que treinasse quem utiliza dinheiro dos contribuintes a guiar-se pelo bom senso, regras elementares de boa mediação e estratégias participativas de gestão e exercício do poder.

Com tanto dinheiro comunitário deitado à rua -- e capturado pelo célebre polvo da corrupção, que tanto admiramos -- seria uma oportunidade perdida não usar 1% desse maná de Bruxelas na educação de quem decide, e sobretudo na preparação do país para o ajustamento dramático dos seus recentes hábitos de vida. O fim da economia assente no consumo e no endividamento endémico, como alavanca única do crescimento, vai obrigar-nos a um doloroso ajustamento. Temos que atacar imediatamente o problema. Não se duvide que terá uma dimensão bem maior e dramática do que o Terramoto de 1755. E Sócrates não será seguramente um novo Marquês de Pombal.

NOTAS
  1. "Os mercados vão colapsar porque têm sido geridos sem princípios"

    2008-10-24 09:30 (Diário Económico) Stephen Covey é um dos mais aclamados oradores sobre liderança. Percorre o mundo aconselhando chefes de Estado, líderes políticos e empresariais. Conferencista caro e muito solicitado, esteve esta semana em Portugal, pela primeira vez no Fórum Mundial de Alta Performance, envolvendo uma audiência de meio milhar de gestores nas teses que reúne nos seus livros.

Financiamento partidário pela porta do cavalo... orçamental.

22-10-2008. O Diário Económico abriu o dia com a notícia bomba: Teixeira dos Santos, ministro das finanças, usou a lei do Orçamento de Estado para modificar a lei de financiamento dos partidos políticos. Pouca coisa? Nada disso!

Os deputados da Assembleia da República, que não repararam no excesso de protagonismo legislativo da lei do Orçamento de Estado, não fora a atenção jornalística do Diário Económico, são por acaso os mesmos que, por motivos óbvios (a criação do "círculo regional" dos Açores), conspiraram para mudar o Estatuto daquela região autónoma, passando por cima da Constituição. A moda de mudar as leis do país por portas travessas revela-se, como se vê, não apenas como uma marca distintiva do governo, mas também como sinal patente da ruína ética que ameaça o próprio parlamentarismo da 3ª república.

A subversão da lei que rege o financiamento partidário -- permitindo o regresso às doações em dinheiro anónimo, e ainda a venda de bens partidários a valores especulativos (como forma escondida de financiamento eleitoral) -- esteve claramente na intenção do autor da proposta de lei do orçamento. O silêncio do PCP e do PP sobre a matéria augura o pior em matéria de acordos por debaixo da mesa. As toupeiras jornalísticas que cavem esta verdadeira mina noticiosa, pois só por aqui será possível forçar um debate público efectivo sobre uma melhor e mais eficaz metodologia de financiamento dos partidos, contra a qual nada tenho, obviamente.

Não há nenhuma razão objectiva para que as doações aos partidos não sejam feitas via cheque, transferência bancária ou cartão de débito ou crédito. O uso de metal é perfeitamente dispensável, ao contrário do que sussurram alguns. Mas mais: é preciso definir regras inteligentes sobre esta doações, por forma, por exemplo, a que, por efeito da clareza conseguida, se possam agilizar e modernizar as vias de financiamento partidário.

Basta estudar o caso paradigmático do financiamento da campanha de Barak Obama, para se perceber a necessidade e oportunidade de inscrever a Net e a Blogosfera no leque de canais opcionais para a angariação de apoios económicos aos processos eleitorais. Obama rejeitou o subsídio do Governo americano a que tinha direito, em nome do apoio directo dos seus apoiantes. O êxito foi estrondoso!

Ora bem, para melhorar os processos de apoio financeiro aos partidos, nomeadamente em períodos eleitorais, é fundamental estabelecer regras claras: limites máximos de financiamento, identificação dos doadores, etc. Vejam-se, por exemplo, as regras que constam da própria página web de Barak Obama:
To comply with Federal law, we must use best efforts to obtain, maintain, and submit the name, mailing address, occupation and name of employer of individuals whose contributions exceed $200 per calendar year.

Check this box to confirm that the following statements are true and accurate:
  1. I am a United States citizen or a lawfully-admitted permanent resident.
  2. I am at least 16 years old.
  3. This contribution is not made from the general treasury funds of a corporation, labor organization or national bank.
  4. This contribution is not made from the funds of a political action committee.
  5. This contribution is not made from the treasury of an entity or person who is a federal contractor.
  6. This contribution is not made from the funds of an individual registered as a federal lobbyist or a foreign agent, or an entity that is a federally registered lobbying firm or foreign agent.
  7. The funds I am donating are not being provided to me by another person or entity for the purpose of making this contribution.
Na América, o limite para as doações por eleição é de 2300 dólares. Em Portugal, é preciso fazer algo parecido: limitar e identificar claramente a origem das doações. Mas ao mesmo tempo, dar asas à imaginação e renovar radicalmente os canais de angariação dos apoios.



Açores: abstenção e deputados a mais (um mal nacional)

22-10-2008. Os partidos que disputaram as eleições açorianas ficaram todos muito satisfeitos (enfim, o PSD já sabia o que esperar.) Razão da satisfação: o PS renovou a maioria absoluta, o PSD espera o render da guarda de Carlos César para daqui a quatro anos, e os pequenos partidos (PCP, Bloco de Esquerda, CDS e monárquicos) passaram a estar representados no parlamento regional.

Como alguém escreveu, só o maior partido não disse coisa alguma sobre o evento. A razão é simples de entender: não teve direito a nenhuma representação! Refiro-me, claro está, aos 53,24% de abstencionistas. Nos arquipélagos, como no continente, esta é uma tendência que deveria preocupar a democracia, já que não preocupa a nomenclatura político-partidária que empobrece o país.

No entanto, sobre isto queria aclarar dois pontos que me parecem relevantes:
  1. Não contesto a existência do "círculo regional" de 5 deputados, gizado expressamente para aumentar a diversidade partidária do parlamento regional. É uma boa ideia, e deveria ter tradução no continente, por forma a potenciar o efeito Bloco de Esquerda na Assembleia da República, criando-se assim condições para erradicar a ditadura do Bloco Central, que, como hoje se faz prova, colocou Portugal à beira do precipício da dívida acumulada, da destruição do sector produtivo, do consumismo desmiolado, do regresso à emigração e da corrupção endémica. Tudo o que contribua para o crescimento dos pequenos partidos, e sobretudo para estancar a gangrena partidária dominante é bem-vindo!

  2. Contesto sim o número de deputados totais que compõem a assembleia legislativa dos Açores, como contesto o número igualmente excessivo de deputados da Assembleia da República.

    Não vale a pena brincar com estatísticas, como fazem os demagogos avençados. Temos deputados a mais, no continente e nas ilhas. A Assembleia da República deveria baixar dos seus actuais 230 deputados (boa parte deles, ociosos e arranjistas) para 150 eleitos, trabalhando pelo país a tempo inteiro. Proponho pois que se baixe para 150 a própria fasquia mínima dos 180 deputados prevista constitucionalmente, actualmente preferida pelo PSD, contra o PS, que deseja manter o máximo de 230 obedientes previstos na lei.

    Quando comparados com os países semelhantes ao nosso em área e população, mas muito mais prósperos, Portugal tem mais deputados (230) do que a Holanda (150), Bélgica (150), Irlanda (166) ou Dinamarca (179). E no caso dos parlamentos regionais, a disparidade e o disparate é ainda mais gritante. A Província da Corunha, por exemplo, tem apenas 31 deputados eleitos para 1 126 707 habitantes, quer dizer, 1 deputado por cada 36.345 habitantes. A região autónoma da Galiza, por sua vez, elege apenas 75 deputados para uma população de 2.762.198 de habitantes, ou seja 1 deputado por cada 36.829 habitantes. E o arquipélago das Canárias, que tem uma população de 2 070 465 habitantes, elege apenas 60 deputados, i.e. 1 deputado por cada 34 507 residentes. Os Açores (com uma população de 243 101 habitantes elegem 1 deputado por cada 4 264 habitantes -- ou seja, 57! A Assembleia Regional dos Açores nunca deveria comportar mais do que 28 lugares: Santa Maria 1; Graciosa 1; Flores 1; Corvo 1; Faial 2; Pico 2; São Jorge 2; Terceira 6; São Miguel 12. Os partidos da nomenclatura, demagógicos, gastadores e irresponsáveis, aplaudem o status quo que lhes é mais favorável, até ao dia em que o festim acabar.

O contra-ataque de Manuela

Parece que me enganei no vaticínio de ontem sobre a actual Secretária-Geral do PSD. Apesar de estar rodeada de araras e animais políticos, a verdade é que esta noite deu uma grande entrevista a Constança Cunha e Sá, na TVI. Reafirmou o que aqui sempre escrevi: que a agenda política de Sócrates é escrita por ela, desde o momento em que assumiu a liderança da Oposição.

Mas foi mais longe: placou certeiramente o bispo das Finanças. Afinal, a contenção do défice orçamental nos 2,2% (mais papista que o Papado de Bruxelas) consegue-se à custa dos pagamentos tardios das facturas devidas às PMEs. Ou seja, ai de quem se atrase no pagamento dos IVA! Mas o Estado e as autarquias podem levar meses e anos a pagar o que devem, chegando a provocar a falência de empresas desprevenidas. A contenção e diminuição do défice não se faz, pois, tornando o estado mais poupado e eficiente, mas destruindo a economia. É uma velha ideologia da "Esquerda" que nunca partilhei e abomino cada vez mais.

Outro ângulo do contra-ataque, que provavelmente feriu de morte a credibilidade do OE2009, foi sublinhar a previsão anedótica do crescimento.

As taxas de crescimento real do PIB caiem consistentemente desde 1960 -- como refere Medina Carreira em O Dever da Verdade. E divergem da média europeia há uma década (desde 1999), com uma imperceptível inflexão em sentido contrário no ano de 2004. Pois bem, para o ano em que previsivelmente a maior crise financeira desde a Grande Depressão (1929-33) causará os seus maiores estragos, sobretudo nos EUA e na Europa, lançando os países em severas recessões económicas e na estagnação, o governo PS estima alegremente um crescimento do PIB português (0,6%) três vezes mais elevado do que o da União Europeia (0,2%). É de doidos!

Como disse Manuela Ferreira Leite, o Governo PS começou por negar a crise; depois descobriu que só afectaria os outros; e agora, perante a dramática evidência, concede que os bancos portugueses precisam de 20 mil milhões de euros -- 11,5% do PIB (!) -- para enfrentar a "anormalmente elevada incerteza" provocada pela "crise dos mercados financeiros internacionais" (Sumário Executivo, OE2009.)

Sobre as "grandes obras", Ferreira Leite disse tudo: o governo PS não tem nada para apresentar, a não ser intenções e ideias vagas irremediavelmente fora de prazo.

Os compromissos assumidos e reiterados com Espanha obrigam-nos a levar o AVE de Badajoz ao Poceirão, e de Vigo ao Porto, o que nem é mau, apesar da crise. Mas mais do que isto seria afundar de vez o país no mar de dívidas que ameaça a todo o momento colocá-lo no patamar islandês. Para que este cenário horrível ocorra basta tão só que o colapso financeiro mundial continue imparável, como até agora.

As autoestradas, o NAL da Ota em Alcochete, a Terceira Travessia do Tejo e boa parte das barragens, digo eu, vão ter que esperar. Em primeiro lugar, porque "não há dinheiro para nada!", e em segundo, porque não precisamos de mais autoestradas -- vias rápidas, como as "autovías" espanholas, chegam muito bem para tirar Bragança e Beja do isolamento --; nem de destruir o Aeroporto da Portela (cada vez melhor complementado por Tires, no que respeita aos Corporate Jets...); nem de rebentar com o capital natural do país, construindo barragens que nada podem fazer para remediar o nosso criminoso défice energético, fruto da imbecilidade e corrupção da nomenclatura política que nos governa. A intensidade energética de Portugal é elevadíssima e o rácio entre a importação de petróleo e o nosso PIB é três vezes superior ao da União Europeia a 15. Do que precisamos é de Produtividade Energética e de Eficiência -- i.e. NegaWatts!

Numa palavra, em vez de continuarmos a alimentar burros (consultores e advogados do Bloco Central) a Pão de Ló, atirando literalmente para o esgoto da História, milhares de milhões de euros, o que devemos fazer é simples: regressar à poupança e ao trabalho produtivo. Vai ser doloroso, depois de tanta facilidade e ilusão, mas não há outra saída!

O que mais gostei na prestação de esta noite da mulher que dirige o PSD, foi a espontaneidade com que atacou o cerne das questões económicas estruturais que afligem qualquer pessoa informada dotada de um mínimo de bom senso e patriotismo. Claro que a Manuela tem ainda a casa laranja muito desarrumada. Mas como os principais terroristas que a provocam diariamente não passam de figuras em crise de andropausa, a sua experiência de mãe servirá para algo, suponho.


OAM 462 21-10-2008 01:45