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quarta-feira, agosto 25, 2021

O fim da TAP está próximo


O presidente da companhia aérea Ryanair acusou esta terça-feira a TAP de bloquear slots no aeroporto de Lisboa, impedindo o crescimento de outras companhias aéreas, e anunciou o lançamento de 26 novas rotas desde Portugal para o inverno.


A propósito da moribunda TAP, uma afirmação lúcida do Cmdt. Pereira Coutinho:

“Não há empresas estratégicas em Portugal, há sectores estratégicos, como é o caso do sector aéreo, que deve assegurar a acessibilidade aérea competitiva a Portugal, tanto no transporte de passageiros, como na carga aérea.”

Ou seja, não importa quem transporta pessoas e cargas, mas sim que o país seja uma boa plataforma de transporte. Sendo a aviação um dos setores industriais e comerciais mais competitivos e com maior intensidade de capital intensivo do planeta, atravessando há mais de vinte anos, por um lado, um processo de concentração em grandes grupos (Lufthansa Group, Ryanair, IAG, Air France – KLM Group, easyJet, Turkish Airlines Group, Aeroflot Group; onde fica a TAP neste processo?), e por outro, claras mudanças de paradigma (Low Cost), extraordinário seria que a TAP pudesse escapar ao novo condicionalismo. Deveria ter agido a tempo, quer na manutenção das suas ligações estratégicas às Américas e a África, quer na criação de uma TAP Europa, com ligações ponto-a-ponto e lógicas de produtividade em linha com as companhias Low Cost.

Os piratas da tríade de Macau, e a turma de piratas do BES, deram cabo da TAP. António Costa lança, entretanto, a despesa do assalto e da ideologia, no orçamento da dívida portuguesa.

O buraco negro da TAP é superior a QUATRO MIL MILHÕES DE EUROS (4 Pontes Vasco da Gama!). A tesouraria deverá estar a zeros depois dos pagamentos deste verão ao pessoal. Haverá, depois deste crime partidário, quem queira herdar a TAP? O gajo da Ryanair diz que nem dada! Uma empresa que dá prejuízo há 28 anos consecutivos, e na qual os contribuintes metem dinheiro de cinco em cinco anos, não é uma empresa, é um centro de custos que beneficia muito poucos e que a inculta e distraída manada paga e não bufa.

PS: o falido Expresso, que certamente não recebe publicidade da Ryanair, mas sim da TAP, lá teve que voltar a insinuar que a Ryanair recebe apoios do Estado português. Uma fake news mais do que esclarecida.

sábado, setembro 21, 2019

Quem vai “resolver” a TAP? Nós, claro!!!



SATA e TAP à beira dum triste fim


Prejuízos da TAP chegam aos 120 milhões de euros no primeiro semestre (ECO)

É o Fundo de Resolução que anda a alimentar a TAP a Pão de Ló e prejuízos. Mas o dinheiro é dos contribuintes, pois são estes que sustentam o Fundo de Resolução do sistema financeiro falido que temos. A TAP nem sequer pagou os 130 milhões de euros de juros que devia em 2017 aos credores bancários, obtendo alegremente um período de carência que afronta todas as normas da concorrência europeia!

A TAP fez uma emissão de obrigações no valor de 400 milhões com taxas de juro muito elevada. Quem comprou tais obrigações arrisca-se a ter uma grave problema no futuro. Já agora convém saber quem adquiriu a maioria de tais obrigações.

Estes são factos que ninguém pode negar. É a realidade.

A TAP devia ter sido reestruturada há muitos anos. Foi o que foi feito na Iberia há seis anos atrás. Em vez disso, um cineasta indigente promoveu uma associação (Peço a Palavra!) para ajudar o Costa e os seus amigos (também do PSD) a re-nacionalizar um fruto podre.

A Iberia tinha prejuízos de 1 milhão de euros por dia, e reservas de mil milhões de euros. Com esta verba despediram e indemnizaram 30% dos pilotos e do pessoal de terra, reduziram em 25% os salários dos funcionários e pilotos que permaneceram na empresa, e suprimiram uma boa percentagem das suas rotas (as que davam prejuízo). A Iberia foi forçada, além do mais, a fundir-se com a British Airways, para não declarar falência.

Entretanto, na TAP nada fizeram até hoje, a não ser aumentar a sua carteira de dívida para patamares inimagináveis. Basta pensar nas encomendas de novos aviões: 71 nova aeronaves por 10 mil milhões de euros). Julgaram (a nossa boa fé é infinita!) que com o passar do tempo o problema seria resolvido por si. Ou, para ser mais claro e preciso, a TAP continua a sugar os recursos dos contribuintes em nome de uma quimera, e sobretudo para encher os bolsos de uns poucos.

A TAP vive à conta de dívidas que não paga Por quanto tempo mais pode esta situação continuar?
Quem vai resolver a TAP?
Nós, claro!!!


[Texto redigido com Rui Rodrigues]

quarta-feira, abril 29, 2015

O caos chegou a Baltimore, onde a indignação se juntou à pobreza

Estava escrito na BD e em Hollywood. A Europa que se cuide!
A cidade norte-americana de Baltimore acordou esta terça-feira em estado de sítio, com as ruas patrulhadas por milhares de polícias e membros da Guarda Nacional, e debaixo de um recolher obrigatório que vai limitar os movimentos dos seus mais de 600.000 habitantes durante uma semana.

O caos chegou a Baltimore, onde a indignação se juntou à pobreza - PÚBLICO

quarta-feira, abril 15, 2015

A resolução da TAP

A TAP foi liquidada pela ambição desmedida de meia dúzia de grandes corruptos

Para quê uma greve se a privatização já borregou?


Privatização da TAP em péssimos lençóis. Percebe-se agora porque Passos quer ir às Legislativas sozinho.... Álvaro, regressa!!!

Globalia descarta comprar la aerolínea lusa TAP: "No podemos invertir y quedarnos esposados de pies y manos"

Europa Press. 15/04/2015 - 10:02 Actualizado: 11:09 - 15/04/15. elEconomista.es 

Olha-me para esta “boa nova”. O colombiano apenas dá pela TAP 340 milhões de euros, e mesmo assim a proposta foi rejeitada pelo rapaz dos “finos”. É que os outros candidatos oferecem zero cêntimos e provavelmente exigem que os eventuais custos judiciais com a reestruturação da empresa, segundo um espartilho imposto pelo governo, e as dívidas escondidas, fiquem no banco mau do Estado português! Ou seja, no balanço da Caixa Geral de Depósitos. Os pensionistas depois metem lá o dinheiro, de livre vontade ou à força.

“340 milhões ou nada”! “Entre a espada e a parede, prefiro a espada”, disse o rapaz dos finos.

Curiosamente, na imprensa indígena, nem uma palavra sobre este fiasco.

“Solo el grupo brasileño colombiano del empresario Germán Efromovich, Synergy Group, mostró interés por la aerolínea lusa pero su oferta, de unos 340 millones de euros, fue rechazada por los órganos gubernamentales del país.”

Europa Press. 15/04/2015 - 10:02 Actualizado: 11:09 - 15/04/15. elEconomista.es  

O pedido de socorro já deve ter seguido para Bruxelas. Bruxelas dirá que sim, mas...

Será que os sindicatos sabem desta “boa nova”. Ao tentarem fazer-nos acreditar que todos os interessados ainda se mantêm na corrida pela TAP, aposto que não. Aliás, a greve dos pilotos da TAP, neste cenário de colapso iminente é um tiro nas nucas dos mesmos. Ou seja, caíram numa armadilha lançada pelo governo, com o sempre prestável apoio do gaúcho Fernando Pinto.

Para quê uma greve se a privatização já borregou?

Será que desde o final de 2012 para 2015 a TAP afinal perdeu valor? O Gaúcho sempre disse aos jornais e televisões que a TAP valorizava a cada ano que passava. E se havia prejuízos, a culpa era do petróleo. A concorrência voa a água, como muito bem sabemos.

O rapaz dos “finos” do CDS no seu máximo esplendor. Álvaro, regressa!

Vai ser um verão eleitoral de escaldar.

Para a Ryanair e a easyJet (Air Europa, etc.), para quê pagar pelos slots na Portela quando os podem ter de borla, aliás “oferecidos” pela própria Vinci, que a esta hora já deve estar a reler as cláusulas de salvaguarda para serem indemnizados pelo colapso da TAP.

Quem é que paga os prejuízos à Vinci? Quem paga os buracos à CateringPort e à Groundforce (Grupo Urbanos)?

Está tudo sentado de máquina de calcular em punho a fazer contas. Mandem a conta ao rapaz dos “finos”. Ele paga com imperiais.

Agora a sério, que o caso não é para menos: a incompetência do governo e do seu ministro da Economia e do rapaz das PPP é gritante, para não dizer criminosa.

Como sempre escrevemos, só há uma solução: reorganizar a TAP. Mas porque deixaram a ferida chegar a este ponto, agora, só vejo uma saída para sara a gangrena:

  1. encerrar a TAP num sábado, seguindo as novas praxes da decisão política e financeira;
  2. aplicar um plano de resolução da companhia semelhante ao que se fez ao GES;
  3. criar uma TAP má/CGD, com uma injeção de capital na veia vinda diretamente de Bruxelas (alô Juncker?), para onde deveria ir tudo o que é tóxico ou dá prejuízo, e para onde deveriam ir todos os recursos humanos da empresa, a começar pelos seus administradores, numa espécie de despedimento coletivo seguido de novas contratações, e de indemnizações aos que virem os seus contratos rescindidos definitivamente;
  4. investigar e levar a tribunal os responsáveis por este inqualificável desfecho;
  5. fazer renascer a TAP, com outras regras, nova visão estratégica e gestores não comprometidos com a corja rendeira, devorista e partidária.

A alternativa a algo parecido com isto será termos as aeronaves devolvidas aos seus proprietários, os credores a acionar as cláusulas de salvaguarda dos contratos que assinaram com o Estado-TAP, e o pessoal nas pistas e nas instalações da ANA a olhar pró ar com as lágrimas a escorrerem pelas faces :(

Governo Sombra


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segunda-feira, janeiro 05, 2015

Vem aí uma guerra civil?

Rafael Bordalo Pinheiro. O António Maria, 29JUN1882


Anónimo:

Pelas respostas que Sócrates deu à TVI fica demonstrado que ele conhece bem o processo e os fortes indícios de que é acusado.

Aliás, já se sabia que o processo de Sócrates tem 800 páginas e quase 1 ano de escutas telefónicas.

O QUE DIZ A LEI

Em Portugal nenhuma pessoa pode ser presa preventivamente sem que o respectivo advogado tenha acesso, previamente, ao seu processo. E foi isso que precisamente aconteceu!

PRÓXIMA ESTRATÉGIA DE SÓCRATES E SEUS AMIGOS

No início, Sócrates e seus amigos montaram uma campanha para fazer crer ao povinho que a sua prisão é uma injustiça e uma ficção.

A próxima campanha vai passar por aniquilar as escutas telefónicas. O que exige bons advogados. Foi assim que a Felgueiras se safou.

Nos Estados Unidos as escutas telefónicas são sempre válidas como meio de prova. Em Portugal, os bons advogados safam os ricos e poderosos porque conseguem anular as escutas telefónicas.

EMIGRANTES, ATENÇÃO AO VOSSO DINHEIRO!

O regime está em risco de se desfazer e é óbvio que se os piratas que arruinaram o país levarem a sua por diante, resgatando Sócrates e as tríades que o pariram da punição que merecem, então a possibilidade de cairmos numa guerra civil é real.

Como noutras eras houve, também daqui a um, dois ou três anos, se a Justiça for humilhada como propõe Mário Soares, e se o psicopata de Évora sair triunfalmente da jaula mediática que entretanto montou, haverá sempre alguns euros, yuans e dólares para amarrar e queimar umas centenas ou mesmo alguns milhares de portugueses indigentes com os respetivos cachecois partidários.

De uma coisa os credores estão certos: há que pagar as dívidas. Se estas enriqueceram a nomenclatura e arruinaram um país chamado Portugal, o problema é sobretudo dos devedores.


A indigente e decadente nomenclatura partidária, tal como a corte de Luis XVI, apenas vê o seu transversal umbigo, que vai da extrema-esquerda à direita (a extrema-direita ainda dorme). O demo-populismo é a sua verborreia, o povo partidário e os dependentes do estado são a sua única clientela, o parlamento é o seu pardieiro preferido, onde abundam perdizes, pombos torquazes, cagarras e alguns porcos a cair de gordos, em suma, a captura fiscal de quem produz é o modo como se guindaram à casta dos 1% e destruiram o país por mais de meio século.

A partidocracia que reduziu a democracia aos escombros da miséria material e moral que tolhe o país a cada hora que passa, acha que tudo se resolve com umas asas de raia na Travessa, e uns charutos pelo meio. Quando acordar deste sonho doce, porém, já só verá o mundo como uma imagem turva e fugaz rodeada de um definitivo silêncio.

quinta-feira, dezembro 18, 2014

Precisamos de outra democracia

Porque não criar um movimento disposto a salvar a democracia?

Temos que destituir este regime!


Ao contrário da Grécia, França, Itália ou Espanha, Portugal não gerou ainda qualquer alternativa ou esperança de resposta ao colapso em curso da classe média — nem de extrema-direita, nem de esquerda radical, nem de centro pragmático. As tentativas tíbias nascidas até agora (PDR, Nós Cidadãos e Livre) são promessas centristas mais predispostas a fazerem de muletas do PSD-CDS, ou do PS, do que a proporem uma realidade nova aos portugueses. O PCP —mendigo encapotado do BES e sabe-se lá mais de que outros representantes do grande capital (quem diria!)— está a resvalar perigosamente para a ilegalidade estalinista. Talvez seja o momento de lhe mostrar as tábuas da lei.

Em suma, precisamos de uma alternativa e de liderança nesta curva apertada do país.

El problema de la clase media: por qué nadie planta cara a Podemos
Esteban Hernández. El Confidencial—Blogs de Tribuna, 16-12-2014

El sistema tiende a la implosión. Llega un cambio de época, que reconfigurará el mapa político y acabará con el bipartidismo. La conclusión expuesta por José Antonio Zarzalejos el pasado fin de semana, que debería ser evidente para cualquier observador político con un mínimo de sentido común, está sorprendentemente ausente de los análisis de los partidos principales, e incluso del de algunos emergentes, como es el caso de Ciudadanos, que tampoco han reparado suficientemente en el momento crucial que estamos viviendo. 

Este artigo de Esteban Hernández faz um bom resumo do que se passa e não tem solução, a menos que seja uma solução radical, ou, pelo contrário, a implosão seguida de extinção... das classes médias em toda a Europa do sul e sudoeste, da qual poderia resultar uma espécie de nova Idade Média, tecno-fascista, com uma elite de 0,1% de capitalistas, burocratas, sindicalistas e políticos corruptos a reprimir uma demografia com mais de 100 milhões de pessoas.

Em Portugal, uma vez esgotado mais um casamento incestuoso entre 'esquerda' e direita', abençoada pelo coscuvilheiro de Belém, e com a extrema esquerda na posição tradicional de acólitos mal criados do poder, ou teremos já encontrado uma referência política que nada tenha que ver com a corja rendeira e devorista instalada, ou a perspetiva de uma pré-guerra civil poderá surgir no horizonte.

O melhor mesmo é criar um movimento da classe média —a que ainda não faliu, a falida e a que caminha para da falência— com uma só bandeira de ação: defender as classes médias da extinção anunciada!

Para tal será necessário redefinir o contrato social, será necessário mudar a ecologia democrática, será necessário fazer uma revolução institucional, será necessário, para não perdermos mais tempo com quem já não tem emenda possível, rejeitar o regime corrupto que levou Portugal até à bancarrota financeira, ética e social.

Temos um ano para colocar na agenda das prioridades políticas de 99% dos portugueses este plano de sobrevivência da economia, da democracia e da liberdade.

segunda-feira, setembro 08, 2014

Colapso?


O petróleo barato chegou ao fim. O período de transição já começou.

Estaremos a tempo de evitar o pior?


O colapso já começou, como começa a ser evidente para todos nós, e se verá melhor ainda em 2015. Este colapso anunciado pode, no entanto, ser mais ou menos ordenado, mais ou menos catastrófico. Tudo depende das medidas que forem entretanto tomadas. Sugerimos algumas, necessárias e urgentes, nomeadamente em Portugal:
  1. Integrar a Rússia (e a Ucrânia) na União Europeia e na NATO.
  2. retirar os recursos estratégicos (água, redes energéticas, transportes e telecomunicações) do circuito rentista, comercial e especulativo do capitalismo, submetendo todos estes setores, numa fase intermédia, a um colete de supervisão e transparência reforçado.
  3. diminuir o consumo de petróleo, e aumentar a produção energética local OFF-THE-GRID.
  4. desmaterializar a economia e o consumo: mais serviços online e mais desporto, saúde, turismo e cultura locais; menos betão; menos automóveis, mais transporte aéreo Low Cost e mais comboios e transportes coletivos de qualidade.
  5. diminuir o peso orçamental, fiscal e humano das burocracias, nomeadamente públicas, em nome do bem-estar e felicidade das comunidades, e da preservação efetiva do chamado 'estado social'.
  6. reforçar as democracias, reformando drasticamente as suas instituições — diminuir o peso da partidocracia e das corporações nas decisões democráticas; instituição de referendos nacionais, regionais e locais para a tomada de decisões que afetem a vida presente e futura dos cidadãos;
  7. instituição de um Rendimento Básico Universal e Incondicional, como meio de atalhar vários problemas complexos próprios das sociedades de transição decorrentes, nomeadamente, do crescimento da produtividade tecnológica, do custo da concentração urbana, do aumento da esperança de vida das pessoas, e da globalização económica — a multiplicação de mecanismos improvisados de emergência social fora de qualquer escrutínio democrático é ineficiente, socialmente injusto e fonte de enorme corrupção.
  8. acabar com a relação perversa entre governos, bancos centrais e especulação financeira mundial, instituindo-se neste particular um conjunto de princípios e regras fiscais universais, justas e equilibradas.
  9. favorecer uma demografia saudável e equilibrada, onde as migrações sejam reguladas de forma transparente e não oportunista.
  10. apostar na desmaterialização progressiva dos processos de informação, ensino e aprendizagem, cuidados de saúde e justiça, com o consequente alívio das correspondentes pressões orçamentais.
  11. defender as liberdades individuais e o direito de propriedade dos indivíduos e das famílias, nomeadamente contra o peso avassalador, autoritário e ilegítimo das grandes corporações e das grandes burocracias.

Para Dennis Meadows, co-autor de The Limits to Growth, já não há nada a fazer, a não ser aumentar os níveis individuais e coletivos de resiliência




Os Limites do Crescimento vistos por uma universidade australiana

Um estudo da universidade australiana de Melbourne analisa o célebre relatório The Limits to Growth (1972) e conclui que as previsões deste relatório encomendado pelo Clube de Roma e pela Volkswagen foram acertadas: 2030 será mesmo um ano charneira, isto é, o início de um colapso sem precedentes, pré-anunciado, aliás, pela forte quebra global da produção industrial per capita que certamente veremos ocorrer em 2015.

Is Global Collapse Imminent?

The Limits to Growth “standard run” (or business-as-usual, BAU) scenario produced about forty years ago aligns well with historical data that has been updated in this paper. The BAU scenario results in collapse of the global economy and environment (where standards of living fall at rates faster than they have historically risen due to disruption of normal economic functions), subsequently forcing population down. Although the modelled fall in population occurs after about 2030—with death rates rising from 2020 onward, reversing contemporary trends—the general onset of collapse first appears at about 2015 when per capita industrial output begins a sharp decline. Given this imminent timing, a further issue this paper raises is whether the current economic difficulties of the global financial crisis are potentially related to mechanisms of breakdown in the Limits to Growth BAU scenario. In particular, contemporary peak oil issues and analysis of net energy, or energy return on (energy) invested, support the Limits to Growth modelling of resource constraints underlying the collapse.

in
Is Global Collapse Imminent?
An Updated Comparison of The Limits to Growth with Historical Data
Author: Dr Graham M. Turner
Research Paper No. 4 August 2014 (PDF)

quinta-feira, julho 10, 2014

BES afunda PT, TAP, a Bolsa e o... regime

Ricardo Salgado, o líder de um império desfeito


Um maremoto chamado BES


Última hora: CMVM suspende ações do BES!
Espírito Santo Financial Group suspende negociação das ações em bolsa  - Observador/Lusa, 10-07-2014
“This ensures that in times of crisis mainly owners and creditors will contribute to solving the crisis, and not taxpayers.”
— Germany OKs plan to make creditors prop up banks, Market Watch, July 9, 2014

BES arrasta país para o vermelho! E Alemanha avisa que os bancos falidos vão ter que recorrer ao pelo do próprio cão, i.e. aos depositantes e outros credores para satisfazerem as responsabilidade principais das instituições insolventes...

Entretanto, dadas as relações parasitárias entre a Dona Branca Espírito Santo e empresas estratégicas como a PT, a TAP, Brisa e outras, o efeito dominó sobre as cotadas em Bolsa, sobre o sistema financeiro, sobre a economia e sobre o regime está em curso e é de susto. Era a isto que nos referíamos quando dissemos ironicamente que o BES convocara o último Conselho de Estado, o qual serviu basicamente para nomear a troika laranja que vai tomar conta dos cacos do bankster do regime.

Não ficará pedra sobre pedra desta teia rentista, incluindo a pedra chamada TAP e a pedra chamada ferrovia de bitola europeia (Lisboa-Madrid, Porto-Galiza, Aveiro-Salamanca) cujos desenvolvimentos estiverem sempre dependentes e foram gravemente distorcidos pelos interesses do Bloco Central da Corrupção, de que a Dona Branca Espírito Santo foi o principal pivot financeiro. Era esta Senhora que dizia ao Álvaro onde e como queria uma nova cidade aeroportuária (em Alcochete), ou que esteve embrulhada profundamente na privatização da EDP (a mesma que já conduziu à irradiação do senhor Cao Guanjing, por nepotismo...), tendo o senhor Ricardo aproveitado para comprar dois milhões de ações durante a operação, e que continua no grupo de assessores financeiros da privatização da insolvente TAP, sendo, como se sabe, um dos bancos que garantiu a operação, que será sem dúvida abortada, de compra de 12 Airbus A350-900.

Abrindo-se uma cratera neste pivot, o resto só poderá mesmo ruir em dominó.

A vigilância popular é neste momento decisiva, para impedir que os três mil milhões do buraco da TAP, e os aviões que andam a cair aos bocados (aquisições/alugueres recentes de material de terceira), sigam o seu curso suicida em direção a um estrondo monumental. Esta vigilância cívica e democrática é decisiva para forçar a retoma, de forma racional e previsível, da política ferroviária há muito acordada entre Portugal, Espanha e Bruxelas.

Quanto aos jornalistas, editores e donos da nossa indigente imprensa pedimos-lhes que façam um crash course gratuito sobre política de transportes e sobre política de energia aqui mesmo, lendo as dezenas de artigos que a nossa equipa pro bono foi tecendo honestamente e sem interesses económicos ou profissionasi envolvidos. Leiam O António Maria. Desde 2008 que alertámos para o que se iria passar se nada fosse feito.


ALERTA SOBRE A TAP


A TAP é uma das vítimas propiciatórias do Bloco Central da Corrupção, da indigência e corrupção partidárias e parlamentares do regime, e dos banksters deste país, a começar, claro, pela Dona Brana Espírito Santo.

Enquanto o senhor Salgado exigia ao Álvaro um aeroporto em Alcochete para aviões intercontinentais Airbus A380, enquanto a TAP encomendava 12 aviões Airbus A350-900, e alguns adiantados mentais exigiam uma cidade aeroportuária para os aviões Low Cost na Margem Sul —ao mesmo tempo que boicotavam por todos os meios, incluindo o uso e abuso da voz 'soprada' do senhor Miguel de Sousa Tavares, o plano ferroviário de ligação da Península Ibérica ao resto da Europa—, as Low Cost iam tomando paulatinamente conta do mercado do transporte aéreo em Portugal e no resto da Europa, fazendo do turismo, em plena crise aguda da dívida soberana, a principal indústria exportadora indígena. A própria Lufthansa decidiu recentemente apostar nos serviços aéreos Low Cost, não apenas nos voos europeus e de médio curso em geral, como nos próprios voos intercontinentais e de longo curso em geral.

Em Portugal, sob a batuta dos condottieri Monteiros, todas as decisões foram não só erradas, como potencialmente criminosas. Basta compilar o registo desde 2007 dos incidentes e cancelamentos inexplicados de voos ocorridos com aeronaves da ou ao serviço da TAP, para percebermos a gravidade do que tem vindo a acontecer:

20) TAP cancela voo Maputo-Lisboa por "questões técnicas"
Económico, 25/7/2014

19) Passageiros de voo da TAP cancelado queixam-se de falta de assistência
Lusa e PÚBLICO, 22/06/2014 - 07:52

18) Avião da Portugália voa com "problemas técnicos". Aeronave do grupo TAP partiu da cidade do Porto com destino a Milão, mas regressou ao aeroporto passada uma hora.
Correio da Manhã, 14-07-2014

17) "Explosão" em reator de avião da TAP danifica viaturas
Lusa | 14:21 Sábado, 12 de Julho de 2014
Atualização (14-7-2014, 20:39)
A aeronave acidentada, segundo comunicou a companhia, é um Airbus A330-200 (CS-TOO ‘Fernão de Magalhães’) adquirida à Airbus em 2008.
16) Avaria de avião da TAP impede passageiros de ver jogo de Portugal
TVI24, 17-06-2014

15) Avião da TAP retido ontem no aeroporto de Belém do Pará, Brasil
SIC, 09-06-2014

14) TAP afasta risco de penhora do seu avião no Brasil
Negócios, 24 Abril 2014, 16:28

13) O voo da TAP que fazia domingo a ligação Lisboa-Recife aterrissou no início da tarde de segunda-feira (10) no aeroporto dos Guararapes, na capital pernambucana.
Portugal Digital, 10-03-2014 15:45

12) Passageiro de avião da TAP retido em Milão reclama tempo de espera e falta de alternativas
SIC, 23:36 26-12-2013

11) Passageiros retidos em Zurique regressaram a Lisboa
DN, 25-12-2013

10) Avião da TAP retido em Moscovo há mais de 24 horas
SIC, 25-05-2013

09) 103 passageiros da TAP retidos em S. Tomé devem regressar a Lisboa no sábado
Lusa, 27-12-2013

08) Avião da TAP retido em Caracas faz desesperar 250 passageiros
JN 28-06-2012

07) Avaria no trem de aterragem obrigou avião da TAP a regressar a Lisboa
JN, 03-10-2011

06) Brasil: Avião da TAP aterra de emergência com avaria
Expresso/Lusa | 02-04-2011

05) Avião da TAP continua retido em Maputo
Lusa, 01-09-2010

04) Avião da TAP retido em Joanesburgo devido a avaria
TSF, 06-05-2010

03) Passageiros retidos em Roma devido a avaria em avião da TAP
Diário Digital, 08-02-2010

02) Avião da TAP retido em Kinshasa e piloto preso
DN, 01-10-2008

01) Aviação: Avião da TAP retido em Lisboa por avaria partiu 20 horas depois do previsto para a Venezuela
Expresso, 22-09-2007


Atualização: 27-07-2014, 20:40 WET

segunda-feira, fevereiro 17, 2014

Fraude, ditadura e sangue na Venezuela de Maduro

Corram com o ditador Maduro, já!



Venezuela a ferro e fogo. Um governo, o de Nicolás Maduro, que assassina os seus estudantes merece o nosso irrevogável desprezo. Qual é a posição do governo português sobre esta ditadura falida que ascendeu ao poder por meio de uma escandalosa fraude eleitoral?

Que posição tomaram ou tencionam tomar o primeiro e o vice-primeiro ministros de Portugal sobre esta intolerável situação?!

Qual é a posição do civilizado Poiares Maduro, membro do governo encarregue de proteger a RTP como ferramenta de propaganda nacional, sobre o que se está a passar na Venezuela. Onde está a informação?!

Maduradas: vídeos sobre a intolerável ditadura de Nicolás Maduro.

quarta-feira, fevereiro 05, 2014

domingo, outubro 06, 2013

Um bater de asas...

La carte du sens de René Thom

«Ce qui limite le vrai, ce n’est pas le faux, c’est l’insignifiant.» René Thom

René Thom, um brilhante matemático francês, desenvolveu a hoje célebre teoria das catástrofes, a qual explicaria a topologia das transformação de estado, ou dialéticas, para usar a terminologia hegeliana/marxista. Desta teoria emergiu a anedota do bater de asas de uma borboleta em Tóquio que provoca tufões na América, mas a verdade é que, nos sistemas complexos a acumulação de tensões, fadiga e contradições dão quase sempre lugar a mudanças súbitas de estado, que vão desde a implosão ou explosão puras e simples, a processos lentos de erosão que acabam por provocar uma pandemia fatal no sistema ecológico de que fazem parte. O ataque sem precedentes em curso contra as classes médias dos países desenvolvidos é um ataque suicida, pois quando as classes médias se virem sem saída apagarão o sistema!

Olhando para a crise financeira e para o que parece ser o fim irremediável de uma longa era de crescimento económico e demográfico mundial, suportado pelo consumo e desgaste intensivo dos recursos naturais terrestres, e alimentado por um grupo de energias simultaneamente concentradas, facilmente transportáveis e baratas, interessa perceber a geometria do colapso à vista. Porque é de um enorme colapso que se trata!

Junto um paper oportuníssimo a este respeito, escrito por David Korowicz:

“Trade Off: Financial system supply-chain cross contagion – a study in global systemic collapse”

This new study by David Korowicz explores the implications of a major financial crisis for the supply-chains that feed us, keep production running and maintain our critical infrastructure. He uses a scenario involving the collapse of the Eurozone to show that increasing socio-economic complexity could rapidly spread irretrievable supply-chain failure across the world [in Feasta].

quinta-feira, dezembro 20, 2012

Apocalipse 2012

Fim do mundo
©TOYZE para OAM

Não é o fim do mundo, mas de uma era que se esvai com o fim do petróleo barato e alterações climáticas brutais

“A fourth stage began as this institutionalized inflation took hold. Prices went higher, and became highly unstable. They began to surge and decline in movements of increasing volatility. Severe price shocks were felt in commodity movements. The money supply was alternately expanded and contracted. Financial markets became unstable. Government spending grew faster than revenue, and public debt increased at a rapid rate. In every price-revolution, the strongest nation-states suffered severely from fiscal stresses: Spain in the sixteenth century, France in the eighteenth century, and the United States in the twentieth century.

[...]

Finally, the great wave crested and broke with shattering force, in a cultural crisis that included demographic contraction, economic collapse, political revolution, international war and social violence. These events relieved the pressures that had set the price-revolution in motion. The first result was a rapid fall of prices, rents and interest. This short but very sharp deflation was followed by an era of equilibrium that persisted for seventy or eighty years. Long-term inflation ceased. Prices stabilized, then declined further, and stabilized once more. Real wages began to rise, but returns to capital and land fell.”

Estas palavras foram escritas por David Hackett Fischer num livro que recomendo vivamente, sobretudo aos feiticeiros conhecidos por economistas. The Great Wave; Price Revolutions and the Rhythm of History foi publicado em 1996, uma década antes de a bolha do Subprime rebentar e dar origem à maior crise financeira mundial desde a Grande Depressão.

As conclusões deste vasto e meticuloso estudo do autor de Washington's Crossing (2006) resumem-se, como ele próprio escreve, a uma evidência histórica: houve quatro revoluções-de-preços (price-revolutions) desde o século XII, na Europa, mas que se propagaram aos outros continentes, sobretudo às regiões com as quais a Europa estabeleceu pontes comerciais e coloniais. Entre cada uma destas longas ondas de carestia crescente houve períodos marcados por preços relativamente baixos e estáveis. Grosso modo, as ondas marcadas pela subida, primeiro subtil e lenta, depois acentuada, e finalmente explosiva de preços, estão compreendidas entre as seguintes datas: 1180-1350 (170 anos); 1470-1650 (180 anos); 1730-1815 (85 anos); e 1896-? 

Os mares de tranquilidade relativa que antecederam estes longos períodos de inflação, ou que lhes sucederam, foram muito férteis em criatividade: Renascimento do século XII, Renascimento do século XV, Iluminismo, e Era Vitoriana. Será que estamos perto de um novo colapso demográfico e de preços, acompanhado da inevitável desestruturação das nossas sociedades de consumo, dando origem a um novo mar de tranquilidade, procriação e crescimento moderado, assente em novos paradigmas, mentalidades e ideias culturais? 

A grande revolução de preços, que abrange todo o século XX, já vai em 116 anos. A base de recursos que a fez expandir tão rapidamente —sobretudo depois de passarmos da economia do carvão e da iluminação a gás, para a economia do petróleo e da energia elétrica— dá sinais públicos de esgotamento desde 1973. As recessões sucedem-se desde então com intervalos cada vez mais curtos e impactos cada vez maiores. As respostas políticas conjunturais não diferem em nada das que foram sendo experimentadas nos últimos oitocentos anos (1). O fracasso da bruxaria económica, que aliás cultiva a amnésia histórica, é total.

Nostradamus?

Desde já convém afastar o senhor Nostradamus e os Maias desta conversa. Para quem ficou impressionado com a especulação cinematográfica recente sobre o tema, aqui vai um descodificador de mitos escrito por gente sensata da NASA.

Astrologia e Economia à parte, a verdade é que, desde 1956, ciências um pouco mais sólidas do que as adivinhações anteriores, como a física, a geologia, a biologia, a ecologia, a climatologia e a história têm vindo a estudar e expor os limites do crescimento exponencial que tem caracterizado boa parte das dinâmicas humanas desde que as sociedades industriais tomaram o freio nos dentes.

O primeiro desses estudos fundamentais é um relatório apresentado em 1956 pelo géologo M. King Hubbert num encontro do American Petroleum Institute, no Hotel Plaza de Santo Antonio, no Texas. Pode dizer-se que este documento (PDF) estabeleceu para todo o sempre o intervalo de vida de recursos tão vitais para nós como o carvão, o gás natural e o petróleo.

Em 2001, a teoria do Peak Oil, surgida na esteira analítica de Hubbert, ganha um número crescente de adeptos (ASPO/ ASPO-Portugal), cujos estudos, realizados sobretudo nos Estados Unidos e na Suécia, têm vindo a dar razão ao geólogo americano: o petróleo é um recurso limitado e a sua duração enquanto recurso energético e químico barato e abundante para uso humano chegou ao fim em 2005. As consequências serão necessariamente assustadoras.

No início do século XXI, trágica e simbolicamente assinalado pela destruição de dois arranha-céus de Nova Iorque, a escassas centenas de metros de Wall Street, pelo impacto suicida de dois aviões comerciais com os tanques cheios de querosene, o petróleo deixa visivelmente de ser um recurso suficientemente barato para continuar a garantir o ritmo de crescimento da economia mundial conhecido desde o início do século XX. Em 1964 registou-se o pico da descoberta de novas jazidas. Em 2005 —ou para os mais otimistas, em 2010, 2015, 2020—  mais de metade do petróleo recuperável —isto é, cuja extração é tecnológica e financeiramente viável— terá sido produzido e consumido pelos humanos. A metade restante, e este é lado trágico da história, desaparecerá a uma velocidade muito superior do que a primeira. Nos cem anos de uso intensivo do petróleo (1930-2030) levámos oitenta atingir o pico da produção, mas depois de aqui chegados apenas restarão vinte anos até que a sua produção se torne demasiado cara para continuarmos a produzi-lo numa escala sequer aproximada da atual. Depois deste limiar, o petróleo deixará de ser um recurso estratégico da economia global. Ou será que continuará a sê-lo, por mais algum tempo, enquanto outras energias não o substituem, em regiões delimitadas e militarmente protegidas do planeta, mas pelo preço de um genocídio sem precedentes? Não creio, sinceramente, nesta hipótese.

O nosso modo de vida contemporâneo, industrial, urbano e cosmopolita nasceu há duzentos anos. O seu esgotamento, porém, está à vista, e o colapso dar-se-à muito provavelmente entre 2030 e 2060. Pode, aliás, ocorrer muito antes. Basta para tal que desastres imprevistos mas prováveis, de ordem climática (secas prolongadas, inundações, ciclones, etc.), financeiras, ou bélicas, aumentem de forma súbita e muito intensa a pressão sobre os recursos disponíveis. 

Estamos, pois, perante a eventualidade de um retrocesso civilizacional de dimensões bíblicas. E o pior é que nenhum governo se preocupa com o assunto, salvo nas respostas atabalhoadas e pontuais que vão dando aos efeitos das sucessivas e cada vez mais frequentes catástrofes climatéricas, crescentes conflitos militares e guerras civis.


Enquanto a descoberta de novas reservas decresce desde 1966, a produção entrou em 2005 no planalto dos 83 milhões de barris/dia, antes de começar a cair.

Para termos uma ideia da gravidade desta ocorrência, típica do fim de uma era, basta meditar nisto: nos EUA 2/3 do petróleo consumido vão para o transporte automóvel, 60% na OCDE. Por outro lado, 98% dos transportes nos países industrializados dependem do petróleo. Os transportes são ainda responsáveis por 13% das emissões globais de CO2 equivalente, e dentro desta fatia, 80%  das emissões provêm dos veículos rodoviários (The Market Oracle)

O boom mediático em volta das areias betuminosas do Canadá, do petróleo pesado venezuelano, do pré-sal brasileiro, das jazidas do Árctico, e mais recentemente do petróleo e gás de xisto americano e canadiano, há muito contabilizados no estudo de M. King Hubbert, não passa disso mesmo, duma diversão jornalística. Por outro lado, as chamadas energias alternativas representavam, em 2010 (Wikipedia), 16,7% do total da energia industrial consumida pelo homem, sendo que as renováveis tecnológicas mais recentes, solar e eólica, não iam além dos 2%. Como se isto não bastasse, o rendimento energético e a portabilidade das energias que são anunciadas como alternativas ao petróleo são irremediavelmente insuficientes.


Crescimento exponencial e colapso

Um outro estudo sobre limites do crescimento, mais abrangente, foi apresentado em 1972 por Donella H. Meadows, Dennis L. Meadows, Jørgen Randers, e William W. Behrens III, a pedido do Clube de Roma e subsidiado pela Fundação Volkswagen, usando para tal um modelo computacional denominado World3

A sua publicação causou uma enorme polémica e é ainda hoje, pela acuidade dos temas tratados e precisão de resultados, um marco histórico da nova consciência ecológica mundial. 

Basicamente, os autores deste estudo mostraram de modo chocante os limites intransponíveis das dinâmicas de crescimento exponencial em que a humanidade está envolvida e que irão acabar por provocar um enorme colapso se não forem tomadas medidas urgentes de abrandamento do crescimento demográfico mundial, a par de uma utilização sustentável dos recursos disponíveis.

Infelizmente o tempo da mitigação (Hirsch Report, 2005) do desastre anunciado passou, e portanto, não estando o fim do mundo a 24 horas de distância, o fim de uma era, sim. O colapso, aliás, já começou em muitas partes do mundo, e nem o Ocidente industrializado e rico escapa às catástrofes climatéricos e à austeridade que começaram a invadir o nosso quotidiano numa escalada sem precedentes e que só estancará, no que ao paradigma petrolífero se refere, quando o racionamento começar...

Enquanto escrevia este texto encontrei uma entrevista preciosa a Dennis L. Meadows, realizada no dia do meu aniversário, 27 de novembro de 2012, num simpósio promovido pela Fundação Volkswagen. O título é sugestivo: “Already Beyond? – 40 Years Limits to Growth”.


Dennis L. Meadows, Co-Author of the study "The Limits to Growth", during the Opening of the Herrenhausen Symposium | Volkswagen Foundation.
© Photography: F. Fiechter
“Once the limits to growth were far in the future. Now they are widely in evidence. Once the concept of collapse was unthinkable. Now it has begun to enter into the public discourse—though still as a remote, hypothetical, and academic concept. We think it will take another decade before the consequences of overshoot are clearly observable and two decades before the face of overshoot is generally acknowledged.”

in Limits to Growth; The 30-Year Update

January 2004
Dennis L. Meadows, Durham, N.H., USA
Jorgen Randers, Oslo, Norway

Um dos fenómenos que mais estranhei em viagens ao Porto, que tenho vindo a realizar desde há uns cinco ou seis anos, foi a abundância de gaivotas que invade a cidade, de Matosinhos e da Foz do Douro até à Ramada Alta e Avenida Damião de Góis. Também estranhei que as cegonhas pairem já em grande número na zona de Aveiro. E há cerca de um ano comecei a notar em certos dias escuros de vento sul e chuva que também em Carcavelos, onde vivo a maior parte do ano, as gaivotas começam a sobrevoar a vila e o terraço de minha casa. Que se passa? Têm fome!


  
Post scriptum — quando preparava este post reuni uma série de referências bibliográficas e de sítios web que entretanto coloquei numa página autónoma a que chamei Collapse Link. É um complemento deste e possivelmente de futuros escritos sobre este mesmo tema.

NOTAS
  1. Além destas ondas de 60 a 200 anos de duração, muito bem documentadas no livro de Fischer, há ainda na Europa, e mais particularmente em Portugal, uma mega onda histórica (pura dedução minha que precisa de ser estudada em pormenor) compreendida entre de 1415, data da conquista da praça forte de Ceuta pelos portugueses, e o ano 2015,  data geralmente apontada para o regresso em pleno da China ao palco mundial como grande potência económica, marítima, científica, financeira e militar. A expansão marítima europeia inaugurada pela conquista militar de Ceuta, largamente inspirada pela rainha inglesa Filipa de Lencastre, casada com João I, e que coincide com o Renascimento e o período de equilíbrio nos preços que transcorreu entre 1400 e 1479-90, abriu a Europa a novos mercados de matérias primas, manufaturas e sobretudo ouro e escravos. É sobre esta nova e ampla base de recursos abundantes e baratos, que viria a ser reforçada nos séculos XIX e XX pela sucessiva entrada em cena do carvão e do petróleo, que a Europa irá crescer sem parar até meados da década de 1960. A partir do final desta década, princípios da seguinte, o mundo começa outra vez a mudar. Caminhamos para um novo equilíbrio, não sem antes passarmos por uma quebra brutal do rendimento disponível da Europa. Repare-se qe o império colonial português, um dos mais longos da História, durou praticamente todo este período (1415-1999). Se percebermos isto será muito mais fácil entender a crise atual, para a qual as bruxas economistas nenhuma solução têm ou podem ter. Desde logo porque ainda nem sequer percebam as causas.

Última atualização: 29 dez 2012 - 21:45 WET

sexta-feira, julho 06, 2012

Finita Subúrbia

Nova Cidade do Kilamba Kiaxi - Luanda, Angola. Foto @ Facebook

Angola: estado falhado à vista? E Portugal?

O objectivo era albergar às portas de Luanda cerca de meio milhão de pessoas. Mas, até agora, o empreendimento Nova Cidade de Kilamba não passa de mais um "elefante branco" angolano construído com dinheiros chineses. Público.

Angola, um estado falhado à vista? Com certeza! Dou-lhe menos de vinte anos de vida sem grandes convulsões e fuga generalizada dos cleptocratas. Quanto ao assassínio da classe média em curso em Portugal e um pouco por toda Europa e EUA, Canadá, etc., a imagem destes subúrbios desertos é tão só uma antecipação do que sucederá aos Rios de Mouro e Clubes de Belas do nosso cantinho lusitano :(

Os velhos cascos urbanos das cidades, vilas e aldeias deste país são a próxima mina de ouro para onde a poupança minguante e a especulação (se as autarquias forem fracas e corruptas) convergirão nos próximos 20-30 anos. Esqueçam as cidades-jardim e a subúrbia inventada pelo senhor Ford para o automóvel e as Mota-Engis deste mundo, dos idos anos 50 até ao princípio do fim do Sonho Americano, desencadeado pelo colapso da sua bolha imobiliária e do seu sistema financeiro, em 2007-2008.

Apostem nas redes públicas de transporte intermodal rápido e de acesso barato, definindo anéis de viabilidade estrutural e sustentabilidade económico-financeira dos serviços (é aqui que a Subúrbia irá encolher....), com a respetiva exploração entregue a empresas privadas em regime de supervisão apertada e mão pesada para os vigaristas. A subsidiação, que será necessária, deve ser criteriosa e dirigida exclusivamente ao utente, quando se justifique e em função do seu IRS.

Multipliquem-se os quintais urbanos, a restauração social, e invista-se prioritariamente na recuperação das cinturas verdes das cidades-região e na eficiência geral, e em particular energética, das cidades.

Quanto à sobrevivência do Estado Social, veremos. Provavelmente só se aguentará reformando-o profundamente. Mas para aqui chegarmos será necessário fazer primeiro uma Grande Revolução Democrática contra os regimes demo-populistas e os partidocratas instalados.

Portugal precisa de uma revolução urbana como nunca foi feita, a começar por baixo, reforçando o poder de ação das freguesias (no país disperso, mas também, depois de concentradas, nas juntas de freguesia das principais cidades-região), em forte ligação aos serviços técnicos do Estado, que por sua vez precisam de ser revitalizados em grande escala e a toda a pressa, depois de arrumar de vez com a abusiva captura do regime, dos orçamentos públicos e do aparelho de estado, pela corja das assessorias partidárias, oriundas dos pseudo gabinetes técnicos e tubarões da advocacia pirata.

Estive esta manhã a tratar de um assunto no Gabinete do Munícipe do Porto — espécie de Loja do Cidadão municipal, limpa, arejada, moderna, amigável, com funcionários corteses e profissionais. Exemplar! É de reformadores públicos como Rui Rio que o país precisa. Honestos e sem medo de exercer a autoridade lucidamente. Será betinho, gostará de Ferraris, mas que importam esses pequenos defeitos, ou qualidades, se o principal corre sobre rodas?

CONTRADITÓRIO

Mal enviei o rascunho desta posta para a lista de privilegiados que recebem as comunicações do António Maria com alguma antecipação, a reação crítica foi pronta e  radical:

"Os dados do INE desmentem essa ideia do Rui Rio,

O Porto é um descalabro de falências e miséria, ultrapassando tudo e todos, com 2500 empresas falidas desde o primeiro semestre. Estratégia e visão são conceitos que lhe são completamente estranhos.

É cada vez mais uma cidade de luxo para ricos e que se lixem todos os outros.

Também a queda de população no Porto, desde o ministério de Rui Rio não tem igual em mais nenhuma cidade Portuguesa, penso que perdeu 10% da população em 10 anos.

Sem igual em toda a região e no resto do país.

A única zona do país com ressurgimento é a península de Setúbal, designadamente a diagonal Sesimbra, Palmela, Montijo, com crescimentos surpreendentes.

O distrito ultrapassou o de Braga, o que é de espantar.

FBC"

quinta-feira, junho 14, 2012

Quem parará este dominó?

As semelhanças são surpreendentes!
©2008-2012 *cycoze

À segunda vez, chama-se pânico!

Alemanha emite dívida a taxa negativa antes de eleições na Grécia

As obrigações vendidas pelo Governo liderado por Angela Merkel têm maturidade em Abril de 2018 e foram vendidas a um preço que lhes confere uma taxa de juro implícita de -0,31%, segundo os dados da Bloomberg relativos à emissão. A procura foi equivalente a 2,25 vezes a oferta, ficando acima da média deste ano, segundo a Reuters — Jornal de Negócios.

Na realidade, isto significa que estamos a caminho da deflação, por queda imparável do valor dos ativos, e pior ainda, prenuncia um colapso financeiro e monetário em larga escala. É por isto que os bancos deixam o dinheiro que pedem emprestado ao BCE, no próprio BCE (!), e é por isto que os fundos de investimento, as grandes fortunas (nomeadamente dos piratas gregos) e os bancos começaram uma corrida para se protegerem debaixo das asas da tia Merkel. Paga-se para que a Alemanha aceite os nossos empréstimos.... na esperança de ver algum no fim desta corrida de lémures.

Antes de multiplicar a massa monetária europeia, os alemães quererão certamente receber mais cartas de capitulação soberana como a que Rajoy escreveu, querem fundir uma ou duas dúzias de bancos e caixas públicas por essa Europa fora, querem concentrar algumas indústrias e serviços estratégicos do espaço europeu, querem avançar politicamente na união fiscal e financeira da UE, querem ver encolher alguns dos grandes especuladores americanos (Lehman Brothers, Madoff e MF Global já foram; Morgan Stanley e JP Morgan vão a caminho, outros se seguirão) e, por fim, esperam poder domesticar a City londrina e os covis fiscais propriedade pessoal de sua majestade inglesa Isabel II...

Todos contra o euro, ou todos contra o dólar? Sabemos que ao lado do euro estão a China e a Rússia. E que contra os EUA está o mundo inteiro. Grande expectativa pois para o próximo Domingo e para a infernal semana depois das eleições gregas. A provável entrada da Itália no clube dos resgatados ainda este mês ou o mais tardar em julho será a próxima dor de cabeça para todos nós.

Monti calls for political unity, fears domino effect

Prime Minister Mario Monti made a dramatic appeal to Italy's politicians yesterday (13 June) to back his tough economic medicine to avoid the country becoming the next victim of the euro debt crisis. Moody’s downgraded Spain and Cyprus, and panic mounted in Greece ahead of a Sunday vote that could see the country leave the eurozone — EurActiv.

Juros espanhóis disparam para máximos históricos depois de corte de "rating"Jornal de Negócios.

Preço da dívida soberana espanhola cola aos 7%

Almunia insiste en la posibilidad de que desaparezcan bancosHoy.

Como esta madrugada escrevíamos: depois da desclassificação da dívida soberana espanhola (perdeu todos os 'A's) por parte de todos os vendilhões de notações financeiras, virá o downgrading dos grandes bancos privados espanhóis (BBVA, Santander, etc.) e uma subida imparável dos juros implícitos a pagar por novas emissões de dívida pública. 6,926% é para todos os efeitos 7%, e 7% de incremento seja no que for significa que para um tempo T, qualquer quantidade Q duplica ao fim de 10T: montante, tamanho, intensidade, velocidade, etc. Ou seja, um empréstimo de 100 mil milhões de euros, a 7% de juros implícitos ao ano, pedidos em 2012, serão 200 mil milhões a pagar em 2022 :(

A menos que não se pague.... ou se pague apenas uma parte. Foi este género de PSI, ou de carecada nos benefícios esperados (haircut), que derrubou a MF Global e vai derrubar ainda muitos especuladores, bancos e fundos de investimento. O problema está, contudo, no perigo de um repúdio da dívida odiosa, se ocorrer de forma tumultuosa e descontrolada, arrastar também para o abismo a poupança de boa fé que, por exemplo, foi canalizada para os fundos de pensões. Daí a oportunidade das reflexões do economista australiano Steve Keen sobre a necessidade de proceder a um jubileu da dívida que castigue os especuladores, mas salve os devedores que honestamente pouparam e investiram.


 

Max Keiser: toutes les banques du monde entier sont insolvables.

Todos os grandes bancos estão basicamente em situação de insolvência. É por esta razão que os bancos centrais estão a comprar ouro. Ouro mesmo, não confundir com certificados de ouro, ou com ouro digital, pois estes últimos são mais uma das fantasias especulativas que podem esfumar-se em menos de um segundo (como Gerald Celente teve a oportunidade de saber da pior maneira). Ouro, mas ouro que se possa morder!

E quem pode, como a China, está também a acumular reservas de petróleo, matérias primas e bens alimentares desfazendo-se enquanto é tempo do papel higiénico verde que atulhou nas últimas duas décadas em troca das exportações que arrasaram a indústria americana, e não só. Se ao menos fosse Renova Black!

Desde 2008 que recomendo a compra de ouro, prata e quintinhas com água, boa terra e proximidade dos centros urbanos. Recomendei também que quem vivesse em periferias mal servidas de transportes e distantes do local de trabalho que vendesse as casas e se aproximasse dos centros urbanos e dos nós de transportes públicos (mesmo trocando um T4 por um T2, ou um T3 por um T1).

Agora já é provavelmente tarde para vender seja o que for, pois o dinheiro ou desapareceu, ou está guardado para as emergências. Se as coisas piorarem, como parece que vai acontecer, a solução já não passa pela venda de ativos, pois haverá que dá-los às hienas que andam por aí à espera de carne ferida, mas pela cooperação ativa das pessoas, começando pela família e pelos amigos. Há que partilhar recursos e partilhar o que temos, defendendo até ao limite o que foi poupado ou herdado.

O pior que nos poderia acontecer a todos seria corrermos para o abismo da deflação, pois deste buraco não sairíamos nada bem.

The Man Nobody Wanted to Hear
Global Banking Economist Warned of Coming Crisis

William White predicted the approaching financial crisis years before 2007's subprime meltdown. But central bankers preferred to listen to his great rival Alan Greenspan instead, with devastating consequences for the global economy — Spiegel Online.

sábado, junho 02, 2012

Portugal, pagar até morrer


Só podemos saldar a dívida e crescer, com trabalho, poupança e equidade

Sem renegociar as PPP, sem privatizar a TAP e a exploração dos transportes ferroviários, e sem uma reforma profunda da administração pública e do Estado ficaremos escravos da dívida e da indecorosa nomenclatura que levou o país à ruína, pelo menos, até 2020!

Portugal é neste momento atravessado por três grandes dilemas:
  1. O nosso insustentável endividamento fechou as portas ao investimento externo e interno, forçando o Estado a submeter-se a um programa de resgate, sem o qual há muito teria deixado de pagar aos seus funcionários, não sendo por esta razão possível crescer significativamente, na medida em que tal crescimento, pedido pela retórica populista da Oposição (1), implicaria agravar o sobre-endividamento público e privado do país, por sua vez um cenário inaceitável para o único credor ainda disposto a ajudar-nos a sair desta situação: a Troika.
  2. Só uma parte, 50% a 62%, da dívida total do país, é passível de um PSI, também conhecido por haircut; e para piorar as coisas, dado que boa parte da dívida pública reestruturável está nas mãos dos principais bancos portugueses, nomeadamente a colossal dívida das PPP, uma renegociação da mesma, com vista a um desconto privado, corre o risco de rebentar simultaneamente com os principais bancos e grupos económicos portugueses, dada a exposição destes às tetas orçamentais da escanzelada República que uma nomenclatura de piratas sem freio conduziu à posição de refém indefesa dos credores de última instância;
  3. Não conseguiremos libertar-nos da colossal dívida acumulada, sem impormos uma racionalização drástica e urgente do aparelho de estado, das instituições democráticas e do setor empresarial público, exigindo frontalmente o fim da apropriação parasitária do bem comum pela nomenclatura financeira e partidária, e sem causar por outro lado uma redução dramática dos recursos humanos que constam da folha de pagamentos da administração pública.
Estes dilemas terão no entanto e de uma forma ou doutra que ser resolvidos, sob pena de o país inteiro ficar numa situação sem saída, caminhando rapidamente para a alienação progressiva da sua riqueza, e para o advento de uma instabilidade social de consequências imprevisíveis.

Cabe aos partidos em primeiro lugar (para isso vos pagamos) estudar e encontrar com urgência as soluções mais justas e equilibradas para estes dilemas. E cabe ao resto da sociedade participar neste debate. Caímos no poço da dívida. Teremos que saber e conseguir sair dele quanto antes!

Os recentes números da execução orçamental e do desemprego são dramáticos. Veremos o que nos espera na próxima Segunda Feira, ao tomarmos conhecimento do mais recente relatório da Troika.

Até lá será muito instrutivo ler três artigos recentes e interligados sobre Portugal, escritos sucessivamente por Dimitris Drakopoulos e Lefteris Farmakis, do Nomura's Research, Joseph Cotterill, do FT Alphaville, e Claus Vistesen, do Alpha.Sources.CV.

“The math here is very clear. With only about 50 to 62 percent of the debt outstanding liable to restructuring the idea that Portugal may return to the market under “normal” conditions is ridiculous, especially if we assume that this includes the prospect of international creditors doing the bid.

However, there is an important difference between Portugal and Greece. Where Greece had a substantial part of its debt outstanding held by foreign creditors the restructurable debt in Portugal is mainly held by domestic corporates and banks. This is due to the increasing re-nationalisation of sovereign risk on the back of the crisis and specifically the ECB’s LTROs which have incited banks to buy their respective sovereign’s debt. This adds another layer to the Portuguese case in the sense that if the private sector gets hosed, it will mean domestic banking and corporate defaults. The ensuing re-capitalisation would be impossible for Portugal to deal with without EU/IMF help.”

— in Alpha.Sources.CV, “Time Unlikely to be a Healer for Portugal’s Economy”, April 2, 2012

“If you don’t see what Nomura are getting at here, Portugal could burn bondholders, but increasingly those are its own banks. On the Greek pattern, it would then need a eurozone loan to recap those banks, making any debt relief a mirage. And any private bondholders remaining, all the more subordinated.”

— in “If you thought Greek bondholders were subordinated…”, Joseph Cotterill, FT Alphaville, Mar 29 2012 09:03

“In this report we discuss whether a PSI operation similar to that undertaken in Greece will be repeated in Portugal in the near future. Our view is that in the short term momentum has shifted towards the extension of a new financing package to Portugal for a few years (potentially covering its financing needs until 2015) without a PSI operation being set as a prerequisite. Over the medium term, however, we see a fairly high probability of a debt management operation going ahead in Portugal given the country’s significant macroeconomic imbalances and fiscal risks that are likely to significantly delay its return to financial markets.”

— in “Portugal: To PSI or not to PSI?”, by Dimitris Drakopoulos and Lefteris Farmakis, Nomura, 27 march 2012.

NOTAS
  1. A sustentabilidade da economia portuguesa sofre de quatro constrangimentos fatais: a sua aflitiva dependência do petróleo/gás natural; a sua escandalosa intensidade e concomitante ineficiência energética; a sua inaceitável dependência de capital, o qual financia basicamente o consumo mas não o trabalho propriamente produtivo, nem a suficiente produção de bens transacionáveis; e, finalmente, o envelhecimento e encolhimento demográficos que destruirão inexoravelmente a sustentabilidade do estado social que conhecemos nos últimos trinta anos, ficando o setor das exportações, o turismo e, uma vez mais, a emigração, como únicos travões ao empobrecimento em espiral do país. Os quadros e gráficos do estudo promovido pelo banco japonês Nomura são a este título elucidativos.

Última atualização: 2 jun 2012 10:52

quinta-feira, julho 21, 2011

Pobre América!

Caro Nuno Crato, veja isto, e pense bem!



College Conspiracy é um documentário tendencioso da National Inflation Association, mas não deixa de ser um fresco impressionante sobre a agonia de um império mergulhado na espiral auto-destrutiva da ganância e da corrupção — os Estados Unidos. Portugal e a Europa ao pé do que este documentário revela são meninos e meninas de coro.

Portugal precisa de ver e discutir este documentário, sobretudo agora. Vamos ter que pagar as nossas colossais dívidas! Para o podermos fazer teremos inevitavelmente que diminuir o tamanho da despesa pública e aliviar a sociedade da presença excessiva, burocrática e tutelar do Estado no tecido intersticial das nossas vidas.

Mas para caminharmos rapidamente para um Estado económico, eficiente, estratégico, mas não intrusivo, nem paternalista, precisaremos de diminuir a despesa em três áreas cruciais: a segurança social, a saúde e a educação :(

Claro que se deve privatizar a RTP quanto antes, pois não faz qualquer sentido termos hoje uma televisão pública. Claro que temos que parar imediatamente o maior número de PPP que for possível, sem permitir ao mesmo tempo que o país se veja forçado a pagar indemnizações criminosas. Claro que temos que deixar de financiar com os nossos impostos fundações que, como o próprio nome indica, só fazem sentido se tiverem fundos próprios. Claro que deveríamos engavetar uma dúzia e meia de piratas especialmente responsáveis pela bancarrota do país.

Mas nada disto, a médio e longo prazo, permitirá restaurar as finanças públicas actuais na direcção da sua sustentabilidade se, ao mesmo tempo, não conseguirmos imaginar um modo muito mais barato, transparente e eficaz, de cuidar das pessoas na doença e na velhice; de evoluirmos para uma medicina mais preventiva e menos enfeudada ao diagnóstico caro, às intervenções cirúrgicas por tudo e por nada, e à intoxicação farmacológica; e de reformar de cima abaixo os sistemas de aprendizagem.

A Europa não deve perder o estado social, mas para o salvar terá que agir depressa, bem, e com a necessária firmeza. É preciso cortar pelo menos 30% nos orçamentos da segurança social, saúde e educação até ao fim desta legislatura! Como fazer semelhante cirurgia sem matar o doente, é o grande e irrecusável desafio do actual governo. Desejo aos novos ministros as maiores felicidades — e já agora faço-lhes uma sugestão: criem três campos experimentais dedicados ao futuro do estado social nos capítulos da segurança social, da saúde e da educação. E convoquem para tal os melhores investigadores europeus da especialidade.

O maior desperdício das vossas breves passagens pela governação ao mais alto nível será perderem demasiado tempo a falar aos deputados. São estes que têm que dar muitas e muitas explicações ao país, e não quem acaba de chegar com vontade de recuperar o país do pântano para onde o atiraram.

sexta-feira, março 11, 2011

Regime à rasca

Uma estreita e terrível janela de oportunidade!
[fonte governamental da Alemanha à agência Dow Jones]: “Portugal está a afundar-se debaixo de uma montanha de dívida e os custos de financiamento são intoleráveis. Julgo que até final de Março ou início de Abril, [um pedido de auxílio] acontecerá”, afirmou. — in Jornal de Negócios, 11mar2011.
Manuel Maria Carrilho escrevia ontem, no DN, ideias certeiras sobre o governo à rasca de Sócrates. Mas eu vou mais longe, interpretando o balbuciar de pânico emitido ontem também por Francisco Assis, no frente-a-frente com Miguel Macedo, no Jornal das Nove da SIC: não é só o governo, mas também o regime, que está à rasca e cada vez mais atordoado. Muito grave, esta situação, se tivermos em conta que o mitómano Sócrates, por ser uma criatura sem escrúpulos, pode mesmo deitar de vez o país ao lixo. Como no parlamento parece só haver sucata política, o perigo de assistirmos ao colapso do regime é real.

Só um evento poderá salvar Sócrates, Passos de Coelho e o país de uma vergonhosa, dolorosa e prolongada bancarrota: uma nova guerra no Golfo Pérsico, ou o fecho do Canal de Suez, em consequência do alastramento e agravamento do colapso das ditaduras do norte de África.

Em ambos os casos, os abastecimentos da China, do Japão e da Índia, passariam obrigatória e maioritariamente por Moçambique, Tanzânia, Zâmbia e Angola, e pelo Atlântico Sul e Norte!

Nesta circunstância, aliás provável (supondo a bom supor aquela que será neste momento a estratégia anglo-americana de sobrevivência e de contenção, uma vez mais, da poderosa Alemanha), Portugal e Espanha atrairiam avultados investimentos orientados para os transportes marítimos e ferroviários, e até para a indústria de logística militar. Marinha, portos marítimos e fluviais, e ferrovia de bitola europeia são, pois, as óbvias prioridades de Portugal.

As outras prioridades, igualmente urgentes e decisivas, passam pela segurança alimentar do país e pelo controlo público de todos os sectores estratégicos da nossa economia natural. Oferecer à Alemanha, de mão-beijada, como garantia de futuros empréstimos, a REN, ou os portos atlânticos, bem como outros sectores estratégicos, seria um crime contra a integridade nacional.

Só há, assim, uma solução: reformar de alto a baixo o Estado e travar o insaciável apetite da nossa incompetente e parasitária burguesia.

segunda-feira, março 07, 2011

Colapso em abril?

O governo de Sócrates poderá soçobrar já em abril, mais precisamente quando a Refer tiver que lançar nova operação de endividamento para pagar 300 milhões de euros de créditos vencidos. Esta é uma hipótese provável por quatro ordens de razões:
  1. a Refer abortou recentemente uma operação de endividamento para pagamento de dívida madura (1), e nada garante, antes pelo contrário, que uma nova tentativa venha a ter sucesso, sobretudo tendo em conta os últimos desenvolvimentos da crise económica e energética mundial;
  2. a cimeira europeia de 24-25 de março, sobre competitividade na Eurolândia, pode ditar o fim, a curto prazo, das compras indirectas de dívida soberana por parte do Banco Central Europeu (BCE);
  3. a subida anunciada da taxa de juro de referência do BCE , actualmente em 1%, irá agravar ainda mais os encargos com as sucessivas emissões de dívida pública portuguesa previstas, e aumentar inevitavelmente o já elevadíssimo desemprego, com a consequente pressão sobre os salários (ver post de Paul Krugman) e o inevitável crescimento das tensões sociais.
  4. a liquidez disponível do país é da ordem dos 4 mil milhões de euros, mas já em abril próximo será preciso pagar mais do que isto pela dívida obrigacionista de longo prazo que vencerá nessa data (2).
O PS de Sócrates já anda a preparar o PSD de Passos de Coelho para um novo pacote de medidas de austeridade. Até agora Passos de Coelho tem vindo a cair nas sucessivas armadilhas de envolvimento criadas pelo indecoroso governo do mitómano das Beiras. Está tão borrado de medo que é provável que venha a engolir mais um sapo cor-de-rosa! E no entanto, como escreve Álvaro Santos Pereira, o governo ainda tem muito por onde cortar (3), antes de impor mais sacrifícios aos portugueses.

Mas para aqui chegarmos será preciso desarticular previamente o actual Bloco Central de Interesses — o que, prevejo, só à força de manifestações, cada vez mais duras, acabará por acontecer.

ÚLTIMA ACTUALIZAÇÃO: 8 mar 2011, 0:36

NOTAS
  1. According to the central bank, Portuguese banks have not succeeded in making an international debt issue since April 2010. Net bond issues by banks in the first nine months of 2010 were insufficient to offset bonds maturing in the same period.

    Refer is Portugal’s most highly indebted state company with total debt of just below €6bn at the end of 2010, according to company reports. Analysts estimate its financing needs this year at €800m, including the redemption of a €300m bond that matures in April.

    Analysts estimate the total financing needs of Portugal’s state-owned companies at more than €3.8bn this year — in Portugal rail operator stalls on €500m bond. By Peter Wise in Lisbon and Anousha Sakoui in London. Published: March 3 2011 20:21 FT.com.

  2. Portugal has cash on hand of about €4 billion ($5.5 billion). Next month it must spend more than that to repay one of its long-term bonds, part of the €20 billion it will need this year to repay debt and cover its ongoing deficit, and for which it will have to pay around 7%, an interest rate that most observers agree is unsustainable — in One-Size Monetary Policy Rarely Fits All — in WSJ.com .

  3. Do lado das despesas há muito por onde cortar. Em primeiro lugar, podemos cortar 10% dos consumos intermédios do Estado. Estas aquisições de bens e serviços têm vindo a aumentar muito nos últimos anos e são um dos reflexos do excessivo despesismo do nosso Estado. Em segundo lugar, poderíamos efectuar uma redução entre 10% e 15% das despesas de todas as entidades e organismos públicos não essenciais. Segundo os meus cálculos, poderíamos obter poupanças entre 500 e 1000 milhões de euros se reduzíssemos as despesas de 60 destes organismos não ligados à Saúde e à Educação. Em terceiro lugar, podíamos levar a cabo uma verdadeira reforma do Estado que, a médio prazo, desse azo à fusão e extinção entre 30% e 50% de todas as entidades e organismos públicos. Em quarto lugar, poderíamos cortar entre 10% e 20% dos encargos gerais do Estado, nos quais se incluem o governo, a presidência da República, a Assembleia da República, o Tribunal de Contas, entre outras entidades. A extinção dos governos civis também deveria acontecer. Em quinto lugar, poderíamos cortar os apoios e créditos fiscais a muitas das centenas de fundações que o nosso Estado apoia — in Austeridade ou não, eis a questão. Desmitos.