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terça-feira, abril 24, 2012

Porque empobrecem as nações?

Sem procurarmos a causa eficiente das coisas não as entendemos





por ANTÓNIO CERVEIRA PINTO

“What are the fundamental causes of the large differences in income per capita across countries? Although there is still little consensus on the answer to this question, differences in institutions and property rights have received considerable attention in recent years. Countries with better “institutions”, more secure property rights, and less distortionary policies will invest more in physical and human capital, and will use these factors more efficiently to achieve a greater level of income...” — in The Colonial Origins of Comparative Development: An Empirical Investigation, by Daron Acemoglu, Simon Johnson, James A. Robinson. June 2000 (pdf).

Daron Acemoglu & James Robinson, autores de Why Nations Fail, defendem uma abordagem muito oportuna sobre as origens da democracia económica e do papel que esta teve (pelo menos até 2008!) no desenvolvimento e enriquecimento extraordinário de uma parte do mundo, por contraposição ao marasmo da outra. Este mais recente livro inspirado pelo brilhante economista Daron Acemoglu desenvolve a ideia que a democracia económica foi a principal responsável pelo enriquecimento estrutural, estruturante e sustentado de países como o Reino Unido, a França, a Alemanha ou os Estados Unidos, por contraposição ao enriquecimento autoritário e/ou especulativo e momentâneo, isto é, insustentável, de países como a Rússia imperial, a Argentina, ou, digo eu, o Japão.

O ponto interessante e polémico da origem destas afluentes democracias económicas modernas reside, segundo Acemoglu, na prevalência daquilo que o autor qualifica de instituições inclusivas, sobre as instituições extrativas. Enquanto as instituições extrativas promovem a perpetuação de poderes centralizados, rendeiros, mais ou menos absolutos, hierarquizados, burocráticos e castradores da iniciativa individual, as instituições inclusivas, pelo contrário, socavam a inércia e perpetuação dos regimes tribais, monárquicos e cesaristas (em sentido lato), em nome da libertação económica, social e cultural das sociedades. E claro: esta libertação é, em primeiro lugar, um fenómeno político e não o resultado afinado de qualquer omnisciência económica!

A presente decadência dos EUA parece desmentir a tese central deste brilhante economista sobre a origem política da prosperidade social. Mas não nos apressemos a tirar conclusões!

Agradeço ao Mário Ribeiro o envio deste oportuno link, que me meteu aliás em despesas, pois já encomendei Why Nations Fail ;)

Depois de o ler voltarei a este debate, dada a sua relevância para a discussão em curso sobre a necessidade urgente de reformar boa parte das democracias europeias, e em particular a grega, a espanhola e a portuguesa.


NOTA: este texto foi originalmente publicado no blogue do novo partido democrata (NPD).

Última atualização: 24-04-2012 23:37