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sexta-feira, abril 11, 2014

Pico da Dívida


É assim nos Estados Unidos. E em Portugal é pior ainda...


The Born Again Jobs Scam, Part 2: The Fed’s Labor Market Delusion
by David Stockman • April 10, 2014 - David Stockman's Contra Corner.

“As a practical matter, however, the Fed cannot stimulate additional “spending” unless it can also cause the economy’s leverage ratio to rise, thereby supplementing “spending” derived from current income with purchases financed by freshly minted (incremental) credit. Yet the flood of demand by which the Fed endeavors to “pull” idle and underemployed workers back into production cannot be activated if the US economy has reached a condition of peak debt, as I strongly believe to be the case. Indeed, when the credit expansion channel is broken and done, all the Fed’s liquidity “accommodation” flows into the Wall Street finance channel where it pulls up the price of existing financial assets, not the employment rate of idle labor.“

Quando as dívidas públicas e privadas atingem picos de sustentabilidade, potenciar o crescimento pela via do crédito às pessoas e às empresas não financeiras, supondo que este induzirá o aumento da procura agregada, é um erro, ou pura demagogia e, portanto, não funciona, pois os devedores não podem endividar-se mais. Pelo contrário, mais empresas fecham, a criação líquida de empregos (na sua maioria, empregos faz-de-conta e temporários) é nula, e os consumidores passam a comprar menos. Segundo a ERSE, em 2013, Portugal consumiu a mesma eletricidade que em 2006!

A circunstância de apenas os governos continuarem a endividar-se redunda num beco sem saída para a economia e para as sociedades em geral. Desde logo, porque o imparável endividamento público, nomeadamente para atender aos mais aflitos, mas sobretudo pressionado pelo serviço da dívida, redunda numa quase inevitável pressão fiscal sobre as pessoas e as empresas (1), pondo em causa a dignidade das primeiras e a sobrevivência das segundas.

Mesmo se houvesse um Jubileu da Dívida Mundial (por exemplo, anulando os contratos com derivados financeiros especulativos -- 'swaps' de moedas e de taxas de juro, etc. — cujo valor nocional equivale a mais de 10x o PIB mundial!), ainda assim a procura agregada global continuaria estagnada ou a decrescer, porque a escassez relativa de recursos energéticos e matérias primas torna-os mais caros e por isso inacessíveis a um número crescente de potenciais compradores e consumidores.

Outro problema que aponta para a inevitabilidade de uma reestruturação das dívidas à escala global (não confundir com as discussões partidárias populistas locais sobre reestruturação da dívida e saídas limpas ou sujas do Memorando) é o abandono do dólar como moeda de reserva hegemónica. Já todos percebemos que os Estados Unidos não têm feito outra coisa nas últimas duas décadas que não seja exportar a sua dívida pública para os países detentores de recursos naturais, energia (petróleo e gás natural) e trabalho barato. Acontece que a China e a Rússia acabam de dar um pontapé de saída na descolagem progressivas desta indigência do império que declina.

Portugal, por exemplo, não pode exportar a sua dívida se os credores não deixarem. E não vão deixar. Quase todos os países da zona euro se deparam com problemas semelhantes ao nosso, e sabem que a mutualização das dívidas soberanas europeias comportaria perigos enormes.
Daí que, tal como a Irlanda, só tenhamos um cenário pós-Troika: sair do Programa sem nenhuma rede cautelar.

NOTAS

  1. Portugal foi o país que mais aumentou impostos sobre os salários
    Portugal teve no ano passado um aumento de 3,5 pontos percentuais, quando o crescimento médio dos 34 países da OCDE se situou nos 0,2 pontos
    TVI/ Redacção / LF    |   2014-04-11 11:08

    COMENTÁRIO: em vez de reformar o Estado central regional e local, tornando-o mais eficiente e eliminando o devorismo partidário e a baba burocrática, preferiu-se esganar toda a economia e destruir a classe média, salvaguardando apenas o bem-estar dos rendeiros, da corja devorista e da partidocracia. A isto chama-se FASCISMO FISCAL.

    E depois do Programa, como vai ser? Irão aumentar ainda mais os impostos e ver polícias e militares a entrarem pelo parlamento dentro? Irão finalmente cortar as rendas excessivas dos rendeiros do regime? Esperemos bem que sim. Irão, em suma, deixar de usar o aparelho de estado como uma alcova partidária? Voluntariamente, não, mas algo acabará por ser feito neste domínio. O desfecho previsível do Programa da Troika será a chamada saída 'limpa' — por uma razão simples: os credores não estão dispostos, nem podem continuar a alimentar porcos a pérolas.
Atualizado: 11/04/2014 13:04 WET