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segunda-feira, outubro 18, 2010

Golpe de Estado!

Marcelo não é comentarista, mas agente provocador!

Marcelo Rebelo de Sousa actuou hoje na TVI como agente provocador de um verdadeiro golpe de estado palaciano ao anunciar uma decisão da exclusiva competência e foro íntimo de Aníbal Cavaco Silva, em vésperas de uma batalha política decisiva para o Portugal, cujo desenlace poderia aliás levar o actual presidente da república a desistir da sua recandidatura ao cargo que ocupa sem brilho, nem verdadeiro préstimo para o país, desde que rebentou o escândalo que o tem aprisionado — i.e. a falência criminosa do BPN.

Como aqui se escreveu, desde que anunciaram a mistificação mediática do tango contra-natura entre José Sócrates e Passos Coelho, a única estratégia correcta do actual líder do PSD, seja para conservar o cargo conquistado, seja para criar a oportunidade de uma verdadeira limpeza do regime corrupto e cleptocrata que levou Portugal à bancarrota, seria, e é, correr do Estado, tão depressa quanto possível, com os criminosos que dele se apoderaram, por interpostos lacaios ou directamente.

No caso da anunciada vigarice orçamental cozinhada nas folhas de cálculo do ministro das finanças, a única decisão politicamente decente e estrategicamente correcta por parte de um candidato a primeiro ministro seria e é chumbá-lo sem dó nem piedade, com um virulento discurso sobre os responsáveis que, por acção ou inacção interessada ou cobarde, conduziram Portugal a uma verdadeira situação de bancarrota, colocando-nos nas mãos dos credores estrangeiros — isto é, e na prática, esvaziando completamente a nossa soberania económico-financeira.

Com isto não se pode compactuar!

Também se escreveu, acertando completamente na mouche, que o chumbo do orçamento por Passos Coelho seria uma carambola que eliminaria os dois principais obstáculos à clarificação rápida da nossa situação, e consequente restauração de uma democracia que foi esventrada por uma verdadeira rede de gatunos de todos os quadrantes.

Volto a escrever: se Passos Coelho chumbar o Orçamento de Estado (OE) de 2011, Cavaco Silva não se recandidatará, e o vento soprará imediatamente a favor da nova direcção do PSD. É claro que esta possibilidade meteu um medo de morte ao Bloco Central do Betão e da Corrupção, que sustenta, como se sabe, quase toda a comunicação de massas deste país (salvo a que já está directamente ao serviço da contra-informação governamental!)

Desde que a possibilidade do chumbo do OE começou a pairar no campo das opções políticas com sentido (o bloco que vai eleitoralmente unir-se em volta do poeta Manuel Alegre, e o próprio Manuel Alegre, que votem o Orçamento...), a nomenclatura em pânico montou mais uma gigantesca operação de propaganda, envolvendo laranjas, rosas e até foices-e-martelos no tam-tam ensurdecedor. O que fizeram foi simples: mudaram o resultado do jogo que aqui anunciei. Ou seja, o chumbo do OE seria, por um lado, o caos, e por outro, a vitória maquiavélica de Sócrates! Para coroar a operação, encharcaram todos os canais da comunicação social com esta patranha, e depois fizeram uma sondagem. A cereja no bolo colocou-a, esta noite, essa "gelatina política" chamada Marcelo Rebelo de Sousa — um político falhado, e um pseudo-comentarista. O que hoje fez foi, porém, além das marcas.

Pergunto ao senhor Marcelo Rebelo de Sousa uma pergunta muito simples: foi Aníbal Cavaco Silva que o informou?

A minha convicção e a minha interpretação dos factos que conduziram a este verdadeiro golpe de estado palaciano são estas:
  1. Por tudo o que Cavaco Silva disse até hoje, e pelo carácter evasivo e temeroso que se lhe conhece, o homem nunca anunciaria a decisão propalada por Marcelo de Sousa antes da votação do Orçamento;
  2. Pelo seu temperamento, também não é de crer que uma tão pesada decisão, tendo em conta o estado calamitoso do país, a sua comentada doença degenerativa, e a paralisia intelectual e política da sua acção desde que rebentou o caso BPN,  viesse a ser anunciada por uma qualquer interposta pessoa — ainda por cima recorrendo à língua viperina dum notório má-língua chamado Marcelo Rebelo de Sousa;
  3. Resta pois uma hipótese, o Presidente da República foi vítima de uma nova tentativa de golpe de estado palaciano desencadeado a partir da sua infecta Casa Civil. Quando cheiraram a mera hipótese da não recandidatura do actual presidente, em consequência do chumbo do OE por parte do actual líder do PSD, entalaram-no com o pré-anúncio da sua recandidatura através de um Conselheiro de Estado que usou a comunicação social para fazer, até agora, intriga política, mas que na noite de domingo de 17 de outubro de 2010, lhe permitiu também coadjuvar uma turma de conspiradores a realizar o que não pode ser visto se não como um golpe de estado palaciano.
E agora?

Cavaco Silva tem uma de três soluções:
  1. Desmente categoricamente o mensageiro conspirador — mandando directamente para a reforma um fala-barato;
  2. Confirma o que o fala-barato anunciou, e nesse caso tem que o fazer logo pela manhã de Segunda-Feira, comunicando ao mesmo tempo ao país qual a sua posição sobre o orçamento de estado do governo de Sócrates (não tem oura alternativa!);
  3. Ou então deixa tudo em suspenso até dia 26, o que equivaleria, na prática, à primeira opção, fazendo passar Marcelo Rebelo de Sousa por aquilo que verdadeiramente é: um auxiliar de conspirador de meia tigela.
Por fim, não vejo como poderá o PSD, e sobretudo Passos Coelho, deixar de exigir a imediata demissão do conselheiro de Estado Marcelo Rebelo de Sousa, pela sua intromissão intolerável num processo político-constitucional do maior melindre. tratando na prática o actual presidente da república como se fosse um atrasado mental.

POST SCRIPTUM — 18-10-2010; 14:20. Cavaco Silva optou pelo silêncio, ou seja, não confirma, nem desmente, a atoarda conspirativa de Marcelo Rebelo de Sousa, deixando este spin doctor uma vez mais a fazer figura de parvo. Mas há um pormenor aqui que convém salientar: se houve tentativa de golpe de estado palaciano, e estou convencido de que houve (este mesmo post foi enviado esta madrugada à presidência da república desafiando o seu receptor a dar dele conhecimento a Cavaco Silva), o presidente desarmou-o, desta vez, a tempo. Mas não chega! É preciso escovar imediatamente o pó acumulado da sua Casa Civil, senhor Presidente! Ou os ácaros continuarão a sua permanente acção de desgaste e destruição. Quanto ao mais, reitero: acho que o senhor não se deveria recandidatar ao cargo. Se não salvou o país quando podia, não será agora ou com novo mandato que o fará. A instituição de que é o representante máximo está tão podre e corrompida quanto os demais edifícios do regime. O país precisa de uma revolução constitucional, e sobretudo de novos protagonistas. Os herdeiros líquidos do 25 de Abril já mostraram o que valem!

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Presidenciais 2011

Fernando Nobre arruma discurso ambíguo de Alegre


Alegre avançou como candidato da sociedade civil. Porque é que não o apoiou?

Fui convidado por três vias para apoiar e integrar a sua comissão de honra. Nomeadamente pelo grupo de Viseu, onde nasceu a candidatura de Alegre. E hoje esse grupo decidiu estar comigo. Nós temos de ser frontais, porque isto de se dizer uma coisa e depois fazer outra é complicado. Não podemos ter um senhor que foi durante 34 anos deputado do PS, foi vice-presidente da AR indicado pelo PS, que pertence a um partido e que, continuando a ser deputado do partido, diga que quer dinamizar um movimento de cidadania. Para ser coerente, só há uma coisa a fazer: entregar o cartão do partido e fazer uma coisa às claras. — in i online (22 de Fevereiro de 2010).

Manuel Alegre desbaratou, como aqui escrevi, o capital de esperança e confiança gerado pela sua primeira e possivelmente última candidatura presidencial. Realizada e bem contra o sequestrado aparelho partidário do PS, com o apoio decisivo de muitos dos verdadeiros militantes, entretanto desiludidos, do Partido Socialista, a candidatura Alegre gerou à época uma enorme expectativa, nomeadamente em volta da possibilidade de a esperada ruptura alegrista poder contribuir rapidamente para uma refundação do espectro partidário e eleitoral da esquerda portuguesa.

A última e fatal indecisão de Manuel Alegre, que definitivamente compromete a esperança de uma renovação, a curto prazo, do campo socialista, foi deixar escorrer pela comunicação social e na blogosfera a ideia de que estaria a negociar o apoio de José Sócrates à sua candidatura presidencial, a troco de um branqueamento intolerável dessa criatura miserável e indigna de qualquer democracia com vergonha, chamada José Sócrates Pinto de Sousa.

Manuel Alegre não é, como esclareceu Fernando Nobre, nem independente, nem muito menos fruto da chamada sociedade civil. Entende-se por sociedade civil, ou terceiro sector, um conjunto disperso, mas cada vez mais numeroso e forte, de personalidades independentes, de associações académicas, profissionais, culturais, económicas, científicas, solidárias, etc., e ainda de organizações não governamentais (ONG) com forte intervenção crítica nas dinâmicas económicas, sociais e políticas das sociedades.

Este novo magma cultural tem vindo a impor a sua presença e influência social, compensando e corrigindo a crescente falência dos sistemas de poder convencionais — os quais, por motivos óbvios, resistem, como podem, a uma morte claramente anunciada. As democracias actuais transformaram-se em democracias populistas. Os partidos convencionais, que sobrevivem desde a sua fundação jacobina, mostram-se cada vez mais incompetentes, oportunistas, predispostos à corrupção, e verdadeiramente inúteis, a não ser para manterem os rituais enganadores da separação de poderes e da representação popular. Ou seja, à medida que o demo-populismo parlamentar entra em irreversível decadência, a sociedade civil, ainda sem ter sido capaz de imaginar um modelo político alternativo, vai-se substituindo à calamitosa incompetência dos Estados, através de uma pragmática pacífica e dispersa de contenção de danos. É neste contexto que uma candidatura presidencial tão clara como aquela que na passada semana surgiu pela voz de Fernando Nobre, poderá revolver todos os cenários pré-presidenciais até ao momento gizados pelos estados-maiores partidários e pelo próprio e actual presidente Aníbal Cavaco Silva!

Alegre e Cavaco arrastam penosamente as asas de dois sonhos sem alma. Gaguejam cada vez mais. Balbuciam enigmas, sem sequer olharem para os fígados das vítimas premonitórias. Afundam-se na lama das suas próprias biografias de cedências e compromissos. São, em suma, empurrados pelos círculos cada vez mais estreitos de criaturas que neles vêem o seu único modo de vida e esperança social. Se sobrar em cada um deles alguma réstea de nobreza, creio que a mesma os levará a desistir de uma ambição que já não é deles, mas das sombras inúteis que os perseguem. Se tal ocorrer, teremos talvez umas eleições presidenciais disputadas entre Fernando Nobre e Marcelo Rebelo de Sousa. Se assim for, votarei no médico e fundador da AMI.


OAM 688 — 22 Fev 2010 17:23