Mostrar mensagens com a etiqueta presidenciais francesas. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta presidenciais francesas. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, maio 07, 2012

Merkollande?

Monsieur (Hulot) Hollande poderá baralhar a chancelarina alemã!

Ao lado de um homem normal...
Partido de Merkel com pior resultado desde 1950 em estado da Alemanha

"Em força esteve, segundo as sondagens, o grupo activista Partido Pirata, que conquistou 8,5% dos votos. É a primeira vez que vai conseguir ocupar assentos no parlamento da região. Os Piratas penas tinham arrecadado o voto de 1,8% dos eleitores no sufrágio de 2009." Jornal de Negócios online, 7 Maio 2012.

Salvo os países produtores primários de energia barata, matérias-primas alimentares e industriais essenciais, de trabalho sobre-explorado e sem direitos, e que não respeitam boa parte das regras internacionais sobre higiene e sustentabilidade, o resto do mundo, do Japão aos Estados Unidos e Inglaterra, passando pela União Europeia, e pelos desgraçados países africanos, asiáticos e sul-americanos que não dispõem nenhuma das vantagens competitivas dos chamados "países emergentes", está sobre endividado!

A explosão demográfica mundial, a competição por recursos limitados, a distorção dos modelos de crescimento dos países industrializados, através da produção e consumo conspícuos, destruição do trabalho produtivo, recente acumulação explosiva do desemprego e da falta de emprego, perda de competitividade comercial, expansão puramente monetária e financeira das economias, e endividamento sistémico dos governos, das empresas e das pessoas, acompanhados pela globalização especulativa dos mercados financeiros, espelha não apenas o declínio dos impérios coloniais do Ocidente, mas também a aproximação de um limiar de crescimento populacional incompatível com os recursos disponíveis. A máscara financeira que até agora escondeu a realidade de uma ecologia esgotada começou a cair de forma dramática, como os mais avisados previram. E o que vemos é assustador, nomeadamente porque ninguém sabe como sair desta situação.

Os governos caiem como dominós sob o impacto social e político do colapso financeiro, das falências e do desemprego. Em desespero de causa vota-se no desconhecido, ou no regresso do que há muito parecia andar arredado dos núcleos duros do poder. A "direita" regressa onde a "esquerda" governava, e vice versa, como vimos agora com a vitória fulminante de François Hollande em França, e a derrota do corrupto até à 5ª casa bloco central grego (atenção Jota Passos de Coelho! atenção Jota inSeguro!)

O novo presidente francês, se mantiver (e terá que manter!) as promessas do candidato, até às próximas eleições legislativas, que darão a França um novo governo, previsivelmente alinhado ou comprometido com Hollande (Bayrou no próximo elenco?), poderá ditar a morte política de Angela Merkel muito antes das próximas eleições alemãs, em 2014, e provocar um segundo terramoto político, desta vez no coração da locomotiva europeia.

As eleições de ontem no Schleswig-Holstein revelam até que ponto o efeito dominó acabará por derrubar a voluntariosa chancelarina vinda do Leste. Mas a pergunta fundamental persiste: poderá a Europa escapar à austeridade? Poderá a União Europeia entrar num novo ciclo de "crescimento duradouro", como pede Barroso ao senhor Hulot de Paris, sem reformar primeiro as suas economias, os seus sistemas financeiros, a sua fiscalidade e a sua governança?

Como já todos percebemos, o que a Alemanha não deixa que se faça, por um lado, faz-se por outro! No entanto, vai ser inevitável uma metamorfose profunda dos estados, das economias e do sistema financeiro mundiais. Estamos apenas no princípio desta dolorosa mutação.

As Férias do Senhor Hulot, de Jacques Tati (link)

Hollande, cuja figura me faz lembrar simultaneamente Mr. Chance e o Monsieur Hulot, tem um refinado bom gosto no que se refere ao sexo oposto, gosta de cozinhar e de fazer as suas compras gastronómicas — três atributos promissores e que me sensibilizam. Promete reduzir em 30% os honorários a que tem direito como presidente. Para começar, é mesmo simpático ;)


POST SCRIPTUM

Sobre este mesmo tema, o que escrevemos em Janeiro: Bem-vindo senhor Hollande!