segunda-feira, outubro 06, 2008

Crise Global 34

Que garantias são essas, senhor Sócrates?

Os pequenos e médios depositantes portugueses estão a entrar em pânico. Por enquanto, em silêncio. Depois, logo se verá.
Exijo, como cidadão, uma declaração formal do governo português sobre o grau de garantias que está disposto a assumir caso ocorram rupturas de pagamentos por parte dos bancos sediados em Portugal. Os 25 mil euros actualmente estabelecidos são manifestamente insuficientes.

Última hora!
UE avança em direcção a acordo para garantir depósitos

LUXEMBURGO 06-10-2008, 23:20 (AFP) — Os países da União Europeia (UE) avançaram nesta segunda-feira, em Luxemburgo, em direcção a uma proposta para elevar até 100 mil euros a garantia dos depósitos bancários na comunidade, actualmente em cerca de 20 mil euros, com o objectivo de tranquilizar os depositantes e evitar uma corrida aos bancos.

Teixeira dos Santos: depósitos bancários em Portugal garantidos “aconteça o que acontecer”
06.10.2008 - 16h12 Isabel Arriaga e Cunha, no Luxemburgo (Público)
O ministro das Finanças anunciou esta tarde que “aconteça o que acontecer as poupanças dos portugueses em qualquer banco que opera em Portugal estão garantidas”. Teixeira dos Santos, que falava no Luxemburgo à margem do Eurogrupo, escusou-se a esclarecer se esta é uma garantia de depósitos ilimitada. Actualmente o Fundo de Garantia de Depósitos garante até um máximo de 25 mil euros de depósitos, em caso de falência e de incumprimento de uma instituição bancária.

Depois da Irlanda (1) garantir inesperadamente os depósitos bancários dos seis principais bancos do país -- lançando a confusão geral entre os dirigentes europeus, nomeadamente do Bando dos Quatro (Alemanha, Reino Unido, França e Itália) -- um a um, os demais países da União copiam agora a receita de Dublin: "mais vale um pássaro na mão do que dois a voar!" Alemanha (sim, a que vociferava contra os irlandeses!), Grécia, Dinamarca (2), Espanha (3), Reino Unido, Áustria e Suécia, engrossam o cada um por si decidido hoje pelos atarantados "27" -- precipitando mais um dia negro nas bolsas mundiais (4).

UE: Sócrates subscreve declaração comum reforçando garantias de estabilidade
06.10.2008 - 15h17 (Por AFP, Lusa/ Público)

O primeiro-ministro português subscreveu hoje, em conjunto com os restantes Estados-membros da UE, uma declaração em que os 27 se comprometem a adoptar medidas para a estabilidade do sistema financeiro europeu e dar protecção aos depositantes. ...

“Os líderes da União Europeia afirmam que cada país tomará as medidas necessárias com vista a assegurar a estabilidade do sistema financeiro – seja através da cedência de liquidez por parte dos bancos centrais, de medidas pontuais para lidar com situações específicas de alguma instituição financeira, ou do reforço dos mecanismos de protecção dos depositantes”, lê-se na declaração.

No mesmo comunicado, os Estados-membros garantem que “continuarão a tomar as medidas necessárias de protecção do sistema para que os depositantes nas instituições financeiras monetárias não sofram quaisquer perdas”. ...

Na semana passada, em diversas intervenções públicas, tanto o primeiro-ministro, José Sócrates, como o ministro de Estado e das Finanças, Teixeira dos Santos, defenderam que o sistema financeiro português “têm dado provas de resistência” face à actual conjuntura de turbulência nos mercados internacionais.

No mesmo contexto, José Sócrates deixou também uma mensagem de tranquilidade em relação aos cidadãos com depósitos em instituições financeiras nacionais, dizendo estarem asseguradas as poupanças dos portugueses.

A pergunta retórica que me ocorre, sobretudo num dia em que o PSI20 tem a maior queda dos últimos 3 anos (4), depois de ter perdido no que vai de ano mais de 40% do seu valor (5), é esta:

quando pensam as luminárias lusitanas que informam e aconselham o senhor Sócrates em matéria de finanças (o senhor Constâncio e o senhor Teixeira dos Santos, presumo) dizer-lhe que a questão das garantias bancárias dos depositantes é uma matéria da máxima urgência, exigindo um comunicado claro do Conselho de Ministros?

Tudo o que ouvimos até ao momento (07-10-2008 00:28) foram declarações manhosas. Não foi assumido nenhum compromisso oficial quanto às garantias, para além daquelas que já estão definidas: um máximo de 25 mil euros por cada conta bloqueada por falta de fundos imputáveis à entidade bancária. Ora o que está em causa é saber se o Estado português está em condições de ir para além destes valores obviamente insuficientes. E se não está, como pensa travar uma corrida aos bancos e a fuga de massiva de capitais para outros países da União Europeia?

A senhora Merckel percebeu algo que é elementar e qualquer aforrador, como qualquer especulador entende: se há bancos europeus que garantem os meus depósitos bancários, contra outros que não o fazem, ou estão indecisos, ou proclamam intenções vagas para enganar os tolos, eu, com um clique de computador transfiro instantaneamente o meu dinheiro para a Irlanda, a Alemanha, a Dinamarca, ou qualquer outro país da União que ofereça garantias!

A Caixa Geral de Depósitos está sob pressão -- como atempadamente alertámos e Nicolau Santos aprofunda em artigo do Expresso online de hoje (6). Ou então, ficam por explicar os três encaixes de capital (ou melhor dito, provisões) realizados em contra-ciclo ideológico do actual colapso da lógica privatizadora neoliberal. As acções do BCP vão a caminho dos cêntimos. E já agora: quanto ouro português existe ainda em Fort Knox, que não esteja comprometido em SWAPS?

Se amanhã a Espanha seguir a Alemanha, ou multiplicar por cinco o tecto actual das suas miseráveis garantias (20 mil euros), em que posição ficaria a banca portuguesa? Eu creio que neste preciso momento existe já uma corrente grossa de capitais em direcção aos países que oferecem garantias. Por cada dia que passar sem uma decisão do governo de José Sócrates, temo que saiam milhões de euros -- reais e virtuais! -- do país. É preciso agir já!

Tal como fizeram os dinamarqueses,
  1. é fundamental decretar o mais rapidamente possível a garantia ilimitada dos depósitos em dinheiro existentes na contabilidade dos bancos portugueses, pelo período de um ano;
  2. e é mais fundamental ainda decretar ao mesmo tempo a interrupção da distribuição de dividendos especulativos (ou seja, a conversão dos títulos em dinheiro) e a proibição de auto-compra de acções por parte dos bancos.
Este assunto não pode ser silenciado pela imprensa económica, nem muito menos pelos média generalistas. Se Cavaco Silva continuar calado sobre esta questão decisiva, de que dependerá ou não o colapso do sistema financeiro português, e se o Governo continuar a promover alegremente o Magalhães e a inaugurar passeios pedonais, então terá que ser a blogosfera a lançar o grito de alarme, forçando o poder político a tomar uma decisão.

NOTAS
  1. Banco irlandês garantido pelo Estado aproveita para atrair depósitos

    Dublin, 3 out (EFE/ Globo).- O filho do diretor-executivo do Irish Nationwide, um dos seis bancos irlandeses garantidos pelo Governo de Dublin, utilizou o aval estatal para tentar fazer negócios com uma entidade de investimentos globais radicada em Londres, confirmaram hoje fontes oficiais.

    Michael Fingleton (filho) enviou vários e-mails a funcionários de uma firma da City londrina pedindo que depositassem grandes somas de dinheiro, antes inclusive que a nova lei de garantia fosse aprovada na quinta-feira pelo Parlamento irlandês, informou o escritório do regulador financeiro, que investiga o assunto.

    No e-mail, que circula pela internet, Fingleton - funcionário de uma filial do Irish Nationwide - afirmava que, graças ao apoio do Governo, sua entidade era agora "o lugar mais seguro para depositar dinheiro na Europa", com ofertas de depósitos com juros de 6,75% e 7%.

    ...A lei de garantia irlandesa, que permanecerá em vigor até a meia-noite de 28 de setembro de 2010, protege depósitos, bônus e certo tipo de dívida dos seis grandes bancos nacionais avaliados em mais de 400 bilhões de euros. EFE.

  2. Dinamarca garante depósitos bancários

    06-08-2008. (Jornal de Negócios) A Dinamarca vai garantir todos os depósitos bancários num acordo com as entidades de concessão de crédito comercial do país. Os bancos comerciais vão fornecer cerca de 35 mil milhões de coroas dinamarquesas (4,69 mil milhões de euros) nos próximos dois anos a um fundo para assegurar os depositantes em situação de perdas. ...

    Segundo avança a agência noticiosa, esta soma (4,63 mil milhões de euros) é equivalente a 2% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Com base neste acordo, os bancos não poderão pagar dividendos aos accionistas ou comprar acções próprias.

    No últimos mês, seis bancos regionais dinamarqueses colapsaram, foram comprados, ou colocados à venda. Segundo 39 dos 45 economistas consultados pela agência Bloomberg, mais bancos pequenos podem falir dentro de um ano.

  3. Governo espanhol aumentará 'imediatamente' fundo de garantia dos depósitos bancários

    06/10/2008 - 17:20; MADRID (AFP) - O governo espanhol aumentará "imediatamente" o fundo de garantia dos depósitos bancários, anunciaram fontes oficiais depois de uma reunião do presidente do governo, José Luis Rodríguez Zapatero, com dirigentes de bancos e caixas de poupança, mas não especificaram de que forma, nem em que quantidade.

    As contas bancárias na Espanha estão garantidas em até 20.000 euros por cliente. Zapatero conversou hoje com os presidentes dos bancos Santander, BBVA, Banco Popular e das caixas de poupança La Caixa, Caja Madrid e Unicaja.

    O governo espanhol, que defendia uma solução europeia para a crise financeira mundial que afectou várias entidades europeias nos últimos dias e criticava as soluções unilaterais decididas por Irlanda e Alemanha, avisou nesta segunda-feiras que por falta disso, adoptará medidas para garantir os depósitos na Espanha dos poupadores.

    A Alemanha, que se nega a ter que pagar pelos problemas dos bancos de outros países, impede que os europeus cheguem a um acordo a respeito.

    Até o momento, o sistema bancário espanhol não foi afectado pela onda de quebras em instituições bancárias nos Estados Unidos, Reino Unido, Benelux e Alemanha.

    Zapatero e os dirigentes dos bancos destacaram hoje "a fortaleza e solvência do sistema financeiro espanhol" e "a política de rigor mantida pelo Banco de España nas últimas décadas", segundo o comunicado.

    Copyright © 2008 AFP. Nenhuma das informações contidas neste servidor pode ser reproduzida, seja a que título for, sem o acordo prévio da Agence France-Presse.

  4. Portugal e Espanha exigem que resposta à crise seja decidida pela totalidade da UE

    06.10.2008, Isabel Arriaga e Cunha, Bruxelas (Público)

    Reuniões dos ministros das Finanças dos 15 países da zona euro e dos Vinte e Sete decorrem hoje e amanhã com o desafio de conseguir a unidade europeia que tem faltado

    Portugal e Espanha criticaram ontem de forma velada a cimeira de sábado passado limitada aos quatro maiores países da União Europeia (UE), defendendo que as decisões relevantes sobre a crise financeira deverão ser tomadas a 27 e no âmbito de uma resposta europeia.

  5. Galp cai 17,8 por cento e EDP 14,4 por cento
    Lisboa cai mais de oito por cento e liderava mais um dia negro para bolsas europeias

    06.10.2008 - 15h49, Por Eduardo Melo
    A quase uma hora do fecho da sessão, a Bolsa de Lisboa tomava a dianteira na Europa e afundava 8,54 por cento (PSI20), penalizado pelos seus principais títulos. Galp, EDP, e BPI desciam entre 12 e quase 18 por cento, contagiados pelo desempenho das congéneres europeias.

    O pânico parece ter-se instalado entre os investidores, que pressionavam o título da petrolífera para uns reduzidos 8,93 euros, fruto de uma descida de 17,8 por cento. A eléctrica baixava 14,4 por cento, para 2,31 euros, o BPI diminuía 12,4 por cento, para 1,84 euros e o BES quase dez por cento, para 7,95 euros.

    Para completar o trio das acções do sector da banca, o BCP acompanhava a tendência geral e recuava 8,2 por cento, para quase um euro (1,04 euros), demonstrando que o enfoque do movimento vendedor se concentra na área financeira, na Galp e na EDP.

    O comportamento da bolsa portuguesa excede o desempenho do resto da Europa, onde as quedas aproximavam-se dos sete por cento e evidenciavam grande volatilidade.

    A ausência de acordo na União Europeia para uma resposta conjunta à crise financeira no espaço europeu pode estar a minar os mercados bolsistas, que não encontram motivos para saudar a reunião de sábado dos quatro países mais ricos da UE: Alemanha, Reino Unido, França e Itália. E como parte desta crise é de confiança nas instituições, os líderes destes quatro países deram uma grande prova da falta de coordenação e preocupação conjunta para responder a problemas, que até há bem pouco tempo pareciam ser do seu total desconhecimento.

    Como ninguém ainda sabe a dimensão da crise financeira internacional e da sua repercussão na economia real, hoje parece ser o dia para os investidores demonstrarem a sua ansiedade nos mercados bolsistas, saindo das suas posições accionistas.

    Fora da Europa, o sentido é igualmente vendedor. Em Nova Iorque, o índice Dow Jones baixou dos 10 mil pontos, escorregando mais de três por cento (3,4 por cento) após algum tempo da abertura. É a primeira vez que se assiste a este nível de fraqueza, desde Outubro de 2004.

  6. Perdas anuais do PSI 20 já superam os 40%

  7. O dia em que nasceu o cisne negro

    por Nicolau Santos

    06-10-2008. (Expresso) As mensagens passadas são diferentes. Nos Estados Unidos, a análise tem sido casuística. Na Europa, a indicação clara é que os governos não deixarão cair as grandes instituições financeiras - e que os critérios de convergência serão flexibilizados face a esta situação de excepção.

    Em Portugal, o primeiro-ministro e o ministro das Finanças também fizeram questão de passar a mensagem de que o Estado não deixará que haja falências no sistema financeiro e que os depositantes e credores podem estar tranquilos. É fundamental que o recado seja interiorizado. Os bancos nacionais estão bem no que toca aos rácios de solvabilidade, mas uma eventual onda de pânico que leve a uma corrida aos depósitos de uma instituição vai atirá-la para uma situação de pré-falência, obrigando o Estado a intervir.

    É por isso incompreensível que, na mesma semana em que passaram esta mensagem, José Sócrates e Teixeira dos Santos tenham permitido que a CGD concretizasse a venda de duas participações que detinha na REN e na AdP, à Parpública, por €390 milhões.

    Bem pode o ministro clamar que tal estava há muito previsto. Se estava, não se percebe que tenha sido concretizada agora, no exacto momento em que há receios, em todo o mundo, quanto à solidez das instituições financeiras. Ainda por cima, nos últimos sete meses, o Estado procedeu, pela calada, a dois aumentos de capital na Caixa, um a 31 de Dezembro de 2007, de €150 milhões, e outro de €400 milhões no final de Julho.

    Ora de tudo isto o que resulta é a legítima dúvida de saber se os rácios de solvabilidade da Caixa não estariam debilitados 1) pelas participações que detém em diversas empresas que se desvalorizaram fortemente; 2) e por financiamentos que fez a diversas entidades para compra de acções contra garantias que estão hoje muito desvalorizadas.

    Em alternativa, fica a outra dúvida: e se este reforço dos rácios da Caixa é para prever a possibilidade de esta ter de ir em socorro de alguma instituição financeira que esteja à beira de enfrentar sérias dificuldades?

OAM 454 06-10-2008 18:17 (última actualização: 07-10-2008 00:24)

2008 Semana 41

Excitações da semana
06 - 12 outubro

Revolta na Bounty do PS, a favor dos gays ;-)
Manuel Alegre quebra disciplina de voto
10 de Outubro de 2008, 12:54 (Sapo notícias)

O Parlamento rejeitou hoje dois projectos de lei, do Bloco de Esquerda e dos Verdes, sobre o casamento homossexuais com os votos contra de deputados do PS, PSD, CDS-PP.

O ex-líder da JS Pedro Nuno Santos teve autorização do grupo parlamentar do PS para votar a favor, enquanto o deputado socialista Manuel Alegre quebrou a disciplina de voto imposta pelo partido e apoiou os projectos dos bloquistas e dos Verdes.
Julia Caré e Teresa Portugal quebraram também a disciplina de voto que havia sido imposta pela bancada parlamentar socialista.

Comentário: Num país onde a maioria dos homossexuais ainda vive dentro do armário, a liberalização dos costumes, nomeadamente no que se refere aos contratos de casamento entre pessoas de sexos idênticos, virá um dia, não só levantar o manto cobarde da hipocrisia, como sobretudo defender por via da lei os direitos adquiridos num tipo de contrato onde a fidelidade dos sentimentos não pode, por definição, ser garantida, regulamentada, ou feita prisioneira, mas os direitos de propriedade e as responsabilidades contraídas perante terceiros, sim. É disto que trata, no essencial, a iniciativa legislativa do PCP e do Bloco. Caminhar para este objectivo é também o compromisso eleitoral da actual direcção da JS -- caldo dos futuros dirigentes socialistas. A notícia da quebra da disciplina de voto por parte de Manuel Alegre e de mais dois deputados do PS -- Julia Caré e Teresa Portugal -- demonstrou, para meu contentamento, que nem tudo está perdido na desmiolada democracia lusitana.

A chamada "disciplina de voto" parlamentar é o sinal de maior subdesenvolvimento, resquício Estalinista e caciquismo da nossa democracia. No fundo, o que tal grilhão significa é a total menoridade dos indígenas por nós eleitos. Um deputado recebe em média mensal [Inverbis], por uma presença fugidia e quase sempre inócua nos assentos do Palácio de São Bento, entre 4 e 5 mil euros, 14 vezes por ano. Ou seja, entre 9 e 12 salários mínimos, ou mais de 5 vencimentos médios. Já um jovem licenciado (arquitecto, engenheiro civil, etc.), trabalhando para uma grande empresa portuguesa ou estrangeira sediada em Portugal, raras vezes recebe mais do que 500 euros por mês, i.e. entre 8 a 10 vezes menos do que um deputado! O que é escandaloso nisto, não são os montantes absolutos, mas precisamente as diferenças relativas entre quem trabalha e produz e quem deveria, acima de tudo, cumprir uma função patriótica e democrática temporária, modestamente paga. O privilégio estatutário e económico dos representantes políticos da democracia transforma-os em clientes submissos de quem os eleva a semelhante patamar. É este o erro genético da nossa democracia, e o veneno que a conduzirá à miséria económica e, se nada fizermos entretanto, ao colapso institucional. A Assembleia da República tem deputados e privilégios indecorosos a mais, intoleráveis numa democracia sã. A principal dificuldade na reparação deste estado de coisas é, porém, o próprio parlamento e os partidos que a compõem. Será preciso esperar que o edifício caia de podre, ou que chegue um novo Messias, para que este lamentável estado de coisas mude?

Manuel Alegre acabou por agir em consciência. Também deve ter calculado os danos que qualquer outro comportamento acrítico e submisso fariam à sua ainda activa carreira política. Nunca se sabe se o chamarão de novo para disputar as próximas eleições presidenciais. Ou se, por outro lado, o PS rebentar pelas costuras em 2009, ou até ganhar as eleições sem maioria (por demérito crasso do PSD), quem sabe se não será ele o chamado para apanhar os cacos de um PS a braços com uma maioria de esquerda mirabolante. Tudo junto e somado, diria que a revolta na Bounty voltou a ter uma face e uma oportunidade de vingar.


"Magalhães" a dedo

Está explicado porque motivo o Estado decidiu comprar 1 milhão de computadores a uma empresa privada sem fazer nenhum concurso público: o candidato único, previamente escolhido, está acusado pelo Ministério Público de fraude e fuga ao IVA!

Se não for pura coincidência, dá para avaliar o estado da nomenclatura "socialista"!

PS: alguns bloguistas acusam interferências "oficiais" no sítio do primeiro ministro José Sócrates, onde aparentemente a inclusão desta notícia é sistematicamente apagada.
JP Sá Couto é acusada de fraude e fuga ao IVA
Empresa que produz o computador “Magalhães” vai a tribunal
07.10.2008 - 11h02 PÚBLICO

A JP Sá Couto, empresa responsável pela produção dos computadores “Magalhães”, é arguida num processo de fraude e fuga ao IVA, onde o Estado terá saído lesado em mais de cinco milhões de euros, avança hoje a Rádio Renascença (RR).

Um dos administradores, João Paulo Sá Couto, é, juntamente com a empresa, acusado da prática dos crimes de associação criminosa e de fraude fiscal.

Segundo RR, os arguidos não conseguiram produzir prova capaz de pôr em causa os factos apresentados pelo Ministério Público, durante a fase de instrução, por isso o processo avançará para julgamento.

... Os arguidos rejeitam a acusação, alegando que o processo está construído com base em presunções e não em factos.

Além da acção penal, o Estado português pede uma quantia de mais de cinco milhões de euros pelos danos do crime (equivalentes ao enriquecimento ilícito das empresas e ao consequente empobrecimento do Estado), acrescido dos juros de mora.

Angolate

Começa o julgamento que compromete, nomeadamente, José Eduardo dos Santos.

Angolagate trial begins

Article published on the 2008-10-06 Latest update 2008-10-06 08:21 TU (Radio France International)

Forty-two people, including the son of late French President François Mitterand, go on trial in Paris accused of selling arms to Angola. Dozens of businessmen and politicians are implicated. The accused are said to have trafficked some 590-million-euros-worth or arms to Angola between 1993 and 1998, at the height of a bloody civil war in the country.

... Jean-Christophe Mitterrand, son of late President François Mitterrand, is accused of complicity in illegal trade and embezzlement, and of taking bribes of almost two million dollars (1.5 billion euros). He risks a five-year jail sentence.

Mitterrand was an adviser on African affairs at the Elysée presidential palace from 1986 to 1992 and is said to have been the point of contact between the Angolan regime and Pierre Falcone.

French former Interior Minister Charles Pasqua, 81, and his right-hand man Jean-Charles Marchiani, 65, also risk ten years for influence-peddling in favour of the Angolan authorities. Pasqua was interior minister from 1986 to 1988 and from 1993 to 1995.

... Over the next five years, 420 tanks, 150,000 shells, 170,000 landmines, 12 helicopters and six warships were trafficked into Angola.

Prosecutors also allege that 30 officials including Dos Santos received tens of millions of dollars in kickbacks.

Balanço sintético e demolidor de quatro anos de política ferroviárias


06-10-2008. O texto À falta de linha nova inaugure-se a "beira da linha", de Carlos Cipriano, publicado na web do SINDEFER, faz um resumo muito elucidativo da política "Power Point" do governo Sócrates, particularmente ruidosa, insistente e caricata no sector dos Transportes, coordenada pelo não menos repentista ministro Mário Lino. Para além dos milhões e euros canalizados para estudos e mais estudos sem qualquer análise de oportunidade, o resultado são linhas férreas sabotadas (Tua), falta de comboios nas linhas do Norte e no serviço prestado pela Fertagus (ponte 25A), envelhecimento do material circulante, nomeadamente na Linha de Cascais, resumindo, nos últimos dois anos, o mais baixo investimento de sempre realizado pela REFER.

Como se isto não bastasse para avaliar a pouca seriedade do actual governo em matéria tão crítica e decisiva como é o sector de transportes, agora que o Pico Petrolífero se tornou finalmente claro para todos, e estamos no meio da maior tempestade financeira dos últimos 67 anos, as ligações de Velocidade Elevada e Alta Velocidade entre Vigo e Porto, e entre Madrid e Lisboa, não passam de miragens, que o actual colapso económico-financeiro mundial poderá travar por tempo indeterminado. Inaugurar pomposamente passeios para peões e viadutos faz lembrar o tempo em que Salazar mandava os seus ministros inaugurar fontes e bicas de água pelo Portugal rural adentro. Propaganda a quanto obrigas!


Aeromoscas de Beja adiado

Obras no aeroporto de Beja arrancam na altura em que deviam estar concluídas
Público - 06.10.2008, Carlos Dias

Abertura da nova unidade aeroportuária foi anunciada pelo primeiro-ministro para o mês que vem, mas tudo aponta para que isso só aconteça no fim do primeiro semestre de 2009.

... O presidente da Câmara de Beja, Francisco Santos (CDU), deixou expressa na reunião ordinária da assembleia municipal, realizada na última segunda-feira, a sua preocupação pela forma como o Governo está a encarar o projecto aeroportuário de Beja, sujeito a sucessivos adiamentos. Para além de mais um atraso na data anunciada para a abertura do aeroporto ao tráfego civil, "ainda não se sabe quem o vai gerir", e nem sequer se conhece a data do arranque da construção dos acessos (terceira fase) e qual o valor das taxas a pagar à Força Aérea Portuguesa pela utilização das pistas da B.A. n.º 11.

Francisco Santos diz que a entrada em funcionamento de uma unidade aeroportuária de dimensão internacional, conforme promessa do Governo, "não se resume à sua abertura ao tráfego", frisando que é necessário realizar previamente um conjunto de acções para operacionalizar a infra-estrutura, que neste momento "não tem um modelo de gestão" e "nem tem ninguém com quem se possa fechar qualquer negócio", salienta o presidente da câmara.

... O relatório da Comissão do Sistema Aeroportuário, de 2006, diz que, pelo menos nos primeiros tempos, o aeroporto de Beja vai depender da sua capacidade de atracção de companhias low-cost. A Ryanair e a Jet2 já anunciaram o seu interesse por ele e a EDAB informou em Maio que estava a negociar com duas companhias. Até ao momento, porém, não foram divulgados pormenores. Francisco Bernardino, da Ryanair, disse ao PÚBLICO que as negociações estão paradas "por não se poder avançar mais" por falta de interlocutor.

Comentário -- a transformação do aeródromo militar de Beja num aeroporto internacional para transporte de turistas, peixe congelado e hortícolas frescos (consultar estudo de Augusto Mateus & Associados -- Plano Regional de Inovação do Alentejo -- sobre a futura "cidade aeroportuária" de Beja) cedo se revelou como mais uma decisão intempestiva, superficial e manhosa do governo Sócrates. Intempestiva, porque pareceu-me à época ser uma resposta em cima do joelho ao anúncio de remodelados e mesmo novos aeroportos dedicados às Low Cost na região espanhola da Extremadura (nomeadamente Badajoz e Cáceres). Superficial, porque não partiu de nenhuma análise minimamente séria dos novos parâmetros da aviação comercial e do turismo Low Cost na Europa. Manhosa, porque trazia escondida no seu regaço a manobra de afastar qualquer possibilidade do Montijo se transformar, no espaço de um ano, no aeroporto Low Cost de Lisboa, deixando terreno livre à Portela para cuidar com esmero as "companhias de bandeira".

A crise mundial chegou porém mais cedo e com maior virulência do que se esperava. Isto significa, por exemplo, que o turismo atravessará inevitavelmente um período de estagnação prolongada, que não haverá nenhuma empresa interessada em explorar o aeroporto de Beja (não por acaso lhe chamo, há mais de um ano, "aeromoscas"), e que o aeroporto da Portela vai ter que abrir a época de saldos para os seus "slots" vazios. Hoje, segunda feira, dia 6 de Outubro, há 355 "slots" vazios; e vai ser assim durante todo o mês. Sete da manhã é a única hora sem disponibilidade para aceitar mais movimentos durante todo o mês de Outubro. Ou seja, a imaginária saturação do aeroporto da Portela, salda-se, na primeira metade deste mês, em mais de 4970 "slots" vazios!

Ou muito me engano ou o aeromoscas de Beja vai acabar por ser a base estratégica do novo comando americano para África -- Africom --, responsável por assegurar o trânsito comercial marítimo euro-americano no Atlântico Sul e a liberdade de acesso ao petróleo, minerais e recursos alimentares existentes no Golfo da Guiné, Angola e Brasil. Não seria uma má alternativa. Seria até uma excelente opção em matéria do necessário refrescamento da nossa estratégia de soberania e defesa, e política de alianças.


OAM 453 06-10-2008 00:58

domingo, outubro 05, 2008

Crise Global 33

O colosso alemão pode quebrar! E a UE?

Alemanha garante depósitos bancários e tenta salvar gigante hipotecário

BERLIM, 05-10-2008 19:00 (AFP) — O governo da Alemanha anunciou neste domingo que garantirá os depósitos dos clientes particulares, enquanto luta para evitar a falência do gigante hipotecário Hypo Real Estate (HRE), pelas consequências que a quebra poderia ter sobre o conjunto da economia nacional.

Ao contrário do que afirmaram os optimistas profissionais e os políticos de serviço, o que aqui se estimou a propósito da contaminação inevitável do sistema financeiro europeu está a verificar-se mais depressa do que imaginámos. Numa só semana entraram em colapso, ou sério risco de colapsar, onze grandes entidades financeiras europeias:
  1. Allied Irish (Irlanda)
  2. Bank of Ireland (Irlanda)
  3. Anglo Irish Bank (Irlanda)
  4. Irish Life and Permanent (Irlanda),
  5. Irish Nationwide Building Society (Irlanda)
  6. Educational Building Society (Irlanda)
  7. Bradford & Bingley (Reino Unido)
  8. Fortis (Holanda)
  9. Dexia (Bélgica)
  10. Glitnir Bank hf (Islândia)
  11. Hypo Real Estate (Alemanha)
O risco de uma corrida às contas aumentou exponencialmente, não já entre os grandes e médios investidores, que há pelo menos um ano têm vindo a movimentar os seus activos para pastagens e ilhas mais seguras, mas agora entre os vulgares depositantes. Daí o pânico dos políticos, as reuniões de emergência do G4 (onde está a Europa?!), e o regresso ao nacionalismo político-financeiro.

Depois da dislexia revelada na abordagem das questões de política externa mais sensíveis -- Iraque, Kosovo, Irão, Geórgia, Tibete, Afeganistão, e desde ontem, a questão nuclear no Médio Oriente e a decisão americana de vender mísseis à Formosa --, assistimos agora ao regresso do intervencionismo dos Estados, e aqui contam, como se viu na convocatória do G4, os mais fortes. A Espanha, que hoje tem um PIB superior ao da Itália, é que não deve ter gostado nada da brincadeira. Eu não li a Jangada de Pedra, de José Saramago, mas adivinho que a viragem atlântica inaugurada por Aznar não pode se não fazer paulatinamente o seu caminho, com tudo o que tal implica relativamente ao posicionamento português.

Regressando aos bancos, deixo um alerta face às afirmações reiteradas de que não corremos nenhum risco, em Portugal, de ver bancos a cair. As afirmações políticas até agora difundidas são ambíguas e pouco credíveis, nomeadamente pela óbvia falta de transparência do sector bancário, e ainda pela passividade das entidades fiscalizadoras e reguladoras que temos. Para que as certezas difundidas fossem efectivamente credíveis, seria necessário que o governo português, à semelhança do que fizeram os governos irlandês, grego e alemão, afirmasse taxativamente que no caso improvável (dizem) da quebra de alguma entidades financeira sediada no nosso país, os clientes bancários teriam salvaguardados na íntegra os seus depósitos. E não apenas a garantia, por ora existente, de recuperar até 25 mil euros por cada conta!

Saiba-se que em caso de falência de um banco português, ou entidade similar, as contas conjuntas serão tratadas como contas singulares. Isto é, se eu tenho uma conta conjunta com a minha mulher, ou com a minha filha, por exemplo de 50 mil euros, e o meu banco falir (salvo seja!), eu e a minha mulher, ou eu e a minha filha, receberemos apenas 25 mil euros! Ou seja, a primeira medida de precaução a tomar, independentemente do que os políticos proclamam, é incrementar o número de contas, de preferência em bancos diferentes, com valores iguais ou inferiores a 25 mil euros. Quem tiver contas abaixo dos 25 mil euros estará, segundo a lei, automaticamente protegido. Mas estarão as autoridades portuguesas cientes do risco que correm?

Uma das consequências imediatas da aparente segurança do sector bancário português (1) tem sido a subida desigual do preço do dinheiro relativamente aos demais países da União. Para já, estamos a pagar mais do que boa parte dos parceiros europeus. E o spread, ou seja o esgarçar de pernas entre o custo do dinheiro para a banca portuguesa, que já sai mais caro do que aos demais bancos europeus, e o preço a que depois vende a quem dele precisa em Portugal (por exemplo, o Estado!), tende a ampliar. Dentro em breve teremos uma espargata nas taxas de juro entre os países da União, penalizando fortemente a dívida pública, a recessão e os crescimentos tíbios, e o grau de risco financeiro de cada país. Vai ser o diabo, sobretudo nos países cuja carga fiscal está já nos limites de tolerância, acima dos quais a explosão social se torna inevitável, assim como as apostas em alternativas populistas de esquerda e de direita.

Em Espanha, o valor de resgate em caso de falência é menor do que em Portugal: 20 mil euros. Em França. sobe para 70 mil euros. Na Irlanda, era de 100 mil euros até que o respectivo governo decidiu tomar conta das principais entidades financeiras do país, decretando que deixou de haver limites na reposição integral dos depósitos. Esta mesma decisão foi tomada pela Grécia, e este Domingo pelo governo alemão, ameaçado por uma corrida aos bancos na sequência do colapso anunciado do Hypo Real Estate.

É tempo de os cidadãos tomarem individualmente as medidas cautelares que se impõem em cada caso. Veja onde tem o dinheiro e acautele os seus depósitos. Não contraia mais dívidas! Faça um plano de emergência e reduza todos os gastos supérfluos. Faça um plano de poupança no gasto diário. Se puder, mude-se para uma casa mais pequena e próxima do trabalho, diminuindo drasticamente os encargos com hipotecas e transportes. Reveja com muito cuidado todos os investimentos, nomeadamente em seguros de saúde e PPRs! Se puder, compre algum ouro fino e guarde-o bem guardado. Se puder, compre terra fértil, de preferência com pelo menos 1 hectare de superfície e perto das grandes áreas metropolitanas e regiões de Lisboa e Porto (não se preocupe, de momento, com o saber agrícola, nem se meta a gastar dinheiro em cursos -- vá espreitando a Net, onde há muitas ideias interessantes sobre a chamada Permacultura.) Não venda terras! Reveja cada uma das decisões trimestralmente, tendo como cenário de fundo todo o ano de 2009. Prepare-se para mudanças bruscas.

Post scriptum -- A suspensão dos acordos de Maastricht e o fim do tecto dos 3% no endividamento dos governos da União traduz uma necessidade imperiosa -- sem esta medida os governos não poderão sequer pensar em travar a corrida iminente aos bancos em toda a Europa --, e um dilema: eliminando os constrangimentos orçamentais, abrir-se-à-se uma verdadeira Caixa de Pandora se ao mesmo tempo o BCE, pressionado por uma crise sem precedentes, desatar a imprimir notas de 500 euros, como os americanos vêm fazendo há anos com o dólar, para acudir à sede monetária dos governos sem fundos para acorrer às necessidade básicas do funcionamento dos aparelhos de Estado, sem fundos para garantir os depósitos e as pensões ameaçadas de evaporação nos bancos e instituições financeiras subitamente descapitalizadas por efeito do buraco negro dos Derivativos.

A situação é gravíssima!! Cavaco Silva terá que agir rapidamente, sob pena de a situação se descontrolar. Ao menor sinal de corrida aos bancos, o Presidente da República deverá convocar imediatamente o Conselho de Estado, formar um Gabinete de Crise com poderes excepcionais excepcionalmente sancionados pela Assembleia da República e antecipar a convocatória das próximas eleições legislativas. O PS e o PSD deverão estudar sem demoras a eventualidade de formarem uma aliança temporária de poder com incidências pós-eleitorais (porra! o que estou a escrever!!) A semana que hoje começa será decisiva para percebermos o que irá restar da União Europeia depois da actual mega-crise. Os Estados europeus vão ter que se safar por si nos tempos mais próximos.


NOTAS
  1. -- O economista Francisco Louçã afirma que Portugal teve maiores perdas nas bolsas do que a Lituânia e a Polónia, que os fundos de pensões dos BCP, BPI e BES terão perdido cerca de 1200 milhões de euros, que há riscos sérios nos PPRs e que duplicaram as taxas de juro da Euribor entre 2005 e 2008.

REFERÊNCIAS
  • Is there to be a run on the banks…..?

    Sunday 5th October, 2008 (Debtonation: The First World Debt Crisis)

    The decision tonight by Germany to guarantee 100% of all savings in German banks first flagged up by the BBC earlier this Sunday evening, but modified later, is a clear signal that there is panic afoot. A run on German banks must be imminent. Why? Because the only way to prevent a run on banks is to guarantee 100% of savings. The fact that Germany has done so, or hinted that she will do so, means that her government is taking urgent, unprecedented and unco-ordinated action, to prevent such a financial catastrophe occurring tomorrow morning. Others must now follow to prevent a systemic run on the global banking system. To avoid armageddon.

    ... According to reuters, the new “Business Secretary Peter Mandelson criticised unilateral moves by individual countries to guarantee deposits….He said “The danger of this crisis is it may spark a new wave of economic nationalism, with each country looking for a ‘get out of jail free’ card.”

    He is, as always, naively misguided. Economic nationalism was always going to be the ‘counter-movement’ - to quote Karl Polanyi - to the inevitable financial crises sparked by the recklessness of unfettered capital flows, unregulated credit creation, and then the hugely destructive de-leveraging of that debt. Economic nationalism is not the action of a selfish and greedy child. It is the rational reaction of a very frightened country, trying to protect itself from the forces of ‘globalisation’.

  • Hypo-Super-Crash Triggers Derivative Beast Feast

    05-10-2008 (Paradise of Life News) The entire G7 banking system is now collapsing rapidly in all places. Germany, for example, made the exact same mistakes the US and UK made. This is because all of the G7 nations followed the same goofy banking liberalization rules that removed all controls, limits and other restrictions. On top of this, the entire system was leveraged via the amazing, long 0% interest regime run by G7 buddy banking partner, Japan. The creation of derivative variations that exploited gaps and flaws in the trading/lending systems has not only not eliminated risk, it make risk 100% destructive. And worse of all, astute people studying this problem knew this would happen several years ago!

  • Layman's explanation of our situation:

    1. The current "Ponzi Pyramid of Death" monetary system is crumbling.

    2. Right now, virtually every single large bank, medium-sized bank, hedge fund, pension fund, mutual fund, money market fund, stock broker and insurance company has failed or is failing. All the phony paper they have been trading back and forth is virtually worthless.

    3. Somewhere between $10-$20 TRILLION (estimates are hard to make due to the opaque nature of the derivatives markets) in debt and derivatives "value" has been wiped off the books of the above-mentioned players.

    4. The players are failing left-and-tight. ALL of the biggest, oldest Wall Street banks, plus the largest insurance company plus the two largest mortgage companies (Fannie and Freddie), plus the entire money market, plus the largest S&L (WaMu) and the fouth-largest bank (Wachovia), all failed in the span of three weeks. The rest of the thousands of institutions worldwide are mortally wounded will be toppling over soon.

    5. Governments and central banks worldwide have already pumped approximately $5 trillion collectively to date to fight this systemic, sychronized, worldwide, complete, utter collapse. So far, their efforts have failed.

    6. At this point, the fight will continue to the death. During these next few weeks, months, and even years the "economic convulsions" between the "Ponzi Pyramid" debt collapse destruction-deflation and government and central bank reflation/monetization/nationalization efforts will rage, with the back-and-forth battles getting wilder and wilder, until:

    7. The entire world is plunged into final financial demise, with the people of all the nations suffering mightily. "Great Depression II" will ensue for the next five to ten years. -- in Prudent Bear.

  • Timeline of "Fannie/Freddie Big Bang" leading to worldwide, systemic financial collapse (Prudent Bear)

    In order to help put into context the rapidly-moving events surrounding this systemic worldwide financial collapse, below is a timeline of the "Fannie/Freddie Big Bang" that touched off the derivatives implosion, which is why so many instituions failed simultaneously, worldwide.

    To wit:

    Timeline of "Fannie/Freddie Big Bang" CDS implosion, leading to current total, systemic, global financial collapse:

    1. September 7th, 2008: Treasury takes over the failed Fannie and Freddie and FHLBs.

    2. September 7th, 2008: All counterparties to the multiple tens-of-trillions of fiatscos of CDS positions are instantly thrown into chaos since many of these OTC private contracts are poorly documented and the gamblers are poorly capitalized and unable to pay up on the bets. (Many players immediately start failing that very week).

    3. September 8th, ISDA issues an emergency press release confirming that there are huge (but undisclosed) amounts of CDS trades outstanding on Fannie/Freddie debt. ISDA urges emergency conference call with Federal Reserve New York in attendance be undertaken immediately. The call takes place that very morning.

    4. September 8th to present: The failed gamblers scramble to construct a list of the failed trades.

    5. September 16th: The Fed, feds, and ISDA step in and try one last ditch attempt to make a market in all the destroyed derivatives positions during the emergency "ISDA Sunday Swap Meet", which is a complete, abject, utter failure

    6. Immediately after this failed "Sunday Swap Meet", the following players instantly are ruined (but not all topple over immediately) :

    a. Lehman Brothers
    b. Merrill Lynch
    c. AIG
    d. Morgan Stanley
    e. Goldman Sachs
    f. (Update): WaMu topples less than three weeks later
    g. (Update): Wachovia bit the dust exactly three weeks later

    And the Grand Total of just the top financial institution failures so far:

    1. Fannie Mae failed ($2.5 tril.)

    2. Freddie Mac failed ($2.5 tril.)

    3. FHLB system failed ($1.3 tril)

    5. Merril failed ($800 billion tril)

    4. Lehman failed ($700 tril)

    5. AIG failed ($500 bil. in CDS)

    6. Goldman Sachs effectively failed ($2 tril)

    7. Morgan Stanley effectively failed ($1.5 tril)

    8. WaMu failed ($300 billion)

    9 Wachovia failed ($800 billion)

    Sub Total: Approximately $13.1 trillion

    (And now the simultaneous collapse of virtually ALL of Europe's biggest banks, followed by the unprecedented move to nationalize all the fallen financial freaks by the European governments. Please see:Grand Total ALL Reflation/Nationalization/Monetization Costs to Date,worldwide )

    Time-frame for this epic collapse of virtually every major financial institution in the U.S. AND now Europe:

    Less than four weeks,

    ...which clearly is a record.

    Update: ISDA is supposedly holding an auction next week so that all the gamblers who were destroyed in their CDS bets can settle up and a new round of bankruptcies can ensue...wait strike that. Treasury will just make them all whole.


    However, that's not all: also vaporized were virtually every:

    1. Hedge fund
    2. Pension fund
    3. Insurance fund
    4. Mutual fund
    5. Money Market funds, both in the U.S. and in all other major countries, worldwide.

    Sub Total: Who knows? Probably trillions more


    ALSO crushed, and even more dangerously so:

    1. Some percentage of the $62 trillion credit default swaps market

    2. Some percentage of the $650 trillion overall derivatives markets

    Sub Total: Who knows? I don't even want to guess anymore.


OAM 452 05-10-2008 21:48 (última actualização: 06-10-2008, 00:39)

sexta-feira, outubro 03, 2008

Crise Global 32

Casa roubada... trancas à porta. Tarde demais?
Do colapso americano, ao naufrágio da Europa. Pobre Portugal!


$700 billion is nothing
Voters are rightly furious at the proposal to spend $700,000,000,000 that the government doesn't have to bail out Wall Street bankers who created the current economic crisis in the first place...But there is much more to this crisis than what the controlled corporate media is telling you.


Se as obras de terraplanagem algum dia vierem a ter início, de uma coisa deveremos desde já estar seguros: o dito Aeroporto Internacional da Ota jamais será concluído. Muito antes das datas previstas nos cenários pró-Ota para a sua inauguração --2017-2018--, Portugal ver-se-à na contingência de ter que redesenhar dramaticamente as suas prioridades de desenvolvimento (ou melhor dito, de sobrevivência). A brutal crise energética chegará muito mais cedo do que se prevê. E antes dela, ainda na vigência do actual governo, chegará também um mais do que provável "crash" imobiliário. -- in O António Maria, 30-10-2005.

A força inimaginável de sucção do buraco negro dos Derivativos, de que o Subprime é apenas uma borbulha insignificante, atravessou o Atlântico há quase um ano, mas só agora começámos a sentir a sua descomunal força de destruição. Os primeiros sintomas europeus começaram com a falência e nacionalização do Northern Rock, no Reino Unido, contagiando depois as caixas de aforro estaduais e alguns bancos na Alemanha, a banca suíça e logo depois a francesa. Mais recentemente, foi a vez da Holanda, da Islândia e da Irlanda. No caso irlandês, que durante tantos anos foi a menina bonita do milagre neoliberal da União Europeia, o governo de Dublin foi obrigado a despender o equivalente ao PIB da Irlanda para segurar, de uma só vez, os seis principais bancos do país (1).

Entretanto, José Manuel Durão Barroso, presidente em exercício da Comissão Europeia, conhecido em Portugal por ter fugido a tempo, quando era primeiro ministro do país, da nossa descomunal dívida pública e privada, está a mostrar o que vale em Bruxelas. Nada!

A Europa dos procedimentos punitivos contra os sectores públicos estatais, contra o proteccionismo dos governos nacionais relativamente às suas companhias de bandeira (nomeadamente nos sectores energético, de transportes e de comunicações), contra o salvamento de empresas privadas em dificuldades, revela-se agora como uma barata tonta no meio de um naufrágio.

O senhor Trichet mantém as taxas de juro relativamente altas (com o que, aliás, concordo), para impedir o disparo da inflação. Mas esta nem assim abranda, e continuará a subir à medida que os efeitos da diarreia de liquidez inflacionaria injectada pelo BCE, pelo Banco de Inglaterra e por outros bancos nacionais, no sistema bancário e financeiro europeu, faz o seus efeitos.

Os bancos deixaram de emprestar entre si. Os bancos deixaram de emprestar às empresas. Os bancos muito menos emprestam ao cidadão comum (donde a natureza quase retórica da subida ou descida de 1 ou 2 pontos nas taxas de referência do BCE.)

Mas então de onde vêm e para onde vão os milhares de milhões de euros disponibilizados pelo BCE e demais bancos centrais às instituições privadas e públicas caídas em desgraça? Eu diria que vêm dos quase 500 milhões de cidadãos europeus comunitários, por via fiscal, por via da inflação e através de uma diminuição assinalável dos serviços sociais prestados pelos diversos Estados da União. E vão... em boa parte, para milhares de credores-especuladores que imediatamente desviam a liquidez aflorada, seja para a compra de activos menos voláteis (terra, ouro, petróleo, etc.), seja, sobretudo, para os vastos parques de estacionamento financeiro conhecidos por "paraísos fiscais" (2). Alguns destes refúgios piratas são propriedade privada da tia Isabel de Inglaterra, onde nada nem ninguém tem jurisdição para investigar ou prender seja quem for. Só mesmo a tiro é que lá podemos entrar sem ser convidados!

E em Portugal, como é?
Aqui as nuvens que se estão a formar no horizonte não poderiam ser mais negras. O Estado não tem recursos e está cravejado de dívidas. A TAP vai a caminho da falência e em breve não terá dinheiro para abastecer os seus aviões. Bancos como o BCP, o BPI e o BPN só não faliram ainda, ou porque foram temporariamente salvos pelo José Eduardo dos Santos, ou porque andam a esconder os números. Mas o caso mais grave é o da Caixa Geral dos Depósitos (3, 4, 5, 6, 7, 8).

Como em tempos sugeri, assim como o BCP, o BPI e o BES, entre outros bancos privados, estão entalados nos fundos de investimento "tóxico" em que se meteram, também a estatal Caixa Geral dos Depósitos andou a brincar com o mercado de derivativos, empacotando, vendendo e comprando inúmeros produtos especulativos. Chamar a estes produtos financeiros, "produtos tóxicos", como os jornalistas adoram, é uma maneira de os despersonalizar e dar a entender que talvez tenham chegado ao planeta Terra num disco voador. Não, estas invenções do neoliberalismo sofisticado, que no fundo traduzem uma criminosa fuga em frente do esgotado modelo capitalista baseado na energia barata, na exportação da capacidade produtiva para o "Terceiro Mundo", numa moeda imperial forte e no consumo, são efectivamente um catastrófico buraco negro de dívidas exponencialmente acumuladas!

O caso da Irlanda deve ter feito tocar todos os sinos e alarmes de São Bento!

É que não havendo BCE, nem obviamente Barroso, para salvar uma eventual queda precipitada do sector bancário nacional, arrastando consigo boa parte das grandes empresas do Bloco Central do Betão, vai ser o Estado a ter que desembrulhar-se de uma potencial calamidade económico-financeira e social sem precedentes.

Pelo modo como vimos o Santander engolir o banco hipotecário britânico Bradford & Bingley, pagando apenas um trinta avos do seu valor (670 milhões por uma empresa avaliada em 20 mil milhões Libras), podemos começar a calcular quanto poderá vir a custar aos espanhóis, angolanos e venezuelanos, o sector bancário português! Não vejo como poderá o Banco de Portugal, ainda por cima dirigido por um invertebrado obscenamente pago, salvar o sector financeiro nacional em caso de este vir a sofrer um "acidente" como o que vitimou o sistema bancário irlandês. Não é por acaso que ontem mesmo o Conselho de Ministros redigiu uma série de medidas, desesperadas e fora de horas, para melhor fiscalizar e controlar a banca sediada em Portugal. Nem é por acaso que a gritaria em volta da vendas de acções da Compal, detidas pelas CGD, ao grupo Sumolis, ocorre neste preciso momento. Os sinais não poderiam merecer maior preocupação!

Creio que chegou a hora de Cavaco Silva se preparar para o pior.


NOTAS
  1. Mais que fait donc Bruxelles ?

    2 oct, 2008 (Courrier International.) La lenteur des réactions des commissaires européens et du président Barroso paraît surréaliste. Faute d'instances adéquates, l'UE assiste, hébétée, à la restructuration anarchique du marché bancaire européen.

  2. Sobre este parágrafo foram colocadas algumas perguntas pertinentes, cuja resposta (enfim, dentro das limitações de um observador não profissional) aproveito para inserir no corpo de notas deste post.

    Leitor (L): O dinheiro do BCE sai de onde, uma vez que o banco central da Europa não lança impostos?

    OAM: Os bancos não lançam nem cobram impostos, mas sim comissões e juros, ou seja, cobram um determinado preço pelo dinheiro que emprestam. No caso do BCE, fazem-no indirectamente ao determinar taxas de juro de referência, que aplicam na colocação de liquidez no mercado, e que os demais bancos europeus depois tomam como ponto de partida para a definição das taxas de juro interbancárias e para o estabelecimento dos seus "spreads" ao revenderem o dinheiro a quem precisa. Por exemplo, o Euro começa a custar mais caro aos portugueses do que aos franceses, ou holandeses, por via da diferenciação dos "spreads" interbancários.

    No entanto, se o aumento da massa monetária não for suficiente para as operações correntes de compra e venda de bens e serviços, nomeadamente porque a liquidez se escoa misteriosamente por um ralo chamado "paraísos fiscais", ou por um buraco negro chamado "derivativos", e portanto o dinheiro continua a escassear e a ser cada vez mais caro (juros e "spreads" ocultos), teremos inflação. Tudo o que compramos torna-se assim mais caro, incluindo os impostos aplicados aos bens e serviços, e ainda as taxas e impostos lançados pelas administrações públicas dos Estados, na medida em que a seca monetária obriga a uma punção fiscal directa e imediata sobre os contribuintes para satisfazer os serviços básicos a que estão politicamente obrigados. Quanto mais liquidez for introduzida em circulação, sobretudo em economias em fase de crescimento lento ou recessão, mais acentuada será a espiral inflacionista, menos valor terá o dinheiro, e mais impostos directos e indirectos serão extraídos aos contribuintes para assegurar o funcionamento regular das instituições.

    L: Os Euros saem da tipografia, não é? Basta que Trichet mande ligar as rotativas. Ou será mais do que isto?

    OAM: O mecanismo é efectivamente este. Mas quando se põem as tipografias a imprimir sem a menor correspondência com a riqueza criada, a consequência imediata é a desvalorização do dinheiro. Foi o que sucedeu nestas duas últimas semanas ao Euro, que sofreu precisamente uma brutal desvalorização em relação US Dólar, depois de uma destruição real de valor. Por exemplo, as poupanças que se esfumaram no decorrer do colapso em curso de muitos fundos de investimento e de poupança, não podem ser artificialmente recuperados, sob pena de uma desvalorização abrupta da moeda e do disparar da inflação. A tentação de substituir a destruição da liquidez real ou aparente por uma liquidez burocrática gera monstros. Foi assim em Weimar, ou mais recentemente no Zimbabué. E poderá ainda ser assim nos Estados Unidos, ou mesmo na Europa, se os bancos centrais dos vários países ocidentais se transformarem num Jogo do Monopólio!

    L: Uma vez que o BCE empresta apenas aos bancos, e não às pessoas, empresas, etc., e ainda por cima a prazos muito curtos, como é possível que tais operações permitam o desvio da liquidez assim gerada para a compra de terra, ouro e petróleo?

    OAM: Quem tem investimento preso nos bancos e nas sociedades financeiras quer reaver o "cash" dessas aplicações, não já com a melhor rentabilidade possível, mas o mais depressa possível. Quando consegue -- o que implica não estar demasiado longe da caixa de pagamentos --, a liquidez recuperada vai ter que estacionar durante algum tempo num lugar fresco e seguro. A terra, sobretudo cultivada e/ou arborizada, o ouro, algumas obras de arte, e ainda os nichos da indústria imobiliária -- terrenos bem situados, imobiliário de luxo, etc.--, e, claro está, os paraísos fiscais, são as garagens ideais da liquidez arrancada a ferros, ou aos berros, das entidades financeiras à beira do abismo. É por isso que, na minha opinião, a falta de liquidez actual resulta de facto duma "corrida aos bancos" estar a decorrer desde o Verão de 2007, não por parte do Zé Povinho (que em geral está falido e vive acima das suas possibilidades), mas antes por parte dos médios e grandes investidores e especuladores. É precisamente porque o dinheiro resgatado não reentra nos universos financeiros especulativos que desabam, e só em parte na economia real, que a liquidez criada pelos bancos centrais se evapora tão depressa. As impressoras de notas não cessam de criar dinheiro a partir do zero, na tentativa de manter a liquidez nos mercados, mas a hemorragia de capital em direcção ao buraco negro dos derivativos, supera a nossa imaginação. Os EUA e a Europa correm sérios riscos de ver soçobrar todo um sistema de regras financeiras.

    L: Mas não são estas injecções dos moeda por parte dos bancos centrais, necessárias para sustentar as retiradas de fundos pelos titulares de contas bancárias, títulos, acções e obrigações, mantendo ao mesmo tempo o funcionamento normal da economia?

    OAM: Esta hipótese seria correcta se a liquidez virtual do sistema financeiro não tivesse eclipsado a liquidez real. O valor "nocional" do buraco negro dos derivativos, responsável pelo incontrolável desvio da liquidez mundial para o nada, equivale a 22,8 vezes o valor do PIB mundial! Ou seja, com tamanho atractor da massa monetária disponível, é impossível alimentar a ilusão de que estamos simplesmente em presença de uma tempestade conjuntural que irá acalmar. Não, as placas norte-americana e europeia do Capitalismo estão a afundar-se. Para impedir este desastre, vai ser preciso fazer muito mais do que os fracos neurónios da actual classe política ocidental são capazes de alcançar.

  3. Comunicado do Conselho de Ministros de 2 de Outubro de 2008
    2008-10-02

    1. Proposta de Lei que revê o regime sancionatório no sector financeiro em matéria criminal e contra-ordenacional

    Esta Proposta de Lei, a submeter à Assembleia da República, vem, por um lado, estabelecer o regime de aprovação e divulgação da política de remuneração dos membros dos órgãos de administração das entidades de interesse público e, por outro lado, proceder à revisão do regime sancionatório para o sector financeiro em matéria criminal e contra-ordenacional, visando a actualização das molduras penais e dos montantes das coimas, que permanecem inalterados desde a década de 90.

    Em matéria remuneratória, introduz-se a obrigatoriedade de submeter à aprovação da Assembleia Geral uma declaração sobre a política de remuneração dos membros dos órgãos de administração e fiscalização, nomeadamente das sociedades abertas, emitentes e instituições financeiras e de divulgação, nos documentos de prestação de contas, da política de remuneração desses membros e do montante anual da remuneração auferida, de forma agregada ou individual.

    A declaração sobre política de remuneração contém, designadamente, informação sobre os critérios de definição da componente variável da remuneração, a existência de planos de atribuição de acções, a possibilidade do pagamento da componente variável da remuneração ter lugar, no todo ou em parte, após o apuramento das contas de exercício correspondentes a todo o mandato e a existência de mecanismos de limitação da remuneração variável no caso de os resultados evidenciarem uma deterioração relevante do desempenho da empresa no último exercício apurado ou esta seja expectável no exercício em curso.

    No que respeita ao regime sancionatório, pretende-se adaptar as molduras das penas e os montantes das coimas à dimensão e características do sector financeiro na actualidade, reforçar o efeito de punição e de dissuasão associado ao regime sancionatório, bem como promover o alinhamento das molduras das coimas e das ferramentas processuais nos três sectores financeiros.

    Em particular em matéria penal, a moldura das penas é elevada de três para cinco anos. São, igualmente, elevados os limites das coimas até ao montante máximo de 5 000 000 de euros, aplicáveis às condutas especialmente graves, prevendo-se o agravamento da coima máxima aplicável quando o dobro do benefício económico exceder aquele montante, sem prejuízo da perda do próprio benefício económico. Pretende-se, assim, punir de forma agravada os casos em que a violação do dever deu origem a uma vantagem financeira de valor particularmente elevado, através do ajustamento da medida da coima até ao dobro do benefício económico.

    Simultaneamente, introduz-se a figura do processo sumaríssimo no sector bancário e no sector segurador, ressegurador e de fundos de pensões, aproveitando a experiência colhida do recurso a este mecanismo processual no sector dos valores mobiliários. Deste modo, agiliza-se intervenção sancionatória das entidades de supervisão num número apreciável de ilícitos de menor gravidade, com vantagens do ponto de vista de eficiência processual e sem prejuízo da eficácia dissuasora das sanções. Procede-se igualmente à extensão do regime da publicidade das decisões condenatórias em processo contra-ordenacional, à área bancária e dos seguros, resseguros e fundos de pensões.

    Por último, consagra-se o agravamento da natureza das contra-ordenações associadas à violação de deveres de informação e de constituição ou contribuição para fundos de garantia obrigatórios.

    2. Decreto-Lei que aprova medidas de reforço dos deveres de informação e transparência no âmbito da actividade financeira e dos poderes de coordenação do Conselho Nacional de Supervisores Financeiros

    Este Decreto-Lei, hoje aprovado na generalidade para consulta ao Conselho Nacional de Consumo, vem aprovar um conjunto de medidas de reforço da estabilidade financeira, que têm vindo a ser preparadas em articulação estreita com o Conselho Nacional de Supervisores Financeiros. Estas medidas reforçam a eficácia do quadro legal, desincentivando práticas menos transparentes e lesivas dos mercados, bem como, agilizando procedimentos que permitam prevenir a ocorrência de situações como as que se verificam hoje nos mercados internacionais.

    O reforço dos deveres de informação e transparência prevê:

    a) Ao nível da informação que as instituições financeiras são obrigadas a prestar regularmente às autoridades de supervisão (nível de exposição e controlo de riscos, avaliação de activos, nomeadamente dos transaccionados em mercados pouco líquidos e transparentes).

    b) Aos clientes sobre produtos financeiros complexos ficando ainda a sua publicidade sujeita à aprovação da entidade de supervisão competente;

    c) Estabelecendo-se a obrigação de comunicação às autoridades de supervisão das participações e interesses detidos ou geridos por instituições financeiras e sociedades abertas em sociedades com sede em Estado que não seja membro da União Europeia;

    d) Imposição de regras sobre política de remuneração dos membros dos órgãos de administração e fiscalização, prevendo-se a obrigatoriedade de submeter à aprovação da Assembleia Geral de uma declaração sobre política de remuneração e de divulgação dessa política e do montante anual da remuneração auferida.

    A revisão do regime sancionatório quer em matéria criminal quer em matéria contra-ordenacional, cuja moldura permanece inalterada desde a década de 90, procede:

    a) À actualização das molduras penais, que são elevadas de 3 para 5 anos, e dos montantes das coimas, que são elevados até ao montante máximo de 5 000 000 de euros;

    b) Ao agravamento da coima máxima aplicável quando o dobro do benefício económico exceder aquele montante de modo a punir de forma agravada os casos em que a violação do dever deu origem a uma vantagem financeira;

    c) Ao agravamento da natureza das contra-ordenações associadas à violação de deveres de informação e de constituição ou contribuição para fundos de garantia obrigatórios, que passam de graves a muito graves;

    d) À introdução da figura do processo sumaríssimo no sector bancário e no sector segurador;

    e) À extensão do regime da publicidade das decisões condenatórias em processo contra-ordenacional, à área bancária e dos seguros.

    O reforço do exercício concertado dos supervisores que, apesar de na prática ter vindo a permitir uma articulação eficaz na prossecução dos objectivos de estabilidade financeira, necessita ser sistematizado em diploma legal.

    Assim, procede-se ao reforço das competências do Conselho Nacional de Supervisores Financeiros no âmbito da coordenação de actuações conjuntas das autoridades de supervisão, bem como, à sistematização dos mecanismos de troca de informação entre supervisores e entre estes e o Ministério das Finanças, sempre que se trate de informação relevante em matéria de estabilidade financeira.

    Alteração ao regime da titularização de créditos, com o objectivo de adequar a legislação, nesta matéria, às recentes alterações legislativas no plano da eliminação dos obstáculos à renegociação das condições do crédito.

    Versão integral do comunicado
    .

  4. “CGD não tem bolsos tão fundos como parece”
    Mira Amaral defende que banco está a sofrer por ser instrumento do Estado nas participações.

    2008-10-03 00:05 (Diário Económico.) As várias injecções de capital feitas pelo Estado na CGD recentemente “são o reflexo da política definida pelos vários governos de utilizar o banco público como seu instrumento de investimento”. Para Luís Mira Amaral “esta crise veio mostrar que a Caixa não tem bolsos tão fundos como parece”.

    Em declarações ao Diário Económico, o antigo presidente da CGD explica que o banco estatal está a sofrer o impacto no seu capital da desvalorização bolsista da sua carteira de participações, como consequência de uma política de investimento definida pelo Governo e não pelos gestores da instituição.

    “Já no meu tempo era assim. A Caixa é utilizada para parquear participações que o Estado decidiu ter em empresas”, diz Mira Amaral.

    Desde Dezembro do ano passado, o Estado já injectou 550 milhões via aumentos de capital, a que se juntaram agora os cerca de 390 milhões de euros de encaixe com a alienação à Parpública de 15% da REN e 15% da Águas de Portugal (AdP). No total foram injectados, em menos de um ano, perto de 950 milhões de euros pelo Estado na Caixa.

    Mira Amaral defende, por outro lado, que o que estes reforços de capital pelo accionista Estado demonstram é que são os contribuintes que estão a suportar as perdas em menos-valias potenciais registadas nas participações accionistas da CGD.

    ... Carteira de participações difícil de gerir
    A CGD tem, de entre os bancos nacionais, a maior carteira de participações em grandes empresas nacionais do mercado. Entre elas está, para além da AdP e REN, a presença no capital do BCP, da Zon, da Galp e da Portugal Telecom.

    Só até ao final de Agosto, a Caixa teria, acumulados, 624,6 milhões de euros de menos-valias potenciais com a sua carteira de participações. A desvalorização dos títulos tem afectado sobretudo as posições na PT e no BCP, que ascendiam então a 149,9 e 242,7 milhões de euros, respectivamente.

    Os “cenários de incerteza e de abrandamento das economias previsíveis até final do ano, poderão aprofundar a desvalorização dos títulos e obrigar a CGD a constituir novas imparidades para as participações financeiras”, reconheceu o banco estatal no seu relatório do primeiro semestre. -- Maria Ana Barroso, Diário Económico.

  5. Redução da exposição da CGD à REN e AdP liberta capital

    03-10-2008 (Jornal de Negócios.) A troca de 15% da REN e da AdP por 390 milhões de euros aliviou os rácios de capital da CGD. O banco não divulga o impacto da operação na sua solvabilidade, reafirmando que se "integra na reorganização das participações empresariais do Estado".

    A redução da exposição da Caixa Geral de Depósitos à REN e à Águas de Portugal (AdP), através da venda de 15% de cada uma das empresas à Parpública, permite libertar capital e aliviar os rácios de solvabilidade da instituição. Isto porque, do ponto de vista prudencial, o banco público vendeu activos que têm mais risco e, em troca, recebeu dinheiro.

  6. Ministro esclarece compra de acções à CGD

    02-10-2008 19:05 (Rádio Renascença.) Teixeira dos Santos diz que não tem nada a ver com a crise financeira a compra de acções por parte do Estado à Caixa Geral de Depósitos.

    Na prática, o Governo injecta 390 milhões de euros no banco estatal, valor que a Parpublica paga pelas acções que a Caixa detém na Águas de Portugal e também na Rede Eléctrica Nacional.

  7. Câmara exige da CGD que respeite contrato
    2008-10-01 (Jornal de Notícias.)

    A Câmara de Aveiro não aceita a alteração do "spread" do empréstimo de 58 milhões de euros, que contratou, em No-vembro, com a Caixa Geral de Depósitos. A Administração da CGD não comenta.

    A autarquia exige o cumprimento do que está contratado e, ontem, decidiu publicar o contrato na página de internet do Município, colocando, assim, a pressão sobre a CGD. "O contrato está assinado, não há como (a CGD) não o cumprir", diz o presidente da Câmara, Élio Maia (PSD/CDS-PP), sublinhando que "a Caixa, como entidade cem por cento detida pelo Estado, tem a obrigação crescida de respeitar os compromissos que assume".

    O empréstimo de 58 milhões de euros, visado em fins de Julho pelo Tribunal de Contas, voltou a dominar a discussão na Assembleia Municipal de anteontem. Instado pelas diversas bancadas, Élio Maia acusou a CGD de estar a querer impor condições que não no contrato, depois do Tribunal de Contas ter aprovado o plano de reequilibro financeiro, que integra o empréstimo.

    O autarca falou numa comissão, mas o que a CGD transmitiu verbalmente, à autarquia, foi a actualização do "spread" fixado contratualmente, de 0,14 por cento para 0,25 por cento, atendendo à conjuntura económica actual.

  8. Sumolis compra 29,9% da Compal à CGD por 42 milhões
    2008/09/26 17:13 Redacção / MD Agência Financeira.)

    A Sumolis já concluiu a compra de uma participação de 29,9 por cento do capital da Compal à Caixa-Geral de Depósitos (CGD) por 42,4 milhões de euros.

OAM 451 03-10-2008 16:44

quinta-feira, outubro 02, 2008

Crise Global 31

O colapso de América XII

Reserva Federal Americana sem limites! A caminho de Weimar?
Na Europa, a próspera Irlanda, à beira da falência! E Portugal?

U.S. Senate Approves $700 Billion Financial-Rescue

By Nicholas Johnston and James Rowley

Oct. 1 (Bloomberg) -- The U.S. Senate tonight approved a $700 billion financial-rescue plan that funds the biggest government intervention in the markets since the Great Depression. The package now goes to the House of Representatives, which rejected an earlier version of the measure.

The bill, a bipartisan effort to restore confidence in the nation's banking system, passed 74-25 with 40 Democrats, 33 Republicans and independent Joe Lieberman of Connecticut voting for it. The two presidential nominees, Democrat Barack Obama and Republican John McCain, returned from the campaign trail to cast votes for the plan.

Backed by the Bush administration, the measure authorizes the government to buy troubled assets from financial institutions reeling from a record number of home foreclosures.


Ireland puts up €400bn to protect six big lenders


Wednesday October 1 2008 (Guardian).

Ireland announced yesterday that the state would safeguard all deposits, bonds and debts in six banks and building societies for two years following a huge share sell-off on Monday.

The €400bn package covers Allied Irish, Bank of Ireland, Anglo Irish Bank, Irish Life and Permanent, Irish Nationwide Building Society, and the Educational Building Society. British depositors with accounts in their UK branches will be covered, as will savers at the UK's Post Office whose deposits are run by Bank of Ireland.

The department of finance in Dublin said it was still considering whether the scheme could be extended to subsidiaries of Irish banks in the UK; it was awaiting a ruling by Ireland's financial regulator.

Opposition leaders warned that if the scheme failed it had the potential to bankrupt the republic. In Britain, ministers were also critical, suggesting it could breach European Union state aid rules.

Brussels made it clear yesterday that it was refusing to suspend such rules to meet the crisis Britain, Belgium, France, Germany and other states have all notified Brussels of their bail-outs, with European Commission officials promising urgent and swift decisions.

Another European bank was bailed out yesterday, the third within 48 hours, as €6.4bn was injected into Dexia. An emergency overnight meeting saw the Belgian government agree to invest €3bn, an amount matched by the French state which is to become a 25% shareholder. Luxembourg is supplying the remainder.

Dexia is the world's biggest lender to local government, but also has more than 5m retail customers. Its shares fell 30% on Monday.

Os 700 mil milhões não vão chegar. E como não vão chegar, pois representam apenas uma gota de água do imparável défice da América, está em curso um golpe de Estado legislativo -- chamado Emergency Economic Stabilization Act of 2008, H.R. 3997 -- cujo resultado, se passar incólume na Câmara dos Representantes (1), permitirá à Reserva Federal, ou seja ao cartel de bancos privados também conhecido por FED, criar do zero todo o crédito de que precisar para alimentar a voragem de um império a caminho da hiperinflação e do crash.

O impacto desta espécie de regresso sombrio da República de Weimar, vai lançar a Europa no caos. Para os que pensam que a corrida aos bancos ainda não começou, esclareço o seguinte: não há grandes bichas de clientes às portas dos bancos pela simples razão de que boa parte deles não têm senão dívidas acumuladas! Os fundos das grandes contas, pelo contrário, estão há mais de um ano a ser desviados pelos respectivos depositantes, accionistas e especuladores, em direcção aos países fiscais e à aquisição de activos capazes de resistir à sucção ciclónica do buraco negro dos derivativos. A prova do que afirmo é o número de instituições financeiras que já quebraram desde o Verão de 2007. Prova do que afirmo é o montante astronómico de dólares, libras, euros e francos suíços que os mealheiros públicos de uma trintena de países já injectou no mercado financeiro euro-americano. Prova do que afirmo e clamorosa demonstração desta corrida para o abismo, é a pré-falência já não de um grande banco, mas de um país inteiro, um país que ainda há um ano exibia orgulhosamente crescimento anual de 8%. Esse país chama-se Irlanda!

Ao contrário do que afirmam os optimistas profissionais, em Portugal, a situação pode evoluir num ápice para o desastre. Basta meditar uns segundos nesta notícia do Correio da Manhã de 1 de Outubro.

Milhões da UE aguentam banca portuguesa

Montante emprestado subiu 23,5 vezes desde Agosto de 2007

A Banca portuguesa tem recorrido cada vez mais ao Banco Central Europeu (BCE) para cedência de dinheiro como consequência da crise financeira mundial. Segundo dados do último boletim estatístico do Banco de Portugal, a cedência de liquidez às instituições financeiras que trabalham no nosso país quase triplicou desde o início do ano e subiu 23 vezes desde que a crise do Subprime se iniciou em 2007. No último mês de Agosto, o banco central cedeu 5,5 mil milhões de euros ao sistema financeiro nacional. Em Janeiro, as necessidades de liquidez da Banca estavam nos 1,8 mil milhões. E, se recuarmos a Agosto de 2007, as necessidades de financiamento dos bancos portugueses não iam além dos 234 milhões de euros.

Como disse Manuela Ferreira Leite, com razão, "não há dinheiro para nada!"

Hoje o Estado português, central, regional e autárquico, vai buscar dinheiro aos bancos (e ao sector financeiro desregulado!) para pagar os vencimentos da Função Pública. Tendo por outro lado em conta que o "endividamento das famílias portuguesas era da ordem dos 37% do rendimento disponível (1985), 87% (2000) e 124% (2006)" [Medina Carreira, 2007; A Economia Portuguesa, MFAP/DGEP, 2004, 2005, 2006], podemos intuir facilmente a gravidade do problema de tesouraria que poderá ocorrer no curto e médio prazo.

Temo ainda que à medida que tomarmos consciência de que empresas tão estruturantes como a TAP podem estar à beira da ruptura -- 200 milhões de euros de prejuízos previsíveis para o fim de 2008, e a compra da PGA ainda por contabilizar! (2) --, ou de que os "grandes investimentos" -- novo aeroporto, Alta Velocidade (3), nova travessia do Tejo, novas autoestradas (4) e barragens -- muito dificilmente encontrarão o financiamento exterior de que precisam, e portanto serão em breve abortados (ou adiados sine die), o espectro de uma desvalorização catastrófica em bolsa do lóbi do betão arraste todo o sector financeiro para a lama das falências. É por isso que os sound bite do Governo começam a ser contraditórios: Manuel Pinho asneira para um lado, o inenarrável dromedário das Obras Públcias, para o outro!

Não podemos esperar que o mundo desabe, nem confiar nas palavras irresponsáveis do senhor Durão Barroso, que de economia e gestão de crises já provou nada saber. A Euro-América está no meio de um ciclone alimentado por três poderosas forças destrutivas: a crise energética, a crise climática e a crise económico-financeira. Para debelar esta crise sistémica é necessária uma visão ampla e compreensiva da natureza intrínseca dos problemas. Doutro modo, o ciclone transformar-se-à num furacão bélico de consequências imprevisíveis. O aumento de 27% nas despesas militares russas para o ano de 2009 é o sinal mais evidente do potencial destrutivo da presente crise de supremacia do "mundo ocidental".

NOTAS
  1. Bush pressiona Câmara dos Representantes após Senado aprovar Plano Paulson

    02-10-2008 09:10 (Lusa/ Diário Económico). "Os americanos esperam e a nossa economia exige que a Câmara [dos Representantes] adopte esta semana esta boa lei e a reenvie ao meu gabinete", comentou Bush, citado pela Lusa, após o Senado ter aprovado o plano para injectar 700 mil milhões de dólares (501 mil milhões de euros) no mercado monetário, com 74 votos a favor e 25 contra.

    O Presidente norte-americano aplaudiu o voto do Senado satisfeito com o facto de republicanos e democratas terem superado as divergências partidárias para adoptarem o plano do secretário do Tesouro, Henry Paulson.

    "Depois dos melhoramentos introduzidos pelo Senado, creio que os membros dos dois partidos na Câmara podem apoiar esta lei", acrescentou Bush.
  2. TAP vai registar os maiores prejuízos de sempre desde a chegada de Fernando Pinto

    02.10.2008, Raquel Almeida Correia (Público)

    A transportadora perdeu 133 milhões até Agosto e prevê-
    -se que as contas piorem até ao final do ano. A tentativa de acordo com os sindicatos parece estar condenada

    Quando Fernando Pinto apresentou os resultados do primeiro semestre de operação da TAP (136 milhões de euros de prejuízos), ainda restava a esperança de que o Verão, período de pico da indústria aérea, ajudasse a recuperar a empresa. Ontem, o gestor brasileiro regressou à mesma sala para anunciar que os meses de Julho e Agosto apenas reduziram as perdas em três milhões de euros.
    Os dados acumulados dos oito primeiros meses do ano mostram uma TAP a caminho dos piores resultados de sempre desde a chegada de Fernando Pinto, no ano 2000. Desde Janeiro, a companhia registou prejuízos de 133 milhões e "o mais provável é que o resultado líquido seja pior no final do ano", avançou Michael Conolly, administrador financeiro da transportadora, ao PÚBLICO.
  3. Alta Velocidade: Prazo para entrega de propostas termina hoje

    02-10-2008 11:53 (Rádio Renascença.) O prazo para a entrega das propostas para concessão e construção do primeiro troço do projecto de alta velocidade ferroviária Poceirão-Caia termina hoje.

    ...As grandes empresas de construção portuguesas estarão em concurso, como por exemplo a Mota Engil, a Edifer, Zagope e Soares da Costa.

    O concurso tem por objecto a atribuição da concessão do projecto, construção, financiamento, manutenção e disponibilização, durante os 40 anos de concessão, das infra-estruturas ferroviárias que integram o troço Poceirão-Caia, numa extensão de 170 Km, compreendendo ainda a exploração da estação de Évora, que integra a gestão e comercialização das áreas comerciais e dos parques de estacionamento.

    O projecto realizar-se-á com uma parceria público-privada (PPP) integrando ainda a construção da linha convencional entre Évora e Caia, que ficará sob a responsabilidade do consórcio vencedor.

    O plano de construção português de alta velocidade será dividido em seis PPP: cinco para a concepção, construção, financiamento e manutenção da infra-estrutura e uma para os sistemas de sinalização e telecomunicações.

    Quando aos prazos definido, o Governo português prevê a entrada em funcionamento da linha Lisboa-Madrid em 2013 e da linha Lisboa-Porto em 2015.

    Apesar da forte crise nos mercados financeiros internacionais – e recorde-se que a banca comercial é um parceiro decisivo neste projecto – o Governo mantém, por enquanto, o calendário dos concursos públicos. -- BM.
  4. Estradas de Portugal garante 200 milhões com nova concessão
    A Mota e a Edifer são as concorrentes finais à auto-estrada do centro.

    Nuno Miguel Silva

    2008-10-02 00:05 (Diário Económico.) A Estradas de Portugal (EP) vai encaixar 200 milhões de euros de receitas até ao fim do ano com o pagamento à cabeça proposto pelos consórcios da Mota e da Edifer, que foram apurados para a ‘short list’ do concurso da Auto-estradas do Centro. Em declarações ao DE, Paulo Campos, secretário de Estado das Obras Públicas, sublinhou que este concurso tem várias novidades”. “Em primeiro lugar, os consórcios privados, qualquer deles, propõe pagar à cabeça 200 milhões de euros à Estradas de Portugal”, revela Paulo Campos.

    Este responsável acrescenta que, em segundo lugar, quer os estudos da EP, quer as estimativas dos concorrentes apresentam valores em que as receitas geradas são superiores aos custos logo no prazo de 30 anos da concessão, e não no prazo de 75 anos [referente ao novo contrato-programa da EP]. “Por último, o Valor Actualizado Líquido [pagamentos solicitados pelos privados à EP ao longo da concessão] das duas propostas apresentam valores inferiores às estimativas iniciais da Estradas de Portugal”.

OAM 450 02-10-2008 03:56 (última actualização: 13:20)

quarta-feira, outubro 01, 2008

Crise Global 30

O colapso da América XI

Europa pode afogar-se nos resgates cada vez mais frequentes de instituições financeiras falidas


Dear Marcy Kaptur, please come to Lisbon!

Manuel Pinho diz que acabou o mundo tal como conhecíamos

30-09-2008 (Diário Económico). "Hoje é o dia que marca o princípio de uma nova era". Foi assim que o ministro da Economia, Manuel Pinho, reagiu ontem, no encerramento da cerimónia de entrega dos prémios da revista Exame às melhores e maiores empresas nacionais, ao chumbo do "Plano Paulson", o plano de emergência da administração Bush que previa injectar no sistema financeiro norte-americano 700 mil milhões de dólares.

Para Manuel Pinho, o mundo tal como conhecíamos até agora acabou. "Durante 10 a 15 anos vivemos num mundo de prosperidade assente em quatro motores: num sistema de financiamento eficiente; na inovação; na expansão do comércio, o que trouxe para a nossa área de influência países como a China, Índia ou Rússia; e na energia barata para todos. Pois bem, esse mundo acabou", disse o ministro, mas alertando que este era um cenário que já se previa.

"Quando os cinco maiores bancos norte-americanos dão 12 mil milhões de dólares em prémios aos seus funcionários isso não é saudável. Quando se exporta mais para a Suiça do que para a China, já se estava a prever o que ia acontecer", comentou.

Sócrates assegura que famílias portuguesas com poupanças podem estar tranquilas

30.09.2008 - 15h40 Lusa/ Público. O primeiro-ministro, José Sócrates, afirmou hoje que as famílias portuguesas com poupanças podem estar tranquilas apesar do actual quadro de crise – cuja responsabilidade atribui a Washington – e elogiou a capacidade de resistência das instituições financeiras nacionais.

... Em contraste com as críticas que fez às autoridades de Washington, Sócrates defendeu que "os governos europeus mostraram já uma determinação total para dar confiança aos seus cidadãos". "As poupanças dos europeus estão garantidas. É por isso essencial que os Estados Unidos aprovem rapidamente uma solução para acabar com uma desconfiança que mina a confiança no sistema financeiro internacional", reforçou.

No actual quadro de crise, Sócrates advogou que "a Europa já pagou um preço".
"Há um ano que estamos a pagar esse preço, com restrições no crédito e com o crédito mais caro. É altura para os Estados Unidos intervirem", acrescentou. Numa mensagem ideológica, o chefe do Governo português sustentou que a presente crise "também demonstrou que o sistema europeu de regulação dá mais garantias" do que "os comportamentos pouco prudentes" dos Estados Unidos.

Ferreira Leite diz que palavras de serenidade de Sócrates vieram tarde

30.09.2008 - 20h37 (Lusa/ Público). A presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, lamenta que o primeiro-ministro não tenha vindo mais cedo deixar uma palavra de serenidade perante a crise nos mercados internacionais e criticou declarações de responsáveis do Governo que “diabolizaram” o sistema financeiro.

Em conferência de imprensa, na sede nacional do PSD, em Lisboa, Manuela Ferreira Leite defendeu que “o sistema financeiro é essencial para o progresso económico e não pode ser posto em causa” e que “a primeira prioridade das autoridades deve ser o restaurar da confiança”.

A presidente do PSD disse subscrever, por isso, a ideia transmitida hoje pelo primeiro-ministro de que os portugueses podem estar tranquilos em relação aos seus depósitos bancários. O discurso do primeiro-ministro só “podia ir nesse sentido, só que veio tarde”.

A gesticulação retórica do Governo e da Oposição portugueses, no rescaldo da hecatombe financeira de anteontem em Wall Street, era o mínimo que poderíamos esperar dos zombies que deambulam pelo círculo estreito e gorduroso da gamela orçamental lusitana. Ainda por cima numa altura em que, lá como cá, cheira a eleições. Era o que faltava se nada dissessem! Disseram, como seria de esperar, o previsível. Por um lado, a clique governamental aproveitou para imputar subtilmente as dificuldades dos portugueses aos desvarios "liberais" da América, como se Clinton e os Democratas estivessem isentos de culpa. Há uma mudança de paradigma, balbucia o motorista do BES (Manuel Pinho.) Já demos! -- repete socratintas. Do lado da Oposição, Manuela Ferreira Leite, pelos vistos atada às ignorâncias profundas dos sound bites emitidos pelo spin doctor do Abrupto (Pacheco Pereira), meteu os pés pelas mãos e veio a terreiro defender-se da tentativa governamental de colar as convicções do PSD à praxis desvairada dos piratas de Wall Street e da Casa Branca. Ou seja, caiu na esparrela! Em vez de ler os clássicos da teoria económica (Malthus, Adam Smith, Ricardo, Marx, Polanyi, Keynes, Schumacher, ...), ou alguns economistas actuais muito recomendáveis, como Stiglitz ou Ann Pettifor, ou ainda as palavras sábias do senador republicano Ron Paul sobre o declínio da América e a ruína do US dólar, leu infelizmente as prosas intragáveis de João Carlos Espada. Porque não lê Sarkozy, MFL?

Já toda a gente, menos alguns jornalistas e os corretores do PSI20, começou a perceber que a crise americana não é apenas uma crise americana, nem sobretudo se esgota na verborreia ilusória sobre o famigerado Subprime, segundo a qual o colapso do modelo económico-financeiro da Euro-América se teria ficado a dever a uns desgraçados sem dinheiro que se puseram a comprar vivendas com créditos temerários 100% financiados por uma turma de vigaristas sem lei nem ordem.

A ponta do icebergue que irrompeu com a famosa crise do Subprime é isso mesmo: a ponta de um icebergue que ameaça rebentar com o modelo económico parasitário que foi sendo paulatinamente montado nos Estados Unidos e na Europa, ao longo dos últimos 30 anos, e que pode ser resumido assim:
  • deslocalização da produção industrial para o Oriente;
  • terciarização descompensada das economias ocidentais;
  • atomização e precarização dos saberes profissionais;
  • obsolescência programada dos produtos;
  • alienação ideológica das massas através da reificação do consumo;
  • dependência e intensificação energéticas das economias ocidentais;
  • envelhecimento populacional e crises demográficas;
  • destruição das células familiares como unidades de resistência social;
  • deterioração dos termos de troca entre os países ocidentais desenvolvidos e os países produtores de energia e de matérias primas;
  • endividamento estrutural da Euro-América face ao Japão e às economias industriais emergentes;
  • transformação suicida dos processos de endividamento em economias virtuais e veículos de especulação financeira (muito semelhantes aos velhos e ilegais esquemas piramidais de enriquecimento ilícito.)
  • transferência maciça da liquidez soberana dos grandes países consumidores para os grandes países produtores.
O momento que a América e a Europa estão neste momento a atravessar pode ser resumido desta forma: os países ricos, quer dizer, que possuem gigantescas capacidades produtivas instaladas e em operação, ao mesmo tempo que detêm as maiores reservas de ouro e monetárias do planeta, exibindo ainda excedentes comerciais e financeiros, deixaram de querer subsidiar o colapso financeiro da América, e mostram-se aparentemente dispostos a descolar das velhas economias imperiais. Nesta circunstância a Europa não tem outra saída que não seja segurar a moeda americana e nacionalizar, se for preciso, todo o sistema bancário europeu! Nisso estamos, perante o ar aparvalhado dos adeptos fanáticos da "mão invisível" do mercado. Pelo vistos, trata-se de uma mão completamente imprevisível!


Les banques européennes très exposées

30-09-2008 (Courrier International). La presse européenne s'inquiète de voir les banques du Vieux Continent fragilisées à leur tour. Mais le pire n'est pas à venir, si l'on en croit l'économiste italien Mario Deaglio.

... Selon le quotidien britannique, la situation est d'autant plus inquiétante que les banques européennes, très exposées aux actifs "toxiques" liés aux crédits immobiliers américains, possèdent également "des montagnes de créances douteuses liées aux marchés de l'immobilier britannique, espagnol, français, néerlandais, scandinave et est-européen". Et, pour ne rien arranger, "les marchés européens du crédit [interbancaire] sont pratiquement paralysés".

"Si les Etats européens ont pu jusqu'à présent éviter que la faillite d'un établissement ne se transforme en risque systémique, les appels en faveur d'un plan de sauvetage concerté se font de plus en plus nombreux", constate Le Temps. Le quotidien suisse rappelle que Nicolas Sarkozy a réitéré, le 29 septembre, son projet d'un sommet pour la refondation du système financier international.

Esta citação mereceu um comentário muito instrutivo, que me foi enviado na tarde de 30 de Outubro, por uma economista, antiga diplomata e querida amiga canadiana, que reproduzo com a devida vénia:
Este artigo do Courrier International contextualiza bem o problema. Mas o que mais me chama a atenção são as noticias que a seguir destaco, no dia em que o Euro passou de 1,60$ há 3 meses atrás, para 1,40$ à hora que escrevo, sendo a maior queda desde 2001. Creio que esta queda brutal se ficou dever à injecção de 2 mil milhões de YEN pelo Banco do Japão, mas também aos apelos da Comissão Europeia, e de Angela Merkl, para que os Estados Unidos assumam um "global stewardship in the economic crisis".

Quem pede a outro que assuma um "global stewardship", está a admitir que não pode fazê-lo. Dá que pensar, não dá?

No entanto, a imprensa portuguesa preferiu destacar o seguinte:

A Comissão Europeia lamentou hoje que o Congresso norte-americano tenha rejeitado o plano de resgate financeiro proposto pela Administração Bush, atribuindo aos EUA parte da responsabilidade pela crise financeira mundial. (Público)

Os espanhóis do El País sempre são mais realistas:

Segundo a edição online do diário espanhol "El País", Bruxelas pede aos norte-americanos para assumirem as suas responsabilidades porque a Europa “está a fazer que lhe toca".

Comparar os destaques e comentários do Público e do El País a este respeito é muito engraçado. Como impagável é saber o que disse Sócrates (segundo o Jornal de Negócios de hoje):

"Quero tranquilizar os portugueses quanto às suas poupanças. O sistema financeiro português tem mostrado boa resistência e boa saúde, mas isso não dispensa que os EUA façam o que têm que fazer para resolver um problema que eles próprios criaram. Não fazer nada não é solução”, afirmou o primeiro-ministro.

Ainda sobre as operações de salvamento dos bancos europeus, em curso há vários meses, e que se vêm acumulando rapidamente nos últimos dias, com punções brutais nas disponibilidades financeiras dos principais bancos centrais europeus e do BCE, preocupa-me o que possa vir a suceder à banca helvética. Começam a surgir no ar receios sobre o futuro de bancos como o UBS. Enquanto os bancos da União Europeia são salvos por consórcios de Reservas nacionais e/ou de Bancos Centrais da União, pergunta-se o que acontecerá a um banco europeu em quebra situado fora da "rede" de protecção da União?!

Finalmente, para mim, o mais grave de tudo, no que se refere à sorte imediata da Europa, é o congelamento total do crédito Inter-bancário. O comportamento neurótico da banca faz-me lembrar aquela história dos esquilos obcecados com as suas bolotas, não as trocando com nenhum outro da mesma espécie: "squirrels hoarding their acorns, and not wanting to loan to one another". Eu nunca vi as taxas Euribor assim!

01 Semana 4,8390%
01 Mês 5,0500%
03 Meses 5,2770%
06 Meses 5,3770%
12 Meses 5,4950%

Esbateu-se quase totalmente a diferença entre Euribor a 1 mês e Euribor 1 ano!

Isto indica INCERTEZA E VOLATILIDADE total. A esta incerteza soma-se a queda do Euro -- que cai tão fortemente agora porque já se sabe que o BCE vai enfim baixar em breve a taxa de juro de referência (para os 4% ou 3,75%) --, bem como uma taxa Euribor perto de 6%. Isto é muito grave! Não é Estagflação, é depressão pura e dura, como não conhecemos nunca durante as nossas vidas. Só alguns dos nossos avós passaram por coisa semelhante. Refiro-me aos que viviam na cidade, pois no campo safaram-se bem, como dizia o meu avô materno. -- CMT

OAM 449 01-10-2008 02:04