sábado, abril 18, 2009

E se eu estiver enganado?

O grande jogo de que fala Brzezinski pode estar a passar pelo Freeport, sem que os portugueses se tenham apercebido disso.

E de repente o consenso sobre a necessidade de assassinar Júlio César, perdão, de eliminar politicamente José Sócrates, ganhou adeptos inesperados em volta de uma metáfora: combater o enriquecimento injustificado e a corrupção.

Fiquei chocado com o proselitismo meticuloso de António José Seguro ao debater a iguaria com Ângelo Correia. Este súbito mata-esfola foi na realidade desencadeado pelas hostes socialistas parlamentares capitaneadas por Vera Jardim, Alegre, etc., que se opõem aparentemente à tríade de Macau (Vitalino Canas, Jorge Coelho, Alberto Costa, António Vitorino, etc.), e que entenderam, porventura tarde demais, o alcance dos danos causados pela suspeita generalizada de que a criatura ao leme do partido e do actual governo esteve sucessivamente envolvido em situações e comportamentos incompatíveis com o exercício do cargo de primeiro ministro de Portugal.

Mas o que me traz de volta ao tema do garrote mediático e judicial que se vai apertando em volta de José Sócrates é uma dúvida terrível, a que aliás aludi em escritos anteriores:
— e se estivermos, de facto, a ser vítimas de uma conspiração orquestrada pelos serviços secretos ingleses e americanos?
E se o braço de ferro em curso entre a China e os Estados Unidos passar também por Portugal?

Se a conspiração que imagino, além de lógica, corresponder à realidade, onde fica então a soberania lusitana no meio do pandemónio económico, financeiro, político e judicial que ameaça conduzir Portugal para um ciclo de paragens cardíacas potencialmente fatal?

Eu não tenho, como a maioria dos portugueses não tem, dúvidas sobre o percurso atribulado do homem que hoje nos governa. Pelo que foi vindo a lume, defendi há muito que a pessoa deveria ter-se afastado do cargo, dando lugar a um camarada de partido. Saber se as trapalhadas, os deslizes, as más práticas e a presumível corrupção tiveram origem no simples egoísmo, ou numa proverbial ambição partidária a que se juntam costumes partidários intoleráveis (como sejam os sacos azuis do financiamento oculto e corrupto dos partidos políticos portugueses), só não é irrelevante porque a segunda hipótese compromete e explica muita da reserva exibida pela generalidade dos partidos parlamentares face ao caso.

A corda do financiamento partidário é demasiado sensível para que em volta do tema se montem guerrilhas partidárias prolongadas... Todos aparentam ter telhados de vidro!

Bastaria, apesar da corrupção endémica que nos aflige, esta ordem de causas e efeitos para tornar inaceitável a ideia de manter no cargo de primeiro ministro a personagem que actualmente o desempenha. E no entanto, o affair Freeport pode ser muito mais do que um escandaloso caso de polícia.

Na realidade, estou cada vez mais convencido de que estamos em presença do teatro de sombras de uma guerra diplomática secreta da maior importância, que os principais protagonistas preferem, por razões compreensíveis mas inaceitáveis, manter em segredo, e que a esmagadora dos políticos de serviço nem suspeita. Só assim se percebe que eu, mas também Francisco Louçã, Manuela Moura Guedes, Mário Crespo e o Público, entre muitos outros, tenhamos estado até agora a lançar freneticamente achas para a fogueira inquisitorial que vem queimando em lume espevitado o actual primeiro ministro, sem sequer nos passar pela cabeça que a hipótese de uma grande conspiração poder estar mesmo à beira de alcançar os seus objectivos. A verdade é que esta simples possibilidade me tem tirado o sono!

Do G20 ao Freeport - o que não sabemos...

Face à falência económico-financeira dos Estados Unidos e da Inglaterra, e ao veto que ambos os países, que controlaram a desmiolada cimeira londrina do G20, opuseram ao fim da era dólar e à criação de uma nova ordem monetária internacional, a China não tem outra alternativa que não seja apressar o seu plano de substituição da hegemonia americana no mundo.

A China, que tem o que mais ninguém tem — recursos financeiros extraordinários, capacidade produtiva disciplinada e vontade de regressar ao primeiro plano da história — decidiu deixar de alimentar a dívida americana, aplicando parte crescente das suas imensas reservas monetárias denominadas em dólares em aquisições de longo prazo —centradas nos recursos energéticos e em matérias primas de primeira importância— a um número apreciável de países, na Ásia, no Médio Oriente, na Austrália, em África e na América do Sul. Esta simples decisão levará a América de Obama ao colapso económico, financeiro, social e político, se entretanto o messiânico presidente não perceber que a banca do grande jogo da estratégia global se mudou para Xangai, e que a burocracia de Pequim se prepara para substituir as corruptas elites ocidentais na direcção do mundo.

Seiscentos anos depois do grande fechamento asiático (1415-2015) a China prepara-se para liderar o mundo na sequência da imparável implosão americana e da insignificância política crescente da Europa. As consequências previsíveis deste terramoto estão longe de ser intuídas pela generalidade dos líderes e povos ocidentais — europeus e americanos.

O único resultado palpável da cimeira londrina do G20 foi a decisão chinesa, não anunciada mas efectiva, de substituir paulatinamente o dólar americano como única moeda de reserva internacional. Ora esta decisão prenuncia não apenas o fim definitivo de Bretton Woods, como a aceleração da deslocação do centro de gravidade imperial, do Ocidente para o Oriente. É aqui que a questão atlântica e dos flancos ocidentais europeu e africano, bem como do protagonismo próximo da América do Sul ganha mais cedo do que se previa uma importância vital no grande jogo estratégico que visa, pelo lado chinês, garantir o fim pacífico da hegemonia americana e inglesa no mundo.

Portugal, se lhe faltar lucidez e coragem, será apenas um dos muitos peões maltratados no perigoso movimento desta espécie peculiar de placas tectónicas actualmente em rota de colisão. Pelo contrário, se souber abrir as suas portas à China, como outrora a China nos presenteou com a concessão de Macau, e se souber ainda triangular eficazmente com o Brasil, Angola, Venezuela, Guiné-Bissau e Cabo Verde, no sentido de fazer do Atlântico um mar aberto ao novo ciclo de expansão civilizacional que se avizinha, Portugal poderá readquirir uma importância europeia e mundial como não tem desde as invasões napoleónicas. O que está em jogo é pois da maior importância!

Apesar de os meios utilizados serem criticáveis, a verdade é que devo reconhecer o acerto estratégico da tríade de Macau quando comparada com a inércia cobarde de quem vem consciente ou inconscientemente alimentando as manobras dos serviços secretos ingleses e americanos, porventura responsáveis pela actual desestabilização do nosso país, única e exclusivamente em nome da estratégia conjunta de dois aliados nossos que não olham a meios para preservar um status quo insustentável. O objectivo claro da manobra Freeport é impedir que Portugal possa vir a tornar-se para a China o que a China (Macau) foi para Portugal. Alucino? Veremos, se sim ou não, muito em breve.

O caso Freeport pode ser olhado segundo, pelo menos, três perspectivas distintas:
  1. Alguém vendeu um produto de má qualidade (o Freeport está tecnicamente falido) aos ingleses, família real incluída, cujos prejuízos esta última não desiste de colmatar, tendo para tal, por decoro próprio —está claro—, encomendado à Carlyle, uma famosa empresa estratégica americana, a recuperação da massa perdida, incluindo, já agora, o dinheiro usado para corromper as autoridades políticas portuguesas que intervieram no negócio.

    A Carlyle tenta (?) sem êxito recuperar a massa. Os ingleses, face ao impasse, desencadeiam uma investigação policial que não pode deixar de ter contornos políticos, dados os protagonistas supostamente envolvidos. Assim como o pagamento de luvas à família real saudita pelo governo de Tony Blair, para garantir a aquisição de umas dezenas de aviões militares ingleses de última geração, foi abafado em nome dos superiores interesses do Reino Unido, o caso Freeport foi aberto em nome desses mesmos interesses. Falta saber quais, exactamente.
  2. A Carlyle concerta com a diplomacia inglesa usar o processo Freeport para proceder a uma penetração em profundidade no sistema financeiro português, cuja fragilidade evidente o torna presa fácil de interesses potencialmente hostis à Inglaterra e aos Estados Unidos, com origem na China, Angola, Rússia e Brasil. O financiamento dos grandes projectos anunciados —novo aeroporto intercontinental de Lisboa, rede ferroviária de alta velocidade e expansão da rede de autoestradas do país (que poderão elevar rapidamente Portugal e o seu vasto território marítimo à condição de importante placa giratória entre a Ásia, a África, a Europa e a América Central e do Sul— é um aspecto crucial para o futuro das relações geo-estratégicas de Portugal. Se a Inglaterra e os Estados Unidos ficarem para trás no leilão das parcerias que viabilizarão as grandes obras públicas anunciadas pelo governo de Sócrates, nada impedirá a progressão estratégica da China no Atlântico, através da ajuda preciosa de um país civilizado europeu chamado Portugal! Explosivo, não é?

    Nesta perspectiva, a aparente recusa de Sócrates em viabilizar a pretendida entrada da Carlyle no BPN, que permitiria desde logo recuperar a massa perdida no Freeport, mas sobretudo colocar os aliados Anglo-saxões na linha da frente da alavancagem financeira do grande dispositivo estratégico gizado pelos socialistas, sofreu um sério contratempo, mas confirmou a presença efectiva de um novo desígnio estratégico na diplomacia portuguesa: triangular com as potências emergentes da lusofonia e aceitar a China como um novo aliado para o século 21. Mais uma acha para fogueira do Freeport, não acham?
  3. O caso BPN faz parte do imbróglio Freeport, e na realidade trata-se do travão de segurança activado pela tríade de Macau com o objectivo de placar os principais beneficiários do colapso praticamente irreversível da actual maioria governamental.

    Este colapso levará ao inevitável recuo da estratégia diplomática que tem vindo a ser pacientemente montada pela tríade de Macau, caso o PSD de Manuela Ferreira Leite, i.e. de Cavaco Silva, venha a triunfar nas sucessivas eleições que se avizinham. Se tal ocorrer, a perseguição à tríade de Macau será implacável. Daqui a perigosidade da actual conjuntura política. E é por isso mesmo que há muito venho recomendando a remoção cirúrgica de José Sócrates, em nome da sobrevivência de um projecto estratégico cuja oportunidade me parece óbvia e que deve ser levado a cabo, independentemente dos protagonistas políticos de momento. Mas para lá chegar é preciso abrir esta caixa de Pandora dialéctica quanto antes. O secretismo actual e o teatro de sombras não servem a ninguém.

    Portugal tem potencialmente um lugar privilegiado no ajustamento tectónico dos impérios actualmente em curso. Sem trair as suas velhas alianças, deve exigir completa autonomia de acção diplomática nos múltiplos processos de mediação necessários a uma transição pacífica para os novos equilíbrios mundiais. O novo Tratado de Tordesilhas a que a China e os EUA não escaparão vai ter uma geometria tipicamente fractal. Portugal não quer ser o pião das nicas neste grande jogo, mas antes, um confiável honest broker. E para isso nada melhor do que transformar o país numa verdadeira Suíça diplomática do Atlântico.


Post Scriptum — Se a minha hipótese de conspiração for mais do que uma fantasia, ficaremos a saber em breve quem tem andado a comprar os milhões de acções do BCP que diariamente são postos à venda na Bolsa; ficaremos a saber quem irá salvar a TAP, e ficaremos a saber de onde virá o grosso do dinheiro para as grandes obras públicas anunciadas e reiteradas por este governo.

Se nada disto soubermos até às eleições europeias, ou como muito até ao fim Verão, no caso de o PS ganhar este primeiro round eleitoral, será porque o actual primeiro ministro deixou de estar em condições de poder contribuir para a redefinição estratégica promovida pela tríade de Macau. Neste caso, o ataque final a José Sócrates por causa do denunciado envolvimento da sua pessoa no caso Freeport será desencadeado sem dó nem piedade, por todos: a opinião pública, os adversários do PS, os adversários socialistas de José Sócrates, e até aqueles mesmos que o educaram e colocaram onde está, produzindo-se então uma derrota estrondosa do PS nas eleições autárquicas e legislativas.

A Cavaco Silva, mas também aos serviços secretos ingleses e americanos, interessa assar José Sócrates em lume brando, para que sue as estopinhas a caminho da sua anunciada desgraça. O PS tem pois apenas uma possibilidade de não deitar tudo a perder: forçar a demissão de José Sócrates quanto antes, antes mesmo das eleições europeias, provocando assim uma reviravolta completa na actual situação política. Se o fizer, colocando António Costa onde hoje se encontra José Sócrates, terá grandes possibilidades de derrotar Manuela Ferreira Leite. Doutro modo, resta-lhe uma longa agonia. Para a China o resultado desta encruzilhada não é indiferente. Mas pode esperar...


REFERÊNCIAS

  • China’s $1.7 Trillion Bet: China’s External Portfolio and Dollar Reserves
    A CGS Working Paper - Council of Foreign Relations

    Authors: Brad W. Setser, Fellow for Geoeconomics

    China reported $1.95 trillion in foreign exchange reserves at the end of 2008. This is by far the largest stockpile of foreign exchange in the world: China holds roughly two times more reserves than Japan, and four times more than either Russia or Saudi Arabia. Moreover, China’s true foreign portfolio exceeds its disclosed foreign exchange reserves. At the end of December, the State Administration of Foreign Exchange (SAFE)—part of the People’s Bank of China (PBoC) managed close to $2.1 trillion: $1.95 trillion in formal reserves and between $108 and $158 billion in “other foreign assets.” China’s state banks and the China Investment Corporation (CIC), China’s sovereign wealth fund, together manage another $250 billion or so. This puts China’s total holdings of foreign assets at over $2.3 trillion. That is over 50 percent of China’s gross domestic product (GDP), or roughly $2,000 per Chinese inhabitant.

    If 70 percent of this has been invested in dollar-denominated financial assets, China’s dollar portfolio tops $1.7 trillion—a bit under 40 percent of China’s GDP. The authors estimate that China held close to $900 billion of Treasury bonds (including short-term bills) at the end of the fourth quarter, another $550 billion to $600 billion of agency (Fannie Mae, Freddie Mac, and Ginnie Mae) bonds, $150 billion of U.S. corporate bonds, and $40 billion of U.S. equities, as well as $40 billion in shortterm deposits. These estimates are significantly larger than the numbers reported in the U.S. Treasury data, as those data tend to understate recent Chinese purchases and thus total holdings of U.S. assets.

    The pace of growth of China’s foreign assets clearly slowed in the fourth quarter of 2008. But it slowed after a period of unprecedented foreign asset growth. From the fourth quarter of 2007 to the third quarter of 2008, China likely added over $700 billion to its foreign portfolio (more than implied by the increase in its formal reserves). One fact illustrates just how rapid the growth in China’s foreign assets exceeded the rise in combined foreign assets of the world’s oil-exporting countries. As a result, China’s government is now by far the largest creditor of the United States: during the period of its peak growth, it likely lent about $475 billion (roughly $40 billion a month) to the United States. Never before has a relatively poor country lent out so much money to a relatively rich country. And never before has the United States relied on a single country’s government for so much financing.
  • Summer 2009: The international monetary system’s breakdown is underway
    The next stage of the crisis will result from a Chinese dream. Indeed, what on earth can China be dreaming of, caught – if we listen to Washington – in the “dollar trap” of its 1,400-billion worth of USD- denominated debt1? If we believe US leaders and their scores of media experts, China is only dreaming of remaining a prisoner, and even of intensifying the severity of its prison conditions by buying always more US T-Bonds and Dollars.

    In fact, everyone knows what prisoners dream of? They dream of escaping of course, of getting out of prison. LEAP/E2020 has therefore no doubt that Beijing is now3 constantly striving to find the means of disposing of, as early as possible, the mountain of « toxic » assets which US Treasuries and Dollars have become, keeping the wealth of 1,300 billion Chinese citizens4 prisoner. In this issue of the GEAB (N°34), our team describes the “tunnels and galleries” Beijing has secretively begun to dig in the global financial and economic system in order to escape the « dollar trap » by the end of summer 2009. Once the US has defaulted on its debt, it will be time for the « everyman for himself » rule to prevail in the international system, in line with the final statement of the London G20 Summit which reads as a « chronicle of a geopolitical dislocation », as explained by LEAP/E2020 in this issue of the Global Europe Anticipation Bulletin. ...

    ... Very logically, Beijing is now disposing of these huge surplus exchange reserves which keep Chinese leaders prisoners of US decisions with no further advantage for their country, as remarkably described by Rachel Zembia in an article published by RGE Monitor on 02/21/2009: loan credits to ASEAN countries28, swap agreements, green light for 400 Chinese enterprises to trade in Yuan with Asian countries29, loan credits to African states and Russia, long-term special oil rates negotiated with Persian Gulf states, loan credits to oil companies in Brazil and Abu Dhabi, purchase of European and Japanese company shares (no US shares, strangely...), etc. The author emphasizes the fact that these agreements would include guarantees for Chinese companies to have access to these resources. Contrary to appearances, what is really at stake in these deals is Beijing’s discreet disposal of its US Treasuries and Dollars in exchange for assets that the country needs, moreover available at record-low prices at a time when US Treasuries and Dollars still have some value.

    With regard to US Treasuries, China has largely stopped buying them (purchases decreased by USD 146 billion in the first quarter of 2009 compared to the same period last year, representing an increase of only USD 7.7 billion30!) and only then purchasing short term (three month) Treasuries!

    Between the fact that it has nearly put a complete end to its purchase of US Treasuries and that it is accelerating the pace of its« global shopping » for more than USD 50 billion per month (swap agreements included), it appears that, between the end of 2008 and the end of summer 2009, China will have disposed of nearly 600 billion worth of USD-denominated assets, and it will have failed to purchase between USD 500 and USD 1,000 billion worth of US Treasuries that the Obama administration has begun to issue to finance its extravagant borrowings. LEAP/E2020 estimates that these two amounts added together give a clear idea of Beijing’s impact on the « Dollar-era » at the end of summer 2009, at the end of the US fiscal year. China’s disposals and failed purchases of US Treasuries alone will then represent a shortfall of between USD 1,100 billion and USD 1,600 billion in the United States’ financial needs. Ben Bernanke will be compelled to print Dollars in a (vain) effort to prevent his country from defaulting on its debt.

    In the knowledge that each time Bernanke declares that the Fed will purchase its own US Treasuries, they lose 10 percent in one day, i.e. USD 140 billion compared to other international currencies, Chinese leaders will certainly find it acceptable to sacrifice USD 400 or 500 billion.

    LEAP/E2020 believes that, at this stage, they will consider that they made the best « possible » use of their USD-denominated assets. Then, they would better be among those who push the « button » - or who do not try to prevent it. The second phase of China’s “Great Escape” out of the Dollar will then begin, depending on the behavior of the other key players. Either the Yuan takes its place as international reserve currency along with the Euro, Yen, Ruble, Real, or a process creating a new international reserve currency based on a basket of these currencies will begin. The Dollar will then be out of the race and the G20 reduced to a G18 (without the United States and the United Kingdom, but with Japan no longer able to escape the Chinese sphere of influence). Otherwise, the process of global geopolitical dislocation, described in GEAB N°32, will be underway, based on economic blocks, each of them trading in their own specific reserve currency. -- in GEAB #34, May 2009.

  • HK's RMB pilot plan covers 400 mainland enterprises
    (Xinhua) Updated: 2009-04-12 15:21

    HONG KONG - About 400 enterprises in the Chinese mainland have been selected to participate in the Renminbi cross-border trade settlement pilot program, Under Secretary for Financial Services and the Treasury of Hong Kong Julia Leung said here Saturday.

    Speaking on a radio talk show here Saturday, Leung said enterprises in Hong Kong will soon be able to settle trades in Renminbi through the banks with the selected companies in the Chinese mainland.

    Noting the program can reduce the risks and cost arising from fluctuations in exchange rates, she said Hong Kong banks can expand extensively their Renminbi services from individual clients to enterprises.

    When asked whether the scheme includes trade financing, Leung said authorities in the Chinese mainland will announce the details soon.

  • China’s resource buys
    Rachel Ziemba | Feb 21, 2009 (RGE Monitor)

    China development bank must be busy.... Over the last few weeks deals worth over $50 billion have been confirmed with the oil companies of Russia, Brazil and the Australian mining company Rio Tinto, all of which have found themselves with financing issues in light of the collapse in commodity prices and credit crunch. While $50 billion is a relatively small in terms of China’s foreign exchange liquidity, this is a significant investment on China’s part in the resource sector, and shows that it is trying to get higher returns on its capital – while coming to the rescue of those who cannot tap the still relatively frozen international capital markets. And given some of the dire predictions for energy sector investment (including warnings from the IEA) might avoid a severe drop off in investment, allowing some of these countries and China to get more bang for the buck as global deflationary trends lower costs. Most significantly, it increases the share of oil supplies that are pre-contracted, perhaps a desire from both China and its suppliers to have a somewhat more predictable price environment for at least some of its supplies. ...

    ... Most of the Chinese oil production abroad was sold on global markets with the profits used to cross subsidize losses on domestic refining segments given fixed prices. In fact only about 10% of Chinese oil imports are supplied through the equity stakes that China has in oil projects abroad. Instead China imported oil from a range of countries in Africa which supplies 1/4th of China’s oil (especially Angola) and the middle east, which supplies 50% (mostly Saudi Arabia, Iran and to a lesser extent Oman.)

  • India and China want IMF to sell its $100b gold
    Apr 15 2009, New Delhi (mydigitalfc.com)
    By KA Badarinath

    India and China may press for the sale of the entire gold reserves of the International Monetary Fund (IMF) to raise money for the least developed countries.

    The IMF holds 103.4 million ounces (3,217 tonnes) of gold that, if sold, can fetch about $100 billion. A draft paper exchanged between New Delhi and Beijing proposes that the gold be sold in bullion markets over a period of two to three years. The money thus raised must be used in tackling poverty in the poorest nations.

    “We have been discussing with China a common position on the subject,” a senior finance ministry official told Financial Chronicle.

    Both prime minister Manmohan Singh and Chinese president Hu Jintao will have to clear the proposal before the representatives of the two countries can take it up at the IMF spring meeting in June in Washington.

    The G20 heads of state meeting in London earlier this month agreed to sell a part of the IMF gold to raise $6 billion for poor countries during 2009-11. This was a component of a $1.1 trillion package worked out by G20. The World Bank has estimated that over 90 million people may be pushed into poverty in the global economic turmoil.

    “We are working on a more ambitious proposal of selling the entire gold as it is an idle asset with the IMF,” said the official.

    India and China are looking at three ways of using the money so raised. 1) The $100 billion be invested to improve IMF’s liquidity. 2) The money be committed to improving incomes of the poorest countries. 3) A mix of the first two options be considered.

  • A 'Copper Standard' for the world's currency system?
    By Ambrose Evans-Pritchard
    Last Updated: 2:41PM BST 16 Apr 2009 (Telegraph.co.uk)

    Hard money enthusiasts have long watched for signs that China is switching its foreign reserves from US Treasury bonds into gold bullion. They may have been eyeing the wrong metal.

    China's State Reserves Bureau (SRB) has instead been buying copper and other industrial metals over recent months on a scale that appears to go beyond the usual rebuilding of stocks for commercial reasons.

    Nobu Su, head of Taiwan's TMT group, which ships commodities to China, said Beijing is trying to extricate itself from dollar dependency as fast as it can.

    "China has woken up. The West is a black hole with all this money being printed. The Chinese are buying raw materials because it is a much better way to use their $1.9 trillion of reserves. They get ten times the impact, and can cover their infrastructure for 50 years."

    "The next industrial revolution is going to be led by hybrid cars, and that needs copper. You can see the subtle way that China is moving into 30 or 40 countries with resources," he said.

    The SRB has also been accumulating aluminium, zinc, nickel, and rarer metals such as titanium, indium (thin-film technology), rhodium (catalytic converters) and praseodymium (glass).

    While it makes sense for China to take advantage of last year's commodity crash to restock cheaply, there is clearly more behind the move. "They are definitely buying metals to diversify out of US Treasuries and dollar holdings," said Jim Lennon, head of commodities at Macquarie Bank.

    John Reade, metals chief at UBS, said Beijing may have a made strategic decision to stockpile metal as an alternative to foreign bonds. "We're very surprised by Chinese demand. They are buying much more copper than they will need this year. If this is strategic, there may be no effective limit on the purchases as China's pockets are deep."

    Zhou Xiaochuan, the central bank governor, piqued the interest of metal buffs last month by calling for a world currency modelled on the "Bancor", floated by John Maynard Keynes at Bretton Woods in 1944.

OAM 575 18-04-2009 03:25 (última actualização: 19-04-2009 01:48)

quinta-feira, abril 16, 2009

Zeitgeist

Zeitgeist: Addendum (2008), by Peter Joseph



Esta adenda ao conhecido ensaio videográfico de Peter Joseph, Zeitgeist (artigo na Wikipedia) é uma apologia utópica da tecnologia ao serviço de uma sociedade orientada pela consciência simbiótica da cooperação. Um manifesto contra o monetarismo, a corporacracia e as vulgatas darwinianas e respectivos genes egoístas.

Zeitgeist
- Official Release (Portuguese) — versão legendada em português

The Zeitgeist Movement: Orientation Presentation — o manual de acção do movimento Vénus.


OAM 574 17-04-2009

quarta-feira, abril 15, 2009

Portugal 97

A esquerda envergonhada

De repente acordaram: o Santana pode mesmo voltar a ganhar o governo da capital!

Petição por uma "convergência de esquerda" para a Câmara de Lisboa

13.04.2009 - 08h30 Lusa/ Público — Personalidades ligadas ao socialismo, ao comunismo e ao BE lançam hoje uma petição a defender uma convergência de esquerda nas eleições autárquicas em Lisboa, já subscrita por cerca de 170 nomes.

A petição "Apelo à Convergência de Esquerda nas Eleições para Lisboa" poderá ser subscrita através da Internet e será entregue aos partidos políticos e movimentos de cidadãos que concorrem às eleições autárquicas.


Eu nutro uma profunda antipatia por Santana Lopes. Mas se ele ganhar Lisboa não fico envergonhado. Envergonhado estou há muito por ter votado no papagaio trapalhão e possivelmente corrupto que actualmente nos governa! Mas pelos vistos, a velha esquerda comunista, socialista, maoista e trotskista, não. O que esta teme é o desastre eleitoral autárquico que se avizinha. Acordou estremunhada para a possibilidade e resolveu tocar a rebate.

Querem, dizem candidamente, derrotar a direita que os envergonha! É a mais confrangedora confissão de fracasso por parte de uma nomenclatura sem préstimo que em 35 anos de serviço pouco mais fez do que coadjuvar a direita, de que diz ter vergonha, no progressivo aprisionamento pardidocrático da democracia, servindo-se do voto popular como se de um maná inesgotável se tratasse. O país vai a pique, mas a única coisa que preocupa Jorge Sampaio e Carlos do Carmo é, pelos vistos, manter o status quo. Alguma ideia nova? Nada. Vontade de decidir? Nem pensar! Então que sentido faz a sua mal amanhada e caricata frente popular autárquica? Nenhum.

Comecemos pelo princípio: António Costa e o Partido Socialista não têm nada que ver com as litanias de esquerda, pois não têm feito nem dito nos últimos quatro anos coisa diversa do reiterar à bruta da praxis neoliberal pregada pela criatura blairiana durante a sua conversão ao legado thatcheriano. Por outro lado, nem o PCP nem os ex-extremistas confederados no Bloco de Esquerda conseguiram até hoje modificar os respectivos códigos genéticos, incompatíveis ambos, como todos sabemos, com a pragmática e o ideal da governação. Ou seja, o PS é um partido plenamente burguês e sem princípios, o PCP é uma gerontocracia síndico-municipal sem liderança, e os bloquistas dificilmente serão mais do que uma turbamulta simpática de funcionários públicos, urbanitas e pequeno-burgueses. Algum político astuto pensaria alguma vez erguer uma frente popular com esta massa informe e contraditória? Só se fosse num jogo a feijões!

Se os inspiradores deste fogo fátuo tinham alguma esperança, desiludam-se. Não vai funcionar em Lisboa, não vai funcionar no Porto e não vai funcionar em São Bento. Este ciclo constitucional chegou irremediavelmente ao fim. Donde que, das duas uma: ou se regenera, com a necessária reestruturação do sistema partidário, o nascimento de novos partidos e a emergência de formas de democracia directa e solidária, ou então implode miseravelmente, deixando espaço e oportunidade a todo o tipo de aventuras populistas, incluindo regimes policiais estruturados a partir das novas tecnologias cibernéticas e biopolíticas.

Eu defendo a metamorfose do actual regime constitucional.

Defendo um presidente da república mais forte ou mesmo uma monarquia constitucional democrática. Defendo uma democracia autárquica com mais autonomia, poder e responsabilidade. Defendo a regionalização autonomista dos Açores e da Madeira, mas também das cidades-região de Lisboa e Porto. Defendo a emergência de partidos regionais e locais, além das formações partidárias nacionais. Defendo o fim dos governos civis e a diminuição drástica das burocracias. Defendo, em suma, uma democracia mais barata, mas ainda assim com mais partidos e novas formas de participação democrática no exercício da vontade colectiva.

No caso das próximas eleições autárquicas, defendo a proliferação das candidaturas independentes de cidadãos por oposição às exangues listas partidárias. Para as europeias e legislativas que se avizinham proponho tacticamente o voto activo nos pequenos partidos parlamentares (PCP-PEV, BE, CDS/PP), não por acreditar que possam governar, mas pura e simplesmente porque reforçando-os eleitoralmente se garante a inadiável desarticulação do Bloco Central que há mais de 30 anos governa este país, com os resultados de todos conhecidos. Estamos como estávamos em 1910!


OAM 573 15-04-2009 01:49

terça-feira, abril 14, 2009

Crise Global 66

GM ao fundo...


Cadillac, El Dorado, 1959.

GM readies for 'fast' bankruptcy

Micheline Maynard and Michael De La Merced, Detroit (The Age). April 14, 2009

THE US Department of the Treasury is directing General Motors to lay the groundwork for a bankruptcy filing by June 1, despite GM's contention it could still reorganise outside court.

Members of President Barack Obama's vehicle industry taskforce spent last week in talks with GM officials and its advisers. The talks are expected to continue this week.

The goal is to prepare for a fast, surgical bankruptcy, sources said at the weekend.

GM, which has been given $US13.4 billion in federal aid, insists a quick restructuring is necessary so its image and sales are not damaged permanently.

... Treasury officials are examining whether the "good GM" enters and exits bankruptcy protection in as little as two weeks, using $US5-7 billion of federal money. The rest of GM might need as much as $US70 billion in government money, and possibly more to resolve the health-care obligations and liquidation of the factories, legal experts and federal officials said.

Nenhuma economia pode consumir indefinidamente os recursos próprios e alheios, produzindo cada vez menos, exportando cada vez menos e afundando-se numa dívida externa insustentável.

Todos os esquemas especulativos que desde o colapso da cidade de Ur (Irrational exuberance, 1788 BC) e a queda Império Romano, até às bolhas especulativas engendradas por John Law na França falida que Luís XIV deixou, e pelo conde Harley de Oxford (The South Sea Bubble) numa Inglaterra abraços com dívidas insuperáveis, pretenderam esconder e adiar o empobrecimento real de um país, deram péssimo resultado. Foi assim na República de Weimar, foi assim durante a Grande Depressão (1929-1933... 1941), está a ser assim no Zimbabué e vai ser coisa muito parecida ao longo da Crise Sistémica Global iniciada em Julho de 2008 e ainda longe do fim.

O desemprego real nos Estados Unidos e na Europa (The Rise of Partime Employment), à semelhança do que ocorreu durante a Grande Depressão e nas duas últimas décadas da economia japonesa, poderá continuar a subir até 2011-2012 e manter-se em níveis explosivos (i.e. acima dos dois dígitos) até 2020! O estouro da General Motors, a que Obama acudirá com mais duas injecções multimilionárias de dívida americana, é o mais recente e simbólico aviso do que está para vir.

E por cá, como vai ser?

Para já temos um governo que decidiu copiar as velhas receitas de investimento público para disfarçar crises e criar euforias financeiras artificiais, mesmo sabendo que as principais construtoras e os principais bancos privados portugueses se encontram tecnicamente falidos.

A grande barragem conhecida por Hoover Dam, iniciada em 1931 e concluída em 1936, é um tópico a este respeito, bem como as medidas de emergência postas em prática por Roosevelt durante o desenrolar da Grande Depressão, sob influência do economista inglês John Maynard Keynes, ou ainda o Plano Marshall que se seguiu à Segunda Guerra Mundial.

José Sócrates foi aconselhado a carregar a fundo no acelerador da dívida pública, em nome da mitigação dos efeitos dramáticos da actual crise económico-financeira. Esqueceu-se, porém, de algumas limitações importantes que tornam particularmente temerária a tentativa de reeditar o receituário keynesiano:
  • estamos profundamente endividados (19ª maior dívida pública e 20ª maior dívida externa do planeta);
  • não temos máquinas nem autorização para imprimir euros à medida do nosso endividamento;
  • a dependência e intensidade energéticas da nossa economia bradam aos céus;
  • a nossa base industrial de peso foi liquidada nos últimos 30 anos de libertinagem consumista, partidocrática e corrupta — como o rotundo e escandaloso fracasso dos estaleiros navais de Viana do Castelo acaba de comprovar (1);
  • os proventos da agricultura são insuficientes;
  • as pequenas e médias empresas dependem inteiramente da saúde do resto da União Europeia;
  • os grandes investimentos estrangeiros no nosso país começam a regressar às origens ou abrem falência;
  • por fim, não estamos muito longe de perder o controlo público de empresas estratégicas como a EDP, a GALP, a ANA, as Estradas de Portugal e mesmo as Águas de Portugal, já para não falar do próprio sistema financeiro, prestes a ser engolido pelo buraco negro do endividamento especulativo a que se sujeitou e sujeitou a nossa economia em nome de populismos imbecis e para proveito passageiro de uma inacreditável nomenclatura de novos-ricos e cortesãos aparvalhados.

Se nada fizermos para travar energicamente o actual plano inclinado da nossa democracia, afunilaremos de novo em direcção à ditadura, seguramente disfarçada com as mais doutas e generosas vestes. O cinto de segurança da União Europeia deixou de funcionar e colapsará estrondosamente assim que o Tratado de Lisboa for a enterrar e, por outro lado, a globalização sofrer, como inevitavelmente sofrerá, uma paragem súbita e violenta. Viveremos então de quê? De volfrâmio? Da extraordinária colecção de "arte contemporânea" do Joe Berardo?!


NOTAS
  1. Como se explica que a arara que de vez em quando palra no ministério da defesa tenha resolvido gastar mais 500 milhões de euros do erário público assim que soubemos da rescisão das encomendas dos dois ferries por parte do governo açoriano?

    E já agora, porque não adapta a Marinha, como fizeram os espanhóis, as corvetas enviadas para a sucata sem motivo suficiente, antes de mandar construir novas embarcações de guerra num estaleiro de tão fraca fiabilidade?

    Não seria melhor começar por curar a doença que ataca os Estaleiros Navais de Viana do Castelo, antes de chegarmos à triste conclusão que os futuros navios patrulha da marinha de guerra portuguesa podem nascer tão tortos e insuficientes quanto os dois ferries rejeitados por Carlos César?

    As peripécias que envolvem os vários contratos e projectos dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo são de tal monta e gravidade que mereceriam em qualquer país decente um inquérito parlamentar, ou mesmo judicial. Mas com o disléxico procurador-geral que nos coube ultimamente e o gago ministro da justiça que tão oportunamente precisa conceitos jurídicos junto dos magistrados, os célebres boys de que falava António Guterres podem continuar sossegados, e podem continuar a destruir o país.

    Jorge Sampaio e mais não sei quem dizem querer uma "convergência de esquerda" para salvar Lisboa da vergonha (Público). Que vão para o diabo!

    Presidente dos ENVC revela passivo de entre 35 e 40 milhões
    Estaleiros colocam Atlântida à venda
    Governo rompe contrato com Estaleiros
    Açores: governo rescinde contrato com Empordef
    Marinha vai manter encomenda depois do fracasso com o barco dos Açores?
    Açores: o que disse o TC sobre o negócio dos barcos
    Barcos "afundam" debate na Assembleia


    Sobre os ditos patrulhões, divulgo opinião avisada que entretanto me chegou à caixa de correio:

    As corvetas eram — diziam — muito pesadas (deslocamento). Mas de facto, os patrulhões pesam 1600 ton. contra 1300 das actuais corvetas.

    Depois, para andar atrás dos arrastões espanhóis, as "velhas corvetas" têm uma velocidade máxima de 23 nós e os patrulhões de 20 nós.

    Depois ainda, nem foi pensado colocar um helicóptero nos patrulhões. Ou seja, estão a gastar uma pipa de massa, e um heli indispensável para salvamentos nem sequer foi considerado.

    Em termos de projecto, o conceito dos patrulhões foi exactamente o inverso das corvetas. O objectivo da operação foi claramente gastar dinheiro para viabilizar os ENVC. Mas se os custos são de pessoal, então não haveria opções mais racionais do que apostar em 2 navios claramente chumbados pela Marinha.

    Armada corta dois "patrulhões" na encomenda aos ENVC
    ENVC entregam patrulhões com um ano de atraso e fecham 2005 com prejuízos
    Estaleiros de Viana dão primeiro patrulha em Julho
    Das dificuldades e atrasos dos “Patrulhões” (NPO) da Marinha
    Características do Navio Patrulha Oceânico (NPO 2000)


OAM 572 14-04-2009 01:49 (última actualização: 14:02)

segunda-feira, abril 13, 2009

Crise Global 65

Nada de ilusões!


Elisabeth Warren apresenta o relatório de Abril do Congressional Oversight Panel (COP): "Assessing Treasury's Strategy: Six Months of TARP".

CGD: Empréstimo Obrigacionista EUR 1.250.000.000,00
Agente Pagador: Citibank, N.A.
Sindicato:
Bookrunners: Caixa BI, Dresdner Kleinwort, Morgan Stanley, Natixis e RBS
Co-Líderes: DZ Bank e Banco Espirito Santo de Investimento
(PDF)

Na véspera da Páscoa, de mansinho, para que nem o Público desse por tal, a Caixa Geral de Depósitos publicou o prospecto da dívida de mais de mil milhões de euros que vai contrair para repor os seus depauperados rácios de capital. Embora o facto fosse esperado desde Novembro de 2008 (Público), todos gostariam de saber como é que um banco cujo único accionista é o Estado e para o qual afluem milhares de milhões de euros provenientes da poupança portuguesa —e mais recentemente, dezenas de milhar de contas bancárias fechadas em bancos privados virtualmente falidos—, precisa de aumentar o grau de segurança contra riscos oriundos sobretudo de operações financeiras mal escrutinadas e nada transparentes, sobre as quais nem o Banco de Portugal, nem a CMVM, disseram até hoje fosse o que fosse. Aliás, creio que nada dirão enquanto a nomenclatura partidária da Assembleia da República continuar entretida com os seus cálculos eleitorais.

O problema com as reservas da CGD não reside nos activos não financeiros da instituição, i.e. não tem origem nos seus activos imobiliários, lucros e juros a que tem direito, nem muito menos no volume dos depósitos que os portugueses, residentes e emigrados, têm vindo a engrossar de forma fiel ao longo das décadas. Não, o problema é outro, e é grave. Os especialistas chamam-lhe Tier I capital.
A good definition of Tier I capital is that it includes equity capital and disclosed reserves, where equity capital includes instruments that can't be redeemed at the option of the holder (meaning that the owner of the shares cannot decide on his own that he wants to withdraw the money he invested and so cannot leave the bank without the risk coverage). Reserves are held by the bank, and are thus money that no one but the bank can have an influence on. (in Wikipedia)

Ou seja, tudo leva a crer que a Caixa Geral de Depósitos comprou e continua a comprar acções e veículos financeiros de duvidosa rentabilidade e retorno incerto! Creio até que parte do dinheiro que os portugueses têm vindo a retirar dos bancos zombies, depositando-o em seguida na CGD, está a regressar de forma encapotada e ilegítima aos mesmos covis financeiros de onde tem tentado escapar, pelos vistos sem êxito!

O Banco de Portugal deveria ser impedido de autorizar qualquer empréstimo obrigacionista, seja a que banco for, antes de realizar uma auditoria apropriada, divulgando publicamente as respectivas conclusões. Sobretudo depois do psicodrama encenado em Londres pelo G20, não há nenhuma justificação para tolerar a persistência da actual opacidade do sistema bancário. Pois como todos vamos começando a saber, tal falta de regras e de transparência apenas serve para alimentar os inúmeros esquemas de corrupção financeira que conduziram a economia mundial ao actual estado de colapso iminente.

O pico bolsista da semana passada, "liderado" pelo sector bancário, não reflecte mais do que o resultado episódico das gigantescas injecções de dívida pública aplicada ao sistema financeiro, cujo único efeito é voltar a atestar a carteira de quem passou as últimas duas décadas a engordar sem nada produzir, arruinando ao mesmo tempo boa parte das economias mundiais. Atrás de deflação, inflação virá...

Apesar da boa vontade de Elisabeth Warren para com o novo presidente americano, creio que o mais recente relatório vídeo da autora do decisivo estudo sobre a falência da classe média americana (The Two Income Trap — Why Middle-Class Parents Are Going Broke) aponta já, ainda que cirurgicamente, para os perigos que Barak Obama enfrenta ao ter-se deixado rodear por uma equipa de agentes descarados de Wall Street.

Vale a pena ler na íntegra, a propósito do muito que falta fazer para pôr na ordem o cripto-corrupto sistema financeiro mundial, a entrevista realizada pelo The Wall Street/ Barron's ao antigo vice-presidente do Federal Savings and Loan Insurance Corp., William Black, de que transcrevemos estas passagens reveladoras:
The current bank scandal dwarfs the 1980s savings-and-loan crisis -- and could destroy the Obama presidency.

Barron's: Just how serious is this credit crisis? What is at stake here for the American taxpayer?

William Black: Mopping up the savings-and-loan crisis cost $150 billion; this current crisis will probably cost a multiple of that. The scale of fraud is immense. This whole bank scandal makes Teapot Dome [of the 1920s] look like some kid's doll set. Unless the current administration changes course pretty drastically, the scandal will destroy Barack Obama's presidency. The Bush administration was even worse. But they are out of town. This will destroy Obama's administration, both economically and in terms of integrity.

B: Summarize the problem as best you can for Barron's readers.

WB: With most of America's biggest banks insolvent, you have, in essence, a multitrillion dollar cover-up by publicly traded entities, which amounts to felony securities fraud on a massive scale.

These firms will ultimately have to be forced into receivership, the management and boards stripped of office, title, and compensation. First there needs to be a clearing of the air -- a Pecora-style fact-finding mission conducted without fear or favor. [Ferdinand Pecora was an assistant district attorney from New York who investigated Wall Street practices in the 1930s.] Then, we need to gear up to pursue criminal cases. Two years after the market collapsed, the Federal Bureau of Investigation has one-fourth of the resources that the agency used during the savings-and-loan crisis. And the current crisis is 10 times as large.

There need to be major task forces set up, like there were in the thrift crisis. Right now, things don't look good. We are using taxpayer money via AIG to secretly bail out European banks like Société Générale, Deutsche Bank, and UBS -- and even our own Goldman Sachs. To me, the single most obscene act of this scandal has been providing billions in taxpayer money via AIG to secretly bail out UBS in Switzerland, while we were simultaneously prosecuting the bank for tax fraud. The second most obscene: Goldman receiving almost $13 billion in AIG counterparty payments after advising Geithner, president of the New York Fed, and then-Treasury Secretary Henry Paulson, former Goldman Sachs honcho, on the AIG government takeover -- and also receiving government bailout loans.

B: So you are saying Democrats as well as Republicans share the blame? No one can claim the high ground?

WB: We have failed bankers giving advice to failed regulators on how to deal with failed assets. How can it result in anything but failure? If they are going to get any truthful investigation, the Democrats picked the wrong financial team. Tim Geithner, the current Secretary of the Treasury, and Larry Summers, chairman of the National Economic Council, were important architects of the problems. Geithner especially represents a failed regulator, having presided over the bailouts of major New York banks.

B: You say the evidence of a breakdown in the regulatory structure comes from the fact that America avoided an earlier subprime crisis in the 1990s.

WB: Exactly. Why had no one heard of the subprime crisis back in 1991? Because America's regulators also faced down the crisis early. The same thing happened with bad credits being securitized in the secondary market. Remember the low-doc or no-doc mortgages done by Citibank? Well, the problem didn't spread -- because regulators intervened.

Obama, who is doing so well in so many other arenas, appears to be slipping because he trusts Democrats high in the party structure too much.

These Democrats want to maintain America's pre-eminence in global financial capitalism at any cost. They remain wedded to the bad idea of bigness, the so-called financial supermarket -- one-stop shopping for all customers -- that has allowed the American financial system to paper the world with subprime debt. Even the managers of these worldwide financial conglomerates testify that they have become so sprawling as to be unmanageable.

B: What needs to be done?

WB: Well, these international behemoths need to be broken down into smaller units that can be managed effectively. Maybe they can be broken up the way that the Standard Oil split up back in the early 1900s, through a simple share spinoff.

The big problem for the last decade is that we have had too much capacity in the finance sector -- too many banks have represented a drain on our talent and resources. All these mergers haven't taken capacity out of the system. They have created even bigger banks that concentrate risk to the taxpayer, and put off dealing with problems.

And a new seriousness must be put into regulation. We don't necessarily need new rules. We just need folks who can enforce the ones already on the books. — in "The Lessons of the Savings & Loan Crisis," Barron/ WSJ (April 12, 2009)


OAM 571 13-04-2009 01:10 (última actualização: 10:51)

quarta-feira, abril 08, 2009

Democracia Directa

Sócrates, o Craxi lusitano?
Queixa-crime sobre o Recadogate
Terça-feira, 7 de Abril de 2009 — O Movimento para a Democracia Directa - DD apresentou hoje, 7-4-2009, conforme noticiou a TVI no seu Jornal Nacional das 20 horas de hoje (ver além do vídeo, a notícia em texto no sítio da TVI24), uma queixa-crime na Procuradoria-Geral da República para apuramento de eventuais responsabilidades criminais do primeiro-ministro José Sócrates, do ministro da Justiça, dr. Alberto Costa, e do procurador-geral adjunto presidente do Eurojust, dr. Lopes da Mota, relativamente a alegadas pressões, alegadamente exercidas através do procurador Lopes da Mota, sobre os procuradores titulares do inquérito ao Freeport, dr. Vítor Magalhães e dr. Paes Faria, para o arquivamento do processo. A serem confirmados os graves factos denunciados, os alegados comportamentos destes dirigentes, tidos no exercício das suas funções, e noticiados nos media, podem constituir a prática dos crimes de coacção agravada, tráfico de influências, favorecimento pessoal, denegação de justiça, prevaricação e abuso de poderes. Como fundamento da queixa estão as notícias, publicadas nas ultimas semanas em diversos media - CM, Sol, DN, Público, IOL Diário, 24 Horas, TVI, JN e outros -, de alegadas pressões, exercidas para o arquivamento do processo Freeport, sobre os magistrados titulares do processo Freeport.

O princípio 7.º da Declaração de Princípios do Movimento para a Democracia Directa - DD estipula a defesa da "real separação dos poderes legislativo, executivo e judicial". As notícias de alegadas pressões sobre os magistrados titulares de um inquérito, onde o primeiro-ministro é referido por alegada corrupção, para o seu arquivamento rápido, não pode ser ignorada, nem as autoridades fingirem que não existem ou não têm relevo, nem os cargos e o Governo ficarem debaixo dessa suspeita. Portanto, importa ser consequente com os princípios defendidos e suscitar a investigação do caso pelo Ministério Público.

Aberto necessariamente um inquérito pelo Ministério Público, se nenhuma das denúncias dos procuradores for confirmada, ficam os governantes e dirigentes políticos livres da suspeita pública; se for apurado algum comportamento indevido, devem responder por isso. Em qualquer caso, o Movimento contribui para o esclarecimento da verdade e para o reforço da dignidade do Estado.

De qualquer modo, à parte o eventual relevo criminal, está em causa, por acção e omissão, o regular funcionamento das instituições democráticas. É responsabilidade indeclinável dos cidadãos contribuir para a protecção da democracia de qualquer tentação ditatorial. Os cidadãos não devem ter medo. — in Do Portugal Profundo.

Quando nada fazia prever, a votação do Partido Socialista Italiano em Milão nas eleições municipais e provinciais de 1993 passou de 20% para 2%. Nas eleições gerais seguintes, em 1994, o PSI desceu dos 13,6% obtidos em 1992 para 2,2%. Após dois anos de penosa agonia, a 13 de Novembro de 1994, o PSI viria a desaparecer, 102 anos depois da sua constituição.

O Partido Socialista fundado por Mário Soares e Salgado Zenha, entretanto tomado de assalto por uma tríade de piratas neoliberais, sobre tudo o que diga respeito a corrupção e financiamento partidário ilegal optou por seguir a recomendação que usualmente se dá aos maridos infiéis: negar, negar sempre!

Acredita que a pose de avestruz e a traição aos princípios ideológicos e éticos constitutivos dum partido democrático o safará do destino inglório do Partido Socialista Italiano e do já desaparecido Bettino Craxi.

A arrufo de Manuel Alegre não passou disso mesmo, como se também ele tivesse telhados de vidro e optasse em conformidade por regressar ao pântano em que, tudo leva a crer, se transformou o PS.

A passividade hipocritamente legalista dos partidos com assento na Assembleia da República (PS, PSD, PCP-PEV, BE, PP), contrasta escandalosamente com o sequestro ad ominem do antigo presidente do Banco Português de Negócios (BPN), ao mesmo tempo que os dinheiros da Caixa Geral de Depósitos (CGD) continuam a escorrer para o sector financeiro, caindo nomeadamente nos bolsos sem fundo do BPN, do Banco Millennium BCP (BCP) e do Banco Espírito Santo (BES). A CGD voltou a fazer mais um aumento extraordinário de capital de mil milhões de euros. Fê-lo em surdina. Algum parlamentar perguntou porquê?

A impotência de Manuela Ferreira Leite e o medo de Cavaco Silva face aos processos Dias Loureiro (1), privatização da ANA (2) e aeroporto de Alcochete (3), contribuem enfim para a legítima suposição pública de se estar perante a metamorfose consumada do sistema partidário português numa teia de corrupção e medo em tudo semelhante àquela que levou ao colapso da esquerda italiana e à ascensão fulgurante de Silvio Berlusconi ao poder, e em geral vem estimulando a mais recente onda populista europeia. Para quem quiser saber mais sobre o fenómeno recomendo vivamente o livro Twenty-First Century Populism - The Spectre of Western European Democracy, editado por Daniele Albertazzi e Duncan McDonnell.

A cisão atempada dos dois maiores partidos portugueses, como insistentemente sugeri, teria porventura evitado a situação de bloqueio institucional em que a democracia portuguesa se encontra.

Por oportunismo e cobardia todos preferiram ficar nas alcovas mornas da protecção partidária. Grande erro! Perecerão da vossa incorrigível tacanhez política!!

O incidente em volta do apoio oficial do PS a Durão Barroso, contrariando abruptamente o que Mário Soares e o estalinista converso Vital Moreira julgavam natural —i.e. apoiar um socialista à presidência da Comissão Europeia— não fez mais do que escancarar os jogos sombrios que vêm sendo disputados nos pequenos-almoços da diplomacia euro-americana.

Durão Barroso prometeu apoiar, por baixo da mesa, a candidatura de Tony Blair ao cargo de futuro presidente da União Europeia. Blair, através de Gordon Brown, decidiu apoiar a reeleição de Barroso para um segundo mandato à frente da actual Comissão Europeia. Blair, Brown e Barroso decidiram, por fim, apertar o nosso Pinóquio com o objectivo de garantir o apoio do PS e do governo português à colocação destes dois agentes especiais da diplomacia americana aos comandos da Europa. Estou convencido de que esta é a causa imediata da fogueira que ameaça assar José Sócrates se este demorar demasiado tempo a colocar no cepo da aliança anglo-americana a autonomia política da democracia portuguesa. Saiba-se o que levou a Carlyle ao gabinete de José Sócrates e tudo será finalmente esclarecido.

O recém criado movimento Democracia Directa (4) é o primeiro sinal sério de que os países tem horror ao vazio. Apesar das subidas previsíveis dos partidos à esquerda do PS (sobretudo do PCP), há um receio crescente de estarmos a caminhar para o colapso do actual regime democrático. O PS já perdeu a maioria absoluta. Resta saber por quanto. Há quem diga que a demissão antecipada de Sócrates poderia evitar o colapso irremediável do Partido Socialista que se seguiria caso houvesse uma sucessão de pesadas derrotas nas três eleições que se avizinham.

As crescentes suspeitas públicas de que o sistema partidário português está fatalmente contaminado pelo vírus da corrupção, associadas ao inevitável agravamento da actual crise sistémica do Capitalismo, poderão mesmo lançar Portugal num ciclo de instabilidade governamental ameaçador de tudo o que foi adquirido após a queda da ditadura.

Acreditar que a União Europeia é um cinto de segurança infalível que impedirá a progressão das tentações autoritárias no nosso país, não passa infelizmente de uma ingenuidade perigosa. Na realidade, o Tratado de Lisboa vai a caminho do lixo, e se a campanha militar dos aliados ocidentais no Afeganistão der para o torto, como previsivelmente dará, teremos uma vez mais a Europa dividida, possivelmente entregue ao recrudescimento dos egoísmos nacionais, abrindo por esta via o caminho ao protagonismo que a América jamais deixará de querer manter no velho continente.

Obama revela porventura boas intenções, mas quem manda nos Estados Unidos não é ele. Blair, Brown e Barroso tem um Plano A e um Plano B. No primeiro, o Tratado de Lisboa não passa, e a América mantém o seu pé pesado na Europa. No segundo plano, o Tratado de Lisboa ou um seu sucedâneo acaba por passar, e Berlim, traída pelo garnisé de Paris, vê-se ultrapassada pela conspiração actualmente em curso para colocar na presidência da Europa o ex-primeiro ministro de um país que não aceitou até hoje o euro e continua a demonstrar um profundo atavismo face ao continente europeu.

Tony Blair, o poodle do Council of Foreign Relations, do Clube de Bilderberg, da CIA e do Pentágono, prepara-se para comprometer o futuro da Europa. Sócrates poderá ser uma das vítimas que ficarão pelo caminho. Se não tiver juízo, claro!


NOTAS
  1. Foi o BPN, através de Dias Loureiro, um dos principais apoiantes financeiros da candidatura presidencial de Cavaco Silva? Gostaria de saber.

  2. Estará Cavaco Silva decidido a travar a conversão do actual monopólio estatal de administração de aeroportos e navegação aérea (ANA) por um monopólio privado que amanhã cairá inevitavelmente nas mãos nacionalistas de espanhóis, angolanos ou chineses?

  3. A profundidade e o significado da crise financeira e económica actual alterou fundamentalmente todos os principais parâmetros e previsões que em teoria poderiam justificar a ambição patética de criar um grande hub aeroportuário em Portugal. O aeromoscas de Beja, conjecturado pelo boy do PS Augusto Mateus, é a prova provada da imbecilidade e irresponsabilidade criminosas que acometem frequentemente o Bloco Central do Betão, que por sua vez estimula há muito a falta de vergonha e impunidade do Bloco Central da Corrupção. O esquema das grandes obras públicas actualmente em marcha, por via das famigeradas Parcerias Público Privadas, é o maior e mais perigoso conluio mafioso que ameaça hipotecar o país durante os próximos 100 anos!

  4. "Declaração de Princípios do Movimento para a Democracia Directa - DD

    Tendo em conta a degenerescência irreparável da democracia representativa para uma oligarquia de representantes, só aproximando os cidadãos da escolha e decisão políticas será possível desenvolver continuamente em Portugal os valores da Democracia, do Estado de Direito, da Liberdade e da Dignidade Humana. Assim, os membros concordam com a afirmação e a promoção de um Movimento para a Democracia Directa.

    1. O Movimento para a Democracia Directa defende eleições primárias dentro dos partidos para a escolha dos candidatos a cargos electivos do Estado e autarquias, bem como eleições directas nos partidos para os cargos dirigentes das suas estruturas nacionais, regionais e locais, sempre dentro de regras legais de estrita democraticidade interna dos partidos.

    2. O Movimento para a Democracia Directa pugna pela total clareza do financiamento partidário e eleitoral, fiscalizado por entidade judicial, com sanções penais e de perda de mandato para os casos de incumprimento;

    3. O Movimento para a Democracia Directa defende, como forma de transparência do sistema político, o escrutínio e prestação de contas, mormente através da audição parlamentar obrigatória de todos os escolhidos para cargos governamentais e para cargos dirigentes de nomeação do Governo e da Assembleia da República;

    4. O Movimento para a Democracia Directa considera fundamental a responsabilização pessoal dos eleitos, designadamente a consagração da convocação popular de eleições (recall), a suspensão do mandato de titulares de cargos políticos acusados de crimes de relevo e a supressão da imunidade por factos estranhos ao mandato político;

    5. O Movimento para a Democracia Directa considera indispensável para o bom funcionamento das instituições democráticas a obrigatoriedade de registo dos interesses dos candidatos a cargos políticos, de nomeação política, partidários, magistrados e altos cargos da administração pública (nomeadamente a sua pertença a organizações secretas), além da apresentação obrigatória da declaração de rendimentos e patrimonial, com perda automática de mandato, ou demissão, por incumprimento ou falsas declarações;

    6. Para o Movimento para a Democracia Directa afigura-se necessária à aproximação entre representantes e representados a adopção de um sistema eleitoral misto nas eleições para a Assembleia da República, com circunscrições de eleição uninominal e um círculo eleitoral nacional que garanta uma representação parlamentar de tendências minoritárias;

    7. O Movimento para a Democracia Directa defende uma real separação dos poderes legislativo, executivo e judicial, nomeadamente um verdadeiro auto-governo das magistraturas através de Conselhos Superiores sem representantes de nomeação política;

    8. O Movimento para a Democracia Directa defende a possibilidade de apresentação de candidaturas independentes a todos os órgãos políticos electivos, incluindo a Assembleia da República, facilitando o procedimento de formalização;

    9. Para o Movimento para a Democracia Directa são imprescindíveis a simplificação do direito de iniciativa popular de apresentação de propostas legislativas sobre quaisquer matérias, o direito de queixa constitucional (recurso de amparo) e o aproveitamento de actos eleitorais para consultas populares, numa plena utilização das virtualidades do referendo como meio normal de decisão política, designadamente em matéria de revisão constitucional."

    Quem esteja interessado em aderir ao Movimento Para a Democracia Directa, mas não se possa deslocar à sua reunião de fundação em Alcobaça, neste sábado, poderá fazê-lo posteriormente, escrevendo para democraciadirecta.portugal{arroba}gmail.com.

    Vá lá: mexa-se! O país precisa de si!"


OAM 570 08-04-2009 14:05

sexta-feira, abril 03, 2009

Portugal 96

Que venha o rei!

Se o actual presidente da república se confessa impotente para atalhar casos de corrupção no seu quintal e os três presidentes que o antecederam hesitam em dar sinais de preocupação pela manutenção em funções de um primeiro ministro protagonizado por uma personagem sobre a qual se acumulam suspeições públicas documentadas de corrupção, então talvez os monárquicos tenham razão e esteja na hora de referendar o regresso à monarquia — uma monarquia constitucional e democrática, claro, como sucede em 12 estados europeus.

Eu não sou doido. Se ler esta nota até ao fim perceberá porquê.

Nenhum país pode endividar-se continuamente por largos períodos sem ver o regime que permite e fomenta tal endividamento colapsar ou ser fortemente abalado por convulsões, guerras civis e revoluções. Há quem diga que 50 anos de bloqueio estratégico, endividamento compulsivo, irresponsabilidade e corrupção são suficientes para deitar abaixo qualquer regime político, por mais democrático que seja.

A transferência da hegemonia económica mundial da Europa para a Ásia tem sobretudo que ver com este fenómeno. A deterioração crescente dos termos de troca entre os Estados Unidos e o resto do mundo, sobretudo Ásia e Médio Oriente, acentua-se de forma irremediável a partir do início da década de 1970, daqui resultando a previsão de o poder imperial ainda residente em Washington ter começado ontem formalmente a sua deslocação acelerada em direcção a Pequim, onde deverá chegar antes de 2020.

Vejamos o caso português. A queda da monarquia deu-se na sequência de uma crise agrícola interna muito grande e prolongada, provocada por vários factores conjugados: fim da protecção britânica à importação de vinhos portugueses; pragas do oídio e da filoxera (1852, 1867); e ainda a estagnação internacional do mercado do vinho.

Esta crise levou centenas de milhar de portugueses a emigrar para o Brasil: 332 312, entre 1856-1900; 754 147, de 1900 a 1930, decaindo depois abruptamente: 148 699 entre 1931 e 1950... (in Wikipedia).

Esta emigração que, como se vê, cresceu brutalmente com a crise do vinho, e mais ainda durante a primeira república, funcionou como uma verdadeira exportação de mão de obra, na medida em que a maioria dos novos "brasileiros" enviava dinheiro para Portugal. No entanto, a implantação da república no Brasil (1890-1907) quase destruiu a moeda brasileira que os portugueses emigrados enviavam para as suas aldeias via Londres, daí resultando a desvalorização da própria moeda portuguesa e o consequente agravamento da nossa balança de pagamentos (1).

Resumindo e concluindo, o endividamento português induzido pelo abandono dos campos e pela deterioração da moeda conduziu à queda sucessiva da monarquia e da primeira república. O que a ditadura basicamente fez depois foi poupar e recompor as reservas do país, permitindo um primeiro período longo de recuperação (1931-1960), e depois uma verdadeira expansão económica (1961-1974), em grande medida potenciada pela guerra colonial e pelas receitas da nova emigração para a França e Alemanha. A ditadura caiu, ironicamente, em plena fase de expansão económica, por causa de uma guerra injusta, condenada a ser perdida, e porque o desenvolvimento económico e intelectual do país já não suportavam o colete da ditadura, mesmo amaciada durante o consulado de Marcelo Caetano.

O monarquia tombou porque não resistiu a 58 anos seguidos de sub-produção e endividamento. A primeira república colapsou porque não soube inverter este ciclo negativo e o agravou. O regime de 48 anos de ditadura republicana morreu do seu próprio êxito económico e por óbvias causas políticas. E agora?

Desde 1974, apesar da liberdade e democracia que temos, Portugal tem vindo a recair no ciclo negro da desertificação dos campos, da destruição da sua infraestrutura industrial, do desemprego, do endividamento excessivo e de uma nova e entranhada corrupção do Estado. Já lá vão 35 anos. Pelas minhas estimativas, este ciclo negativo não deverá durar mais quinze anos. 2024 é, como muito, o limite a partir do qual ocorrerá o colapso do actual regime.

É pois necessário agir já, se quisermos evitar o catastrófico cenário desenhado. Sem hesitação, nem complacências. Mas para isso precisamos, ao menos, que o poder supostamente moderador da presidência da república funcione! Ora não tem dado mostras de funcionar. Cavaco parece um pau e os presidentes que o antecederam estão resignados às suas próprias culpas no cartório.

Se assim é, talvez tenha chegado a hora de repensar a república e de levá-la a referendo.

Ao senhor Duarte de Bragança faço uma recomendação séria: esteja caladinho e prepare os seus filhos com a mais esmerada educação possível. Pode vir a ser necessário!


NOTAS

  1. Então tudo o que se passava no Brasil tinha reflexos imediatos no valor da moeda face á libra. Isto foi verdade na guerra do Paraguai (1868-71) e particularmente grave na implantação da republica do Brasil (1890-1907).

    A desvalorização da moeda face ao exterior provocava o imediato aumento da Dívida Pública, e de facto o crescente endividamento que se verifica desde 1890 não advém de um endividamento real, mas do menor valor da moeda.

    Na altura todos queriam ver culpados no Fontes ou numa conspiração inglesa. Foi num estudo de 1915 ( "O Ágio", Salazar) por um académico de nome Oliveira Salazar, que se provou o que já era sugerido por alguns... Foi o câmbio da moeda brasileira que determinou o câmbio da moeda nacional até 1907.

    Tudo estava bem se tudo estivesse bem no Brasil (e Dom Carlos sabia-o), mas desde Novembro de 1889, com o fim da monarquia no Brasil que este país descambou num Carnaval de golpes de Estado, sendo que em 1891 já as praças internacionais previam a bancarrota, com o cambio da moeda portuguesa a cair 25% e as transferências do Brasil a passarem de 4355 contos (1888) para 800 contos em 1891, uma queda de 80%. — in 1ª república e economia, Ricardo Gomes da Silva, SomosPortugueses.com.


OAM 569 03-04-2009 19:25

quinta-feira, abril 02, 2009

Portugal 95

O submundo da banca e da política

O mesmo dinheiro que os depositantes retiram do Millennium BCP, do BPN e do pseudo Banco Privado, por óbvios motivos de precaução, tem vindo a regressar àqueles mesmos covis pela mão do Estado!


"A situação de liquidez do BPN atingiu valores absolutamente insustentáveis a curto prazo"

Jornal de Negócios com Lusa — A administração do Banco Português de Negócios (BPN) está preocupada com a dimensão das saídas de depósitos da instituição e admite que a liquidez do banco atingiu valores insustentáveis a curto prazo.

... Numa carta interna dirigida às redes comerciais de retalho e de empresas do BPN, à qual a agência Lusa teve acesso, Jorge Pessoa, administrador do banco recentemente nacionalizado, começa por dizer aos colaboradores que "a situação de liquidez do banco atingiu valores absolutamente inimagináveis e insustentáveis a curto prazo".

"A saída diária de depósitos, em valores que chegam a atingir as dezenas e mesmo as centenas de milhões de euros, sem a necessária e vital compensação, pela via da captação de novos depósitos, está a conduzir a instituição para uma situação muito delicada e de extrema gravidade", escreveu o administrador, acrescentando que o cenário descrito "compromete seriamente o futuro do banco".

Uma das ilusões democráticas mais renitentes, nomeadamente em Portugal, é a de que as decisões que realmente fazem mover as carruagens dos países são obra dos governos e se decidem nos parlamentos, entre jogos de retórica mais ou menos inflamados.

A verdade, porém, é que o essencial da política contemporânea, por mais democrática que aparente ser, tem lugar em requintados restaurantes longe dos olhares públicos, ou em clubes de decisão exclusivos, se não mesmo secretos. As cerimónias oficiais, de que as actividades parlamentares, as reuniões ministeriais e a propaganda mediática em geral são os principais instrumentos, não fazem mais do que tratar do acessório, fazendo ao mesmo tempo passar discretamente o essencial sob a forma de decretos-lei regulamentares, portarias e múltiplos vazios legais, sem a menor suspeição de quem aprova.

Ou seja, a democracia domesticada actual é cada vez mais a cobertura doce, festiva e cara de uma inatacável e discreta plutocracia dominante, de que o sistema financeiro é a principal alavanca.

Higiene dentária

Conto a propósito uma anedota verdadeira que me foi transmitida por um familiar farmacêutico já desaparecido.

Corria o tempo da ditadura (1926-1974). Um dos problemas que preocupava em meados da década de 60 um dos ministros de Salazar era o das estatísticas desfavoráveis sobre a higiene oral dos portugueses. Segundo os números recolhidos pela indústria, que logo alimentavam estatísticas internacionais nada abonatórias do regime, os portugueses lavavam pouco os dentes depois das refeições. Claro que a indústria farmacêutica tinha outro problema: não vendia o suficiente. As multinacionais que por essa altura tinham já desembarcado em Portugal — com grande destaque para a célebre Colgate-Palmolive — andavam preocupadas. A publicidade começara por dar bons resultados, mas a quantidade de produto vendido, com base na qual se construíam as estatísticas de consumo, aumentava apesar de tudo devagar.

O governo de Salazar ambicionava outra ideia da higiene oral lusitana, e os fabricantes de pasta dentrífica queriam aumentar as vendas. Hummmm! Caso bicudo. Que fazer? Será que um decreto-lei de São Bento poderia ajudar? Mais anúncios como aqueles famosos spots da Pasta Medicinal Couto, chegariam? A ditadura era para coisas sérias, e não para forçar os portugueses a lavar os dentes. Os custos de publicidade, por sua vez, têm limites e não podem comprometer as margens de lucro. E se fosse hoje, que saída lhe poderia dar a nossa democracia parlamentar? Serviria a ASAE para alguma coisa num aperto destes? Creio que não, pelo menos directamente.

A solução acabaria por ocorrer a um jovem engenheiro químico, no laboratório de análises de um dos fabricantes do hoje indispensável sabão para os dentes.

O laboratório andava há um ano atrás da fórmula para aumentar o consumo da pasta dentrífica. O ângulo de abordagem fora o da melhoria do sabor e aspecto da pasta que escorria dos tubos de chumbo. Os resultados obtidos junto dos consumidores-teste foram porém decepcionantes. O tempo escorria e tardava uma ideia luminosa. Até que um belo dia alguém perguntou: e se alargássemos o buraco de saída da pasta? A história nunca se tornou pública, mas a verdade é que Salazar e os fabricantes da Colgate e da Couto ficaram muito satisfeitos!

Formatação cognitiva

Mais recentemente, alguém deu à actual ministra da educação uma solução parecida para resolver o problema das más estatísticas portuguesas no campo educativo. Se se alargar os buracos de saída em cada compartimento do ciclo educativo, haverá mais gente a passar do primário para o secundário, e deste para o universitário. Juntando estas aberturas ao esquema de Bolonha, e refreando o poder excessivo dos professores através do recurso à uniformização dos métodos de avaliação, nomeadamente pelo uso generalizado de testes de escolha múltipla —os famosos testes americanos —, em vez de exames à memória e ao raciocínio pela via dos interrogatórios de catedra, Portugal verá finalmente evoluir os níveis da educação prestada aos cidadãos, tal como outrora acabara por ver evoluir a qualidade da sua higiene oral.

Claro que este estratagema pode conduzir ao rebaixamento dos níveis cognitivos, culturais e cívicos dos formandos. Mas para corrigir este desconforto é que servem os rankings das escolas e universidades e a própria percepção crescente por parte das novas gerações de que a falta de emprego e o emprego precário são os seus destinos naturais à luz das novas sociedades tecnológicas. O acesso ao trabalho será sempre escasso e temporário no futuro, ou seja, muito competitivo. Ao contrário do que sucedeu às gerações dos nossos pais e avós, o ensino superior que Bolonha inaugurou é apenas um limbo de massificação e uniformidade da espécie urbana. Há, porém, que salvar as estatísticas, enquanto o problema da formação das massas não for radicalmente revisto à luz dos constrangimentos provocados pela robotização, nanoficação, biopolitização e digitalização de todos os processos produtivos. Ainda não foi encontrada a fórmula. Mas, como no caso da higiene dentária, não será a retórica democrática a descobri-la.

Obras públicas

Outro tema cuja problematização adequada tem vindo a escapar ao olhar democrático, e portanto aos jogos florais da Assembleia da República, é o das grandes obras públicas.

Os políticos e os média envolveram-nos numa miríade de pequenas discussões, certamente importantes do ponto de vista técnico, mas irrelevantes para o que verdadeiramente as move.

As autoestradas que aí vêm, a nova travessia rodo-ferroviária do Tejo, a rede de Alta Velocidade e a putativa cidade aeroportuária que o génio do aeromoscas de Beja quer repetir em Alcochete, são irracionais, seja tendo em conta a calamidade económico-financeira mundial actual — que não terminará antes de 2012, podendo até agravar-se exponencialmente até lá! —, seja avaliando os insustentáveis níveis de endividamento público e privado do país, seja tendo em vista a manifesta falta de qualidade técnica e de rentabilidade expectável das soluções, seja ainda porque as alterações inevitáveis dos actuais paradigmas energéticos e de comportamento ambiental irão obrigar a mudar de vez os mesmíssimos pressupostos caducos que politicamente têm vindo a ser esgrimidos como justificação dos vultuosos investimentos anunciados. E no entanto, como temos visto, o governo acelera que nem uma quadrilha desembestada em direcção às obras, atropelando tudo e todos. Sem o dizer nem admitir, aquilo que o governo quer são contratos assinados tão rapidamente quanto possível. E porquê?

Pelo mesmo motivo que Gordon Brown e Barak Obama querem grandes programas de investimento. Ou seja, para justificar uma gigantesca inflação monetária capaz de apagar o fogo das dívidas com o papel recém saído das tipografias do dólar e do euro. Claro que esta saída airosa não irá dar bom resultado, e em seu lugar poderemos ter um desastre entre Weimar e o Zimbabué. A menos que sejam a China e o Japão a inundar os mercados de liquidez. Mas aí, a factura que os Estados Unidos e a Europa irão pagar por semelhante imprudência é a antecipação precipitada da supremacia asiática. A China espera alcançar este estatuto lá para 2020, ou 2030. Obrigá-la a antecipar o plano parece-me uma ideia perigosa. Seja como for, uma qualquer espécie de Tratado de Tordesilhas terá que acontecer em breve.

As dívidas queimam, ó se queimam! No caso português, como em muito outros países, o risco é mesmo o de uma paragem cardíaca, com o Estado sem verbas para pagar aos funcionários públicos (forças armadas e policiais incluídas) e a consequente insolvência. Estamos de facto numa situação catastrófica do ponto de vista financeiro, muito semelhante à que antecedeu a queda da primeira República. Aliás, com uma agravante: sem colónia alguma que nos valha!

Desta vez, o que acontece por baixo da espuma mediática da política é pura e simplesmente a capitulação antecipada de parte importante do nosso PIB, e sobretudo do nosso Rendimento Nacional, sob a forma de uma gigantesca alienação de receitas de longo prazo (embrulhadas nas deploráveis parcerias público privadas a 50, 75 e mais anos), em troca de empréstimos urgentes, destinados a aliviar temporariamente os efeitos imediatamente nefastos do endividamento imprudente do país.

Se virmos bem, não parece haver outra forma de atrair liquidez a Portugal. E como é evidente, não se pode falar destas coisas em público!

Esponjas banqueiras

Vejamos, por último, o caso da actual crise financeira e o modo como tem sido gerida, por exemplo, nos casos do BCP, BPN e Caixa Geral de Depósitos.

Sabe-se que dezenas de milhar de contas, quer no BCP, quer no BPN, têm sido fechadas pelos respectivos clientes, descontentes e assustados com os escândalos e prováveis falências dos bancos a quem confiaram os seus depósitos. Sabe-se também que a Caixa Geral de Depósitos tem sido a grande beneficiária desta situação, na medida em que boa parte dos clientes que tem abandonado o BCP e o BPN, já para não falar do pseudo Banco Privado, vem confiando o depósito das suas poupanças, dos seus salários e dos seus lucros, à Caixa Geral de Depósitos. Normalmente, uma tal situação, que a notícia sobre o BPN acima transcrita bem evidencia, conduziria rapidamente à falência dos ditos bancos, cujas cotações no caso do BCP não param de cair. No entanto, que vemos?

Por um lado, vemos uma pessoa idosa e doente —o antigo presidente do BPN—, em prisão preventiva há meses, como se a cratera do BPN não devesse já ter arrastado para o calabouço mais suspeitos da prática de crimes económicos. Vemos o Estado entrar pelo BPN dentro, sob o disfarce de uma nacionalização de emergência, calando-se depois muito caladinho sobre tudo o que encontrou e sobre o futuro do banco. Vemos ainda a Caixa Geral de Depósitos a renegociar créditos atribuídos sem controlo à especulação financeira, em condições altamente discutíveis. Supomos mesmo que a CGD tem vindo a comprar acções do Millennium BCP sempre que este cai aos trambolhões da Bolsa abaixo. Por fim, a Caixa terá já injectado quantias astronómicas de euros no BPN, sem que se saiba exactamente para quê.

Resumindo, o mesmo dinheiro que os depositantes retiram, por óbvios motivos de precaução, do Millennium BCP, do BPN e do gestor de fortunas chamado Banco Privado, tem vindo a regressar àqueles mesmos covis pela mão do Estado! Se tudo isto se faz com falta de transparência, nas barbas do parlamento, do governo e do presidente da república, é porque a teoria de que o essencial escapa à democracia tem pernas para andar!

Vejamos apenas este caso: Joe Berardo pediu centenas de milhões de euros à Caixa Geral de Depósitos para comprar acções do Millennium BCP. Parte do dinheiro usado na compra das ditas acções foi emprestado pela Caixa Geral de Depósitos, e a liquidação do correspondente empréstimo deveria ter ocorrido há alguns meses atrás. No entanto, isso não aconteceu. Ao invés, a Caixa aceitou renegociar em termos altamente vantajosos para o milionário o prolongamento por mais cinco anos dos créditos vencidos, ao que se sabe sem juros, ou pagando juros insignificantes. Independentemente de se avaliar publicamente a qualidade dos colaterais dados em garantia pelo novo empréstimo, a verdade é esta: Berardo dispõe, por mais cinco anos, de umas centenas de milhões de euros à sua inteira disposição, que poderá aplicar em negócios rentáveis, pagando 0% de juros ao banco que aceitou renegociar a dívida neste termos. Se isto não é uma forma de alimentar com dinheiro público o gosto pelo risco de quem há muito se encontra na primeira linha do tipo de especulação que conduziu à actual crise mundial, então não sei o que é.

No meio da tormenta o ruído das baratas pode tornar-se ensurdecedor. As formigas há muito que foram expulsas da mesa de migalhas. Sobram tão só intenções piedosas que na realidade são demagogia fina e nada mais. Os especuladores, esses, não param de conspirar. E agora mais do que nunca.

O governo de Obama está a enviar milhares de milhões de dólares para a falida AIG, mas o dinheiro que lá chega, extorquido aos bolsos do contribuinte americano, está afinal a ser usado para gerar lucros súbitos e extraordinários à mesma banca sombria (nomeadamente o famigerado Goldman Sachs) que irresponsavelmente causou o actual colapso económico-financeiro mundial.

O extracto do artigo que se segue é um lancinante alarme para o que nos espera. Na realidade, caminhamos para uma revolução social sem precedentes.

AIG Was Responsible For The Banks' January & February Profitability
Posted by Tyler Durden at 6:35 PM — Zero Hedge.

Zero Hedge is rarely speechless, but after receiving this email from a correlation desk trader, we simply had to hold a moment of silence for the phenomenal scam that continues unabated in the financial markets, and now has the full oversight and blessing of the U.S. government, which in turns keeps on duping U.S. taxpayers into believing everything is good.

... AIG, knowing it would need to ask for much more capital from the Treasury imminently, decided to throw in the towel, and gifted major bank counter-parties with trades which were egregiously profitable to the banks, and even more egregiously money losing to the U.S. taxpayers, who had to dump more and more cash into AIG, without having the U.S. Treasury Secretary Tim Geithner disclose the real extent of this, for lack of a better word, fraudulent scam.

In simple terms think of it as an auto dealer, which knows that U.S. taxpayers will provide for an infinite amount of money to fund its ongoing sales of horrendous vehicles (think Pontiac Azteks): the company decides to sell all the cars currently in contract, to lessors at far below the amortized market value, thereby generating huge profits for these lessors, as these turn around and sell the cars at a major profit, funded exclusively by U.S. taxpayers (readers should feel free to provide more gripping allegories).

What this all means is that the statements by major banks, i.e. JPM, Citi, and BofA, regarding abnormal profitability in January and February were true, however these profits were a) one-time in nature due to wholesale unwinds of AIG portfolios, b) entirely at the expense of AIG, and thus taxpayers, c) executed with Tim Geithner's (and thus the administration's) full knowledge and intent, d) were basically a transfer of money from taxpayers to banks (in yet another form) using AIG as an intermediary.

For banks to proclaim their profitability in January and February is about as close to criminal hypocrisy as is possible. And again, the taxpayers fund this "one time profit", which causes a market rally, thus allowing the banks to promptly turn around and start selling more expensive equity (soon coming to a prospectus near you), also funded by taxpayers' money flows into the market. If the administration is truly aware of all these events (and if Zero Hedge knows about it, it is safe to say Tim Geithner also got the memo), then the potential fallout would be staggering once this information makes the light of day.


OAM 568 02-04-2009 19:25 (última actualização: 03-04-2009 02:04)

quarta-feira, abril 01, 2009

G20-London 3

Change, please
A esperança de Obama por terra. Uma moedinha por favor!

Um embuste anglo-americano
Obama não resiste à rainha, nem aos banqueiros!

A reunião do G20 fracassou em quatro frentes essenciais:
  1. Na frente monetária: a hegemonia do falido dólar americano e a sobrevalorização artificial da falida libra inglesa deixaram de fazer qualquer sentido, dados os irreparáveis graus de endividamento destes dois países.

    As duas coisas urgentes a fazer, que Obama, Brown e Sarkozy rejeitaram ab initio são estas:
    • criar uma nova moeda de reserva internacional, nomeadamente através da incorporação das moedas chinesa, indiana, russa, brasileira e ainda a futura moeda única dos países árabes produtores de petróleo, no cesto onde se amassam os chamados SDR;
    • acabar com os movimentos de desvalorização agressiva do ouro, reforçando as reservas oficiais da mais antiga e fiável moeda do mundo nos cofres de todos os bancos centrais, por forma a estabelecer uma paridade mais fiável entre a riqueza real dos países e as aparências ilusionistas engendradas pela especulação corrupta e criminosa que, pelos vistos, Obama tenciona manter e alimentar.

    Os SDR (Special Drawing Rights) são uma espécie de moeda de reserva internacional destinada a fazer as vezes do ouro no comércio mundial. Chama-se por vezes a este contrato fiduciário, "ouro-papel", pretendendo-se com tal afirmação ostensiva dar aos Direitos Especiais de Saque a aparência de uma autêntica e universal moeda de reserva.

    De facto, sabemos que não é assim, pois o que os pilotos de guerra americanos e ingleses levam no bolso para o caso de caírem nalgum deserto iraquiano, ou nalguma montanha afegã, não são SDRs, mas moedas de ouro! Aliás, que diria qualquer um de nós, se alguém nos quisesse pagar um jantar, ou uma casa, com SDRs?

    De facto, esta pseudo moeda universal, nascida no interior do FMI em 1969, dois anos antes de Nixon pôr fim à garantia de trocar dólares por ouro, e que aparece invariavelmente no capítulo das reservas cambiais e de ouro dos relatórios anuais dos bancos centrais, não passa de um compromisso político decorrente ainda da vitória aliada na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e dos defuntos Acordos de Bretton Woods.

    Estes últimos impuseram basicamente a submissão de todas as moedas mundiais ao dólar americano. Mas a progressiva desvalorização desta moeda comercial e de reserva levou a que se cozinhasse os SDRs como uma nova opção em matéria de reserva monetária.

    A desvalorização agressiva do ouro em sucessivas operações especulativas orquestradas por americanos e ingleses, nem por isso impediu a desvalorização paulatina da nuvem de dólares americanos espalhados pelo globo. Todos os bancos centrais eram obrigados a comprar dólares para as suas trocas comerciais com o exterior — por exemplo, para comprar petróleo! Com o ouro artificialmente baixo e sobretudo ausente de boa parte das reservas cambiais existentes, e a desvalorização inevitável de um dólar que se imprimia (e continua a imprimir) como papel higiénico, alguém se lembrou de inventar um cabaz mais "democrático" de moedas, a fim de proporcionar alguma estabilidade aos mercados financeiros mundiais. A esse cabaz, que funciona ainda hoje como uma espécie de moeda franca do FMI, chamou-se SDR. Continha à data da sua criação (1969), dólares americanos, marcos alemães, francos franceses, libras inglesas e ienes japoneses. Hoje contém dólares americanos, euros, libras inglesas e ienes.

    Por razões óbvias, e sobretudo porque o dólar americano se encontra à beira do colapso, faria todo o sentido enriquecer este cabaz de divisas, com as moedas cada vez mais fortes dos chamados países emergentes. A cimeira do G20 deveria pois ser aproveitada, por exemplo, para agir nesta direcção, em vez de tentar prolongar o estertor do falido império anglo-americano, como é a manifesta intenção da América e de boa parte da Eurolândia.

  2. Na frente social: anunciar aos quatro ventos que o poderoso G20 irá criar 25 milhões de postos de trabalho, quando o desemprego mundial deverá atingir, segundo estatísticas das Nações Unidas, qualquer coisa como 230 milhões de pessoas em 2010, não passa de uma piada de mau gosto que as televisões acéfalas de todo o mundo irão vender como a prova de piedade dos piratas que causaram a tragédia actual e, não contentes com isso, nem sequer com o perdão já anunciado por Barak Obama, estão neste preciso momento a refinanciar as suas actividades corruptas e os seus bancos à custa do maior roubo fiscal da história da humanidade.

  3. Na frente da corrupção: a benção de Obama aos donos do mundo financeiro, respectivos bancos de investimento e paraísos fiscais, assim que chegou a Londres, ao lado do homem que alienou em 1999 metade das reservas inglesas de ouro (Gordon Brown), mostra bem o percurso da palavra change: da coragem de anunciar a mudança, à litania do pedinte! Jersey, Guernsey e Isle of Man são propriedade exclusivas da coroa inglesa. E são também conhecidos offshores. Que dirá Obama a Isabel II sobre isto?

  4. Na frente económica: o que está em curso é a montagem de uma gigantesca armadilha económico-financeira, com a face risonha de um programa de ataque à crise e apoio aos pobres — mais investimento = mais emprego, dizem —, mas cuja intenção escondida a sete chaves é rebentar com a poupança mundial, nomeadamente através de uma expropriação em larga escala dos rendimentos de países inteiros, vergados sob o peso das dívidas de curto prazo, cujo refinanciamento se fará por uma inflação monetária sem precedentes e pela captura do bem comum (as melhores paisagens e os melhores terrenos agrícolas, a água potável, as sementes, as redes de energia, os sistemas de transportes, as telecomunicações, etc.) — sob a forma de grandes e demagógicos programas de obras públicas, empacotados em Parcerias Público Privadas, cujos contratos assegurarão desde já a liquidez de curto prazo de que os governos tanto necessitam, ao preço de comprometer as independências dos países e a liberdade, prosperidade e felicidade dos povos. Os governos há muito que dependem dos bancos e sobretudo de grandes manipuladores financeiros como o JPMorgan Chase, Bank of America, Citibank, Goldman Sachs e HSBC Bank USA, ou dos entretanto caídos em desgraça shadow bankers (Bear Stearns, Lehman Brothers, etc.), bem como das suas inúmeras e camufladas delegações. Melhor conjuntura para começar uma revolução não poderia haver!




REFERÊNCIAS

  • Sobre o G20 neste blog: 1, 2, 3.

  • "The Relevance and Importance of Gold in the World Monetary System", by R. Peter W. Millar (PDF)

  • Mints coin it as consumers scramble for gold
    By Sarah Marsh and Jan Harvey/ Reuters
    Mon Mar 30, 2009 9:27pm EDT

    Russia's state-controlled Sberbank says it has never seen such strong demand for investment coins, while the U.S. Mint says sales of its one-ounce American Eagle gold bullion coins rocketed over 400 percent to 710,000 ounces in 2008.

    "The demand for gold and silver has been unprecedented," said Carla Coolman, a spokeswoman at the United States Mint.

    Austria's Philharmonic, named after the Vienna Philharmonic Orchestra, was the world's best-selling gold coin in the last quarter and sales soared 544 percent in the first two months of 2009.

    "There is no sign of demand abating," Austrian Mint Marketing Director Kerry Tattersall told Reuters, expecting sales this year to exceed 2008's record levels. "At present production is struggling to keep up with demand."

  • China and Argentina in currency swap
    By Jude Webber in Santiago/ Finantial Times.com
    Published: March 31 2009 01:25 | Last updated: March 31 2009 01:25

    China, which is pushing to end the dominance of the dollar as a worldwide reserve, has agreed a Rmb70bn ($10.24bn, £7.18bn, €7.76bn) currency swap with Argentina that will allow it to receive renminbi instead of dollars for its exports to the Latin American country.

    Xinhua, the official Chinese news agency, said the deal was signed on Sunday by Zhou Xiaochuan, governor of the People’s Bank of China, and Martín Redrado, Argentine central bank president, in Medellín, Colombia, where they are attending a meeting of the Inter-American Development Bank.

  • Chavez seeks Arab support for oil-backed currency

    BRIAN MURPHY
    Associated Press/ The Globe and Mail, Toronto
    March 31, 2009 at 5:56 PM EDT

    DOHA, Qatar — Venezuelan President Hugo Chavez tried Tuesday to court Arab support for another swipe at America as its economy stumbles: a proposal for a new, oil-backed currency to challenge the global prominence of the dollar.

    The idea never reached the full agenda of a summit of leaders from South America and the Arab League — and has little hope of gaining any momentum among the U.S. allies in the Middle East. But it managed to reflect broader sentiments at the gathering: That Western financial leadership has been deeply eroded by the economic meltdown.

  • RPT-EU says G20 not to focus on China financial calls

    BEIJING, March 29 (Reuters) - Europe is comfortable with China's growing world role but believes the G20 summit will be too early to decide on Beijing's calls for more say in global financial bodies, the EU Commissioner for External Relations said on Sunday.

    European Union Commissioner Benita Ferrero-Waldner told Reuters in Beijing that the London gathering of 20 major wealthy and developing powers this week would focus on "concrete results" to revive the global economy, not more distant issues.

    China caused a stir ahead of the Thursday summit when it suggested the world move to greater use of IMF Special Drawing Rights as an international reserve currency.

    "I don't think that this will be the question that really will be discussed thoroughly in London," Ferrero-Waldner said after talks with Chinese Foreign Minister Yang Jiechi and Vice Premier Li Keqiang.

    Likewise, she said, China's call for a bigger role in the International Monetary Fund (IMF) and other international financial bodies would not be a focus of the summit.

    "I think it's too early for us to give a really concrete answer," she said of these calls. "I think it is within the IMF, it is within the international financial institutions, that these questions have to be discussed."

    The idea of a new reserve currency system based on the IMF special drawing rights has not been entirely knocked down, but many G20 leaders have made clear that for now the U.S. dollar's status as the dominant reserve unit remains.

  • O buraco negro dos Derivados — 600 milhões de milhões de USD — representa 12 vezes o PIB do planeta!

    OCC’s Quarterly Report on Bank Trading and Derivatives Activities — Fourth Quarter 2008 (PDF)

    • The notional value of derivatives held by U.S. commercial banks increased $24.5 trillion in the fourth quarter, or 14%, to $200.4 trillion, due to the migration of investment bank derivatives business into the commercial banking system.
    • U.S. commercial banks lost $9.2 billion trading in cash and derivative instruments in the fourth quarter of 2008 and for the year they reported trading losses of $836 million. The poor results in 2008 reflect continued turmoil in financial markets, particularly for credit instruments.
    • Net current credit exposure increased 84% from the third quarter to a record $800 billion, and much of this is attributable to the sharp decline in interest rates in the fourth quarter.
    • Derivative contracts remain concentrated in interest rate products, which comprise 82% of total derivative notional values. The notional value of credit derivative contracts decreased by 2% during the quarter to $15.9 trillion. Credit default swaps are 98% of total credit derivatives.

    Derivatives activity in the U.S. banking system is dominated by a small group of large financial institutions. Five large commercial banks represent 96% of the total industry notional amount and 81% of industry net current credit exposure.

  • Reform International Financial Regulatory Framework:A Few Remarks
    Research Institute of Finance & Banking
    People's Bank of China

    In the midst of the current financial crisis, the needs for major reform of the global financial system and global financial stability framework have been increasingly recognized. Policymakers and international organizations have made substantial efforts to improve the international financial system including financial regulation and supervision. Various proposals have come forward on priority areas such as redefining the scope and boundaries of financial regulation and supervision, tackling issues of pro-cyclicality in the system, retooling capital and provisioning requirements as well as refining valuation and accounting rules, and some consensus has been reached. Among others, the Group of Thirty has published a Financial Reform report, and FSF and BCBS have undertaken some work on various aspects of financial regulation and Basel II framework. A number of regulators and the financial industry have initiated a centralized clearing and central counter-party mechanisms for OTC derivatives including credit default swaps (CDS). All these efforts will help to fend current crisis and future risks. However, we also note that several issues with respect to the financial regulatory framework have not received adequate attentions. In this note, we would like to explore these issues and provide relevant suggestions.


  • U.K. Bond Auction Fails for First Time in 14 Years - WSJ.com.
    Isto significa que já nem as emissões de dívida pública funcionam. Por isso Gordon Brown quer que os governos do G20 esmifrem os seus concidadãos para refinanciar o falido FMI. Refinanciado este, não serão só os países pobres do Terciro Mundo que poderão então acolher-se à sombra castigadora do FMI. Não — é a própria planície de sua majestade a rainha de Inglaterra!

  • OECD predicts 10% jobless rate for 2010

    By Chris Giles in London, Ralph Atkins in Frankfurt and Mark Mulligan in Madrid
    Published: March 30 2009 20:02 | Last updated: March 30 2009 20:46 — Finantial Times.co.

    One in 10 workers in advanced economies will be without a job next year, “practically with no exceptions”, the head of the Organisation for Economic Co-operation and Development said on Monday.

    In a graphic indication of the global recession’s transmission from the financial sector to the rest of the economy, Angel Gurría warned that the ranks of the unemployed in the 30 advanced OECD countries would swell “by about 25m people, by far the largest and most rapid increase in OECD unemployment in the postwar period”.

    He said the misery of joblessness – what Mr Gurría described as “rapidly turning into a jobs and social crisis” – would come as the OECD expected advanced economies to contract by 4.3 per cent in 2009 with little or no growth expected in 2010. The forecast is significantly worse than the International Monetary Fund’s most recent estimate of a 3-3.5 per cent contraction for 2009.

  • 20 Million Laid-off Migrant Workers May Send China's Unemployment Rate to 10% February 06,2009

    by CSC staff, Shanghai — China Stakes.com.
    20 million! The number of jobless migrant workers brought by the economic slowdown is even higher than the most pessimistic estimation.

    Chen Xiwen, deputy director of the Office of Central Financial Work Leading Group and director of the Office of The Central Leading Group on Rural Work, disclosed that, due to the financial crisis, about 20 million out of 130 million migrant workers, had returned home as they became jobless or failed to find jobs thanks to the economic slowdown.

    ... According to the estimation of the Ministry of Human Resources and Social Security, the over supply issue of labor will worsen in 2009, and the government will have to offer jobs to 24 million people, including 13 million new workers, 8 million laid-off workers and 3 million who are waiting for jobs.

  • China Unemployment Rate

  • 2009 world unemployment could rise by 40 million [to 230 million], says UN

    Invest in India — The global economic downturn could see 40 million more people lose their jobs by the end of the year, taking the unemployment rate to its highest in a decade, the U.N. labor agency said Wednesday.

    The number of unemployed in 2009 will largely depend on how effective governments’ economic stimulus measures are, the International Labor Organization cautioned.

    Worldwide unemployment by the end of the year will range between 210 million and 230 million people, the agency said in its annual Global Employment Trends report.

OAM 567 01-04-2009 18:26 (última actualização: 02-04-2009 00:09)