terça-feira, outubro 19, 2010

A cleptocracia soma e segue

Ainda há cofres por arrombar!

Subir o IVA ou ajudar a ASCENDI?
Sabia que mais de metade das receitas projectadas com a subida do IVA vão "direitinhas" para os cofres de uma empresa privada? Sabia que as transferências dos dinheiros do Estado para esta empresa equivalem a mais de metade das poupanças arrecadadas com o corte de salários dos funcionários públicos?
Pois é, é verdade. Pelo menos, é isso o que nos informa o Relatório do Orçamento de Estado para 2011. Como todos sabemos, o projecto de Orçamento de Estado do governo dá azo ao maior aumento da carga fiscal das últimas décadas. Sobe-se o IVA, o IRS, as contribuições sociais, bem como toda uma série de taxas que farão diminuir o rendimento disponível das famílias e aumentar os custos das empresas e dos consumidores.
Cortaram-se ainda salários, prestações sociais, despesas com a Saúde e os gastos com a Educação. Tudo em prol do "interesse nacional". Porém, sabia que o mesmo governo que está a querer aumentar o IVA vai igualmente transferir 587,2 milhões de euros para a ASCENDI, com a desculpa de levar a cabo a "reposição da estabilidade financeira" da empresa? E que esse "reforço" equivale a um aumento de 289,6% das verbas pagas à ASCENDI em relação a 2010? (p. 212 do Relatório do OE 2011). — in Desmitos.

Finanças cometem gralha de €437 milhões em dotação orçamental

A Ascendi, gestora de infra-estruturas detida pela Mota-Engil e pela ES Concessões (participada do Banco Espírito Santo - BES), solicitou ao Ministério das Finanças uma correção à rubrica inscrita no Orçamento do Estado (OE) para 2011 que refere uma dotação de €587 milhões como reposição do equilíbrio financeiro da Ascendi.

O valor em causa destina-se a compensar alterações contratuais efectuadas nas auto Sem Custos para o Utilizador (SCUT) relativamente às quais a Ascendi deveria receber cerca de €150 milhões. Contactado pelo Expresso, o Ministério das Finanças não adiantou detalhes sobre o assunto.

No entanto, a referida rubrica do OE para 2011 inscreveu mais €437 milhões que o valor que seria devido, o que, aparentemente, será apenas um lapso.

A Ascendi também integra investimentos da Opway, da Amândio Carvalho, da Rosa Construtores, da Odebrecht, do Millennium bcp Investimento, do Santander Totta, da Hagen Concessões, da Monte Adriano e da Mesquita.

A Ascendi resultou de uma transformação da Aenor e detém, a concessão de uma rede de 850 quilómetros de auto-estradas. — in Expresso.

Eu não vos tinha dito? O Orçamento demorou e traz páginas em branco, porque foi, de facto, composto nos gabinetes clandestinos do PS (sim, clandestinos!), onde quem continua a mandar é o Coelho de sempre (o Jorge!). Um estalinista maoísta nunca esquece.

Se a história da "gralha" do Orçamento, que a própria ASCENDI mandou o contínuo Teixeira dos Santos corrigir —pasme-se!—, não é a prova do algodão de que os socialistas da Tríade de Macau transformaram Portugal numa cleptocracia, perante a passividade bovina da restante corja partidária, então sou eu que estou maluco.

A sensação que me dá é a de estarmos num filme policial, onde um país inteiro, Portugal, foi tomado de assalto por piratas, encontrando-se neste momento o pelotão da frente dentro do cofre forte do regime, sacando freneticamente tudo o que encontra dentro das sucessivas gavetas arrombadas, enquanto comandos especiais se atarefam a dinamitar e arrombar os poucos cofres ainda fechados.

Saquear milhões de portugueses à vista de todos e em directo televisivo, é o filme de horror onde estamos metidos neste preciso momento, perante o semblante patético de um presidente da república levado pela mão da mulher (sem a qual já não sabe que fazer), a gritaria hipócrita e populista dos herdeiros degenerados das esquerdas, e um PSD balcanizado como sempre, onde efectivamente se encontra a cara-metade da cleptocracia, controlada há mais de uma década pelos piratas que tomaram de assalto o PS.

Que julga esta gente? Que a vamos aturar por muito mais tempo? Que vai poder escapar toda para o Brasil daqui a quatro ou cinco anos? O plano deve ser esse, pois sabem que o Brasil não extradita criminosos! E se os apanhássemos já? Para isso seria necessário, neste momento crucial da nossa vida colectiva, que o senhor Passos de Coelho agisse com coragem e inteligência, sem ceder a chantagens, venham elas dos ladrões da Lapa, ou dos ladrões de Bruxelas. Se conseguir levar o PSD a chumbar a criminosa gazua orçamental com que os piratas do regime pretendem saquear até ao tutano Portugal, o país dar-lhe-à não só a maioria, como uma expressiva maioria absoluta, para colocar o país nos eixos, e a canalha na prisão. O pior que poderia acontecer-nos é ficarmos sem alternativa à sinistra nomenclatura que levou Portugal à bancarrota.

A arrogância de José Sócrates —ao anunciar com displicência que nem sequer estará em Lisboa para discutir o Orçamento— tresanda a comportamento mafioso, como se ele fosse o gato, e Passos de Coelho o rato prestes a cair-lhe na boca. Espero bem que o candidato a próximo primeiro-ministro não seja mortalmente atropelado pelas pressões das suas interessadas amizades.

segunda-feira, outubro 18, 2010

Golpe de Estado!

Marcelo não é comentarista, mas agente provocador!

Marcelo Rebelo de Sousa actuou hoje na TVI como agente provocador de um verdadeiro golpe de estado palaciano ao anunciar uma decisão da exclusiva competência e foro íntimo de Aníbal Cavaco Silva, em vésperas de uma batalha política decisiva para o Portugal, cujo desenlace poderia aliás levar o actual presidente da república a desistir da sua recandidatura ao cargo que ocupa sem brilho, nem verdadeiro préstimo para o país, desde que rebentou o escândalo que o tem aprisionado — i.e. a falência criminosa do BPN.

Como aqui se escreveu, desde que anunciaram a mistificação mediática do tango contra-natura entre José Sócrates e Passos Coelho, a única estratégia correcta do actual líder do PSD, seja para conservar o cargo conquistado, seja para criar a oportunidade de uma verdadeira limpeza do regime corrupto e cleptocrata que levou Portugal à bancarrota, seria, e é, correr do Estado, tão depressa quanto possível, com os criminosos que dele se apoderaram, por interpostos lacaios ou directamente.

No caso da anunciada vigarice orçamental cozinhada nas folhas de cálculo do ministro das finanças, a única decisão politicamente decente e estrategicamente correcta por parte de um candidato a primeiro ministro seria e é chumbá-lo sem dó nem piedade, com um virulento discurso sobre os responsáveis que, por acção ou inacção interessada ou cobarde, conduziram Portugal a uma verdadeira situação de bancarrota, colocando-nos nas mãos dos credores estrangeiros — isto é, e na prática, esvaziando completamente a nossa soberania económico-financeira.

Com isto não se pode compactuar!

Também se escreveu, acertando completamente na mouche, que o chumbo do orçamento por Passos Coelho seria uma carambola que eliminaria os dois principais obstáculos à clarificação rápida da nossa situação, e consequente restauração de uma democracia que foi esventrada por uma verdadeira rede de gatunos de todos os quadrantes.

Volto a escrever: se Passos Coelho chumbar o Orçamento de Estado (OE) de 2011, Cavaco Silva não se recandidatará, e o vento soprará imediatamente a favor da nova direcção do PSD. É claro que esta possibilidade meteu um medo de morte ao Bloco Central do Betão e da Corrupção, que sustenta, como se sabe, quase toda a comunicação de massas deste país (salvo a que já está directamente ao serviço da contra-informação governamental!)

Desde que a possibilidade do chumbo do OE começou a pairar no campo das opções políticas com sentido (o bloco que vai eleitoralmente unir-se em volta do poeta Manuel Alegre, e o próprio Manuel Alegre, que votem o Orçamento...), a nomenclatura em pânico montou mais uma gigantesca operação de propaganda, envolvendo laranjas, rosas e até foices-e-martelos no tam-tam ensurdecedor. O que fizeram foi simples: mudaram o resultado do jogo que aqui anunciei. Ou seja, o chumbo do OE seria, por um lado, o caos, e por outro, a vitória maquiavélica de Sócrates! Para coroar a operação, encharcaram todos os canais da comunicação social com esta patranha, e depois fizeram uma sondagem. A cereja no bolo colocou-a, esta noite, essa "gelatina política" chamada Marcelo Rebelo de Sousa — um político falhado, e um pseudo-comentarista. O que hoje fez foi, porém, além das marcas.

Pergunto ao senhor Marcelo Rebelo de Sousa uma pergunta muito simples: foi Aníbal Cavaco Silva que o informou?

A minha convicção e a minha interpretação dos factos que conduziram a este verdadeiro golpe de estado palaciano são estas:
  1. Por tudo o que Cavaco Silva disse até hoje, e pelo carácter evasivo e temeroso que se lhe conhece, o homem nunca anunciaria a decisão propalada por Marcelo de Sousa antes da votação do Orçamento;
  2. Pelo seu temperamento, também não é de crer que uma tão pesada decisão, tendo em conta o estado calamitoso do país, a sua comentada doença degenerativa, e a paralisia intelectual e política da sua acção desde que rebentou o caso BPN,  viesse a ser anunciada por uma qualquer interposta pessoa — ainda por cima recorrendo à língua viperina dum notório má-língua chamado Marcelo Rebelo de Sousa;
  3. Resta pois uma hipótese, o Presidente da República foi vítima de uma nova tentativa de golpe de estado palaciano desencadeado a partir da sua infecta Casa Civil. Quando cheiraram a mera hipótese da não recandidatura do actual presidente, em consequência do chumbo do OE por parte do actual líder do PSD, entalaram-no com o pré-anúncio da sua recandidatura através de um Conselheiro de Estado que usou a comunicação social para fazer, até agora, intriga política, mas que na noite de domingo de 17 de outubro de 2010, lhe permitiu também coadjuvar uma turma de conspiradores a realizar o que não pode ser visto se não como um golpe de estado palaciano.
E agora?

Cavaco Silva tem uma de três soluções:
  1. Desmente categoricamente o mensageiro conspirador — mandando directamente para a reforma um fala-barato;
  2. Confirma o que o fala-barato anunciou, e nesse caso tem que o fazer logo pela manhã de Segunda-Feira, comunicando ao mesmo tempo ao país qual a sua posição sobre o orçamento de estado do governo de Sócrates (não tem oura alternativa!);
  3. Ou então deixa tudo em suspenso até dia 26, o que equivaleria, na prática, à primeira opção, fazendo passar Marcelo Rebelo de Sousa por aquilo que verdadeiramente é: um auxiliar de conspirador de meia tigela.
Por fim, não vejo como poderá o PSD, e sobretudo Passos Coelho, deixar de exigir a imediata demissão do conselheiro de Estado Marcelo Rebelo de Sousa, pela sua intromissão intolerável num processo político-constitucional do maior melindre. tratando na prática o actual presidente da república como se fosse um atrasado mental.

POST SCRIPTUM — 18-10-2010; 14:20. Cavaco Silva optou pelo silêncio, ou seja, não confirma, nem desmente, a atoarda conspirativa de Marcelo Rebelo de Sousa, deixando este spin doctor uma vez mais a fazer figura de parvo. Mas há um pormenor aqui que convém salientar: se houve tentativa de golpe de estado palaciano, e estou convencido de que houve (este mesmo post foi enviado esta madrugada à presidência da república desafiando o seu receptor a dar dele conhecimento a Cavaco Silva), o presidente desarmou-o, desta vez, a tempo. Mas não chega! É preciso escovar imediatamente o pó acumulado da sua Casa Civil, senhor Presidente! Ou os ácaros continuarão a sua permanente acção de desgaste e destruição. Quanto ao mais, reitero: acho que o senhor não se deveria recandidatar ao cargo. Se não salvou o país quando podia, não será agora ou com novo mandato que o fará. A instituição de que é o representante máximo está tão podre e corrompida quanto os demais edifícios do regime. O país precisa de uma revolução constitucional, e sobretudo de novos protagonistas. Os herdeiros líquidos do 25 de Abril já mostraram o que valem!

domingo, outubro 17, 2010

Bancarrota - 2

Contra o Orçamento, marchar! marchar!

O súbito conformismo de Medina Carreira



Quando todo o historial permitia presumir uma oposição frontal de Medina Carreira à aprovação da aldrabice a que a nomenclatura do regime insiste em chamar Orçamento de Estado, fomos entretanto  surpreendidos (Plano Inclinado, 16 outubro 2010) pela capitulação do fiscalista perante a chantagem governamental. Ai, ai, ai que vem aí o FMI! — clama Medina Carreira. Mas não era ele mesmo que reclamava o desembarque daqueles senhores no Figo Maduro para salvar o país?! E se eles não vierem, pode o país salvar-se, continuando nas mãos da santa aliança entre Cavaco e Sócrates? A contradição é insanável. Algo de muito estranho deve ter convencido Medina Carreira a deitar ao lixo toda a sua esclarecedora pregação anti-sistema. (1)

A partidocracia e a nomenclatura estão inteirinhas com Sócrates e Cavaco!

Todos os partidos com assento parlamentar, sem excepção, isto é, de Louçã e Jerónimo de Sousa, ao inefável Portas, estão interessados na aprovação do cheque em branco que permitirá ao governo de piratas que elegemos (a culpa também é nossa, obviamente!) prosseguir a sua tarefa deletéria de delapidação económica e financeira do país. A consequência será, não havendo já, como se sabe, mais colónias para penhorar ou vender ao desbarato, a própria e acelerada perda da nossa soberania a favor dos nossos principais credores.

A aldrabice pegada apresentada pelo sem vergonha ministro das finanças, Teixeira dos Santos, resume-se a isto: manutenção do status quo na arquitectura, peso e natureza endogâmica, partidária, intrusiva e omnipresente do Estado —qual burocracia Estalinista vestida de cor-de-rosa—; e um criminoso saque fiscal sobre a generalidade da população e agentes económicos indefesos — ou seja, sobre os mais pobres, sobre a classe média profissional, sobre o funcionalismo púbico, e sobre o pequeno empresariado, deixando de fora, claro está, a poderosa classe parasitária dos monopólios e oligopólios que financiam e têm no bolso a generalidade dos partidos políticos e meios de comunicação de massas, mais as bases partidárias que, como metástases dum cancro letal, invadiram o estado e minam a sustentação da própria sociedade, degenerando assim a democracia, e criando todas as condições para a transformação desta numa cleptocracia

O negócio sujo proposto pelos piratas do PS aos piratas do PSD, para que estes deixem passar o orçamento, é este: vocês deixam-nos fazer o TGV e a TTT (Jorge Coelho/Mota-Engil oblige!), e nós deixamos que vocês prossigam com a aeroruína de Alcochete (Cavaco/BPN-SLN oblige!) As PPP, que interessam a ambos, seguirão também de vento em popa, não é verdade?

A seringa dos impostos é grossa e comprida. E quanto ao povo, como o que quer é circo, telenovelas e batatas fritas, nós para isso ainda temos. E se não gostarem, que emigrem! Até nos daria jeito... ahahahaaaa ;)

A desonestidade intelectual de Francisco Louçã

Francisco Louçã é um economista, e professor universitário, e por conseguinte tem obrigação de saber o que realmente se passa na economia e nas finanças internacionais e portuguesas. Se não fosse um intelectual desonesto, jamais se permitiria alimentar a estratégia permanentemente demagógica do saco de gatos a que chamaram Bloco de Esquerda.

Há uma verdade simples, que Louçã, por ser intelectualmente desonesto, finge ignorar: a nossa economia não produz suficiente riqueza para sustentar o Estado paquidérmico que tem; e este estado tentacular, burocrático, incompetente, caríssimo, enfim, hipertrofiado, se aguentou até agora, tal deveu-se exclusivamente às remessas europeias provenientes dos sucessivos quadros comunitários de apoio, e, por incrível que pareça, dos emigrantes!

A mama, porém, acabou, e agora resta-nos uma de duas alternativas: ou racionalizar drasticamente o assistencialismo social, e encolher o aparelho tentacular e intrusivo do Estado, libertando 30 ou mesmo 50% das suas actividades para a sociedade civil (indivíduos, empresas e associações cooperativas); ou continuar a punção fiscal sobre os produtores efectivos de riqueza.... levando a prazo o país à ruína completa.

Louçã, um burocrata pequeno-burguês típico, e um partidocrata, tal como todos os demais partidocratas, preferem cegamente a segunda opção, ignorando o desastre inevitável que daí advirá.

A boca voraz dos impostos já morde a própria cauda!

Se medirmos os encargos totais da administração pública improdutiva, verificamos que os mesmos superam já a riqueza efectivamente produzida no país. Ou seja, uma parte crescente dos impostos pagos não deriva já sequer da riqueza produzida, mas tão só e tristemente do empobrecimento geral do país. Ou seja, temos uma economia ficcional em marcha que, na realidade, só consegue evitar o colapso à custa de um endividamento externo imparável. Acontece, porém, que os nossos credores, sejam eles especuladores ou estados soberanos, perceberam a gravidade da situação das finanças portuguesas e decidiram travar a sua subsidiação. Daí que a cobra dos impostos, que começou a devorar furiosamente a sua própria cauda, tenha que ser dominada. E só há uma forma de o fazer: libertar a economia real da canga fiscal, libertar a sociedade civil da canga estatal, reduzir a dimensão do Estado e atacar as raízes partidocratas da corrupção e da cleptocracia instalada.

Para aqui chegarmos, porém, nada podemos esperar da corja acomodada em São Bento. Só mesmo Bruxelas, o BCE, e mesmo o FMI poderão aplicar a austeridade eficaz de que efectivamente precisamos para nos salvar da ruína e da humilhação.

NOTAS
  1. Apesar do que supostamente transcreve hoje o Económico, ouvi Medina Carreira dizer ontem à noite que seria de deixar passar o orçamento. No entanto, se emendou a mão, felicito-o!

sábado, outubro 16, 2010

Bancarrota

Parem as autoestradas e as barragens assassinas!
in "Parcerias Públicos Privadas e Concessões, Relatório de 2009". Ministério das Finanças e da Administração Pública. Valores em milhoes de euros.
2030 é, desde o Relatório do Clube de Roma, Limits to Growth, publicado em 1972, o ano comummente aceite como o do grande colapso do actual modelo de crescimento mundial. A principal causa deste colapso civilizacional global é o declínio inexorável das reservas de petróleo barato. Sem este poderoso concentrado energético facilmente manuseável e facilmente transportável não se teria assistido ao crescimento exponencial, embora assimétrico, da população mundial, não teríamos conhecido as sociedades de consumo, não teríamos depauperado de modo tão rápido (200 anos de carvão e apenas 100 anos de petróleo) as fontes energéticas que possibilitaram a industrialização em massa das economias e a urbanização (e sub-urbanização) à escala global dos aglomerados humanos, com consequências a prazo catastróficas. Não teríamos, em suma, exaurido de forma egoísta e suicida os recursos e as condições ambientais imprescindíveis ao equilíbrio e continuidade da vida à face da Terra. Até as abelhas estão ameaçadas. Nada parece salvar-se, salvo as bactérias e os fungos!

Se olharmos para o gráfico acima, verificamos imediatamente que a nomenclatura e os piratas que tomaram de assalto a democracia portuguesa, além de vorazes, corruptos, insensíveis às questões sociais e ao sofrimento humano, são tremendamente burros!

Enquanto o resto da Europa, embora talvez demasiado tarde, acordou e prepara um conjunto de planos de emergência para diminuir a sua pegada ecológica, substituindo nomeadamente os transportes movidos a petróleo e similares por sistemas de "car-sharing" eléctricos, e pelo uso de transportes colectivos movidos também a energia eléctrica (eléctricos, trolleys e comboios)—, Portugal passou a última década a levar até ao paroxismo a política do betão — isto é, um modelo de crescimento próprio de países com burguesias fracas, incultas, corruptas e burocráticas, que dependem estruturalmente do Estado que por sua vez capturam através do financiamento ilegal dos partidos, da esquerda à direita.

A contratação das mais recentes PPPs, para a construção de autoestradas no deserto, quando o colapso financeiro mundial e o endividamento extremo de Portugal eram já uma evidência, bem como a insistência dos imbecis burocratas que vivem das memórias da Esquerda, para que se fizessem mais pontes absurdas (entre Chelas e o Barreiro), nunca se opondo frontalmente às ditas auto-estradas, com medo de perder votos, tem forçosamente que ser considerada crime. Um crime, desde logo, contra a independência do país e contra a riqueza acumulada dos portugueses que pouparam, em vez de gastar à tripa forra, endividando-se alegremente ao som das televisões e da publicidade de rua. Portugal entrou em bancarrota desde Maio deste ano e é, para todos os efeitos, um protectorado encoberto da União Europeia.

A dívida pública, isto é, contraída pela burocracia partidária que degenerou a nossa democracia e levou o pais à falência, é insustentável. Daí que a política orçamental de Portugal seja agora definida em Bruxelas, enquanto a corja partidária continua alegremente a cuspir retórica no patético parlamento em que se tornou a casa da democracia.

Do intelectual desonesto chamado Francisco Louçã (desafio-o a demonstrar-me que não é!), aos seminaristas órfãos de Estaline, passando pelos piratas do Bloco Central (os que o não são, nem  foram, têm já pouco tempo para saírem das suas tocas de cobardia), todos querem que Passos de Coelho aprove, ou no mínimo, se abstenha, na votação do documento fraudulento a que todos chamam pateticamente "orçamento de Estado". Pois bem, já disse e repito: se não chumbar, como deve e tem obrigação, a vigarice com que o Sócrates Pinto de Sousa, e o Aníbal Cavaco Silva, o querem embrulhar e despachar, será o seu suicídio político. O cantar interessado das sereias da Quadratura do Círculo e sinecuras afins, não passam de encomendas bem pagas!

O mundo poderá estar à beira de uma conflito mundial sem precedentes. Se não arrumarmos a casa a tempo e horas, seremos pura e simplesmente ocupados pela Espanha — o nosso maior credor!

Não está pois em causa coisa pequena.


POST SCRIPTUM

Plano Inclinado, 16 outubro 2010
O súbito conformismo de Medina Carreira
Quando todo o historial permitia presumir uma oposição frontal de Medina Carreira à aprovação da aldrabice a que a nomenclatura do regime insiste em chamar Orçamento de Estado, fomos hoje reiteradamente surpreendidos pela capitulação do fiscalista perante a chantagem de José Sócrates Pinto de Sousa. Ai, ai, ai que vem aí o FMI! — clama Medina Carreira. Mas não era ele mesmo que reclamava a vinda daqueles senhores para salvar o país?! E se eles não vierem, o país salva-se, continuando nas mãos da santa aliança entre Cavaco e Sócrates? A contradição é insanável. Algo de muito estranho deve ter convencido Medina Carreira a deitar ao lixo toda a sua pregação anti-sistema.


Expresso, 16 outubro 2010
A capitulação de um jornal de referência face à pressão de quem o alimenta!
Nota da Direção  do Expresso:
"O OE para 2011 é uma terrível notícia para os cidadãos e para as empresas. É a consequência lógica de anos de políticas erradas e impõe medidas duríssimas que decorrem de um estranho período de negação em que este Governo se enredou. Não obstante, chumbá-lo é dar um passo na direção do abismo, tanto no plano financeiro como no plano social. Haveria melhores alternativas ao OE, mas o tempo está infelizmente esgotado. Agora, trata-se de salvar um doente, não de fazer um simpósio. To- dos os esforços para aprovar o Orçamento não são, por isso mesmo, a favor ou contra o Governo, mas algo que se impõe a quem coloca o país em primeiro lugar. Como o Expresso defendeu desde a primeira hora."
 Das duas uma: ou o que escreve no Editorial é irracional (aprovar de olhos vendados o que não conhece, mas foi cozinhado por uma comprovada turma de aldrabões), ou acha que se não capitular desta maneira vergonhosa, vai perder o apoio da banca, do governo e dos oligopólios público-privados que se preparam para o assalto final à bolsa dos portugueses. Como é óbvio, não tenciono gastar mais um cêntimo que seja neste pasquim!

sexta-feira, outubro 15, 2010

E agora Carrilho? - 2

 Partido Socialista: algo se move enquanto o barco pirata do "socratintismo" se afunda

Ontem, na SIC-N, no Jornal das Nove, surpreendentemente, o eminente teórico e consultor do aeromoscas de Beja e das cidades aeroportuárias da Ota e de Alcochete, apareceu a desconstruir naquele seu tom aznariano, toda a política económica de quem lhe deu de comer nesta última meia década. Não deixa de ser interessante observar as consequências gravíticas de um barco quando começa a adornar, com naufrágio inexoravelmente à vista. Será que o senhor Augusto Mateus já se apresentou a Manuel Maria Carrilho como futuro ministro da economia, ou preferirá antes ser o futuro anunciado ministro da qualificação? Eu sou tolerante, e como cristão genético aprendi a perdoar. Já estou a imaginar: primeiro ministro, Manuel Maria Carrilho; ministro da economia, Augusto Mateus; ministro da qualificação, Mariano Gago (há que repescar o que é bom); ministro dos negócios estrangeiros, Luís Amado (um bom ministro que fez o favor de colocar MMC na senda da sucessão de Sócrates); ministro das finanças, Luís Campos e Cunha; ministra do ambiente e do território, Elisa Ferreira; ministro da educação, Nuno Crato; etc.


POST SCRIPTUM

15-10-2010. A noite das facas longas aproxima-se no parlamento da corrupção. Quem quiser escapar ao naufrágio tempestuoso do socratintismo terá que tomar posição agora, denunciando os crimes do sistema. É uma catarse absolutamente necessária. A denúncia brutal do deputado Victor Baptista, hoje, é disso testemunha elucidativa e necessária (Expresso). O silêncio enconado da esmagadora maioria dos seus colegas deputados, do CDS ao Bloco de "Esquerda", passando pela múmia que dirige a falsificação folclórica e decadente em que se transformou o PCP, é a prova de que este regime morreu, e de que é preciso outro, urgentemente! Este é um longo, hipócrita e cúmplice silêncio com a cleptocracia imbecil em que se transformou a nossa degenerada democracia e a sua nomenclatura partidária, sindical e corporativa. Para que outro regime nasça é necessário que Passos de Coelho chumbe o assalto criminoso que a nomenclatura cleptocrática (com o apoio instintivo de todos os partidos parlamentares) se prepara para perpetrar contra todos os que não são da sua laia.

O chumbo da autorização legislativa (a que a canalha político-partidária e os economistas legionários chamam "Orçamento de Estado") para assaltar o que ainda resta da riqueza nacional —literalmente um assalto em massa aos nossos bolsos— não vai piorar coisa nenhuma, pela simples razão de que Bruxelas e o BCE são desde Maio de 2010 os nossos tutores. O que o chumbo do crime público em preparação irá conseguir são duas coisas essenciais para desanuviar e criar condições para uma regeneração, parcial, lenta, mas ainda assim imprescindível, do regime, ou seja, correr com as bestas negras do regime: José Sócrates Pinto de Sousa e Aníbal Cavaco Silva. Só despedindo estas duas criaturas imprestáveis, Portugal poderá regenerar-se como democracia. Só afastando estes dois obstáculos, será possível meter na prisão o Bloco Central da Corrupção, aproveitando a oportunidade para reduzir à expressão mais simples as caricaturas parlamentares da chamada esquerda portuguesa., dando lugar à representação política genuína das novas forças sociais.

quarta-feira, outubro 13, 2010

E agora Carrilho?

Manuel Maria Carrilho, E Agora? Por uma nova República.
Li o prefácio do livro de Manuel Maria Carrilho, "E AGORA? Por uma Nova República". Para princípio de novo programa do PS e de reforma do regime, não está nada mal. Depois do suicídio político de Francisco Assis, e da impossibilidade óbvia de Tó Zé Seguro substituir o Pinto de Sousa, eu, se fosse o Jorge Coelho, reorientava a minha armada de influências para o Manual Maria Carrilho. Foi ministro, é catedrático muito antes de se tornar político com responsabilidades, tem pensamento próprio e sobretudo é honesto, austero e gosta do seu país.

O despedimento sem justa causa do embaixador português da UNESCO, por um Sócrates inculto, aldrabão, e bonifrates enraivecido, depois da publicação do manifesto político de Manuel Maria Carrilho, é um excelente argumento a favor do ex-ministro da cultura, e convida a lê-lo.

Algumas das suas ideias — um só mandato presidencial, voto obrigatório, subordinação dos limites do endividamento público a imperativos constitucionais, ligação dos deputados a quem os elege, austeridade, competência, imaginação e probidade na função pública, de que a acção político-partidária deveria ser a mais exigente e nobre, uma mudança drástica nas filosofias e metodologias educativas, a correcção imediata do descalabro da Justiça, ou a consideração da cultura (do conhecimento e das artes), da boa administração do território, e do papel crucial do poder local, como opções estratégicas de fundo e urgentes — subscrevo-as por baixo imediatamente.

Faltará apenas, pelo que li do prefácio, uma nova percepção teórica das causas geo-estratégicas do nosso declínio. Sem isto, não saberemos reinventar completamente a economia portuguesa, nem mudar de vida. O declínio e as bancarrotas duram desde a perda do Brasil, e o estado em que estamos agora é já claramente comatoso. Portugal transformou-se, sobretudo na última década, numa cleptocracia sem rei nem roque. Foi por isso que a Alemanha decidiu parar com as mesadas inúteis.

O buraco que aí vem pode, por mais negro que seja, e vai ser muito negro, por incrível que seja, e é muito incrível, levar-nos à salvação. Estejamos, pois, muito atentos e activos.


POST SCRIPTUM

15-10-2010. Ontem, na SIC-N, no Jornal das Nove, surpreendentemente, o eminente teórico e consultor do aeromoscas de Beja e das cidades aeroportuárias da Ota e de Alcochete, apareceu a desconstruir naquele seu tom aznariano, toda a política económica de quem lhe deu de comer nesta última meia década. Não deixa de ser interessante observar as consequências gravíticas de um barco quando começa a adornar, com naufrágio inexoravelmente à vista. Será que o senhor Augusto Mateus já se apresentou a Manuel Maria Carrilho como futuro ministro da economia, ou preferirá antes ser o futuro anunciado ministro da qualificação? Eu sou tolerante, e como cristão genético aprendi a perdoar. Já estou a imaginar: primeiro ministro, Manuel Maria Carrilho; ministro da economia, Augusto Mateus; ministro da qualificação, Mariano Gago (há que repescar o que é bom); ministro dos negócios estrangeiros, Luís Amado (um bom ministro que fez o favor de colocar MMC na senda da sucessão de Sócrates); ministro das finanças, Luís Campos e Cunha; ministra do ambiente e do território, Elisa Ferreira; ministro da educação, Nuno Crato; etc.

13-10-2010. Manuel Maria Carrilho e Pedro Santana Lopes assinaram contrato com a TVI para comentarem a actual situação política. Dois líderes futuros no horizonte? Afastemos os preconceitos e as fábulas inventadas pelas agências de comunicação, antes de opinar sobre estas duas aves que renascem das cinzas. Como Passos de Coelho está a ser empurrado por todos para o caldeirão canibalista da actual nomenclatura político-partidária, e o seu futuro se torna assim naturalmente incerto, há que olhar para lá das presidenciais, e sobretudo para lá da era Cavaco-Sócrates!

Do quadrado professor Louçã ao quadrado professor Pacheco, todos querem que os laranjas deixem passar o Orçamento, para depois o senhor Pinto de Sousa acusar o PSD das medidas gravosas, enquanto gasta milhões de euros, dos nossos impostos claro, a colar a face do poeta surdo-mudo pelo país fora, de braço dado com o quadrado Louçã. O meu voto será obviamente branco!

domingo, outubro 10, 2010

Qual economia?

Economistas, vendilhões do templo, boys & girls



A recente rejeição, por "falta de qualidade", de três juízes propostos pelo governo português para ocupar um lugar deixado vago no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (link), revela o declínio escandaloso que ameaça a credibilidade de algumas corporações portuguesas. O pântano da nossa Justiça, inerte por efeito da corrupção legislativa, de que são responsáveis todas as burocracias partidárias que povoam o deserto político de São Bento, mas também pelo comportamento tradicionalmente subserviente, reaccionário e nepotista dos nossos tribunais, e da ganga de advogados ambiciosos e sem escrúpulos que infesta a sociedade portuguesa, é hoje percebido em Bruxelas como coisa indecorosa e até intolerável na perspectiva do prestígio que um tribunal como o dos direitos do homem deve ter. Que o episódio nos sirva de lição!

Mas há ainda outra corporação cuja subserviência, desonestidade intelectual e incompetência é tão aflitiva quanto a anterior. Chamam-se "economistas". Tal como a turma infindável dos falsos justiceiros que vivem, na sua parte de leão, à custa dos nossos impostos e do dinheiro que o estrangeiro distraído nos tem emprestado, os "economistas" portuguesas caracterizam-se, salvo raras excepções (1), por dormirem na forma a maior parte dos respectivos tempos de vida útil. Debitam calão incompreensível, como qualquer astrólogo o faz, pouco ou nada sabem de história económica portuguesa (2) e mundial, e fazem do optimismo o seu emprego principal. Só quando caem no desemprego, ou o céu se abate sobre a tribo (3), acordam estremunhados, e como baratas tontas vasculham os quadros e estatísticas que nunca leram, pondo-se então lentamente na bicha dos profetas da desgraça alheia. Façam uma lista dos nossos economistas e coloquem à frente de cada um o ano, o mês, o dia e a hora em que descobriram que Portugal tinha um sério problema de finanças públicas, causado por um insustentável endividamento público e privado — interno e externo— e surpreendam-se! Boa parte deles ainda acha que a nossa banca é sólida, quando toda a gente sabe que a mesma foi tomada de assalto por piratas e pela corja partidária, e está estruturalmente falida, caminhando a passos largos para o bolso dos respectivos credores (Angola e Espanha, em primeiro lugar).

Ou seja, tal como os advogados portugueses, os economistas portugueses, salvo louváveis excepções, formam uma corporação de consultores bem pagos para dizerem o que quem lhes paga quer que digam. É por isso que, mesmo quando começam a somar 2+2 para saberem qual é o montante efectivo e a verdadeira importância da Dívida Externa Portuguesa (até há meses atrás só falavam do défice; da dívida acumulada nada sabiam ou queriam saber) denotam a mais gritante falta de pensamento estruturado e nenhuma estratégia anti-crise credível.

O pânico que a generalidade dos nossos "economistas" tem vindo a revelar na discussão sobre o cheque em branco exigido pela tríade de Macau e pelos piratas do Bloco Central do Betão e da Corrupção ao jota Passos de Coelho (ainda não o promovi a estadista!), mostra até que ponto o verniz da sua geral subserviência e falta de honestidade intelectual é escandalosamente fino e estaladiço. Se repararem bem, todos os economistas falam do TGV e da necessidade de cancelar a ligação Caia-Poceirão (o investimento mais barato e mais útil de todas as enormidades paridas pelo actual governo), mas nada dizem —mantendo um sistemático e criminoso silêncio— sobre as novas autoestradas (que deveriam ser imediatamente canceladas!), ou sobre o negócio sujo do novo aeroporto da Ota em Alcochete, cujos terrenos foram adquiridos in extremis pelo grupo de bandidos que inventou e alimentou o estratagema bancário chamado BPN. Claro está que a aquisição dos terrenos de Alcochete, semanas antes do primeiro ministro anunciar o cancelamento da Ota, só terá sido possível com a passagem ilegal de informação privilegiada do governo a quem a fez passar ao grupo SLN, do senhor Rui Machete e Cª.

Por fim, sobre a "correcção" do défice orçamental, os nossos "economistas", em vez de denunciarem em uníssono o negócio (cor-de-rosa para a PT e ruinoso para o Estado) da inclusão do fundo de pensões da PT no pré-falido sistema público de pensões, e a compra da sede central da Caixa Geral de Depósitos pelo fundo de pensões da mesma instituição (!), como o que são —fraudes orçamentais— assistimos a uma espécie de coro presidencial a favor de uma limpeza a fingir das nossas finanças, para debaixo do tapete do próximo governo, como se os mercados da dívida soberana e o BCE andassem a dormir — como a generalidade dos nossos economistas há muito anda!

O PSD, e sobretudo o país, não têm nada a ganhar, aliás têm muito a perder, com a monstruosa mentira orçamental que os piratas que escrevem os telepontos do senhor Pinto de Sousa querem, uma vez mais, vender-nos. Tal como o eterno adolescente Francisco Louçã afirma do alto da sua incorrigível irresponsabilidade, falta de tino, oportunismo político extremo e desonestidade intelectual, o PS transformou-se no governo provisório do PSD! Mas se assim é, que seja o PSD a governar!!

O PS de quem o tomou de assalto, o PCP e o Bloco de Esquerda querem continuar no poleiro, isto é, querem continuar a governar o país, destruindo-o, mas imputando ao mesmo tempo todas as culpas à direita e sobretudo ao PSD. A ganga de inúteis do PSD, a sua velha guarda de cus pelados, qual turma de sacristãos da missa socialista, sibilam em uníssono por todos os canais de propaganda que controlam a necessidade de Passos de Coelho se suicidar em nome dos seus queridos mas agora ameaçados privilégios. Extraordinário!!

Se o canibalismo laranja triunfar uma vez mais, o actual sistema partidário morrerá de estupidez antes do previsto. Se, pelo contrário, o actual secretário geral do PSD, bem orientado por Diogo Leite Campos (o único social-democrata que parece ter as ideias no sítio), encostar à parede Cavaco Silva e a interminável nuvem de cortesãos que o rodeia, chumbando a vigarice do próximo Orçamento de Estado, então teremos uma luz ao fundo do túnel. E até teremos um renovação imparável do PS!

NOTAS
  1. Há economistas portugueses que leio ou escuto sempre que posso: Cristina Casalinho, João Cantiga Esteves, Medina Carreira, João Bento, José Silva Lopes, Mira Amaral, João Duque; outros, nem tanto, por serem sobretudo economistas-políticos: Luís Campos e Cunha, João Salgueiro, Miguel Beleza, Teodora Cardoso, Hernâni Lopes, etc.; depois vêm os que abomino, ou seja, os políticos armados em economistas e o interminável vagão dos boys&girls da burocracia partidária que levou este país à desgraça, e que me dispenso de nomear, por nojo.
  2. Ler este artigo do Público: "Portugal já declarou bancarrota parcial em 1891 e saiu-se bem".
  3. "FMI avisa que Portugal será a pior economia da União Europeia em 2015" — Público, 9-10-2010.

sexta-feira, outubro 08, 2010

Acertar os Passos

Portugal tem solução à vista: coligação PS-PSD com Presidente comprometido

As coisas parecem encaminhar-se para a única solução racional que esta crise infecta e a cheirar mal pode ter:
  1. o anúncio pelo PSD do chumbo do orçamento escondido que o actual governo sem freio nos dentes quer impingir ao país — exigindo ao PSD a assinatura dum cheque em branco que depois servirá para responsabilizá-lo por tudo o que parecer "medida de direita";
  2. a queda do governo vigarista de José Sócrates Pinto de Sousa e o bloqueio institucional da tríade que colocou este vendedor de laptops no poleiro de primeiro ministro;
  3. a formação de um governo de coligação PS-PSD mediado pelo presidente Cavaco Silva, que não terá outra alternativa senão estar 100% solidário com o governo de brasa que aí vem. Ou seja, um governo parlamentar estável, formado na base dum programa de emergência nacional, largamente ditado por Bruxelas, e apoiado sem reservas pelo actual presidente da república. A alternativa a isto seria a manutenção do actual governo em funções de mera gestão. Não creio, porém, que Bruxelas autorize semelhante impasse, que seria evidentemente fatal para o país, na medida em que levaria no prazo de semanas ao reconhecimento oficial da bancarrota de Portugal perante todo o mundo. Não nos esqueçamos que Portugal é hoje um protectorado da União Europeia.
  4. finalmente, dissolver a actual Assembleia da República e convocar eleições legislativas antecipadas, logo que os prazos constitucionais e a conveniência política o permitam.

Ao contrário das sereias retardadas da desgraça — Quadratura do Círculo e similares— a queda do imprestável e perigoso desgoverno do senhor Pinto de Sousa não configura nenhuma calamidade para o país. Deixar de espremer esta borbulha de pus é que sim, só pode agravar e muito a nossa situação colectiva. Basta pensar nos dois mil milhões de euros que pretendem roubar dos nossos bolsos a partir de 2014, só para continuar a alimentar a corja de empresários palacianos que nem na Roménia conseguem ganhar um concurso público. Aliás, até já em Portugal perdem para Espanha! Refiro-me, claro está, às autoestradas desérticas que andaram a construir —e querem continuar a construir (!)— para encher os bolsos do Bloco Central do Betão e da Corrupção e esvaziar os nossos.

A precipitação dos acontecimentos foi aqui prevista há muitos meses, ou mesmo há anos. Perante a degradação evidente das dívidas pública, interna e externa portuguesas, exibida por numerosos quadros estatísticos disponibilizados por organizações internacionais diversas (mas não pelo Banco de Portugal), e compiladas pela Wikipédia, coloquei dois cenários possíveis:
  • uma recomposição do actual espectro partidário —com o surgimento de dois novos partidos políticos (um saído da barriga do PS, e outro, da barriga do PSD);
  • ou a degradação imparável da crise do regime, da qual resultaria a inevitabilidade da formação de um governo de coligação ao centro mediada pelo presidente da república, envolvendo processos de purificação interna dentro dos dois principais partidos políticos.
O preço desta última solução deverá saldar-se pela não recandidatura de Aníbal Cavaco Silva a um segundo mandato. Alegre deverá pois bater-se contra Bagão Félix ou outra personalidade com prestígio na banda centro-direita do espectro eleitoral.

Para quem não percebeu ainda, a verdade nua e crua da nossa situação é esta: não fomos, nem seremos expulsos da União Monetária Europeia, i.e. do euro, mas é como se tivéssemos sido. O nosso poder de compra vai cair pelo menos 30% nos próximos dois anos! O Estado vai ter mesmo que encolher. Para sobrevivermos e ultrapassar o verdadeiro Rubicão que temos pela frente, precisaremos de uma liderança da coisa pública completamente renovada. E provavelmente teremos que meter na prisão uma boa centena de vigaristas, incluindo o actual primeiro ministro e a comandita que o pariu.

Como sempre escrevi, Passos de Coelho ou apressava o passo no sentido de uma ruptura terapêutica, ou suicidar-se-ia politicamente antes de começar a ser alguém.

quarta-feira, outubro 06, 2010

Rumos — 4

A solução está na melhoria da nossa balança comercial

Esgotaram-se em Portugal os bilhetes e as entradas para exposição automóvel de Paris. Tal como já Saint-Exupéry escrevia sobre a Lisboa dos anos 40 — Carta a um refém (Lettre à un Otage)—, verificam-se por aqui perigosos fenómenos de alheamento.

Os principais pecados originais que nos assolam são o facto de consumirmos muito mais do que produzimos e também importarmos substancialmente mais (20%) do que exportamos. Todas as outras falhas dependem destas primeiras, com a agravante de 80% das nossas trocas comerciais se concentrarem em 5 países europeus onde será evidentemente quase impossível aumentar a penetração dos respectivos mercados.

Se por algum momento nos absorvermos apenas na obsessão orçamental cairemos rapidamente no abismo. Qual a prioridade estratégica? Diminuir o deficit comercial, conter as importações, aumentando as exportações, mas seleccionando as que impliquem alto valor acrescentado. A resposta oficial alude sempre à indústria automóvel e de componentes mas o engano é profundo. A Autoeuropa é, agora, a maior exportadora com mais de 10% do total nacional, contudo é também a maior firma importadora e de cada 110.000.000€ que exporta, importa  100.000.000€ de componentes.

Devemos identificar e apoiar firmemente os sectores como sejam o têxtil técnico, malhas, couros, calçado e mobiliário, casos em que para cada 10 que se exporta, apenas se importam 6, logo com muito maior valor acrescentado.

Para substituir as importações note-se o caso das frutícolas, hortícolas e oleaginosas que continuamos a importar em tão alta escala, quando há tanta potencialidade de produção nos raios próximos de Lisboa e Porto. Há total urgência no apoio e desenvolvimento às redes logísticas dos produtos frescos. Vejam e trabalhem o exemplo dos produtos lácteos, quase já integralmente portugueses. A via das cooperativas logísticas agrícolas tem de ser imediatamente fomentada com apoio estatal já que o seu retorno fiscal seria rápido. A zona Oeste e o vale do Sorraia, para Lisboa, poderiam quase que imediatamente substituir, com todas as vantagens para o consumidor e economia nacional, as absurdas importações de Espanha. O aumento de produtividade só pode ser encontrado nos sectores em que temos, desde sempre, as maiores vantagens competitivas e em que sobretudo contamos com o nosso próprio mercado.

Frederico Brotas de Carvalho

terça-feira, outubro 05, 2010

5 de Outubro



A verdade é simplesmente esta: Portugal foi levado à bancarrota pela nomenclatura partidária, corporativa e sindical que há três décadas nos desgoverna.

O principal culpado é efectivamente o populismo partidário que tomou conta da III República depois de os militares que a 25 de Abril de 1974 derrubaram a ditadura se terem retirado da cena política.

Foram os militares, e não Mário Soares, Álvaro Cunhal, Sá Carneiro ou Freitas do Amaral, que derrubaram a ditadura, não se esqueçam. Estes e a corja partidária por eles criada, muito mais do que a maioria dos portugueses, que voltou a emigrar em massa ao longo da última década, foram os grandes beneficiários da decisão dos militares. Não sei portanto de que galhofam os nossos néscios deputados sempre que discutem política na Assembleia da República. O resultado da sua irresponsabilidade tonta e ignara está à vista!

Mais ainda, não fora a adesão à CEE e posterior integração na União Europeia e já a falência brutal do país teria ocorrido. Se nada de pior acontecer, tal ficará a dever-se exclusivamente aos comandos comunitários da União, e sobretudo à determinação da Alemanha. Foi a senhora Merckel que colocou o vigarista Sócrates no seu insignificante lugar, obrigando-o a antecipar a sua reunião ministerial, de Quinta para Quarta Feira, para tomar in extremis medidas ditadas pela Comissão Europeia, sem cuja adopção a torneira do BCE se fecharia imediatamente. Será por causa desta mesma senhora que Portugal acabará por sofrer uma nova revolução constitucional nos tempos mais próximos.

Se o Passos de Coelho seguir as instruções da matilha de ladrões que há décadas se apropriou da nossa democracia e da nossa poupança, e se abstiver na votação do próximo orçamento do PS, em vez de votar legitimamente contra, morrerá como político no altar da cobardia e de uma então provada mediocridade intelectual. Se assim for, a gangrena do sistema político será geral, não restando outra alternativa que não passe por uma enérgica alteração constitucional. É perfeitamente legítimo exigir, face ao colapso do sistema político que se avizinha, a convocação de uma nova assembleia constituinte, com o objectivo de corrigir o actual sistema constitucional — manifestamente bloqueado pela sua actual composição. Uma assembleia onde, obviamente, se faça representar a maioria do povo português, que neste momento lá não está — como também não está representada na presidência da república.

Foi pena não terem dado a Manuela Ferreira Leite a oportunidade que ela merecia. Defendi-a aqui, tendo toda a minha vida votado à esquerda. As nossas esquerdas, do PS ao Bloco, passando pelos Estalinistas do PCP, e pelo cada vez mais patético Manuel Alegre, acabaram por revelar-se, ironicamente no ano do centenário do regime republicano, como os principais responsáveis, não apenas da falência do país, mas da própria demolição do Estado Social. De esquerda, portanto, nada têm, a não a ser as definições falsificadas que trazem à lapela. Por incrível que pareça são os melhores aliados desse traste presidencial chamado Aníbal Cavaco Silva.

Renego, pois, esta esquerda populista, hipócrita, corrupta e incompetente. Para sempre! Outro caminho será certamente possível no futuro — racional, humano e justo.


POST SCRIPTUM — Acabo de ouvir Mário Soares reconhecer, numa entrevista à SIC-N, conduzida pelo Mário Crespo, que o governo foi "obrigado" por Bruxelas a tomar as medidas que tomou. Mais, foi submetido a um ultimato, que a não ter sido acatado, teria motivado o fecho da torneira dos empréstimos — disse MS, mais ou menos por estas palavras. É óbvio que foi mesmo assim, como aliás escrevi a tempo e horas. O reconhecimento do bem informado Soares só serve, neste caso, para passar mais um atestado de incompetência técnica e nulidade política ao vigarista Pinto de Sousa e ao cabotino ministro das finanças. Estas criaturas miseráveis atribuíram a si mesmas a virtude da coragem. Se não tivesse revisto ontem ou anteontem O Grande Elias, ainda poderia supor que este género de mal é recente e veio das berças beirãs e nortenhas. Mas não, o estilo é alfacinha e vem de longe, como o Brandy Constantino. Os rapazes da província aprendem depressa!

Entretanto, soube que também Durão Barroso disse à TSF, neste dia 5 de Outubro, que Bruxelas teve que intervir junto do governo português (leia-se, impor-lhe o pacote de medidas de austeridade que este viria a anunciar como um "acto de coragem" seu!) E vão dois...

Quem tem medo compra um cão

O jota Passos de Coelho tem duas opções:
  • abster-se na votação do orçamento do vigarista-mor do reino (José Sócrates) e dar um tiro na cabeça logo a seguir,
  • ou votar contra, e abrir as portas à verdadeira possibilidade de sairmos do atoleiro para onde esta democracia degenerada, clientelar, burocrata e corrupta nos levou.
REPITO:
  1. A única coisa que poderá piorar a crise portuguesa é manter no poder quem criminosamente a criou e alimentou: José Sócrates e Aníbal Cavaco Silva
  2. O Bloco Central da Corrupção e das Obras Públicas é o grande cancro do país — e como tal é preciso remover o tumor quanto antes, até à última metástase!
  3. Para fazer estas duas coisas é necessário que alguém, no quadro partidário, dê o primeiro passo, sabendo que as canalhas partidárias e clientelares são parte do problema e nunca parte da solução (a menos que sejam postas no seu devido lugar, i.e. de cócoras e a ganir!)
  4. Portanto, jovem Jota, o teu dilema nem é dos piores: ou tremes e recuas agora, e morres em seguida de pasmo e estupidez; ou votas contra o orçamento de 2011 e viras o país a favor de uma mudança efectiva do actual estado de coisas.
  5. Manda as sereias compradas do Banco de Portugal, da Standard&Poor's e o Marcelo à merda!
  6. Recorda-te de que quem tinha razão era Manuela Ferreira Leite. Se a renegares pela segunda vez, terás a sorte de São Pedro. De cabeça para baixo!

sexta-feira, outubro 01, 2010

O que nos espera - 4

O luto de Outubro

No dia 5 de Outubro de 2010 comemora-se a terceira bancarrota de Portugal gerada por sistemas parlamentares populistas que em nada mudaram ao longo dos últimos 100 anos. Assassinaram a Monarquia, colocaram a Primeira República ao colo da uma Ditadura, e preparam-se agora para mergulhar Portugal numa espiral de empobrecimento e descalabro social sem precedentes. A corja não mudou nada desde Eça Queiroz!

Há, porém, um pormenor que deve ser destacado desta vez:
  • quem levou Portugal à bancarrota? Foi o Partido Socialista;
  • quem começou a demolir de forma imparável o Estado Social? Foi o Partido Socialista;
  • quem permitiu a captura do Estado Português por organizações mafiosas de todas as cores e feitios? Foi o Partido Socialista;
  • quem transformou a Justiça Portuguesa numa anedota trágica? Foi o Partido Socialista.
  • quem instituiu a prática sistemática da falsificação de estatísticas e manipulação da imprensa? Foi o Partido Socialista.
Tudo isto aconteceu nos últimos quinze anos, sendo desprezível o impacto que Durão Barroso e Santana Lopes tiveram na acelerada e irremediável degradação do regime. É, de facto, o Partido Socialista, pela mão de quem o desfigurou e dele abusou sem pudor, à boa maneira de uma autêntica Cosa Nostra, o principal responsável do colapso ontem finalmente reconhecido pelo boneco que lá colocaram na pose de primeiro-ministro, depois do ultimato mais do que óbvio lançado ao governo pela Comissão Europeia.

As medidas anunciadas (1) foram vagas e deixaram de fora dois temas essenciais:
  • a diminuição do Estado paquidérmico, indolente, corporativo e corrupto que temos —há 13.740 entidades sem rosto que recebem silenciosamente centenas de milhões de euros dos nossos impostos todos os anos! (2);
  • e os grandes investimentos públicos associados ao Bloco Central do Betão e da Corrupção, com especial destaque para as criminosas Parcerias Público Privadas encavalitadas em verdadeiros desastres programados pelos piratas que há décadas saqueiam o país — tais como: a falência e posterior nacionalização fraudulentas do BPN, a tentativa de fazer um aeroporto desnecessário em Alcochete, a igualmente desnecessária e monstruosa Ponte Chelas-Barreiro, e as novas autoestradas, cujos contratos implicam uma sangria fiscal na ordem dos 2 mil milhões de euros anuais a partir de 2014 (ou seja, o mesmo que pagar anualmente aos concessionários o equivalente a duas Pontes Vasco da Gama!)
Presume-se que o desalmado Teixeira dos Santos tenha ido a Bruxelas, na manhã seguinte à da conferência realizada no dia 29 de Setembro, trocar por miúdos as vacuidades, desta vez tristes, anunciadas pela criatura sem emenda que os portugueses por duas vezes elegeram primeiro-ministro (não se queixem!)

Os floreados retóricos que decorreram hoje na Assembleia da República, no meio da mais grave crise de sempre das nossas finanças públicas, mostraram à saciedade que não temos parlamento, mas uma câmara corporativa e sindical dominada por professores (i.e. funcionários públicos) e advogados da corrupção. Na realidade, o parlamento português revelou-se não só um instrumento completamente inútil no regime democrático devolvido aos portugueses por um golpe de Estado militar, mas também um dos principais factores de irresponsabilidade política, compadrio por detrás das divergências televisivas, e egoísmo partidário. Se temos hoje uma democracia degenerada —e temos!—a causa desta triste realidade reside em boa parte no imprestável parlamento que temos vindo a eleger sem nos darmos conta de que criámos um monstro muito caro e patético.

Temer por uma crise política nestas alturas do campeonato é como ter medo da chuva depois de uma carga-de-água tropical. O papão da crise política, alimentado pelas tríades e máfias instaladas, e papagueado pelos bonecos que se agitam sob o seu comando, não passa de mais uma maquinação mediática para impedir que se faça o que tem que ser feito: demitir o actual governo, e convocar eleições legislativas antecipadas, assim que o novo presidente da república tenha sido eleito.

Como é também evidente, o maior aliado de José Sócrates, Aníbal Cavaco Silva —que ainda não explicou ao país porque meteu o senhor Dias Loureiro no Conselho de Estado—, é parte inteira do problema político, e não da sua solução. Aliás, só poderá agravá-lo, se se recandidatar e for reeleito!

Daí que Passos de Coelho, o actual líder do PSD, se quiser sobreviver politicamente, tenha que usar a "bomba atómica" que tem na mão. Isto é, anunciar duas coisas:
  1. que votará contra a proposta de orçamento do actual governo, na medida em que será mais um cheque sem provimento endossado aos portugueses, desta vez com demolição do Estado Social incluída, por um partido que é de facto o principal responsável pela bancarrota de Portugal;
  2. e que não apoiará a recandidatura de Cavaco Silva. Na realidade, bastará anunciar a primeira decisão para que o actual presidente, manifestamente incapaz de lidar com problemas pesados, desista de se candidatar a um segundo mandato.
O PS, como bem se disse já, que aprove o orçamento de Estado com os partidos que vão juntar-se no apoio eleitoral a Manuel Alegre. Basta de hipocrisias!

Por menos do que isto, teremos uma gangrena muito perigosa do regime.


NOTAS
  1. O Governo apresentou as 19 medidas que pretende implementar para reduzir o défice deste ano e de 2011. Entre as 19 medidas apresentadas, 15 são do lado da despesa e as restantes quatro do lado da receita.

    Despesa

    1 – Reduzir os salários dos órgãos de soberania e da Administração Pública, incluindo institutos públicos, entidades reguladoras e empresas públicas. Esta redução é progressiva e abrangerá apenas as remunerações totais acima de 1500 euros/mês. Incidirá sobre o total de salários e todas as remunerações acessórias dos trabalhadores, independentemente da natureza do seu vínculo. Com a aplicação de um sistema progressivo de taxas de redução a partir daquele limiar, obter-se-á uma redução global de 5% nas remunerações;
    2 - Congelar as pensões;
    3 - Congelar as promoções e progressões na função pública;
    4 -Congelar as admissões e reduzir o número de contratados;
    5 - Reduzir as ajudas de custo, horas extraordinárias e acumulação de funções, eliminando a acumulação de vencimentos públicos com pensões do sistema público de aposentação;
    6 - Reduzir as despesas no âmbito do Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente com medicamentos e meios complementares de diagnóstico;
    7 - Reduzir os encargos da ADSE;
    8 - Reduzir em 20% as despesas com o Rendimento Social de Inserção;
    9 - Eliminar o aumento extraordinário de 25% do abono de família nos 1º e 2º escalões e eliminar os 4º e 5º escalões desta prestação;
    10 - Reduzir as transferências do Estado para o Ensino e sub-sectores da Administração: Autarquias e Regiões Autónomas, Serviços e Fundos Autónomos;
    11 - Reduzir as despesas no âmbito do Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC);
    12 - Reduzir as despesas com indemnizações compensatórias e subsídios às empresas;
    13 - Reduzir em 20% as despesas com a frota automóvel do Estado;
    14 - Extinguir/fundir organismos da Administração Pública directa e indirecta;
    15 - Reorganizar e racionalizar o Sector Empresarial do Estado reduzindo o número de entidades e o número de cargos dirigentes.

    Receita

    1 - Redução da despesa fiscal
    ·                     Revisão das deduções à colecta do IRS (já previsto no PEC);
    ·                     Revisão dos benefícios fiscais para pessoas colectivas;
    ·                     Convergência da tributação dos rendimentos da categoria H com regime de tributação da categoria A (já previsto no PEC);

    2 - Aumento da receita fiscal
    ·                     Aumento da taxa normal do IVA em 2pp.;
    ·                     Revisão das tabelas anexas ao Código do IVA;
    ·                     Imposição de uma contribuição ao sistema financeiro em linha com a iniciativa em curso no seio da União Europeia;

    3 - Aumento da receita contributiva
    ·                     Aumento em 1 pp da contribuição dos trabalhadores para a CGA, alinhando com a taxa de contribuição para a Segurança Social.
    ·                     Código contributivo (já previsto no PEC).
    4 - Aumento de outra receita não fiscal
    ·                     Revisão geral do sistema de taxas, multas e penalidades no sentido da actualização dos seus valores e do reforço da sua fundamentação jurídico-económica.
    ·                     Outras receitas não fiscais previsíveis resultantes de concessões várias: jogos, explorações hídricas e telecomunicações.
  2.  O estado português dá emprego efectivo a cerca de 700 mil funcionários públicos (i, 18-05-2010) e contrata a recibos verdes quase 5 mil prestadores de serviços (Económico, 24-08-2010). No entanto, a diminuição dos agentes efectivos e provisórios do Estado não se traduziu na eliminação de serviços inúteis ou redundantes, mas antes na sua contínua proliferação, embora disfarçada pela criação de empresas municipais e regionais de capitais 100% públicos, e pela contratação de prestações de serviços permanentes a empresas privadas, boa parte delas na órbita empresarial dos partidos!

quarta-feira, setembro 29, 2010

O que nos espera - 3

Abaixo este governo!

Uma crise política que leve à demissão do desgoverno socialista e à não recandidatura do imprevidente, desajeitado e imprestável presidente da república Aníbal Cavaco Silva, é a única forma democrática de espremer o pus do furúnculo infecto em que degenerou a nossa democracia

O bando de ladrões do BPN (via piratas da SLN) comprou os terrenos de Alcochete onde querem construir o novo aeroporto, mal soube que a Ota seria abandonada. São eles que agora pressionam o tam-tam contra o "TGV", defendendo por todas as esquinas silenciosas do regime corrupto que temos a construção do novo aeroporto de Alcochete.

Em vez de modernizarem com pés e cabeça o aeroporto da Portela, a nomenclatura partidária portuguesa (abrangendo de uma maneira ou doutra todos os partidos com assento parlamentar) encontra-se no bolso das grandes construtoras e bancos associados e, por acção ou omissão, faz o que esta manda.

Daí que Cavaco Silva (um velho amigo do banco cuja falência de 4,5 mil milhões de euros, pesa sobre todos nós), mais alguns perfumados do CDS_PP e do PSD, vomitem diariamente acusações contra o TGV, mas nada digam sobre o NAL de Alcochete, ou sobre essa bomba-relógio do super-endividamento nacional que são as novas PPP congeminadas para levar por diante as novas auto-estradas e falsas SCUTs em construção ou fase de contratação. Quando seria vital arrancar estas carraças gordas de corrupção e desvario do corpo português, o mais depressa possível, vemos, pelo contrário, uma conspiração montada para prosseguir este assassínio do país, ao mesmo tempo que a corja partidária se prepara para tomar de assalto, pela via fiscal e assédio à propriedade privada, o que resta da riqueza nacional livre dos compromissos do endividamento público e externo do país.

As 7 SCUTS existentes, que não foram desenhadas para suportarem sistemas de portagem (daí as dificuldades técnicas com que o governo se tem deparado na tentativa da sua implementação) já custam anualmente 700 MILHÕES DE EUROS aos nossos impostos.

Esta factura será paga todos os anos até 2023. Só depois desta data, numa época em que o transporte automóvel e aéreo terá sido já mortalmente atingido pela escassez petrolífera, começará a diminuir!

Mas mais grave ainda: se as novas auto-estradas anunciadas e já parcialmente contratadas pelo Bloco Central do Betão e da Corrupção (PS+PSD-CDS_PP+PCP) avançarem todas (ver aqui o mapa interactivo deste desvario demencial), o seu custo astronómico representará uma factura anual de 1.300 milhões de euros.

Ou seja, o plano de auto-estradas desnecessárias e a prazo inúteis congeminadas pelo regime corrupto que temos vai custar a todos os portugueses 2 MIL MILHÕES DE EUROS ANUAIS a partir de 2014 e até 2023! Só depois desta data a factura começará a diminuir...

Comparados com este plano de expropriação da riqueza nacional —por via dos impostos e das ameaças já em curso à posse privada de bens imobiliários urbanos e rurais—, os custos da alta velocidade ferroviária, entre Pinhal Novo e Badajoz, e do novo submarino adquirido à Alemanha, não passam de despesas razoáveis — "peanuts" (1)

O Presidente da República, o PDS e o CDS_PP criticam diariamente o TGV (nome estúpido vulgarizado pelos indígenas da nomenclatura lusitana para designarem erradamente a implementação de linhas férreas de bitola europeia para comboios de alta velocidade/velocidade elevada). Esquecem, principalmente a nossa desajeitada Rainha de Boliqueime (ultimamente cheia de iniciavas cesaristas), que há acordos de estado assinados com Espanha sobre esta matéria. E esquecem também que a transformação da nossa rede ferroviária por forma a compatibilizá-la com as futuras redes de bitola europeia, espanhola e transpirenaica, é uma prioridade efectivamente estratégica, nomeadamente por causa da mudança radical dos paradigmas de mobilidade que o barril de petróleo a 100, 120, 150, 175, 200, e 300 dólares inevitavelmente causará de forma imparável e sem retrocesso daqui para a frente. Em 2013, 2015, 2020, centenas de milhões de pessoas serão forçados a trocar o seu automóvel privado por novas formas de transporte (tele-transporte e transporte físico colectivo movido a electricidade)

Basta fazer apenas o troço Pinhal Novo-Caia (Badajoz) para ligar Lisboa a Madrid e ao resto da Espanha. No Pinhal Novo os comboios adaptarão os seus rodados à via que atravessa a Ponte 25 de Abril, levando os passageiros até uma nova estação situada no buraco urbano da antiga Feira Popular, verdadeiro centro geográfico e intermodal da cidade de Lisboa. Esta linha custará aos bolsos dos portugueses 70 milhões de euros. Ou seja, 28,5 vezes menos do que as novas auto-estradas que ninguém quererá pagar, nem terá dinheiro para pagar, mesmo que quisesse.

O senhor Passos de Coelho tem que olhar bem para esta verdadeira bomba-relógio!

Desde 2007 que vimos denunciado o descalabro do endividamento interno e externo do país, e o despotismo público pornográfico da nomenclatura partidária corrupta que se apoderou do país em nome de uma democracia que activamente cavalgou e degenerou. O resultado está à vista!

O único facto relevante da comemoração do centenário da República é ser o ano da bancarrota de Portugal.


NOTAS
  1. O projecto ferroviário de Alta Velocidade/Velocidade Elevada que visa ligar Portugal a uma rede europeia coerente, e desde logo ao nosso maior parceiro comercial (a Espanha), deverá ser reformulado no sentido de conferir a prioridade ao transporte de mercadorias, limitando, pelo menos em Portugal, a velocidade dos comboios de passageiros aos 250Km/h, em vez dos 300 e 350 Km/h pretendidos pelos optimistas do crescimento. Acima dos 220Km/h, os custos das infraestruturas, do material circulante, da manutenção diária das linhas e sistemas de alimentação e sinalização, mais custos de segurança, aumentam exponencialmente, como se pode perceber desta reportagem sobre os impactos negativos da velocidade a partir de certo limiar. Com o encarecimento inevitável e imparável da energia e das matérias primas essenciais ao estilo de vida industrial e urbano, não teremos outro caminho que não passe por diminuir as deslocações físicas desnecessárias de pessoas e bens. Esta mudança do paradigma de desenvolvimento levar-nos-à a uma expansão sem precedentes do tele-trabalho, da tele-diversão e em geral da telepresença à escala local e global. O frenesim dos aeroportos e dos "bullet trains" tem a sua morte anunciada e inscrita no pico do petróleo. Um comboio de passageiros correndo a 250Km/hr será mais do que suficiente aos novos tempos do decrescimento sustentável.
[última actualização: 30-09-2010 23:21]

    segunda-feira, setembro 27, 2010

    O que nos espera - 2

    A OCDE e o FMI não vêm aí... Os principais responsáveis pela bancarrota de Portugal é que berram p'ra que venham dizer alto e bom som o que a actual canalha partidária é incapaz de assumir: a verdade!



    De qualquer modo, o mexicano Angel Gurría, secretário-geral da OCDE, cozinhou o relatório com o actual governo, o que não pode deixar de ser simultaneamente uma vergonha e uma fonte de suspeita forte sobre a qualidade dos conselhos dados, ao sabor das conveniências dos situacionistas do regime. Espero bem que o Passos de Coelho resista às pressões e evite o seu prematuro suicídio político. É isso aliás que a rainha de Boliqueime e o Pinóquio das Beiras precisamente querem, mais as turmas, tríades, polvos e máfias que os rodeiam e levaram o país ao estado comatoso em que se encontra. Aliviar o país da carga chamada Aníbal Cavaco Silva e José Sócrates Pinto de Sousa, mais o poeta surdo-mudo que pretende ser presidente da república, é uma purga absolutamente imprescindível à regeneração do regime. Com a continuação deste bloco central do cinismo e da corrupção, no poder, Portugal afundar-se-à cada vez mais. E não vejo nenhum Salazar por aí!

    Um país sem orçamento e a duodécimos é como uma purga de emagrecimento de efeitos automáticos. Por outro lado, não é a crise política que afasta os mercados de Portugal. É o nosso escandaloso endividamento, a bandalheira político-partidária instalada, e a corrupção endémica que une como UHU empresários indolentes, cabotinos e corruptos a políticos igualmente preguiçosos, cabotinos e corruptos. Ora desfazer este nó górdio exige que alguém diga, de uma vez por todas, não à destruição do nosso país. Se não for o jota candidato a primeiro ministro, outro lhe sucederá certamente.

    Post scriptum — As medidas propostas pela OCDE nem seriam muito diferentes das que ontem mesmo aqui sugeri como inevitáveis, se fossem equilibradas, e por conseguinte previssem também cortes substanciais na despesa pública de investimento perdulário e corrupto, e a imposição de responsabilidades fiscais efectivas a quem, entre os mais ricos, nada ou pouco paga — como a banca falida que temos, ou os monopólios clientelares que dominam o país. Mas não, o senhor Gurría veio fazer um frete ao governo de Sócrates e à imensa tropa de piratas que o rodeia, colocando o fardo do pagamento das dívidas ao lombo dos mais pobre e dos mais fracos. É caso para lhe perguntar qual foi a comissão que recebeu para realizar tamanha sujeira?

    domingo, setembro 26, 2010

    O que nos espera

    Banca revela finalmente que está a caminho da falência, como o Estado e o resto do país.

    Fernando Ulrich, 13 de Setembro 2010 — "No curto prazo, e se os mercados de capitais continuarem fechados para os bancos portugueses, estes só têm duas vias para seguir a orientação do Banco de Portugal [diminuir a dependência do BCE]: vender activos (imóveis, acções, participações financeiras, obrigações); e reduzir a carteira de créditos [ou seja, a disponibilidade para emprestar dinheiro.]"

    Com os bancos portugueses falidos, os especuladores a fugir da dívida soberana portuguesa, e a portinhola do BCE prometendo fechar já no início de 2011, não nos restam muitas alternativas. Ou melhor, só resta um pacote de medidas drásticas, que aliás será imposto pelo BCE e por Bruxelas (e não pelo igualmente falido FMI): aumentar o IVA para 23% (em 2011) e para 25% (em 2012), aumentar o IRS nos escalões médios e elevados; criar um imposto visível sobre as fortunas e os bens de luxo; criar um imposto adicional sobre o CO2 produzido pelos automóveis; e, ao mesmo tempo, reduzir os vencimentos da Função Pública; eliminar umas centenas de organismos e departamentos públicos duplicados, inúteis e que apenas foram criados para satisfazer as clientelas partidárias; privatizar 30-40% do ensino superior; privatizar 20-30% da saúde; privatizar a TAP, a ANA e a CP; reduzir no prazo de um ano 50% o orçamento da RTP; diminuir para o limite inferior o número de deputados à Assembleia da República, e parte significativa dos seus privilégios indecorosos e injustificados (almoços, viagens e telecomunicações praticamente à borla); reformar o mapa autárquico, com a diminuição drástica do número de câmaras municipais e diminuição do número de freguesias nas cidades com mais de 10 mil habitantes (mantendo embora o número de freguesias rurais); e, por fim, aumentar a idade da reforma para os 68 anos. Isto ou muito parecido será o preço a pagar por todos nós se quisermos evitar uma expropriação do país pelos nossos credores.

    Quanto a Passos de Coelho, só pode fazer uma coisa se quiser sobreviver na corrida à próxima presidência do conselho de ministros: votar contra o orçamento do PS sem a menor hesitação, anunciando sem tibieza e desde já uma tal decisão. O PS, o Alegre, o Louçã e Jerónimo de Sousa que o aprovem! Pois não faz sentido fazerem o contrário, já que todos irão votar no poeta sonambulista.

    Prioridades de Portugal

    Os imbecis do Bloco Central, e os imbecis do Bloco de Esquerda, do PCP e do CDS, ainda não perceberam que temos apenas três prioridades estratégicas:
    • preservar e potenciar os nossos ecossistemas (máxima prioridade e poder absoluto ao Ministério do Ambiente);
    • ter uma estratégia de produção (agrícola, industrial e pós-industrial) simples, clara e inflexível, para o que será imprescindível forçar a reforma democrática das actuais corporações sindicais, profissionais e patronais (1);
    • e mudar radicalmente o paradigma de transportes e mobilidade (pondo os serviços em regime generalizado de tele-presença e tele-trabalho, as indústrias materiais em nichos de especialização manual —artística— e intelectual, e as mercadorias pesadas sobre carris e navios. Não precisamos de TGVs a andar a 300Km/h para coisa nenhuma! Não precisamos da Alta Velocidade ferroviária para transportar pessoas, salvo no eixo Lisboa-Madrid-Barcelona-Valência-Sevilha-etc. (2). Precisamos, sim, de refazer toda a nossa rede ferroviária para o transporte misto de pessoas e mercadorias (ou seja, para velocidades máximas de 250 Km/h), tendo em vista o grande projecto de interoperabilidade ferroviária e multi-modalidade que os burocratas bem pagos de Bruxelas já adquiriram como prioridade estratégica fundamental da União Europeia, tendo nomeadamente presente os impactos tremendos do pico petrolífero. O Novo Aeroporto da Ota em Alcochete não faz qualquer sentido quando é sabido que o transporte aéreo de massas está condenado. As empresas aéreas de Low Cost são o derradeiro paradigma de um sistema de transporte que em breve voltará a estar reservado aos endinheirados (Tires não pára de crescer!), pelo que é de prever que sejam estas mesmas empresas a gerir no futuro a grande rede europeia de transporte ferroviário (entre países, nos países, entre cidades, e dentro das cidades). Só a dependência corrupta dos nossos políticos, que se financiam nas empresas de construção e nos monopólios clientelares, pode explicar a sensibilidade interessada dos estados-maiores dos partidos aos argumentos da Mota-Engil e quejandos.
    O sinal de partida de uma reorientação estratégica desta envergadura terá que ser, naturalmente, um ataque sem precedentes ao estado burocrático e paquidérmico que a corrupta nomenclatura partidária criou para sua própria segurança, e uma verdadeira operação mãos limpas contra as tríades, máfias e polvos da corrupção endémica que ameaça endividar Portugal por todo o século 21!

    NOTAS
    1. Bastariam duas medidas para esta reforma democrática: limitar os mandatos de todos os cargos electivos a um máximo de 8 anos; e publicitação anual obrigatória, na Internet, dos relatórios e contas destas associações.
    2. A ligação Lisboa-Madrid (resto de Espanha) terá que ser uma linha mista para passageiros e mercadorias em bitola europeia e com sistemas de alimentação eléctrica e sinalização idênticos aos da Espanha, que por sua vez terão que ser idênticos aos franceses, alemães, austríacos, checos, polacos, e por aí adiante. A vigarice, imposta ao actual governo pela Mota-Engil, e protagonizada pelo moço de fretes António Mendoza, de construir uma nova linha exclusiva —recorrendo à moribunda bitola ibérica— entre Sines e Badajoz, ou mais exactamente, entre Évora e Caia (criando desta forma mais um pequeno monopólio despesista e improdutivo para o senhor Mota e o senhor Coelho), tem que ser travada imediatamente e denunciada como mais um verdadeiro acto de corrupção do Estado (ver a denúncia do PSD na AR). A linha Lisboa-Madrid tem, isso sim, que ser uma linha mista, para passageiros e mercadorias, por uma óbvia razão de racionalidade económica e estratégica. Por outro lado, esta linha não precisa, para já, de cruzar o rio Tejo sobre uma nova ponte desnecessária. Esta é aliás outra grande obra planeada com os pés, única e exclusivamente destinada a alimentar as empresas clientelares e corruptas do regime. A prova está no facto de a anulação do concurso da TTT, ganho por um consórcio liderado por espanhóis, ter sido uma exigência da Mota-Engil e do senhor Coelho. O mentiroso ministro das obras públicas deveria ser levado ao banco dos réus por toda esta embrulhada de tráfico de influências. Finalmente, se o futuro aeroporto de Lisboa poderá um dia, se for justificado, ir para Rio frio ou Alcochete, porque carga de água o Pinhal Novo é menos digno para acolher a ligação Lisboa-Madrid de Alta Velocidade?! Chegado à moderna e entretanto ampliada estação ferroviária do Pinhal Novo, o AVE, ou LAVE (enfim, o Transiberiano), enquanto despeja umas dezenas largas de passageiros, adapta os seus rodados para a linha mais larga que corre sobre a Ponte 25 de Abril, e lá arranca, depois de uma paragem de 15mn (ou até menos), até à nova Estação Central de Lisboa, nos antigos terrenos da Feira Popular. Nada mais simples, directo, tecnologicamente evidente, e economicamente racional.

    segunda-feira, setembro 20, 2010

    Rumos — 3

    Morreu finalmente o projecto e o concurso para a TTT

    Algumas das vicissitudes são afinal imediatas oportunidades de desenvolvimento e de riqueza. Morreu finalmente o projecto e o concurso para a TTT — Terceira Travessia do Tejo, que ligaria o Barreiro a Chelas, e que tinha uma expectativa orçamental acima de qualquer imaginação. Para além do que possa ser dito oficialmente, e por várias razões, nunca mais uma mente dentro do seu perfeito juízo voltará a concretizar tal concurso.

    Em consequência muda completamente o quadro prospectivo na área metropolitana de Lisboa.

    Primeira conclusão: a estação terminal de alta velocidade será na estação já existente no Pinhal Novo,  situada no alinhamento e apenas a 10 km do Poceirão, caindo pois por terra a lunática duplicação da “Gare do Oriente” do professor Calatrava. Do Poceirão/Pinhal Novo saem já regularmente modernas composições ao serviço da Fertagus, e dos comboios Alfa e Intercidades, as quais, atravessando a ponte, entregam os passageiros nas Estações de Metro de Sete Rios, Entrecampos, Roma e na própria “Gare do Oriente”. A poupança é múltipla.

    Caem também por terra os planos do Dr. António Costa e do arquitecto Manuel Salgado, na Câmara Municipal de Lisboa, para os esquemas de circulação que a TTT induziria em Lisboa. A excelente escola Afonso Domingos em Chelas salva-se enfim da demolição anunciada pelo Ministério da Educação.

    A estação de Entrecampos e o espaço livre da antiga Feira Popular identificam-se imediatamente como o futuro centro de origem para a ligação a Espanha e resto da Europa. A Sul do Tejo, por sua vez, nasce a possibilidade de reflexão sobre as oportunidades de desenvolvimento de centros empresariais e até de zonas habitacionais, turísticas e comerciais, nas proximidades do eixo Poceirão-Pinhal Novo, onde há espaço livre e acessível, em breve com ligação directa à rede ferroviária comunitária, e o aeroporto de Badajoz a 45 minutos de distância! O projecto de transportes do arco ribeirinho Sul ganha também nova acuidade. Em perspectiva estão assim investimentos razoáveis com ínfima participação do Estado. Olhem para o mapa por favor.

    Frederico Brotas de Carvalho

    sábado, setembro 18, 2010

    Portugal: 1415-2015 (III)

    Outra democracia, por favor!



    Na pedagogia clarificadora de Rui Rodrigues, a situação financeira actual do país (que os intelectuais orgânicos da nomenclatura responsável pela segunda bancarrota da República não conseguem entender) é esta: Portugal está a endividar-se à razão de 2 pontes Vasco da Gama por mês, ou seja, 24 pontes por ano. Por sua vez as dívidas pública e privada acumuladas somam já qualquer coisa como 500 pontes Vasco da Gama! Em suma, só os juros anuais da nossa dívida conseguem comer toda a receita turística anual. Que acham que vai acontecer? Não será certamente o que a nossa alegre corja parlamentar e partidária anuncia. Vamos, pelo contrário, passar colectivamente pela maior humilhação nacional desde o Ultimato Inglês. Então como agora a culpa é quase toda das indecorosas elites que temos.
    The direct consequences for Asia and Euroland: Successful accelerated decoupling or social chaos

    …in 2011, China and Asia will have to prove that they have become entities capable of guaranteeing at least their own growth without relying on the United States and thus leading to growth in all the BRIC countries and Euroland in the same breath. Indeed the United States’ arrival in austerity will result in a sharp drop in exports to the US and, therefore, require a greatly increased consumption inside China, inside Asia and with the BRIC countries. Meanwhile Euroland’s entry into stagnation from the end of 2010 will face an intellectual challenge which consists of choosing to favour a new partnership with the BRIC countries, or sink into economic difficulties along with the United States and the United Kingdom. — Global Europe Anticipation Bulletin, GEAB 47, Setembro 2010.
    O crescimento tímido de 2010 deveu-se essencialmente a estímulos governamentais de emergência, necessariamente efémeros e suportados pelo crescimento explosivo do endividamento público, bem como pela destruição do tecido social de dezenas de países. Em 2011, numa Europa previsivelmente estagnada, a sorte de um país como Portugal, que nada fez nos últimos dois anos para rever o seu modelo político e social, não poderia ser mais sombria.

    O desemprego mundial ultrapassa os 200 milhões de pessoas. Só a China tem mais de 9 milhões de desempregados urbanos e 100 milhões de camponeses excedentários. O FMI estima que serão precisos 440 milhões de novos postos de trabalho se o crescimento populacional continuar ao ritmo actual. Portugal tem os mais elevados níveis de desemprego de sempre, que continuarão a aumentar, por duas razões: a economia portuguesa estará estagnada ou em recessão durante o ano de 2011; e a capacidade de absorção das centenas de milhar de emigrantes portugueses, por parte dos países de acolhimento, atingiu o limite. Ou seja, assistiremos, já a partir de 2011, ao regresso precipitado e acelerado de muitos milhares de compatriotas que, ao longo da última década, saíram do país, nomeadamente para a União Europeia.

    Como se isto não bastasse, pela via fiscal, e pela prática dissimulada de uma política de juros desigual (1), aquilo que está em marcha é uma descomunal e impiedosa expropriação da poupança privada europeia e mundial.
    Alemanha recusa-se a prolongar ajuda aos países em dificuldade

    No final da reunião do Conselho Europeu, que hoje decorreu em Bruxelas, Angela Merkel disse aos jornalistas que deixou uma mensagem clara aos chefes de Governo dos 27: “Primeiro, a Alemanha não vai apoiar uma extensão das actuais ajudas [aos países em dificuldades]. Segundo, temos de trabalhar arduamente para definir as sanções e as lições a tirar desta crise”. A chanceler alemão exigiu um mecanismo permanente para combater a crise e substituir o pacote actual.  — Público, 16-09-2010.
     A Alemanha decidiu travar a criação de mais dinheiro virtual, pois não se esqueceu do tempo em que imprimia notas de mil milhões de marcos e mais. Para atingir este objectivo irá porém forçar os países sobre endividados a entrar nos eixos de uma economia financeiramente controlada.

    Portugal vai chegar ao fim de 2010 completamente nas lonas. E em 2011, ano da reeleição da esfinge presidencial, seremos provavelmente colocados na unidade de cuidados intensivos do BCE, depois de escancararmos aos olhos do mundo as mentiras da nossa democracia degenerada. Muito provavelmente é isto mesmo que Passos de Coelho e José Sócrates querem, pelo que não me admiraria nada se ambos esticassem a corda na discussão e votação do Orçamento de Estado de 2011 — até partir.

    Não gostaria de finalizar este artigo imputando todas as responsabilidades da actual situação à incompetência governativa, à incompetência parlamentar, e à incompetência partidária do regime. Há de facto realidades mundiais que os ultrapassam. Mas a irresponsabilidade manifesta da nomenclatura partidária que temos diminuiu e continua a diminuir as possibilidades de mitigação da crise. Com petróleo acima dos 60 dólares o barril, não há economia que resista. Nem a chinesa. Mas se continuarmos a votar na actual nomenclatura partidária, a queda será mais rápida, brutal e prolongada.

    Warren Buffet anda a comprar caminhos de ferro. Como se compreende então a fúria pacóvia da classe política portuguesa contra os comboios? Quando andavam sobretudo de automóvel, só pensavam em autoestradas. Agora que passam a vida nos aviões, crêem que sem grandes aeroportos, mesmo vazios e ruinosos, como os estádios de futebol, lhes falta o status, e o país não progride. No entanto é fácil de perceber que o negócio está noutro lugar: no transporte de baixo custo. Foram as Low Cost, e não as patetices do actual e dos últimos ministros das obras públicas e transportes, que trouxeram alguma animação ao negócio aeroportuário. A easyJet e a Ryanair fizeram mais pelo turismo e pela economia portuguesas do que toda a turma socratina junta. Com o fim do petróleo barato teremos mesmo que mudar de vida e de paradigma de transportes. É assim tão difícil perceber isto?

    São aliás estes detalhes que poderão fazer toda a diferença.


    NOTAS
    1. 0,5% para o financiamento interbancário, 1% para os bancos europeus que se financiam no BCE, mas 2,28%, e até 28,9%, para quem quer comprar casa, ou necessita de recorrer a uma crédito pessoal.

    segunda-feira, setembro 06, 2010

    O grande roubo

    ESTÃO A BRINCAR COM O FOGO!
    Governo espera por estudos para fazer uma nova Lei dos Solos

    O Governo vai basear-se em cinco estudos específicos para enquadrar uma eventual nova Lei dos Solos, destinada a travar a especulação imobiliária e a desordem territorial no país. O Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território quer lançar este mês a discussão pública sobre o assunto, mas não tem ainda uma proposta de lei concreta para pôr sobre a mesa. Será, antes, o princípio do debate, envolvendo também workshops técnicos, consultas a especialistas, entidades com interesse na matéria e também ex-governantes. — Público.

    Então agora que a construção civil e a especulação imobiliária tocaram no tecto e implodiram é que este governo quer rever a lei dos solos?! Ou muito me engano ou está em preparação um plano de expropriação das zonas periurbanas do país em larga escala, através dum mecanismo de chantagem que é a reclassificação dos solos para construção urbana futura.

    Como previ, depois de venderem os anéis, depois do saque fiscal em curso e que vai agravar-se, e antes de roerem os seus próprios dedos, os partidos e a burocracia da degenerada democracia portuguesa preparam-se para tomar de assalto a propriedade privada rural, para daí obter novas fontes de financiamento para os municípios. Pode ser o princípio duma guerra civil!

    POST SCRIPTUM — gostava de saber o que é que o senhor Passos de Coelho e a rainha de Boliqueime têm a dizer sobre isto?

    domingo, setembro 05, 2010

    Agressores sexuais finalmente condenados



    Pedofilia
    entre a ditadura e a democracia há coisas que não mudaram

    Em 1967 rebentou o escândalo sexual conhecido por Ballet Rose (ver artigo de José Maria Martins). Sete anos depois a ditadura caiu. Mas nem os Pides, nem boa parte dos protagonistas do regime, nem os pedófilos foram molestados. Até hoje!

    O problema maior da pedofilia não se prende tanto com as práticas sexuais em si (embora façam delirar a populaça e os média), mas antes com a agressão sexual, com a violência física, por vezes extrema, sobre miúdos impotentes,  e com a chantagem económica sobre os mais fracos —levado a cabo por gente impune e acima de qualquer suspeita, sob o olhar conivente das polícias, dos tribunais, e dos governos.

    A pedofilia andou escondida durante décadas, ou séculos, sob as saias do poder, religioso e laico. A exposição mediática recente tem pelo menos o mérito de traçar um risco de giz no chão. De um lado estão os cobardes, os amorais e os criminosos de sempre. Do outro, quem se indigna e exige perseguição e castigo dos criminosos. No meio fica uma classe político-partidária indigente que não merece o que lhe damos.

    Portugal é um país falido, sobretudo no plano moral. Alguém cobrará os juros devidos. Não tenhamos dúvidas disso. E tal como disse Catalina Pestana, também eu mantenho a convicção de que Paulo Pedroso só não se sentou no banco dos réus porque foi protegido por boa parte da classe política portuguesa —para minha maior vergonha— de esquerda!

    Documentário da TVI 
    Relato da SIC sobre as tentativas de impedir a prisão de Paulo Pedroso

    Rumos — 2

    Falei na semana passada no enorme stock de habitações construídas, mais de 600.000, que em todo o país aguardam comprador, paralisando toda a cadeia da construção civil, com imediatas repercussões para as autarquias as quais se privam das taxas respectivas.

    Qual a fundamentação para o país ter conseguido tão poderoso canal de financiamento da mais de 4.000.000 de fogos ao longo de 25 anos? Como se conseguiu construir e vender mais de 150.000 fogos anuais quando a população portuguesa está estabilizada? O ano passado já nasceram menos de 100.000 portugueses e já morreram mais do 100.000. Os programas de realojamento de bairros degradados e históricos absorveram certamente mais de 1.000.000 de fogos ao longo destes anos, mas concluíram a sua missão. O enorme êxodo dos novos licenciados e profissionais que ocorreu do interior para o litoral, Lisboa e Porto, também se pode considerar já estabilizado. Ao todo terão sido responsáveis por uma procura de cerca de 60.000 habitações por ano, talvez 1.500.000 ao todo. A politica de favorecimento estatal, municipal e bancário da segunda casa, para férias no Litoral, poderá ter sido responsável por mais uns 600.000 fogos. A elevada taxa de divórcios propiciou a entrada no mercado de mais um indeterminado número de fogos, sendo agora a tábua de salvação dos promotores.

    Os centros históricos vão-se esvaziando, não se adaptando ao perfil da procura, enquanto crescem os centros periféricos. Agora que quase todas essas fileiras estão paralisadas, a construção sobreviverá se encontrar novos caminhos. As unidades de turismo anual ou sazonal poderão ser um sucesso em zonas de interesse lúdico cultural ou balneário. Tem-se falado muito no mercado da reabilitação urbana. É uma ilusão. Os altíssimos custos de construção (na reabilitação) e os recentes entraves normativos e legais fazem deste mercado um nicho insignificante e de rentabilidade duvidosa. A nossa economia sairá forçosamente da construção civil. Os actuais modelos de crescimento estão esgotados.

    Frederico Brotas de Carvalho