quarta-feira, maio 18, 2011

Síndroma da China

A central nuclear de Fukushima está fora de controle.
3000 pessoas evacuadas



2011 preparava-se para ser o ano de partida para uma nova vaga de centrais nucleares, depois de uma batalha vencida pela liberalização deste negócio. Mas a central japonesa que actualmente derrete, explode e contaminará durante séculos (ou milénios) toda uma região cujo perímetro de radioactividade letal se alarga dia a dia, veio alterar radicalmente estas expectativas. O reactor nº 1 da central de Fukushima começou a derreter, sabe-se agora, não por causa do tsunami, mas tão só por causa da violência dos sismos que abalaram a principal ilha japonesa no passado dia 11 de março. Se pensarmos no número de centrais existentes no Japão, na Europa, na Rússia, na Índia, na China e nos Estados Unidos, e nas probabilidades de grandes terramotos causarem tragédias desta magnitude, percebe-se com facilidade que o renascimento do optimismo nuclear acaba de sofrer um duro golpe.

A central nuclear de Fukushima é privada, e também por esta circunstância se porá em causa, por causa desta tragédia que ainda não acabou nem tem fim à vista, o entusiasmo de muitos cientistas, especialistas e especuladores por uma nova geração de centrais nucleares mais produtivas, mas cuja segurança ninguém parece poder garantir.

O Japão já estava à beira do colapso financeiro antes da tragédia sísmica e nuclear, nomeadamente por causa da sua astronómica dívida pública. Agora, o inevitável colapso da sua economia em consequência do desastre nuclear que recomeçou, somado às graves crises financeiras americana e britânica, elevarão a crise sistémica que abala a economia mundial desde 2008 para um patamar potencialmente catastrófico.

Recomendações (sobretudo depois de saber que o BES, o BCP e a Caixa estão de cofres vazios): guarde o ouro e as pratas que tiver em sua casa, e compre mais se puder. Use os cartões de débito, e de preferência de crédito, e guarde liquidez (notas de euro) em casa, para dois meses pelo menos. Se tem quintas ou quintinhas, não se desfaça delas — visite-as e pense no seu potencial alimentar. Não compre mais carros, nem casas! Desfaça-se das acções quanto antes, sobretudo de bancos, empresas de construção, cimentos e telecomunicações. O que aí vem não é bom!

China Syndrome “might just have happened at Fukushima” — Molten fuel may have “melted through everything into the earth”.
May 16th, 2011 at 04:22 PM. TIME.com

Nearly 3,000 evacuees rushed to hospital by ambulance — From shelters in Fukushima, Iwate and Miyagi.
May 17th, 2011 at 03:22 AM. JAPAN TODAY

“There have been nuclear explosions” — “Ongoing nuclear reaction taking place now”.
May 17th, 2011 at 04:53 PM. ENENEWS

... the “nuclear power policy makers”, historical pillars of the development of this energy from the 1950s, just like their fierce rivals the environmentalists who emerged in the 1970s, will quickly see that their monopoly of the debate on this subject is coming to end. Fukushima, the Internet and the crisis are in the course of shattering the nuclear debate’s traditional expertise, limited to mode "pro" or "anti". The implications of such an upheaval for the various industry players and policy makers faced with choices for national energy are on an unprecedented scale since they involve a whole segment of global energy production. — Confidential letter - GlobalEurope Anticipation Bulletin Nr 55 - May 16, 2011.

Tokyo Electric Power Company shares dropped over 9 percent on the Tokyo Stock Exchange on Tuesday after its credit rating was cut by US rating firm Moody's.
May 17, 2011 17:29 +0900 (JST). ENENEWS.

TEPCO shares ended the day at 380 yen, or about 4.7 dollars, falling below 400 yen at closing for the first time in 40 days. Stock prices for other utilities also plunged.

Moody's Investors Service said it downgraded TEPCO's rating by 2 notches because it's unclear how the Japanese government will help the utility pay huge amounts of compensation to people affected by the Fukushima nuclear plant accident.

Market sources say a growing number of investors are concerned about the future of Japan's nuclear power industry.

Tepco Misleading Public Over Nuclear Crisis. By Tsuyoshi Inajima and Yuji Okada - May 18, 2011 6:41 AM GMT+0100 (Bloomberg)

Interview with Akira Tokuhiro, Nuclear Engineer: Fukushima and the Mass Media
Posted: 05/17/11 05:28 PM ET. The Huffington Post.

The most terrifying fact is that the Japanese power plants are using ‘dirty’ fuel, which most countries have rejected and banned. Needless to say that the Americans built them. Since the Earth is moving Counterclockwise most of the fall-out will drop on U.S., unless very strong winds take it somewhere else. [...]

Virtually any nuclear engineer connected with the industry he or she supports cannot be fully trusted right now to give us the full truth about Fukushima because the truth is simply too damaging to the nuclear industry and they know it. The attitude the industry has as well as the ugly reality that this same energy is tied to the economy which supports full on capitalism must be scaled back Tokuhiro advised. He tells me it is difficult to speak of this in the U.S., but adds that we need to go back to a time when shops were closed on Sundays and we spent time with our families, not using up more energy but actually staying home. I added that we still do this on Sunday and it is often very difficult to find shops open here in France on Sunday except for the local outdoor markets.

Última actualização: 19 maio 2011 00:15

terça-feira, maio 17, 2011

FMI-BCE: dois porta-aviões ao fundo!

Strauss-Kahn substituído pelo cérebro do FMI que trabalhou com Pinochet
Judeu, financeiro, socialista, arrogante e predador sexual, anunciou, como chefe do FMI, que queria substituir o dólar por uma moeda mundial. O resultado está à vista. DSK era, afinal, um alvo fácil de abater.

Tristane Banon, escritora e jornalista foi também uma das vítimas de DSK

Dinheiro, poder e sexo selvagem sempre andaram juntos ao longo da história. Os predadores sexuais abundam nas classes e corporações poderosas: dos campos, fábricas e prisões, às casas reais, aos recém-chegados ao festim —os governos democraticamente eleitos—, às corporações de juízes e médicos, e às igrejas e ordens religiosas.

Mas não abundam só nestas esferas quase intocáveis do poder. Também nos círculos mais pequenos da vila provinciana, da aldeia, e das famílias, é fértil o terreno dos interditos e da caça sexual. O historial é interminável e foi bem tratado por autores tão eloquentes quanto Sade e Foucault. No fundo, à espreita de um corpo física ou economicamente frágil há sempre um bando invisível de faunos e vampiros sedentos, prontos a atacar. No fundo, à espreita de uma alma frágil, há sempre um predador espiritual com o texto da sedução mais apropriado ao desencadear da captura erótica e, finalmente, da submissão carnal, cuja necessidade de ocultação induz não raras vezes o crime.

Nas sociedades ocidentais modernas, abastadas e educadas, a lei e os costumes evoluíram felizmente em direcção à protecção da integridade da pessoa e da vontade humana face ao desejo alheio e às acções não-consentidas que este possa desencadear. Nenhuma violência, nem ludibrio, são consentidos, por configurarem uma violência física ou psicológica inaceitável. A crescente participação das mulheres na sociedade veio equilibrar decisivamente a balança para o lado dos mais fracos e fracas, penalizando cada vez mais fortemente a violência sexual e a violência familiar contra crianças e mulheres. Pelo que se vai sabendo de Dominique Strauss-Kahn, a justiça só peca por tardia.



E no entanto, a prisão do ainda director-executivo do FMI parece servir como uma luva aos interesses imediatos dos Estados Unidos e da Inglaterra, dois países à beira de um novo colapso financeiro. 

Há uma guerra financeira em curso movida pelo dólar-libra contra o resto do mundo, tendo a Eurolândia como principal teatro de operações. Começaram por atacar a Irlanda, a Grécia e Portugal, e agora querem apressar a ofensiva, indo directamente ao coração do sistema financeiro que ultimamente tem escapado às garras de Wall Street: o FMI e o BCE. Curiosamente, acabam de colocar esta semana no comando interino do FMI o homem que dirigiu o programa de resgate do Chile na era Pinochet. E conseguiram na semana passada assegurar, na próxima presidência do BCE, um sucessor de Jean-Claude Trichet 100% sintonizado com os money-changers desesperados de Wall Street e da City: Mario Draghi, ex-vicepresidente e director executivo da Goldman Sachs. Há só um problema: nem Washington, nem Londres, têm fôlego financeiro suficiente para impedir o maremoto das economias emergentes!

É possível que a DSK tenha sido apanhado por uma armadilha sabiamente montada pelos serviços secretos americanos. Mas para as duas problemáticas aqui abordadas, é indiferente. Se a criatura é, como transparece de vários relatos, um predador sexual, deve ser detido e castrado quimicamente, independentemente dos custos estratégicos que isso possa ter. Se havia suspeitas sobre a sua conduta, não deveria ter chegado onde chegou. Se não é culpado do que é acusado, deve ser absolvido.

Temos que separar os tabuleiros de análise, para não confundir tudo. Mas uma coisa é certa, as mudanças no FMI e no BCE vão aumentar a turbulência financeira mundial, sobretudo se os chineses e brasileiros decidirem que chegou o momento de exigir o peso que lhes é devido na instituição.

Última questão: onde ficam os portugueses no meio desta guerra financeira?

REFERÊNCIAS
Strauss-Kahn Case Bolsters Push for Change in IMF Selection (Bloomberg)

The arrest of International Monetary Fund Managing Director Dominique Strauss-Kahn may bolster a drive by Brazil and other emerging markets for a greater voice in the selection of the IMF and World Bank chiefs. [...]

The IMF’s No. 2 official, John Lipsky, last week said he would leave when his term expires Aug. 31. Lipsky is acting managing director during Strauss-Kahn’s absence from Washington. [...]

Emerging markets have also seen their clout grow under Strauss-Kahn. Last year, IMF nations agreed to rule changes that will give China the third-largest percentage of votes. In 2010, the U.S., as the largest contributor to the IMF’s resources, had 16.7 percent of the votes, followed by Japan and Germany with about 6 percent each.

Yi Gang, deputy governor of the People’s Bank of China, last month urged the fund to “continue to make substantive progress in reforming other parts of its governance, including the merit-based selection of the management.” [...]

Germany prefers having a European as head of the IMF if Strauss-Kahn quits, Chancellor Angela Merkel said today. There are “good reasons” for Europe to keep the post amid the euro area’s debt crisis, even as the role of developing nations grows, Merkel told reporters in Berlin.

[but...] Another possible candidate to replace Strauss-Kahn is Zhu Min, 59, a special adviser to the IMF and a former deputy governor at China’s central bank, said Shen Jianguang, a former IMF economist now at Mizuho Securities Asia Ltd. in Hong Kong.


John Lipsky (bios/ IMF)

Before coming to the Fund, Mr. Lipsky was Vice Chairman of the JPMorgan Investment Bank. [...]

Previously, Mr. Lipsky served as JPMorgan's Chief Economist, and as Chase Manhattan Bank's Chief Economist and Director of Research. He served as Chief Economist of Salomon Brothers, Inc. from 1992 until 1997. From 1989 to 1992, Mr. Lipsky was based in London, where he directed Salomon Brothers' European Economic and Market Analysis Group [...]

He also participated in negotiations with several member countries and served as the Fund's Resident Representative in Chile during 1978-80.

International Monetary Fund director Dominique Strauss-Kahn calls for new world currency (Telegraph)

Dominique Strauss-Kahn, managing director of the International Monetary Fund, has called for a new world currency that would challenge the dominance of the dollar and protect against future financial instability.

DSK ou l’archétype du “Sexus politicus” (Courrier International)

Le récit le plus détaillé est celui de Tristane Banon, une journaliste et romancière qui a rencontré DSK il y a plusieurs années pour une interview. Le lieu du rendez-vous était insolite : une garçonnière proche de l’Assemblée nationale, avec pour tout mobilier un grand lit et une télévision. “La partie interview a duré cinq minutes et demie”, précise Tristane Banon ; le temps que l’ancien ministre de l’Economie pose sa main sur elle et lui propose de transformer l’entretien en ce que la terminologie du FMI appellerait une physical affair. “J’ai déjà croisé des dragueurs un peu lourds, dit-elle. Mais là, c’était effrayant. Il n’était plus lui-même.”

IMF forgives its Director's Amourous Affairs (Mediavigil)

International Monetary Fund said Saturday that it would stand by its managing director, Dominique Strauss-Kahn, despite concluding that he had shown poor judgment in a sexual affair with a subordinate.

After receiving a report from an outside law firm, the executive board of the fund said there was no evidence Strauss-Kahn had abused his power or shown favoritism in his brief relationship with a senior official at the fund, who later resigned to take a job in London.

Still, the longest-serving member of the board, A. Shakour Shaalan, described the affair as a "serious error of judgment" on the part of Strauss-Kahn, 59, a former French finance minister who took charge a year ago and is now steering the fund through the most serious global financial crisis in decades.

In a statement, Strauss-Kahn said, "I am grateful that the board has confirmed that there was no abuse of authority on my part, but I accept that this incident represents a serious error of judgment."

segunda-feira, maio 16, 2011

Os fariseus desta democracia

Rembrandt, pormenor da pintura sobre a expulsão dos cambistas do templo
“A minha casa será chamada casa de oração, mas vós a tendes convertido em covil de ladrões”

O capitalismo de Estado lusitano chegou ao fim

Se repararmos bem, a democracia portuguesa é a coisa mais parecida que há com o templo de onde Jesus, um dia, expulsou a corja de fariseus e de cambistas (especuladores) que o tinham transformado numa praça financeira, numa repartição de tráfico de influências e numa casa de putas.

O povo, ou pelo menos uma parte maioritária do mesmo, acreditava então e continua a acreditar hoje que os templos e as casas da democracia são lugares de fé, e não corredores e gabinetes sob protecção policial onde operam sem freio, sorridentes, bem vestidos e perfumados nas melhores casas (1), e comendo à noite, fora do olhar plebeu, as melhores iguarias (2), os coveiros da prosperidade, da saúde e da honra de quem distraidamente os elege ou aceita como pastores.

O descaramento dos piratas que tomaram de assalto o PS e vociferam em nome do socialismo e do contrato social brada aos céus. É, de facto, a coisa mais parecida com a propaganda fascista clássica, só que numa variante pós-moderna. Está na altura de percebermos todos que os partidos do centro-direita são, por incrível que pareça, a última barreira democrática interna à destruição do templo democrático e sua transformação no mero biombo farisaico de uma nova forma de ditadura — neo-corporativa, a soldo da pirataria financeira mundial e sob protecção legal de grandes e mafiosos escritórios de advogados. A outra barreira a esta degenerescência e iminente redução de Portugal à categoria de estado falhado é, por incrível que pareça também, o Memorando da Troika —cuja leitura atenta, já possível em português, não me canso de recomendar, por oposição à canalha que faz tudo para o esconder.

A máquina de propaganda que se apoderou do Partido Socialista e do Estado, paga pelos nossos impostos e em clara subversão da lei constitucional e da boa-fé democrática, substitui e espezinha o programa, a inteligência e a cultura genuinamente socialistas.

A cegueira ou cobardia de quem no PS sabe disto e teme agir com coragem poderá revelar-se fatal para toda uma geração de portugueses, sobretudo se a crise sistémica mundial do capitalismo evoluir para uma nova guerra mundial e subsequentes nacionalismos desesperados. A alusão de Eduardo Catroga às relações de pragmática política entre Sócrates e Hitler é menos disparatada do que parece. Ele não comparou os dois políticos sob o prisma do anti-semitismo, mas sublinhou, e bem, o paralelismo da teatralidade das encenações, do histrionismo das criaturas, e das retóricas. Para ser mais exacto, a versão adoptada por Sócrates deve mais ao sobrinho de Freud, Edward L. Bernays, do que a Joseph Goebbels. Digamos que o primeiro é a versão americana e pós-moderna (avant la lettre) do segundo. Ambos, curiosamente, escreveram textos fundamentais sobre o tema da Propaganda, em 1928.

There is really little point to discussing propaganda. It is a matter of practice, not of theory. One cannot determine theoretically whether one propaganda is better than another. Rather, that propaganda is good that has the desired results, and that propaganda is bad that does not lead to the desired results. It does not matter how clever it is, for the task of propaganda is not to be clever, its task is to lead to success. Joseph Goebbels, “Knowledge and Propaganda” (1928), in German Propaganda Archive.

THE conscious and intelligent manipulation of the organized habits and opinions of the masses is an important element in democratic society. Those who manipulate this unseen mechanism of society constitute an invisible government which is the true ruling power of our country. Edward L. Bernays, Propaganda (1928).

Pensemos no batalhão de criaturas incógnitas que escrevem os telepontos diários de Sócrates e alimentam minuto-a-minuto os tickers televisisvos. O resultado é sempre o mesmo: insistir de cada vez, sempre que possível, numa ideia simples, maniqueísta e de enunciação breve (o que hoje se chama sound bite). Por exemplo: não contem com Sócrates para governar com o FMI (criação e diabolização de um inimigo externo, e ocultação da bancarrota óbvia do Estado conduzida pelo PS; ou: o Memorando do FMI, ou da Troika (consoante as audiências para quem fala), é o PEC4 (transformando assim o invasor num derrotado: vieram comer a minha mão...), sim, é o PEC4! sim, é o PEC4!! (insistência minuto-a-minuto); ou sobre o PSD e o CDS: a Direita quer destruir o estado social; a Direita quer privatizar a saúde; a Direita quer privatizar as reformas; a Direita quer despedir os funcionários públicos; a Direita quer subir os impostos! Ou seja, tudo o que Sócrates e o PS têm vindo a fazer ao longo dos últimos seis anos, em nome, diz a propaganda minuto-a-minuto de Sócrates, da salvação do estado social, é agora imputado como agenda secreta demoníaca da Direita. Se tivermos presente que Sócrates utiliza diariamente todos os canais televisivos em horário prime, primeiro como governante, e depois como falso descamisado, podemos calcular o formidável poder de manipulação empregue diariamente por esta máquina de propaganda contra toda a Oposição — mas pior ainda, contra todo um povo aflito e com péssimas perspectivas de futuro.

No entanto, a realidade é esta: ao mesmo tempo que Sócrates manipula o eleitorado, fixando-o no medo da Direita (não nos esqueçamos de que a propaganda nazi, tal como a propaganda americana, da publicidade, ao business coaching, ao marketing em rede e à cientologia, são ferramentas de controlo pacífico das mentes), aquilo que este ditador disfarçado pela moda realmente faz é comprometer-se com a Troika na suspensão do contrato social em todas as vertentes previstas: saúde, reformas, educação e redistribuição fiscal da riqueza.

Fá-lo, porém, negando publicamente o que assinou, sem qualquer receio da contradição e da mentira descarada. A fórmula típica da propaganda eficaz é uma vez mais simples: atribuir minuto-a-minuto esta capitulação e este programa de destruição do estado social à Direita! E ao mesmo tempo que acusa o PSD e o CDS de quererem destruir o estado social, e o PCP e Bloco de Esquerda de serem responsáveis por esta mesma destruição, na qualidade de aliados e muletas da Direita, os piratas da tríade de Macau, em aliança ou não com a Maçonaria, procuram desesperadamente nos corredores obscuros da corrupção salvar desta mesma destruição a incapaz burguesia rentista que ainda temos e a recém chegada turma de novos-ricos e financeiros paridos pela partidocracia. Como? Invocando os direitos adquiridos das PPP e os direitos adquiridos dos monopólios que atrofiam o nosso potencial de crescimento!
Os contratos entre o Estado e as empresas são os novos direitos adquiridos. Parecem gravados na pedra.

Enquanto for bastante mais barato reduzir os direitos dos cidadãos e aumentar impostos do que rever contratos entre o Estado e o sector privado, a história a que temos assistido nas democracias ocidentais e em Portugal continuará a ser a mesma: o Estado capturado pelos partidos e interesses privados, a tirar a quem tem apenas a Lei e a Constituição do seu lado para dar a quem tem contratos.

Eis uma abordagem a roçar o esquerdismo, dirão alguns. Pois não é. A democracia capitalista de mercado tem na liberdade, igualdade e no Estado de direito - e não dos contratos - os seus pilares fundamentais. O que temos hoje é tudo menos mercado. Porque uns são manifestamente mais iguais que outros, porque uns têm manifestamente mais poder sobre o Estado que outros. Terá a troika o poder de curar esta ferida do capitalismo? Helena Garrido in “Direitos, contratos e desigualdades”, negócios online, 13 maio 2011.

Desconfiança a Alta Velocidade

“O Estado também tem compromissos, por exemplo, com os reformados que durante uma vida confiaram nessa instituição entregando-lhe, por outro lado, mensalmente uma parte do seu ordenado e prescindindo, por outro lado, de receber outra parcela de forma a que a entidade patronal contribuísse para a constituição da sua reforma. E o que fez o Estado desses compromissos? Teve de os abandonar, dada a situação financeira a que conduziu o país. Manuela Ferreira Lete, Expresso 14 maio 2011.

Os jornalistas mais conhecedores e sérios já não conseguem esconder o embuste e a calamidade provocada por quem conduziu conscientemente Portugal à bancarrota. Como disse Estela Barbot —uma empresária certamente conservadora no voto, consultora do FMI— os responsáveis pela falência do país são quem canalizou os poucos recursos disponíveis, isto é a nossa fraca poupança, os limitados fundos comunitários e os empréstimos externos, para estádios de futebol (hoje falidos) e autoestradas desnecessárias e economicamente impagáveis. De forma ainda mais detalhada é preciso dizer, explicar e repetir ao país, até à saciedade, que na ordem de principais responsáveis pela bancarrota de Portugal não estão os encargos com os funcionários públicos, mas quatro evidências contabilísticas da responsabilidade de Sócrates e dos piratas que o acompanham:
  1. as 120 Parcerias Público-Privadas
  2. o Estado paralelo escondido do orçamento de Estado (Parpública, empresas privadas regioanis e municipais de capital 100% público, fundações, etc.)
  3. os juros da dívida pública
  4. e os encargos sociais com o subsídio de desemprego a que os cidadãos desempregados têm todo o direito, sobretudo se descontaram para tal eventualidade. 
A falência portuguesa é da exclusiva responsabilidade dos últimos três anos de governação PS, sob o império da tríade de Macau, associada ou não à Maçonaria, associada ou não a redes internacionais que se dedicam a roubar literalmente estados inteiros.

Tão importante quanto pagar as dívidas, é investigar e responsabilizar, criminalmente se for o caso, os seus principais responsáveis, e sobretudo operar uma grande metamorfose social. Sem recuperar as condições fiscais mínimas da liberdade empresarial e criativa, o nosso potencial de crescimento continuará estagnado e caminhará mesmo para uma recessão profunda e duradoura. A consequência desta hipótese de definhamento económico, social e cultural da nossa sociedade, a concretizar-se, seria o caminho mais rápido para a implantação de uma nova ditadura em Portugal. Os embriões adormecidos desse novo poder invasivo estão à vista de quem os quiser ver.

Francesco Franco: “Portugal não vai ter uma segunda hipótese para voltar a ser competitivo e pôr fim a um processo de acumulação de dívida externa que se arrasta há mais de 15 anos”.

Só uma subida dos impostos sobre o consumo, um corte forte nos custos unitários do trabalho e uma estagnação dos salários proporcionada pela chamada desvalorização fiscal irá, no curto prazo, ajudar Portugal a reequilibrar o pesado défice externo e voltar a crescer.

A Taxa Social Única (TSU) deverá descer dos actuais 23,7% para 11% a 12% para ter efeitos imediatos e relevantes na descida dos custos do trabalho e aumento da competitividade./ A redução das contribuições para a Segurança SOcial não significa um emagrecimento do seu financiamento que deverá ser assegurado por outras taxas que não as do trabalho. Anabela Campos, “É preferível reduzir os custos de trabalho a salários”, Expresso, 14 maio 2011.

Não se pode pedir mais produção, como faz e bem o PCP, se esmagarmos pela via fiscal e pelo excesso de zelo burocrático os produtores e os criadores de riqueza.

Há dias visitei um pequeno agricultor biológico que há vinte anos, num hectare e meio de terra recuperada a um pinhal, se dedica a esta alternativa ao colapso inevitável da agricultura intensiva, toda ela baseada no petróleo e no gás natural. Perguntei-lhe duas coisas: como tem evoluído o ambiente do teu negócio nos últimos anos; e que parte do ganho foi comida pelos factores de produção. A resposta foi desoladora:

“Tenho cada vez menos condições para continuar; o trabalho pago e o Estado levam quase tudo — 90% do que vendo vai para salários, licenças, taxas, impostos, selos, segurança social, seguros e médicos do trabalho. Actualmente sou forçado a subsidiar com uma pequena herança recente o meu próprio negócio e as pessoas que trabalham comigo.”

Como querem o PCP e o Bloco apelar à produção se, na realidade, autorizaram no parlamento e continuam a insistir em ideologias cujo resultado prático é a destruição da própria possibilidade de começar? Temos a segunda maior taxa de emigração dos últimos 160 anos por algum motivo. Chegou o momento de acordarmos e de sermos inflexíveis para com os ladrões e os populistas profissionais!

POST SCRIPTUM (16-05-2011 23:30)— Clara de Sousa perguntou a José Sócrates, durante o debate deste com Jerónimo de Sousa, porque razão não havia ainda uma tradução oficial do Memorando da Troika. Sócrates meteu os pés pelas mãos, como é costume quando apanhado em falso, e disse que achava que havia. Achava!

NOTAS
  1. Uma loja de luxo em Beverlly Hills (a Bijan) publicitava na montra principal os seus clientes VIP, entre estes um tal primeiro ministro de Portugal, José Sócrates. Alguém perguntou a esta criatura se é verdade? E se é, alguém lhe perguntou onde obteve o dinheiro para as compras? A diferença entre Lisboa e Luanda, ou entre Lisboa e Port-au-Prince é cada vez mais insignificante.
  2. O CM apanhou o “socialista” Pinóquio Pinto de Sousa à saída de um restaurante de luxo no Porto, onde jantou com seis apoiantes do PS. «A refeição custa, em média, 100 euros por pessoa», lê-se na legenda da fotografia publicada na última página do jornal. Vinham certamente da campanha eleitoral, muitos cansados de explicar ao povo porque devem votar no "estado social".

sábado, maio 14, 2011

O dilema de votar

Pintelho (Puffinus obscurus)

O voto no PS é um voto inútil
Só uma vitória do centro-direita poderá salvar a Esquerda!

Na guerra das sondagens, quem paga mais consegue, por vezes, travar as más notícias, e sobretudo inundar os média com muito ruído. A sondagem da Marktest dava há dois dias atrás uma vantagem clara ao PSD (39,7%) sobre o PS (33,4%), apesar das quedas fortíssimas, que ainda podem ser invertidas, do PCP e do Bloco. Ontem, a Intercampus respondeu com uma sondagem, no mínimo hilariante, onde o PS supera o seu próprio resultado de 2009 (passando de 36,56 para 36,8%), batendo o PSD (33,9%), uma vez mais com o PCP e o Bloco em colapso eleitoral. Mas a verdade é que quase 50% dos eleitores ainda não decidiram! Como diz a Manuela Moura Guedes só um PIG (Povo Idiota e Grunho) é que votaria em quem lhe acaba de assaltar a casa. Mas o mais grave é que os grunhos, uma vez de bolsos vazios, o que ocorrerá ao longo dos próximos dois anos, mudarão de ideias num ápice — e não será para alimentar, uma vez mais ainda, a demagogia populista da Esquerda! Não sei, pois, o que é que a dita Esquerda, perdida entre o irrealismo panfletário do PCP e do Bloco, e o comportamento proto-fascista do cadáver adiado do PS, tem a ganhar com o actual curso dos acontecimentos. Agarrados aos pequenos e grandes poderes, agarrados às pequenas e grandes mordomias, agarrados à falsa profissão que têm, os partidocratas levaram Portugal à falência, por acção ou por omissão hipócrita e oportunista. Talvez seja altura de arrepiarem caminho e pensarem a sério sobre o seu próprio futuro, já que não pensam no país, nem no povo que os sustenta.
Greece [Ireland and Portugal] Defaulting on Debts Anticipated by 85% in Global Poll of Investors

Eighty-five percent of those surveyed this week said Greece probably will default, with majorities predicting the same fate for Portugal and Ireland, which followed Greece in seeking European Union-led bailouts, a new Bloomberg Global Poll shows. The outlook for all three countries deteriorated since January.

“All these countries will go bust at some stage,” said Wilhelm Schroeder, a poll participant who helps manage the equivalent of about $172 million for Schroeder Equities GmbH in Munich. “I just can’t see a scenario in which these countries get out of their debt problems”— Bloomberg.
Os americanos e os ingleses são suspeitos, pois são quem mais aposta no insucesso do euro. Provavelmente cairão primeiro do que a Eurolândia. Mas isso não altera um facto óbvio: a União Europeia está confrontada com problemas gravíssimos que poderão, no limite, conduzir a um congelamento, ou mesmo à implosão nacionalista do projecto. O regresso das fronteiras demográficas, a incapacidade de transformar a tragédia do norte de África numa oportunidade para ambas as margens do Mediterrâneo, e a incapacidade de lançar uma estratégia económico-financeira que amorteça o colapso financeiro em curso, por efeito da explosão da bomba relógio do endividamento —soberano, das empresas, dos especuladores perdedores, e dos consumidores—, são ameaças globais à estabilidade e ao sonho europeu.

O apoio da China ao euro pode não ser suficiente. E se não for, ou os grandes blocos geoestratégicos se sentam a uma mesa e equilibram a geometria da globalização, como outrora portugueses e espanhóis fizeram em Tordesilhas, ou os tambores de uma nova guerra mundial começarão em breve a rufar.

A queda praticamente inevitável da moeda americana e o colapso do Japão, hoje com uma dívida pública —a mais elevada do mundo— que supera (antes da tragédia que recentemente assolou o país) os 225% do PIB, conjugados com a procura crescente de recursos energéticos, industriais e alimentares por parte dos países emergentes (China, Índia, Brasil, Rússia) e da África, são já os cenários das guerras assimétricas em curso, mas também da nova grande guerra por vir. É para isto que a Europa, e cada um dos estados membros da União tem que se preparar a sério. Entre nós, portugueses, não podemos continuar a discutir os problemas como se estivéssemos na Cova da Iria, e o drama maior que se desenrola aceleradamente diante de todos, fosse uma fantasia longínqua de que estaríamos, pelo amor que a Virgem nos dedica, protegidos. Só não vê quem não quer ver — por medo, ou oportunismo.

Onde está a tradução do Memorando de Entendimento da Troika? 

Como dizia e bem Eduardo Catroga, a precária comunicação social que temos só se interessa por pintelhos, isto é, por minudências que ninguém conhece — como, por exemplo, a pequena ave marítima chamada Pintelho (Puffinus obscurus), que não é o pentelho a que tantos púdicos reagiram ofendidos. O pentelho, palavra específica e correcta para pelo púbico, é também uma designação comum no Brasil para as melgas, chatos e sarnas, i.e. aquele tipo de criaturas humanas que não desgrudam e fazem perder a paciência a qualquer santo, como se o futuro do país fosse apenas mais um concurso para descerebrados, ou mais um reality show. “O Pentelho” é, por exemplo, o título brasileiro do filme protagonizado por Jim Carrey, The Cable Guy. Pentelhos são, no caso que aqui interessa, as agendas vigiadas e manipuladas da comunicação social. Em inglês chamam-se scramblers a estas ferramentas de perturbação da comunicação correcta dos sinais. Por cá deveríamos passar a chamar-lhes pentelhos!

Sobre o que interessa a todos, o silêncio é de ouro.

O governo assinou um memorando crucial para o país — mas não o traduziu, nem divulgou junto de quem lhe sustenta as mordomias, a pirataria e os vícios. Os partidos, a quem pagamos para pouco fazerem, também não se deram ao trabalho de traduzir o memorando, e por isso falam de pintelhos (minudências que ninguém conhece) e de pentelhos (ruído para entreter), em vez de explicar aos portugueses o que os nossos credores impõem, e bem, à corja que tem o país nas mãos e o conduziu à bancarrota, com reflexos inevitavelmente dolorosos para todos nós. Mas também a precária comunicação social que temos (que ou depende do partido que está no governo, ou de quem os financia e compra espaço publicitário) se esqueceu de traduzir o que a Troika desenhou para os próximos três (ou trinta!) anos da nossa vida colectiva, encontrando aí uma boa desculpa para esconder o tema dos olhares indiscretos das audiências. A tradução, no entanto, existe! Mas devêmo-la a mais um acto de cidadania da Blogosfera, desta vez por iniciativa do blogue Aventar. O Memorando da Troika, em português, encontra-se aqui, e é de leitura e discussão obrigatórias.

PCP e Bloco podem recuperar e enterrar o PS — para bem da Esquerda, incluindo o PS!

O PCP e o Bloco de Esquerda podem acolher centenas de milhar de votos de eleitores descontentes com a ladroagem e manipulação proto-fascista do PS de Sócrates. Basta moderarem a linguagem, falarem claro e colocarem-se, como é sua obrigação, ao serviço do país e da justiça social.

Depois de o PSD e o CDS terem esclarecido que não formarão governo com o PS, nomeadamente por este ter sido capturado por uma teia de piratas, associações secretas, máfias e famílias ricas ignorantes —improdutivas, incapazes de competir a céu aberto e rentistas (1)—, a agremiação cientologista do Pinóquio das Beiras ficou literalmente sem base de sustentação pós-eleitoral. Ou seja, quer perca, quer ganhe (uma ficção alimentada pelas sondagens da treta), não tem com quem dançar o tango. Logo, voltaria a cair, antes de aprovar o orçamento de 2012. Novas eleições se seguiriam, ou em alternativa, Cavaco chamaria alguém do PS, do PSD ou do CDS para liderar a formação de um governo de convergência nacional. Se este improvável cenário viesse a ocorrer, Eduardo Catroga seria porventura the man for the job!

Ou seja, o voto no PS é um voto completamente inútil. Pelo contrário, votar no PCP, ou no Bloco de Esquerda, para quem for incapaz de votar na Direita, abre a porta a três desenhos partidários futuros da maior importância:
  • a expulsão dos corpos estranhos que envenenam o PS, permitindo assim a refundação deste partido; 
  • uma reforma generativa efectiva no interior do PCP, com possível mudança de sigla e adopção de um programa político e social adequado aos tempos que aí vêm, claramente aberto aos cenários da governação que não se limitem apenas às autarquias; se pode governar cidades, vilas, aldeias e bairros, porque carga de água não pode governar o país?
  • e, finalmente, a desinfecção do Bloco, eliminado os ácaros leninistas, estalinistas e trotskistas que ainda impedem esta associação intelectual pequeno-burguesa de contribuir de forma útil e pragmática para a alternância democrática no nosso país.

A Direita será com toda a probabilidade governo depois do dia 5 de junho. Vou votar em Passos Coelho para que isso aconteça, deixando de votar à esquerda pela primeira vez na minha vida. E a motivação é puramente pragmática: só derrotando o possuído PS actual, e portanto só abrindo caminho a um governo do PSD, ou do PSD-CDS, daremos tempo à Esquerda para renascer...

Compreendo os eleitores de esquerda incapazes de votar à direita. Trata-se de um atavismo como outro qualquer. Eu, por exemplo, algures na minha tenra infância tornei-me benfiquista, por motivos que desconheço inteiramente. Se me perguntarem se sou capaz de mudar de clube, direi que não. E no entanto nunca entrei num estádio de futebol! Nem nunca vi um jogo de futebol profissional ao vivo!! Então, perguntar-se-à, por que serei eu benfiquista, se ainda por cima o Benfica é há décadas um perdedor sem remédio? Por atavismo. No entanto, talvez porque os partidos chegaram à minha vida quando era já adulto e consciente, o medo atávico da traição à marca não existe. Voto em consciência, e não como um autómato emocional. Faço apostas e cálculos. Procuro, em suma, na pequena escala do meu voto pessoal, influir nos resultados. No caso vertente, o meu diagnóstico é claro: a Esquerda aburguesou-se e corrompeu-se em trinta e tal anos de delegação inusitada de poderes. Faz parte do problema, e precipitou-o na última década e meia, levando o país à bancarrota. É tempo de expiar os erros, e preparar, com honestidade e inteligência, o futuro!

POST SCRIPTUM



— É preciso deixar bem claro que a Esquerda, partidária, sindical e cultural, viveu em perfeita simbiose oportunista com Os Donos de Portugal —sobre quem recentemente Francisco Louçã, Jorge Costa, Luís Fazenda, Cecília Honório e Fernando Rosas publicaram um livro. Essa mão mal cheia de endogamia familar (os Mellos, os Espírito Santo, os Champallimaud, os Roquete, os Ulrich, os Ricciardi, e os d'Orey — ver aqui a árvore genealógica publicada no livro citado) está associada quase toda ao principal espinho do nosso sobre endividamento: as 120 parcerias público-privadas (ver mapa 1; ver mapa 2). Mas de quem é, em última instância, a culpa, se não da democracia populista que temos? O FMI entendeu num ápice onde estava o tumor da nossa democracia, e o que é preciso para extirpar o bicho. Mas como reagem Sócrates, os sindicatos, o PCP, e o Bloco? Com o FMI, nunca! É por estas e por outras que precisamos de uma cura de direita! É que há muita gente a querer trabalhar, criar empresas e ganhar dinheiro honestamente! O biocapitalismo incestuoso que tivemos até esta bancarrota acabou!

quinta-feira, maio 12, 2011

China: pena capital para políticos corruptos

Se a moda pega...

Xu Zongheng, antigo presidente da câmara de Shenzhen, condenado à morte por corrupção.

Former Shenzhen Mayor Sentenced to Death

Xu Zongheng (许宗衡), the former deputy party secretary and mayor of Shenzhen, was sentenced to death, with a two-year reprieve by Zhengzhou Municipal Intermediate People's Court on May 9 on charges of accepting bribes.

The former mayor was also stripped of his political rights for life and had all his personal property confiscated — Economic Observer.

Former Head of Galaxy Securities Sentenced to Death for Accepting Bribes

Xiao Shiqing (肖时庆), the former Chairman of Galaxy Securities, one of China's largest and oldest securities firms, was handed a death sentence with a two-year reprieve after the Henan Province Higher People's Court found him guilty of accepting approximately 15.46 million yuan in bribes and making about 100 million yuan from insider trading — Economic Observer.

Nunca iríamos tão longe. Mas nem sequer investigar quem desfalcou o país, também é inaceitável. Para além dos efeitos da crise, houve claramente um assalto premeditado e organizado ao país, de que o roubo do BPN é um dos episódios mais graves, seguido do polvo mafioso das PPP (SCUTs, fornecimento e tratamento de águas e resíduos, barragens e hospitais), tão ao mais pesado de consequências para a pobreza que vai recair sobre mais de 90% da população portuguesa.

Anda por aí uma petição a favor da investigação dos putativos criminosos que assaltaram o país. O memorando da Troika exige a independência e celeridade dos tribunais e dos órgãos reguladores e fiscalizadores assim que o próximo governo entre em funções. Quando 1500 a 3000 trabalhadores da TAP ficarem na rua, após declarada a falência da empresa que, tanto quanto julgo saber, já deixou de pagar a Segurança Social dos seus empregados, a dita petição poderá chegar rapidamente aos 100 mil subscritores!

A China tem hoje um regime e dois sistemas. Compete no mercado mundial usando esta duplicidade: por um lado, é liberal e pela iniciativa privada e contra as barreiras alfandegárias à circulação de mercadorias e capitais (da China para fora, mas não de fora para dentro da China!), e por outro, os seus principais bancos, seguradoras e empresas são estatais, e continua a não haver liberdades burguesas de expressão e criação, ao mesmo tempo que a corrupção endémica do regime é episodicamente castigada com condenações à morte exemplares — usualmente por injecção letal, seguindo a receita americana, embora fazendo uso dum meio expedito de aplicação da pena, as chamadas carrinhas da morte (Death Vans). São executados, em média, 10 mil chineses por ano, entre eles vários empresários e políticos corruptos.

Sou contra a pena de morte, como boa parte dos portugueses, mas não defendo nem a condescendência, nem a impunidade que parece imperar actualmente entre nós.

segunda-feira, maio 09, 2011

Colar de Pérolas

Bin Laden, o Paquistão e o porto de Gwadar
O que é que isto tem que ver com o "TGV"?

Porto de águas profundas de Gwadar, Paquistão e Mar Arábico.

 O assassínio de Bin Laden, se é que o homem ainda era vivo e estava onde dizem que estava, pode ter servido mais de um propósito. O primeiro, melhorar a depauperada popularidade de Barack Obama; o outro, revelar ao mundo que o Paquistão manteve sob sua custódia o terrorista mais procurado do planeta, e que portanto traiu o amigo americano.

No entanto, este pode ter sido apenas mais um dos sucessivos incidentes que acabará por conduzir a humanidade a uma nova guerra mundial, ou, se tivermos juízo, a uma nova divisão do mundo, em duas metades, como outrora Portugal e Castela fizeram, assinando o Tratado de Tordesilhas. Se a Europa e os Estados Unidos não concordarem com a China uma revisão das regras da globalização, a luta desesperada dos grandes países, blocos de países e alianças, pelo acesso às fontes de energia, matérias primas e alimentos, tornar-se-à explosiva, ao ponto de poder provocar uma guerra mundial de proporções dantescas. Há, como se sabe, nos Estados Unidos e em Israel, um visão estratégica que aposta na antecipação de uma guerra com a China, antes que esta se torne imbatível. Mas há também quem defenda que um cenário de guerra global provocará uma aliança imediata entre a China e a Rússia (com o Paquistão a caminho?), tornando-a, assim, um MAD (Mutual Assured Destruction).

String of Pearls: Meeting the Challenge of China's Rising Power Across the Asian Littoral. By Lieutenant Colonel Christopher J Pehrson. SSI

China's rising maritime power is encountering American maritime power along the sea lines of communication (SLOCs) that connect China to vital energy resources in the Middle East and Africa. The "String of Pearls" describes the manifestation of China's rising geopolitical influence through efforts to increase access to ports and airfields, develop special diplomatic relationships, and modernize military forces that extend from the South China Sea through the Strait of Malacca, across the Indian Ocean, and on to the Arabian Gulf. A question posed by the "String of Pearls" is the uncertainty of whether China’s growing influence is in accordance with Beijing’s stated policy of "peaceful development," or if China one day will make a bid for regional primacy. This is a complex strategic situation that could determine the future direction of the China’s relationship with the United States, as well as China’s relationship with neighbors throughout the region.

A China, de facto, não para de lançar as suas redes em todos os mares disponíveis, à medida que o seu crescimento empobrece objectivamente as antigas potências coloniais e imperiais do Ocidente — com dificuldades crescentes de subsidiar as suas armadas e os seus aliados subordinados. O novo porto de águas profundas de Gwadar, paquistanês, mas construído pela China e administrado pela Autoridade Portuária de Singapura, aproximando as fontes petrolíferas da Arábia, da África, e do Irão, por via terrestre (pipeline), da China, através de território paquistanês (ver este vídeo: The Karakoram Highway), é um movimento estratégico de peso por parte de Pequim, que certamente deixou os americanos do Pentágono muito irritados.

Porto de Gwadar (Google maps)

China has acknowledged that Gwadar’s strategic value is no less than that of the Karakoram Highway, which helped cement the China-Pakistan relationship. Beijing is also interested in turning it into an energy-transport hub by building an oil pipeline from Gwadar into China's Xinjiang region. The planned pipeline will carry crude oil sourced from Arab and African states. Such transport by pipeline will cut freight costs and also help insulate the Chinese imports from interdiction by hostile naval forces in case of any major war.

Commercially, it is hoped that the Gwadar Port would generate billions of dollars in revenues and create at least two million jobs. In 2007, the government of Pakistan handed over port operations to PSA Singapore for 25 years, and gave it the status of a Tax Free Port for the following 40 years. The main investors in the project are the Pakistani Government and the People's Republic of China, making China's plan to be engaged in many places along oil and gas roads evident — in Wikipedia.

Recomendo vivamente aos que entre nós ainda têm dúvidas sobre a importância das ZEE e dos portos de águas profundas, nomeadamente no Atlântico, norte e sul, que estudem o desenho das linhas de comunicação que a China está neste preciso momento a construir —de que o porto de Gwadar é porventura a mais recente ousadia— e retirem as suas conclusões. Algeciras e o triângulo Sines-Setúbal-Lisboa são plataformas portuárias multimodais absolutamente estratégicas para os tempos difíceis e violentos que aí vêm. Vitais para a Europa, e fundamentais para Portugal.

É tempo de os assuntos logísticos do país deixarem de ser matéria de verborreia inconsequente por parte dos nossos imprestáveis políticos. A imprestabilidade destes conduziu-nos à bancarrota e à humilhação de preferirmos ser governados por uma Troika estrangeira do que pelas nódoas partidárias que temos. Não queiramos que sejam os outros a determinar em breve o que teremos que fazer com os nossos portos de águas profundas e com as nossas ligações ferroviárias a Espanha e ao resto da Europa!


POST SCRIPTUM: este texto foi suscitado pela leitura de um artigo de Elaine Meinel Supkis.

domingo, maio 08, 2011

Passos de Lebre

O líder do PSD, nesta verdadeira corrida de obstáculos, é mais matreiro do que parece! Paulo Portas: sempre aceita um passo de dança com Sócrates, ou não?

©António Carvalho. “Empalagado” — exclusivo para O António Maria e CHICOTE

Alguns burros pobres e esfomeados continuam a arrastar as patas obedientes por uma cenoura virtual. É o caso de uma parte notória dos nossos comentadores televisivos, que mais parecem autómatos biológicos atacados pela Síndrome de Estocolmo. Espero que o seu contágio seja superficial junto de quem for votar no próximo dia 5 de junho, e que o programa de mudança hoje apresentado por Pedro Passos Coelho tenha o número suficiente de votos para ser testado, em consonância inevitável com o Memorando de Entendimento da Troika.

À partida, por ter sabido esperar, o PSD está neste momento bem adiantado face aos partidos que resolveram antecipar os seus programas de trazer por casa ao trabalho aturado, certeiro, radical e calendarizado da delegação de representantes da Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI.

Agora, das duas uma: ou fazem como os obsoletos do PCP e do Bloco que decidiram rejeitar qualquer contacto com os nossos credores (como se as suas ajudas de custo partidárias tivessem sido pagas com o suor dos rostos das respectivas turmas parlamentares), e neste caso o que escreveram ou deixaram de escrever é totalmente irrelevante — quando poderia não ser; ou então, nos casos do PS e do PP, lá terão que ajustar, contorcer, negar e reformular boa parte da lenga-lenga vertida nas suas pueris cartilhas eleitorais, com sempre, de mera circunstância. Quem passou agora a estar na defensiva? Todos menos o PSD!

Ainda não li todo o programa eleitoral apresentado hoje por Passos Coelho para um Novo Portugal 2020, mas ouvi-o e sublinho aqui as “mensagens finais” do documento (PDF da versão integral). O PSD quer, em declarada e construída sintonia com o Memorando de Entendimento da Troika, o seguinte:
  1. Um Portugal Solvente e Prestigiado a tender para o equilíbrio, com elevado prestígio na União Europeia e no Mundo e elevada credibilidade nos mercados financeiros.
  2. Um Portugal com um Sistema Político Próximo dos Cidadãos, merecedor de elevados níveis de confiança por parte dos portugueses.
  3. Um Portugal com uma Sociedade Confiante, com elevada mobilidade, dinâmica e solidária, com instituições fortes e independentes, respeitados pelos portugueses, com um elevado grau de confiança interpessoal e contratual.
  4. Um Portugal com uma Justiça Célere e Para Todos, garante de transparência e segurança nas relações interpessoais e contratuais.
  5. Um Portugal com uma Economia Competitiva globalmente inovadora, exportadora, com elevada atractividade global ao nível da agricultura, da floresta, da economia do mar, da indústria transformadora, do turismo, dos serviços e de segmentos económicos da nova economia e geradora de valor e de empregos nas novas actividades económicas em crescimento.
  6. Um Portugal Melhor Administrado, com um Estado facilitador do crescimento e do desenvolvimento sustentável, com uma administração pública eficiente, inovadora e orientada para os cidadãos e para as empresas, com pessoas motivadas e baseados em modelos de organização flexíveis, com actualização intensa das novas tecnologias da informação e garante da coesão social.
  7. Um Portugal com Território Inteligente, seguro, sustentável e atraente, conectado por comunicações de banda larga e serviços móveis, espaços urbanos de qualidade com novos modelos de relação casa-trabalho, suportado por redes de energia eficientes e sustentáveis e de transportes inteligentes.
  8. Um Portugal de Empreendedores, centrados em inovações para a economia global e suportados por um dinâmico ecossistema financeiro, científico, empresarial e institucional.
  9. Um Portugal mais Qualificado e confiante, com competências ajustadas aos requisitos da empregabilidade da economia global e tecnológica do século XXI.
  10. Um Portugal mais Justo, Coeso e com Protecção Social sustentável, com serviços sociais personalizados, eficientes, factores da inclusão social, à medida das capacidades do País, em condições de sustentabilidade, com menores assimetrias sociais, com escolas devidamente inseridas nas comunidades locais, e sistemas de saúde, de educação e de segurança social adaptados às necessidades das pessoas e com reforço progressivo da sua liberdade de escolha.
Tal como o Memorando da Troika (PDF), este é um documento a ler na íntegra (PDF).

Em primeiro lugar, para ver o grau de compaginação razoável entre os dois programas, sabendo-se desde já que o primeiro é bem mais detalhado e tem prazos, ao contrário do programa eleitoral do PSD —que ainda padece de alguns tabus tipicamente partidocratas. Por exemplo, não refere sequer a necessidade óbvia de diminuir o número autarquias, a começar por Lisboa e Porto, que deverão ser rapidamente transformadas em cidades-região, com órgãos representativos e executivos semelhantes às regiões autónomas, i.e. com governos próprios, diferentes das demais câmaras municipais e sem, pelo menos, metade das freguesias actualmente existentes.

Em segundo lugar, para que esta eleição estabeleça pela primeira vez uma relação exigente, informada, crítica e construtiva, entre os cidadãos e o futuro governo — o qual, com grande probabilidade, agora que conheço o programa, e depois da prestação de hoje de Passos Coelho, será laranja.

Pela minha parte, que sempre votei no PS, e às vezes até mais à esquerda, o PSD já tem um voto garantido!


POST SCRIPTUM: Passos Coelho tem um calcanhar de Aquiles. Chama-se Miguel Relvas — uma insuportável e conflituosa criatura, que há-de dar muitos problemas ao provável próximo primeiro-ministro.

O fim do Bloco

A quadratura impossível entre Estaline, Mao e Trotsky
Louçã sofreu uma lesão cognitiva na adolescência que lhe impede qualquer pragmatismo ou pensamento criativo. Já era assim 1975...

O PS não vai voltar a governar à esquerda, acusa Gil Garcia

Com críticas duras à direcção de Francisco Louçã, o rosto principal da oposição interna à actual liderança disse que um PS sem Sócrates é uma “fantasia” e justificou que é uma “proposta bizarra” uma coligação à esquerda com o PS sem o actual secretário-geral Sócrates. Porque o PS não vai renegociar a dívida externa, acusou.

O líder da Ruptura/FER, que defendeu ao longo da VII Convenção do BE, uma coligação com os comunistas, foi mais longe, ao afirmar que o maior “empecilho” para a unidade da esquerda é, depois da reunião de Francisco Louçã com Jerónimo de Sousa, defender que “cada um deve ir na sua bicicleta.” E acrescentou que, ”enquanto cada um de nós anda na sua bicicleta", o PS continua a ganhar as eleições.”

No final do discurso, Garcia afirmou que Louçã só voltará a contar com os signatários da Moção C quando “discursar à esquerda contra os Governos do regime”, sem alianças com o PS. À moção C coube hoje a eleição de 11 membros para a Mesa Nacional do partido, num total de 80. — in Público.

Francisco Louçã é, desde os tempos em que estudava no liceu Padre António Vieira, um militante marxista a quem as leituras da IV Internacional, e em particular de Ernest Mandel, avariaram definitivamente algum do código genético responsável pelo pensamento racional autónomo. Desde então, como um relógio inteiramente previsível, o seu mundo intelectual resume-se a uma cópia defeituosa do pensamento tardio e pessimista de Léon Trotsky face ao ascenso do estalinismo e do fascismo no mundo, nas vésperas, aliás, do seu assassínio por um agente de Estaline.

Para Louçã, a missão dos marxistas revolucionários (leia-se trotskystas), já não é tomar quanto antes o poder, formar conselhos operários e decretar a ditadura do proletariado, porque faltam evidentemente as condições objectivas e subjectivas para que tal possa ocorrer nos países do que Mandel chamava o “capitalismo tardio”. Há que esperar!

A esta espera do regresso das condições objectivas e subjectivas maduras e necessárias para uma nova situação pré-revolucionária que abra de novo caminho à revolução socialista, chama-se “entrismo”.

O “entrismo” é basicamente isto: sobreviver ao ciclo ainda longo do “capitalismo tardio”, através de uma simbiose oportunista com os partidos socialistas pequeno-burgueses por essa Europa fora, tanto penetrando no interior dos respectivos aparelhos, criando neles células clandestinas, como formando partidos socialistas revolucionários autónomos e dispostos ao jogo eleitoral burguês. Em ambos os casos, os trotskistas mandelianos, de que Francisco Louçã é há décadas uma eminência parda, limitam a sua missão na Terra a duas regras intransponíveis: a regra canónica, ou seja, preservar o dogma trotskista, e evangélica, a qual passa por educar os socialistas, e os social-democratas desviados, na palavra marxista, leninista e trotskista original, preparando-os assim para o inexorável tempo da revolução socialista. Mais recentemente, o “entrismo” mandeliano, que é fundamentalmente uma forma de organização clandestina de inspiração tipicamente jacobina, tem alargado o leque dos seus hospedeiros potenciais a todo o tipo de movimentos sociais que “objectivamente” ameaçam o edifício do “capitalismo tardio”: dos católicos progressistas (oriundos em Portugal, por exemplo, do Graal), aos movimentos anti-racistas, gays e lésbicas, etc. A mais recente tentativa retórica de estender esta forma de oportunismo militante aos movimentos cívicos espontâneos, deu-se no apelo patético que Francisco Louçã lançou hoje à Geração à Rasca, para que juntos façam um segundo 25 de Abril!

Sem conhecermos esta matriz genética irremediável do pensamento clonado de Francisco Louçã, não se percebe a sua eterna e visceral arrogância para com Partido Comunista, bem como o seu amor pedagógico por Manuel Alegre, Paulo Pedroso, Ferro Rodrigues e, no limite, se for mesmo preciso, pelo próprio Pinóquio Pinto de Sousa!

Foi assim em 1975, é assim agora e será sempre assim. Pois uma degenerescência cognitiva não se corrige sem um longo processo de desconstrução teórica associado a uma indispensável psicanálise.

Os partidos portugueses, especialmente o PCP e o Bloco, são evidências puras do atraso cultural da nossa democracia. São, na realidade, tal como as corporações, os sindicatos, e a burguesia financeira que tanto atacam, evidências de agrupamentos sociais privilegiados com uma indisfarçável  dependência rentista do Estado — i.e. dos impostos que pagamos. Quanto mais cedo nos vermos livres destas sobrevivência arcaicas da nossa cultura política, mais cedo daremos espaço e oportunidade às novas formas de acção política de que as sociedades actuais precisam, como do pão para a boca, para enfrentar os sérios problemas de sobrevivência global que temos pela frente.

From Portugal with love



And we could go on:
  • the president of the European Comission is a Portuguese guy;
  • Another Portuguese smart guy is presently the vice-president of European Central Bank;
  • the director of the European Department of the International Monetary Fund is a Portuguese fellow;
  • The UN High Comissioner for Africa also happens to be a Portuguese (an ex-prime minister);
  • and the CEO of the first private bank of England, Lloyds Banking Group, is also a native from Portugal.
We just have to solve a few internal problems. That's all. And it won't take too long. Meanwhile we ask the rest of the Europeans to have a little patience, and drop by for a free ride on our magnificent beaches ;)

sexta-feira, maio 06, 2011

Voto na Troika!

Uma revolução contra os privilégios

A conferência histórica que pode transformar a bancarrota portuguesa numa oportunidade


Acabei de ler o Memorando de Entendimento dos representantes dos nossos principais credores. Recomendo a todos a leitura imediata (aqui, o meu PDF sublinhado) deste verdadeiro programa contra os privilégios conservados ou restaurados pelo velho poder corporativo, burocrático e clientelar que, sob a protecção da partidocracia instalada ao longo de trinta e tal anos de democracia aparente, conduziu Portugal à bancarrota. Se for cumprido — e tem grandes hipóteses de ser, pois de contrário não haverá massa para os funcionários públicos (nem para os bancos!)— o amplo e preciso programa desenhado pela Troika formada pelo FMI, BCE e Comissão Europeia, será certamente a segunda grande revolução política democrática depois do 25 de Abril de 1974. Chamem-lhe uma invasão bem intencionada.

A maioria dos problemas sistémicos da nossa irracionalidade colectiva e subserviência aos poderes corporativos, clientelares, burocráticos, partidocratas, sindicais e mafiosos, foram detectados e são atacados com medidas certeiras, equilibradas, justas e cruzadas que, à medida que forem cumpridas, transformarão radicalmente a face deste país. Mais do que saber que partido vai ganhar as próximas eleições (e é bom que seja o PSD, por motivos óbvios que não devem nada ao seu putativo mérito), o mais importante de tudo é traduzir quanto antes este documento e distribui-lo gratuitamente pelo país inteiro, sobretudo entre as classes profissionais e em todas as universidades. E depois de o distribuir, iniciar uma longa e criativa discussão sobre os seus conteúdos, sector a sector, sem dar demasiado espaço ou tempo aos principais prejudicados com a sua implementação. Estes, depois de se recomporem deste fortíssimo soco nos seus privilégios, irão reagir fortemente contra a sua aplicação. Da "Esquerda" à "Direita" ouviremos em breve um clamor contra a Troika, certamente envolto em discussões parcelares e encapsuladas de retórica interesseira e desonesta. Talvez venha a ser inevitável criar um partido para defender este programa e atacar quem prefere enterrar o país a perder privilégios que nunca mereceu, nem merece.

Por nós, iremos estar atentos e desmontaremos sem hesitação todas as mentiras e demagogias da nomenclatura formada pelos privilegiados de "esquerda" e de "direita". Nenhum programa partidário, que em geral não passam de conversa hipócrita e fiada, foi tão longe, depois do programa do MFA, na defesa do desmantelamento do poder corporativo em Portugal. Ao contrário do que tem sido propalado, este poder difuso, disseminado, entranhado, biopolítico, não só não diminuiu depois da ditadura, como aumentou e cresceu em extensão e descaramento.

Muito mais do que um programa de austeridade o Memorando da Troika é um plano de salvação nacional assente em duas ideias primordiais:
  1. não podemos gastar mais do que ganhamos, ou não podemos consumir/importar mais do que produzimos/exportamos;
  2. e também não poderemos libertar a sociedade e a economia se permanecermos sujeitos a um regime corporativo, desigual, injusto, corrupto e autoritário, ainda que disfarçado de democracia parlamentar.
Reflexão final depois de a Troika ter afirmado que não precisa da assinatura de Cavaco Silva para activar o Plano de Resgate da Bancarrota Portuguesa de 2011: ao contrário do que cheguei a pensar, não precisamos de nenhum presidencialismo. Precisamos é de um presidente meramente simbólico, e com metade do orçamento!

POST SCRIPTUM (07-05-2011 16:18) — a tradução portuguesa do Memorando da Troika já está disponível online, graças ao serviço público prestado pela Aventar, um dos milhares de nós de cidadania da Blogosfera. Obrigado Aventar. LINK.

quarta-feira, maio 04, 2011

Bin Laden ou Geronimo?

Chamar a Bin Laden, Geronimo, revela bem o estado de decadência da América

Geronimo, chefe Apache derrotado e humilhado pelo invasor europeu.

In 2009, Ramsey Clark filed a lawsuit on behalf of people claiming to be Geronimo's descendants, against, among others, Barack Obama, Robert Gates, and Skull and Bones, asking for the return of Geronimo's bones — in Wikipedia.

O grande guerreiro apache Geronimo foi derrotado pelas tropas americanas ao fim de dezenas de anos de guerra contra o invasor europeu. Preso, julgado e afastado para sempre das suas terras, num processo de humilhação imparável que viria a culminar na sua conversão em atracção de espectáculos e feiras, esta figura lendária da história americana foi agora usada como nome de código de Osama Bin Laden, no âmbito da anunciada operação de captura do líder saudita da Al-Qaida.

O militar que supostamente atingiu no coração e na testa o antigo guerrilheiro saudita e notório terrorista, destruindo-lhe o crânio, terá gritado "Geronimo!" — ao que se terá supostamente seguido uma ovação de Obama e do seu círculo próximo na Casa Branca, como se estivessem a ver um filme de cowboys e índios.


Das duas uma: ou estão a ver televisão, ou participando num crime de guerra e invasão de território soberano

As explicações oficiais sobre a operação que terá levado à segunda morte de Bin Laden (pois, segundo Benazir Bhutto, este já teria sido assassinado anos antes) parecem tudo menos convincentes.

A primeira imagem passada para a imprensa americana e largamente publicada era um grosseiro trabalho e Photoshop. A segunda imagem, que publicamos abaixo, é mais uma falsificação caricata. Aguardam-se novas provas substanciais do êxito da grande caça ao homem que já estava morto!

O relato diz que Bin Laden foi atingido na cabeça por um militar de elite da US Navy conhecida por SEAL. Na cabeça?! Desde quando é que se atinge na cabeça um alvo de caça tão precioso? As duas primeiras fraudes publicadas mostram, de facto, simulações gráficas desastradas de orifícios de entradas de balas. No entanto, depois de ver denunciadas estas falsificações grosseiras, o governo americano pôs a circular outra história: o tiro na cabeça teria sido, afinal, devastador, tendo arrancado metade do crânio do terrorista. Daí a hesitação em exibir o troféu de caça. Hummm.... Queremos ver a nova foto-montagem!

Se a primeira foto-falsificação (post anterior) parece retirada dum sítio de pornografia violenta, esta veio certamente dum salão de efeitos especiais para filmes de série B

Voltando a Geronimo. Como refere Elaine Meinel Supkis em Operation Geronimo: Get That Skull, há algo de verdadeiramente soturno e umbilical na correlação estabelecida entre o guerrilheiro muçulmano Osama Bin Laden e o guerrilheiro apache Geronimo.

A caveira e alguns ossos do antigo chefe índio terão sido roubados da sua sepultura por membros de uma associação académica sinistra, da universidade de Yale, chamada Skull and Bones. Um dos presumíveis autores deste roubo foi o antigo estudante de Yale e mais tarde banqueiro de Wall Street, Prescott Sheldon Bush, pai de George H. W. Bush (ex-presidente dos EUA) e avô de George W. Bush (ex-presidente dos EUA).

Para completar esta intriga é preciso recordar que o pai de George W. Bush foi sócio do pai de Bin Laden em negócios relacionados com petróleo, construção civil e armamento. Bin Laden, por sua vez, liderou a guerra da CIA contra a invasão soviética do Afeganistão, até ao momento em que cortou relações com a monarquia corrupta e ditatorial da Arábia Saudita, e declarou guerra à América.

Será que alguém pediu a cabeça de Bin Laden para a colocar ao lado do crânio e ossadas roubados da tumba do lendário chefe apache?

Eu inclino-me para a hipótese menos “gore” — a de estarmos na presença de mais um enorme embuste do decadente império americano e de um crime de guerra executado ao mais alto nível político, e em directo da Casa Branca!

ÚLTIMA HORA (04-05-2011 10:17): as interrogações na imprensa de referência já começaram (ler este artigo do Guardian)

terça-feira, maio 03, 2011

Troika manca

O FMI está meio falido, não sabiam? 
Teve que vender 400 toneladas de ouro ao longo dos últimos 4 anos; desde 2007...

Uma forte divergência entre os membros da troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI) sobre o montante total da ajuda externa a Portugal está em risco de rebentar com o calendário de conclusão e anúncio do programa de assistência e provocar um sério problema ao país — in Público.

Para quem não saiba: o FMI está também virtualmente falido, e depende cada vez mais da... China que, por sua vez, quer ver a sua posição devidamente valorizada no respectivo conselho de administração.

A China tem apenas 3,82% dos direitos de voto no órgão máximo do FMI (Board of Directors), mas os falidos EUA e Reino Unido têm, respectivamente, 16,6% e 4,3%!!

Para mais detalhes sobre quanto e a quem o FMI vendeu 1/8 das suas reservas de ouro, basta consultar esta página do FMI.

A segunda morte de Bin Laden

Uma história muito mal contada... e perigosa

A infografia do lado direito foi mostrada pela imprensa americana como prova da morte de Osama Bin Laden. Basta olhar para a foto da esquerda para perceber a grosseira falsificação e a impostura.

A segunda morte de Bin Laden é uma encenação manhosa que deve suscitar as maiores preocupações entre as pessoas de paz. Pode estar em curso uma operação especial em larga escala visando, num primeiro momento, subir as cada vez mais desfavoráveis sondagens sobre a performance de Barack Obama, mas num segundo momento, que pode ocorrer ainda este ano, algo bem mais sinistro: criar o pretexto para desencadear uma guerra nuclear contra o Paquistão, ou mesmo antecipar uma guerra contra a China, que a ocorrer seria a terceira guerra mundial que muitos antevêem como inevitável. No imediato, há mesmo quem suspeite que a guerra financeira do dólar contra o euro possa dar em breve um salto qualitativo a partir deste episódio.

Quando vi a história quase caricata do anúncio daquela que será a segunda morte de Osama Bin Laden (ver as declarações da certamente bem informada, e tragicamente assassinada, Benazir Bhutto) coloquei os seguintes cenários possíveis:
  1. Bin Laden terá sido de facto morto no dia 1 de maio (hora americana). Mas se foi, porque não exibiram o corpo, o troféu, de forma convincente, como é da mais elementar prudência na arte da guerra? Porque decidiram atirar o corpo do homem ao mar, com o argumento pífio de que não quiseram infringir a norma religiosa muçulmana sobre enterros? Não o enterraram, pois não? Atiraram-no ao mar! Basta comparar a fotografia oficialmente divulgada pelo governo americano do suposto cadáver de Osama bin Laden, para se perceber que não passa duma grosseira infografia.
  2. Bin Laden foi morto pela segunda vez, ou seja, não foi morto. E neste caso, estamos perante uma operação de ilusionismo bélico, e de uma manobra cujo alcance falta conhecer em toda a sua extensão. No imediato, serve para melhorar a imagem deteriorada do presidente de um império falido, ferido no seu orgulho, e portanto perigoso. Serve para retirar tropas do teatro de guerra no Afeganistão, e possivelmente preparar uma guerra contra o Paquistão. Servirá, quem sabe, para justificar uma provocação terrorista sem precedentes. Há quem fale mesmo num ataque nuclear à Alemanha (ler o Telegraph de 26 de abril último), com base numa suposta bomba nuclear que Osama bin Laden teria em seu poder, e que seria desespoletada caso fosse morto pela CIA...



As teorias da conspiração proliferam, mas nem todas são teorias da conspiração (escutar esta entrevista sobre a segunda morte de bin Laden).

Há, constatada a mais do que provável falsidade da segunda morte de bin Laden, legítimas e fundadas razões para tentar perceber o que pretendem os Estados Unidos com mais esta operação dos seus serviços secretos, em clara violação do direito internacional.

A troca de cadeiras na CIA e no Pentágono (Panetta no Pentágono, Petraeus na CIA), anunciada em 27 de abril, tem que estar relacionada com esta operação. Robert Gates não gostou do que viu, ou do que lhe pediram, e resolveu sair. Temos pois os homens certos nos lugares certos... mas para fazer o quê?

segunda-feira, maio 02, 2011

Vencidos da Vida

O que é que correu assim tão mal?



A equipa liderada por Eduardo Catroga já entregou ao líder do PSD a proposta de programa eleitoral. Emocionado, Catroga admitiu que pertence a uma geração que não deixa Portugal melhor. TSF, 30-04-2011.
Todas as escolas reabilitadas pela Parque Escolar mais do que triplicaram os consumos energéticos. Em declarações ao Biosfera, muitas revelaram temer não ter dinheiro para manter os sistemas de ar condicionado e ventilação mecânica a funcionar. Se tal vier a acontecer, a qualidade do ar interior pode ficar pior do que estava antes das obras. Tudo por culpa de um conceito de escola em função dos sistemas mecânicos e de leis desajustadas à realidade. RTP/ Biosfera (Farol de Ideias).

Ao ver Eduardo Catroga dar conta do trabalho realizado para o programa de governo do PSD, reconhecendo o fracasso de um regime que se prepara para deixar atrás de si um país falido e com escassos recursos para se reerguer, fiquei tão comovido quanto ele. Que de tão errado fizemos afinal para desbaratar o capital de esperança nascido em 25 de abril de 1974? Esta é uma pergunta que vai levar décadas a responder.

Quando ontem ouvia o actor que faz de primeiro ministro recitar literal e repetidamente a mesma deixa teatral aos monocórdicos jornalistas que lhe perguntavam sobre os custos directos e indirectos da escandalosa operação E.P.E. Parque Escolar (2,9 mil milhões de euros gastos na requalificação especulativa de noventa escolas secundárias, a cargo da quinta mais endividada empresa pública portuguesa), pensei, este gajo, a turma de piratas que o colocou onde ainda está, e o PS são certamente os mais próximos, directos e pesados responsáveis pela bancarrota do país. Não basta, pois, perderem as próximas eleições; terão também que responder em tribunal pelos crimes de ocultação estatística, manipulação de informação e dilapidação do erário público.

O vendedor de atoalhados tinha, entretanto, decorado a oração populista, que recitava mais ou menos assim:

— Se fosse em Lisboa, não se importavam, não era? Mas como é na província...
— O que vocês queriam é que eu não investisse na educação e na qualificação do país! Mas não, tra-la-lá tra-la-lá, tra-la-lá....

A nenhum dos jornalistas precários lhe ocorreu uma de duas perguntas:

— Ó senhor primeiro ministro, diga lá ao país quem é que vai pagar a factura destas três novas pontes Vasco Gama;
— Ó senhor primeiro ministro, diga lá quem é que vai pagar a triplicação das facturas energéticas deste novo parque escolar. Os directores das escolas já começaram a dizer que sem dinheiro do ministério da educação, terão que desligar o ar condicionado e que não vão poder pagar à E.P.E. Parque Escolar o que esta tenciona cobrar-lhes nos próximos anos. Quem vai então pagar estas facturas, senhor primeiro ministro?

O grau de destruição infligido ao potencial produtivo do país foi enorme, e decorreu sobretudo nos últimos dez anos. Nos últimos cinco, quando já era evidente a crise do endividamento especulativo iniciada nos Estados Unidos e o maremoto que atingiria inevitavelmente a Europa, José Sócrates, Teixeira dos Santos, e o PS multiplicaram-se em road shows e power points sobre a gloriosa caminhada de Portugal para o topo do desenvolvimento tecnológico (bolseiros e investigadores científicos já começaram a fugir de novo...), para o topo das energias renováveis (ambas falidas: a solar e a eólica...), para o topo da mobilidade em matéria de novas autoestradas e aeroportos às moscas, e ainda para o topo da resistência à crise internacional. Resultado: a bancarrota do país!

Todos os indicadores apontam, uma vez assumida toda a informação escondida ou disfarçada pelo INE e pelo governo, para a maior crise que alguma tivemos desde finais do século 19. Endividamento, desemprego e emigração atingiram proporções verdadeiramente criminosas. Tão cedo não nos levantaremos. Foi isto que emocionou Catroga, e é isto que me deixa furioso uma boa parte dos dias.

Mas pior: a crise conjuntural, que é muito grave, cai, de facto, em cima de uma crise larvar, mais grave ainda, pois tem origem num modelo inviável de sociedade, de economia e de poder, que arrastamos connosco desde a independência do Brasil.

Enquanto não percebermos que o que está em causa é o fim de um longuíssimo ciclo de vida colonial, a que não poderemos regressar, seremos incapazes de nos redefinirmos como nação e como país independente. E não seremos capazes de nos governar, nem mesmo na qualidade de estado federado.

Em breve, se não houver uma nova e desta vez verdadeira revolução democrática em Portugal —pois continuamos essencialmente iguais ao que fomos na primeira república, e ligeiramente diferentes do que fomos durante a ditadura (mas aqui por mérito do ditador)— seremos engolidos pela Espanha, pelo BCE e por Bruxelas, e tratados como mera província europeia, sob vigilância e rédea curta.

É isto que queremos? Se é, votemos no mitómano que atirou o país para o caixote do lixo da História. Se não, ponhamos a imaginação a trabalhar. Há uma estreita janela de oportunidade, mas tempo escasso para agir.

domingo, maio 01, 2011

Portas, primeiro ministro?

Creio que foi neste blogue que, pela primeira vez, se colocou a hipótese de Paulo Portas vir a ser o próximo primeiro ministro. O próprio acabaria por anunciar formalmente essa ambição no passado dia 29 de abril. Et pour cause!

Como aqui já se escreveu, há uma hipótese, embora remota, de Sócrates e a pandilha de piratas de que faz parte tentarem aliar-se ao PCP e ao Bloco de Esquerda de forma subreptícia, em volta de uma solução alternativa ao pacote de saneamento financeiro que a troika proporá em breve: reestruturar a dívida soberana. É o que designo por Frente Populista. Embora altamente improvável, esta vitória de Pirro não é de todo impossível, e se vier a ocorrer, o mais provável primeiro ministro deste governo condenado ao insucesso seria, não o exausto e descartável Sócrates, mas Ferro Rodrigues.

Portugal é neste momento a borboleta cujo bater de asas pode ditar involuntariamente o futuro do euro, da Alemanha e da Europa. Não nos esqueçamos que está em curso a primeira grande guerra financeira mundial, e que os PIGS são o primeiro e principal campo de batalha desta guerra, enquanto de Cabul a Marraquexe continuam a guerra e os conflitos militares assimétricos pela reconstituição do Império Islâmico (em si mesma favorável aos interesses da China, Japão, Brasil, Turquia, mas também aos interesses geoestratégicos da Europa mediterrânica e do sudoeste atlântico: Grécia, Itália, Espanha e Portugal).

Quero crer, porém, que a solução da troika vencerá o primeiro round do saneamento da dívida soberana portuguesa, apoiado-se nomeadamente nas imensas reservas financeiras da China — que já tornou oficial o seu interesse em manter a Europa estável e o euro como alternativa de recurso ao colapso do dólar americano. Se assim for, a derrota do PS de Sócrates e da tríade de Macau será redonda. Mesmo assim, o PSD e o CDS poderão não conseguir a maioria imprescindível à revisão constitucional objectivamente imposta pela troika como contrapartida do auxílio comunitário. O país precisa, de facto, de uma maioria constitucional para ultrapassar a bancarrota a que Sócrates, a tríade de Macau e o PS conduziram o país. E neste caso, só mesmo um governo de coligação entre o PSD, CDS-PP e PS será garantia suficiente para uma aprovação unânime do resgate comunitário da dívida portuguesa. Passos Coelho jamais aceitaria o regresso de Sócrates. E Sócrates, se se mantiver como consigliere da tríade que capturou o PS, jamais aceitaria ser segundo do actual líder do PSD. Logo, Paulo Portas poderá mesmo aparecer em breve como a única solução prática disponível para resolver um verosímil impasse pós-eleitoral.

Em qualquer caso, penso como Eduardo Catroga: Sócrates e uns tantos mais devem ser julgados pela destruição financeira de Portugal.