segunda-feira, março 04, 2013

E depois do petróleo?

A era pós-industrial está a transformar-se num pesadelo

1415-2015: uma era que chega ao fim

Começa a ser tempo de sabermos a verdade. Apesar do declínio demográfico português, a população mundial vai continuar a crescer até 2050, dos atuais sete mil milhões de almas, para mais de nove mil milhões, ou seja, somaremos à população que hoje somos, até 2050, o equivalente à população mundial de 1927.

Sabe-se que não é possível aumentar significativamente a produção de petróleo (1), gás natural e carvão, e que a simples manutenção dos atuais níveis de produção está a revelar-se cada vez mais difícil e dispendiosa, por efeito da degradação rápida do chamado EROEI (Energy Return On Energy Investment). Os países exportadores exportam cada vez menos, também porque consomem mais, e os países importadores têm cada menos meios financeiros para importar o petróleo, gás natural e carvão de que necessitam para manter as suas economias a funcionar. As balanças comerciais dos importadores de combustíveis fósseis têm vindo a deteriorar-se e o seu endividamento é cada vez mais dramático.

A tendência para o endividamento é geral

Vamos, pois, ter que alimentar, vestir, abrigar, transportar e prestar serviços de educação, saúde e assistência social, entre outros, a mais cerca de sessenta milhões de pessoas por ano até 2050. Será o mesmo que vermos nascer anualmente uma nova Itália, mas sem mais território, nem mais recursos energéticos, minerais e alimentares suficientes para suportar qualquer incremento real do chamado produto interno bruto das economias.

A energia fóssil que permitiu transformar radicalmente a civilização nos últimos duzentos anos —carvão, petróleo e gás natural— entrou num patamar de estagnação relativa, e deverá começar  a declinar depois de 2015, acelerando dramaticamente o movimento de queda lá para 2030-2040 (2).

Mesmo sem aumentarmos o consumo destas fontes de energia —o que significará inexoravelmente uma qualquer forma de racionamento energético, dado o crescimento demográfico em curso— todos os estudos sérios apontam para o colapso destes motores da civilização moderna e contemporânea até ao fim deste século.

E o entanto os efeitos desta escassez anteciparam-se às previsões dessa ciência oculta a que chamam economia! O endividamento disfarçado das nações acumulou desequilíbrios que acabariam por atirar o mundo inteiro para um gravíssimo problema financeiro, económico, social e político desde 2008. A maioria das economias nacionais e regionais já está ou caminha para espirais recessivas de que dificilmente sairá, salvo por breves períodos de alívio. O tempo dos estímulos puramente financeiros, assentes no consumo, na criação fictícia de massa monetária e na especulação, ou seja, no endividamento público e privado dos povos, terminou. Já nem a China se livra dos efeitos desta mistificação económica.


A China não pode crescer sem ameaçar as reservas mundiais de carvão e petróleo, e vive, como se vê neste gráfico, imersa em bolhas keynesianas típicas

Estamos, como se pode imaginar, metidos num imenso sarilho. Em breve perceberemos que o discurso do crescimento morreu, que o empobrecimento veio para ficar, que o risco de implosão social é muito sério, que o colapso das classes médias está em marcha, que o sistemas financeiro global está preso por fios cada vez mais frágeis, que o perigo de um fascismo fiscal espreita as democracias, que estas, por sua vez, estão estruturalmente ameaçadas, e que, em suma, ou descobrimos uma maneira ordenada de fechar esta era de desperdício e insustentabilidade, ou a transição civilizacional mergulhará povos, nações, países, regiões inteiras numa espiral de caos e destruição violentos.

Até ao aparecimento da máquina a vapor o desenvolvimento económico, social e cultural dos povos mais avançados do planeta fez-se à custa da tração animal e da escravatura (foram essas as suas energias motrizes!) As taxas anuais de crescimento andaram então sempre entre 0% e 1%, sucedendo-se, todavia, eras inflacionistas sempre que a procura agregada de produtos crescia mais depressa do que a oferta [D. H. Fischer]. Só depois da introdução em massa dos combustíveis fósseis no desenvolvimento da economia e da tecnologia é que o crescimento mundial chegaria à média dos 3% (com picos geográficos, sempre temporários, na ordem dos dois dígitos). No estado a que chegámos, se o crescimento mundial conseguir um patamar dinâmico na ordem dos 1% até ao fim deste século já seria extraordinário.

Para alcançar tão ambiciosa meta —a alternativa a isto chama-se estagflação— teremos ainda que descobrir um caminho credível e exequível para as chamadas sociedades de transição. E temos que colaborar todos —à escala planetária—numa melhor repartição e uso dos recursos disponíveis, em vez de nos envolvermos numa guerra sem fim pelo último atum, pelo último barril de petróleo, pelo último ribeiro de água fresca, pela última nesga de ar puro. O desafio é ciclópico, mas é também uma gigantesca oportunidade para a imaginação e criatividade da raça humana.

Precisamos de nos preparar para uma verdadeira metamorfose cultural, deixando para trás as dicotomias felizes da ideologia moderna. Em 1983 lancei, com um grupo de artistas, entre os quais, pintores, arquitetos, músicos, encenadores e desenhadores moda, um grande evento cultural a que demos o título DEPOIS DO MODERNISMO. Foi há trinta anos, mas não andámos longe da realidade!

NOTAS
  1. Experimentem escrever na janela dum buscador (Google, DuckDuckGo, etc.) assaltos+bombas+gasolina. Numa pesquisa agora mesmo feita no Google obtive 374 mil resultados!
    Esta é a dimensão mais evidente de uma realidade chamada Pico do Petróleo. Perguntem às cartomantes da economia o que é isto. Tenho a certeza que meterão os pés pelas mãos.
    Sem petróleo, ou com este a preço de ouro, a civilização moderna colapsa — pura e simplesmente! Acima dos 100 dólares o barril, durante 6 meses ou mais, a economia mundial entra em recessão. Acima dos 140 dólares —preço de ouro— a economia mundial colapsa, pura e simplesmente, como ocorreu entre agosto e setembro de 2008.
    Reparem no gráfico do preço do Brent desde 2002
    .
  2. Para os mais interessados neste tema vale mesmo a pena assistir em diferido ao seminário promovido em Estocolmo, em novembro de 2012, sobre os dados mais recentes relativos ao pico do petróleo e suas consequências no preço dos combustíveis, a par dos impactos inflacionistas no resto da economia, por efeito do chamado Energy Return On Energy Investment (EROEI).
Peak Oil Postponed? – Seminar at the think tank Global Challenge in Stockholm Sweden (7 nov 2012)

 
Professor Kjell Aleklett speaks of the Peak Oil phenomenon at a seminar arranged by think tank Global Challenge in Stockholm. Eva Alfredsson opens the "Peak Oil Postponed?" seminar.


Peak Oil Postponed? — Professor Charles A. S. Hall speaks of his concept "Energy Return on Investment" (EROI) at a seminar arranged by think tank Global Challenge in Stockholm.


Biophysical Economics - Professor Charles A.S. Hall



Discussion on Peak Oil with Professors Kjell Aleklett and Charles A. S. Hall moderated by Anders Wijkman.



ÚLTIMA HORA

China ultrapassa EUA e torna-se no maior importador de petróleo do mundo

Os EUA lideravam o “ranking” dos países importadores de petróleo desde 1970. Em Dezembro de 2012, as importações líquidas de crude caíram para os 5,98 milhões de barris por dia, igualando valores de 1992. No mesmo mês, as importações líquidas chinesas cresceram para os 6,12 milhões de barris por dia, segundo a alfândega do país — in Jornal de Negócios, 04 março 2013; 14:47.

Esta notícia é importante.

Por um lado, porque as duas maiores economias do mundo só poderão sobreviver como tais se importarem mais de 12 milhões de barris de petróleo por dia (a produção mundial total de petróleo convencional não supera os 80 milhões bpd), e por outro, porque os dois maiores exportadores de crude do planeta, Arábia Saudita e Rússia, vendem pouco mais de 15 milhões bpd e tenderão a exportar menos a cada ano que passa...

Irão, Emiratos Árabes Unidos, Nigéria e Kuwait exportam, cada um, pouco mais de 2Mbpd, e cada um dos restantes exportadores tem menos de 2Mbpd para vender.

Segundo estatísticas da BP, em 2005 exportaram-se 47,9Mbpd, mas em 2010 este número tinha baixado para 43,8Mbpd.

A terceira guerra mundial vai, pois, ter a mesma espoleta das anteriores —o petróleo— a menos que os países da Lusofonia consigam propor e fazer vingar uma espécie de Novo Tratado de Tordesilhas sobre a repartição ponderada dos recursos vitais da atual civilização industrial e tecnológica, entre o Ocidente e o Oriente.

Vejam o meu mapa sobre este assunto (é essencial ir aos zooms....)

Os números que se seguem sobre as importações portuguesas de petróleo são meramente indicativos, pois a informação indígena a este respeito (como noutros temas cruciais) é tudo menos clara e fiável...

Barris por dia

2001: 357 300
2003: 106 300
2005: 390 300
2008: 323 000
2009: 294 600
2010: 277 400 (ou 224,5)
2011: 205 400 (ou 207,5)

Grosso modo podemos dizer que não passamos sem importar à volta de 260 mil barris de petróleo por dia, ou seja, uns 95 milhões de barris/ano.

Aos preços de hoje isto significa que a nossa fatura petrolífera é de 8 mil milhões de euros/ano!

Uma metodologia para trabalharmos na transição da economia portuguesa para a era pós-industrial e pós-petrolífera seria começar por cortar as importações de petróleo em 2% ao ano (taxa de exaustão do crude disponível no planeta) de aqui em diante! Em 2013, menos 160 milhões de euros de importações, etc...

Com esta equação na cabeça é possível caminharmos solidariamente para uma sociedade de transição. Doutra forma será o caos político permanente e um desastre económico e social com data marcada :(

MAIS DADOS PARA PENSAR, E SOBRETUDO AGIR!

A subida do preço do petróleo desde 1998 (ver este gráfico interativo) para cá implicou a maior transferência de sempre de riqueza da Europa para os países produtores de petróleo (António Costa e Silva/Partex).

Assim sendo, perante a recessão imparável, se há setor obrigado a fazer uma travagem às quatros rodas, é o dos transportes, começando desde logo pelo transporte aéreo, seguido pelo rodoviário.

A União Europeia é hoje o segundo maior consumidor e o segundo maior importador de petróleo do planeta. No entanto, o consumo e as importações têm vindo a decair desde 2008. Pelo contrário, os países exportadores têm vindo a consumir mais e portanto a exportar menos. Se querem perceber a principal casa da recessão europeia e americana, aqui vai: menos consumo de energia oriunda do petróleo!

Veja-se (neste gráfico) o que vai acontecer em breve ao transporte aéreo, e porque ninguém quis comprar a TAP :(

Repare-se ainda (nesta listagem) como o consumo de petróleo perdeu elasticidade e a sua mais equilibrada distribuição regional prejudicou claramente os consumos de crude nos EUA e ainda mais na União Europeia...


Última atualização: 8 mar 2013, 14:07 WET

domingo, março 03, 2013

Lusofonia

A esfera armilar apareceu, pela primeira vez, nesta moeda do Brasil, de 1695 (link)

Uma comunidade estratégica para o futuro

A Lusofonia é um dos três espaços estratégicos do futuro, a par da nova Aliança Atlântica e da próxima Aliança do Pacífico. A Lusofonia deveria transformar-se rapidamente no honest broker do planeta, cumprindo a função de amortecedor forte entre as grandes placas tectónicas da humanidade: o Ocidente e o Oriente. Temos tudo para tal: uma distribuição geográfica ímpar, recursos energéticos, naturais e humanos invejáveis, e uma experiência secular de convivência cultural e de tolerância religiosa sem concorrência!

Começo por oferecer a esta nova comunidade um mapa interativo que fui desenhando nos últimos meses.

Plataformas disponíveis:

blog
facebook
google+

sábado, março 02, 2013

A Berlenga ferroviária da Europa

A Alta Velocidade Ibérica será uma realidade antes de 2020. E em Portugal?

Espanha abandonará a bitola ibérica entre Madrid e Badajoz. Depois disso acontecer, nem mercadorias, nem passageiros. O aviso está feito. Passos Coelho e o Sérgio das PPP não poderão dizer no futuro que não sabiam!


Espanha —cumprindo, aliás, um desígnio comunitário (TEN-T)— deixará Portugal preso à bitola ibérica e sem possibilidade de passar a fronteira de comboio. Ou seja, depois de 2016-2020, seremos uma espécie de Berlenga ferroviária —cortesia do Simplista Passos de Coelho e do Sérgio das PPP.

Enquanto continuamos a ouvir os nossos estridentes deputados (desta vez foi Nuno Melo) a confundir uma autoestrada (linha férrea de bitola europeia preparada para Alta Velocidade) com um Ferrari (TGV, AVE, etc.), os espanhóis andam numa verdadeira corrida contra o tempo (1) para dotar o país de uma densa rede ferroviária de bitola europeia (2) que chegue a todas as principais cidades do país, a França e ao resto da Europa.

O governo e o lóbi do novo aeroporto, a par dos rendeiros da rodovia e das pontes, pelo contrário, estão a transformar o país numa ilha ferroviária. Ainda não perceberam que a resposta de Espanha ao desaforo dos irresponsáveis governantes que temos tido nas últimas décadas (romperam sucessivamente compromissos assinados entre os dois países, com implicações óbvias nos projetos ferroviários do lá de lá da fronteira) será acabar com a bitola ibérica nas principais linhas ferroviárias espanholas, começando pelos eixos prioritários —atlântico, central e mediterrânico—, que chegam a Portugal por Vigo, Salamanca, Badajoz e Huelva.

Para que servirão então os famosos portos do Álvaro? 

Só mesmo para trasfega de mercadorias dos super-Panamax para cargueiros de cabotagem que percorrem os portos europeus. As nossas famosas exportações passarão então a viajar (em malinha Samsonite, claro!) nos aviões do Augusto Mateus, a partir do aeromoscas de Beja (2), e nas frotas TIR do costume, só que pagando à GALP diesel cada vez mais caro, só que pagando aos rendeiros da rodovia portagens cada vez mais caras, só que suportando penalizações crescentes pelas emissões de CO2 equivalente. Será que esta gente não lê os mesmos boletins comunitários e imprensa europeia que eu?!

Para quem duvidar do que afirmo sobre a transformação de Portugal numa Berlenga ferroviária, aqui vão algumas imagens comprovativas (clicar nas mesmas para ampliar).

1. Espanha: lado a lado, futura linha de Alta Velocidade (esq.) e bitola ibérica (dir.)

2. Espanha: bitola ibérica a converter para UIC, ao lado da futura via UIC

3. Espanha: aqui, perto de Mérida, a linha antiga e a nova bifurcam

4. Espanha: obras de construção da nova plataforma UIC perto de Mérida

As fotografias 1 e 4 mostram que em geral as linhas de Alta Velocidade (UIC/ bitola europeia) seguem os canais da antiga bitola ibérica. Por vezes, porém, afastam-se por necessidades técnicas e de terreno (foto 3), mas também acontece sobreporem-se literalmente a plataformas pré-existentes (foto 2) onde corriam ou ainda estão assentes as linhas de bitola ibérica.

A elevada probabilidade de a Espanha fechar a antiga linha de bitola ibérica assim que o AVE esteja operacional resulta pois de duas ordens de causalidade: nas passagens estreitas, onde o chamado espaço canal não permita manter três vias (a velha ibérica e duas novas em bitola europeia) é mais barato recuperar a antiga plataforma para a linha de bitola europeia, do que proceder a dispendiosos desvios e movimentos de terras; por outro lado, se a nova linha com duas vias de bitola europeia (parte dela resultante da requalificação da velha plataforma de bitola ibérica) caminha quase sempre ao lado da antiga linha de bitola ibérica, que economia haverá em manter esta última, sabendo-se que é uma infraestrutura envelhecida, onde apenas podem circular comboios movidos a diesel?

Como não é previsível que venha a ser Portugal a manter tal linha, o mais provável mesmo é que a mesma sirva para ajudar a construir a nova plataforma com linhas de bitola europeia (standard ou UIC), e depois morra!

A política ferroviária do irresponsável governo português não tem qualquer fundamentação técnica (4), e parece cada vez mais enfeudada aos piratas que afundaram economicamente o país: os rendeiros da rodovia e os especuladores imobiliários, nomeadamente aeroportuários.

Isto é um escândalo que acabará por rebentar no estômago deste ou do próximo governo.

Numa altura em que toda a gente sabe (menos os cartomantes da nossa economia) que a Europa e os Estados Unidos estão mergulhados na maior depressão desde 1929, em grande medida porque deixámos de ter poupança suficiente para comprar o petróleo sem o qual é literalmente impossível fazer crescer qualquer economia industrial e tecnológica, continuamos a ser governados por piratas, políticos irresponsáveis e consultores desmiolados ou simplesmente oportunistas.

De que vale termos portos, cidades, indústrias, alimentos preciosos e turismo para exportar, se estamos a destruir alegremente as ligações ferroviárias fundamentais aos nossos mais importantes parceiros comerciais? Espanha é o 4º destino turístico mais importante do planeta, em breve deixará de ter as suas principais cidades ligadas por avião, à medida que a rede do AVE for crescendo. Os responsável pelo turismo português, em vez de andarem entretidos com guerras de tachos com o governo (que bem sabia que assim iria entretê-los!) deveriam calcular as perdas futuras para o turismo nacional quando os aviões abandonarem de vez os percursos inferiores a 750-800Km, e os custos da circulação rodoviária dispararem para valores incomportáveis (gasolina, portagens, estacionamentos). Quando viajar de Madrid até Paris, Lausana, Berlim ou Londres for mais barato em comboio do que em avião, que acontecerá? Só no dia em que aos nossos levianos deputados deixarmos de pagar as viagens aéreas por essa Europa fora, e entre Porto (ou Bragança!) e Lisboa, aprenderão a distinguir uma linha ferroviária de um TGV!

Portugal não pode dar-se ao luxo, sobretudo agora, de tolerar governantes teimosos e levianos em matéria tão sensível para a nossa economia.

Além do mais, boicotar desta maneira inconcebível a circulação de pessoas e bens entre Portugal e o resto da União Europeia é ilegal!

A nossa oligarquia partidária continuará certamente a confundir autoestradas com automóveis, e linhas ferroviárias com comboios. Mas é ao governo que compete governar com prudência e sabedoria.

POST SCRIPTUM

Governo desviou para a TAP os 600 milhões do BEI atribuídos à linha Poceirão-Caia, perdeu os correspondentes fundos comunitários, a favor de Espanha (!), e está à espera dos 3 mil milhões da ANA para os enfiar igualmente no buraco sem fim da transportadora aérea nacional (com a cumplicidade do PS — está explicada a aproximação!)

Já por diversas vezes chamámos a atenção para o desvio, por parte deste governo, do empréstimo do BEI para financiamento da ligação ferroviária Poceirão-Caia — seiscentos milhões de euros! Estamos convencidos de que a verba comunitária para o mesmo fim —mais de mil e duzentos milhões de euros— foi desviada, ou está a ser desviada, pelas canalizações sombrias do corrupto sistema financeiro e político-partidário português, para a TAP, via Parpública. No pior dos casos regressou aos cofres comunitários! E se assim tiver sido será o dinheiro da privatização da ANA que irá ser enterrado na insolvente e inviável TAP. A privatização está parada. Veremos o que sucede quando o grosso da receita da privatização da ANA entrar nos cofres públicos.

Os sindicalistas arrogantes da falida companhia aérea mentem com todos os dentes quando dizem que não recebem dinheiro dos impostos. Recebem e muito, pois ninguém em seu juízo irá comprar uma empresa inviável, não competitiva, e assumir, ainda por cima, um passivo nocional, entre dívidas e responsabilidades futuras, a rondar os QUATRO MIL E QUINHENTOS MILHÕES DE EUROS!

Sim, eu fiz as contas, ao contrário nos batráquios populistas do nosso imprestável parlamento:

— 12 Airbus A350-900: mais de TRÊS MIL MILHÕES DE EUROS;
— dívidas acumuladas pelas empresas do grupo TAP: mais de MIL E DUZENTOS  MILHÕES DE EUROS (estamos em março de 2013 e ainda não vimos publicado o relatório e contas da TAP de 2012...);
— indemnizações a pagar com rescisões futuras de contratos de pessoal: mais de TREZENTOS MILHÕES DE EUROS.

O zero à esquerda do PS queria saber para onde irão os famosos QUATRO MIL MILHÕES DE EUROS. É simples (parte já foram): para a TAP, CP, Metro, RTP (que não pára de avençar opinocratas partidários!) e para os cleptocratas das PPP rodoviárias e hospitalares.

Entretanto, o zero à esquerda do PS, e o resto dos populistas de esquerda (PCP, Intersindical, BE) querem crescimento. Mas o que propõem é tão só continuar a alimentar uma democracia corporativa falida, sem dedicarem um segundo sequer aos setores vitais da nossa economia:

— energia,
— transportes,
— segurança alimentar
— segurança militar dos nossos interesses estratégicos
— revitalização do tecido industrial e tecnológico

Isto que é essencial à nossa sobrevivência nacional, exige, porém, a determinação que só UMA DEMOCRACIA FORTE pode dar. Precisamos de ultrapassar de vez a criminosa e fatal inércia rentista, burocrática, corporativa e populista que tolhe o país há décadas. As oligarquias económico-financeiras (capital rentista agarrado aos favores do estado), burocráticas e partidárias são a principal causa da nossa decadência acelerada. Logo, é por aqui que teremos que começar a mudar o país!

Portugal conseguiu herdar o pior de Salazar (paternalismo cultural, omnipresença do estado na sociedade, corporativismo e burocracia) sem verdadeiramente incorporar a seiva de liberdade, democracia e dinamismo, essencial a um efetivo e duradouro triunfo do regime saído do golpe de estado militar que deitou abaixo a ditadura já moribunda de Marcelo Caetano.


COMENTÁRIO

Governo português está a transformar o país numa POCILGA FERROVIÁRIA !

Embora extenso, até pelas nuances relativamente ao meu post (R reconhece que Espanha irá provavelmente manter a antiga linha ferroviária ao lado da que está construindo para a Alta Velocidade, mudando porém a bitola, de ibérica para UIC), vale a pena seguir o raciocínio deste longo comentário. OAM

Viva A & M.

... Portugal, por não investir em 200 km de ferrovia, ficará fora da rede de AV europeia, ou seja, passa a militar na 2ª ou 3ª divisão,..., conceito de "pocilga ferroviária".

Ao fim do dia de ontem estive com o A recorrendo ao Google Maps no sentido de se tentar melhor perceber o que vai do lado de lá da fronteira. Infelizmente a qualidade da imagem não ajudou.

Ao mesmo tempo estive a ler um email do MR relativamente ao cruzamento de comboios de mercadorias com comboios de Alta Velocidade.

Indirectamente, o alerta do M alertou-me para outro tipo de situação, q reconheço ser muito importante!

Ao percorrer a linha através do Google Maps com o A, e não se tendo conseguido imagens limpas, desloquei a pesquisa para a zona de Mérida, nomeadamente o "Y" de Mérida, e descobri (igualmente para a direcção de Badajoz) travessas de betão monobloco. Estou a referir-me ao "Y" de Mérida ainda da linha actual, a qual, como sabem, é em bitola ibérica.

Do acima impõe-se a pergunta: porque razão estão a investir numa linha cujo traçado é antigo, quando ao lado estão a construir uma linha de AV?

Ligando ao alerta do M, torna-se óbvio que Espanha vai tomar a opção de fazer circular na linha actual comboios de mercadorias, mudando previamente a bitola dessa linha única, de ibérica para UIC.

Recordo que na estação de Badajoz as travessas já instaladas são de dupla fixação e de que a electrificação ainda não aconteceu, o que responde à questão do Engº CS relativamente ao alinhamento "comboio vs. via".

Torna-se pois óbvio, e isso é de alguma forma a opção assumida por várias redes, que os comboios de mercadorias (90 km/h) serão conduzidos para linhas convencionais, reservando as linhas AV para comboios AVE ou TGV, salvaguardando-se desta forma a plataforma ferroviária do inconveniente de sobre ela circularem comboios pesados de mercadorias que causam grande desgaste na infra-estrutura.

E atenção que o discurso politico tem estado alinhado com esta realidade!

Possivelmente nós e opinião pública é que não temos estado atentos aos detalhes...

Inicialmente estava previsto a linha de AV Poceirão - Caia ( - Badajoz - Madrid) com uma outra em bitola ibérica, cenário que não faria grande sentido dado a linha de AV ser mista (passageiros e mercadorias). A linha de mercadorias deste lado, em bitola ibérica, teria pois seguimento do lado de lá...

Na fase seguinte, caso se recordem, o governo adiantou o conceito de linha de "Altas Prestações", o que pressupõe que do lado de lá os comboios de mercadorias iriam utilizar a linha de AV 350 Km/h.

Mais recentemente, o Sec. de Estado Sérgio Q... coisa veio defender o conceito de "LTM" - Linha de Transporte de Mercadorias. Ora o que isto quer dizer é que a linha que eventualmente venha de Sines, irá até ao Caia em bitola UIC ligando à linha que lá está, ainda em bitola ibérica, mas que será reconvertida para UIC!

Mais simples e directo não posso ser, dando resposta "indirectamente" ao alerta do M. Na futura linha AV não vai haver comboios de mercadorias embora a linha tenha sido desenhada para tal.

De tudo o que acima se escreveu, é claro que Portugal, por não investir em 200 km de ferrovia, ficará fora da rede de AV europeia, ou seja, passa a militar na 2ª ou 3ª divisão,..., conceito de "pocilga ferroviária".

O que é CRIMINOSO AQUI, e isto deve ser denunciado como sendo o jogo do INIMIGO, é que se vai negociar o próximo financiamento para 2014-2020 com estes pressupostos de isolamento quase definitivo de Portugal em matéria de rede europeia de alta velocidade!

Este governo, que está a meio da legislatura, não tem o direito de comprometer a próxima legislatura, a qual dificilmente incluirá o PSD. E não é só a questão da próxima legislatura, mas a de determinar de forma irreversível as opções das gerações mais novas!

Quem é que na UE, depois de realizado o quadro de financiamentos comunitários de 2014-2020, terá disponibilidade para voltar a investir na ferrovia?

Salvo melhor opinião é este o estado das coisas :(

É claro que nos poderiam contar a história de que não há dinheiro, e que a malta até entendia, mas a questão é que este governo mais não faz do que sonegar informação, estando neste momento claramente a reboque da blogosfera, como resulta claro do link que o RR nos enviou.

Enfim, Portugal está 100% nas mãos dos espanhóis, os quais não havendo pressão do lado de cá, nomeadamente quanto a prazos, constroem a linha de AV e reconvertem da linha ibérica antiga para UIC a seu belo prazer.

R.


NOTAS
  1. Portugal anda literalmente a ver navios do Panamá, enquanto os catalães e demais espanhóis se concentram no essencial:
  2. Apesar da crise, a Espanha está a anos-luz da iliteracia ferroviária portuguesa. Basta consultar este sítio sobre a rede de Alta Velocidade espanhola (e este mapa da rede em funcionamento em janeiro de 2013) para o perceber.
  3. Aeromoscas de Beja — movimento de passageiros (Fonte: INE):

    outubro 2012: 18
    novembro 2012: 689
    dezembro 2012: 0

    (ainda ninguém foi preso, nem se conhece o que opina o ultra-Seguro zero à esquerda do PS sobre esta grande obra do Pinóquio e do Jamais Mário Lino)
  4. É mais barato andar de TGV em França do que de automóvel em Portugal. E o petróleo ainda não chegou aos 150 dólares o barril!
    Polémique dans le Nord sur les prix TGV

    Les chiffres sont cruels. Proportionnellement au parcours effectué, le Paris-Lille coûte autour de 0,17€/km (258 km, 43€ en période normale) et peut monter à 0,23€ en heure de pointe, quand un Paris-Marseille se balade à 0,10€ km (0,13€ en heure de pointe).

    Nas ex-SCUT e auto-estradas em Portugal estamos a pagar, SÓ EM PORTAGENS, e em média, 8 a 9 euros por 100 Km. Ou seja, 8 a 9 cêntimos por Km. Se lhe somarmos o custo do combustível então o custo total por 100 Km andará à volta dos 20 euros, ou seja 20 cêntimos por Km. E ainda falta o custo da depreciação do veículo, o selo de circulação, as inspeções periódicas, o custo dos estacionamentos e o tempo morto agarrado ao volante.

    Será que ninguém neste governo sabe fazer contas? E os deputados?

    Sabem o que acontecerá quando o barril de crude chegar e estabilizar à volta dos 150 dólares/barril? Pois eu digo-vos: a aviação entrará numa crise de insolvência e de falências em cadeia bem maior do que a que presentemente já percorre todo o setor (porque julgam que a TAP não tem pretendentes a não ser um aventureiro que afundou uma plataforma petrolífera no Brasil no valor de mais de 500 milhões de dólares?)

    E sabem o que ocorrerá quando o barril de petróleo (com ou sem estuporarem os subsolos do grande e insubstituível estuário do Tejo-Sado com brocas de fraturação de xistos) chegar aos 200 dólares (e vai chegar)? Pois bem, o presidente da Airbus foi taxativo: a aviação comercial cairá em bloco. E depois desta fasquia atingida, as viagens aéreas serão racionadas em todo o mundo. As prioridades chamam-se: BANDA LARGA e TRANSPORTES MARÍTIMO-FLUVIAIS e FERROVIÁRIOS, eficiência energética, sustentabilidade e repovoamento acelerado dos centros urbanos consolidados!
Última atualização: 2 mar 2013 WET 16:26

terça-feira, fevereiro 26, 2013

Itália—o partido mais votado

Beppe Grillo, um comediante pela cidadania e pela política honesta

O centro (corrupto) morreu. Por uma democracia forte!

O MoVimento 5 *****, liderado por Beppe Grillo foi o partido mais votado nas eleições legislativas italianas do passado fim-de-semana: 25.6%, 8.689.168 votos. Curiosamente a indigente imprensa que temos omitiu o facto!

De ora em diante a Europa começará a polarizar-se rapidamente... mas não entre os partidos populistas convencionais, que serão cada vez mais odiados por todos, pois esconderam da população, ao longo das últimas décadas, o colapso económico, laboral e social dos diversos países europeus.

Depois da Itália, seguir-se-ão o Reino Unido e a França. Apertem os cintos e organizem-se, a começar por assembleias de bairro convocadas via Facebook e desenvolvidas via Meetup (ou plataformas similares), onde todos os participantes deverão fazer declaração de interesses (empregados/desempregados; patrões/assalariados; confissão religiosa/ou não, filiação partidária/ou não), instituindo assim o máximo de transparência por forma a evitar a cooptação das assembleias por organizações partidárias, corporativas e/ou religiosas, em nome de uma cidadania democrática forte como única instância determinante da reflexão e da ação.

O movimento Que Se Lixe a Troika deixou-se infiltrar e cooptar pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda, pelo que se transformou num falso movimento cívico, sem ideias (apenas maniqueísmo) e sem autonomia. Não será por aqui que encontraremos uma alternativa ao apodrecido e totalmente corrompido sistema partidário português.

Chamo a vossa atenção para ordem das prioridades do programa do MoVimento***** — Estado e cidadania; Energia; Informação; Economia; Transportes; Saúde, Instrução. Não poderia ser mais inovadora, oportuna e alternativa às agendas cansadas, retóricas, corrompidas e invariavelmente populistas das falhadas partidocracias das falidas democracias europeias. O preâmbulo do programa diz o seguinte:
A atual organização do Estado é burocrática, sobre dimensionada, cara, ineficiente. O Parlamento já não representa os cidadãos, que não podem escolher os candidatos, mas apenas os símbolos dos partidos. A Constituição não é aplicada. Os partidos substituíram-se à vontade popular e subtraíram-se ao seu controle e julgamento. (1)



O Seguro quer crescimento e o resto do regime não fala doutra coisa. E diz que vai trazê-lo de volta ao país, e que com este crescimento vai reinstaurar a esperança, a liberdade (de não ser escravizado pelo fascismo fiscal em curso, suponho), o pão (que só o trabalho deveria dar), a paz (que nem já os sindicatos populistas conseguem segurar) e a habitação (que os bancos estão a roubar descaradamente nas barbas de uma classe política acomodada, cobarde e indigente).

Isto, sim, é puro populismo, e conversa fiada de quem não prestou pela falência do país.

Precisamos de uma nova agenda de conteúdos, meus senhores.

Portugal vai decrescer daqui em diante a um ritmo médio de 2% ao ano (na melhor das hipóteses!)

Que fazer, então?

Há neste momento reflexões dispersas sobre a necessidade urgente de substituir o insolvente regime instalado, por outro, genuíno, transparente, responsável e fiável. As que O António Maria tem desenvolvido a este propósito estão condensadas num outro blogue, a que chamei Novo Partido Democrata. O momento chegou, porém, de agir e fazer convergir as ideias para um movimento de cidadania alargado.

NOTAS
  1. Se alguém quiser fazer o favor de traduzir para português este programa prestaria certamente um bom contributo para a discussão em curso no nosso país sobre uma crise em quase tudo muito semelhante.

sábado, fevereiro 23, 2013

Recandidatos ilegais insistem

Em Belém, quando acordam, ou entra mosca, ou sai asneira!

De uma presidência analfabeta só podia sair asneira... laranja!

O Diário da República apenas escreveu em bom português o que deputados analfabetos escreveram em mau português.

Senhores deputados, digam lá de vossa justiça: querem ou não combater o caciquismo municipal e regional? E já agora, porque não aproveitam para estender este princípio de higiene ao parlamento de que são senhorias?

Cavaco Silva é presidente da república de Portugal, e a Angela Merkel é chanceler, ou chancelarina, da Alemanha. O Menezes é um presidente de câmara gastador, e quer ser presidente da câmara do Porto. Mas não pode, pois há uma lei inequívoca sobre o assunto, cujo objetivo é claro e vem claramente expresso no texto publicado em Diário da República:
“Estabelece limites à renovação sucessiva de mandatos dos presidentes dos órgãos executivos das autarquias locais”.
Ou seja, pode escrever-se presidente de câmara, para designar o cargo, presidente da câmara de Sintra, para designar o cargo exercido numa determinada e única autarquia, mas é gramaticalmente errado escrever presidente da câmara, ou presidente da junta, sem acrescentar ou presumir uma pessoa concreta, ou um território concreto, ainda que não expressamente nomeados. Não há presidentes da câmara em geral! Há, sim, presidentes de câmara em geral, e há, por exemplo, o presidente da câmara municipal de Vila Nova de Gaia (não de Vila Nova da Gaia!), Luís Filipe Menezes, ou o presidente da câmara municipal de Sintra, Fernando Seara, ambos pretendendo contornar de modo infame uma lei inequívoca que visa, precisamente, impedir estas duas criaturas de se perpetuarem no poder.

Se o espírito da lei fosse outro, autorizando os caciques autárquicos a mudar de concelho de doze em doze anos, para que serviria? Para nada!

O mau português abunda na política portuguesa, a começar, como agora escandalosamente se constata, nos jardins decadentes de Belém e nos passos corruptos do parlamento.

A imprensa indigente que temos —surpresa— propaga e amplifica a asneira!

Para quem não conheça, aqui vai a lei publicada, e bem, pelo Diário da República:

Lei n.o 46/2005 (ver PDF)
de 29 de Agosto

Estabelece limites à renovação sucessiva de mandatos dos presidentes dos órgãos executivos das autarquias locais

A Assembleia da República decreta, nos termos da alínea c) do artigo 161.º da Constituição, o seguinte:

Artigo 1.º
Limitação de mandatos dos presidentes dos órgãos executivos das autarquias locais

1 — O presidente de câmara municipal e o presidente de junta de freguesia só podem ser eleitos para três mandatos consecutivos, salvo se no momento da entrada em vigor da presente lei tiverem cumprido ou estiverem a cumprir, pelo menos, o 3.o mandato consecutivo, cir- cunstância em que poderão ser eleitos para mais um mandato consecutivo.

2 — O presidente de câmara municipal e o presidente de junta de freguesia, depois de concluídos os mandatos referidos no número anterior, não podem assumir aque- las funções durante o quadriénio imediatamente sub- sequente ao último mandato consecutivo permitido.

3 — No caso de renúncia ao mandato, os titulares dos órgãos referidos nos números anteriores não podem candidatar-se nas eleições imediatas nem nas que se realizem no quadriénio imediatamente subsequente à renúncia.

Artigo 2.º
Entrada em vigor

A presente lei entra em vigor no dia 1 de Janeiro de 2006.
Aprovada em 28 de Julho de 2005.
O Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama.
Promulgada em 14 de Agosto de 2005.
Publique-se.
O Presidente da República, JORGE SAMPAIO.
Referendada em 18 de Agosto de 2005.
O Primeiro-Ministro, José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa.



sexta-feira, fevereiro 22, 2013

Vamos de elétrico!

Barroso experimenta protótipo do Hiriko (urbano, em basco), um conceito do MIT construído em Vitória, País Basco (24/01/2012)

Apenas 6% das pessoas e 10% das mercadorias são transportadas por caminho de ferro na Europa
An EU White Paper published in 2001 ("European transport policy for 2010: time to decide") called for transport growth rates to be "decoupled" from economic growth and for a "modal shift" from roads and air transport towards more sustainable travel modes, including shipping and rail.

[...] The Commission seeks to liberalise the railway market to encourage private investment, greater efficiency and more seamless travel across the EU to boost rail passenger and cargo transit to ease air and road congestion as well as to reduce greenhouse gas emissions. EurActiv-transport .
A única estratégia para evitarmos uma enorme tragédia mundial —que é o que acontecerá se não soubermos mitigar em tempo oportuno as consequências do Pico do Petróleo— passa por abandonar gradualmente o uso intensivo do automóvel convencional e do avião, pois 70% de todo o petróleo produzido vai direitinho para a refinação de combustíveis destinados aos transportes, contribuindo ainda por cima para a emissão de volumes gigantescos de CO2 e outros gases poluentes, causadores do efeito de estufa. As reservas petrolíferas mundiais estão a cair 2% ao ano, prevendo-se que este recurso finito, a manter-se constante a produção média anual de 29,2 mil milhões de barris, verificada em 2009, não dure mais do que quarenta e quatro anos. Como é evidente, muito antes de chegarmos ao último barril de petróleo grandes mudanças ocorrerão no planeta dos homens!

A oferta já não responde à procura, por mais caros que estejam os combustíveis, e por maior que seja a especulação e a criação de dinheiro fictício para adquirir este ouro negro. Os países produtores de petróleo não conseguem fornecer mais de 80 milhões de barris de crude por dia. Ou se conseguem, decidiram começar a conservar o recurso para si mesmos... As consequências desta incapacidade de satisfazer a procura (um dado objetivo que a maioria dos astrólogos economistas não percebe) já se vê a olho nu:

— guerras e conspirações com o único objetivo de assegurar o controlo dos principais campos petrolíferos do planeta e respetivas rotas de transporte, no Iraque, Irão, Geórgia, Mar Cáspio, Líbia, Nigéria, Venezuela, etc.
— e uma economia de casino montada desde finais dos  anos 80, de que o yen carry-trade, a especulação financeira sistémica com bolhas imobiliárias, estudantis, e em geral de crédito, os derivados financeiros OTC, e a guerra cambial que tem vindo a agudizar-se nas últimas semanas são epifenómenos sintomáticos, cada vez mais destruidores.

Mapa da Era Petrolífera (ASPO). Clicar aqui para ampliar. ©©Fast Company

Eu creio que o setor de transportes é por onde teremos que começar se quisermos mudar de paradigma e travar a espiral depressiva em que vários países, como Portugal, entraram e de onde não poderão sair se não reequilibrarem a sua balança comercial, de que a fatura energética é a principal parcela (mais um dado que os astrólogos economistas ignoram invariavelmente, preferindo papaguear o calão gasto e falso do economist as usual).

Essencialmente há duas vias para lá chegarmos:
  1. pelo aumento imparável dos preços dos combustíveis, com o consequente desequilíbrio das balanças de pagamentos e o endividamento externo dos países, de que resulta uma inflação encoberta pela destruição do poder de compra de milhares de milhões de pessoas, resultante da espiral do desemprego, da não criação de novos empregos, e das falências em massa — é o que está em curso :(
  2. ou travando a fundo a espiral ascendente da inflação dos preços dos combustíveis fósseis, nomeadamente através de: 
  • uma alteração dos critérios de medição da inflação, incluindo neste cabaz a inflação energética e a especulação (imobiliária, financeira, e cambial);
  • substituição do critério do PIB por uma outra medida do desenvolvimento humano, mais rigorosa, transparente e socialmente justa;
  • aplicando uma percentagem dos impostos e taxas sobre o consumo de combustíveis fósseis e sobre as emissões de CO2 equivalente à reconversão energética das economias;
  • fazendo investimentos maciços no transporte coletivo ferroviário e marítimo-fluvial, de pessoas e de mercadorias, aumentando assim exponencialmente a quota destes sistemas no bolo dos transportes e da mobilidade em geral;
  • desenvolvendo, em geral, o transporte elétrico (coletivo e individual);
  • desmaterializando de modo acelerado o setor dos serviços e parte do próprio consumo (nomeadamente cultural) através do crescimento exponencial da economia eletrónica;
  • impondo um programa global de eficiência energética aos países industrializados, sobretudo nas grandes cidades: começando pelos edifícios (e de entre estes, começando pelos edifícios públicos), mobilidade, iluminação, abastecimento alimentar, comércio local e publicidade (restrição draconiana à propaganda do consumo).

Portugal

A migração em massa dos passageiros da ponte aérea Madrid-Barcelona para o AVE é uma prova de que a transição do transporte aéreo intercidades para a ferrovia já começou (1), e vai acelerar. Os processos de concentração, reestruturação e aumento de eficiência no setor aeronáutico é o outro lado desta mesma tendência. Precisamos, no caso português (de momento entregue a três lunáticos e três piratas), de começar por ligar as duas capitais ibéricas por ferrovia nova de bitola europeia preparada para comboios de mercadorias e para comboios de passageiros que possam mover-se, no limite, a 350Km/h. E precisamos, sim, de ligar o muito Grande Porto (Braga-Porto-Aveiro) a Espanha e Europa por novas linhas férreas de bitola europeia do mesmo tipo. Quanto às obras de requalificação da linha do Norte, devem ser finalmente terminadas, e assim que for possível, deverá pensar-se numa ligação ferroviária de alta velocidade ferroviária entre as cidades-região de Lisboa e do Porto. Este programa ferroviário, a par da preparação da nossa rede portuária para o crescimento do transporte marítimo e fluvial deveriam ser as grandes prioridades do país para as próximas duas décadas. Isto e, bem entendido, diminuir o peso das burocracias, devoristas e cleptocrata na fatura fiscal que pesa sobre todos nós como uma canga assassina!

PS — um leitor amigo lembrou-me que faz igualmente falta recuperar e requalificar linhas abandonadas ou meio abandonadas, como, por exemplo, o Ramal da Alfândega do Porto, e a Linha de Leixões


NOTAS
  1. Rail is seen as the most expedient way to reduce vehicle pollution and ease highway and aviation congestion. But it has kept a relatively low market share of about 6% for passengers and 10% for cargo services.

    In a compromise aimed at countries like France and Germany, the European Commission on Wednesday (30 January) unveiled its latest plan to integrate rail services, allowing traditional state companies to maintain their hold on railway infrastructure as well as passenger and cargo services.

    [...]

    Germany had pressured the Commission to follow its model that is also used by Austria, the Czech Republic and France. Germany’s position was backed up on 6 September by a European Court of Justice preliminary ruling that upheld the German model over Commission objections that it violated legal provisions for independent infrastructure management.

    Britain moved swiftly in the 1990s to separate infrastructure operations from rail services, while breaking up the old British Rail system to allow private competition. The Netherlands, Poland, Spain and several other countries have followed similar paths, severing infrastructure from operations with varying levels of public or independent oversight.

    [...]

    But the Commission’s proposals do not preclude holding companies like DB or France’s SNCF to continue, so long as they separate their management and finances. It would also allow other countries to bar such companies from entering their domestic markets after 2019 if they do not meet the Commission’s competitiveness guidelines. EurActiv (30/01/2013).

quarta-feira, fevereiro 13, 2013

TGV (francês) chega a Barcelona!

O TGV corre a mais de 250Km/h para bater em terra o avião no ar...

O governo português continua tomado pelas máfias e tríades do Novo Aeroporto!

Espanha, França e Itália juntas movimentaram 182 milhões de turistas em 2011. Portugal movimentou 14 milhões. Ou seja, este grupo de países representou em 2011 um mercado turístico na ordem dos 196 milhões de pessoas. Por sua vez, as cidades-região de Lisboa e Madrid albergam já mais de dez milhões de residentes, além de que ligar Lisboa a Madrid em comboios de alta velocidade significa, na realidade, ligar os cinquenta concelhos da cidade-região de Lisboa às principais cidades espanholas: Madrid, Valladolid, Sevilha, Córdova, Málaga, Valência e Barcelona entre outras. É uma rede, estúpido!

Petróleo a 120 dólares e mais...

A subida do preço efetivo do transporte aéreo está a provocar uma transferência em massa de passageiros do avião para os comboios de Alta Velocidade, onde os haja. Exemplo: a ponte aérea Madrid-Barcelona (a maior do mundo) está em vias de perder 50% do seu mercado para o comboio.

Esta tendência irá acentuar-se rapidamente à medida que os dirigentes europeus forem obrigados a calibrar a carga fiscal sobre os combustíveis líquidos (o jet fuel usado pelos aviões está isento de impostos!), à medida em que os mesmos governos forem obrigados a parar os subsídios ocultos às falidas companhias aéreas de bandeira, e à medida que os atrasos crónicos, nomeadamente por efeito cada vez mais visível e catastrófico das alterações climáticas, atrapalharem ainda mais o tráfego aéreo (vejam o que aconteceu aos foliões que foram este ano a Veneza). Só não vê esta evidência a turma de especialistas que vive de dizer tudo e o seu contrário (condottieri dos governos que passam e das máfias e tríades que chupam o país), e as mulas dos governos comandados pelos piratas do regime.

No entanto, e precisamente por isto, os piratas do Bloco Central da Corrupção, bem representados ainda neste governo, depois de atirarem pela janela fora centenas de milhões de euros de fundos comunitários reservados para a ligação Poceirão-Caia (dinheiro esse que foi direitinho para os espanhóis... e o próximo irá seguramente também para os franceses!), depois de colocarem o Estado na posição de ter um dia que indemnizar o consórcio Elos, vencedor do concurso internacional para a construção da linha de bitola europeia entre Poceirão e Caia, depois de desviarem o financiamento do BEI para o buraco da insolvente e falida TAP (via Parpública), dizem, pela goela louca do desorbitado Sérgio Monteiro, que passageiros entre Lisboa e Madrid, JAMAIS!

Será que esta corja leu os tratados da União? Terão consciência de que estão a cometer ilegalidades umas atrás das outras? Dificultar de forma criminosa a circulação de pessoas e bens na União Europeia é contra os tratados!!!

Vía Libre (13/02/2013) — La conexión entre Francia y España mediante la nueva línea de alta velocidad Barcelona-Figueras (Ver video de la línea), y la conexión de TP Ferro de Figueras a Perpiñán, tuvo ayer martes un hito histórico. Por primera vez ha entrado en la red española, más allá de los tramos comunes transfonterizos de Portbou, Puigcerdá, Figueras, Canfranc o Irún, un tren de viajeros francés traccionado por sus propios medios.

Ha sido una composición de alta velocidad de dos pisos, TGV 2N Dasye Euroduplex, los trenes que hasta el momento están haciendo el servicio hacia España con transbordo en la estación de Figueras. SNCF ya ha indicado que el 1 de abril, fecha posible del inicio del servicio directo sin transbordo, no se producirán cambios. Sin embargo, a lo largo del mes podrían iniciarse los servicios directos entre Barcelona y París.

Uno de cada dos viajeros prefiere el AVE al avión entre Madrid y Barcelona

Preferente, 27/08/2012 — De enero a junio de este año (2012), el 50,2% de los viajes entre Madrid y Barcelona los ha realizado el tren AVE. El servicio ferroviario de alta velocidad ha superado ligeramente al avión como medio de transporte preferido en la conexión entre las dos principales ciudades españolas.

El AVE Girona-Figueres transporta casi 90.000 viajeros en su primer mes en servicio

BARCELONA, 11 Feb. (EUROPA PRESS) — [...] Del total de viajeros, un 54% utilizado la tarifa de ida y vuelta que permite obtener un descuento del 20%, mientras que los abonos representan un 17%, según datos del operador ferroviario. [...]

El uso de estos servicios supone un ahorro en costes sociales y medioambientales equivalentes a la reducción de la circulación de 37.637 coches o 1.355 autobuses en el caso de Avant, y 141 aviones o 422 autobuses en el caso del AVE.

Haverá ao longo desta década e da próxima uma transferências em massa de passageiros e mercadorias dos modos de transporte aéreo e automóvel convencional (movidos ambos a combustíveis fósseis) para os modos de transporte ferroviário e naval, sendo que boa parte das frotas de autocarros urbanos e suburbanos irão migrar, numa primeira fase, para o gás natural, e depois para a eletricidade (será o regresso em massa do Elétrico e do Tolley...).

Esta tendência inevitável recolocará as cidades costeiras, com portos, no centro do mundo!

Prevejo deslocalizações (1) muito significativas de pólos industriais ligados às exportações europeias para as zonas do Porto, Aveiro, Figueira da Foz, Lisboa-Setúbal, Sines e Portimão. A abertura da nova enclusa do canal do Panamá para super porta-contentores, a finalização da linha ferroviária entre Nacala (Moçambique) e Luanda, e as novas ligações energéticas reforçadas com o Golfo da Guiné/Nigéria serão a casa de partida para uma verdadeira reviravolta no comércio mundial.


ÚLTIMA HORA

AVE de Barcelona chega a Paris

Un AVE de Renfe llega a los alrededores de París

El Periódico.com. Miércoles, 13 de febrero del 2013 - 17:02h  — Los AVE de Renfe también alcanzaron este martes los alrededores de París, del mismo modo que un TGV llegó hasta la estación de Sants. Se trata de las pruebas que hasta el jueves ocupan a las dos operadoras, Renfe y SNCF, de cara a homologar el material para la conexión entre París y Barcelona del próximo mes de abril.
Iberia presenta un ERE que afectará a 3.807 empleados

ABC.Economia (13/02/2013) — El plan de despidos, que se pondrá en marcha el 14 de marzo, ofrece una indemnización de 20 días por año trabajado

Iberia ha presentado hoy a los sindicatos de tierra, tripulantes de cabina (TCP) y pilotos un ERE de extinción que afectará, finalmente, a 3.807 trabajadores, el 19% de la plantilla. La propia sociedad matriz de la fusión de la aerolínea española y British Airways (BA), IAG, ha informado en un comunicado remitido a la Comisión Nacional del Mercado de Valores (CNMV) sobre los detalles del plan de despidos, que se pondrá en marcha el próximo 14 de marzo y se extenderá hasta el 31 de diciembre.

E ainda há uns animais lusitanos (espécie em vias de extinção, felizmente) que querem construir um novo aeroporto!

NOTAS
  1. Esta evolução dar-se-á, contudo, no quadro de um crescimento mundial de outra natureza, possivelmente nunca acima dos 2%.

Última atualização: 14/02/2013 - 20:08

domingo, fevereiro 10, 2013

Seguramente um zero à esquerda — 3

Quem tem medo compra um cão!

Sócrates, quando é que regressas?

Numa conferência de imprensa realizada após o fim da reunião, António José Seguro incluiu os “contributos” de Costa entre os “vários” que recebeu ao longo dos últimos dias: “Eu não negociei com ninguém, este documento não é nenhum acordo”, frisou Seguro depois de apresentar o documento como um “contributo importante para que os militantes conheçam as minhas ideias”. Público, 10/02/2013 - 15:17.

Se António Costa recuar na ameaça, depois das críticas que já endereçou ao líder do seu partido, alimentando nomeadamente junto da frente anti-Seguro a expectativa de uma disputa de liderança com ele, dará razão a todos os que acham que o antigo ministro da justiça e presidente da câmara municipal de Lisboa em funções nunca foi mais do que um dos muitos aparachics do partido que nunca arriscam coisa nenhuma que possa perturbar a segurança do emprego. Recuar, porém, nesta altura, pode ser fatal ao próprio Costa, na medida em que ficará, se se acobardar, debaixo das patinhas de António José Seguro para o resto da legislatura, e mais. OAM, 26/01/2013.

A hesitação de António Costa foi fatal para o seu futuro político. Os cenários de uma próxima chefia do governo cor-de-rosa, ou de uma futura presidência da república, estão definitivamente arrumados por esta manifestação de evidente e lamentável cobardia política. Não se pode andar meses a criticar um líder, e a manter distâncias televisivas do mesmo, ameaçando substitui-lo num congresso, e depois, apesar de tantos santos a empurrar, fazer uma cangocha destas. Seguro aproveitou imediatamente, como seria de esperar, o desfazer do bluff, desferindo no pobre Costa uma estocada final alguns minutos depois de este balbuciar o recuo.

Eu não quero, prevejo...

Vendo bem as coisas, Sampaio e Sócrates têm agora campo livre. O primeiro, para repensar uma estratégia presidencial em tempos de crise aguda. José Sócrates, por sua vez, é já uma espécie de São Sebastião a quem os portugueses, cada vez mais aflitos, em breve pedirão que regresse.

Seguro perderá as próximas legislativas, e Passos cairá antes de o segundo mandato chegar a meio. O caos financeiro, a degradação salarial e o fascismo fiscal farão o resto pela ressuscitação do determinado timoneiro que, como se irá sabendo, não foi o único, nem sequer o principal, causador da Grande Crise (1). Dirá quando o momento chegar que apenas quisera poupar os portugueses à tragédia que continua a abater-se sobre todos nós. Que se erro cometeu foi o de não ter sido, afinal, ainda mais determinado na resistência que opôs ao cerco financeiro dos banksters. Populismo puro? Não, populismo fino e oportuno quando a hora negra chegar — e vai chegar!

Com uma prestigiada pós-graduação parisiense à sacola, e vários piratas laranja e alguns banqueiros engaiolados depois, José Sócrates desembarcará finalmente em Lisboa a pedido de milhões de zombies lusitanos. Ulrich, põe-te a pau!

Portugal inseguro, alguém quer comprar?

O inseguro zero à esquerda que hoje preside ao ajuntamento cor-de-rosa irá cozendo em lume brando ao longo da legislatura do seu jota-amigo Pedro Passos de Coelho — a quem usurpou, num autêntico lapsus liguae, o título da sua Magna Carta de hoje: Portugal Primeiro! Basta esperar.

NOTAS
  1. Europe: The Last Great Potemkin Village Where “The Rich Get Richer, And Poor Get Poorer”ZeroHedge. Submitted by Tyler Durden on 02/10/2013 12:28 -0500

    “On the surface, it would seem that the euro crisis has calmed. Markets have rallied since the summer and, to borrow a phrase from Herbert Hoover, “prosperity is just around the corner.” But outward appearances in Europe are like a Potemkin village. Behind the well-scrubbed facades, Southern Europe is in a death spiral. Anyone convinced that the European monetary union has come through the crisis stronger is a victim of the slickest PR campaign in history.”

sábado, fevereiro 09, 2013

A impotência dos devoristas

Francisco de Goya, Saturno devorando a un hijo (1819-1823)

Corte-se na fazenda que os devoristas roubam dia a dia!

Entre os subsídios a instituições sem fins lucrativos cuja prestação pública de resultados é inexistente, a roubalheira das PPP, tão caras ao Sérgio Monteiro (que antes era o esperto que as desenhava, e agora é o esperto que finge policiá-las), o excesso de generais e almirantes sem tropas nem espingardas, a abundância inútil de gralhas e cagarros parlamentares, e o desperdício evidente na saúde e na educação públicas, há fazenda que chegue para cortar sem condenar à morte os velhos e os pobres deste país, e sem expulsar centenas de milhar de jovens e famílias portuguesas inteiras para a emigração, que é que o fascismo fiscal de Vítor Gaspar, a corrupção dos banksters, o devorismo da partidocracia e dos rendeiros do regime, e finalmente a imbecilidade dos líderes partidários, estão a conseguir.

Demonstração:

OE2013

PIB = 178.500.000.000€
Dívida Direta do Estado, 2012: 196.146.000.000€ (+21,3 mil milhões q em 2011)
PAEF (Programa de Ajustamento Económico e Financeiro): 63.447.000.000€ (em 2011: 35.862.000.000€)

Desemprego em 1974: abaixo dos 2%
Desemprego em 2010: 11%
Desemprego previsto em 2013: 17%
Emigração formal registada (2011): 43.998
Emigração real (2011): ~100.000


OE2013, Rendimento de inserção social (RSI): 303.900.000€
OE2013, Encargos do Estado com a Administração Local: 2.121.207.562€
OE2013, IPSS e outras entidades "sem fins lucrativos": 2.008.768.424€
OE2013, garantias concedidas a empresas públicas ascendiam a 9.254.500.000€, em junho de 2012.
Encargos plurianuais previstos com PPP rodoviárias (2013-2030): 19.166.300.000€

IPSS*
Registadas (2011): 4860 (ver lista)
Utentes por IPSS (2011): ~ 157
Utentes abrangidos (2011): 761.400
Apoios diretos do estado (OE2013): 2.008.768.424€

* — 46% das suas receitas provêm de transferências do estado: ou seja, este terceiro sector já representa um volume económico na ordem dos 4.366.887.878€, praticamente isento de impostos (nomeadamente IVA, IMI e IMT)

OE2013
Segurança Social: 8.876.800.000€
Transferências correntes + subsídios + despesas de capital relativas a instituições sem fins lucrativos (IPSS): 2.008.768.424€ **

**
— Transferências correntes instituições s/ fins lucrativos: 24.313.453€ + 1.426.102.177€
— Subsídios inst s/ fins lucrativos: 465.769,000€ + 123.764,00€ + 16.135.326€ + 463.886.246€
— Despesas capital inst s/ fins lucrativos: 31.865.368€ + 45.876.321€

Total: 2.008.768.424€

O escândalo de que ninguém fala

IPSS, Igreja e Vaticano têm uma fatia reservada do Orçamento de 2013 no montante de 2.008.768.424€. Ou seja, quem trabalha e desconta em Portugal paga mais de 400 euros por ano em solidariedade social sem qualquer supervisão, nem transparência.

sexta-feira, fevereiro 08, 2013

Até Madrid, de burro!

“A l’occasion de l’ouverture à venir de l’exposition «La planète mode de Jean Paul Gaultier, de la rue aux étoiles à Rotterdam, un train à l’effigie du couturier français a été inauguré ce mercredi.”
Foto@Reuters/ Gonzalo Fuentes — in Parismatch.com

Está na altura de correr com o Relvas, com o Álvaro e com o desorbitado Sérgio

O comboio de alta velocidade Thalys é chic no norte da Europa (ver vídeo TVI), mas entre os grunhos devoristas da falida Lusitânia, não :( Ainda não perceberam que em breve a generalidade dos portugueses, e as mercadorias também, ou viajam de barco e de comboio, ou ficam em casa. E pelo ar, só mesmo as Low Cost irão resistir por mais uma ou duas décadas no máximo à subida imparável dos combustíveis líquidos. A globalização está a dar as últimas, se é que ainda não perceberam!

A corja do ministério da economia e o Passos de Coelho ainda não perceberam que o petróleo barato e abundante acabou, e que a rede europeia de alta velocidade ferroviária veio para para substituir -pelo menos em parte- os TIR e os aviões movidos por um combustível que acaba de ultrapassar aos 117 dólares o barril (1). Acima dos 86-90 dólares está comprovado que as economia ocidentais param de crescer e caminham rapidamente para a recessão...

Alguém em Bruxelas explicou ao Gasparinho a situação, e alguém explicou ao Gasparinho que roubar dinheiros comunitários indexados a projetos estratégicos fundamentais para os fazer desaparecer nos bolsos sem fundos da falida e inviável TAP é não só ilegítimo, como, provavelmente, uma fraude!

Está na hora de despedir o pirata Relvas, o ‘condottiero’ Sérgio Monteiro, e o improvável Álvaro (que não há meio de deixar de dar pontapés na gramática!)

O que o governo e o Bloco Central da Corrupção (que continua a mexer) têm vindo a fazer, i.e. rasgar candidaturas comunitárias aprovadas, deitar pela janela da verborreia mediática fora compromissos sucessivamente assinados com Espanha (2003,..., 2011) e, em última análise, criar barreiras ilegais à livre circulação de pessoas e mercadorias no espaço comunitário, vai acabar por desencadear uma resposta justa e oportuna da comunidade europeia. Foi isso, creio, que o Gasparinho tentou evitar esta semana.

Os indígenas, pelos vistos, não perceberam. A humilhação será, pois, servida fria.

Os indígenas da Tugalândia ainda não encasquetaram naquelas mioleiras vazias que não existe nenhuma aberração no universo chamada alta velocidade ferroviária para mercadorias! O que existem são linhas ferroviárias (que não transportam coisa nenhuma) onde os comboios de mercadorias andam à velocidade habitual, 90Km/h, ou quanto muito, 100-110Km/h, as quais, se estiverem desenhadas para tal, podem permitir que outros comboios (espanhóis, franceses, alemães, ingleses, irlandeses, mas não portugueses, pois o país está falido e não tem cabeça) transportando uma mercadoria particular chamada passageiros circulem a 200, 220, 250, 300, 350 Km/h. Cappice?!

Como os astrólogos da nossa falida economia continuam a opinar parvoíces sobre este assunto,  convido-os a emigrarem para.... Marte!


À medida que a rede de bitola europeia cresce Portugal vai-se reduzindo a uma ilha ferroviária.


POST SCRIPTUM
Este secretário de estado ou é completamente imbecil, ou julga que somos todos parvos. Como, na realidade, não somos todos parvos...




Ainda a propósito das afirmações do yuppie de estado Sergio Monteiro, leia-se este artigo de Rui Rodrigues, publicado no Público. Escreve Rui Rodrigues: 
No dia 7 de Fevereiro de 2013, o Secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, fez uma conferência de imprensa histórica que pode ser comparada às célebres declarações do ex-Ministro Mário Lino quando afirmou “Alcochete Jamais”.

NOTAS
  1. No dia 8 de fevereiro de 2013 o petróleo volta a estar acima dos 117 dólares (US$117,24/bbl), mas desta vez por causa do euro.

    O preço do petróleo subia e descia até agora com o dólar. No entanto, desta vez, subiu com a desvalorização do euro face ao dólar, em curso desde 4/2/2013 para cá.

    Ou seja, podemos talvez dizer que o preço do petróleo passou a estar indexado simultaneamente à moeda de reserva americana e à moeda de reserva europeia.

    Quer isto dizer algo muito simples: o preço do petróleo vai continuar acima dos 100 dólares, pelo menos ao longo de 2013. E em 2014, 2015, etc..., veremos...

    Segunda conclusão: a recessão vai manter-se, e porventura acentuar-se nos EUA e na Europa, por mais malabarismos estatísticos que nos tentem atirar à cara.

    Desemprego, não criação de novos empregos, falências, agravamento das dívidas soberanas, fascismo fiscal, e convulsões sociais e políticas são alguns dos contornos do futuro imediato :(

    Na realidade, o período da camuflagem financeira da rápida aproximação do Pico do Petróleo acabou. Esta máscara de falsa prosperidade deu origem à maior bolha de crédito de sempre, suportada por uma inimaginável montanha de ativos virtuais tóxicos que continua a desabar perante o pasmo de todos. Aquilo que agora sabemos é que o Pico do Petróleo foi na realidade precedido, em uma década ou menos, pelo Pico Financeiro do Capitalismo. O crescimento acabou, e por mais dinheiro falso que se crie e injete na economia, nada acontece e o colapso continua.

    Não haverá assim em Portugal nenhum novo crescimento consistente e durável, e as nossas exportações irão cair tanto mais depressa quanto menos capacidade tivermos de diminuir os seus custos energéticos. A conjugação portos-ferrovia-transporte ferroviário intercidades é a única alternativa que poderá mitigar ao longo desta e das próximas décadas o declínio económico que temos pela frente. Só os indígenas do governo e a mérdia lusitana é que ainda não perceberam esta verdade elementar.
 ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO: 10fev2013 17:02

Recandidatos ilegais, não!

Será que o PSD arranjou uma maneira suave de eliminar dinossauros?

Boicotar recandidatos fora-da-lei é um dever cívico

Paulo Morais anunciou uma iniciativa de cidadania que apoio a 100%: exigir que os tribunais administrativos se pronunciem a tempo e horas sobre putativas candidaturas que ferem a lei de limitação de mandatos.

Marques Mendes e Marcelo Rebelo de Sousa, dois agentes provocadores laranja, cobram como comentadores, mas o que na realidade fazem é propaganda dissimulada dos seus partidos.

A defesa de candidaturas ilegais de autarcas que já cumpriram três mandatos sucessivos é a prova provada do que afirmo.

Até às eleições autárquicas estes hipócritas irão tentar intoxicar a opinião pública sobre a duplicidade da lei contra o caciquismo e a corrupção autárquicas.

O que diz a lei é claro como água:

Lei número 46/2005, de 29 de Agosto

Estabelece limites à renovação sucessiva de mandatos dos presidentes dos órgãos executivos das autarquias locais A Assembleia da República decreta, nos termos da alínea c) do artigo 161.o da Constituição, o seguinte:

Artigo 1º. Limitação de mandatos dos presidentes dos órgãos executivos das autarquias locais

1 — O presidente de câmara municipal e o presidente de junta de freguesia só podem ser eleitos para três mandatos consecutivos, salvo se no momento da entrada em vigor da presente lei tiverem cumprido ou estiverem a cumprir, pelo menos, o 3.o mandato consecutivo, cir- cunstância em que poderão ser eleitos para mais um mandato consecutivo.

2 — O presidente de câmara municipal e o presidente de junta de freguesia, depois de concluídos os mandatos referidos no número anterior, não podem assumir aque- las funções durante o quadriénio imediatamente sub- sequente ao último mandato consecutivo permitido.

3 — No caso de renúncia ao mandato, os titulares dos órgãos referidos nos números anteriores não podem candidatar-se nas eleições imediatas nem nas que se realizem no quadriénio imediatamente subsequente à renúncia.

Artigo 2º. Entrada em vigor. A presente lei entra em vigor no dia 1 de Janeiro de 2006.

Aprovada em 28 de Julho de 2005.

O Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama. Promulgada em 14 de Agosto de 2005. Publique-se. O Presidente da República, JORGE SAMPAIO. Referendada em 18 de Agosto de 2005. O Primeiro-Ministro, José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa.

A proibição de um autarca se recandidatar após o exercício de três mandatos sucessivos tem um propósito claro: combater o caciquismo e a corrupção. Logo, não é passível de duas interpretações. O Professor Pardal e o novo opinocrata da TVI, quando meditam sobre a suposta ambiguidade da lei estão, na realidade, a defender descaradamente uma ilegalidade.

Repare-se que a lei até acautelou as manobras previsíveis da corja partidária.

Se um presidente de câmara ou de junta de freguesia renunciasse ao seu terceiro mandato antes de o mesmo terminar, interrompendo-o, poderia invocar o facto de não ter cumprido o mandato até ao fim, para se recandidatar... No entanto, o legislador, prevendo esta manha, escreveu um artigo a impedir expressamente esta manobra, considerando-a ilegal ! Que diz a isto o Professor Pardal da TVI?

É preciso avisar, BEM ALTO, a corja partidária que haverá movimentos de boicote às eleições autárquicas onde se recandidatem criaturas que já atingiram o limite de mandatos, mas que mesmo assim insistem, com a conivência descarada dos diretórios partidários, em prolongar o farrobodó: Porto, Lisboa, etc...


POST CSRIPTUM

Deputado comunista António Filipe também defende (SIC, 08/02/2013) recandidatos autárquicos ilegais. Razão tinha o Arnaldo Matos quando denominou esta corja de social-fascistas. Na verdade, a democracia que defendem para o país é a mesma que praticam no interior do seu kafkiano aparelho estalinista. Não é Zita Seabra? Não é Carlos Brito?

Contra-argumento ao argumento imbecil de António Filipe:

— a limitação de mandatos é uma forma de as democracias travarem o caciquismo e o poder burocrático das partidocracias, limitando a perpetuação no poder de cidadãos e partidos políticos que subjetiva ou objetivamente manipulam a lógica democrática do serviço público democrático. Ou seja, a limitação de mandatos é uma forma de limitar o abuso caciqueiro ou partidocrata do direito de eleger e ser eleito para cargos públicos. E é contra isto que nos devemos levantar ruidosamente a propósito desta tentativa indecorosa e corrupta de manipular o espírito óbvio da lei de limitação de mandatos, por parte de quem há muito deveria ter dado lugar a outros, nomeadamente aos mais novos, em vez de continuar alegremente a estuporar a democracia!