quinta-feira, abril 16, 2015

TAP: Globalia denuncia privatização obscura

2014: Air Europa: 9,6 milhões de passageiros; TAP: 11 milhões

Qual é o grau de exposição do Novo Banco (ex-BES) e da Caixa à TAP?


A pseudo privatização da TAP
  • Avianca — fora
  • Globalia — fora
  • Azul — fora
  • Germán Efromovich/Synergy — fora? (esperemos bem que sim!)
Na iminência de uma greve de dez dias, que poderá levar a TAP definitivamente ao fundo, o governo deve esclarecer imediatamente se ainda há, ou não, algum pretendente credível à privatização da TAP, e se tentou, ou não, que os candidatos à privatização pagassem, por baixo da mesa, dívidas escondidas da empresa, nomeadamente ao ex-BES e à Caixa Geral de Depósitos.
“Nosotros hemos desistido ya de esa idea, no se puede comprar una empresa con tanto endeudamiento que no puedas sanear y gestionar tú. No podemos invertir y quedarnos esposados de pies y manos. Al no poder manejarnos con criterios privados hemos desistido”, ha asegurado Hidalgo en un encuentro con prensa especializada.
...
“Solo el grupo brasileño colombiano del empresario Germán Efromovich, Synergy Group, mostró interés por la aerolínea lusa pero su oferta, de unos 340 millones de euros, fue rechazada por los órganos gubernamentales del país.”


Europa Press. 15/04/2015 - 10:02 Actualizado: 11:09 - 15/04/15. elEconomista.es


Pilotos marcam greve de 10 dias e fazem tremer privatização da TAP
Negócios, 15 Abril 2015, 19:52 por Celso Filipe

Os cerca de 500 pilotos da TAP presentes no plenário do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) marcaram uma greve de 10 dias que começará a 1 de Maio e terminará a dia 10, ou seja, cinco dias antes da data-limite que o Governo fixou para os candidatos à compra de 66% da companhia apresentarem as suas propostas vinculativas.
Há fortes suspeitas de que sucessivos governos, incluindo o que está em funções, têm andado a subsidiar ilegalmente a TAP, nomeadamente através da Parpública, do ex-BES, do Novo Banco, e da Caixa Geral de Depósitos.

Estas dívidas acumuladas, com garantias do estado, não aparecerão todas nas contas oficiais da empresa e, ao que parece, o governo, através do ministro Pires de Lima e do secretário de estado Sérgio Monteiro, estariam envolvidos na tentativa de 'vender', por baixo da mesa, estas responsabilidades ao próximo dono da TAP. A notícia, posta recentemente no ar, de que o resultado oficial da venda da empresa poderia ser mais magro do que o esperado teria, aliás, que ver com esta operação, a qual, a ser verdade, colocaria o governo português numa situação explosiva.

Cabe a Pires de Lima desmentir o que claramente decorre da notícia do elEconomista, e do comunicado do Sindicato dos Pilotos da TAP:
19. A TAP e o Governo procuram valorizar artificialmente o Grupo TAP perante os potenciais investidores, encobrindo os prejuízos exorbitantes que os seus gestores lhe infligiram.
...
23. O valor dos depósitos bancários do Grupo TAP apresentava, em 1 janeiro de 2015, um saldo positivo de 234 milhões de euros.
[Ou seja, quem paga as dívidas que vencem este verão?]
...
25. O Governo prefere entregar graciosamente o capital de uma empresa que transporta a bandeira nacional a interesses privados estrangeiros, que em nada contribuíram para a sua construção e que não têm incentivos para a retenção da sua base em território nacional, no longo prazo, à semelhança de outras grandes empresas nacionais privatizadas no passado.
O Costa do PS anda muito calado sobre tudo isto. Não percebo, aliás, a posição da Oposição a este respeito.

Tudo leva a crer que está informada, mas prefere assobiar para o ar, como fez durante o colapso financeiro do país. Sabe que a casa vai ser assaltada, sabe que o assalto está em curso, mas só depois da casa assaltada começa a berrar. E vem depois pedir o nosso voto, com ar de confraria de santos salvadores. De mim só levarão um grande manguito, com os cumprimentos cordiais do Raphael Bordallo Pinheiro!

Ao contrário da propaganda governamental, que a indigente média indígena amplifica sem qualquer contraditório, os pilotos suspenderão a greve se o governo cumprir o que prometeu, e sobretudo se o governo demonstrar que o processo de privatização da TAP não é, afinal, uma farsa que vai acabar da pior maneira.
C. Os Pilotos manifestam a sua disponibilidade para desconvocar a greve no exato momento em que sejam assegurados de forma inequívoca os direitos acima considerados.
A Globalia, um grupo de turismo espanhol, que arrecada mais de três mil milhões de euros por ano, e que detém uma companhia aérea, a Air Europa, que já compete com a Iberia, e que transportou 9,6 milhões de passageiros em 2014 (a TAP transportou 11 milhões), poderá ser a grande beneficiária do mais que provável colapso da TAP, e sem ter que se meter na trapalhada nebulosa da pseudo privatização da companhia. Basta-lhe que a empresa cesse pagamentos, que a Comissão Europeia intervenha, e que os Slots da Portela fiquem disponíveis. Depois é só alugar uma dúzia de Airbus e contratar os pilotos da... ex-TAP! Capiche?


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Ricardo Salgado manipulou e escondeu



Pedro Saraiva: "Considera-se provado que Salgado fez manipulação intencional das contas" da ESI

De acordo com os dados apresentados, a dívida financeira da ESI chegou a mais de 8.000 milhões, o que tinha custos em juros de mais de 400 milhões anuais. "A ESI estava falida desde 2009. Com prejuízos acumulados de mais de 2.000 milhões de euros. E o GES tentou ocultar esta situação", afirmou Pedro Saraiva.

Negócios online. 6 Abril 2015, 10:52 por Maria João Gago

Espírito Santo caiu do altar. Falta agora a Justiça fazer o seu trabalho até ao fim. E para capitalismo familiar, autoritário e provinciano, basta. Esperemos que sirva de lição aos demais. Ou muito me engano, ou as próximas vítimas serão os rendeiros da família Mello. É só espreitar a parte visível dos livros...

Basicamente, a independência económico-financeira do país morreu, 600 anos depois da conquista de Ceuta (22 de agosto de 1415). Acabaram-se as patacas, e agora é a vez da Isabel dos Santos ir comprando as rendas e os cacos do ido império. Menos mal que ainda há quem compre!

PS: a citação do Negócios foi entretanto 'corrigida' para "Considera-se provável que Salgado fez manipulação intencional das contas". Ora esta emenda é pior do que o soneto! A sintaxe "Considera-se provável que (...) fez ..." não existe na língua portuguesa, nem em nenhuma quadro lógico.

Atualização: 16/04/2015, 12:39 WET 


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quarta-feira, abril 15, 2015

A resolução da TAP

A TAP foi liquidada pela ambição desmedida de meia dúzia de grandes corruptos

Para quê uma greve se a privatização já borregou?


Privatização da TAP em péssimos lençóis. Percebe-se agora porque Passos quer ir às Legislativas sozinho.... Álvaro, regressa!!!

Globalia descarta comprar la aerolínea lusa TAP: "No podemos invertir y quedarnos esposados de pies y manos"

Europa Press. 15/04/2015 - 10:02 Actualizado: 11:09 - 15/04/15. elEconomista.es 

Olha-me para esta “boa nova”. O colombiano apenas dá pela TAP 340 milhões de euros, e mesmo assim a proposta foi rejeitada pelo rapaz dos “finos”. É que os outros candidatos oferecem zero cêntimos e provavelmente exigem que os eventuais custos judiciais com a reestruturação da empresa, segundo um espartilho imposto pelo governo, e as dívidas escondidas, fiquem no banco mau do Estado português! Ou seja, no balanço da Caixa Geral de Depósitos. Os pensionistas depois metem lá o dinheiro, de livre vontade ou à força.

“340 milhões ou nada”! “Entre a espada e a parede, prefiro a espada”, disse o rapaz dos finos.

Curiosamente, na imprensa indígena, nem uma palavra sobre este fiasco.

“Solo el grupo brasileño colombiano del empresario Germán Efromovich, Synergy Group, mostró interés por la aerolínea lusa pero su oferta, de unos 340 millones de euros, fue rechazada por los órganos gubernamentales del país.”

Europa Press. 15/04/2015 - 10:02 Actualizado: 11:09 - 15/04/15. elEconomista.es  

O pedido de socorro já deve ter seguido para Bruxelas. Bruxelas dirá que sim, mas...

Será que os sindicatos sabem desta “boa nova”. Ao tentarem fazer-nos acreditar que todos os interessados ainda se mantêm na corrida pela TAP, aposto que não. Aliás, a greve dos pilotos da TAP, neste cenário de colapso iminente é um tiro nas nucas dos mesmos. Ou seja, caíram numa armadilha lançada pelo governo, com o sempre prestável apoio do gaúcho Fernando Pinto.

Para quê uma greve se a privatização já borregou?

Será que desde o final de 2012 para 2015 a TAP afinal perdeu valor? O Gaúcho sempre disse aos jornais e televisões que a TAP valorizava a cada ano que passava. E se havia prejuízos, a culpa era do petróleo. A concorrência voa a água, como muito bem sabemos.

O rapaz dos “finos” do CDS no seu máximo esplendor. Álvaro, regressa!

Vai ser um verão eleitoral de escaldar.

Para a Ryanair e a easyJet (Air Europa, etc.), para quê pagar pelos slots na Portela quando os podem ter de borla, aliás “oferecidos” pela própria Vinci, que a esta hora já deve estar a reler as cláusulas de salvaguarda para serem indemnizados pelo colapso da TAP.

Quem é que paga os prejuízos à Vinci? Quem paga os buracos à CateringPort e à Groundforce (Grupo Urbanos)?

Está tudo sentado de máquina de calcular em punho a fazer contas. Mandem a conta ao rapaz dos “finos”. Ele paga com imperiais.

Agora a sério, que o caso não é para menos: a incompetência do governo e do seu ministro da Economia e do rapaz das PPP é gritante, para não dizer criminosa.

Como sempre escrevemos, só há uma solução: reorganizar a TAP. Mas porque deixaram a ferida chegar a este ponto, agora, só vejo uma saída para sara a gangrena:

  1. encerrar a TAP num sábado, seguindo as novas praxes da decisão política e financeira;
  2. aplicar um plano de resolução da companhia semelhante ao que se fez ao GES;
  3. criar uma TAP má/CGD, com uma injeção de capital na veia vinda diretamente de Bruxelas (alô Juncker?), para onde deveria ir tudo o que é tóxico ou dá prejuízo, e para onde deveriam ir todos os recursos humanos da empresa, a começar pelos seus administradores, numa espécie de despedimento coletivo seguido de novas contratações, e de indemnizações aos que virem os seus contratos rescindidos definitivamente;
  4. investigar e levar a tribunal os responsáveis por este inqualificável desfecho;
  5. fazer renascer a TAP, com outras regras, nova visão estratégica e gestores não comprometidos com a corja rendeira, devorista e partidária.

A alternativa a algo parecido com isto será termos as aeronaves devolvidas aos seus proprietários, os credores a acionar as cláusulas de salvaguarda dos contratos que assinaram com o Estado-TAP, e o pessoal nas pistas e nas instalações da ANA a olhar pró ar com as lágrimas a escorrerem pelas faces :(

Governo Sombra


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TAP volta a borregar privatização

A TAP não vale zero, como o governo tenta fazer crer à populaça

Este governo perdeu a oportunidade de privatizar a TAP


Sempre aqui defendemos a inevitabilidade da privatização da TAP. Mas sempre escrevemos que o processo de privatização deveria ser precedido pelo saneamento financeiro da empresa, pela reestruturação da sua gestão, e em geral por uma redefinição estratégica da empresa tendo em conta a aproximação rápida do Peak Oil (2010-2030) e a concorrência manifesta das companhias Low Cost, cuja estratégia antecipa o impacto previsível do pico petrolífero e dos fenómenos concomitantes: fim do crescimento rápido das economias, perda de salários e do poder de compra em geral, desemprego, deflação, endividamento privado e público insustentável, sucessivas crises financeiras.

No caso específico da TAP, e do mal chamado TGV, a Blogosfera refletida neste blogue olhou para a área dos transportes de forma integrada, tendo sempre no horizonte a crise sistémica para que fomos chamando a atenção desde fevereiro de 2006.

As ideias aqui expostas foram claras:
  1. prioridade ao transporte coletivo;
  2. alinhamento da rede ferroviária portuguesa com a rede ferroviária europeia (vulgo, de bitola europeia), conferindo primazia às ligações transversais entre as regiões de Lisboa e centro-norte, e a rede espanhola/europeia de bitola europeia de alta velocidade e transporte de mercadorias;
  3. reforço do transporte elétrico nas cidades, nas periferias urbanas e entre cidades;
  4. reestruturação da TAP, com inclusão do modelo Low Cost nas ligações europeias (reestruturação profunda e spin-off);
  5. oposição à construção de novos aeroportos, e aposta na requalificação dos existentes;
  6. reforço dos portos e da sua interoperabilidade com as redes ferroviárias europeias.
O atual presidente da TAP, Fernando Pinto, está em Portugal há quase quinze anos, tendo saído da falida Varig e da falida VEM para a TAP no ano 2000, com a missão de preparar a privatização desta empresa. Pelo caminho participou no processo de aquisição da referida empresa de manutenção aeronáutica, em que intervieram a TAP, isto é, o governo da altura (PS), e a empresa macaense do senhor Stanley Ho, a GEO Capital, com interesses na Alta de Lisboa e a quem o PS terá prometido uma cidade radiosa.

Os prejuízos da ex-VEM, hoje TAP Maintenance & Engineering, ao longo de mais de uma década, são em parte responsáveis pela ruína da TAP. O esforço de crescimento da empresa, à revelia de uma visão realista do negócio, apenas para promover artificialmente e provar o esgotamento da Portela e a necessidade de um novo aeroporto, foi o segundo pilar da hoje reconhecida falência da empresa.

O terceiro e último pilar que ruiu, abrindo portas ao colapso inevitável da TAP, foi a pré-falência do Estado, a qual empurraria o PS para fora do governo, exigindo um programa de resgate e a presença dos credores em Portugal para gerirem a mesa orçamental. As dívidas escondidas foram postas a nu e proibiu-se o financiamento clandestino, nomeadamente via Parpública, da TAP e de outras empresas públicas, verdadeiras vacas leiteiras dos rendeiros que tomaram de assalto o aparelho de estado e a democracia.

Fernando Pinto conseguiu, no entanto, fazer de Portugal um hub para as ligações entre o Brasil e a Europa. É um mérito que lhe deve ser reconhecido.

A coligação andou bem até despedir Álvaro Santos Pereira. E andou razoavelmente bem na área financeira —gestão da dívida, recapitalização bancária e resolução do BES—, em parte porque foi vigiada de perto e monitorizada pelo BCE, e ainda pelo grupo Rothschild.

No resto, onde a nomenclatura continuou a dominar, a manha predominou sobre a responsabilidade e as exigências do momento. O governo não atacou suficientemente as rendas excessivas da EDP, não renegociou a sério as PPP, não fez a reforma autárquica necessária, geriu com os pés a Administração Pública, o setor educativo, e a segurança social, congelou a ferrovia e empurrou a TAP para o buraco.

A coligação prepara-se para uma nova tentativa de privatização da TAP.

Os candidatos quase desapareceram do mapa depois de conhecerem melhor o caderno de encargos, a dimensão do endividamento da empresa, e os problemas sociais e jurídicos que se perfilam no horizonte. Nestas circunstâncias, a ideia de privatizar a TAP de qualquer maneira, por um euro, até ao início do verão, atirando a batata quente para o próximo governo, é inaceitável.

Mas se não o fizer, quem pagará os salários e as dividas da empresa?

Em que ficamos? Vai a Caixa Geral de Depósitos continuar a substituir o BES no financiamento mais ou menos camuflado da TAP? Qual é neste momento a exposição do banco público à TAP? Alguém se preocupa?

Estará o governo a contar com o famigerado plano Juncker para empurrar com a barriga o buraco da TAP por mais algum tempo?


REFERÊNCIAS

Não faltam candidatos para a compra da TAP! Ou por outra...

Globalia desiste da corrida à compra da TAP

«Desistimos da ideia, não se pode comprar uma empresa com tanto endividamento que não se possa sanear e gerir. Não podemos investir e ficar de mãos e pés atados. Ao não podermos gerir a empresa com critérios privados, desistimos», assegurou o responsável num encontro com a imprensa.

TVI24, 15/4/2015, 09:54

Fecho da privatização da TAP sobra para o próximo governo
O Governo quer decidir o vencedor da privatização da TAP a 30 de junho. Mas o processo ficará pendurado nos reguladores, pelo que já será o próximo governo a pôr o carimbo final. O PS põe em causa a legitimidade do processo e diz que o próximo Executivo fica condicionado em operações que contesta.

Expresso, 18:00 Segunda feira, 13 de abril de 2015.

O alto preço pago pela Espanha por não ter reestruturado a Ibéria a tempo e horas.

'Iberia sigue viva, todo lo demás se ha perdido'

EL MUNDO/ JUSTO PERAL: Cuando empecé como jefe de la sección sindical en noviembre de 2007, Iberia era muy distinta a lo que es hoy. Aquel año ganó 327 millones de euros, acababa de estrenar su nuevo 'hub' en Barajas, contaba con una flota de más de 140 aviones de largo corto y medio radio y una plantilla de 22.000 personas. Pero cuando llegó el momento de negociar los cambios vimos que el plan era distinto y que IAG utilizaría los activos de Iberia para salvar British Airways y su déficit millonario con el fondo de pensiones de sus empleados, sin importar si eso suponía el cierre de Iberia. Nadie, ni el Gobierno ni los medios de comunicación nos creía.

El Mundo, 26/10/2014.

Atualização: 15/4/2015, 10:41 WET


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sábado, abril 11, 2015

Restaurantes, fisco e eleições

Foto: Nuno Veiga/Lusa

Não confundir informação com guerra eleitoral


Fisco põe clientes a pagar dívidas dos restaurantes
Jornal de Notícias. Lucília Tiago e Pedro Ivo Carvalho | 11/4/2015, às 00:00

Há contribuintes que estão a ser chamados pelas Finanças para pagarem dívidas fiscais de estabelecimentos comerciais, nomeadamente de restaurantes, onde fizeram consumos e pediram fatura com número de identificação fiscal.

Atenção aos títulos bombásticos, mas duvidosos, na campanha eleitoral em curso.
Proença é advogado pessoal de José Sócrates e CEO do sobre endividado grupo de media de que o JN é um dos meios de propaganda: Global Media Group, ex Controlinveste.

Não nos esqueçamos que 15% do Global Media Group pertence, desde a 'transformação' da Controlinveste em Global Media Group, ao BCP, e 15% ao Novo Banco!

As empresas do regime, quando entram em pré-falência, convertem as dívidas, nomeadamente as dívidas aos bancos, em novas participações acionistas que os grandes credores engolem sem pestanejar.

Fantástico, não é?

Mas quando estes bancos vão à falência, por estarem sobre expostos a negócios mal geridos ou fraudulentos, e são depois resgatados pelo credor de última instância (o BCE), em nome da estabilidade financeira indígena e europeia, o que ocorre é os contribuintes serem chamados a pagar as dívidas destes piratas. Pagam ao verem confiscado o capital e os rendimentos das aplicações subordinadas que detinham nos bancos, pagam ao verem aumentar os custos administrativos das suas contas bancárias, pagam ao verem roubadas as suas poupanças, na forma da destruição criminosa das taxas de juro, pagam, em suma, sob a forma de austeridade económica, financeira e social. Os administradores dos bancos e a corja de CEOs que nos rodeia, esses, obtêm durante estas crises que ajudaram a provocar lucros suplementares pelas patifarias cometidas.

Entretanto, as aves partidárias grasnam do fundo das suas pré-históricas ideologias faz-de-conta.

Qual era a notícia do JN sobre restaurantes?

Que não devolvem o IVA? Ou que pagam só 1/4, 1/3 ou metade dos impostos que devem? Que usam o 'lucro' fiscal para comprar bons carros, viajar, ou ampliar os próprios negócios?

Não, não era esta a notícia... A notícia do DN é só mais um dos títulos jornalísticos da guerra de propaganda instalada em tempo de eleições.

A máquina fiscal é um monstro de complexidades. Deve ser melhorada dia a dia, deve ser transparente na informação prestada aos contribuintes, e não deve estar à mão de sacar dos governantes de turno e da nomenclatura partidária, financeira, empresarial e corporativa indígena.

A máquina fiscal deve ser justa e equilibrada, permitindo assim que a carga fiscal possa ser bem distribuída e descer para patamares que não atrofiem a economia e o trabalho.


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sexta-feira, abril 10, 2015

Estados Unidos sem petróleo em 2033, ou antes

Petróleo americano: reservas reconhecidas (1993-2013)
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O fracking foi uma tentativa vã de esconder o fim do petróleo americano


Se os EUA dependessem apenas das suas reservas reconhecidas de crude (petróleo de xisto incluído), as mesmas, mantendo-se constante o consumo de 2014, durariam apenas 7 anos. Repito sete anos!

Percebe-se agora porque Washington empenha tanto dinheiro virtual em armamento e dispositivos bélicos espalhados por todas as regiões ricas em hidrocarbonetos deste planeta.

Vamos por partes

Todos os dados consultados são oficiais e estão publicados pela EIA—Energie Information Administration. Algumas das contas são da minha responsabilidade.

  • Reservas reconhecidas de crude em território dos EUA: 36.500.000.000 de barris.
  • Consumo anual de produtos petrolíferos em barris de crude equivalente (bce), descontados o GTL (gas-to-liquids) e os biodieseis da equação: 5.150.000.000 barris.
  • Importações de crude e produtos petrolíferos em 2014: 3.365.489.000 bce.
  • Exportações de crude em 2014: 126.290.000 barris.
  • Saldo entre exportações e importações de crude e produtos petrolíferos: -3.239.199.000 bce (est.)
  • Produção (excecional) de crude em 2014: 3.168.200.000 barris.
  • Consumo de reservas próprias em 2014: 1.910.901.000 barris (est.)

Os 100 principais reservatórios de petróleo americano
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Desta relação de dados conclui-se o seguinte:
  1. sem importação de crude e produtos petrolíferos, e permanecendo constante o consumo anual registado em 2014, as reservas comprovadas de crude americano durariam apenas sete anos.
  2. mantendo constantes a produção, o consumo, a exportação e as importações de 2014, as reservas comprovadas de crude esgotar-se-iam ao longo dos próximos dezanove anos, ou seja, por volta de 2033.
A gravidade deste panorama é de uma dimensão difícil de interiorizar. Tão assustadora que se torna extremamente difícil abordar o tema na praça pública. As alternativas ditas sustentáveis, baseadas nas chamadas energias renováveis, são risíveis perante a dimensão do fenómeno conhecido como Pico do Petróleo (Peak Oil). A aposta no regresso ao uso intensivo do carvão, que aliás nunca perdeu protagonismo, levada a cabo pela China, revelou-se um desastre ambiental de proporções dantescas. Resta-nos tentar mitigar estes impactos catastróficos recorrendo ao uso generalizado do gás natural. É em volta deste recurso energético relativamente abundante que a humanidade espera agora poder ganhar tempo para transitar de uma sociedade baseada no uso intensivo de energia barata para algo que ninguém consegue ainda imaginar o que seja, ou possa ser.

Entretanto, o circo macabro das guerras e das atrocidades sem nome já começou nas regiões onde as principais reservas de gás natural se situam.


POST SCRIPTUM


The downturn in US oil production?
By Kjell Aleklett. Posted on April 4, 2015

Since November the number of active drilling rigs in the USA has declined dramatically. Baker Hughes Rig Count has just reported that, in the last 6 days, a further 20 rigs have terminated their activity. Since the peak at 1,600 active rigs in November, the number has now dropped to only 802. (...)

Those of us who know that production from fracking wells declines quite rapidly have been waiting for a decline in the USA’s oil production and now the USA’s Energy Information Administration (EIA) has reported a production decline of 36,000 barrels in the last week of March.

Atualização: 11/4/2015, 01:05 WET


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quinta-feira, abril 09, 2015

Nódoas e candidatos presidenciais

Paulo Morais admite que Portugal precisa de “uma grande regeneração” a todos os níveis
Fotografia: António Pedro Ferreira/ Expresso

O candidato do PS chama-se Guterres, e o do PSD, Durão Barroso


Henrique Neto deu o tipo de partida, Sampaio da Nóvoa agitou as águas da esquerda e eis que as candidaturas presidenciais nascem como cogumelos. Paulo Morais, professor universitário e comentador do "Correio da Manhã", dá uma entrevista ao jornal que não deixa margem para dúvidas: "Sou candidato às presidenciais". E dá pormenores: a candidatura será apresentada no próximo dia 18, no Piolho, um café emblemático da cidade do Porto. "Depois de uma longa reflexão entendi que essa era a melhor forma de intervir na política", diz Paulo Morais.

Abílio Ferreira | 9:37 Quinta, 9 de Abril de 2015 | Expresso

A proliferação de candidaturas presidenciais fora do sistema estreita a margem de manobra da nomenclatura que nos arruinou. Desde logo porque nenhum pré-candidato poderá ter a veleidade de passar à condição de candidato sem passar pelo crivo das redes sociais.

O tempo em que as tertúlias televisivas como a Quadratura do Círculo pontificavam e fabricavam candidatos para isto e aquilo passou à história. Assim se explica, pois, a morte antecipada de dois pré-candidatos cor-de-rosa —António Vitorino e Sampaio da Nóvoa— lançados na esteira desastrosa de António Costa.

António Vitorino é um oportunista que contrabandeia o 'socialismo' por uma rica vida de facilitador de negócios, incluindo a via verde que permitiu ao espanhol Santander negociar swaps especulativos com o governo PS do Recluso 44. Sampaio da Nóvoa, por sua vez, é uma nódoa ideológica cujo pedigree universitário nada acrescenta, inventada pela tríade que manda no PS e que anda desesperada com a falta de controlo sobre a Justiça portuguesa.

Por junto temos, desde que Henrique Neto se apresentou como pré-candidato às eleições presidenciais de 2016, duas tentativas de voo presidencial que borregaram, e o striptease do novo secretário-geral do Partido Socialista.

A cada comício que faz, Costa fica mais parecido com o realejo de Jerónimo de Sousa: precisamos de mudar de política, e para mudar de política temos que mudar de governo, etc. O PS que Mário Soares, Almeida Santos, José Sócrates e Jorge Coelho entregaram em regime de comodato a António Costa parece, pois, caminhar rapidamente para uma emulação do PCP, prevendo-se que na hipótese inverosímil de ganhar as próximas eleições, sem maioria, queira protagonizar a formação de uma nova Frente Popular, servida com canapés de caviar e espumante de Lamego. Onde estão os jovens turcos do PS? Talvez aguardem paulatinamente que o sargento-ajudante Costa se afogue na maré populista que vai segregando.

Neste contexto, o anúncio de uma nova candidatura presidencial estranha à nomenclatura do regime que arruinou o país, desta vez protagonizada por Paulo Morais, mostra até que ponto o caminho das alternativas oriundas do PS, do PSD e do CDS começa a estreitar-se.

Jaime Gama, Maria de Belém, Carlos César, Rui Vilar, ou Artur Santos Silva —nomes que têm circulado por aí— são hipóteses fracas, até porque seriam sempre candidatos partidários e com percursos de vida pouco convincentes para o cargo.

Na banda azul e laranja, depois da desistência de Santana Lopes, Marcelo Rebelo de Sousa é uma não hipótese, apesar da vontade mal disfarçada domingo a domingo deste intriguista-mor do reino.

Marcelo é um comentarista divertido, mas nunca foi um político, ou melhor, quando tentou sê-lo revelou-se um desastre total. Por outro lado, o modo leviano como, à semelhança de Cavaco Silva e de Carlos Costa, defendeu a excelência do sistema financeiro indígena, e a solidez de um banco, o BES, onde por acaso a sua companheira era administradora, coloca-o entre as esponjas de um regime corrupto e falido até às entranhas. Ou seja, não serve.

Não é por acaso que os partidos andam tão calados sobre a questão presidencial. Por um lado, temem a hipersensibilidade popular, nomeadamente através da nascente democracia eletrónica das redes sociais que tanto aflige José Pacheco Pereira e Miguel Sousa Tavares, e por outro, sabem que sem conhecer os resultados das Legislativas de outono, Belém é uma incógnita completa.

Estou convencido de que António Guterres avançará para Belém no caso da atual coligação renovar a maioria com ou sem a ajuda de Marinho Pinto. E estou também convencido que Durão Barroso será o próximo presidente da república caso o vazio Costa acabe por ganhar as eleições por uma unha negra e embandeire em arco numa qualquer coligação populista com o PCP, o Bloco de Esquerda e o Livre.

Mas também poderá ocorrer o imprevisto de Paulo Morais e Henrique Neto baralharem por completo o jogo das próximas eleições presidenciais.

Até lá, ou muito me engano, ou António Costa ir-se-à afundando na vacuidade de uma retórica cada vez mais próxima do realejo comunista.


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Espanha a alta velocidade, Portugal a passo de burro


O boicote da ligação Poceirão-Caia é um crime público contra a economia e o emprego. Há que investigar, acusar e julgar os responsáveis (malta que há muito tomou de assalto o PS, o PSD e o CDS)

En este 2015, las ciudades agraciadas con la 'lotería' del AVE, además de Burgos, León, Palencia y Zamora son: Vigo, Cáceres, Mérida, Badajoz, Cádiz, Granada, Murcia y Castellón. Este desarrollo reforzará el liderazgo español en alta velocidad puesto que el país dispone de más de 3.100 kilómetros en servicio, 31 estaciones en 21 provincias, que concentran el 60 por ciento de la población. Además, desde que se puso en marcha la línea Madrid-Sevilla en 1992, más de 200 millones de personas han viajado en trenes de alta velocidad.

Castilla y León contará, este año, con la red de alta velocidad más extensa de España, 14 marzo 2015. El Norte de Castilla

Vigo, Badajoz, Mérida e Cáceres serão em 2015 servidas pelo AVE. Pouco depois as linhas férreas portuguesas serão desligadas de Espanha e do mundo. Não nos esqueçamos que está em construção uma linha ferroviária entre Beijing e... Madrid!

Portugal vai a caminho de transformar-se numa ILHA FERROVIÁRIA, cortesia dos piratas que tomaram o país de assalto e o levaram à falência.

Será que acordaremos a tempo de remediar a destruição em curso?


POST SCRIPTUM

Para quem tivesse dúvidas sobre a conversão de Portugal numa espécie de Berlengas ferroviária, aqui vai...

Fomento dice que los planes del AVE luso no afectarán a la línea Madrid-Badajoz
El Periódico/ Extremadura. Lunes, 13 de abril de 2015 (12/1/2015)

Haga lo que haga Portugal con la alta velocidad ferroviaria, no influirá en absoluto en los compromisos fijados del lado español. Así de tajante se muestra el delegado del Gobierno en Extremadura, Germán López Iglesias, quien señala que si existía un compromiso internacional fijado en la cumbre ibérica de Figueira da Foz en 2003, y el mismo se fue prorrogando en reiteradas citas celebradas entre ambos gobiernos ibéricos para unir el AVE Madrid-Lisboa por territorio extremeño, en la actualidad el ministerio que dirige Ana Pastor tiene fijado su compromiso en exclusiva para con Extremadura en la línea Madrid-Badajoz, aunque la misma queda abierta a un hipotético enlace más adelante.

Atualização: 12/4/2015 17:24 WET


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Ryanair ultrapassa Alitalia, em Itália


Aviação de bandeira perde para as Low Cost


Ryanair Soars Higher to Become Italy’s Largest Airline
Posted 7 April 2015 16:30 — Route

The airline transported 26.1 million domestic or international passengers in Italy last year, whereas flag carrier Alitalia carried 23.4 million.

Irish low-cost carrier, Ryanair has become the largest airline operating in Italy in terms of passenger numbers, according to new statistics released by aviation regulator Ente Nazionale per l'Aviazione Civile (ENAC) this week. Routes.

The airline transported 26.1 million domestic or international passengers in Italy last year, whereas flag carrier Alitalia carried 23.4 million.

Ryanair ultrapassa a Alitalia, passando a primeira transportadora aérea no país.

Este é o resultado da cegueira, do oportunismo devorista e da corrupção de uma empresa pública, a Alitalia, que acabaria por colapsar.

Em Portugal, o resultado só não será o mesmo se a futura dona da TAP fizer o que a TAP não fez, apesar de todas as nossas recomendações:
  • um 'spin-off'da companhia, em resultado do qual, sejam vendidas as unidades que não fazem parte do 'core business' da empresa; 
  • a reestruturação, venda ou encerramento das unidades que dão sistematicamente prejuízo e são verdadeiros cancros da empresa (exemplo: o buraco negro da manutenção da ex-VEM. hoje TAP Maintenance & Engineering); 
  • e a criação, no mesmo grupo, de duas companhias com filosofias diferentes: a TAP Intercontinental, com serviço semelhante ao que a TAP hoje presta, usando para tal alguns dos Airbus A350 encomendados, e a TAP Europa, preparada para concorrer com as empresas Low Cost, adaptando a frota existente para o efeito e adquirindo novos aviões da família Airbus A320.
Quanto à privatização, é bom que o Governo se despache e mostre mão dura ao oportunismo sindical.

Os funcionários dos serviços públicos não podem, por definição, ter como tática principal das suas estratégias sindicais prejudicar as populações que os financiam com impostos.

Quando é que as democracias aprendem a usar de forma justa as leis?


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quarta-feira, abril 08, 2015

Espanha recupera, Portugal patina

O famoso touro da Osborne

Esquerda poderá ficar sem argumentos até às eleições


Economia da Zona Euro acelerou em Março impulsionada pela Espanha, Alemanha e Itália
07 Abril 2015, 11:54 por David Santiago — Negócios

Apesar de referir que ainda não é possível afiançar que a Europa se encaminha para uma recuperação económica robusta, a Markit nota que a região passa pelo melhor momento de recuperação em quatro anos.

Uma medição, também da Markit, para novas as encomendas feitas aos sectores dos serviços e indústria aos 19 membros da Zona Euro mostra que estas cresceram para o valor mais alto dos últimos quatro anos. O Guardian explica que o sector privado impulsionou a melhoria das condições económicas da Zona Euro em Março.

A liderar os contributos para o aceleramento do índice PMI esteve a Espanha, onde o PIB terá avançado entre 0,7% e 0,8% no primeiro trimestre deste ano segundo a Markit. O índice PMI espanhol avançou de 56,2 pontos em Fevereiro para 57,3 pontos no mês anterior.

Também as economias da Alemanha e da Itália aceleraram em Março, atingindo máximos de oito meses ambos os casos. Já a França foi mesmo a única das quatro maiores economias do euro a verificar um abrandamento em Março, isto apesar de os dados compilados pelo índice PMI sugerirem que o PIB gaulês cresça 0,2% no primeiro trimestre deste ano.

Ainda a ilha ferroviária como explicação para o mau desempenho da coligação

Espanha é o nosso maior cliente comercial (também no domínio do turismo), mas os fracos e sobretudo os piratas que nos governam (do PS, do PSD, do CDS e até do PCP) resolveram transformar o país numa ilha ferroviária para satisfazer os rendeiros e devoristas do novo aeroporto que afinal borregou com as consequências desastrosas que se conhecem, nomeadamente para a TAP e para a SATA.

É que convencer as audiências e o eleitorado da necessidade urgente dum NAL (Novo Aeroporto de Lisboa) passava por 'demonstrar', com o auxílio dos adiantados mentais que dominam a indústria de estudos no país, que a Portela estava a rebentar pelas costuras. Sem forjar esta prova não haveria argumentos suficientes, nem sobretudo as preciosas receitas dos terrenos da Portela para construir o NAL. Olhando para a Alta de Lisboa percebe-se claramente que fora essa a promessa que alguém do PS fez a Stanley Ho.

Para tornar a coisa verosímil foi necessário que a TAP aumentasse o número de rotas, encomendasse aviões à dúzia (12 Airbus, A350-900), deixasse correr a hemorragia da ex-VEM (entretanto rebatizada TAP Maintenance & Engineering), e mantivesse na empresa mais de 10 mil funcionários, trabalhadores e administradores, como se não houvesse no ar um fenómeno novo chamado Low Cost. O endividamento incomportável da empresa foi o preço desta operação clandestina.

Tendo este cenário presente é também evidente que um 'TGV', ou um 'AVE', a demorar 1h45mn entre Madrid e Lisboa, não convinha nada aos planos do Bloco Central do Betão e da Corrupção. Se já era difícil provar a saturação da Portela, no momento em que seis ligações ferroviárias de alta velocidade pusessem em rede as regiões de Lisboa, Madrid e Sevilha, o NAL cairia imediatamente. Caiu na mesma, mas a prova de que os seus conspiradores têm ainda muito poder reside no facto de terem conseguido impor a Pedro Passos Coelho o seu plano. Na ferrovia, como na energia, a coligação continua a reboque dos rendeiros e piratas do regime.

Os cálculos da cleptocracia indígena saíram, porém, furados.

A TAP está falida, e a SATA não se aguenta. As novas ligações ferroviárias acordadas com Madrid e Bruxelas aguardam melhores dias. Os sound bites de Sérgio Monteiro não passam de sucessivos números de prestidigitação de feira.

A Espanha tem hoje um importante 'cluster' ferroviário.

Portugal teria criado ou recriado a sua abandonada indústria ferroviária, se estivesse, como deveria, empenhado na construção da sua nova rede ferroviária de bitola europeia, para mercadorias e para passageiros. A economia de ambos os países somaria, em vez de, como neste lamentável caso, subtrair.

Quando é que percebemos que o crédito automóvel é mais uma bolha que irá explodir (em breve) nos saldos bancários?


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O efeito Varoufalos

Instituição liderada por Christine Lagarde voltou a pedir mais investimento em infra-estruturas
Chip Somodevilla/Getty Images/AFP


Christina Lagarde perdeu a cabeça por um motard, foi?


FMI pede mais investimento público para reanimar investimento privado

Sérgio Aníbal, 07/04/2015 - 13:46 — Público

A forte queda do investimento na economias avançadas desde o início da crise financeira é fundamentalmente o resultado de uma actividade económica muito fraca, concluiu o Fundo Monetário Internacional, que diz que mais investimento público em infra-estruturas é necessário para convencer os investidores privados a voltarem a assumir riscos.

Ó minha senhora, mas então em que ficamos: paga-se a dívida pública, ou aumenta-se a dita?!

O problema das receitas keynesianas é que produzem retornos sucessivamente decrescentes, ou seja, quanto mais se abusa do abrir e tapar buracos, por exemplo, dos aeromoscas de Beja, menos estimulada a economia se sente, as expectativas de criação de emprego tornam-se ilusórias, e pelo caminho o Estado vai ficando cada vez mais endividado, os bancos deixam de pagar impostos e precisam de resgates sucessivos, os bancos centrais desfazem-se em diarreia monetária e assim, com muita retórica piedosa pelo meio, as elites políticas, empresariais e financeiras vão saqueando toda a poupança e toda a riqueza privada que conseguem. No fim deste caminho só resta uma saída: A DITADURA. É isso que a Senhora sugere?

Haverá certamente investimento público a fazer enquanto houver sociedade.

Por exemplo, em Portugal, o lançamento de um programa ferroviário de ligação à rede europeia de bitola UIC é mesmo uma prioridade que o governo de coligação PSD/CDS boicotou, mas que o próximo governo, seja ele qual for, terá que retomar, nem que seja necessário atropelar todos e cada um dos burocratas do Tribunal Constitucional.

Um programa europeu de eficiência e autonomia energéticas e o fim das rendas excessivas neste setor é outra prioridade que exigirá investimento público.

Reformar e adaptar o Estado Social ao envelhecimento demográfico, à desmaterialização tecnológica, à realidade aumentada, e à globalização, desenhar e implementar uma Renda Básica de Cidadania, por exemplo, são porventura os maiores desafios com que os governos terão que lidar num futuro relativamente próximo. Nenhuma destas transições se poderá realizar sem colossais investimentos públicos. Mas já que estamos na Europa conviria que tudo isto fosse pensado na escala devida e financiado por todos.

Mas o tom vago das suas palavras, Christine Lagarde, e a saliva que imediatamente cresce nas bocas vorazes dos devoristas, rendeiros e piratas do costume, auguram a pior das expectativas.

Portanto, Madame Lagarde, vamos lá a concretizar as ideias!


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O programa de António Costa

François Hollande

Hollande mandou traduzir o seu programa para oferecer a António Costa


OECD: France must reform labour market and cut spending

Labour market rigidity and excessive public spending are among the issues holding back France’s economic recovery, according to an OECD report. EurActiv France reports.

Life may be good in France, but in terms of economic reform, there is still a long way to go. This was the OECD's conclusion in its "Economic Survey of France 2015" published on 2 April.

EurActiv, 06/04/2015 - 08:20.

O que António Costa critica em Portugal é precisamente o que o seu camarada Hollande está a fazer em França: diminuir a segurança de emprego, com a promessa falsa do apoio aos desempregados (a treta da formação profissional), e abrir as portas à desorganização social que vemos na Grécia, ou em Portugal.

A Europa tem que repensar o embuste das chamadas reformas estruturais. Há certamente um longo caminho de transição a que o mundo já não pode fugir, mas devemos discutir abertamente os novos desafios e as alternativas que temos pela frente.

O candidato do PS não faz mais do que fugir dos jornalistas. Mas para sabermos rapidamente o que tenciona fazer se um dia chegar ao governo, basta ler a imprensa francesa!


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Jovens preparados para empregos em extinção

Protesto estudantil contra a lei do Primeiro Contrato de Emprego (CPEL). Lyon, 2006
[Ernest Morales/Flickr]

Fighting youth unemployment: an EU priority

Between 2007 and 2013, youth unemployment reached record highs across Europe, dramatically increasing from 15.7% to 23.4%, according to Eurostat. EU heads of state and government agreed in February 2013 to launch a €6 billion Youth Employment Initiative (YEI) to get more young people into work — EurActiv, 14/7/2014

É necessário combater a 'escravatura' disfarçada no falso voluntariado não remunerado e nos estágios sem direitos e sobre-explorados. Em Portugal há hoje uma verdadeira selva nesta matéria, em parte por causa de governantes, deputados e sindicatos que apenas cuidam dos eleitores dos partidos de que são extensões, e ainda porque a despolitização dos grupos sociais em geral, e dos jovens em particular, é desgraçadamente grande. Os partidos oportunistas da nossa corrompida e populista democracia nada ou quase nada têm feito por um verdadeiro e diálogo social e cultural, preferindo entreter os jovens com cursos universitários sem futuro, telemóveis, festivais rock e festas de caloiros.

Combater o desemprego juvenil implica criar novos empregos e redistribuir o tempo de trabalho disponível, em vez de explorar intensivamente (até à exaustão) os 'felizardos' que obtêm um contrato precário a troco de regimes frequentemente ilegais de trabalho, a que as autoridades fecham os olhos, e onde é frequente vermos pessoas sujeitas a 56 horas de trabalho semanal, sem fins-de-semana, sem feriados, e sem férias, por mil euros mensais brutos, aos quais o Estado, central e autárquico, e as burocracias várias ainda retiram impostos, taxas crescentes e um sem número de custos processuais.

Quando os burocratas anunciam que vão deitar dinheiro em cima do problema, investindo mais, dizem, na Educação e na Formação Profissional, temos que averiguar como o fazem...


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segunda-feira, abril 06, 2015

O Pico da Água

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Depois do petróleo, uma preocupação ainda maior: em 2030 haverá um défice mundial de água na ordem dos 40%


Os dois mapas publicados neste post mostram claramente que as zonas mais povoadas do planeta são também as mais ameaçadas por uma crise hidrográfica sem precedentes. Neste momento a agricultura e as cidades californianas estão a ser parcialmente abastecidas com água 'pré-histórica', quer dizer, armazenadas no subsolo profundo há 15.000 ou mais anos.

Tal como o petróleo, estas reservas, uma vez consumidas, não voltam a regenerar-se se não ao longo de muitos milhares de anos.

As alterações climáticas induzidas pelo homem, o esgotamento rápido de recursos energéticos, minerais e alimentares, outrora abundantes e relativamente baratos, e agora este estudo publicado pela revista NATURE, deixam antever um horizonte de médio e longo prazo muito preocupante.

O crescimento do PIB mundial acima dos 2% passará à História como um episódio único que apenas pôde ocorrer durante uma longa revolução industrial alimentada pelo carvão mineral, pelo petróleo e pelo gás natural. A energia a vapor, a eletricidade gerada sobretudo a partir do carvão, das barragens hidroelétricas e da reação nuclear, e os motores de explosão alimentados com combustíveis líquidos, formam um complexo tecnológico cuja sustentabilidade se encontra seriamente ameaçada.

Vamos precisar de nos adaptar ao fim anunciado deste paradigma. E ou nos perdemos, ou teremos que caminhar rapidamente para as chamadas sociedades de transição. Ainda ninguém sabe muito bem o que poderão ser estas novas sociedades mas aumenta, dia a dia, o número de pessoas que se apercebem de que algo estrutural começou a mover-se na história da civilização humana. Quando o Papa Francisco fala de uma Terceira Guerra Mundial que estará já em curso, embora não a sintamos ainda como tal, ele está, no fundo, a chamar a nossa atenção para uma metamorfose violenta que precisamos de conhecer para evitar o pior, ou seja, para evitarmos uma extinção parcial da raça humana que, se viesse a ocorrer, significaria a extinção total da civilização tal como hoje a conhecemos, isto é, um verdadeiro fim da História.

California Is Drilling for Water That Fell to Earth 20,000 Years Ago
We're using so much groundwater that it's contributing to sea level rise.

—By Tom Knudson | Fri Mar. 13, 2015 6:00 AM EDT, Mother Jones

As California farms and cities drill deeper for groundwater in an era of drought and climate change, they no longer are tapping reserves that percolated into the soil over recent centuries. They are pumping water that fell to Earth during a much wetter climatic regime—the ice age.

Such water is not just old. It's prehistoric. It is older than the earliest pyramids on the Nile, older than the world's oldest tree, the bristlecone pine. It was swirling down rivers and streams 15,000 to 20,000 years ago when humans were crossing the Bering Strait from Asia.

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GRACE surveys show, for instance, that the Northwestern India aquifer that straddles two antagonistic nations, India and Pakistan, has been depleted at a rate of 17.7 cubic kilometers a year since 2013. Another highly volatile region, the Northern Middle East aquifer, underlies Iran, Iraq, Syria, and Turkey. Those often warring countries pump 13 cubic kilometers a year from the aquifer. Two of the United States’ biggest groundwater reservoirs are the Central Valley aquifer in California and the Ogallala aquifer, which stretches from South Dakota to Texas. Farmers and cities are sucking up a combined 15.6 cubic kilometers of water annually from those reserves.

Artigo da revista NATURE que desencadeou o alerta mais recente sobre a crise da água:

The Global Grounwater Crisis
by J. S. Famiglietti
Nature Climate Change 4945–948 (2014)
doi:10.1038/nclimate2425
Published online 29 October 2014
in: Macmillan Science and Education, the parent group of Nature Publishing Group


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sábado, abril 04, 2015

Transição ou barbárie

Average annual GWP growth rate from 1,000,000 BCE to 2011. 2011 GWP adjusted with CPI data. Wikipedia
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Poderemos agir sem cair em novas ilusões?


Os diagnósticos da situação estão feitos. Falta saber o que fazer....

Falta-nos uma visão para futuro. E antes de a termos, subir ao poder não chega. Veja-se o caso francês, ou pior ainda, o grego. As receitas dos sucessivos revisionistas do marxismo não têm resolvido coisa nenhuma.

Há um islandês, Frosti Sigurjonsson, que quer proibir os bancos de criarem dinheiro (que efetivamente criam sob a forma de crédito), reservando esta tarefa exclusivamente aos bancos centrais (Monetary Reform). 

Na perspetiva de termos pela frente décadas sem criação significativa de novos empregos, e declínio do emprego existente, há quem proponha a criação de uma responsabilidade fiscal coletiva a que chama Rendimento Básico Incondicional, ou Renda Básica de Cidadania.

Thomas Piketty defende a criação de uma taxa sobre as grandes fortunas, embora o jovem Matthew Rognlie (Deciphering the fall and rise in the net capital share) tenha recentemente deitado alguma água na fervura do maniqueísmo esquerda-direita. Seja como for, a taxa sobre as fortunas não chegaria para tapar, nem o buraco do desemprego, nem o buraco do endividamento astronómico, público e privado, nem a exposição da economia global e do seu sistema financeiro ao buraco negro dos derivados especulativos (OTC), cujo potencial de destruição equivale a 10x o PIB mundial!

A verdade é que entrámos numa era nova caracterizada por:

— escassez de energia e matérias primas baratas
— excesso de capacidade produtiva e pseudo-inovação
— inflação dissimulada
— rendimentos do trabalho, mesmo qualificado, em queda imparável (1)
— elevados níveis de desemprego estrutural
— diminuição da procura agregada mundial por efeito da carestia escondida e do número crescente de pessoas desempregadas e à procura do primeiro emprego
— economia especulativa e endividamento excessivo por toda a parte
— sistema financeiro em processo de implosão

Em Portugal falta assistirmos ao colapso dos sistemas de proteção social, por enquanto protegidos pelos programas de resgate financeiro da Troika, para que as condições subjetivas de um terramoto social e político ocorram. Por enquanto, os milhares de milhões de euros que saem anualmente da dívida pública e da repressão fiscal em curso, para os mais necessitados, somados às receitas da emigração e do turismo têm conseguido impedir que a pressão social rebente com o regime. Resta saber até quando.

O ponto fulcral da rotura que se aproxima chama-se segurança social.

Não há dinheiro para manter o sistema de pensões e reformas atual, nem para acudir ao desemprego e falta de emprego que não param de crescer. Para evitar uma revolução, ou uma guerra civil, será preciso encontrar uma solução estrutural para estes dois problemas gravíssimos. Renegociar as predadoras PPP que os idiotas 'socialistas' introduziram irresponsavelmente no país, e de que a redução das criminosas rendas da energia é a primeira prioridade, terá que ser obrigatoriamente feito durante a próxima Legislatura, pois a atual já praticamente terminou. Estamos em plena campanha eleitoral.

Mas há outro ponto nevrálgico que precisa de sofrer uma transformação radical: o peso insustentável do Estado, esse monstro informe, incompetente, hipertrofiado, burocrático e corrompido até à medula que, a continuar a substituir-se à democracia, acabará por liquidá-la. A tendência para o fascismo fiscal é já uma das mais perigosas evidências da sua deriva autoritária.

Que fazer?


Não tem faltado discussão sobre as causas. Chegou o momento de discutir as soluções difíceis.

Sete pilares para uma estratégia reformista necessária
  1. Distribuição das responsabilidades da sociedade relativas à saúde, ao ensino, à solidariedade e à proteção social, por três setores dotados de autonomia efetiva e transparência obrigatória: o Estado e as suas autarquias; o setor privado (não subsidiado); e o setor associativo sem fins lucrativos (parcialmente subsidiado)
  2. Criação das cidades-região de Lisboa e do Porto, com fusão total das respetivas autarquias, e racionalização dos respetivos serviços.
  3. Introdução, por fases, de um sistema cuidadosamente estudado de Renda Básica de Cidadania, eliminando automaticamente todos os embustes associados atualmente à gestão do desemprego (pseudo formação profissional, etc.) e à gestão das carências familiares e individuais extremas.
  4. Redução em 30% dos custos com o pessoal político-partidário do regime (menos deputados nacionais, regionais e autárquicos, menos fnanciamento partidário, etc.)
  5. Definição de uma política de infraestruturas, mobilidade e transportes racional, onde o estado esteja presente apenas no financiamento/posse das infraestruturas, que são públicas, entregando à concorrência privada a exploração dos serviços, que deverão ser objeto de cláusulas estritas de salvaguarda do interesse público.
  6. Convergência financeira, fiscal, estatística e da competitividade com o resto da União Europeia.
  7. Manutenção de reservas de soberania em matéria de defesa, política externa e alianças, proteção do território continental, insular e marítimo, e proteção dos recursos estratégicos próprios (a poupança e a propriedade privada, a energia, a água, a diversidade biológica, a língua e a cultura).

Como fazer?


Será preciso um novo partido? Mais partidos? As próximas eleições irão demonstrar (ao contrário do que cheguei a crer) que um molho de novos partidos não será porventura a via mais realista para encetar o inadiável processo de transição para uma sociedade mais austera, mas também mais solidária, mais transparente, mais humana e mais genuinamente criativa.

Talvez seja possível forçar uma mudança do regime sem precisarmos de destruir os atores existentes. Bastaria para tal que estes fossem capazes de adaptar-se rapidamente aos novos tempos, começando por fazer a sua própria e necessária dieta mental e física.

Por outro lado, está a nascer uma Democracia Eletrónica, em rede, multipolar, heterogénea, mas genuína, cuja capacidade de mudar os acontecimentos é cada vez mais palpável. Falta apenas descobrir as articulações pragmáticas entre estes dois mundos existenciais, material um, imaterial o outro, para que o diálogo democrático dê lugar a verdadeiros processos metamórficos de transição civilizacional e cultural.

Temos que conservar, alimentar e usar com criatividade e entusiasmo a réstea de otimismo que há em cada um de nós.

NOTAS
  1. Gigantes das telecomunicações estão a contratar em Portugal licenciados a 1000 euros por 30 dias de trabalho e oito horas por dia, ou seja, 4,17 € por hora, 7 dias por semana, e nenhum descanso semanal! Outro exemplo: a Câmara Municipal de Lisboa, gerida por 'socialistas', tem nos seus variadíssimos tentáculos pseudo-empresariais dezenas de 'voluntários' a trabalhar para si sem lhes pagar um cêntimo que seja. Nem sequer lhes fornece uma refeição diária, ou paga um passe social de transportes... Não é escravatura, mas anda perto.


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sexta-feira, abril 03, 2015

Angola exit

Aproximamo-nos doutro Momento Minsky?
Clique na imagem para ampliar. Ver gráfico dinâmico Plus500

A corrida ao ouro negro angolano pode ter chegado ao fim


“Atendendo à particularidade da situação que muitos grupos portugueses vivem em Angola, nomeadamente Pequenas e Médias Empresas (PME), o Governo tomou a decisão de operacionalizar uma linha de crédito de apoio à tesouraria e fundo de maneio das empresas com uma dimensão de 500 milhões de euros, com prazo máximo de dois anos e carência de um ano”, lê-se no comunicado do Conselho de Ministros.

O ministro da Economia, Pires de Lima, explicou que cada empresa pode fazer uma utilização máxima de 1,5 milhões de euros para não ser considerada «uma ajuda de Estado», explicando que o objetivo é dar uma «almofada financeira» para as empresas poderem gerir o período que se vive em Angola, resultante da descida do preço do petróleo — in TVI24, 2 abril 2015, 13:04.

Só a TAP pode estar a ser prejudicada, na difícil reconversão de kwanzas em euros, em 40 a 96 milhões de euros por ano (1) desde que o petróleo caiu abaixo da barreira dos 75 dólares por barril e as divisas começaram a escassear em Angola.

Podemos multiplicar a repercussão desta seca de divisas por quase dez mil empresas a operar em ou com Angola, entre as quais haverá que destacar as construtoras e os gabinetes de engenharia e arquitetura portugueses que fugiram da pré-bancarrota precipitada pelos que agora querem regressar alegremente ao poder.

A linha de crédito lançada in extremis pelo governo é um sinal de alarme a que convém dar a devida atenção. Pode estar em causa o colapso de centenas de empresas portuguesas, e dificuldades acrescidas em algumas das grandes empresas e bancos do regime. Convém, pois, saber quais as empresas que recorrerão a esta corda de salvação, e como.

A procura agregada mundial começou a declinar depois de um período de redistribuição (BRICS), e responde cada vez menos aos estímulos da oferta (deflação e monetização das dívidas). Parte importante dos petrodólares e dos petroeuros terão que regressar aos respetivos países produtores de petróleo, gás natural, soja, etc. (daí a repressão dos movimentos de conversão cambial e correspondente exportação de rendimentos de trabalho e de capital), sob pena de as revoluções sociais e as guerras entre vizinhos estalarem em catadupa, varrendo boa parte das nomenclaturas que nos habituámos a considerar estáveis. Não me admiraria nada que os Estados Unidos reativassem a guerrilha em Cabinda.


NOTAS
  1. TAP condiciona venda de bilhetes em Angola
    Negócios, 27 Janeiro 2015, 16:14 por Wilson Ledo

    "A TAP realiza um voo diário entre Lisboa e Luanda. Uma viagem ida e volta entre as duas cidades, em classe turística, ronda os 1.150 euros. O ano passado, nesta rota, a companhia transportou mais de 140 mil passageiros".


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quinta-feira, abril 02, 2015

Islândia a caminho de revolução financeira

In Iceland, as in other modern market economies, the central bank controls the creation of banknotes and coins but not the creation of all money Photo: Getty Images

E se os bancos comerciais fossem proibidos de criar dinheiro?


Os casos negros do BPP, BPN e BES, e as zonas quase negras do BCP, Montepio e Caixa Geral de Depósitos, avisam-nos que a confiança nos bancos morreu, e que é preciso mudar o sistema financeiro num ponto essencial: proibir os bancos comerciais de criarem dinheiro, nomeadamente sob a forma de crédito e sob a forma de securitização de créditos e confeção de produtos financeiros complexos cujo único resultado, no final das corridas especulativas, são bolhas que rebentam, deixando pelo caminho estados insolventes, empresas na ruína, famílias no desespero e convulsões sociais na rua.

Mas então quem estaria autorizado a criar dinheiro, metálico, eletrónico, criptológico e sob a forma de crédito? Apenas os bancos centrais. No caso da UE, apenas o BCE. Os bancos comerciais e de investimento passariam a poder emprestar apenas o dinheiro criado pelos bancos centrais, e estariam proibidos de criar crédito que não resultasse diretamente das suas efetivas reservas monetárias. Por exemplo, a pirataria financeira dos LBO (Leverage Buyout), a que alguns ex-banqueiros indígenas se dedicam no nosso país, acabariam de um dia para o outro. Capiche?

Não tenhamos ilusões: o dinheiro não pode estar nas mãos de banksters!

Iceland looks at ending boom and bust with radical money plan

Icelandic government suggests removing the power of commercial banks to create money and handing it to the central bank

By AFP/ Telegraph 8:18PM BST 31 Mar 2015

[...] In Iceland, as in other modern market economies, the central bank controls the creation of banknotes and coins but not the creation of all money, which occurs as soon as a commercial bank offers a line of credit.

The central bank can only try to influence the money supply with its monetary policy tools.

Under the so-called Sovereign Money proposal, the country's central bank would become the only creator of money.

Monetary Reform
A Better Monetary System For Iceland

A Report By Frosti Sigurjonsson
Commissioned by the Prime Minister of Iceland
—in documentcloud


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Fadiga fiscal e a tentação fascista

Sem recaudação fiscal um estado não funciona, mas há limites

A fadiga fiscal é evidente. Aumentar mais a pressão fiscal é fascismo. O Estado dos rendeiros e devoristas tem que acabar.


UTAO: Receita fiscal bruta caiu no início do ano
Negócios. 01 Abril 2015, 17:35 por Rui Peres Jorge

A receita arrecadada pelos cofres das administrações públicas em Janeiro e Fevereiro está a cair 1,4% face a 2014, calculou a Unidade Técnica de Apoio Orçamental, a trabalhar no Parlamento. O resultado faz soar alarmes sobre o andamento da actividade económica e os riscos para a execução orçamental para o resto do ano. O Governo tem como meta anual um aumento da receita fiscal de perto de 5%.  

O valor avançado pela UTAO é muito diferente do comunicado pelo Ministério das Finanças no final do mês passado, o que resulta da Direcção Geral do Orçamento destacar mensalmente os valores das receitas fiscais já líquidas de reembolsos, isto é, subtraídas dos valores de impostos devolvidos aos contribuintes. Nessa métrica os impostos aumentaram 1,7%, mesmo assim abaixo da meta anual.

Em vez de perseguirem os portugueses de forma autoritária e cretina, é necessário atacar de uma vez por todas as rendas da energia e as rendas das 120 PPP, cujas taxas de rentabilidade são pornográficas.

Não nos esqueçamos que as taxas de juros bancário oscilam hoje entre valores negativos e pouco mais de 5%, enquanto os rendeiros do regime, que enfiaram os partidos do sistema, PCP incluído, no bolso, obtêm lucros garantidos na ordem dos 16%!!!

Passaram quatro anos e este Governo, nesta importantíssima matéria, e ao arrepio das recomendações da Troika, não mexeu uma palha, ou melhor, mexeu apenas numa, pra inglês ver, cedendo em tudo o resto, miserável e cobardemente, aos piratas do BES, do Grupo Mello e da Mota Engil.

Ou os portugueses se revoltam contra a corja rendeira e devorista, ou esta corja dá cabo do país, tal como canalha da mesma espécie deu cabo da Grécia.

Para não nos vermos gregos com os resultados sinistros das patifarias da nomenclatura do regime, é urgente redesenhar a nossa democracia. Temos que ser mais ambiciosos, racionais, transparentes, equilibrados e justos.

E temos que libertar a sociedade e a economia do espartilho fatal formado pelo conluio burocrático entre banqueiros falidos e criminosos, oligopólios indecorosos, partidos oportunistas e um Estado mais tentacular que nunca.


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As empresas temem bancos e estado

Monty Python—The Meaning of Life (8/11) Movie CLIP - The Penis Song (1983)

O Hiper-Estado atual vive em simbiose com a Banca. Fujam dos dois!


Empresas querem mais mudanças no Estado e na banca
Negócios, 01 Abril 2015, 23:28 por Rui Peres Jorge

O FMI inquiriu as empresas sobre o impacto das reformas dos últimos anos e as prioridades. Resultados apontam para um balanço relativamente positivo no mercado de trabalho e muita preocupação com bancos, justiça e pagamentos do Estado.

As empresas estão naturalmente preocupadas com as alianças oportunistas e frequentemente criminosas entre o estado populista e neocorporativo que temos, onde os partidos políticos, os banqueiros e o resto dos rendeiros e devoristas se sentam diariamente à mesa do orçamento para repartirem entre si o que sugam aos indígenas através da protofascismo fiscal instalado. Na realidade, é fundamental reduzir esta corja de abutres e parasitas a uma dimensão ecológica sustentável, sob pena de o organismo social morrer exangue nas ruas, nos sótãos sem luz, nem água, nas fábricas e nos campos. Está na altura de promover uma mudança radical nas estruturas democráticas que temos. Digo 'revolução', porque os paninhos quentes secaram.

A decadência é um fenómeno lento e cumulativo, mas no fim, sempre explosivo. As duas sequências de The Meaning of Life, de Monty Python, aqui reproduzidas —The Penis Song e Mr. Creosote—, são uma ilustração hilariante e contundente do inevitável destino das bolhas arrogantes da especulação.


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quarta-feira, abril 01, 2015

O desespero previsto da TAP


Cantiga Esteves revela o óbvio: a TAP está irremediavelmente insolvente

Quantas vezes alertámos para a insustentabilidade financeira da TAP?


Cantiga Esteves: "Há desespero completo de tesouraria" na TAP
Negócios, 01 Abril 2015, 11:35 por Maria João Babo

O presidente da comissão especial de acompanhamento da privatização da TAP, Cantiga Esteves, sublinhou esta quarta-feira, 1 de Abril, na comissão parlamentar de economia e obras públicas que "é urgentíssimo a capitalização" da TAP, já que "o que pode estar em causa é a sobrevivência da empresa".

O responsável frisou que "há desespero completo de tesouraria", numa empresa que "factura dois mil milhões de euros e tem um free cash flow de dois milhões". "É absolutamente agonizante, é viver minuto a minuto a dificuldade de tesouraria ", disse.

A prioridade que o caderno de encargos da privatização da TAP dá é a capitalização da empresa, que é o primeiro critério de avaliação, "revela o urgente que é".

Basta pesquisar a palavra TAP neste blog para constatar quantas vezes alertámos para a gestão ruinosa da companhia e para a falta de transparência de todo o processo que conduziu à situação atual. O colapso iminente é da inteira responsabilidade da classe política dominante: do PCP aos partidos que foram governo desde que Fernando Pinto, há mais de quatorze anos, transitou da falida Varig para a TAP, com a missão de proceder à privatização da companhia aérea portuguesa!

Mas é preciso ir mais longe: quem endividou a TAP? Que negócio embrulhado foi a compra da VEM, hoje TAP Maintenance & Engineering, à falida Varig, onde até Stanley Ho e a sua GEO Capital, cuja Mesa da Assembleia Geral é presidida por António de Almeida Santos, estiveram metidos?

Que negócio embrulhado foi a compra da PGA ao BES, por 140 milhões de euros?

Porque não se reestruturou a TAP quando se percebeu que o modelo Low Cost vinha para ficar?

Suspeito que os 600 milhões de euros do BEI previstos para financiar a linha ferroviária Poceirão-Caia foram desviados--via Parpública/Sérgio Monteiro-- para a TAP. Proveito? Nenhum. Comprometeu-se a via férrea e aumentou-se o buraco financeiro da TAP!

Segundo o gaúcho Fernando Pinto a TAP não pára de crescer. Se é assim, não faltarão interessados na a compra da empresa.


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