quarta-feira, julho 01, 2015

Et in Arcadia ego

Nicolas Poussin. Et in Arcadia est (1637-38)

Estou no Paraíso, ou morto?


Islândia, Chipre, Grécia, e em dramas mais sofríveis, Irlanda, Espanha e Portugal, a que se foram juntando as aflições de italianos, franceses e britânicos, são peças de um dominó em metamorfose.

Este dominó chama-se ocaso da abundância capitalista.

Abundância, porque houve durante meio século, sobretudo na Europa ocidental, nos Estados Unidos da América e no Canadá, sociedades humanas muito produtivas, com elevados padrões de consumo e onde se desenvolveram e instalaram sistemas de segurança social extremamente baratos, representando uma fração exígua na poupança individual e coletiva gerada por uma produtividade económica que teve a sua origem na emergência de várias indutores historicamente excecionais (ao longo dos séculos 19 e 20), tais como a energia barata proveniente do carvão, e depois do petróleo e do gás natural, ou ainda da fissão nuclear, usada na forma de vapor motriz, eletricidade e explosão de gases sob pressão.

Esta enorme capacidade de produzir barato e em grandes quantidades (quantidades industriais) teve na energia abundante, barata e transportável, a sua condição necessária, mas não suficiente. Para que os excedentes que deram lugar à poupança e ao bem estar social pudessem ter existido foram necessários ainda duas condições essenciais: a tecnologia oriunda das primeiras sociedades de conhecimento organizado e capitalizado, e a disponibilidade colonial de matérias primas e contingentes de quase escravos obtidos pela via de um desenvolvimento económico, social, cultural e político desigual. Não podemos, pois, imaginar a extraordinária dimensão e complexidade das infraestruturas materiais e imateriais, e o bem estar do Ocidente e das suas classes médias, nem a ociosidade cultural de franjas significativas e crescentes das suas populações, e muito menos o aumento espetacular da longevidade das gentes destes paraísos que ainda hoje atraem migrações gigantescas, sem pressupormos a conjugação provavelmente irrepetível das circunstâncias descritas.

À medida que esta conjugação de recursos e interações dinâmicas se expandiu por todos os continentes, ao mesmo tempo que se produzia uma equalização tímida entre o primeiro mundo (Estados Unidos e seus aliados desenvolvidos) e os segundo (União Soviética e seus aliados) e terceiro (os países neutros e não-alinhados—em geral, subdesenvolvidos) cresceu, por um lado, a população mundial e diminuiu, por outro, o ritmo de crescimento da riqueza média individual, ao mesmo tempo que os recursos naturais foram sendo submetidos a uma pressão ecológica cada vez mais destrutiva, e aumentaram os custos totais de cada unidade de PIB produzido no planeta.

Capitalista, porque o modo como toda esta explosão produtiva ocorreu e se desenvolveu é um fruto genuíno das sociedades capitalistas nascidas e desenvolvidas na Europa ao longo dos séculos 15, 16, 17, 18, 19 e 20.

As sociedades capitalistas comerciais e a luta pela criação de instituições laicas e democráticas foram determinantes nos séculos 15, 16, 17 e 18, as sociedades comerciais e industriais empurraram os séculos 19 e 20 para a era do crescimento rápido e da modernidade urbana e internacional, finalmente as sociedades comerciais, industriais e financeiras do século 20 expandiram exponencialmente o novo modelo de sociedade afluente e cosmopolita, através de guerras e revoluções brutais. Por fim, o início do século 21 marca o pico e provável ocaso de uma era de crescimento rápido inflacionista, e o início de uma nova era de crescimento moderado: deflação, queda dos rendimentos médios per capita, e absoluta necessidade de um renascimento científico e cultural suficientemente forte para nos convencer de que a felicidade não está no consumo conspícuo, nem no desperdício, nem muito menos na destruição dos ecossistemas, mas numa nova aventura por vir.

O fim do socialismo como o conhecemos

Os movimentos socialistas, nomeadamente sob influência do marxismo, serviram sobretudo o desejo do proletariado industrial e dos povos mais atrasados e submetidos a formas de exploração e despotismo pré-modernos, de se aproximarem da abundância e da liberdade inerentes ao capitalismo criativo. O maniqueísmo e messianismo judaicos de que vinham impregnados, nomeadamente sob a forma da teleologia hegeliano-marxista, foi e continua a ser para muitos um modo de fé travestido de pseudo cientismo dialético. Daí, aliás, a sua extrema fraqueza pragmática e incapacidade crescente de olhar para a realidade sem o véu da fantasia, da hipocrisia e do oportunismo.

A falência das esquerdas tem pois uma origem que não é apenas conjuntural à crise das democracias do bem-estar, nem sequer apenas um fruto podre do desaparecimento do proletariado industrial entretanto substituído por máquinas inteligentes, ou da emigração do trabalho produtivo para as antigas colónias dos antigos impérios europeus e americano. A falência das burocracias sociais-democratas e socialistas, a falência dos cadáveres adiados do estalinismo e das novas eflorescências geneticamente modificadas da esquerda radical, são uma espécie de resto da História em movimento. Daí o estilo populista e de farsa que as suas encenações cada vez mais exibem.

Os novos revolucionários são, como sempre foram, terroristas. A sua emergência explosiva e suicida no início deste século denota uma realidade, só por distração, inesperada, que precisa de ser estudada e entendida. O desespero que indivíduos, tribos do deserto e urbanas, sociedades inteiras, amanhã países, transportam sob o manto de uma ressurreição religiosa é real e é profundo. Não percamos tempo com os motards do Syriza!

Propagar, pela via da demagogia que reduz e vitupera, anamorfoses ilusionistas da complexidade do momento que vivemos é um erro que poderemos pagar caro. O abrandamento do crescimento mundial é um fenómeno complexo, mas inexorável. Acontece numa fase da humanidade em que as desigualdades económicas entre pessoas, cidades, países e regiões estratégicas continuam muito acentuadas, acontece num momento em que a aproximação dos rendimentos entre os continentes, e sobretudo entre os países mais populosos do planeta e o Ocidente rico, propiciado pelo desenvolvimento rápido dos chamados países emergentes, começa a abrandar. Se não forem a Europa, os Estados Unidos, a Rússia, a China, o Canadá e a Austrália a promoverem novas estratégias partilhadas de equidade económica, social e cultural, quem será?

Houve uma fuga em frente quando nos deparámos nos idos anos 70 do século passado com os limites do crescimento. Essa fuga acabaria por traduzir-se num endividamento astronómico dos governos, das empresas e das pessoas, sobretudo no Ocidente desenvolvido. À queda permanente dos rendimentos do trabalho, mas também do capital, respondeu-se com derivados especulativos sobre o futuro, transformando o imobiliário, as obras públicas injustificadas e insustentáveis, a hipertrofia dos governos e das burocracias, o automóvel, a educação, e a especulação com taxas de juro e moedas, em fichas viciadas dum casino global. As bolhas incharam, são muitas e gigantescas, e estão a rebentar desde 2007.

É por isso que as imagens do sofrimento e da aflição das pessoas, pungentes nos casos das crianças e dos idosos, seja em Nova Iorque, Atenas, no Cairo, Damasco, Lampedusa, ou amanhã em Lisboa, devem servir-nos para pensar e não atiçar os demónios do maniqueísmo partidário e religioso.

Os governos gregos fizeram pouco até hoje para emendar o seu estilo de vida insustentável, uma vez percebido que o mundo mudou. Aos eurocratas e aos burocratas do FMI, por sua vez, faltou melhor comunicação com as populações e com as elites gregas. A senhora Merkel, por fim, talvez tenha razão, mas enquanto não cuidar dos piratas do Deutsche Bank ninguém lhe dará ouvidos!

A bancarrota grega não chega para abalar os mercados de capitais de forma decisiva. Este foi o erro de cálculo de Varoufakis, Tsipras e Putin, e que custou aos pobres pensionistas e desempregados gregos um agravamento brutal do seu dia a dia.

A bancarrota grega vai marcar uma viragem na Europa, e provavelmente no mundo ocidental. Vamos todos perceber até ao fim deste ano que o mundo está mesmo a mudar, e que precisamos de o reinventar.

domingo, junho 28, 2015

Grécia, acabou-se o caviar :(

Esquerda caviar atira Grécia para o precipício

Grécia fora do euro, em quarentena, até ver...


A bancarrota da Grécia custará aos bolsos dos contribuintes portugueses 5% do PIB. A soberania dos gregos é respeitável, mas não à nossa custa e à custa dos demais dezoito países da zona euro. Isto entra na cabeça de qualquer pessoa medianamente inteligente, menos nos crânios soldados da nossa irresponsável e burocrática esquerda parlamentar, do PS ao Bloco, passando pelo PCP e pelos falsos verdes.

Mas mais:
  1. a Grécia já teve um perdão da dívida explícito, em 2012, no valor nominal de 50% do seu PIB, mas que na realidade custou aos credores entre 73% e 74% do mesmo;
  2. o serviço da dívida grega custa aos contribuintes gregos 2,6% do seu PIB, mas a dívida portuguesa custa-nos 5% do PIB;
  3. a dívida pública efetiva da Grécia não vai além dos 90% do PIB (1), mas a portuguesa já vai em 265% (230% dentro do perímetro orçamental, e 35% em rendas devidas às PPP criadas pelos nossos famosos 'socialistas');
  4. até ontem os gregos podiam levantar 1500 euros por dia nas caixas multibanco, enquanto em Portugal há muito que o limite é de 400€;
  5. os salários e rendimentos familiares médios dos gregos continuam bem superiores aos dos portugueses (sobretudo se tivermos em conta que a economia informal é bem maior por lá do que por cá);
O atual governo grego, oriundo de uma elite pequeno-burguesa endinheirada e desde sempre encostada ao erário público, como cá, e que nunca deixou de dormir uma noite por falta de liquidez para pagar salários aos seus empregados, resolveu avançar levianamente para um confronto retórico e académico com dezoito países da União de que a Grécia faz parte. Os seus ministros e ideólogos sacaram do fundo da sacola as sebentas dos vários revisionismos marxistas ainda à venda nos alfarrabistas e, com arrogância adolescente, não só apontaram uma pistola carregada à cabeça do povo que representam, como ameaçam desestabilizar toda a zona euro. Basta ver o gráfico que acima republicamos, cortesia do Zero Hedge (2).

Não queremos com isto sugerir que a culpa é toda dos gregos. É deles, mas é também dum sistema financeiro em crise sistémica, que tentou evitar a todo o custo, endividando-se para além de todos os limites, a transição para um paradigma de crescimento não inflacionista, para não dizer estacionário.

A alternativa não está entre dívida e crescimento, mas sim, entre transição sustentada para novos paradigmas de trabalho, produção, trocas e consumo, e o calvário de bolhas especulativas que explodem de sete em sete anos arrastando atrás de si destruições sociais cada vez maiores.

A alternativa não está entre o capitalismo burocrático de estado que toda a esquerda adora, e o gangsterismo financeiro que é preciso travar, ou o neoliberalismo que não passa de uma ficção inventada pela esquerda burocrática, pois, como todos devíamos saber, o keynesianismo, duro, ou mitigado, é a única ideologia que impera na economia mundial há mais de meio século.

A alternativa está, sim, na nossa capacidade de ultrapassar as velhas e gastas dicotomias, e fazer a transição para uma nova era económica e cultural, sem deitar fora o melhor que a democracia ocidental tem: a liberdade e as suas classes médias ilustradas.


NOTAS
  1. Paul De Grauwe. "Greece is solvent but illiquid. What should the ECB do?" — 17 June 2015
    One feature of the Greek sovereign debt crisis, which is widely misunderstood, is the following. Since the start of the crisis the Greek sovereign debt has been subjected to several restructuring efforts. First, there was an explicit restructuring in 2012 forcing private holders of the debt to accept deep haircuts. This explicit restructuring had the effect of lowering the headline Greek sovereign debt by approximately 30% of GDP. Second, there were a series of implicit restructurings involving both a lengthening of the maturities and a lowering of the effective interest rate burden on the Greek sovereign debt. As a result of these implicit restructurings, the average maturity of the Greek sovereign debt is now approximately 16 years, which is considerably longer than the maturities of the government bonds of the other Eurozone countries. These implicit restructurings have also reduced the interest burden on the Greek debt. The effective interest burden of the Greek government has been estimated by Darvas of Bruegel to be a mere 2.6% of GDP. This is significantly lower than the interest burden of countries such as Belgium, Ireland, Italy, Spain and Portugal.
    LINK

  2. The ECB Suddenly Has A Huge Headache On Its Hands

    Incidentally the chart above is why earlier today Varoufakis said that "if ECB were to stop support for the Greek banking system would mean that Europe has failed." Because if indeed the ECB were to pull the carpet from under Greece as it hinted it would do on Tuesday when the Greek program runs out, when it froze the Greek ELA despite the ongoing Greek bank run, it would promptly set off a chain of events that would not only crush the Greek banking system but destroy any credibility Greek sovereign collateral had as a state, impairing all Greek national and corporate collateral, including bonds and loans currently held by the ECB, to zero.

    It would also mean that as that €126 billion or so of total ECB/Eurosystem claims on Greek banks were "charged off" in case of a terminal Greek "event" then the entire ECB capital buffer would also be wiped out, leaving the ECB with negative equity. Translated: dear Eurosystem members: we need more cash.

    Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 06/28/2015 13:25 -0400

Grécia fora do euro no dia 1 de julho

Greece’s Prime Minister Alexis Tsipras delivers a speech to the lawmakers during an emergency Parliament session tonight. Photograph: Petros Karadjias/AP

O referendo anunciado por Tsipras e aprovado pelo parlamento grego morreu antes de nascer, por efeito deste simples mas irremediável comunicado emitido pelo Eurogrupo na tarde de 27 de junho de 2015:


Since the 20 February 2015 agreement of the Eurogroup on the extension of the current financial assistance arrangement, intensive negotiations have taken place between the institutions and the Greek authorities to achieve a successful conclusion of the review. Given the prolonged deadlock in negotiations and the urgency of the situation, institutions have put forward a comprehensive proposal on policy conditionality, making use of the given flexibility within the current arrangement.
Regrettably, despite efforts at all levels and full support of the Eurogroup, this proposal has been rejected by the Greek authorities who broke off the programme negotiations late on the 26 June unilaterally. The Eurogroup recalls the significant financial transfers and support provided to Greece over the last years. The Eurogroup has been open until the very last moment to further support the Greek people through a continued growth-oriented programme.

The Eurogroup takes note of the decision of the Greek government to put forward a proposal to call for a referendum, which is expected to take place on Sunday July 5, which is after the expiration of the programme period. The current financial assistance arrangement with Greece will expire on 30 June 2015, as well as all agreements related to the current Greek programme including  the transfer by euro area Member States of SMP and ANFA equivalent profits.

The euro area authorities stand ready to do whatever is necessary to ensure financial stability of the euro area.

[1] Supported by all members of the Eurogroup except the Greek member.

Já na manhã de sábado Tyler Durden escrevia:

"... moments ago Varoufakis was quoted as saying he would ask the Eurogroup for a bailout extension of a few weeks to accommodate the referendum. 

And the punchline: if the Eurogroup says "Oxi", then the entire Greek gambit, which has been a bet that to Europe the opportunity cost of a Grexit is higher than folding to Greek demands, collapses.

If the Eurogroup declines Varoufakis' request, there simply can not be a referendum, as the "institutions proposal" will no longer be on the table. As such, the only question is whether the ECB will also end the ELA at midnight on June 30, adding insult to injury, and causing the collapse of the Greek banking system days ahead of a referendum whose purpose would now be moot."

in Zero Hedge, 27/6/2015

Poderá haver ainda um volte-face?

Espera-se que o BCE aguente os bancos gregos até dia 5 de julho, mas não depois desta data se o resultado do referendo grego for não às condições exigidas pelos credores. Se for sim, então poderá haver uma regresso in extremis à mesa das negociações que, entretanto, deixará oficialmente de existir no dia 30 deste mês.

Mas neste caso em que posição ficará o governo de Tsipras? E o Syriza?

Que peso terão a Rússia e a China nesta fase do campeonato? A situação caminha rapidamente para uma zona perigosa, onde não perder a face, de ambos os lados do conflito, é cada vez mais difícil.

Assim começam todas as guerras :(


POST SCRIPTUM

Dois artigos de leitura obrigatória: "Como resolver a crise grega?", de Paul De Grauwe, e "Dias de Big Bang europeu", de Maria João Rodrigues, ambos no Expresso desta semana. Recomendação: a tradução do artigo de Paul De Grauwe publicada no Expresso, além de truncada, é má. Logo recomendo a leitura do original.

Sabia que a dívida pública efetiva da Grécia poderá estar abaixo dos 90% do PIB, e que os juros pagos pela mesma representam um esforço orçamental inferior ao da Espanha, ao de Portugal e mesmo aos da Bélgica e França? Sabia que a dívida portuguesa efetiva deve andar pelos 165% do PIB (130% reconhecidos no perímetro orçamental + 35% de PPP)? Cuidado, pois, com a situação grega, nomeadamente pelo ricochete que poderá fazer em breve sobre Portugal. Não se endivide!

Por outro lado, quer Merkel e o Eurogrupo consigam conservar a Grécia na Zona Euro, quer a façam regressar ao dracma, a União Europeia será uma nova realidade depois deste verão, e não será nada favorável aos populistas profissionais da esquerda, os quais sempre souberam gastar dinheiro, mas não sabem nem o que é o dinheiro, nem como de cria.

Atualizado em 28/6/2015 13:13

quinta-feira, junho 25, 2015

Revolução sem condutor?

Salazar, colocado no poder pelos militares de um país na bancarrota

Do diagnóstico da crise ao futuro vai ainda uma grande incerteza


Acabei de ler este mês dois livros que recomendo vivamente: Pensar o que lá vem—Para acabar com o Portugal pasmado, de Manuel Maria Carrilho, e Carta a um Bom Português—Manual para Fazer a Revolução de Cidadania que Falta para Resgatar o País, do corajoso e ativo jornalista, José Gomes Ferreira.

O primeiro é uma reflexão rara no panorama português da Filosofia Política, e deveria ser lido por todos aqueles que têm votado no Partido Socialista e no resto dos derivados adulterados do marxismo que ainda subsistem no país e no parlamento. Trata-se de uma viagem autocrítica, em sentido lato, ao fim do conforto das boas ideias. É certo que Manuel Maria Carrilho não se coloca nunca fora da órbita do Partido Socialista, que defende como uma identidade para lá das más conjunturas e dos desastrosos protagonistas. O PS é ainda, para o antigo ministro da cultura de António Guterres, a bóia de salvação num naufrágio que nunca mais acaba. À direita do PS, Carrilho apenas vislumbra a fuga em frente da burguesia financeira mundial, que vê como protagonista de primeira linha do individualismo comportamental e do neoliberalismo económico, e cujo enriquecimento pornográfico só poderá promover maiores desgraças no futuro. À esquerda do PS, não descortina mais do que uma mole de arteriosclerose ideológica, oportunismo sindical e aventureirismo hedonista no que resta da extrema-esquerda. A total e irremediável incapacidade da esquerda à esquerda do PS de voar eleitoralmente aconselha, na visão pragmática deste filósofo, promover o aggiornamento do PS, em vez da sua destruição na fogueira do populismo iconoclasta. Não acompanho este desejo reformista orgânico, mas percebo e respeito as suas motivações e ainda quem o acompanha no desiderato: Henrique Neto, Ventura Leite, Armando Ramalho, etc.

O segundo livro, que parece pertencer a uma trilogia iniciada com O Meu Programa de Governo, não é nem populista, nem neoliberal. Pertence, isso sim, a uma nova categoria de observação e posicionamento perante um regime basicamente rentista, devorista, neocorporativo, clientelar e rotativista, podre de oportunismo e corrupção, e que cavou a sua própria e irremediável sepultura. José Gomes Ferreira não conhece, ou melhor, não sente nem vibra com os velhos paradigmas morais da esquerda, e o que desta conhece são sobretudo mentiras, oportunismos e hipocrisia de circunstância. Ao mesmo tempo viu como o capitalismo indígena, historicamente frágil, prisioneiro de banqueiros, de rendeiros e de bandos de piratas socialistas (PS), sociais democratas (PSD) e populistas (CDS-PP), se transformou numa jangada a caminho do naufrágio, onde o salve-se quem puder acabaria por levar o país à falência e à perda de soberania financeira, económica e institucional. O que José Gomes Ferreira tem feito é identificar objetivamente, sem preconceitos, nem medos, os pontos de rotura do regime. Mas não só! Também exige uma mudança profunda no regime democrático, para o que reclama, como muitos de nós, uma nova Constituição, sem fantasias nem cintos de castidade hipócritas, aceitando ainda como boa a nossa integração na União Europeia, apesar das inúmeras e graves vicissitudes por que tem passado. No fim do livro ficamos a saber o que pretende quando convida o Bom Português a fazer uma revolução. José Gomes Ferreira quer uma nova Constituição e a Democracia de Qualidade reclamada, nomeadamente, por Henrique Gomes, Henrique Neto, Luís Campos e Cunha, ou Mira Amaral. Mas não diz como lá chegar, ou por outra, recomenda manifestações do bom povo português à porta da Casa da Democracia (a Assembleia da República), um comportamento individual consequente no dia a dia, e diz ainda que “temos de aproveitar a revolução electrónica para a pôr ao serviço da nossa Revolução de Cidadania.” Mas falta claramente um condutor, ou um navegador, para esta revolução. Quer dizer, falta uma síntese operacional estratégica dos pontos fundamentais a mudar, e meios para lá chegarmos. Falta, creio, uma ideia de plataforma abrangente, pós-partidária —no sentido de uma democracia sem hegemonia partidária—, capaz de congregar a maioria do país num processo credível de transformação.

Mais do que uma democracia de qualidade, precisamos de uma democracia qualitativa, isto é, de uma democracia não apenas decente, mas que seja também um edifício ideológico e cultural novo. Onde, por exemplo, a felicidade, o amor, ou a qualidade da água, do ar e os equilíbrios ecológicos sejam mais importantes do que o sucesso, o PIB, a produtividade, ou do que a taxa de crescimento. A realidade do planeta está a deteriorar-se rapidamente. Os humanos, ou se adaptam, ou extinguir-se-ão mais cedo do que o esperado, a par de muitas outras espécies em extinção.

Seja como for, os dados estão lançados. Basta compilar o muito que se tem escrito sobre a crise do nosso regime e sobre a crise mundial, e ainda a sobre a necessidade imperiosa de mudarmos de vida, para ficarmos com um diagnóstico suficientemente fundamentado, a partir do qual poderemos então modelar da melhor maneira a inadiável metamorfose do país.

Nem exportações, nem crescimento!



Lamento desiludi-los, mas só há uma alternativa: austeridade


Numa espécie que atingiu os limites do crescimento, e onde as suas criaturas causaram tantos e tão catastróficos danos à maioria dos ecossistemas de Gaia, o grande endividamento, privado e público, criado para esconder os problemas e adiar a realidade, não pode ser revertido pela via das exportações —pois todos querem, agora mais do que nunca, exportar—, nem pela via do crescimento —que caminha rapidamente para uma estagnação à escala global.


Os limites do crescimento não só foram bem previstos em 1972, como acabam de chegar (2005-2006) e são em grande medida responsáveis pela tempestade perfeita das finanças públicas e privadas à escala planetária.

O PS quer trocar austeridade por crescimento. Mas é impossível. Logo, votar nas alminhas da esquerda desmiolada é como jogar à roleta russa.

Tempo de abrir os olhos e de lançar planos de contingência!

It seems to me that the lower commodity prices we have been seeing over the past four years (with a recent sharper drop for oil), likely reflect an affordability problem. This affordability problem arises because for most people, wages did not rise when energy prices rose, and the prices of commodities in general rose in the early 2000s.

For a while, the lack of affordability could be masked with a variety of programs: economic stimulus, increasing debt and Quantitative Easing. Eventually these programs reach their limits, and prices begin falling in inflation-adjusted terms. Now we are at a point where prices of oil, coal, natural gas, and uranium are all low in inflation-adjusted terms, discouraging further investment.

[...]

It seems to me that we are reaching the limits of globalization now. This is why prices of commodities have fallen. With falling prices comes lower total consumption. Many economies are gradually moving into recession–this is what the low prices and falling rates of energy growth really mean.

It is quite possible that at some point in the not too distant future, demand (and prices) will fall further. We then will be dealing with severe worldwide recession.

In my view, low prices and low demand for commodities are what we should expect, as we reach limits of a finite world. There is widespread belief that as we reach limits, prices will rise, and energy products will become scarce. I don’t think that this combination can happen for very long in a networked economy. High energy prices tend to lead to recession, bringing down prices. Low wages and slow growth in debt also tend to bring down prices. A networked economy can work in ways that does not match our intuition; this is why many researchers fail to see understand the nature of the problem we are facing.

—in BP Data Suggests We Are Reaching Peak Energy DemandPosted on June 23, 2015    by Gail Tverberg | Our Finite World

sábado, junho 20, 2015

Costa não convence

Foto: José Sena Goulão/ LUSA

O radicalismo suspeito do PS golpista assusta qualquer um


A cada dia que passa, o Partido Socialista assemelha-se cada vez mais a um filme negro barato protagonizado por moribundos e criaturas estranhas, como o zombie Ferro Rodrigues, ou a gelatina tatuada Isabel Moreira. Como se isto não bastasse, o imprestável Costa dá tiros no pé dia sim, dia não.

A ideia peregrina de atacar simultaneamente em duas frentes —São Bento e Belém, isto é, Passos e Cavaco—, ao mesmo tempo que se saúda o Siryza e se abusa do tipo de retórica populista proprietária do PCP, não poderia deixar de acelerar a inversão da opinião dos portugueses sobre o PS depois da clique liderada por Sócrates e Mário Soares ter apeado rudemente António José Seguro.

Pelo caminho que o PS de Mário Soares e José Sócrates, entregue a António Costa, leva, a probabilidade de se extinguir até às eleições é real.

Por outro lado, a emergência fulgurante de Mariana Mortágua, no decurso da comissão de inquérito ao colapso do GES-BES, não só está a desfazer as anunciadas alternativas endogâmicas do Bloco, como ameaça as expectativas eleitorais de Marinho Pinto e de António Costa.

A duplicação da percentagem das intenções de voto no Bloco de Esquerda (de 4 para 8%), a par da queda de 8% do PS, e da subida de 6% na coligação no poder, são indicadores claros de algumas verdades que convém reter:
  1. o eleitorado não é estúpido, e por isso não trocará a austeridade conhecida (e que não poderá ser muito mais esticada) pelas aventuras que o PS de Mário Soares, Almeida Santos e José Sócrates, recauchutado por António Costa, promete;
  2. o radicalismo populista de António Costa é desastroso;
  3. o fenómeno Mariana Mortágua (os vídeos das suas intervenções, publicados no YouTube, têm chegado a centenas de milhar de portugueses) poderá fazer renascer o Bloco de Esquerda como uma alternativa ao cadáver adiado que é o Partido Socialista, sobretudo se Catarina Martins sair de cena e der lugar a uma Mariana Mortágua pragmática e decidida a transformar o antigo bordel marxista-leninista, revisionista e trotskysta numa verdadeira força eleitoral.
Aguardemos a próxima sondagem da Católica.

Post scriptum — António Costa: “Os portugueses olham para o PS com ansiedade”.

Enquanto lia a Carta a Um Bom Povo Português, de José Gomes Ferreira, ao deparar-me com a citação da frase de um ex-deputado do PS, Ricardo Gonçalves —“O problema do PS é que foi concebido para distribuir riqueza, mas agora não há riqueza para distribuir. É preciso criá-la primeiro”— anotei:

— as esquerdas já só cuidam das suas clientelas, na sua esmagadora maioria dependentes do estado pelo lado da redistribuição burocrática, partidária e clientelar da receita fiscal, mas também do endividamento público! As esquerdas em crise que todos conhecemos defendem, assim, o prejuízo público em nome da sua própria vitalidade, e mais recentemente, em nome da sua ameaçada sobrevivência nas acrópoles do poder. O comportamento uniforme do PCP, PS e Bloco 'em defesa' dos elites proletárias do BES, como da TAP, Portugal Telecom, Carris, etc., e em última análise do status quo, defendendo implicitamente a própria manutenção dos grupos capitalistas até 2014 hegemónicos, mostra-nos até que ponto estamos na presença de grupos de interesses politicamente desfasados da realidade e da cidadania, decorados com uma cobertura de ideologia pasteleira indigesta e protegidos pela falsa credibilidade institucional que a representação parlamentar confere a estes lóbis partidários. O caciquismo eleitoral ainda lhes permite distorcer a representação da democracia. Mas já não será por muito mais tempo.

Última atualização: 20/6/2015 10:44

quinta-feira, junho 18, 2015

Quantitative Pleasing


Quantitative Pleasing, ou a grande submissão dos bancos centrais à especulação desenfreada e ao populismo que tomou conta das democracias ocidentais.


Consequências: guerras monetárias, expropriação fiscal dos rendimentos e das poupanças, implosão em cadeia das bolhas especulativas, exacerbação da concentração capitalista, destruição das classes médias, caos sistémico, revoluções sociais a caminho, alterações nas placas tectónicas do poder mundial.

Aviso: o colapso dos sistemas de pensões é um problema em todos os países ocidentais... incluindo os Estados Unidos da América.

Solução: começar por aumentar o prazo de maturidade das obrigações soberanas até aos 100 anos, taxar de forma progressiva os lucros das transações financeiras, taxar os lucros empresariais na origem (i.e. onde o valor se forma), reduzir drasticamente o peso político e o custo das burocracias parasitárias, desembaraçar os sistemas legais da complexidade armadilhada e proprietária que os caracterizam, introduzir mecanismos de justiça e equilíbrio no comércio internacional.


A sugestiva expressão Quantitative Pleasing, é de Danielle DiMartino Booth, antiga conselheira do presidente do Fed de Dallas. Vale a pena ouvir o que diz, e ler o que escreve.

Danielle DiMartino Booth — All retirees’ security is thus at risk when the massive overvaluation in fixed income and equity markets eventually rights itself. Pension math, however, will forestall the day of reckoning in the financial markets given the demographic surge in retiring beneficiaries that require states and municipalities to top off pensions’ coffers. Pensions will thus dig themselves into a deeper grave than they would otherwise by buying the credit craze more time — in Zero Hedge

Grexit

Pirro, rei do Épiro e da Macedónia (318-272 a.C)

“Mais uma vitória como esta, e estou perdido.”  (Pirro)


End Game: comissão parlamentar grega acaba de publicar relatório preliminar que considera a dívida grega emergente dos acordos com a Troika, uma dívida ilegal, ilegítima e odiosa.

All the evidence we present in this report shows that Greece not only does not have the ability to pay this debt, but also should not pay this debt first and foremost because the debt emerging from the Troika’s arrangements is a direct infringement on the fundamental human rights of the residents of Greece. Hence, we came to the conclusion that Greece should not pay this debt because it is illegal, illegitimate, and odious.

Documento acabado de publicar

Αθήνα, 17 Ιουνίου 2015

Hellenic Parliament’s Debt Truth Committee Preliminary Findings - Executive Summary of the report

*Θα ακολουθήσει ανάρτηση της ελληνικής έκδοσης της περίληψης των προκαταρκτικών αποτελεσμάτων της Επιτροπής Αλήθειας Δημοσίου Χρέους


POST SCRIPTUM — A Grécia encavou, ou seja, apostou todas as cartas. A parada é muito elevada, pois Tsipras vai de novo a Moscovo, que por sua vez anunciou esta semana o reforço do seu arsenal nuclear com 40 novos mísseis balísticos intercontinentais, em resposta às novas sanções europeias e ao avanço militar norte-americano nos países que fazem fronteira com a Rússia. Ou muito me engano ou a Alemanha, perdão, a União Europeia, vai desistir desta partida de Poker.

Sobra um problema: Portugal e Espanha vão exigir contrapartidas relativamente aos seus próprios programas de austeridade. Aliás, Portugal e Espanha já beneficiaram das duas anteriores reestruturações gregas. Subtilezas que escapam ao barulho mediático.

ÚLTIMA HORA

Grécia—1, Alemanha—0. Lembram-se do nosso prognóstico?
Os Estados Unidos explicaram à Tia Merkel que deixar os gregos ao colo de Putin, nem pensar. O FMI e o BCE que engulam o sapo Tsipras!
El BCE se reúne de urgencia para decidir si amplía la liquidez a la banca griega

El consejo de gobierno del Banco Central Europeo (BCE) se reúne hoy para decidir si amplia la provisión urgente de liquidez para Grecia tras la intensificación de la fuga de capitales.

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Última atualização: 19/6/2015, 11:00 WET

quarta-feira, junho 17, 2015

Carcavelos merece!

Av. Maria da Conceição. Obras nos passeios melhoram mobilidade.

O António Maria faz hoje 2000 posts. E foi em Carcavelos que quase todos foram escritos


Esta foto de obras em curso mostra o passeio da principal avenida da vila de Carcavelos, a Avenida Maria da Conceição, que se prolonga a sul pela magnífica Avenida Jorge V até à praia, onde para lá das cada vez mais preciosas ondas se estende o horizonte da nossa imaginação.

Carcavelos pode e deve especializar-se na qualidade da sua magnífica praia e do seu monumental céu, na ampla oferta educativa privada, nacional e internacional, de que dispõe, e ainda nos equipamentos de saúde e de apoio à deficiência e à terceira idade. A sua famosa feira poderia evoluir para um corredor de comércio local permanente —de flores, frutos e hortas— da estação de caminho de ferro até à praia, negociando com esperteza as contrapartidas que a futura Quinta dos Ingleses urbanizada deve retribuir à comunidade e ao futuro económico e cultural desta pérola marítima por abrir.

Mas para tudo isto ser um êxito, teremos que começar por melhorar radicalmente a mobilidade de veículos e pessoas, e acabar com as caca canina que os donos egoístas e sem educação deixam os seus animais depositar pelos caminhos por onde a gente passa. Retretes para cães e multas para os donos inconscientes são duas medidas complementares para limpar os passeios de uma vila que bem merece a nossa atenção, inteligência e o cumprimento escrupuloso das regras urbanas da tranquilidade, nomeadamente noturna.

Esperemos que não voltem a estacionar carros em cima dos passeios, fazendo das estreitas ruas desta vila verdadeiras armadilhas para os peões.

terça-feira, junho 16, 2015

O papel da Europa


A minha previsão


O novo Tratado de Tordesilhas (2.0) será desenhado à custa de guerras vicariantes (proxy wars) entre os Estados Unidos e o Japão, de um lado, e a China e a Rússia, do outro. A Europa, se a União Europeia não sair da letargia estratégica em que se encontra, poderá ver ressurgir profundas divisões entre os seus países. No entanto, se Merkel, Hollande e Juncker conseguirem atrair Cameron para um plano de reforço estratégico da Europa (uma ideia avançada pelo GEAB deste mês), as coisas poderão evoluir doutra maneira, possibilitando um declínio lento, mas pacífico, da hegemonia americana, e a emergência de um status quo equilibrado e duradouro entre o Ocidente e o Oriente.

União Europeia / Reino Unido / Estados Unidos – União, desintegração, reinvenção: A grande transformação sistémica do OcidenteGEAB, Junho 2015.
Nesta edição do GEAB a nossa equipa decidiu concentrar-se sobre as características [da] reorganização em curso em três actores do mundo Ocidental : a União Europeia, o Reino Unido e os Estados Unidos, três «uniões» políticas que terão impreterivelmente de se reinventar para se tornarem compatíveis com a ordem multipolar. Estimamos que esse processo de reinvenção está já em curso, colocando finalmente o Ocidente sobre a via da sua indispensável transformação sistémica.
Russia will take part in multinational navy drills in disputed South China Sea
Published time: May 30, 2015 20:27, Edited time: June 01, 2015 08:58/ RT

Speaking on Saturday in Singapore, Antonov announced Russia's planned participation in the May 2016 drills which have a focus on counter-terrorism and naval security.

Antonov also said he was concerned about stability in the region, naming the US as the main destabilizing factor. He said that Washington's policies have been aimed against Russia and China: "We are concerned by US policies in the region, especially since every day it becomes increasingly focused on a systemic containment of Russia and China."

Russia and Turkey agree on Turkish Stream onshore route

Published time: February 09, 2015 09:59/ Edited time: February 10, 2015 08:47, RT
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Gazprom and Turkey have agreed the general route for the onshore section of the Turkish Stream pipeline. The first line of the 180 kilometer pipeline is expected to be completed by December 2016, according to company CEO Aleksey Miller.


Putin: Russia to boost nuclear arsenal with 40 missiles

BBC, 16/6/2015

It is part of a wide-reaching programme to modernise the country's military.

The move comes after the US proposed increasing its military presence in Nato states in Eastern Europe.

Nato has condemned the Russian announcement, saying the move amounted to "nuclear sabre-rattling" and was "unjustified" and "dangerous".

Tensions are high over Russia's role in the conflict in eastern Ukraine.


Um novo excecionalismo... chinês

China Completes Island Construction, Will Now Build Military Facilities
Zero Hedge, Submitted by Tyler Durden on 06/16/2015 18:10 -0400.

China said it is shifting work on disputed South China Sea islets from the dredging of land to the construction of military and other facilities as it pushes forward with a program that has aggravated tensions with the U.S. and neighbors.

Analysts say the imminent end to China’s island-building work could signal a willingness to seek compromise with Washington and rival claimants in the South China Sea, even as it demonstrates Beijing’s ability to unilaterally dictate terms in the long-standing dispute.

“This is a step toward halting land reclamation, which the U.S. has demanded, and at the same time, China can tell its people that it has accomplished what it wanted to do,” said Huang Jing, an expert on Chinese foreign policy at the Lee Kuan Yew School of Public Policy in Singapore.

“China unilaterally started the land reclamation and now China is unilaterally stopping it,” Mr. Huang said. “China is showing that—as a major power—it can control escalation, that it has the initiative, and that it can do what it sees fit for its interests.”



Última atualização: 17/6/2015, 01:22 WET

Quem vai decidir a próxima maioria?

Rio Minho na região de Monção-Melgaço

Precisamos de uma democracia de qualidade apoiada em plataformas de cidadania


A maioria eleitoral estaria fora de si se arriscasse entregar de novo o poder a quem nos meteu no buraco e promete afundar ainda mais o país se regressar ao governo.

Nem os pensionistas querem aventuras nesta altura do campeonato, nem a maioria dos portugueses tolera mais ataques fiscais à propriedade que cada um adquiriu ou está a adquirir com esforço, ou herdou dos pais.

Um terço do eleitorado vive hoje de pensões, e uma percentagem ainda maior do mesmo eleitorado quer ver um ponto final na expropriação fiscal e financeira do que é seu. Ou seja, quer o contrário do que a lógica e a burocracia da nossa indigente esquerda pretendem.

Todos sabemos que crescimento e emprego são duas realidades difíceis de alcançar e que regressarão lentamente.

Um avião cheio de novos emigrantes sai diariamente de Portugal. Mas estes não esquecem as suas responsabilidades, pois enviam mais de três mil milhões de euros por ano para as suas contas bancárias sediadas em Portugal. Os que continuamos por cá é que temos que lhes garantir que o seu esforço não será pasto da rapina dos piratas que nos enfiaram no buraco em que ainda estamos.

Há, apesar da desgraça, sinais de esperança.

Alto Minho: EDP restitui terras expropriadas há 40 anos
Green Savers, 15/06/2015
Quarenta anos depois de terem sido expropriados vários terrenos nas margens do Rio Minho (na foto), entre Monção e Melgaço, para a construção da barragem de Sela, um projecto luso-espanhol, os cerca de mil expropriados – os seus herdeiros, na maioria – poderão voltar a cultivar as antiga propriedades.

O sentido de propriedade é fortíssimo entre nós. Isto, e nada mais, explica porque as cigarras da esquerda oportunista e os seus realejos enferrujados jamais seduziram consistentemente os portugueses. Por outro lado, o acosso e as expropriações fiscais em curso, por parte de uma nomenclatura citadina corrupta e oportunista, está a separar a maioria dos portugueses do regime constitucional que temos. Fenómenos como o de Rui Moreira, eleito para dirigir a segunda cidade do país e a capital do noroeste peninsular, irão repetir-se, nomeadamente em Oeiras, Lisboa, Sintra, Vila Nova de Gaia, Coimbra, Figueira da Foz, Cascais e... em Belém. Vai ser desta maneira que a terceira república acabará por colapsar, dando passo a uma democracia qualitativa assente no poder das plataformas de cidadania democrática, onde o estado e os partidos políticos deixarão de infernizar a vida dos cidadãos.

Henrique Neto na Feira Nacional da Agricultura de Santarém.
Foto @ Marcos Borga/ Expresso

Henrique Neto: “Não foram as minhas críticas a prejudicar o PS”
Expresso, 13/6/2015
Depois de aderir ao PS fui um entusiasta das políticas decididas durante os Estados Gerais para uma Nova Democracia e depois apoiei o Governo do PS tanto quanto as oportunidades me permitiram, até ao momento em que o partido deixou de cumprir as suas promessas eleitorais, se afastou de uma governação consequente com o interesse nacional e passou a navegar à vista sem coerência estratégica, comprometendo com isso o futuro do País.

Henrique Neto daria um bom presidente. Não precisamos de continuar a suportar o peso hegemónico dos partidos na nossa sociedade, sobretudo dos que já conhecemos de ginjeira, mas sim de gente confiável e competente, e de plataformas de cidadania democrática. Precisamos de uma democracia qualitativa, em vez da sopa azeda que continuamos a tragar pagando por ela os olhos da cara!

2 milhões e meio de eleitores
Manuel Villaverde Cabral | Observador, 31/5/2015, 10:47

Há mais de 2,5 milhões de reformados em Portugal (eu sou um deles). Não estão longe de um terço do eleitorado real. Há mais eleitores inscritos com a complacência dos governos, mas não são reais. Esses 2 milhões e meio de pessoas recebem mais de 3,5 milhões de pensões contributivas e não-contributivas no valor de 27 mil milhões de euros, portanto, uma média individual acima de 10.000 € brutos por ano. As pensões representam cerca de 30% da despesa pública e aproximadamente 15% do PIB.

A armadilha demográfica e um sistema de segurança social desajustado poderão mergulhar Portugal na insolvência estrutural. Quando? Daqui a uma década ou menos, se persistirmos em fechar os olhos à realidade.

Duas notas sobre a miopia da esquerda que temos

A esquerda ainda não percebeu duas coisas muito simples:
  1. Portugal é um país pobre (Plutocracia demo-populista e Rendimento Básico), onde 90% das famílias apresentam rendimentos coletáveis inferiores a 30 mil euros/ano; mais de 60% das famílias tem rendimentos coletáveis inferiores a 10 mil euros (833 euros/mês), e só 7,1% dos agregados apresenta rendimentos coletáveis entre 20 e 30 mil euros (1.666 a 2.500 euros/mês). Escusado será dizer que os nossos deputados, por exemplo, fazem parte de uma casta que representa menos de 1% da população — alguns pertencem mesmo à exclusiva elite dos 0,1%!
  2. Mas apesar de pobre, Portugal é um país de proprietários. Se não vejamos:
  • há 10,6 milhões de portugueses (Census 2011)
  • mas existem 11,7 milhões de prédios rústicos (haverá algum português que não seja dono de uma leira?)
  • em 40% da superfície agrícola útil —36.681,45 Km2— existem 305 mil explorações agrícolas
  • há registo de 7,9 milhões de prédios urbanos, a que correspondem mais de 5,8 milhões de alojamentos, e destes 4,4 milhões são ocupados pelos seus proprietários.

sábado, junho 13, 2015

Partidos para quem?

Manuela Carmena Carmona, nova presidente da capital espanhola

Depois do Porto, Barcelona e Madrid apontam o caminho de uma democracia cidadã, sem a canga insuportável da corrupção partidária


Não precisamos dos partidos para nada. Precisamos, sim, de gente de confiança e de plataformas de ação e representação políticas democráticas!

Bom, foi preciso uma aliança de última hora com o PSOE. Mas o que importa neste momento realçar são os novos sinais da democracia que aí vem. Sabemos o que deixámos de querer, e é natural que levemos algum tempo mais a descobrir ou inventar a democracia qualitativa de que precisamos neste tempo de exigência e complexidade globais. Mas lá chegaremos.

Os sinais multiplicam-se. Em Portugal, depois da surpresa chamada Rui Moreira, talvez Henrique Neto seja a surpresa presidencial que merecemos.

Parabéns Manuela, alcaidina de Madrid!
Carmena: "Queremos gobernar escuchando, siempre en la línea que los ciudadanos digan"
Carmena, que ha rechazado hacer un discurso de investidura al uso porque cree que en el salón de plenos hay "demasiados discursos y pocas palabras", ha querido arrancar su mandato dando las gracias a la ciudadanía. "Me llena de ilusión y esperanza. Somos servidores de ciudadanos de Madrid, no podemos olvidar que estamos a su servicio", ha lanzado.

Ver más en: .20minutos

O FMI continua por aí...

Christine Lagarde insiste em avisar os indígenas irresponsáveis

Mais fascismo fiscal, ou reforma deste estado obeso e partidário?


O Paulinho gosta muito de se babar com o fim do protetorado. Mas a verdade é que a Trindade dos Credores continua por cá! E mais, sem atacarmos as pensões altas (acima dos 2000 euros) e milionárias (acima dos 5000 euros), e ainda as pensões abusivas (pensões completas por carreiras contributivas simbólicas, etc...), sem acabar com as redundâncias burocráticas e as mordomias do aparelho de estado partidário e neocorporativo que temos, caminharemos todos para uma situação cada vez mais grega. Que diz António Costa sobre isto? E os seus lunáticos economistas? Nada, suponho.

FMI avisa que sem mais cortes meta de défice não será atingida

A missão técnica mantém a previsão oficial do Fundo: "sem medidas para reduzir a despesa primária [que exclui os encargos com a dívida pública], o défice orçamental para este ano será de 3,2% do PIB".

por DN.pt com Lusa

Vem aí um novo estouro financeiro de proporções trágicas, desta vez na Alemanha.

Merkel e Hollande, Obama e Draghi, nos seus intensos movimentos brownianos revelam a aflição silenciosa que paira em volta do incumprimento grego. Basta passar os olhos pelo rol do serviço da dívida pública helénica (Tragédia grega em números) para se perceber que a bancarrota está por semanas, ou que então haverá um volte-face nas regras internacionais vigentes, o que desencadearia um abalo sistémico ainda maior.

É neste contexto que o discurso da irresponsável e populista esquerda portuguesa, capitaneada hoje por um sargento-ajudante 'socialista' de muito má qualidade, merece ser denunciado pelos perigos que comporta para a sociedade portuguesa, a qual, de um aperto severo de austeridade, a que uma parte do país respondeu como sempre respondeu em casos semelhantes —emigrando—, poderá cair numa espiral de fascismo fiscal, autoritarismo populista e miséria.

O ataque à poupança e à propriedade privada, na ausência do ajustamento que continua por fazer na dimensão da burocracia de estado e partidária, será seguramente a forma que o PS elegerá para mitigar o crescimento da despesa pública em centenas de domínios inúteis ou redundantes. O PS de Costa propõe-se voltar a taxar as heranças, e se um dia chegasse ao poder, não tardaria em penalizar ainda mais a iniciativa privada e os rendimentos. É esta a matriz mental da nossa imprestável esquerda, mas não é esta a matriz sociológica do país. Daí a minha convicção de que o PS não ganhará as próximas eleições.

sexta-feira, junho 12, 2015

Deutsche Bank a três passos do lixo (BBB+) !



Vem aí um Lehman Brothers Made in Germany?


E se o 12º maior banco do mundo, o Deutsche Bank  (DB), estivesse já numa espiral implosiva? A sua exposição ao mercado de derivados financeiros é superior ao PIB mundial!!!

Os sinais abundam e o pânico que parece ter tomado subitamente conta de Angela Merkel e François Hollande perante o incumprimento grego de 5 de junho é porventura o mais avermelhado aviso do buraco negro que poderá, de um momento para o outro, abrir-se diante do euro, mas também do dólar.

Tem muito dinheiro no DB? Mais de 50 mil euros? Mude-os para o BPI, para o Crédito Agrícola, ou mesmo para a Caixa Geral de Depósitos!

Nós avisámos: No Grexit / Grécia—1, Alemanha—0

Here’s a re-cap of what’s happened at Deutsche Bank over the past 15 months:
  • In April of 2014,  Deutsche Bank was forced to raise an additional 1.5 Billion of Tier 1 capital to support it’s capital structure.  Why?
  • 1 month later in May of 2014, the scramble for liquidity continued as DB announced the selling of 8 billion euros worth of stock at up to a 30% discount.   Why again?  It was a move which raised eyebrows across the financial media.  The calm outward image of Deutsche Bank did not seem to reflect their rushed efforts to raise liquidity.  Something was decidedly rotten behind the curtain.
  • Fast forwarding to March of this year:   Deutsche Bank fails the banking industry’s “stress tests” and is given a stern warning to shore up it’s capital structure.
  • In April,  Deutsche Bank confirms it’s agreement to a joint settlement with the US and UK regarding the manipulation of LIBOR.   The bank is saddled with a massive $2.1 billion payment to the DOJ.  (Still, a small fraction of their winnings from the crime). 
  • In May,  one of Deutsche Bank’s CEOs, Anshu Jain is given an enormous amount of new authority by the board of directors.  We guess that this is a “crisis move”.  In times of crisis the power of the executive is often increased.
  • June 5:  Greece misses it’s payment to the IMF.   The risk of default across all of it’s debt is now considered acute.   This has massive implications for Deutsche Bank.
  • June 6/7:  (A Saturday/Sunday, and immediately following Greece’s missed payment to the IMF) Deutsche Bank’s two CEO’s announce their surprise departure from the company.  (Just one month after Jain is given his new expanded powers).   Anshu Jain will step down first at the end of June.  Jürgen Fitschen will step down next May.
  • June 9: S&P lowers the rating of Deutsche Bank to BBB+  Just three notches above “junk”.  (Incidentally,  BBB+ is even lower than Lehman’s downgrade – which preceded it’s collapse by just 3 months)
And that’s where we are now.  How bad is it?  We don’t know because we won’t be permitted to know.  But these are not the moves of a healthy company.

Deutsche Bank The Next Lehman?
Zero Hedge, Submitted by Tyler Durden on 06/12/2015 12:15 -0400 

quinta-feira, junho 11, 2015

TAP tem novas asas

David Neeleman (Reuters)

Sérgio Monteiro está de parabéns. Ministro do próximo governo?


A Gateway, consórcio de David Neeleman e de Humberto Pedrosa, vai comprar 61% da TAP por uma proposta que lhe custa cerca de 350 milhões de euros. Uma tranche adicional de 5% está reservada a trabalhadores. Expresso (11.06.2015 13h24).

O PS perdeu hoje as eleições. Basta ouvir a criatura que reagiu à notícia da escolha do vencedor do processo de venda de 61% da TAP para intuir o radicalismo neo esquerdista (e neo estalinista) de António Costa e da corja de piratas que o acompanha. No que é, aliás, ladeado pelos realejos do PCP e do Bloco de Esquerda, numa espécie de mata-esfola populista e eleitoral.

Os idiotas, e sobretudo os piratas incorrigíveis deste PS querem privatizar a TAP, mas querem também continuar a mandar na companhia, metendo lá os seus boys&girls, mantendo as mordomias da nomenclatura partidária que arruinou o país, e retomando a negociata do novo aeroporto que in illo tempore impingiram ao já debilitado Stanley Ho, com a muleta financeira do Espírito Santo e a bênção de Almeida Santos. Na realidade, os piratas do PS prometeram a Stanley Ho os terrenos da Portela para aí se construir uma nova cidade radiante. Mas para isso era preciso esgotar a Portela, e para esgotar a Portela era preciso fazer crescer a TAP de qualquer maneira. O gaúcho Fernando Pinto foi o testa de ferro desta criminosa manobra destinada a viabilizar um negócio de muito betão e muitos milhões. Felizmente este embuste morreu.

A maioria do capital (61%), e portanto a gestão da empresa, será entregue ao consórcio privado que envolve David Neeleman e Humberto Pedrosa, 5% da empresa será vendida aos trabalhadores da companhia, e finalmente 34% da mesma será possivelmente dispersa em bolsa—não faltarão portugueses interessados em comprar títulos da nova fénix.

A TAP está falida, tem gente a mais, não se adaptou aos novos tempos da aviação e da economia mundiais, e esteve desde o governo de António Guterres ao serviço dos piratas do PS e dos banksters do BES e do BCP, mais o embuste do Novo Aeroporto de Lisboa, que começou por ter que ser na Ota, e depois passou a ter que ser em Alcochete. Esta longa conspiração cor-de-rosa, a que os lunáticos do PCP e do Bloco não prestaram qualquer atenção (ou será que prestaram?) conduziu a TAP à insolvência depois de ter contribuído pesadamente para o fardo da dívida pública que todos (menos os deputados, claro) transportamos aos ombros.

Não foi a direita que colocou o país em saldo. Foi a esquerda desmiolada e corrupta que temos. E percebe-se porquê: enquanto a direita representa os interesses patrimoniais e o valor tangível do país, incluindo o interesse em criar empresas e postos de trabalho, a esquerda que temos apenas extrai da pouca matéria prima existente todos os direitos e regalias que consegue arrebanhar, estando-se nas tintas para o que vem depois. A esquerda não sabe criar riqueza, mas sabe destrui-la.

Dos três candidatos desta terceira tentativa de encontrar uma solução de viabilidade efetiva para a TAP, venceu o melhor. Defendeu-se neste blogue a opção que viria a ser escolhida pelo governo. Ainda bem!


Artigos recém publicados sobre este assunto

Pais do Amaral: saída de pista na reprivatização da TAP (21/5/2015)

Blue TAP (14/5/2015)

TAP azul (3/6/2013)

sábado, junho 06, 2015

Carlos Alexandre


António Costa, o sargento-ajudante de José Sócrates Pinto de Sousa

O assunto do Recluso 44 começa a feder


Das duas uma, ou Carlos Alexandre tinha provas quando prendeu Sócrates, ou não tinha. Se não tinha, ou ainda não tem, a Justiça pouco credível que temos (corporativa, subserviente, coberta de privilégios a troco de algo...) está metida num grande sarilho. Se tinha e tem, ninguém compreende o que andou a fazer nestes últimos seis meses, enquanto manteve Sócrates na prisão. As simples hipóteses de que quis humilhar o ex-primeiro ministro, ou que o prendeu para lhe espremer uma confissão, seriam igualmente fatais para a corporação de juízes e procuradores. Por fim, se resolveu hoje, no dia da Convenção do PS, atenuar as medidas de segurança relativamente ao detido, sem outra explicação que não seja o momento político e eleitoral, então eu digo à justiça portuguesa, casta secularmente privilegiada em nome da subserviência face aos poderosos e do desprezo olímpico pela populaça: esperem um coice como nunca viram da sociedade!

Eu sou dos que está convencido de que José Sócrates é um pirata e que se rodeou da pior corja mafiosa do PS e do país enquanto governou. Mas esta minha convicção não passa disso mesmo, de uma convicção e de uma opinião. O sistema de justiça, porém, não se pode dar luxo de ter estados de alma, convicções, e muito menos opiniões.

Espero bem que, neste caso, que nunca foi, nem é trivial, saibam bem o que estão a fazer. A paciência para incompetência, a arrogância, a irresponsabildiade e a impunidade está a esgotar-se na sociedade portuguesa.


PS: comentário ao post da Porta da Loja, "PS vergonha e acossado":

As teias da corrupção que tecem o falido regime demo-populista e partidocrático que temos apresentam várias tonalidades: cor-de-rosa, cor de-laranja e azul. Sobre isto não haja nem se alimentem ilusões. Quanto ao caso do Recluso 44, a Justiça variável que temos tem que se despachar. Pois num ponto, e num ponto apenas, estou de acordo com quem afirma que não se prende um ex-primeiro ministro, não por causa da criatura, mas por respeito ao cargo, como se fosse um larápio qualquer, e se estique a prisão preventiva até ao limite, para produzir prova. E se não não for possível produzi-la, em que estado ficará a Justiça depois de tão catastrófico e patético fracasso? Esperemos bem, para que a falida e corrompida democracia que temos não colapse como um castelo de cartas, que a Justiça saiba o que anda a fazer.

Atualização: 11/06/2015 10:37

Grexit? (8)


O jogador de Poker

Quem tem mais trunfos, afinal? Eurolândia 2.0 a caminho?


Tsipras vai, de novo, à Rússia

Na sequência de um pedido de Alexis Tsipras para uma conversa por telefone com Vladimir Putin, que se realizou esta sexta-feira, ficou agendada a deslocação do primeiro-ministro grego a São Petersburgo, por ocasião da realização do Fórum Económico Internacional, segundo o canal de televisão russo em inglês RT.

Na ocasião realizar-se-á um encontro entre o chefe de governo helénico e o presidente russo. Aquando da primeira visita de Tsipras à Rússia em abril e do encontro em Moscovo com Putin, tinha ficado acordado que o primeiro-ministro helénico seria convidado de honra do Fórum.
Expresso, 5-6-2015

Os falsos socialistas gregos (iguais aos nossos!) levaram a Grécia à bancarrota. A direita grega ajudou à missa e também roubou o mais que conseguiu, claro. O albergue espanhol que é o Syriza herdou, pois, um país em chamas e com velhos a morrer sem conseguir chegar aos hospitais. Como afirmou, ou pensou, o ateniense, professor de economia, especialista em teoria de jogos, Yanis Varoufakis, casado com a artista Danae Stratou e atual ministro das finanças do governo grego presidido por Alexis Tsipras, humilhar um país falido com chantagens de toda a espécie não é um comportamento decente, nem sobretudo avisado.

A verdade é que a Grécia já reestruturou duas vezes a sua dívida pública (artigo de Nuno André Martins), que o resto dos contribuintes europeus pagou, está a pagar e vai continuar a pagar. E vai reestruturá-la uma vez mais depois do incumprimento desta semana, deixando agora, sob instruções diretas de Obama, o FMI pendurado, além de outros credores institucionais.

Os banksters alemães, espanhóis, franceses, holandeses, portugueses, etc., já despacharam os calotes para o BCE. Mas como no fim de junho a tragédia terá novo episódio, a que se seguirão outros, pois a dívida grega é impagavel e ingerível (ver quadros da dívida a pagar até 2057), Alexis Tsipras volta a Moscovo, para negociar com Putín a sua proteção contra o cerco financeiro montado à sua porta.

Desengane-se quem acreditar que esta jogada não passa de um bluff.

A reunião de urgência em Berlim, entre a chanceler Merkel, o pacóvio Hollande e Jean-Claude Juncker, testemunham a desorientação e fraqueza completas da UE perante o colapso financeiro, económico e social de um dos seus membros estratégicos que, com o Chipre, outro membro que a UE deixou cair de forma desastrosa e arrogante, tem a chave oriental do Mediterrâneo.

Talvez nos estejamos a aproximar rapidamente do Grito do Ipiranga da metade sul da União Europeia, a qual se prepara para rejeitar a hegemonia regional alemã. Será que alguém explicou estes detalhes ao Passos de Coelho? É que convém não ser apanhado com os calções arreados!

O impacto da crise grega nas eleições espanholas e portuguesas é imprevisível neste momento.

Não gostaria nada de ver Portugal, Espanha, Itália e Grécia regressarem a um absolutismo colbertiano mascarado de eco-marxismo neo-keynesiano, largamente burocrático, corrupto e irresponsável, como aquele que o governo de José Sócrates exibiu em plenitude e a que António Costa e os seus pindéricos economistas querem regressar a troco de um prato de lentilhas. A razão é simples: numa economia falida o mercantilismo da substituição das importações, das exportações e do protecionismo só podem existir em regime burocrático fechado, em ditadura, sem liberdade, sem cultura. Foi, aliás, para resolver um problema de falência das finanças públicas semelhante ao que hoje temos, que fomos forçados a aturar Salazar entre 1926 e 1968.

“Que faut-il faire pour vous aider?” perguntou Colbert. “Nous laisser faire”, respondeu (reza o mito) o comerciante Legendre.

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sexta-feira, junho 05, 2015

Angola mon amour

Sindika Nokolo, Rui Moreira e Paulo Cunha e Silva na exposição "You Love Me, You Love Me Not"

Um país sem falsos socialistas consegue resolver os seus problemas


Este é um bom negócio para o ex-colonizador falido, e para a ex-colónia que desponta como um dos grandes países africanos. Ninguém estranha que a antiga colónia britânica, os EUA, tenha sido ao longo de mais de um século um dos principais investidores no Reino Unido e na Irlanda. Mas há gente doida (e racista) do meu país que estranha os investimentos de Angola em Portugal. Ontem, Fernando Alvim, vice-presidente da angolana Fundação Sindika Dokolo, que em breve abrirá a sua sede europeia, no Porto, deu uma lição de anti-colonialismo e história a quem o quis ouvir (no cada vez melhor Canal Porto). Espero que alguém envie uma cópia do programa à família Soares!
Efacec tem porta aberta para negócios em Angola
Jornal de Negócios, 05 Junho 2015, 00:01

A Efacec tem a porta aberta para negócios em Angola, na área da energia, onde o governo do país prevê realizar investimentos de 21 mil milhões de euros até 2017.


Parabéns Porto, parabéns Luanda! 

2015 é o ano em que se fecha um anel de civilização com seis séculos. De Ceuta (1415), a Europa, com Portugal na frente, contornou África, deixou apelidos em Malaca, chegou à Índia, à China, ao Japão, à Terra Nova e à Gronelândia (que os dinamarqueses reinvindicariam como colónia sua duzentos anos depois). Sempre por mar, ouvindo as sereias e em busca da Ilha dos Amores. Fernão Magalhães provou que a Terra era redonda, e até à Austrália chegámos, guardando bem o segredo, por causa de Tordesilhas!

Seiscentos anos depois é a vez do mundo outrora longínquo conhecer esse canto da Terra chamado Europa, e a sua mais bela praia atlântica: Portugal. A China percebeu. Angola percebeu. Os brasileiros sempre souberam. O Japão também. O Vietname vem a caminho. E que melhor cidade para dar as boas vindas a este novo descobrimento, que o estuário onde Portugal nasceu e os seus homens de negócios levaram narizes, idioma, sabores e modos de negociar a toda a parte? A imperial e falida América de Obama deveria aprender connosco a arte da diplomcia e a humildade produtiva dos nossos comerciantes.

Bem votou quem votou no Rui Moreira!

Fundação Sindika Dokolo vai ter antena mundial no Porto
Público, 20/05/2015

A Fundação Sindika Dokolo (FSD), instituída em Luanda, vai ter a sua nova antena mundial no Porto, num espaço que está ainda a ser procurado para o efeito em articulação com a autarquia local.

“Nós sentimo-nos muito próximos do conceito de 'cidade líquida' desenvolvido pelo Paulo Cunha e Silva, e achamos que o que está a acontecer na cidade, do ponto de vista cultural, é extraordinário”, disse ao PÚBLICO Fernando Alvim, artista plástico e vice-presidente da fundação, a justificar a escolha do Porto como sede europeia e antena mundial da instituição.

Fundação do marido de Isabel dos Santos terá sede europeia no Porto
Expresso, 19.05.2015

Sindika Dokolo fechou com chave de ouro a exposição "You Love Me, You Love Me Not", que decorreu Galeria Municipal nos jardins do Palácio de Cristal, e em dois meses recebeu 40 mil visitantes, anunciando que o Porto terá a futura sede europeia da fundação com o seu nome.

O colecionar e empresário congolês, marido da empresária Isabel dos Santos e detentor da mais importante coleção de arte africana atual, já anda à procura de um local onde ficarão instalados os escritórios e um espaço cultural da fundação. Neste espaço, que não será fechado à coleção de arte ou a temas apenas relacionados com o contexto africano, pretende-se criar uma rede multidisciplinar, que provoque encontros e reflexão sobre o movimento da contemporaneidade nas suas diversas áreas.

Fascismo fiscal não é solução

Dinamarca: dez carros de funcionários das finanças ficaram neste estado

Premiar os funcionários em função do que conseguem surripiar aos contribuintes talvez não seja uma boa ideia


Um idiota qualquer filosofava esta noite na TVI sobre as vítimas colaterais da eficiência fiscal, da qual, disse, faria aparentememte parte os chefes das repartições de finanças não respeitarem sequer as decisões dos tribunais. Se assim é, o melhor mesmo é despedir todos estes funcionários e deixar os computadores fazerem o seu trabalho, incluindo responder aos tribunais. Lógicos como são, jamais lhes passaria pela RAM a arrogância peregrina de desrespeitar os tribunais, ou realizar manobras processuais dilatórias.

Do que a eficiência informática precisa é de assistentes de carne e osso que humanizem a cibernética, funcionando como interfaces amigáveis com os demais humanos, e não de burocratas transformados em mastins enraivecidos de um regime corrupto, falido e insaciável.

The Danes Are Revolting: Tax Administration Set On Fire
Submitted by Tyler Durden on 06/04/2015 15:00 -0400, Zero Hedge

In Fredensborg, Denmark, ten official cars from the Tax Administration Office were set on fire and destroyed overnight in a protest. As ExstraBladet reports, police received notification Wednesday night at 3:09 a.m. that the Tax Administration offices on Kratvej were on fire. So far, there are no suspects. But, as Martin Armstrong notes, the police will undoubtedly hunt for someone retaliating against the Tax Man.

segunda-feira, junho 01, 2015

A querela dos 600 milhões

Foto © Miguel Manso, Público

As privatizações dão receita uma vez. Só a diminuição estrutural da despesa garante o reequilíbrio das contas públicas. Dói, mas é assim...


PSD admite cortar nas pensões mais altas
Cortar pensões sim, mas nunca as mais baixas ou as médias. Na direcção do PSD, procuram-se soluções para um buraco de 600 milhões de euros na Segurança Social e, até agora, a hipótese mais forte em cima da mesa é a de cortar as pensões mais altas. SOL

Bastará alguma poda criteriosa nas pensões acima dos 2000 euros (começando por avaliar justamente as carreiras contributivas, milhares das quais são incompletas e deram injustificadamente direito a pensões completas) para arrecadar anualmente os 600 milhões de que fala a ministra.

Basta analisar o mapa das pensões publicado pelo governo para chegarmos a esta conclusão. Faça Você mesmo os cortes!

Clique na img para ampliar

Que opina António Costa sobre a necessidade de um ajustamento socialmente justificado num sistema de pensões escandalosamente distorcido pela partidocracia e demais devorists e rendeiros do país falido que hoje temos?

Por fim, cuidados e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém. Basta reparar no que, sobre esta mesma matéria, ocorre em países como a... Suíça!

Swiss pension schemes ‘bankrupt in 10 years’Financial Times

Swiss pension schemes will be bankrupt within 10 years unless Switzerland’s government wins public support for a radical overhaul of the retirement system, experts have warned.

The pressure on Switzerland’s occupational pension system, which accounts for SFr800bn ($840bn) of assets, has intensified this year due to recently imposed charges on cash accounts and shrinking government bond yields.