quinta-feira, junho 15, 2006

Ellipse Foundation

João Rendeiro: fundo de investimento ou colecção?

“Até agora e até abrirmos o Art Center, apesar de a Colecção Ellipse já estar disponível no site da Fundação há muito tempo, não houve nenhum comentador que se tivesse dado ao cuidado de clicar na internet e ver a importância da Colecção”. — João Rendeiro (Ellipse Foundation/ Contemporary Art Collection)

Li a entrevista dada por João Rendeiro a Sandra Vieira Jürgens sobre aquilo que parece ter sido o óbvio fracasso do fundo de investimento em ‘arte contemporânea’ lançado sob os auspícios do Banco Privado Português e com o entusiasmo do seu presidente, João Rendeiro, e dos seus dois consultores especializados, Alexandre Melo e Pedro Lapa.

Pedro Lapa, por acaso, já era director do Museu do Chiado, quando a iniciativa de João Rendeiro teve lugar (em 2002), tendo ao mesmo tempo seleccionado para ambos os teatros de operações — o Museu do Chiado e o então fundo de investimento do Banco Privado (agora rebaptizado Fundação Ellipse, com sede em Amesterdão) — os seguintes artistas: Gillian Wearing, James Coleman, Jimmie Durham, João Onofre, Rosângela Rennó, William Kentridge. Donde que a sua tentativa de desvalorizar um óbvio caso de conflito de interesses e de abuso dos mecanismos de legitimação inerentes à actividade museológica desinteressada do Estado, não colhe. Quando falo desta situação a amigos estrangeiros olham-me com grande incredulidade como se estivesse a falar de um caso na Nigéria, no Chade ou na República Centro Africana.

As explicações dadas agora pelo financeiro parecem confusas. Afinal de que trata a sua colecção?

De um fundo de investimento privado com garantias dadas pelo seu banco, cujo fim último é especular com a compra e venda de obras de arte?

De uma colecção privada do Sr. João Rendeiro, do Banco Privado e de mais alguns amigos seus, que não aspira a outro fim que o deleite estético e a benemérita intenção de prestar um serviço à comunidade?

Ou de uma Fundação? E se for este o caso, com que fins? Apenas coleccionar? Ou também especular com investimentos em arte? O recente caso Afinsa pesa seguramente sobre este confuso projecto, inicialmente vendido em Portugal, em Espanha e no Brasil, como aposta certa para chegar a rentabilidades da ordem dos 12,4% ao ano, e agora reduzido a tímido sonho cultural.

Recomendo, pois, a leitura da entrevista dada pelo banqueiro a Sandra Vieira Jürgens no sítio da ARTECAPITAL, e depois, a comparação do respectivo conteúdo com duas outras leituras:

— a de uma notícia do sítio brasileiro ISTO É DINHEIRO, de 17/03/2004 sobre as intenções do Presidente do Banco Privado Português numa sua visita a São Paulo, de que cito esta passagem esclarecedora:
“O produto financeiro anunciado é semelhante a um fundo de investimento internacional. Os investidores serão cotistas da empresa Elipse Foundation. A entidade ficará responsável pela organização e promoção da nova coleção. A aplicação mínima é de US$ 300 mil. Será preciso ainda esquecer do dinheiro durante um período que pode variar entre sete e nove anos. ‘No longo prazo, os ganhos são atraentes’, diz Rendeiro. Entre 1986 e 2002, o Contemporary Art, índice do mercado internacional de arte contemporânea, rendeu, em média, 12,4% ao ano.

A Elipse Foundation terá um patrimônio total de US$ 25 milhões para garimpar obras com potencial de valorização pelo mundo afora. A meta posterior é vender a coleção para um museu. Não se assuste com o fantasma da falta de clientes que ronda esse mercado — o Banco Privado Português garante a compra das peças. Mas não assegura, contudo, o preço. Como em qualquer aplicação financeira, portanto, existe risco. O investimento tem o aval do próprio banqueiro, um bem-sucedido colecionador de arte. Para atrair a confiança dos clientes, Rendeiro promete: aplicará US$ 2,5 milhões do próprio bolso.”

— e a de uma outra notícia publicada pelo Portal da Bolsa de 26/03/2004:

“João Rendeiro revelou ainda que a Ellipse Foundation, uma fundação criada pelo BPP para investir em arte, já terminou a sua colocação de capital, junto de 40 investidores portugueses, espanhóis e brasileiros. O investimento total de 20 milhões de euros irá ser colocado ao longo de 4 anos.”

Sabemos agora que ‘a lógica inicial está ultrapassada’. E que ‘A fundação não reuniu, como se propôs, 40 investidores portugueses, espanhóis e brasileiros. Nem exige já a participação mínima de 250 mil euros’, como se pode ler na notícia dada pelo Diário de Notícias online de 22/05/2006.

O banqueiro queixa-se de que ninguém viu o sítio onde publicita a novel colecção, e que os jornalistas se perdem em assuntos de menor importância. Pois fique o banqueiro sabendo que me dei ao trabalho de visitar o dito sítio. Não me admira, depois de passar os olhos pelas aquisições, que os investidores não tenham chegado aos quarenta ambicionados, e que boa parte dos que entraram tenham entretanto saído. A colecção é, de facto, irrelevante e desactualizada, não obedecendo a nenhuma estratégia inteligente, nem no plano financeiro, nem no plano da avaliação crítica. Tratando-se de uma aposta na chamada ‘arte contemporânea’, i.e. num período pretérito e bem delimitado da arte do século 20, denota óbvia falta de recursos para se abalançar em objectivo tão ambicioso. Será que ninguém explicou ao banqueiro quanto custam hoje obras significativas de autores vivos como Gehrard Richter, Cy Twombly, Andrew Wieth, Charles Ray, Brice Marden, Jeff Koons, Sigmar Polke, Elsworth Kelly, Robert Rauschenberg, Damien Hirst, Jasper Johns, David Hockney, Agnes Martin, Bruce Nauman, Robert Ryman, Georg Baselitz, Frank Stella, Andreas Gursky, Jannis Kounellis, Julian Schnabel, Christopher Wool, Nan Goldin, David Salle, Mathew Barney, Thomas Ruff, Ross Bleckner, Vanessa Beecroft, Malcom Morley, Sol LeWitt ou Mariko Mori? Estou apenas a citar alguns dos 200 autores ‘contemporâneos’ com maiores volumes de negócios e com os quais, por sinal, se poderia de facto fazer um excelente investimento em ‘arte contemporânea’...

Se, ao invés, a intenção fora a de investir em futuros, i.e. se a estratégia adquirida pelo banqueiro pretendia antecipar os novos valores da arte do século 21, então o erro foi ainda mais desastroso. Não há na lista de autores/obras disponíveis no sítio da Ellipse Foundation, um único autor representativo da centena e meia de artistas pós-contemporâneos que agora mesmo poderia ditar para este postal electrónico. A arte do século 21 é antes de mais uma arte post-contemporânea. O seu processo generativo fundador começou no início da década de 90 do século passado e deve a sua originalidade a um processo de ruptura multi-dimensional com as práticas teoricamente esgotadas e corrompidas da ‘arte contemporânea’. Trata-se de uma arte nascida de linguagens inteiramente novas, essencialmente cognitivas antes de se tornarem intuitivas, expressivas e performativas. Para um pequeno coleccionador, como parece ser o caso de João Rendeiro, olhar para o complex media em que se move a arte mais sintomática do início deste século ainda poderá ajudar a salvar o seu mal encaminhado empreendimento.

Para provar que passei os olhos pela mal-formada colecção Ellipse, deixo à apreciação do leitor uma lista com todos os autores representados na dita colecção. Os números entre parêntesis curvos correspondem ao número de obras por autor. Os números entre parêntesis rectos, correspondem à minha avaliação pessoal das obras adquiridas numa escala de 1 a 10...

Aballí, Ignasi (6) [1]
Ackermann, Franz (1) [1]
Ahtila, Eija-Liisa (1) [5]
Arrechea, Alexandre (1) [3]
Atay, Fikret (1) [7]
Baldessari, John (1) [5]
Balka , Miroslaw (1) [5]
Balkenhol, Stephan (1) [5]
Barney, Matthew (1) [5]
Becher, Bernd and Hilla (1) [7]
Bickerton, Ashley (2) [6]
Bradley, Slater (3) [6]
Breuning, Olaf (15) [6]
Cabrita Reis, Pedro (2) [1]
Coleman, James (1) [7]
Cragg, Tony (1) [6]
Croft, José Pedro (1) [2]
Da Cunha, Alexandre (2) [3]
Dijkstra, Rineke (7) [2]
Dittborn, Eugenio (2) [4]
Dunham, Carroll (1) [5]
Durham, Jimmie (7) [7]
Einarsson, Gardar Eide (3) [4]
Eliasson, Olafur (2) [4]
Fulton, Hamish (1) [6]
Gober, Robert (2) [7]
Gonzales-Torres, Felix (1) [5]
Gordon, Douglas (1) [6]
Graham, Dan (4) [7]
Graham, Rodney (1) [6]
Hammons, David (1) [5]
Hatoum, Mona (1) [2]
Havekost, Eberhard (1) [1]
Herrera, Arturo (2) [1]
Hirschhorn, Thomas (2) [3]
Höfer, Candida (3) [4]
Huyghe, Pierre (2) [5]
Iglesias, Cristina (2) [3]
Michael Elmgreen & Ingar Dragset (2) [2]
Islam, Runa (1) [4]
Jamie, Cameron (3) [3]
Jankowski, Christian (1) [5]
Julien, Isaac (1) [5]
Kabacov, Ilya & Emilia [6]
Kelley, Mike (1) [6]
Kentridge, William (3) [6]
Klauke, Jurgen (1) [4]
Kuitca, Guillermo (1) [3]
Lawler, Louise (4) [5]
Lockhart, Sharon (1) [4]
Lucas, Sarah (1) [3]
Marepe (2) [1]
McBride, Rita (2) [1]
McCollum, Allan (1) [4]
McDermott & McGough (1) [1]
McQueen, Steve (1) [2]
Meireles, Cildo (1) [3]
Mir, Alexandra (4) [1]
Moffatt, Tracey (1) [?]
MP & MP Rosado (4) [1]
Neshat, Shirin (1) [3]
Neto, Ernesto (1) [3]
Neuenschwander & Guimarães, Rivane & Cao (1) [?]
Onofre, João (1) [2]
Opie, Catherine (3) [?]
Orozco, Gabriel (2) [5]
Ortega, Dámian (1) [1]
Oursler, Tony (1) [6]
Pardo, Jorge (2) [1]
Pettibon, Raymond (18) [5]
Pfeiffer, Paul (1) [2]
Pierson, Jack (2) [1]
Prince, Richard (4) [5]
Puch, Gonzalo (2] [1]
Rennó, Rosângela (4) [1]
Rosefeldt, Julien (2) [2]
Rosenblum, Adi + Muntean, Markus (3) [2]
Sachs, Tom (1) [1]
Sala, Anri (1) [1]
Sarmento, Julião (1) [1]
Scheibitz, Thomas (1) [1]
Schorr, Collier (4) [5]
Schütte, Thomas (2) [5]
Sekula, Allan (2) [4]
Shearer, Steven (2) [1]
Sherman, Cindy (6) [7]
Simmons, Laurie (3) [3]
Simpson, Lorna (2) [3]
Slominski, Andreas (1) [1]
Solakov, Nedko (1) [1]
Starkey, Hannah (1) [1]
Struth, Thomas (1) [3]
Tillmans, Wolfgang (1) [1]
Tiravanija, Rirkrit (1) [1]
Trockel, Rosemarie (1) [?]
Uslé, Juan (1) [1]
Vale, João Pedro (1) [1]
Varejão, Adriana (1) [4]
Walker, Kara (1) [4]
Wall, Jeff (1) [5]
Wearing, Gillian (4) [6]
Weiner, Lawrence (3) [3]
Fischli & Weiss (2) [3]
Williams, Sue (3) [5]
Wilson, Robert (1) [5]

in Sítio da Ellipse Foundation


OAM #126 14 JUN 2006

sexta-feira, junho 09, 2006

Nuclear 1

O Mapa nuclear do séc. 21

Nuclear Reactor vessel Fifteen years ago I thought solar power was impractical because I thought nuclear power was the answer. But I spent some time on an advisory committee on waste disposal to the Atomic Energy Commission. After that, I began to be very, very skeptical because of the hazards. That's when I began to study solar power. I'm convinced we have the technology to handle it right now. We could make the transition in a matter of decades if we begin now.” — M. King Hubbert (1974)

A energia nuclear não é renovável, nem substitui o potencial energético e tecnológico dos hidrocarbonetos. Mas teremos alternativa? As reservas de urânio conhecidas, no máximo uns 4 milhões e 500 mil toneladas, das quais se extraem por agora cerca de 35 mil ton./ano, para um consumo anual médio de 65 mil toneladas (o diferencial provem da recuperação do vasto arsenal atómico da ex-URSS e do enriquecimento de escórias por aproveitar) duraria 69 anos (2075) se o actual número de reactores (441) e o respectivo consumo se mantivessem inalteráveis. No entanto, em Dezembro de 2004 o American Nuclear Society registava mais 49 reactores em construção ou encomendados. E por outro lado, países como a China (11 reactores), a India (22 reactores) e a Rússia (38 reactores) estão muito longe de atingir os patamares nucleares dos Estados Unidos (104 reactores) e da Europa a 25 (166 reactores). As contas são simples: quando a China, a India e a Rússia se aproximarem dos patamares nucleares norte-americano e europeu, sobretudo depois de os preços do petróleo e do gás natural ultrapassarem certos limiares, o actual número de reactores nucleares poderá facilmente chegar aos 650. Estaremos então no ano 2020... O consumo de urânio poderá andar pelas 97.500 ton./ano. A esperança de vida das centrais de fissão nuclear projectar-se-à então para o ano 2057, e não para o ano 2075, como sucederia se os actuais consumos de urânio não sofressem qualquer incremento! Valerá a pena? Será inevitável? Chegará a fusão nuclear entretanto?

Depois de terminado o ciclo da fissão nuclear, basicamente destinado à produção de electricidade, as gerações futuras ficarão com um lixo muito perigoso para administrar, cuja diluição natural custará biliões de Euros, durante muitíssimos anos, já que a escória nuclear pode levar até 500 anos a “dissolver-se” na Natureza. Por outro lado, a curto e médio prazo, nenhuma das conhecidas alternativas ao petróleo, ao gás natural e ao carvão (hidroeléctricas, paineis solares, eólicas, bio-massa, bio-diesel, hidrogéneo, ondas e termo-despolimerização), são capazes de gerar os montantes de energia eléctrica necessários para evitar um duradouro apagão à escala planetária! Os conflitos bélicos em curso e futuros andam há muito e continuarão a andar todos em volta destes problemas. Onde está o resto do petróleo?! Onde está o urânio?! Onde estão as terras capazes de processar a alimentação necessária a um planeta a caminho dos 9 mil milhões de almas?! Estas são as grandes perguntas do século, cujas respostas parecem continuar mais na ponta dos “cutters”... e dos mísseis nucleares, do que no bom senso. Já ouviram falar de Negawatts?

Actualização: 16-08-2007


Citação: On The Nature Of Growth. M. King Hubbert 1974. PDF (500 Kb)
Imagem: esquema de um reactor nuclear de água pressurizada - PWR.
MAPAS — para obter 2 mapas actualizados da localização das centrais nucleares por esse mundo fora, basta encomendá-los ao American Nuclear Society.
Reactores nucleares: excelente artigo no Wikipedia.
Um artigo publicado no FEASTA - Foundation for the Economics of Sustainability, que desmistifica a ideia de que o nuclear é uma energia limpa. In WHY NUCLEAR POWER CANNOT BE A MAJOR ENERGY SOURCE by David Fleming, April 2006

OAM #125 08 JUN 2006

terça-feira, junho 06, 2006

Futuro 21

7 New Denmarks, Hydrogen Society, partial view

Depois de O Grande Estuário:
Too Perfect Seven New Denmarks


A representação da Dinamarca à próxima Bienal de Veneza de Arquitectura é um projecto chamado Too Perfect Seven New Denmarks, encarregado pelo Danish Architecture Centre e comissariado e desenhado (em colaboração com PLOT) por Bruce Mau, um dos mais notórios designers gráficos da actualidade. O projecto é obviamente o resultado de uma cooperação intensa entre vários gabinetes de arquitectura dinamarqueses e consegue, através de uma excelente estratégia criativa, de informação e representação informacional, projectar uma imagem optimista e criativa de um país europeu aparentemente pequeno, mas cheio de ambição.
O projecto resume-se basicamente a 7 perguntas provocatórias:

  1. What if Denmark was the port to the New Europe? (E se a Dinamarca fosse o porto da Nova Europa?)

  2. What if Denmark had an energy bill of zero? (E se a Dinamarca tivesse uma factura energética igual a zero?)

  3. What if Denmark farmed pharmaceuticals? (E se a Dinamarca cultivasse remédios?)

  4. What if Denmark was the world's housing factory? (E se a Dinamarca fosse a grande fábrica mundial da habitação?)

  5. What if Denmark made parenting effortless? (E se a Dinamarca transformasse o cuidado dos filhos numa tarefa fácil)

  6. What if Denmark doubled its coastline? (E se a Dinamarca duplicasse a sua linha de costa?)

  7. What if Greenland was Africa's water fountain? (E se a Dinamarca fosse a fonte aquática da África?)


O ponto de partida deste exercício de imaginação e de cidadania pró-activa é o próprio panorama dramático que temos diante de nós, em todo o planeta: fim dos combustíveis fósseis baratos, aquecimento global, degelo dos glaciares, erosão e exaustão dos solos agrícolas, falta de água, etc. Perante este panorama preocupante, das duas uma: ou não lhe prestamos atenção e nos auto-condenamos à extinção; ou, pelo contrário, reagimos, e as estratégias de minimização e de eventual ultrapassagem das dificuldades extremas que temos pela frente serão tantas quantas a nossa imaginação e inteligência colectivas conseguirem produzir. Outro ponto de partida interessante desta proposta especulativa, fortemente apoiada por instituições culturais e empresas privadas, é o da necessidade de enfrentar a perda de competitividade europeia face à emergência da nova Eurásia, cujo crescimento económico e regime de exploração do trabalho (segundo os tão propalados modelos liberais do Capitalismo) são e serão imbatíveis no decorrer das próximas décadas. A ideia básica é a seguinte: porquê procurar competir num terreno completamente desvantajoso, se pudermos mudar o paradigma do desenvolvimento?
Ora é precisamente esta mudança de paradigma que, de uma forma ou de outra, acaba por vertebrar boa parte das soluções propostas por Too Perfect Seven New Denmarks.

Transformar a Dinamarca no maior porto europeu do Báltico, quando se sabe que o transporte marítimo (ao contrário do transporte aéreo ou terrestre) vai ser decisivo ao longo de todo o século 21, pois é o único que está virtualmente preparado para receber sistemas de propulsão nuclear, é obviamente uma ideia interessante, tanto mais que o estudo se propõe desta forma libertar um espaço urbano precioso para novos estilos de vida.

Já a ideia de substituir todas as fontes de energia fóssil por hidrogénio pode ser mais discutível. Mas ainda assim, o princípio de pensamento usado é mais do que defensável: cada país terá que inventariar rapidamente quais são as suas escapatórias — primeiro face à subida vertiginosa dos preços do petróleo e do gás natural (que os países ricos e produtores poderão pagar, mas os pobres e sem reservas de hidrocarbonetos, não); depois, face à necessidade inevitável de os substituir por outras fontes energéticas e por outras matérias primas e sistemas de reciclagem.

Libertar os terrenos agrícolas saturados de adubos e pesticidas, a favor de uma paisagem que recupere a biodiversidade e a beleza ambiental e favor de uma nova espécie de agricultura — a farmacocultura — ganhando neste capítulo vantagens competitivas sobre uma Eurásia demasiado ocupada com a produção quantitativa de baixo custo — é seguramente uma boa opção, sabendo-se como se sabe do enorme potencial científico da farmacologia europeia.

Uma grande fracção dos combustíveis gastos nos transportes terrestres destina-se à fileira da construção civil: camiões com andaimes, areia, brita, cimento, pedra, tijolo, ferro, armações, coberturas, pavimentos, isolantes, tintas, material eléctrico, equipamentos telefónicos, telemáticos e de segurança, electrodomésticos, etc..., circulam e saturam as auto-estradas e as estradas da Europa e do mundo. A energia gasta na produção destes camiões, na construção e manutenção das vias terrestres, na alimentação dos veículos, na manipulação de todos estes materiais avulsos, faz da construção civil a mais artesanal e atrasada indústria do século 21. E além disso, faz dela uma actividade económica cada menos competitiva e insustentável do ponto de vista financeiro. O crash imobiliário actualmente em gestação, e que provavelmente irá estourar ao longo de 2007, lançará este sector numa dramática encruzilhada de paradigmas. Pois bem, Bruce Mau e os arquitectos que com ele trabalharam propõem a recuperação do espírito da Bauhaus como melhor estratégia para resolver o grande problema que aí vem. Trata-se, no fundo, de renovar o programa da concepçãp/produção da unidade habitacional à luz dos princípios inovadores de Walter Gropius: a casa como máquina de habitação pode ser produzida de forma concentrada, modular e em série! Desta vez, porém, haverá que aplicar as melhores tecnologias e o melhor pensamento computacional para conseguir gerar um novo conceito de habitáculo modelar, sustentável, complexo, variável, orgânico, leve, acoplável, inteligente... e sensível. Que a Dinamarca possa ser a primeira grande fábrica do novo falanstério do século 21, eis um desafio entusiasta em que não me importaria nada de participar.

A população europeia tem vindo a decrescer, em grande medida porque o sistema capitalista tornou a vida familiar e reprodutiva num inferno. Que podemos fazer? Pois fazer deste problema a ocasião para o desenvolvimento de uma estratégia de económica de diferenciação e especialização cognitiva, científica e tecnológica, onde, uma vez mais, a Eurásia não poderá susbtituir-se a esta nova simbiose entre economia e cidadania.

Duplicar a linha de costa, seguindo a teoria dos fractais, sabendo que com tal mega-projecto se libertam espaços inesperados para o novo hedonismo, sustentável, do século 21, é um achado ditirâmbico de génio!

Como genial é a ideia de aproveitar as quantidades inimagináveis de água doce que começaram a desprender-se da Gronelândia (por efeito do aquecimento global) para acudir às zonas áridas do planeta (em especial a África) onde morrem por anos milhões de pessoas, ora por falta do precioso líquido, ora em consequência das doenças causadas pela contaminação do mesmo, ora em resultado das guerras, chachinas e genocídios provocados pelas disputas territoriais em volta dos escasos recursos hídricos disponíveis.

A Dinamarca é um pequeno grande país europeu. Deu ao mundo grandes desenhadores de utopias. Too Perfect Seven New Denmarks é o exemplo perfeito de que poderemos voltar a contar com eles. O facto de em Portugal termos lançado, em 1 de Maio de 2005, um projecto em muitos aspectos semelhante — O Grande Estuário — mostra tão sómente que os tempos da utopia regressaram. No princípio do século 20, chamou-se Construtivismo. Eu agora, a esta nova utopia, chamo Reconstrutivismo!


Too Perfect Seven New Denmarks
What if Denmark was the port to the New Europe? Superharbour proposes to
consolidate all industrial harbour activity into one Baltic gate in order to liberate
the harbor cities for new forms of urban life.
What if Denmark had an energy bill of zero? HySociety proposes a design plan to
reduce Denmark's consumption of fossil fuels to zero, by feeding waste energy back
into the consumption loop.
What if Denmark farmed pharmaceuticals? Pharmland proposes that Denmark transform
its farmland into pharmaceutical production sites, creating a much higher yield per
hectare and liberating much of the country's landscape.
What if Denmark was the world's housing factory? House Express argues that most
manufacturing industries have evolved from craftsmanship to mass production. But not
the construction industry. This project shows how that evolution could create housing
for the global market.
What if Denmark made parenting effortless? Child Inc. argues that, as with many
industrialized societies, Danish society is turning into a childless one. This project
proposes solutions to a series of lifestyle conflicts, solutions which will radically
transform the notion of caring for children.
What if Denmark doubled its coastline? Endless Coastline is a tool kit that
structures tourism and prevents it from destroying the authenticity of a place, in
part by increasing Denmark's most sought-after feature: its coastline.
What if Greenland was Africa's water fountain? New Greenland argues that lack of
water is one of the world's most pressing dilemmas. Greenland, a semi-autonomous
region of Denmark, has the natural resources to relieve a major part of the world's
water stress.
To launch its utopias into the world and test their pragmatism, this open letter
is formulated as an exhibition of propositions addressed to the people who hold the
purse strings and have the power to make each pragmatic utopia come true. Should
Denmark take the shape of the future ? or should the future take the shape of Denmark?
Sincerely,
Bruce Mau Design
and the Too Perfect Project Team



OAM #124 06 JUN 2006

quinta-feira, maio 25, 2006

OURO 1

1 Dolar
A moeda americana perdeu até 10 Ago 2006 36% do seu valor face ao Euro

Aceleração de uma crise sistémica global


O Laboratório europeu de Antecipação Política — Europa 2020, a que estão associados os investigadores Franck Biancheri, Régis Jamin, Ricardo Migueis e Thierry Warin, entre outros, chegou ao conhecimento de muitos de nós após ter antecipado a 15 de Fevereiro de 2006 a crise económica e política global em que estamos a entrar. Com regularidade mensal, este boletim coloca à disposição dos seus assinantes informação profissional especializada sobre as tendências evolutivas estruturais da cena europeia e internacional. O facto de podermos contar com uma versão portuguesa dos boletins deste think tank a partir da edição do passado mês de Março, merece uma chamada de atenção especial. Transcrevo um resumo do comunicado público que entretanto me chegou à caixa de correio electrónico.

Entrada na fase 2 da crise sistémica Global, a fase de aceleração: sete consequências concretas para os actores e decisores económicos e políticos
O LEAP/E2020 anunciou, em 15 de Fevereiro de 2006, o despoletar de uma crise sistémica global para o fim do mês de Março seguinte. Hoje, a meio de Maio de 2006, o LEAP/2020 pode anunciar que esta fase inicial da crise sistémica global está quase terminada e que, a partir do início de Junho de 2006, a crise vai entrar na sua fase de aceleração. Antes de detalhar as suas principais características, o LEAP/2020 julga no entanto útil explicitar o modo de desenvolvimento de uma tal crise sistémica.
Uma crise sistémica global desenvolve-se segundo um processo complexo de que podemos destacar quatro fases que se podem interpenetrar:
— uma primeira fase, dita de «despoletamento», que subitamente vê convergirem e entrarem em interacção toda uma série de factores, até agora desligados, a qual é essencialmente perceptível pelos observadores atentos e pelos actores principais.
— uma segunda fase, dita de «aceleração», que se caracteriza por uma brutal tomada de consciência por parte da grande maioria dos actores e observadores de que a crise se instalou em definitivo, na medida em que rapidamente começa a afectar um número cada vez maior de componentes do sistema.
— uma terceira fase, dita de «impacto», que é constituída pela transformação radical do próprio sistema em si (implosão e/ou explosão) sob o efeito de factores acumulados, e que afecta simultaneamente a sua integridade.
— e por fim, uma quarta fase, dita de «decantação» que vê surgirem as características do novo sistema saído da crise.

No caso da actual crise sistémica global, o LEAP/2020 considera a partir de agora que a fase inicial, de despoletamento, está a terminar e que ao longo de Junho de 2006, o mundo vai entrar na fase de aceleração da crise.
Assim, em menos de três meses, todo um conjunto de «certezas» sobre o futuro foram postas em causa (dominação «inelutável» do Dólar, «retorno» ao petróleo barato, solução pacífica do conflito Irão/Usa, durabilidade da «bolha imobiliária» americana, «domínio» dos Estados Unidos sobre os outros actores mundiais chave que são a China e a Rússia, ...) e um grande número de indicadores apontam a partir de agora para direcções convergentes de desequilíbrio do sistema actual (subida vertiginosa do preço do ouro e dos metais preciosos, aumento das pressões inflacionistas, novo aumento das taxas de juro, aproximação do Euro aos 1,30 US$, transformação em Euros de um crescente montante de reservas de bancos centrais, subida das moedas asiáticas, crises bolsistas e monetárias em muitas regiões do mundo, multiplicação, desde há cerca de um mês, de artigos na grande imprensa mundial e nacional mencionando os termos «krach, crise, colapso, risco de conflito, ...»).

Esta fase de despoletamento desempenha de facto, de acordo com a equipe do LEAP/2020, o papel de período de «aprendizagem» para os actores do sistema. Alguns anteciparam correctamente as evoluções e apostaram na ruptura com as tendências que supostamente dominavam o sistema. E se, há apenas algumas semanas, pareciam marginais e inconscientes aos olhos da maioria dos actores, a partir de agora aparecem como aqueles que souberam «ganhar» enquanto que a maioria começa a constatar que «perdeu» ao seguir as tendências «normais» do sistema. Esta «aprendizagem» tem consequências cumulativas e reforça consideravelmente de seguida, e muito rapidamente, as tendências de ruptura em curso. É este fenómeno, nomeadamente, que induz a passagem da fase de despoletamento à de aceleração da crise. Por outro lado, reforça igualmente as convicções dos actores estratégicos que se envolveram em lógicas de ruptura (ou que anteciparam as rupturas) com o sistema instalado; o que enfraquece de forma duradoura as capacidades de regulação do sistema, uma vez que ele faz de ora avante face a uma crise de confiança em vias de generalização. Ora, no sistema global herdado do pós Segunda Guerra Mundial e transformado pelo fim da Cortina de Ferro, tanto no domínio financeiro, como económico, monetário ou estratégico, o essencial repousa na confiança acordada entre todos num actor central (os Estados Unidos) e nos vários componentes da sua força. A passagem da fase 1 à fase 2 marca o colapso desta confiança nos vários domínios.

O LEAP/2020 considera portanto que é no decurso do mês de Junho de 2006 que estas perdas sectoriais de confiança, em vias de generalização em cada sector, deverão convergir para produzirem a aceleração do processo de crise. Esta aceleração que deverá estender-se por um período de 3 a 6 meses, terá, nomeadamente, sete consequências concretas essenciais:

O colapso acelerado do dólar
Uma crise sócio política interna nos EUA
Um conflito militar Irão/EUA/Israel
Um aumento da inflação mundial
A ruptura do processo de globalização comercial e económica
A emergência acelerada de novos «blocos» regionais/continentais
Um reequilíbrio do valor relativo dos activos mundiais.

A passagem à fase 3 (dita de «impacto») do processo de crise sistémica global dar-se-á quando pelo menos quatro dos factores precipitados forem reconhecidos. Paralelamente, no decurso desta fase de aceleração, será já possível discernir certas tendências que moldarão o futuro sistema global, e portanto, começar a adoptar as decisões e as políticas que preparam o futuro da pós-crise.

Estas são as várias análises que o LEAP/2020 desenvolve na edição nº5 do seu GlobalEurope Anticipation Bulletin.



REFERÊNCIAS

O imperialismo made in USA, na realidade um imperialismo bicéfalo (como bem demonstrou William Engdahl em ‘A Century of Wars’) assentou num conjunto articulado de supremacias praticamente imbatível: a supremacia científica, a supremacia tecnológica, a supremacia logística, a supremacia estritamente económica (produtiva, comercial e gestionária), a supremacia militar e a... dolarização dos mercados. Se virmos bem, o que a queda do muro de Berlim e o fim da bipolarização mundial permitiram foi entender de forma clara esta simples realidade. A chamada divisão internacional do trabalho impôs uma desigualdade inaudita no planeta. Mas foi precisamente essa desigualdade que armadilhou a própria sobranceria distraída do Ocidente. Os capitais voaram para as grandes reservas de trabalho barato, onde inesperadamente as taxas de crescimento e a rentabilidade dos investimentos dispararam para níveis incomparáveis com os magros crescimentos das nações desenvolvidas, onde o paradigma do consumo substituira dramaticamente o paradigma da poupança. Os Estados Unidos, emissores da moeda padrão mundial, decidiram imprimir papel dinheiro com uma correspondência cada vez mais fictícia com a sua própria riqueza, financiando desta forma fraudulenta o cada vez menos convincente ‘sonho americano’. Algum dia a bolha teria que estourar... Ao contrário dos velhos tempos do síndroma anti-comunista, agora não há argumentos convincentes para continuar a sobre-exploração da Ásia, da América latina e do Médio Oriente usando ou ameaçando usar a mão pesada da supremaica militar. A guerra anti-terrorista tem-se vindo a revelar como uma cada vez mais frágil cortina de fumo destinada a prosseguir práticas civilizacionais inaceitáveis, à luz da lei internacional e da cultura. As crises iraniana, afegã e libanesa vieram mostrar até que ponto a supremacia do grande jogo anglo-saxónico anda pelas ruas da amargura. China e Rússia não tolerarão, ou farão pagar muito caro, uma aventura militar contra o Irão. Mas se, pela estupidez de Bush, de Blair e de Israel, o dito império ainda não tiver chegado ao fim, pior para todos nós!

— Sobre este tema vale a pena ler alguns textos particularmente oportunos (actualizado em 14 Ago 2006):

The Currrent Risks of a 1987-Style Finantial Meltdown: The Scary Similarities between 2006 and 1987
by Nouriel Roubin (Aug 12, 2006)


Today you have trade protectionism and asset protectionism; hedgy and trigger-happy investors and rising geopolitical risks; the risk of a disorderly fall in the US dollar; a slush of financial derivatives that are a black box that no one truly understands (the operational risk in credit derivatives is only the tip of much larger systemic risk iceberg in these instruments, as the pricing of these instruments has not been tested in a real cycle of increasing corporate bankruptcies); increasing VARs and growing levels of leverage; frothy markets where years of too easy money have created bubbles galore — the latest in housing — that are ready to burst; a bubble of thousands of new hedge funds with inexperienced managers that have no supervision or regulation of their activities; risk management techniques in financial institutions that miserably fail to truly stress test for fat tail events; hedging strategies that — like in 1987 — can hedge nothing once everyone is rushing to the doors and dumping assets at the same time; and a housing markets whose rout may trigger systemic effects through the mortgage backed securities market and the non-transparent hedging activities of the GSEs.

This is a toxic and combustive mix of volatile elements that can lead to a financial explosion and meltdown. And it may take any small match to trigger it: a trade war scare mongering, scorning the foreigners that finance you with restrictions to inward FDI, talking down the dollar to bully China and the US trade partners, a flip-flopping monetary policy, a further spike in oil prices, an event of terrorism or a wider Mid East conflict, a housing market rout rattling the MBS market, the collapse of a large and systemically- relevant hedge fund or of another highly-leveraged financial institution, a Chapter 11 event for a major US corporation such as Ford or GM leading to systemic effects in the credit derivatives market. There is indeed an embarrassment of riches in terms of factors that can trigger a financial meltdown. A single factor among those discussed above may be enough to trigger it; and the risk that a variety of such factors may simultaneously emerge is increasing.

So, to paraphrase Bette Davis in "All About Eve": Fasten your seat belts; it's gonna be a bumpy ride ahead for financial markets and the global economy?

(...)

Of course, some will point out to some of the "truly" better news of the last few days (ISM report, consumer confidence, construction spending, etc.) But when you scratch the surface of those "bullish" reports, the details are not as good as their headlines (as I will discuss in a future blog)....So I stick with my bearish call for a sharp US slowdown in H2 2006 and a recession by Q1 of 2007 and to my view that the Fed will not be able to prevent such slowdown even if it were to pause and then ease. I am willing to listen to contrary arguments and to read some better "news" than those above if anyone is able to provide some.

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US Dollar - Killing me softly
by Chad Geraigiri (August 10, 2006)


With he US's current deficit at 7% of gross domestic product, foreign banks are looking to diversify more aggressively into Euros and Gold. This move away from the US Dollar is a serious risk of a sell-off.
Italy's central bank has started diversifying into the British Pound (currently trading at almost 2 to 1 against the US Dollar) by investing 25% of its foreign currency reserves into the sterling, dumping billions in US Treasury bonds. Its US Dollar holdings went from 84% to 63%, a sure sign that it is losing faith in the economic stability of the US dollar. This move was in anticipation of a dollar slide due to an interest rate cycle peak and the US's national debt approaching $8.45 trillion.
This move will surely encourage other European nations to follow suit. Sweden announced in April that it had cut its dollar holdings from 37% to 20%. The United Arab Emirates and Qatar have both hinted at their intentions to diversify into Euros and Gold. Switzerland switched 10% of its reserves to pounds in 2004. Russia cut its US dollar holdings from 66% to 40%. China has a made a statement that it would diversify away from dollars into Gold and possibly Euros.
Japan and China are the two largest holders of US Treasuries and could face a serious crisis if they were to diversify away from the dollar too fast. As the saying goes "If you owe the bank $100,000 the bank owns you. If you owe the bank $100 Million you own the bank" and that's what will keep the dollar from crashing but not from a steady decline.
Considering the current economic imbalances in the U.S., the dollar cannot remain the currency of choice. Let's examine the following chart of the U.S. dollar vs the Euro: the US Dollar went from a high of 134.5 down to 84.95 as of today's close, a drop of more than 36%.

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Shanghai grouping moves centre stage
by Philippa Fogarty BBC News (June 14, 2006)


Leaders from Russia, China and Central Asian states meet in Shanghai on Thursday for what will be the most high profile meeting to date of the Shanghai Cooperation Organisation.
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The Incredible Shrinking US
by Helena Cobban (June 9, 2006)


The U.S. invasion of Iraq was not, on the face of it, an overtly "colonial" venture. But it has had many of the attributes of colonialism, including two key ones: The U.S. administration in Iraq sought to remake the governance of Iraq according to its own plans, and to subordinate Iraq's economy to the desires of U.S.-based corporations. And when Washington encountered Iraqi resistance to these moves, it resorted to many of the same tactics of counterinsurgency used by colonial powers throughout history: divide and rule, mass incarcerations, intrusive policies of population control, torture and abuse.
I believe that the domestic and global factors now pushing Washington toward undertaking a complete (or near-complete) retreat from Iraq are now so powerful that this retreat will take place before the end of the Bush presidency. But the U.S. will not merely be retreating to the position it occupied on March 18, 2003; the shrinkage of U.S. power around the globe will be much broader than that. There is one very simple reason for this: The U.S. will need the cooperation of other powers if the pullout from Iraq is to be orderly. But why should Russia, China or other world powers give Washington this cooperation if they had any fear that Washington would then just redirect its hegemonistic impulses elsewhere -- perhaps toward them? So as the major powers help Washington to extricate itself from Iraq, they will almost certainly require a price to be paid. It may well be demanded in two currencies: some form of stronger guarantee that Washington will not again undertake any recklessly "preventive" war like the highly destabilizing and destructive military action it launched in 2003; and some seriously stronger role for the non-U.S. powers in the always globally sensitive Israeli-Arab negotiations.

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Fiat and Credit - The Coming Financial Holocaust
by Clive Maund (June 01, 2006)


It should now be apparent to all readers of these pages that we are in the midst of the largest FIAT money experiment ever witnessed by an entire order of magnitude, and the first FIAT money exercise to be put to the test on a truly global scale. Hitherto, the political, economic and technological environment was not conducive to enabling such an incredible scheme to be successfully put into effect. To enable this required the presence of one hyper-economic power that also controlled a global currency and the velocity of capital movements made possible through modern communications technology. Another critical factor essential to enabling FIAT to be expanded without control was the destruction of the gold standard on which the value of all issued paper money was formerly based, and the strict financial discipline this exerted throughout the global financial system. It was, therefore, vital to the promulgators of FIAT that gold was no longer seen as a monetary instrument by the general public or, indeed, governments. The reader may be wondering why elected democracies would wish to support this vast and virtually uncontrolled expansion of paper and digital money, and the attendant explosion in inflation and associated wealth destruction of saver's funds, and for what purpose this is all intended. The reasons, as this article proposes, are as awesome as the scheme itself.
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World Markets About To Crash Together
by Christopher Laird, Finantial Sense University (May 31, 2006)


Look at your stock portfolio right now. Imagine how you would feel if it dropped 50%.
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Why the Global Financial System is About to Collapse
by John Law (May 29, 2006)


The global financial system is about to collapse because the US dollar is about to collapse.
The US dollar is about to collapse because of a simple economic fact that no one has the power to change or conceal.
The fact is that the spontaneous remonetization of the precious metals is a Nash equilibrium.
What this means in English is that an ideal financial strategy for everyone on Earth is to buy as much gold and silver as they can, as soon as possible.
To oversimplify wildly, the reason to buy gold and silver is just that everyone else should buy gold and silver, too. There are two reasons to do it as soon as possible.
One is that anyone with an investment account can move money into gold and silver with a few mouse clicks. They trade on the US markets as the stock symbols GLD and SLV.
Two is that once this information becomes widely understood, US and probably global financial markets will be closed.
There is no way to know when this will happen. It could be tomorrow. It could be a year from now. It could be longer. Since the only way this kind of a financial panic meme can spread is through the Internet, history tells us nothing.
And the good news is that if governments manage the situation well, it does not have to be a global economic and political disaster. Quite the opposite, in fact.
Remonetization of precious metals is the next step in the slow, difficult reconstruction of the peaceful and prosperous liberal world that World War I destroyed. The lights are not going out. They are coming back on. The return to classical liberalism, which some call globalization, has barely started. It has already rescued hundreds of millions of people in liberalizing countries like China and India from lives of poverty and depression. Its only opposite is nationalism, which is a recipe for war and misery. It is not perfect, but nothing is, and it must continue.
These are obviously provocative assertions. I explain them below. My hope is that you will evaluate them by thinking for yourself, rather than trusting me or any other authority.

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Gold or Dross? Political Derivatives in Campaign 2000
by Reginald H. Howe (Aug 1, 2000)


(....) From leaving the gold standard in 1933 to today, excessive economic nationalism has characterized American conduct in international monetary affairs. But all tyrannies end, and the tyranny of the dollar will be no exception. Developing nations will not forever accept being milked of wealth and economic opportunity by dollar imperialism.
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Gold Derivative Banking Crisis
by Bill Murphy (May 1, 2000)


(...) Extensive research has led the Gold Anti-Trust Action Committee (GATA) to the conclusion that the gold market is being recklessly manipulated and now poses a serious risk to the international financial system.
*Annual gold demand, currently at record levels, exceeds mine and scrap gold supply by more than 1,500 tonnes. In the Washington Agreement of Sept. 26, 1999, 15 European central banks announced that they were capping their lending of gold and would limit their official sales of gold to 400 tonnes per year for the next five years. Some major gold producers have reduced their forward sales, and speculators have reduced their borrowed gold selling. Commodity prices and wages are rising. Yet the price of gold has declined steadily. With demand so much greater than supply, the price of gold should be rising sharply.
* According to the Office of the Controller of the Currency, the notional value of the off-balance- sheet gold derivatives on the books of U.S commercial banks exceeds $87 billion, which is greater than total U.S. official gold reserves of approximately 8,140 metric tonnes.
* Gold derivatives surged from $63.4 billion in the third quarter of 1999 to $87.6 billion in the fourth quarter, after the Washington Agreement was announced. The notional amount of off-balance-sheet gold derivative contracts on the books of Morgan Guaranty Trust Co. went from $18.36 billion to $38.1 billion in the last six months of 1999.
* Veneroso Associates estimates that the private and official-sector gold loans stood at 9,000 to 10,000 tonnes at the end of 1999. Most of these loans represent gold that has been sold in the form of jewelry and cannot be retrieved. Mine supply of gold for all of 1999, according to trade sources, was only 2,579 tonnes. Thus the gold loans are far too big too be repaid back in a short time. The swift $84 rise in the gold price following the Washington Agreement caused a panic among bullion bankers. But that was only a warning of what is to come.
* Federal Reserve Chairman Alan Greenspan and Treasury Secretary Lawrence Summers, responding to GATA's inquiries through members of Congress, have denied any direct involvement in the gold market by the Fed and the Treasury Department. But they have declined to address whether the Exchange Stabilization Fund, which is under the control of the treasury secretary, is being used to manipulate the price of gold.
* Several prominent New York bullion banks, particularly Goldman Sachs, from which the immediate past treasury secretary, Robert Rubin, came to the Treasury Department, have moved to suppress the price of gold every time it has rallied over the last year.
* The Gold Anti-Trust Action Committee believes that U.S. government officials and these bullion banks have induced other governments to add gold supply to the physical market in recent years to suppress the price. Britain's National Accounting Office is now investigating the Bank of England's decision to sell off more than half its gold. Contrary to proper accounting practice, reductions in gold in the earmarked accounts of foreign governments at the New York Federal Reserve Bank are being listed by the Commerce Department as the export of non-monetary gold. These "exports" from the Fed occur upon rallies in the gold price.
*Why would anyone want to suppress the price of gold?
1) Suppressing the price of gold has made it a cheap source of capital for New York bullion banks, which borrow it for as little as 1 percent of its value per year. Gold is borrowed from central banks and sold, and the proceeds are invested in the financial markets in securities that have much greater rates of return. As long as the price of gold remains low, this "gold carry trade" is a financial bonanza to a privileged few at the expense of the many, including the gold-producing countries, most of which are poor. If the price of gold was allowed to rise, the effective interest rate on gold loans would become prohibitive.
2) Suppressing the price of gold gives a false impression of the U.S. dollar's strength as an international reserve asset and a false reading of inflation in the United States.
*Too much gold is being consumed at too cheap a price. Massive amounts of derivatives are being used to suppress the gold price. If this situation is not corrected soon, there will be a gold derivative credit and default crisis of epic proportions that will threaten the solvency of the largest international banks and the world standing of the dollar.
The Gold Anti-Trust Action Committee requests that a full and complete investigation be launched into this matter as soon as possible. The longer the gold price is artificially held down, the bigger the eventual banking crisis.

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OAM #123 25 MAI 2006

quarta-feira, maio 24, 2006

Carrilho 2

Bárbara Guimarães em seus verdes anos.
Payola: pela boca morre o peixe 

“Such as it is, the press has become the greatest power within the Western World, more powerful than the legislature, the executive and judiciary. One would like to ask: by whom has it been elected, and to whom is it responsible?”

Em Portugal os portugueses têm vindo a descobrir nos últimos tempos que a sua democracia, ainda jovem de 30 anos, saída de uma ditadura provinciana e paternalista, está a ser pasto devorável de uma corrupção endémica que penetra aparentemente todos os poros da sociedade. Nada escapa: há corrupção nas polícias, no futebol, entre os políticos, ao mais alto nível da nata empresarial, nas repartições de finanças, nos hospitais, e, pasme-se, nos meios de comunicação social. Sim, também os jornais e televisões, alimentados com estagiários à borla e custos mínimos em geral, retroalimentados em cadeia por agências noticiosas e de comunicação sem escrúpulos, surgem agora cavalgados pela fúria ética de um político caído em desgraça, depois de a sorte lhe ter um dia soprado inesperadamente de feição. O político, do Partido Socialista, chama-se Manuel Maria Carrilho e a sua queda decorre de duas causas e dois momentos crucais.

As causas da queda: Manuel Maria Carrilho, candidato favorito a umas eleições autárquicas em Lisboa, perde-as contra um lugar-tenente apagado do principal partido da oposição (o PSD). O agente principal deste resultado foi a incapacidade de o candidato convencer o seu eleitorado potencial, deixando que o número dois do ex-Presidente da Câmara de Lisboa e ex-Primeiro Ministro, Pedro Santana Lopes (homem tão mediático quanto volúvel, vaidoso e incapaz, cujo governo fora poucos meses antes demitido pelo Presidente da República), lhe levasse a palma.

Os momentos cruciais: o político, que um casamento controverso e mediático com uma conhecida e muito sexy estrela de televisão (Bárbara Guimarães), elevara inevitavelmente a uma instância de estrelato bicéfalo, aprova a inclusão da referida estrela de televisão, e do filho que a união entretanto gerara, num vídeo da sua campanha eleitoral. O bébé e a mãe, num diálogo digno do kitsch mais patético de uma qualquer telenovela sul-americana, balbuciam loas ao papá e putativo futuro presidente da edilidade lisboeta. A sorte do candidato-filósofo (não esqueçamos que repetidamente se apresentou sob este manto de integridade) ficaria traçada a partir deste incidente. O estratego da campanha, um brasileiro chamado Edson Athaíde, foi mais ou menos despedido, deixando os comandos da agit-prop nas mãos dum aguerrido assessor de imprensa. As sondagens, até aí favoráveis ao candidato do PS, iniciam uma tendência de queda. As presenças de Bárbara Guimarães em sucessivas acções de campanha não fazem mais do que piorar a situação, ao contrário do que Carrilho e o seu incompetente staff calcularam. O nervosismo espicaça Carrilho. Mal aconselhado, resolve enfrentar na televisão o seu principal adversário com uma agressividade desnecessária e inconsequente. À medida que o debate decisivo decorria só me apeteceu telefonar-lhe para dizer: despede o idiota que te aconselha! Ninguém por aí leu o Robert Axelrod? Ninguém daí conhece nada da pacata sensibilidade lusitana?! Em suma, como se pior fosse impossível, o pior aconteceu. Já depois do debate, quando os candidatos se deveriam despedir um do outro, Manuel Maria Carrilho resolve não cumprimentar o adversário. Não sabia que estava a ser registado? Ninguém acreditou e ninguem acredita em hipótese tão inverosímil. As eleições foram assim e naquele momento ganhas por Carmona Rodrigues.

Uns meses depois, o inconformado Carrilho resolve publicar um livro, responsabilizando em grande medida os média pela sua derrota. Afirma mesmo que houve um conluio entre uma agência de comunicação e interesses imobiliários para provocarem a sua derrota eleitoral. Ainda não li o livro nem sei se vou lê-lo. Mas os principais argumentos têm sido repetidos à saciedade e resumem-se nisto: os órgãos de informação manipulam a informação; incensam e depois massacram os pobres habitantes do limbo mediático; servem directamente interesses económicos e políticos inconfessáveis; não são escrutinados; dependem cada vez mais de umas instâncias mercenárias chamadas agências de comunicação, em suma, ele foi vítima, não da sua própria incompetência político-partidária e eleitoral, mas de uma conspiração mediática patrocinada pelos construtores civis. Não é verdade!

Tudo ou quase tudo o que Carrilho diz sobre a demissão e mesmo a corrupção jornalística actual é provavelmente verdade. Basta ver como os telejornais e os jornais de papel têm vindo a tratar a burla nuclear do Sr. Patrick Monteiro de Barros! Os média tradicionais, sobretudo em Portugal, não passam de pescadinhas de rabo na boca, sem qualquer profundidade jornalística, sem qualquer diversidade informativa, sem uma réstea de integridade ética, totalmente subservientes da publicidade e da imbecilidade consumista, entregues à mais confrangedora endogamia, plagiaristas sem vergonha, em suma, verdadeiros infocaptos. Estou de acordo, e basta ler o que Paul Graham escreveu sobre os submarinos mediáticos, ou a definição que a Wikipedia dá de Payola (se queres informação, paga-a...), para concordarmos com o desgraçado filósofo. Na guerra contra os mass media corruptos estarei ao seu lado sem reservas. Mas que a culpa da sua derrota autárquica é coisa do seu mau feitio e dos péssimos assessores que o rodeiam, disso não tenho também qualquer dúvida. As minhas suspeitas sobre tudo isto foram levantadas neste mesmo blogue e infelizmente confirmaram-se.

OAM #122 23 MAI 2006

sábado, maio 06, 2006

Guerras Nucleares 1

DU victim

Urânio empobrecido, bombas sujas, mísseis sujos, balas sujas

uma sentença de morte aqui e no estrangeiro — Leuren Moret

Os militares não passam de animais estúpidos e aparvalhados para serem usados como peões na política externa” — Henry Kissinger, citado em “Kiss the Boys Goodbye: How the United States Betrayed Its Own POW's in Vietnam”

A Guerra do Vietnam (iniciada por Lyndon Johnson sob o pretexto de um ataque vietnamita a dois navios de guerra estado-unidenses que nunca ocorreu — NT) foi uma guerra química pelo controlo do petróleo (e gás natural existentes ao largo da longa costa daquele país — NT) a qual contaminou por muito tempo grandes regiões e países a jusante do rio Mekong com o Agente Laranja. Do ponto de vista ambiental foi a mais devastadora guerra da história. Depois desta guerra (que perderam, iniciando-se então, segundo alguns observadores, o longo declínio desta potência imperial — NT) os EUA dirigiram desde 1991 quatro guerras nucleares, utilizando armamento com urânio empobrecido (depleted uranium, DU), o qual, tal como o Agente Laranja, é abrangido pela definição de Armas de Destruição Maciça adoptada pelo governo americano. Vastas regiões no Médio Oriente e na Ásia Central foram contaminadas permanentemente com radiações provocadas pelos impactos dos projécteis artilhados com pontas de urânio empobrecido.

Terry Jemison, do Department of Veterans Affairs, relatou à American Free Press que, desde 1991, se registaram 518.739 casos de incapacidade médica entre os veteranos da primeira guerra do Golfo, apesar de no mesmo período de 14 anos apenas haver registo oficial de 7.035 feridos.

A American Free Press revelou que oito dos vinte militares de uma unidade que participou na ofensiva americana de 2003 contra o Iraque desenvolveram patologias várias num período de apenas 16 meses.

Uma vez que estes soldados estiveram expostos apenas a vacinas e ao urânio empobrecido, estes factos constituem uma forte evidência, para investigadores e cientistas a trabalhar nesta questão, de que o DU é a causa definitiva da Síndroma da Guerra do Golfo. Não consta que as vacinas causem cancro. Um dos primeiros investigadores que publicou trabalhos sobre a Síndroma da Guerra do Golfo, o Dr. Andras Korényi-Both, que em 1991 também serviu no Iraque, tem a mesma opinião que Barbara Goodno, do Deployment Health Support Directorate do Departamento de Defesa: desta vez os soldados não foram expostos a produtos químicos, pesticidas, bioagentes ou outras causas suspeitas de confundir a questão.

Esta nova e poderosa evidência está a encher de buracos o encobrimento perpetrado pelo Pentágono e por três administrações presidenciais desde 1991, i.e. quando o urânio empobrecido (DU) foi utilizado pela primeira vez nos campos de batalha. Os efeitos a longo prazo revelaram que o DU é uma sentença de morte e um material asqueroso.

Cientistas que estudaram os efeitos biológicos do urânio na década de 60 relataram que ele atinge o DNA. Marion Fulk, um físico-químico nuclear aposentado do Livermore Nuclear Weapons Lab e anteriormente envolvido no Manhattan Project, interpreta os novos e rápidos tumores nos soldados da guerra de 2003 como ‘espectaculares... e uma matéria de preocupação’.

Esta evidência mostra que dos três efeitos que o DU tem sobre os sistemas biológicos — radiológico, químico e particulate — o efeito particulate das nano-partículas é o mais importante logo a seguir à exposição e atinge o Código Mestre no DNA. Isto é uma má notícia, mas explica porque é que o urânio empobrecido (DU) provoca uma miríade de doenças difíceis de definir.

Em palavras simples, o DU ‘apodrece o corpo’. Ao perguntarem-lhe se a sua principal finalidade é destruir coisas e matar pessoas, Fulk foi mais preciso: “Eu diria que isto é a arma perfeita para assassinar montes de pessoas”.

É de esperar que soldados que desde 2003 desenvolveram tumores tão rapidamente possam desenvolver cancros múltiplos com causas independentes. Este fenómeno tem sido relatado por médicos em hospitais que trataram civis a seguir aos bombardeamentos da NATO com urânio empobrecido (DU) na Jugoslávia, em 1998-1999, e da invasão americana do Iraque em 1991, quando o DU foi utilizado pela primeira vez. Peritos médicos relatam que este fenómeno das patologias múltiplas com causas não relacionadas tem sido ignorado até agora e é um novo síndroma associado à exposição interna ao urânio empobrecido (DU).

Apenas 467 americanos foram feridos durante as três semanas da Guerra do Golfo Pérsico em 1990-1991. Mas dos 580.400 soldados que serviram na primeira Guerra do Golfo, 11.000 estão mortos, e em 2000 havia 325.000 com incapacidade médica permanente. Este número espantoso de veteranos incapacitados significa que uma década depois 56 por cento daqueles soldados têm agora problemas médicos.

O número de veteranos incapacitados relatado até 2000 tem estado a aumentar ao ritmo de 43.000 por ano. Brad Flohr, do Department of Veterans Affairs, acredita que há mesmo mais veteranos incapacitados agora do que após a Segunda Guerra Mundial.

CONTAMINARAM AS ESPOSAS

Gulf War SyndromeNão só os soldados foram expostos ao urânio empobrecido (DU), nos campos de batalha e fora deles, como o trouxeram para casa. O DU no sémen dos soldados contaminou internamente as suas esposas, parceiras e namoradas. Tragicamente, algumas mulheres nos seus 20 e 30 anos, que foram parceiras sexuais de soldados expostos, desenvolveram endometriose e foram forçadas a sofrer histerectomias devido a problemas de saúde.

Num conjunto de 251 soldados de um grupo de estudo no Mississipi que haviam tido bebés normais antes da Guerra do Golfo, 67 por cento dos bebés do pós-guerra nasceram com defeitos severos. Vieram à luz sem pernas, braços, órgãos ou olhos ou manifestaram patologias do sistema imunitário e sanguíneo. Agora, em algumas famílias de veteranos, os únicos membros normais ou saudáveis são as crianças nascidas antes da guerra.

O Department of Veterans Affairs declarou que não mantem registos de nascimentos defeituosos verificados em famílias de veteranos. Como fizeram eles para esconder isto?

Antes que um novo sistema de armas possa ser usado, ele deve ser plenamente testado. O plano para armas de urânio empobrecido é um documento do Projecto Manhattan de 1943, entretanto desclassificado.

O antigo presidente da Universidade de Harvard e físico James B. Conant, que desenvolveu o gás venenoso na I Guerra Mundial, foi integrado no Manhattan Project pelo pai do candidato presidencial John Kerry. O pai de Kerry trabalhou nas altas instâncias do Projecto Manhattan e era agente da CIA.

Conant era presidente do S-1 Poison Gas Committee, que recomendou o desenvolvimento de armas de gás venenoso a partir do lixo radioactivo produzido pelo projecto da bomba atómica da II Guerra Mundial. Nessa época, já se sabia que os materiais radioactivos dispersos por bombas a partir do ar, de veículos terrestres, ou nos campos de batalha produziam um pó radioactivo muito fino que penetrava todos os vestuários de protecção, quaisquer máscaras ou filtros de gases e a pele. Ao contaminar os pulmões e o sangue, esse pó poderia muito rapidamente matar ou provocar doenças.

Eles também recomendaram o DU como um contaminante permanente de terrenos, o qual poderia ser utilizado para destruir populações através da contaminação de abastecimentos e terras agrícolas com pó radioactivo.

O primeiro sistema de armas DU foi desenvolvido para a U.S. Navy em 1968, tendo posteriormente sido oferecidas a Israel, que as utilizou em 1973 sob a supervisão americana na guerra do Yom Kippur contra os árabes.

O sistema de armas Phalanx, utilizando DU, foi testado no USS Bigelow, saído dos Estaleiros Navais Hunters Point, em 1977, e mais tarde vendidas pelos EUA a 29 países.

Relatórios de investigação militar resumem pormenores dos testes de DU entre 1974 e 1999 em zonas de ensaios militares, em campos de tiro e bombardeamento e em laboratórios civis sob contrato. Hoje há 42 estados contaminados com urânio empobrecido (DU) proveniente da sua fabricação, teste e instalação.

Mulheres que vivem nas proximidades destas instalações têm relatado aumentos de endometriose, nascimentos defeituosos de bebés, leucemia em crianças, cancros e outras doenças em adultos. Milhares de toneladas de armas DU testadas durante décadas pela U.S. Navy em quatro campos de tiro e bombardeamento nas imediações de Fallon, Nevada, causaram sem dúvida o crescimento mais rápido do agregado da leucemia nos EUA ao longo da última década. Os militares negam que o urânio empobrecido (DU) seja a causa.

A comunidade médica tem estado a encobrir — nomeadamente os seus efeitos, junto da população americana — o que sabe da radiação de baixo nível oriunda dos testes nucleares atmosféricos e das centrais nucleares. Um médico da Califórnia do Norte informou ter sido treinado pelo Pentágono, juntamente com outros médicos, meses antes da guerra de 2003 começar, para circunscrever o diagnóstico e tratamento de soldados regressados da guerra apenas a problemas mentais.

Profissionais médicos em hospitais e instalações que tratam soldados evacuados foram ameaçados com multas de US$10.000 se conversassem com os soldados acerca dos seus problemas médicos. E também foram ameaçados com prisão.

Os repórteres tem sido impedidos de aceder aos mais de 14.000 soldados evacuados desde 2003 por razões médicas, em voos nocturnos a partir da Alemanha (em aviões C 150), para o Walter Reed Hospital, perto de Washington, D.C.

O dr. Robert Gould, antigo presidente da filial da Bay Area do Physicians for Social Responsability (PSR), contactou três médicos em Fevereiro de 2004, depois de eu ter sido convidada a falar sobre o urânio empobrecido (DU). A dra. Katharine Thomasson, presidente da filial de Oregon do PSR, informou-me que o dr. Gould a tinha contactado e tentou convencê-la a cancelar o convite que me fizera para falar sobre o DU na Portland State University em 12 de Abril. Embora me fosse permitido fazer uma apresentação, a dra. Thomasson informou-me que eu poderia falar apenas sobre o DU no Oregon “e nada do ultramar... nada de política”.

Vários meses depois o dr. Gould também contactou e desencorajou o dr. Ross Wilcox de Toronto, Canadá, de convidar-me a falar no Physicians for Global Survival (PGS), o equivalente canadiano do PSR. Como isto não funcionou, ele contactou o dr. Allan Connoly, o presidente canadiano do PGS, que conseguiu cancelar o meu convite e quase teve êxito em impedir o dr. Wilcox, um membro do PGS, de mostrar fotos e apresentar pormenores sobre os cancros e o sofrimento de civis decorrente da exposição ao DU enviados por médicos do sul do Iraque.

A dra. Janette Sherman, associada há muitos anos ao PSR, informou que acabara por deixar a instituição depois de um almoço com uma nova administradora executiva do PSR. Depois da nova funcionária ter sondado a dra. Sherman durante todo o almoço sobre as suas posições sobre questões chave, acabou por informá-la que o seu último emprego fora na CIA.

Como foi possível esconder a verdade sobre o urânio empobrecido (DU) dos militares que serviram em sucessivas guerras DU? Antes da sua morte trágica, o senador Paul Wellstone informou Joyce Riley, R.N., B.S.N., director-executivo da American Gulf War Veterans Association, que 95 por cento dos veteranos da Guerra do Golfo haviam sido reciclados para fora da instituição militar por volta de 1995. Todos aqueles que continuaram ao serviço foram isolados uns dos outros, impedindo-se assim a passagem de informação crítica às novas tropas. A ‘guerra seguinte do DU’ já foi planeada, e aqueles que a planeiam ‘não querem ver desmancha-prazeres na festa’.

OS EUA TÊM UM SEGREDO SUJO

Um novo livro de Michael Collins Piper que acaba de ser publicado pela American Free Press, — The High Priests of War: The Secret History of How America's Neo-Conservative Trotskyites Came to Power and Orchestrated the War Against Iraq as the First Step in Their Drive for Global Empire —, pormenoriza os planos iniciais de Henry Kissinger e dos neo-cons para uma guerra contra o mundo árabe no fim da década de 60 e princípios da de 70. Há uma coincidência entre os planos de produção do urânio empobrecido (DU) e a crise petrolífera no Médio Oriente que tanto preocupou o presidente Nixon, mas não só. Os britânicos há décadas que conspiram e planeiam o controle do petróleo do Iraque, tendo sido os primeiros a desencadear um ataque com gás venenoso contra os curdos no Sul do Curdistão (Norte do Iraque), em 1919.

O livro fornece pormenores sobre a criação dos neo-cons pelo seu ‘padrinho’ e admirador de Trotsky, Irving Kristol, que propugnou por uma ‘guerra contra o terrorismo’ muito antes do 11S e durante anos foi generosamente financiado pela CIA. O seu filho, William Kristol, é hoje um dos homens mais influentes dos Estados Unidos.

Ambos são relações públicas da rede neoconservadora do lobby israelita, com fortes ligações a Rupert Murdoch. Kissinger também tem ligações a esta rede, bem como o Carlyle Group, o qual tem vindo a facilitar estas guerras omnicidas desde que o anterior presidente Bush tomou posse.

Quando perguntei ao capitão John McCarthy, Boina Verde das Operações Especiais no Vietnam, quem poderia ter concebido estes planos omnicidas para utilizar o DU com o propósito de destruir o código genético e o futuro genético de vastas populações de árabes e muçulmanos no Médio Oriente e na Ásia Central — por coincidência as áreas onde estão localizadas a maior parte das reservas de petróleo do mundo — ele respondeu: “Isto tem todas as impressões digitais de Henry Kissinger”.

The Great GameNo livro de Zbignew Brzezinski, “The Grand Chessboard: American Primacy and Its Geostrategic Imperatives”, o mapa do tabuleiro de xadrez euro-asiático inclui quatro regiões estratégicas para a política externa americana. A região ‘Sul’ corresponde precisamente às regiões agora contaminadas permanentemente com a radiação das bombas, mísseis e balas americanas fabricadas com milhares de toneladas de urânio empobrecido (DU).

Um professor japonês, o dr. K. Yagasaki, calculou que 800 toneladas de DU contem uma atomicidade equivalente a 83.000 bombas de Nagasaki. Os EUA utilizaram mais DU desde 1991 do que a atomicidade equivalente a 400.000 bombas de Nagasaki. Quatro guerras nucleares na verdade, e 10 vezes a quantidade de radiação libertada na atmosfera a partir dos testes atmosféricos!

Não é de admirar que os nossos soldados, as suas famílias e o povo do Médio Oriente, da Jugoslávia e da Ásia Central estejam doentes. Mas, como disse Henry Kissiger após o Vietnam, quando os nossos soldados voltaram para casa com doenças do Agente Laranja, “Os militares não passam de animais estúpidos e aparvalhados para serem usados como peões na política externa”.

Infelizmente, um número cada vez maior destes soldados são homens e mulheres de pele castanha. E infelizmente também, o pó radioactivo do urânio empobrecido (DU) será transportado pelo mundo fora e depositado nos nossos ambientes, tal como a ‘poluição’ (‘smog’) da Guerra do Golfo de 1991 se foi depositar na América do Sul, nos Himalaias e no Hawai.

Em Junho de 2003 a Organização Mundial de Saúde anunciou num comunicado de imprensa que as taxas globais de cancro aumentarão 50 por cento em 2020. O que mais saberão eles que não estão a contar-nos? Sei que o urânio empobrecido é uma sentença de morte... para todos nós. Morreremos todos de forma silenciosa.



Fontes usadas neste artigo que os leitores são encorajados a consultar:

American Free Press, two articles on depleted uranium (DU), by Christopher Bollyn.
Part I: Depleted Uranium Released During Canadian Plane Crash ;
Part II: Cancer Epidemic Caused by U.S. WMD: MD Says Depleted Uranium Definitively Linked.

World Affairs Journal. Depleted Uranium: The Trojan Horse of Nuclear War, by Leuren Moret
Coastal Post Online. Marin Depleted Uranium Resolution Heats Up — GI's Will Come Home To A Slow Death, by Carol Sterrit

World Depleted Uranium Weapons Conference, Hamburg, Germany, October 16-19, 2003

International Criminal Tribunal for Afghanistan. Written opinion of Judge Niloufer Baghwat

Discounted Casualties: The Human Cost of Nuclear War, by Akira Tashiro, foreword by Leuren Moret

Leuren Moret é uma geocientista que tem trabalhado em todo o mundo sobre temas de radiação, educando cidadãos, os média, membros de parlamentos e do Congresso e outros responsáveis. Em 1991 ela fez uma denúncia no Livermore Nuclear Weapons Lab depois de verificar uma grande fraude científica no Yucca Mountain Project. Ela é comissária ambiental da cidade de Berkeley. Email de Leuren Moret

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© Copyright belongs to the author, 2004. For fair use only/ pour usage équitable seulement.

Versão original
Outros textos de Leuren Moret:
Urânio empobrecido contamina a Europa
Urânio empobrecido, arma de extermínio da humanidade
Carta ao Presidente Hugo Chavez

© LIFE, Gulf War Syndrome. Photo by Derek Hudson LINK

OAM #121 06 MAI 2006

quarta-feira, maio 03, 2006

Petroleo 3

Evo Morales

Estado de emergência energética

Producing regions tend to peak and then decline when they have used about 50% of their total recoverable conventional oil reserves (Qt). Kenneth Deffeyes, using a method called Hubbert Linearization (HL), estimated that the world crossed the 50% of (conventional crude + condensate) Qt mark in December, 2005. According to the EIA, December 2005 was the all time record high for world crude + condensate production. The latest data, for January, 2006, show a decline of about 500,000 bpd — Jeffrey J. Brown in Energy Bulletin, 20 Apr 2006LINK

A crise iraniana e as posições da China e da Rússia sobre a mesma (nada de sanções!), o alarme franco-alemão (quer dizer, Europeu) face à imprevisibilidade de Teerão, a libertação das reservas estratégicas estado-unidenses por parte de George W. Bush, o pandemónio que vai na Nigéria e no Chade, o Tratado comercial assinado no dia 22 de Abril último entre a Bolívia, Cuba e Venezuela (demarcando-se do GATT, patrocinado em 1994 pelos EUA, Canadá e México), a eminência do surgimento de um mercado oficial de Petro-Euros sediado em Teerão, e agora o anúncio da nacionalização das reservas petrolíferas e de gás natural da Bolívia pela voz do presidente democraticamente eleito Evo Morales, tudo isto, e o mais que ainda veremos neste vertiginoso mês de Maio, promete-nos um Verão tórrido, com o dólar a cair a pique, o petróleo e o gás natural a subir sem parar (talvez mesmo até aos US$105 antes de chegarmos ao Outono, segundo a Goldman Sachs), e uma crise militar global, para cujo deflagrar basta puxar uma das muitas espoletas disponíveis: Teerão, La Paz-Caracas, Abuja, N'Djamena e Cartum, entre outras. Apesar do esforço de contenção verbal, é cada vez mais indisfarçável o nervosismo mundial e o gigantesco braço de ferro em curso pelos recursos energéticos indispensáveis ao crescimento das principais economias do planeta: petróleo, gás natural, carvão e... urânio.
Como refere Kenneth Deffeyes, o pico mundial da produção petrolífera foi atingido, muito provavelmente, em Dezembro de 2005. Coincidindo com a subida sustentada do preço do barril de petróleo, que ontem (02 maio 2006) atingiu um novo máximo de US$74,97, as importações de petróleo por parte dos EUA descresceram 15% desde o dia 10 de Fevereiro passado (i.e. cerca de 2 milhões de barris/dia), ou 8% (i.e. 1 Mbpd) se contarmos a partir de 24 do mesmo mês. No correspondente período de 2005 a queda nas importações líquidas de petróleo foi de 2%. O recurso às reservas estratégicas decorre pois da impossibilidade de aumentar as importações de um bem activamente disputado por todos... (1)
Perante esta crise tendencialmente catastrófica, apenas resta aos Estados inteligentes e corajosos fazer uma coisa: declarar o estado de emergência energética! Desta declaração deverão sair medidas tão radicais como o aumento considerável dos impostos sobre combustíveis; um programa radical de eficiência energética tendo como meta diminuir no prazo de 1-2 anos 20% dos custos com energia derivada do petróleo e do gás natural; desenhar um programa inteiramente novo de transporte de pessoas e de mercadorias; rever os programas de construção de novas refinarias; abandonar todos os devaneios sobre novos aeroportos internacionais; rever criteriosamente os programas ferroviários de alta velocidade e... reabrir seriamente o dossiê nuclear? (2).
Menos do que isto será deixarmos os países resvalarem para o abismo de uma grande estagnação económica, grande instabilidade social e perigosas derivas securitárias. Recomendo vivamente ao meu país (Portugal) que crie um Conselho Nacional da Energia, independente dos jogos políticos de conjuntura, com a capacidade científica e política de analisar e fazer recomendações técnicas de curto e médio prazo, sobre o período de longa emergência energética em que visivelmente acabámos de entrar à escala global. E antes mesmo de este Conselho ver a luz do dia, as cidades podem e devem fazer uma travagem energética imediata, tal como o estão fazendo 227 cidades estado-unidenses, apesar de Bush não ter ratificado até agora o Protocolo de Quioto. (3)



1 — “Sadad al-Husseini, recently retired as head of exploration and production at Aramco, the Saudi national oil company, notes that new oil output coming on-line had to be sufficient to cover both annual growth in world demand of at least 2 million barrels a day and the annual decline in production from existing fields of over 4 million barrels a day. ‘That's like a whole new Saudi Arabia every couple of years,’ Husseini said. ‘It's not sustainable.’ (...)
While some CEOs sound very bullish about the growth of future production, their actions suggest a less confident outlook. One bit of evidence of this is the decision by leading oil companies to invest heavily in buying up their own stocks. ExxonMobil, for example, with the largest quarterly profit of any company on record—$8.4 billion in the last quarter of 2004—invested nearly $10 billion in buying back its own stock. ChevronTexaco used $2.5 billion of its profits to buy back stock. With little new oil to be discovered and world oil demand growing fast, companies appear to be realizing that their reserves will become even more valuable in the future. (...)
The influence on oil production in the years immediately ahead that is most difficult to measure is the emergence of what I call a ‘depletion psychology.’ Once oil companies or oil-exporting countries realize that output is about to peak, they will begin to think seriously about how to stretch out their remaining reserves. As it becomes clear that even a moderate cut in production may double world oil prices, the long-term value of their oil will become much clearer.
” — Lester R. Brown, in THE COMING DECLINE OF OIL. VOLTAR
2 — Recebi a propósito deste dossiê um mail muito oportuno, onde o Comissário Europeu da Energia, Andris Pielbags, escreve o seguinte alerta: “Since the 1970's, improved energy efficiency has contributed more to our energy balance than any other single energy source except oil. More than coal, more than gas, and more than nuclear energy or renewables. These ‘negawatts’ have been every bit as valuable in economic terms as the ‘produced watts’ of energy they replaced. With today's energy prices a negawatt of energy savings costs about half of what it costs to produce the same amount of energy. The cheapest, most competitive, cleanest and most secure form of energy for the European Union thus remains saved energy.
[actualização: 30 Maio 2006] Vale ainda a pena ler a entrevista de Aníbal Fernandes ao JN de 25 de Maio sobre o ‘embuste’ nuclear proposto por Patrick Monteiro de Barros (ver PDF, 592KB) VOLTAR
3 — “Reconhecendo que o aquecimento global pode estar a aproximar-se rapidamente do ponto de não retorno e que o mundo não pode esperar pelo governo dos Estados Unidos, centenas de presidentes de câmara de cidades estado-unidenses apelaram ao corte nas emissões de gases com efeito de estufa. Ao assinarem o U.S. Mayors Climate Protection Agreement, estes presidentes de câmara — representando cerca de 44 milhões de americanos — comprometeram-se com as suas cidades a atingir ou ultrapassar o objectivo de redução das emissões previsto no Protocolo de Quioto, apesar da recusa do governo federal de ratificar o tratado. — Janet Larsen, in Earth Policy Institute (03 maio 2006)”. Um exemplo para as restantes cidades do mundo, mesmo aquelas que pertencem a países que assinaram o protocolo... LINK TOPO

Actualização [06 Ago 2006]: Explosive Oil Consumption Growth in the Top Oil Exporting States by Randy Kirk

OAM #120 03 MAI 2006