terça-feira, outubro 26, 2010

O eixo da estupidez

Defender o euro, sim; fazer da União Europeia uma tasca franco-alemã, não!

Germany has been pushing treaty change for months, but the idea only gained traction last week after a deal was struck in which Berlin won support for the plan in exchange for backing Paris on a softening of new EU budget rules. 

Berlin wants a permanent crisis resolution mechanism because the current system, created in May to handle the fallout from the Greek debt crisis, runs out in 2013, is taxpayer-funded and is legally ambiguous under the current Lisbon Treaty. — in "Treaty change debate divides EU foreign ministers", EurActiv, 26 October 2010.

O euro passou em menos de uma década, de quimera monetária risível, ao estatuto de segunda moeda de reserva mundial, ameaçando em cada mês que passa a hegemonia, essa sim cada vez mais caricata, do papel higiénico americano. É basicamente este estatuto ímpar que a estratégica Alemanha não só não quer perder, como pretende reforçar a todo o gás. Mas para que este desiderato possa vir a ser uma realidade, a União Europeia terá que fazer três coisas em simultâneo: 
  • descolar de Wall Street, 
  • instaurar um efectivo governo económico-financeiro no seio da União Europeia, 
  • e reforçar estrategicamente as suas relações com a Rússia. 
Ou seja, a Alemanha percebeu há muito que o pêndulo do poder mundial se desloca à velocidade de um clique para Oriente, e que a China será em breve (2015-2020) o banco do mundo. Esta deslocação tectónica do centro de gravidade da economia, da finança e da diplomacia mundial em direcção à China, irá introduzir necessariamente grandes tensões, nomeadamente em volta das principais reservas mundiais de recursos energéticos, minerais e alimentares. 

Um dos pontos sensíveis da tensão crescente é obviamente o Irão, um dos principais fornecedores de petróleo à China e ao Japão. Não nos esqueçamos (1) que o bloqueio energético americano ao Japão foi a causa eficiente da entrada de ambos na Segunda Guerra Mundial. 

Outro ponto de potencial ruptura diplomática advém da escassez crescente de alguns recursos minerais fundamentais, como por exemplo os metais raros (rare earths) essenciais a toda a tecnologia electrónica que hoje suporta literalmente a globalização. A recente decisão da China, produtor de 95% dos metais raros empregues na indústria, de suspender todas as exportações destes recursos a partir de 2015, deixou a Alemanha em estado de choque (2).

A nova e mais suave ditadura chinesa, que (mutatis mutandi) não anda muito longe da arquitectura autoritária de Salazar, ajuda a traçar com mais precisão e controlo do que as democracias obesas do Ocidente os seus objectivos estratégicos: melhorar a saúde pública, elevar os padrões de qualificação técnica e cultural da população, liberalizar moderadamente a cidadania, controlar os padrões de consumo interno, manter um saldo largamente positivo entre exportações e importações, manter nas mãos do Estado todas as alavancas industriais e controlos financeiros estratégicos da economia, participar decididamente na corrida científica e tecnológica em curso e, por fim, promover o desenvolvimento dos necessários meios de defesa diplomática e militar à sustentação de tão ambicioso desígnio. 

Diante deste panorama, os Estados Unidos perdem terreno e desorganizam-se numa espiral de decadência cada vez mais preocupante. Resta pois, para assegurar algum equilíbrio na balança das nações, a esperança numa Europa económica e financeiramente forte, livre, dialogante, que não se deixe atrasar e seja capaz de recuperar do estado de preguiça social em que se deixou cair nas últimas décadas. É aqui, pelos vistos, que a recuperação trapalhona do pacto franco-alemão entra! A troco da tolerância alemã para com os privilégios decadentes dos franceses, a França de Sarkozy prepara-se para ajudar a Alemanha a exercer uma mão mais dura sobre as paquidérmicas democracias burocráticas do Mediterrâneo.  

Não coloco em questão os objectivos, mas sim o método. Retirar direitos políticos aos estados da União que sistematicamente têm as suas contas públicas e externas no vermelho (colocando-se na condição de pedintes incorrigíveis da União) é uma humilhação desproporcionada e intolerável.  

Por sua vez, mudar tratados de seis em seis meses, como a recente iniciativa da senhora Merkel, acolitada pelo garnisé Sarkozy, pretende, não passa de uma estupidez institucional que só poderá atrapalhar ainda mais a consolidação do projecto europeu. 

Para forçar os PIGS a uma dieta orçamental, basta fechar-lhes a torneira do BCE e aplicar pesadas multas ao desvario insaciável das partidocracias que há décadas se banqueteiam com os impostos de quem produz e as lentilhas douradas enviadas por Bruxelas. 

Olhando o problema da perspectiva dos PIGS, talvez esta pressão seja a oportunidade desejável para fazermos algo. Eu proponho uma coisa simples e prática: criar uma nova aliança marítima intra-europeia tendo por objectivo gerar um sub-sistema político-financeiro fortemente regulado e capaz de financiar directamente o desenvolvimento económico efectivo, e não especulativo, do Sul da Europa. Esta decisão estratégica deveria ligar os interesses e potencialidades dos países mediterrânicos ao posicionamento atlântico privilegiado de Portugal e Espanha. 

Mas para aqui chegarmos, rejeitando as muitas humilhações que se perfilam no horizonte, teremos que fazer o trabalho de casa sem demora. Não será nada fácil, dado o grau de corrupção das nossas democracias. Mas para isso serve a Política!

NOTAS
  1.  "What Really Caused World War 2?"
  2. "Germany feels first Chinese 'rare earths' squeeze". EurActiv, 22-10-2010.

    German high-tech companies have reported their first supply shortages of rare earths following a rapid diminution of Chinese export quotas on the precious metals, which are used in everything from wind turbines to mobile phones and hybrid cars.

    According to Spiegel Online, China's blockade of shipments of rare earth metals is already causing some German companies to suffer shortages.

    German companies say they are being pressured by Chinese officials to increase their investment in China if they want to be assured of access to rare earth minerals.

domingo, outubro 24, 2010

O dilema

Cortar nos vencimentos da Administração Pública, ou aumentar impostos?

Que é preferível: baixar os vencimentos da Administração Pública, do sector empresarial do Estado, e das entidades e associações subsidiadas pelo Estado, em 30%, fazendo um ajustamento instantâneo da despesa ao estilo de vida que podemos suportar, ou aumentar os impostos, aumentando, por exemplo, o IVA, para 23%, 24% ou mesmo 25%?

Em ambos os casos trata-se de substituir a desvalorização impossível da nossa moeda (o euro) pela diminuição instantânea do nosso poder de compra, e por conseguinte das importações, o que vem a dar em algo parecido.

A diferença entre uma solução e outra é basicamente esta:
  1. como o sector privado ajusta continuamente os salários à procura de emprego (quanto mais esta cresce, mais os salários diminuem...), estes têm vindo a baixar paulatinamente de há uns anos a esta arte, e continuarão a descer, sendo já hoje claramente inferiores, em média, aos vencimentos pagos directa ou indirectamente pelo Estado, isto é, pelos impostos, taxas e outras cobranças por serviços públicos prestados...
  2. se nivelarmos os vencimentos da Administração Pública e entidades, organismos e associações dependentes do Orçamento de Estado, para valores próximos dos salários reais do sector privado, haverá uma mais justa distribuição da riqueza disponível, e dos sacrifícios, sendo que os funcionários públicos continuarão a gozar de vantagens comparativas face ao sector privado, nomeadamente no que toca a esse bem precioso e cada vez mais escasso, chamado estabilidade e durabilidade da relação de emprego;
  3. porém, se aumentarmos o IVA e outros impostos e taxas, seguindo uma espiral de pilhagem fiscal dos contribuintes, afectar-se-à de forma desigual os rendimentos individuais e familiares, além de tornar instantaneamente a economia portuguesa menos competitiva. Exportaremos menos, dezenas de milhar de empresas irão à falência (com o consequente aumento do desemprego duradouro), e a nossa dívida externa, em suma, continuará a crescer.
Qualquer das soluções será dolorosa para os assalariados deste país, com particular incidência nas classes médias urbanas, cujo empobrecimento relativo se acentuará rapidamente. Continuar como estamos é, porém, impossível, pois os credores fecharam a torneira dos empréstimos. A possibilidade de uma suspensão de pagamentos por parte do Estado português é cada vez mais verosímil. Em que ficamos? Qual é a sua preferência?

sábado, outubro 23, 2010

Guerra civil ou revolução?

Novo ultimato a caminho?
A reeleição de Cavaco e a formação duma coligação do pior que existe no PS e no PSD pode conduzir Portugal a uma guerra civil, ou a uma revolução, em menos de uma década.



A irracionalidade obstinada do sistema de portagens colocado em vias rápidas que não foram desenhadas, nem construídas, para serem autoestradas, eliminando com os seus traçados vias rodoviárias outrora existentes, poderá colocar Portugal numa rota de instabilidade e conflito interno sem precedentes desde a queda da primeira república às mãos de uma ditadura que nos salvou da ruína, mas nos atrofiou a alma e os neurónios. É que, o Norte, sempre o Norte, que por acaso é responsável pela produção de boa parte do que exportamos e produzimos de materialmente útil, ao contrário do casino de burocratas, subsídio dependentes, exibicionistas de telemóvel, cães mediáticos e chulos partidários que apenas sabem taxar e consumir, não vai aguentar o vampirismo fiscal que o bando de gatunos e criminosos que mandam no PS, no PSD e no CDS-PP se prepara para desencadear e defender à força da bala, se necessário for, e vai ser!

No próximo ano, com o programa de austeridade a revelar todo o seu tremendo impacto nas finanças familiares e das empresas, e o petróleo de novo perto dos 100 dólares, ou mais, sem crédito, ou então com crédito escasso e a preços usurários (1), os portugueses, a começar pelo Norte, poderão revoltar-se de um dia para o outro. Poderão, como em França ou Itália, e dentro em breve no Reino Unido, bloquear refinarias, sabotar linhas de caminho de ferro, parar frotas de transporte rodoviário, assaltar supermercados, pegar fogo a carros, autocarros e comboios — em suma, lançar Portugal numa situação pré-insurreccional espontânea. Um agressivo Partido do Norte poderá mesmo ver finalmente a luz do dia, reclamando o fortalecimento das ligações económicas, financeiras, institucionais e políticas entre o Norte de Portugal, a Galiza e Castela-Leão, com o objectivo imediato de impedir a sucção criminosa da riqueza produzida pelo sector produtivo a norte do Mondego, por parte de uma nomenclatura acantonada no Terreiro do Paço e em São Bento. As euro regiões estão estrategicamente inscritas no espírito da União Europeia. Só por influência das burocracias hipertrofiadas, partidarizadas até à medula, e das clientelas financeiras que há decénios ou séculos sobrevivem na sombra de Estados ineficientes e corruptos, foi até agora possível travar a desejável regionalização europeia, sobretudo na sempre mafiosa e atrasada Europa do Sul. O tempo da mentira e da dissimulação, porém, acabou. Nos próximos dois anos (2011-2012) Portugal entrará inexoravelmente numa prolongada e grave convulsão social e política. Maior e mais grave será, se o senhor Passos de Coelho se suicidar politicamente este fim-de-semana.

Os galegos têm absoluta razão quando questionam a legalidade dos métodos de implementação das portagens virtuais nas SCUT da Costa de Prata (rebaptizada A29), do Grande Porto (rebaptizada A41/A42) e Norte Litoral (rebaptizada A28). De facto, tal como ocorre com algumas das taxas que o Estado insere nas facturas da água (para financiar empresas e serviços não supervisionados de nível municipal, regional e nacional), da electricidade (para financiar a EDP, ou a luxuosa RTP — um escândalo sem nome!), ou dos combustíveis (para alimentar a Pão de Ló a GALP e as grandes empresas de construção e especulação imobiliária), a cobrança compulsiva de portagens, sem aceitação de pagamento na única moeda comum que circula na União, o euro, e impondo custos subsidiários com aquisições de dispositivos electrónicos, etc., é uma ilegalidade monstruosa. Na realidade, este tipo de arbitrariedade equivale à imposição de meios de pagamento informais, sem cobertura legal, nem qualquer fiabilidade. Se o sistema de portagens virtuais se enganar, ou for, ainda que pontualmente, capturado por criminosos, cobrando o que não pode, quem supervisiona as operações e resolve os conflitos?

O negócio das Parcerias Público Privadas, sobretudo no sector dos transportes rodoviários, é a principal prova do grau de corrupção a que chegou a nomenclatura cleptocrata e a partidocracia que conduziram o nosso país à bancarrota, fragilizando-o como nunca esteve desde os tempos do Ultimato Inglês (1890). O Reino Unido, que desta vez está quase tão falido como nós (2), foi obrigado a anunciar a retirada, até 2015, das 20 mil tropas que ainda tem estacionadas na Alemanha, e a alugar os seus porta-aviões às forças aéreas norte-americana e francesa, por absoluta falta de dinheiro para manter o seu inadequado sistema de forças. Se somarmos a esta debilidade estratégica inglesa, o colapso para que também caminha a América de Obama, antevendo-se para breve (2015-2020) o fim da hegemonia diplomática e militar da aliança anglo-americana, em que situação ficaremos nós perante o nosso maior credor, isto é, a Espanha?

Portugal devia ao resto da Europa, em Maio deste ano, segundo o insuspeito Bank for International Settlements (Europe's Web of Debt) qualquer coisa como 286 mil milhões de USD, ou seja, mais de 100% do PIB (que andará entre os 227,6 e os 233,4 mil milhões de USD). Desta colossal dívida, 30%, ou seja, 86 mil milhões de USD, são devidos ao nosso poderoso hermano. Este por sua vez, deve-nos 28 mil milhões. Ou seja, o saldo a favor dos credores espanhóis é da ordem dos 58 mil milhões de dólares. Uma bagatela equivalente a mais de 41 pontes Vasco da Gama, ou a uma frota de 83 submarinos da classe recentemente adquirida aos alemães (em troca da permanência da Autoeuropa em Palmela), ou 20 vezes o orçamento total do nosso ministério da defesa para 2011. Que acham que poderão os corruptos do Terreiro do Paço dizer ou fazer, sejam eles cor de rosa ou de laranja, no dia em que Madrid exigir a ligação da sua rede ferroviária em bitola europeia aos portos portugueses, nomeadamente de Sines e Matosinhos — conforme consta de sucessivos tratados assinados entre os dois países? Querem um novo ultimato, é?! Foi assim que caiu a corrupta e indolente monarquia. Querem repetir a dose na actual república de pelintras, igualmente indolente e corrupta?

As ligações ferroviárias de Portugal a Espanha e ao resto da Europa estão inscritas na estratégia europeia de transportes e mobilidade, nomeadamente tendo em vista reduzir as emissões de gases com efeito de estuda e os impactos cada vez mais dramáticos do pico petrolífero nos preços mundiais do petróleo, do gás natural, dos respectivos derivados, e de toda a cadeia de valor que daqui corre em cascata — dos preços da energia, aos preços das matérias primas mineiras e da água, do preço dos adubos e da água, aos preços dos bens alimentares, dos custos imparáveis da mobilidade, à implosão dos subúrbios urbanos a uma escala nunca vista, nem imaginada, etc.

Matraquear contra o "TGV", como insistentemente tem vindo a fazer toda a turma do PSD, a começar pelos emproados pedaços de nada que têm aconselhado o Jota Passos de Coelho (refiro-me concretamente aos perfumados e penteados Miguel Relvas e António Nogueira Leite), é um tiro no pé, e uma basófia que em breve terão que acomodar da pior maneira. Atrasar as obras, nomeadamente do corredor Lisboa-Porto, compreende-se nas actuais circunstâncias, sobretudo porque a corrompida RAVE (agora oportunamente extinta!) gastou mais de 100 milhões de euros em estudos adjudicados aos gabinetes clandestinos do PS, que nem sequer se deram ao trabalho de fazer os ditos estudos de forma tecnicamente competente, preferindo montar PDFs e Power Points para inglês ver, ao serviço das golpadas das empresas e bancos que mandam nas marionetas governamentais. Mas boicotar o troço Poceirão-Caia, como têm vindo a fazer praticamente todos os irresponsáveis do PSD, brada aos céus! Esta é a menos cara, melhor financiada por fundos comunitários, mais necessária e sucessivamente contratualizada ligação ferroviária em bitola europeia entre Portugal e Espanha. O seu objectivo é duplo: aumentar a mobilidade entre as duas capitais ibéricas, e sobretudo fazer chegar petróleo, minerais, automóveis, e tudo o que conseguirmos colocar em cima dos comboios de mercadorias, a toda a Espanha (por via de entrada na sua crescente rede de bitola europeia para comboios de alta velocidade e velocidade elevada), e também ao resto da Europa, que em Bruxelas elegeu a interoperabilidade do transporte ferroviário europeu como a primeira prioridade, para esta  década e a próxima, em matéria de transporte sustentável.

O que certamente pode esperar, por que é manifestamente desnecessário, é a Terceira Travessia do Tejo entre Chelas e o Barreiro (3), são as parcerias público privadas ruinosas com que querem levar por diante o aeroporto da Ota em Alcochete, e ainda as autoestradas vazias e os novos hospitais dos grupos Mello e Espírito Santo, a pagar por todos nós, pelos nossos filhos e netos!

Os tempos que aí vêm serão muito difíceis. Mais difíceis ainda se não pusermos um travão a fundo à voracidade bestial dos vampiros que, não contentes com terem levado o país à bancarrota, ainda querem sugar-nos o tutano que temos dentro dos ossos. A isto teremos que dizer basta! Se não nos ouvirem, esperem então por uma guerra civil, ou por uma revolução. Não partirá de mim. Mas de alguém partirá.


POST SCRIPTUM (24-01-2010; 15:25)

Alguém me recordou, a propósito deste artigo, que o meu argumento a favor de uma nova ligação ferroviária, em bitola europeia (ou bitola UIC), entre o Poceirão e Caia estará ferido de algum optimismo, não tendo nomeadamente em conta alguns factos recentemente escavados pelo Carlos Enes para a TVI, e que causaram grande burburinho entre as hostes parlamentares. As reportagens sobre este ponto, que recomendo vivamente, são estas:
No essencial, o que há para avaliar é isto:
  1. os custos do troço Poceirão-Caia oficialmente anunciados andarão, afinal, pela metade dos custos efectivos aceites pelo governo no contrato entretanto assinado à pressa;
  2. nestes custos, supostamente englobando apenas a linha de alta velocidade entre Caia e o Poceirão, escondeu-se um projecto absurdo desenhado à medida dos interesses de Jorge Coelho e Cª, isto é, construir uma nova linha convencional, em bitola ibérica, destinada exclusivamente ao transporte de mercadorias, entre o Poceirão e Caia, correndo ao lado da nova linha de alta velocidade, em bitola europeia (que o governo quer destinar exclusivamente a passageiros!) Ou seja, as mercadorias andarão em Espanha e no resto da Europa sobre carris de bitola europeia, mas quando atravessarem a fronteira portuguesa terão mudar de comboio, para garantir aos senhores de voz grossa da Mota-Engil o improdutivo monopólio ferroviário que pensam abocanhar no futuro. Ou seja, pelo dobro do previsto, e escondendo uma linha absurda debaixo de um projecto comunitário (que os burocratas de Bruxelas, certamente bem untados, também não enxergam...), este governo de piratas preparava-se para mais um embuste.
  3. as taxas de crescimento do PIB que serviram de referência à avaliação da rentabilidade do investimento —entre 1,9% e 3,5%— estão completamente desactualizadas, pelo que, com Portugal a crescer entre 0 e 1%, ou até mesmo com uma longa recessão à vista, a rentabilidade do investimento na linha de alta velocidade entre o Poceirão e Caia fica irremediavelmente comprometida.
Face a esta nova trapalhada, e mais este projecto de expropriação criminosa da riqueza nacional, eu, em vez de continuar a insistir nas virtudes da necessária interoperabilidade entre a rede ferroviária portuguesa e as redes espanhola e europeia de bitola europeia (ou bitola UIC), terei agora que condenar mais esta gigantesca burla arquitectada pela RAVE e pela Mota-Engil, exigindo —contra o que fui defendendo nos últimos anos— a suspensão imediata de todos os contratos relativos à construção da linha de alta velocidade entre o Poceirão e Caia. Paguem-se, pois, as indemnizações devidas (negociando-as duramente, claro!) e retome-se o processo de fio a pavio, em novas bases. A Judiciária, por fim, deverá ir atrás de quem se preparava para roubar mais uma quinta do Orçamento de Estado.


NOTAS
  1. Já hoje, o dinheiro que os bancos comerciais vão buscar ao BCE a 1% é emprestado a mais de 30% aos desgraçados que se vêm na emergência de ter que recorrer a empréstimos pessoais!
  2. Não fora 30% do seu PIB terem origem em paraísos fiscais da rainha de Inglaterra, e até estariam pior!
  3. A solução do corredor Chelas-Barreiro é uma monstruosidade técnica, urbana e económica. Como tal deve ser liminarmente rejeitada e, quando for oportuno e houver dinheiro, substituída por outro corredor entre as duas margens. O comboio AVE, ou LAVE, entre Madrid e Lisboa, deverá parar, não no Poceirão, mas na moderna estação, já existente, do Pinhal Novo. Ali sairão os passageiros destinados à Margem Sul. Depois de uma rápida operação de alargamento dos eixos dos rodados, o LAVE seguirá então pela Ponte 25 de Abril até à nova estação central de Lisboa, sediada onde deve estar: no centro da capital, ou seja, no Campo Grande, onde outrora existiu a Feira Popular e hoje apenas há um enorme buraco.

Última actualização: 24-01-2010 10:25

    quarta-feira, outubro 20, 2010

    PSD mais perto do poder

    A um passo de virar o país!

    “Se o Governo quiser desertar o PSD assumirá as suas responsabilidades”, disse Passos depois de apresentar ao parlamento do partido as seis condições que impõe para que os 81 deputados social-democratas se abstenham na votação de 29 de Outubro. _ in Económico.

    Parece que as coisas se encaminham para um beco com saída, ainda que estreita, ao contrário do beco sem nenhuma saída para onde a borra e a bosta desta democracia degenerada queriam levar-nos ao som do papão do FMI. O FMI só cá entra se o chamarem, e de facto, o que a malta que andou a roubar ou a dormir na forma e agora acordou queria era que Sócrates chamasse o FMI e depois atirasse as culpas para o recém chegado líder do PSD, com os capacetes do PCP e do Bloco de Esquerda a abanarem que sim, e a voz cava do poeta Alegre a proclamar cacafonias sem rima, nem prosódia, nem lógica, nem nada. O jota Passos de Coelho parece que me ouviu. Que os deuses de Camões protejam o audaz!

    Não sei se já repararam nisto: o país está literalmente a saque, e a toda a velocidade! É preciso estancar a hemorragia quanto antes, dando sinais imediatos à comunidade que o Estado, depois de recomposto, perseguirá os criminosos, sem cerimónias, metendo na prisão, por muitos e bons anos, quem se apropriou indevidamente dos bens colectivos e se preparava para entregar o país aos credores. Os militares não precisam de intervir. Basta que façam saber que não serão usados para defender ladrões.

    A Esquerda que um dia também foi minha morreu. Morreu de cobiça, de oportunismo, de corrupção, e sobretudo de uma enorme estupidez e incultura profunda. Pareceram um dia novos ricos. E foram mesmo ricos, não porque trabalharam no duro, mas antes por terem sabido apropriar-se do bem comum. A partidocracia abriu assim, desta forma canina, caminho à instalação de uma verdadeira cleptocracia burocrática, em tudo semelhante à dos antigos países soviéticos. É preciso parar esta hemorragia suicida.

    O preço de adiar o que tem que ser feito agora, dando mais um balão de oxigénio às carraças do orçamento, seria altíssimo. Ainda há umas horas escrevi isto no Facebook:
    As classes médias revoltar-se-ão inexoravelmente no momento em que os jovens sem emprego deixarem de poder contar com a mesada dos pais, e passarem, pelo contrário, a ter que contribuir para as despesas domésticas comuns. 50% dos rapazes com menos de 35 anos vivem ainda em casa dos pais; e 1/3 das raparigas estão na mesma situação! É esta combinação explosiva que varrerá do actual regime cleptocrata a corja de bovinos imbecis ou corruptos que capturou o país, o descarnou, e agora se prepara para entregar os ossos aos credores. A partidocracia foi, percebemos todos agora, o instrumento dessa cleptocracia que nos últimos meses vem jorrando sobre os portugueses toda a sua arrogância mórbida e aparente impunidade. Tenho poucas ilusões sobre o desfecho da actual pugna orçamental, e sobre o comportamento do jota Passos de Coelho, mas apesar de tudo desejaria que pudesse acontecer doutro modo. Se não for possível, paciência, lá teremos que exigir uma revolução política a sério. E como é óbvio essa revolução a sério não será feita pelas carcaças carcomidas do estalinismo, ou do trotskysmo universitário que por aí andam.
     Afinal, nem tudo está decidido ainda. Passos de Coelho poderá mesmo vir a ser promovido, por este blogger ordinário e mal disposto, a Pedro Passos Coelho, futuro primeiro ministro deste país desgraçado. Ele está, depois do que ele disse esta noite, à saída do Conselho Nacional do PSD, a um passo de enviar Sócrates e Cavaco às urtigas!

    Eu e muitos portugueses temos as maiores dúvidas sobre as capacidades mentais do actual presidente da república. Os rumores sobre o seu estado de saúde (possível doença de Parkinson ou Alzheimer) não foram até agora, incompreensivelmente, desmentidos. Mas há que fazer a pergunta directamente: sofre ou não o cidadão Aníbal Cavaco Silva, presidente da república portuguesa, de doença degenerativa perturbadora das suas faculdades mentais? A presença constante de Maria Cavaco Silva ao seu lado, e as acções diligentes que com frequência crescente tem que antecipar para corrigir gestos ou palavras do presidente, suscitam as maiores preocupações.

    Se for verdade, como parece, que Cavaco Silva está doente, esconder um tal facto é não só desumano para o próprio, como intolerável do ponto vista constitucional. Está na altura, creio, de a esposa do presidente olhar seriamente pelo marido e pela dignidade do país. Temo que se o não fizer, a infecta Casa Civil do Presidente continuará a conspirar em nome exclusivo dos seus mesquinhos interesses de sobrevivência, envolvendo até o pueril "professor Marcelo" em manobras golpistas que, a serem provadas, poderão calar de vez o bico ao incontinente tagarela dos Domingos.

    terça-feira, outubro 19, 2010

    A cleptocracia soma e segue

    Ainda há cofres por arrombar!

    Subir o IVA ou ajudar a ASCENDI?
    Sabia que mais de metade das receitas projectadas com a subida do IVA vão "direitinhas" para os cofres de uma empresa privada? Sabia que as transferências dos dinheiros do Estado para esta empresa equivalem a mais de metade das poupanças arrecadadas com o corte de salários dos funcionários públicos?
    Pois é, é verdade. Pelo menos, é isso o que nos informa o Relatório do Orçamento de Estado para 2011. Como todos sabemos, o projecto de Orçamento de Estado do governo dá azo ao maior aumento da carga fiscal das últimas décadas. Sobe-se o IVA, o IRS, as contribuições sociais, bem como toda uma série de taxas que farão diminuir o rendimento disponível das famílias e aumentar os custos das empresas e dos consumidores.
    Cortaram-se ainda salários, prestações sociais, despesas com a Saúde e os gastos com a Educação. Tudo em prol do "interesse nacional". Porém, sabia que o mesmo governo que está a querer aumentar o IVA vai igualmente transferir 587,2 milhões de euros para a ASCENDI, com a desculpa de levar a cabo a "reposição da estabilidade financeira" da empresa? E que esse "reforço" equivale a um aumento de 289,6% das verbas pagas à ASCENDI em relação a 2010? (p. 212 do Relatório do OE 2011). — in Desmitos.

    Finanças cometem gralha de €437 milhões em dotação orçamental

    A Ascendi, gestora de infra-estruturas detida pela Mota-Engil e pela ES Concessões (participada do Banco Espírito Santo - BES), solicitou ao Ministério das Finanças uma correção à rubrica inscrita no Orçamento do Estado (OE) para 2011 que refere uma dotação de €587 milhões como reposição do equilíbrio financeiro da Ascendi.

    O valor em causa destina-se a compensar alterações contratuais efectuadas nas auto Sem Custos para o Utilizador (SCUT) relativamente às quais a Ascendi deveria receber cerca de €150 milhões. Contactado pelo Expresso, o Ministério das Finanças não adiantou detalhes sobre o assunto.

    No entanto, a referida rubrica do OE para 2011 inscreveu mais €437 milhões que o valor que seria devido, o que, aparentemente, será apenas um lapso.

    A Ascendi também integra investimentos da Opway, da Amândio Carvalho, da Rosa Construtores, da Odebrecht, do Millennium bcp Investimento, do Santander Totta, da Hagen Concessões, da Monte Adriano e da Mesquita.

    A Ascendi resultou de uma transformação da Aenor e detém, a concessão de uma rede de 850 quilómetros de auto-estradas. — in Expresso.

    Eu não vos tinha dito? O Orçamento demorou e traz páginas em branco, porque foi, de facto, composto nos gabinetes clandestinos do PS (sim, clandestinos!), onde quem continua a mandar é o Coelho de sempre (o Jorge!). Um estalinista maoísta nunca esquece.

    Se a história da "gralha" do Orçamento, que a própria ASCENDI mandou o contínuo Teixeira dos Santos corrigir —pasme-se!—, não é a prova do algodão de que os socialistas da Tríade de Macau transformaram Portugal numa cleptocracia, perante a passividade bovina da restante corja partidária, então sou eu que estou maluco.

    A sensação que me dá é a de estarmos num filme policial, onde um país inteiro, Portugal, foi tomado de assalto por piratas, encontrando-se neste momento o pelotão da frente dentro do cofre forte do regime, sacando freneticamente tudo o que encontra dentro das sucessivas gavetas arrombadas, enquanto comandos especiais se atarefam a dinamitar e arrombar os poucos cofres ainda fechados.

    Saquear milhões de portugueses à vista de todos e em directo televisivo, é o filme de horror onde estamos metidos neste preciso momento, perante o semblante patético de um presidente da república levado pela mão da mulher (sem a qual já não sabe que fazer), a gritaria hipócrita e populista dos herdeiros degenerados das esquerdas, e um PSD balcanizado como sempre, onde efectivamente se encontra a cara-metade da cleptocracia, controlada há mais de uma década pelos piratas que tomaram de assalto o PS.

    Que julga esta gente? Que a vamos aturar por muito mais tempo? Que vai poder escapar toda para o Brasil daqui a quatro ou cinco anos? O plano deve ser esse, pois sabem que o Brasil não extradita criminosos! E se os apanhássemos já? Para isso seria necessário, neste momento crucial da nossa vida colectiva, que o senhor Passos de Coelho agisse com coragem e inteligência, sem ceder a chantagens, venham elas dos ladrões da Lapa, ou dos ladrões de Bruxelas. Se conseguir levar o PSD a chumbar a criminosa gazua orçamental com que os piratas do regime pretendem saquear até ao tutano Portugal, o país dar-lhe-à não só a maioria, como uma expressiva maioria absoluta, para colocar o país nos eixos, e a canalha na prisão. O pior que poderia acontecer-nos é ficarmos sem alternativa à sinistra nomenclatura que levou Portugal à bancarrota.

    A arrogância de José Sócrates —ao anunciar com displicência que nem sequer estará em Lisboa para discutir o Orçamento— tresanda a comportamento mafioso, como se ele fosse o gato, e Passos de Coelho o rato prestes a cair-lhe na boca. Espero bem que o candidato a próximo primeiro-ministro não seja mortalmente atropelado pelas pressões das suas interessadas amizades.

    segunda-feira, outubro 18, 2010

    Golpe de Estado!

    Marcelo não é comentarista, mas agente provocador!

    Marcelo Rebelo de Sousa actuou hoje na TVI como agente provocador de um verdadeiro golpe de estado palaciano ao anunciar uma decisão da exclusiva competência e foro íntimo de Aníbal Cavaco Silva, em vésperas de uma batalha política decisiva para o Portugal, cujo desenlace poderia aliás levar o actual presidente da república a desistir da sua recandidatura ao cargo que ocupa sem brilho, nem verdadeiro préstimo para o país, desde que rebentou o escândalo que o tem aprisionado — i.e. a falência criminosa do BPN.

    Como aqui se escreveu, desde que anunciaram a mistificação mediática do tango contra-natura entre José Sócrates e Passos Coelho, a única estratégia correcta do actual líder do PSD, seja para conservar o cargo conquistado, seja para criar a oportunidade de uma verdadeira limpeza do regime corrupto e cleptocrata que levou Portugal à bancarrota, seria, e é, correr do Estado, tão depressa quanto possível, com os criminosos que dele se apoderaram, por interpostos lacaios ou directamente.

    No caso da anunciada vigarice orçamental cozinhada nas folhas de cálculo do ministro das finanças, a única decisão politicamente decente e estrategicamente correcta por parte de um candidato a primeiro ministro seria e é chumbá-lo sem dó nem piedade, com um virulento discurso sobre os responsáveis que, por acção ou inacção interessada ou cobarde, conduziram Portugal a uma verdadeira situação de bancarrota, colocando-nos nas mãos dos credores estrangeiros — isto é, e na prática, esvaziando completamente a nossa soberania económico-financeira.

    Com isto não se pode compactuar!

    Também se escreveu, acertando completamente na mouche, que o chumbo do orçamento por Passos Coelho seria uma carambola que eliminaria os dois principais obstáculos à clarificação rápida da nossa situação, e consequente restauração de uma democracia que foi esventrada por uma verdadeira rede de gatunos de todos os quadrantes.

    Volto a escrever: se Passos Coelho chumbar o Orçamento de Estado (OE) de 2011, Cavaco Silva não se recandidatará, e o vento soprará imediatamente a favor da nova direcção do PSD. É claro que esta possibilidade meteu um medo de morte ao Bloco Central do Betão e da Corrupção, que sustenta, como se sabe, quase toda a comunicação de massas deste país (salvo a que já está directamente ao serviço da contra-informação governamental!)

    Desde que a possibilidade do chumbo do OE começou a pairar no campo das opções políticas com sentido (o bloco que vai eleitoralmente unir-se em volta do poeta Manuel Alegre, e o próprio Manuel Alegre, que votem o Orçamento...), a nomenclatura em pânico montou mais uma gigantesca operação de propaganda, envolvendo laranjas, rosas e até foices-e-martelos no tam-tam ensurdecedor. O que fizeram foi simples: mudaram o resultado do jogo que aqui anunciei. Ou seja, o chumbo do OE seria, por um lado, o caos, e por outro, a vitória maquiavélica de Sócrates! Para coroar a operação, encharcaram todos os canais da comunicação social com esta patranha, e depois fizeram uma sondagem. A cereja no bolo colocou-a, esta noite, essa "gelatina política" chamada Marcelo Rebelo de Sousa — um político falhado, e um pseudo-comentarista. O que hoje fez foi, porém, além das marcas.

    Pergunto ao senhor Marcelo Rebelo de Sousa uma pergunta muito simples: foi Aníbal Cavaco Silva que o informou?

    A minha convicção e a minha interpretação dos factos que conduziram a este verdadeiro golpe de estado palaciano são estas:
    1. Por tudo o que Cavaco Silva disse até hoje, e pelo carácter evasivo e temeroso que se lhe conhece, o homem nunca anunciaria a decisão propalada por Marcelo de Sousa antes da votação do Orçamento;
    2. Pelo seu temperamento, também não é de crer que uma tão pesada decisão, tendo em conta o estado calamitoso do país, a sua comentada doença degenerativa, e a paralisia intelectual e política da sua acção desde que rebentou o caso BPN,  viesse a ser anunciada por uma qualquer interposta pessoa — ainda por cima recorrendo à língua viperina dum notório má-língua chamado Marcelo Rebelo de Sousa;
    3. Resta pois uma hipótese, o Presidente da República foi vítima de uma nova tentativa de golpe de estado palaciano desencadeado a partir da sua infecta Casa Civil. Quando cheiraram a mera hipótese da não recandidatura do actual presidente, em consequência do chumbo do OE por parte do actual líder do PSD, entalaram-no com o pré-anúncio da sua recandidatura através de um Conselheiro de Estado que usou a comunicação social para fazer, até agora, intriga política, mas que na noite de domingo de 17 de outubro de 2010, lhe permitiu também coadjuvar uma turma de conspiradores a realizar o que não pode ser visto se não como um golpe de estado palaciano.
    E agora?

    Cavaco Silva tem uma de três soluções:
    1. Desmente categoricamente o mensageiro conspirador — mandando directamente para a reforma um fala-barato;
    2. Confirma o que o fala-barato anunciou, e nesse caso tem que o fazer logo pela manhã de Segunda-Feira, comunicando ao mesmo tempo ao país qual a sua posição sobre o orçamento de estado do governo de Sócrates (não tem oura alternativa!);
    3. Ou então deixa tudo em suspenso até dia 26, o que equivaleria, na prática, à primeira opção, fazendo passar Marcelo Rebelo de Sousa por aquilo que verdadeiramente é: um auxiliar de conspirador de meia tigela.
    Por fim, não vejo como poderá o PSD, e sobretudo Passos Coelho, deixar de exigir a imediata demissão do conselheiro de Estado Marcelo Rebelo de Sousa, pela sua intromissão intolerável num processo político-constitucional do maior melindre. tratando na prática o actual presidente da república como se fosse um atrasado mental.

    POST SCRIPTUM — 18-10-2010; 14:20. Cavaco Silva optou pelo silêncio, ou seja, não confirma, nem desmente, a atoarda conspirativa de Marcelo Rebelo de Sousa, deixando este spin doctor uma vez mais a fazer figura de parvo. Mas há um pormenor aqui que convém salientar: se houve tentativa de golpe de estado palaciano, e estou convencido de que houve (este mesmo post foi enviado esta madrugada à presidência da república desafiando o seu receptor a dar dele conhecimento a Cavaco Silva), o presidente desarmou-o, desta vez, a tempo. Mas não chega! É preciso escovar imediatamente o pó acumulado da sua Casa Civil, senhor Presidente! Ou os ácaros continuarão a sua permanente acção de desgaste e destruição. Quanto ao mais, reitero: acho que o senhor não se deveria recandidatar ao cargo. Se não salvou o país quando podia, não será agora ou com novo mandato que o fará. A instituição de que é o representante máximo está tão podre e corrompida quanto os demais edifícios do regime. O país precisa de uma revolução constitucional, e sobretudo de novos protagonistas. Os herdeiros líquidos do 25 de Abril já mostraram o que valem!

    domingo, outubro 17, 2010

    Bancarrota - 2

    Contra o Orçamento, marchar! marchar!

    O súbito conformismo de Medina Carreira



    Quando todo o historial permitia presumir uma oposição frontal de Medina Carreira à aprovação da aldrabice a que a nomenclatura do regime insiste em chamar Orçamento de Estado, fomos entretanto  surpreendidos (Plano Inclinado, 16 outubro 2010) pela capitulação do fiscalista perante a chantagem governamental. Ai, ai, ai que vem aí o FMI! — clama Medina Carreira. Mas não era ele mesmo que reclamava o desembarque daqueles senhores no Figo Maduro para salvar o país?! E se eles não vierem, pode o país salvar-se, continuando nas mãos da santa aliança entre Cavaco e Sócrates? A contradição é insanável. Algo de muito estranho deve ter convencido Medina Carreira a deitar ao lixo toda a sua esclarecedora pregação anti-sistema. (1)

    A partidocracia e a nomenclatura estão inteirinhas com Sócrates e Cavaco!

    Todos os partidos com assento parlamentar, sem excepção, isto é, de Louçã e Jerónimo de Sousa, ao inefável Portas, estão interessados na aprovação do cheque em branco que permitirá ao governo de piratas que elegemos (a culpa também é nossa, obviamente!) prosseguir a sua tarefa deletéria de delapidação económica e financeira do país. A consequência será, não havendo já, como se sabe, mais colónias para penhorar ou vender ao desbarato, a própria e acelerada perda da nossa soberania a favor dos nossos principais credores.

    A aldrabice pegada apresentada pelo sem vergonha ministro das finanças, Teixeira dos Santos, resume-se a isto: manutenção do status quo na arquitectura, peso e natureza endogâmica, partidária, intrusiva e omnipresente do Estado —qual burocracia Estalinista vestida de cor-de-rosa—; e um criminoso saque fiscal sobre a generalidade da população e agentes económicos indefesos — ou seja, sobre os mais pobres, sobre a classe média profissional, sobre o funcionalismo púbico, e sobre o pequeno empresariado, deixando de fora, claro está, a poderosa classe parasitária dos monopólios e oligopólios que financiam e têm no bolso a generalidade dos partidos políticos e meios de comunicação de massas, mais as bases partidárias que, como metástases dum cancro letal, invadiram o estado e minam a sustentação da própria sociedade, degenerando assim a democracia, e criando todas as condições para a transformação desta numa cleptocracia

    O negócio sujo proposto pelos piratas do PS aos piratas do PSD, para que estes deixem passar o orçamento, é este: vocês deixam-nos fazer o TGV e a TTT (Jorge Coelho/Mota-Engil oblige!), e nós deixamos que vocês prossigam com a aeroruína de Alcochete (Cavaco/BPN-SLN oblige!) As PPP, que interessam a ambos, seguirão também de vento em popa, não é verdade?

    A seringa dos impostos é grossa e comprida. E quanto ao povo, como o que quer é circo, telenovelas e batatas fritas, nós para isso ainda temos. E se não gostarem, que emigrem! Até nos daria jeito... ahahahaaaa ;)

    A desonestidade intelectual de Francisco Louçã

    Francisco Louçã é um economista, e professor universitário, e por conseguinte tem obrigação de saber o que realmente se passa na economia e nas finanças internacionais e portuguesas. Se não fosse um intelectual desonesto, jamais se permitiria alimentar a estratégia permanentemente demagógica do saco de gatos a que chamaram Bloco de Esquerda.

    Há uma verdade simples, que Louçã, por ser intelectualmente desonesto, finge ignorar: a nossa economia não produz suficiente riqueza para sustentar o Estado paquidérmico que tem; e este estado tentacular, burocrático, incompetente, caríssimo, enfim, hipertrofiado, se aguentou até agora, tal deveu-se exclusivamente às remessas europeias provenientes dos sucessivos quadros comunitários de apoio, e, por incrível que pareça, dos emigrantes!

    A mama, porém, acabou, e agora resta-nos uma de duas alternativas: ou racionalizar drasticamente o assistencialismo social, e encolher o aparelho tentacular e intrusivo do Estado, libertando 30 ou mesmo 50% das suas actividades para a sociedade civil (indivíduos, empresas e associações cooperativas); ou continuar a punção fiscal sobre os produtores efectivos de riqueza.... levando a prazo o país à ruína completa.

    Louçã, um burocrata pequeno-burguês típico, e um partidocrata, tal como todos os demais partidocratas, preferem cegamente a segunda opção, ignorando o desastre inevitável que daí advirá.

    A boca voraz dos impostos já morde a própria cauda!

    Se medirmos os encargos totais da administração pública improdutiva, verificamos que os mesmos superam já a riqueza efectivamente produzida no país. Ou seja, uma parte crescente dos impostos pagos não deriva já sequer da riqueza produzida, mas tão só e tristemente do empobrecimento geral do país. Ou seja, temos uma economia ficcional em marcha que, na realidade, só consegue evitar o colapso à custa de um endividamento externo imparável. Acontece, porém, que os nossos credores, sejam eles especuladores ou estados soberanos, perceberam a gravidade da situação das finanças portuguesas e decidiram travar a sua subsidiação. Daí que a cobra dos impostos, que começou a devorar furiosamente a sua própria cauda, tenha que ser dominada. E só há uma forma de o fazer: libertar a economia real da canga fiscal, libertar a sociedade civil da canga estatal, reduzir a dimensão do Estado e atacar as raízes partidocratas da corrupção e da cleptocracia instalada.

    Para aqui chegarmos, porém, nada podemos esperar da corja acomodada em São Bento. Só mesmo Bruxelas, o BCE, e mesmo o FMI poderão aplicar a austeridade eficaz de que efectivamente precisamos para nos salvar da ruína e da humilhação.

    NOTAS
    1. Apesar do que supostamente transcreve hoje o Económico, ouvi Medina Carreira dizer ontem à noite que seria de deixar passar o orçamento. No entanto, se emendou a mão, felicito-o!

    sábado, outubro 16, 2010

    Bancarrota

    Parem as autoestradas e as barragens assassinas!
    in "Parcerias Públicos Privadas e Concessões, Relatório de 2009". Ministério das Finanças e da Administração Pública. Valores em milhoes de euros.
    2030 é, desde o Relatório do Clube de Roma, Limits to Growth, publicado em 1972, o ano comummente aceite como o do grande colapso do actual modelo de crescimento mundial. A principal causa deste colapso civilizacional global é o declínio inexorável das reservas de petróleo barato. Sem este poderoso concentrado energético facilmente manuseável e facilmente transportável não se teria assistido ao crescimento exponencial, embora assimétrico, da população mundial, não teríamos conhecido as sociedades de consumo, não teríamos depauperado de modo tão rápido (200 anos de carvão e apenas 100 anos de petróleo) as fontes energéticas que possibilitaram a industrialização em massa das economias e a urbanização (e sub-urbanização) à escala global dos aglomerados humanos, com consequências a prazo catastróficas. Não teríamos, em suma, exaurido de forma egoísta e suicida os recursos e as condições ambientais imprescindíveis ao equilíbrio e continuidade da vida à face da Terra. Até as abelhas estão ameaçadas. Nada parece salvar-se, salvo as bactérias e os fungos!

    Se olharmos para o gráfico acima, verificamos imediatamente que a nomenclatura e os piratas que tomaram de assalto a democracia portuguesa, além de vorazes, corruptos, insensíveis às questões sociais e ao sofrimento humano, são tremendamente burros!

    Enquanto o resto da Europa, embora talvez demasiado tarde, acordou e prepara um conjunto de planos de emergência para diminuir a sua pegada ecológica, substituindo nomeadamente os transportes movidos a petróleo e similares por sistemas de "car-sharing" eléctricos, e pelo uso de transportes colectivos movidos também a energia eléctrica (eléctricos, trolleys e comboios)—, Portugal passou a última década a levar até ao paroxismo a política do betão — isto é, um modelo de crescimento próprio de países com burguesias fracas, incultas, corruptas e burocráticas, que dependem estruturalmente do Estado que por sua vez capturam através do financiamento ilegal dos partidos, da esquerda à direita.

    A contratação das mais recentes PPPs, para a construção de autoestradas no deserto, quando o colapso financeiro mundial e o endividamento extremo de Portugal eram já uma evidência, bem como a insistência dos imbecis burocratas que vivem das memórias da Esquerda, para que se fizessem mais pontes absurdas (entre Chelas e o Barreiro), nunca se opondo frontalmente às ditas auto-estradas, com medo de perder votos, tem forçosamente que ser considerada crime. Um crime, desde logo, contra a independência do país e contra a riqueza acumulada dos portugueses que pouparam, em vez de gastar à tripa forra, endividando-se alegremente ao som das televisões e da publicidade de rua. Portugal entrou em bancarrota desde Maio deste ano e é, para todos os efeitos, um protectorado encoberto da União Europeia.

    A dívida pública, isto é, contraída pela burocracia partidária que degenerou a nossa democracia e levou o pais à falência, é insustentável. Daí que a política orçamental de Portugal seja agora definida em Bruxelas, enquanto a corja partidária continua alegremente a cuspir retórica no patético parlamento em que se tornou a casa da democracia.

    Do intelectual desonesto chamado Francisco Louçã (desafio-o a demonstrar-me que não é!), aos seminaristas órfãos de Estaline, passando pelos piratas do Bloco Central (os que o não são, nem  foram, têm já pouco tempo para saírem das suas tocas de cobardia), todos querem que Passos de Coelho aprove, ou no mínimo, se abstenha, na votação do documento fraudulento a que todos chamam pateticamente "orçamento de Estado". Pois bem, já disse e repito: se não chumbar, como deve e tem obrigação, a vigarice com que o Sócrates Pinto de Sousa, e o Aníbal Cavaco Silva, o querem embrulhar e despachar, será o seu suicídio político. O cantar interessado das sereias da Quadratura do Círculo e sinecuras afins, não passam de encomendas bem pagas!

    O mundo poderá estar à beira de uma conflito mundial sem precedentes. Se não arrumarmos a casa a tempo e horas, seremos pura e simplesmente ocupados pela Espanha — o nosso maior credor!

    Não está pois em causa coisa pequena.


    POST SCRIPTUM

    Plano Inclinado, 16 outubro 2010
    O súbito conformismo de Medina Carreira
    Quando todo o historial permitia presumir uma oposição frontal de Medina Carreira à aprovação da aldrabice a que a nomenclatura do regime insiste em chamar Orçamento de Estado, fomos hoje reiteradamente surpreendidos pela capitulação do fiscalista perante a chantagem de José Sócrates Pinto de Sousa. Ai, ai, ai que vem aí o FMI! — clama Medina Carreira. Mas não era ele mesmo que reclamava a vinda daqueles senhores para salvar o país?! E se eles não vierem, o país salva-se, continuando nas mãos da santa aliança entre Cavaco e Sócrates? A contradição é insanável. Algo de muito estranho deve ter convencido Medina Carreira a deitar ao lixo toda a sua pregação anti-sistema.


    Expresso, 16 outubro 2010
    A capitulação de um jornal de referência face à pressão de quem o alimenta!
    Nota da Direção  do Expresso:
    "O OE para 2011 é uma terrível notícia para os cidadãos e para as empresas. É a consequência lógica de anos de políticas erradas e impõe medidas duríssimas que decorrem de um estranho período de negação em que este Governo se enredou. Não obstante, chumbá-lo é dar um passo na direção do abismo, tanto no plano financeiro como no plano social. Haveria melhores alternativas ao OE, mas o tempo está infelizmente esgotado. Agora, trata-se de salvar um doente, não de fazer um simpósio. To- dos os esforços para aprovar o Orçamento não são, por isso mesmo, a favor ou contra o Governo, mas algo que se impõe a quem coloca o país em primeiro lugar. Como o Expresso defendeu desde a primeira hora."
     Das duas uma: ou o que escreve no Editorial é irracional (aprovar de olhos vendados o que não conhece, mas foi cozinhado por uma comprovada turma de aldrabões), ou acha que se não capitular desta maneira vergonhosa, vai perder o apoio da banca, do governo e dos oligopólios público-privados que se preparam para o assalto final à bolsa dos portugueses. Como é óbvio, não tenciono gastar mais um cêntimo que seja neste pasquim!

    sexta-feira, outubro 15, 2010

    E agora Carrilho? - 2

     Partido Socialista: algo se move enquanto o barco pirata do "socratintismo" se afunda

    Ontem, na SIC-N, no Jornal das Nove, surpreendentemente, o eminente teórico e consultor do aeromoscas de Beja e das cidades aeroportuárias da Ota e de Alcochete, apareceu a desconstruir naquele seu tom aznariano, toda a política económica de quem lhe deu de comer nesta última meia década. Não deixa de ser interessante observar as consequências gravíticas de um barco quando começa a adornar, com naufrágio inexoravelmente à vista. Será que o senhor Augusto Mateus já se apresentou a Manuel Maria Carrilho como futuro ministro da economia, ou preferirá antes ser o futuro anunciado ministro da qualificação? Eu sou tolerante, e como cristão genético aprendi a perdoar. Já estou a imaginar: primeiro ministro, Manuel Maria Carrilho; ministro da economia, Augusto Mateus; ministro da qualificação, Mariano Gago (há que repescar o que é bom); ministro dos negócios estrangeiros, Luís Amado (um bom ministro que fez o favor de colocar MMC na senda da sucessão de Sócrates); ministro das finanças, Luís Campos e Cunha; ministra do ambiente e do território, Elisa Ferreira; ministro da educação, Nuno Crato; etc.


    POST SCRIPTUM

    15-10-2010. A noite das facas longas aproxima-se no parlamento da corrupção. Quem quiser escapar ao naufrágio tempestuoso do socratintismo terá que tomar posição agora, denunciando os crimes do sistema. É uma catarse absolutamente necessária. A denúncia brutal do deputado Victor Baptista, hoje, é disso testemunha elucidativa e necessária (Expresso). O silêncio enconado da esmagadora maioria dos seus colegas deputados, do CDS ao Bloco de "Esquerda", passando pela múmia que dirige a falsificação folclórica e decadente em que se transformou o PCP, é a prova de que este regime morreu, e de que é preciso outro, urgentemente! Este é um longo, hipócrita e cúmplice silêncio com a cleptocracia imbecil em que se transformou a nossa degenerada democracia e a sua nomenclatura partidária, sindical e corporativa. Para que outro regime nasça é necessário que Passos de Coelho chumbe o assalto criminoso que a nomenclatura cleptocrática (com o apoio instintivo de todos os partidos parlamentares) se prepara para perpetrar contra todos os que não são da sua laia.

    O chumbo da autorização legislativa (a que a canalha político-partidária e os economistas legionários chamam "Orçamento de Estado") para assaltar o que ainda resta da riqueza nacional —literalmente um assalto em massa aos nossos bolsos— não vai piorar coisa nenhuma, pela simples razão de que Bruxelas e o BCE são desde Maio de 2010 os nossos tutores. O que o chumbo do crime público em preparação irá conseguir são duas coisas essenciais para desanuviar e criar condições para uma regeneração, parcial, lenta, mas ainda assim imprescindível, do regime, ou seja, correr com as bestas negras do regime: José Sócrates Pinto de Sousa e Aníbal Cavaco Silva. Só despedindo estas duas criaturas imprestáveis, Portugal poderá regenerar-se como democracia. Só afastando estes dois obstáculos, será possível meter na prisão o Bloco Central da Corrupção, aproveitando a oportunidade para reduzir à expressão mais simples as caricaturas parlamentares da chamada esquerda portuguesa., dando lugar à representação política genuína das novas forças sociais.

    quarta-feira, outubro 13, 2010

    E agora Carrilho?

    Manuel Maria Carrilho, E Agora? Por uma nova República.
    Li o prefácio do livro de Manuel Maria Carrilho, "E AGORA? Por uma Nova República". Para princípio de novo programa do PS e de reforma do regime, não está nada mal. Depois do suicídio político de Francisco Assis, e da impossibilidade óbvia de Tó Zé Seguro substituir o Pinto de Sousa, eu, se fosse o Jorge Coelho, reorientava a minha armada de influências para o Manual Maria Carrilho. Foi ministro, é catedrático muito antes de se tornar político com responsabilidades, tem pensamento próprio e sobretudo é honesto, austero e gosta do seu país.

    O despedimento sem justa causa do embaixador português da UNESCO, por um Sócrates inculto, aldrabão, e bonifrates enraivecido, depois da publicação do manifesto político de Manuel Maria Carrilho, é um excelente argumento a favor do ex-ministro da cultura, e convida a lê-lo.

    Algumas das suas ideias — um só mandato presidencial, voto obrigatório, subordinação dos limites do endividamento público a imperativos constitucionais, ligação dos deputados a quem os elege, austeridade, competência, imaginação e probidade na função pública, de que a acção político-partidária deveria ser a mais exigente e nobre, uma mudança drástica nas filosofias e metodologias educativas, a correcção imediata do descalabro da Justiça, ou a consideração da cultura (do conhecimento e das artes), da boa administração do território, e do papel crucial do poder local, como opções estratégicas de fundo e urgentes — subscrevo-as por baixo imediatamente.

    Faltará apenas, pelo que li do prefácio, uma nova percepção teórica das causas geo-estratégicas do nosso declínio. Sem isto, não saberemos reinventar completamente a economia portuguesa, nem mudar de vida. O declínio e as bancarrotas duram desde a perda do Brasil, e o estado em que estamos agora é já claramente comatoso. Portugal transformou-se, sobretudo na última década, numa cleptocracia sem rei nem roque. Foi por isso que a Alemanha decidiu parar com as mesadas inúteis.

    O buraco que aí vem pode, por mais negro que seja, e vai ser muito negro, por incrível que seja, e é muito incrível, levar-nos à salvação. Estejamos, pois, muito atentos e activos.


    POST SCRIPTUM

    15-10-2010. Ontem, na SIC-N, no Jornal das Nove, surpreendentemente, o eminente teórico e consultor do aeromoscas de Beja e das cidades aeroportuárias da Ota e de Alcochete, apareceu a desconstruir naquele seu tom aznariano, toda a política económica de quem lhe deu de comer nesta última meia década. Não deixa de ser interessante observar as consequências gravíticas de um barco quando começa a adornar, com naufrágio inexoravelmente à vista. Será que o senhor Augusto Mateus já se apresentou a Manuel Maria Carrilho como futuro ministro da economia, ou preferirá antes ser o futuro anunciado ministro da qualificação? Eu sou tolerante, e como cristão genético aprendi a perdoar. Já estou a imaginar: primeiro ministro, Manuel Maria Carrilho; ministro da economia, Augusto Mateus; ministro da qualificação, Mariano Gago (há que repescar o que é bom); ministro dos negócios estrangeiros, Luís Amado (um bom ministro que fez o favor de colocar MMC na senda da sucessão de Sócrates); ministro das finanças, Luís Campos e Cunha; ministra do ambiente e do território, Elisa Ferreira; ministro da educação, Nuno Crato; etc.

    13-10-2010. Manuel Maria Carrilho e Pedro Santana Lopes assinaram contrato com a TVI para comentarem a actual situação política. Dois líderes futuros no horizonte? Afastemos os preconceitos e as fábulas inventadas pelas agências de comunicação, antes de opinar sobre estas duas aves que renascem das cinzas. Como Passos de Coelho está a ser empurrado por todos para o caldeirão canibalista da actual nomenclatura político-partidária, e o seu futuro se torna assim naturalmente incerto, há que olhar para lá das presidenciais, e sobretudo para lá da era Cavaco-Sócrates!

    Do quadrado professor Louçã ao quadrado professor Pacheco, todos querem que os laranjas deixem passar o Orçamento, para depois o senhor Pinto de Sousa acusar o PSD das medidas gravosas, enquanto gasta milhões de euros, dos nossos impostos claro, a colar a face do poeta surdo-mudo pelo país fora, de braço dado com o quadrado Louçã. O meu voto será obviamente branco!

    domingo, outubro 10, 2010

    Qual economia?

    Economistas, vendilhões do templo, boys & girls



    A recente rejeição, por "falta de qualidade", de três juízes propostos pelo governo português para ocupar um lugar deixado vago no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (link), revela o declínio escandaloso que ameaça a credibilidade de algumas corporações portuguesas. O pântano da nossa Justiça, inerte por efeito da corrupção legislativa, de que são responsáveis todas as burocracias partidárias que povoam o deserto político de São Bento, mas também pelo comportamento tradicionalmente subserviente, reaccionário e nepotista dos nossos tribunais, e da ganga de advogados ambiciosos e sem escrúpulos que infesta a sociedade portuguesa, é hoje percebido em Bruxelas como coisa indecorosa e até intolerável na perspectiva do prestígio que um tribunal como o dos direitos do homem deve ter. Que o episódio nos sirva de lição!

    Mas há ainda outra corporação cuja subserviência, desonestidade intelectual e incompetência é tão aflitiva quanto a anterior. Chamam-se "economistas". Tal como a turma infindável dos falsos justiceiros que vivem, na sua parte de leão, à custa dos nossos impostos e do dinheiro que o estrangeiro distraído nos tem emprestado, os "economistas" portuguesas caracterizam-se, salvo raras excepções (1), por dormirem na forma a maior parte dos respectivos tempos de vida útil. Debitam calão incompreensível, como qualquer astrólogo o faz, pouco ou nada sabem de história económica portuguesa (2) e mundial, e fazem do optimismo o seu emprego principal. Só quando caem no desemprego, ou o céu se abate sobre a tribo (3), acordam estremunhados, e como baratas tontas vasculham os quadros e estatísticas que nunca leram, pondo-se então lentamente na bicha dos profetas da desgraça alheia. Façam uma lista dos nossos economistas e coloquem à frente de cada um o ano, o mês, o dia e a hora em que descobriram que Portugal tinha um sério problema de finanças públicas, causado por um insustentável endividamento público e privado — interno e externo— e surpreendam-se! Boa parte deles ainda acha que a nossa banca é sólida, quando toda a gente sabe que a mesma foi tomada de assalto por piratas e pela corja partidária, e está estruturalmente falida, caminhando a passos largos para o bolso dos respectivos credores (Angola e Espanha, em primeiro lugar).

    Ou seja, tal como os advogados portugueses, os economistas portugueses, salvo louváveis excepções, formam uma corporação de consultores bem pagos para dizerem o que quem lhes paga quer que digam. É por isso que, mesmo quando começam a somar 2+2 para saberem qual é o montante efectivo e a verdadeira importância da Dívida Externa Portuguesa (até há meses atrás só falavam do défice; da dívida acumulada nada sabiam ou queriam saber) denotam a mais gritante falta de pensamento estruturado e nenhuma estratégia anti-crise credível.

    O pânico que a generalidade dos nossos "economistas" tem vindo a revelar na discussão sobre o cheque em branco exigido pela tríade de Macau e pelos piratas do Bloco Central do Betão e da Corrupção ao jota Passos de Coelho (ainda não o promovi a estadista!), mostra até que ponto o verniz da sua geral subserviência e falta de honestidade intelectual é escandalosamente fino e estaladiço. Se repararem bem, todos os economistas falam do TGV e da necessidade de cancelar a ligação Caia-Poceirão (o investimento mais barato e mais útil de todas as enormidades paridas pelo actual governo), mas nada dizem —mantendo um sistemático e criminoso silêncio— sobre as novas autoestradas (que deveriam ser imediatamente canceladas!), ou sobre o negócio sujo do novo aeroporto da Ota em Alcochete, cujos terrenos foram adquiridos in extremis pelo grupo de bandidos que inventou e alimentou o estratagema bancário chamado BPN. Claro está que a aquisição dos terrenos de Alcochete, semanas antes do primeiro ministro anunciar o cancelamento da Ota, só terá sido possível com a passagem ilegal de informação privilegiada do governo a quem a fez passar ao grupo SLN, do senhor Rui Machete e Cª.

    Por fim, sobre a "correcção" do défice orçamental, os nossos "economistas", em vez de denunciarem em uníssono o negócio (cor-de-rosa para a PT e ruinoso para o Estado) da inclusão do fundo de pensões da PT no pré-falido sistema público de pensões, e a compra da sede central da Caixa Geral de Depósitos pelo fundo de pensões da mesma instituição (!), como o que são —fraudes orçamentais— assistimos a uma espécie de coro presidencial a favor de uma limpeza a fingir das nossas finanças, para debaixo do tapete do próximo governo, como se os mercados da dívida soberana e o BCE andassem a dormir — como a generalidade dos nossos economistas há muito anda!

    O PSD, e sobretudo o país, não têm nada a ganhar, aliás têm muito a perder, com a monstruosa mentira orçamental que os piratas que escrevem os telepontos do senhor Pinto de Sousa querem, uma vez mais, vender-nos. Tal como o eterno adolescente Francisco Louçã afirma do alto da sua incorrigível irresponsabilidade, falta de tino, oportunismo político extremo e desonestidade intelectual, o PS transformou-se no governo provisório do PSD! Mas se assim é, que seja o PSD a governar!!

    O PS de quem o tomou de assalto, o PCP e o Bloco de Esquerda querem continuar no poleiro, isto é, querem continuar a governar o país, destruindo-o, mas imputando ao mesmo tempo todas as culpas à direita e sobretudo ao PSD. A ganga de inúteis do PSD, a sua velha guarda de cus pelados, qual turma de sacristãos da missa socialista, sibilam em uníssono por todos os canais de propaganda que controlam a necessidade de Passos de Coelho se suicidar em nome dos seus queridos mas agora ameaçados privilégios. Extraordinário!!

    Se o canibalismo laranja triunfar uma vez mais, o actual sistema partidário morrerá de estupidez antes do previsto. Se, pelo contrário, o actual secretário geral do PSD, bem orientado por Diogo Leite Campos (o único social-democrata que parece ter as ideias no sítio), encostar à parede Cavaco Silva e a interminável nuvem de cortesãos que o rodeia, chumbando a vigarice do próximo Orçamento de Estado, então teremos uma luz ao fundo do túnel. E até teremos um renovação imparável do PS!

    NOTAS
    1. Há economistas portugueses que leio ou escuto sempre que posso: Cristina Casalinho, João Cantiga Esteves, Medina Carreira, João Bento, José Silva Lopes, Mira Amaral, João Duque; outros, nem tanto, por serem sobretudo economistas-políticos: Luís Campos e Cunha, João Salgueiro, Miguel Beleza, Teodora Cardoso, Hernâni Lopes, etc.; depois vêm os que abomino, ou seja, os políticos armados em economistas e o interminável vagão dos boys&girls da burocracia partidária que levou este país à desgraça, e que me dispenso de nomear, por nojo.
    2. Ler este artigo do Público: "Portugal já declarou bancarrota parcial em 1891 e saiu-se bem".
    3. "FMI avisa que Portugal será a pior economia da União Europeia em 2015" — Público, 9-10-2010.

    sexta-feira, outubro 08, 2010

    Acertar os Passos

    Portugal tem solução à vista: coligação PS-PSD com Presidente comprometido

    As coisas parecem encaminhar-se para a única solução racional que esta crise infecta e a cheirar mal pode ter:
    1. o anúncio pelo PSD do chumbo do orçamento escondido que o actual governo sem freio nos dentes quer impingir ao país — exigindo ao PSD a assinatura dum cheque em branco que depois servirá para responsabilizá-lo por tudo o que parecer "medida de direita";
    2. a queda do governo vigarista de José Sócrates Pinto de Sousa e o bloqueio institucional da tríade que colocou este vendedor de laptops no poleiro de primeiro ministro;
    3. a formação de um governo de coligação PS-PSD mediado pelo presidente Cavaco Silva, que não terá outra alternativa senão estar 100% solidário com o governo de brasa que aí vem. Ou seja, um governo parlamentar estável, formado na base dum programa de emergência nacional, largamente ditado por Bruxelas, e apoiado sem reservas pelo actual presidente da república. A alternativa a isto seria a manutenção do actual governo em funções de mera gestão. Não creio, porém, que Bruxelas autorize semelhante impasse, que seria evidentemente fatal para o país, na medida em que levaria no prazo de semanas ao reconhecimento oficial da bancarrota de Portugal perante todo o mundo. Não nos esqueçamos que Portugal é hoje um protectorado da União Europeia.
    4. finalmente, dissolver a actual Assembleia da República e convocar eleições legislativas antecipadas, logo que os prazos constitucionais e a conveniência política o permitam.

    Ao contrário das sereias retardadas da desgraça — Quadratura do Círculo e similares— a queda do imprestável e perigoso desgoverno do senhor Pinto de Sousa não configura nenhuma calamidade para o país. Deixar de espremer esta borbulha de pus é que sim, só pode agravar e muito a nossa situação colectiva. Basta pensar nos dois mil milhões de euros que pretendem roubar dos nossos bolsos a partir de 2014, só para continuar a alimentar a corja de empresários palacianos que nem na Roménia conseguem ganhar um concurso público. Aliás, até já em Portugal perdem para Espanha! Refiro-me, claro está, às autoestradas desérticas que andaram a construir —e querem continuar a construir (!)— para encher os bolsos do Bloco Central do Betão e da Corrupção e esvaziar os nossos.

    A precipitação dos acontecimentos foi aqui prevista há muitos meses, ou mesmo há anos. Perante a degradação evidente das dívidas pública, interna e externa portuguesas, exibida por numerosos quadros estatísticos disponibilizados por organizações internacionais diversas (mas não pelo Banco de Portugal), e compiladas pela Wikipédia, coloquei dois cenários possíveis:
    • uma recomposição do actual espectro partidário —com o surgimento de dois novos partidos políticos (um saído da barriga do PS, e outro, da barriga do PSD);
    • ou a degradação imparável da crise do regime, da qual resultaria a inevitabilidade da formação de um governo de coligação ao centro mediada pelo presidente da república, envolvendo processos de purificação interna dentro dos dois principais partidos políticos.
    O preço desta última solução deverá saldar-se pela não recandidatura de Aníbal Cavaco Silva a um segundo mandato. Alegre deverá pois bater-se contra Bagão Félix ou outra personalidade com prestígio na banda centro-direita do espectro eleitoral.

    Para quem não percebeu ainda, a verdade nua e crua da nossa situação é esta: não fomos, nem seremos expulsos da União Monetária Europeia, i.e. do euro, mas é como se tivéssemos sido. O nosso poder de compra vai cair pelo menos 30% nos próximos dois anos! O Estado vai ter mesmo que encolher. Para sobrevivermos e ultrapassar o verdadeiro Rubicão que temos pela frente, precisaremos de uma liderança da coisa pública completamente renovada. E provavelmente teremos que meter na prisão uma boa centena de vigaristas, incluindo o actual primeiro ministro e a comandita que o pariu.

    Como sempre escrevi, Passos de Coelho ou apressava o passo no sentido de uma ruptura terapêutica, ou suicidar-se-ia politicamente antes de começar a ser alguém.

    quarta-feira, outubro 06, 2010

    Rumos — 4

    A solução está na melhoria da nossa balança comercial

    Esgotaram-se em Portugal os bilhetes e as entradas para exposição automóvel de Paris. Tal como já Saint-Exupéry escrevia sobre a Lisboa dos anos 40 — Carta a um refém (Lettre à un Otage)—, verificam-se por aqui perigosos fenómenos de alheamento.

    Os principais pecados originais que nos assolam são o facto de consumirmos muito mais do que produzimos e também importarmos substancialmente mais (20%) do que exportamos. Todas as outras falhas dependem destas primeiras, com a agravante de 80% das nossas trocas comerciais se concentrarem em 5 países europeus onde será evidentemente quase impossível aumentar a penetração dos respectivos mercados.

    Se por algum momento nos absorvermos apenas na obsessão orçamental cairemos rapidamente no abismo. Qual a prioridade estratégica? Diminuir o deficit comercial, conter as importações, aumentando as exportações, mas seleccionando as que impliquem alto valor acrescentado. A resposta oficial alude sempre à indústria automóvel e de componentes mas o engano é profundo. A Autoeuropa é, agora, a maior exportadora com mais de 10% do total nacional, contudo é também a maior firma importadora e de cada 110.000.000€ que exporta, importa  100.000.000€ de componentes.

    Devemos identificar e apoiar firmemente os sectores como sejam o têxtil técnico, malhas, couros, calçado e mobiliário, casos em que para cada 10 que se exporta, apenas se importam 6, logo com muito maior valor acrescentado.

    Para substituir as importações note-se o caso das frutícolas, hortícolas e oleaginosas que continuamos a importar em tão alta escala, quando há tanta potencialidade de produção nos raios próximos de Lisboa e Porto. Há total urgência no apoio e desenvolvimento às redes logísticas dos produtos frescos. Vejam e trabalhem o exemplo dos produtos lácteos, quase já integralmente portugueses. A via das cooperativas logísticas agrícolas tem de ser imediatamente fomentada com apoio estatal já que o seu retorno fiscal seria rápido. A zona Oeste e o vale do Sorraia, para Lisboa, poderiam quase que imediatamente substituir, com todas as vantagens para o consumidor e economia nacional, as absurdas importações de Espanha. O aumento de produtividade só pode ser encontrado nos sectores em que temos, desde sempre, as maiores vantagens competitivas e em que sobretudo contamos com o nosso próprio mercado.

    Frederico Brotas de Carvalho

    terça-feira, outubro 05, 2010

    5 de Outubro



    A verdade é simplesmente esta: Portugal foi levado à bancarrota pela nomenclatura partidária, corporativa e sindical que há três décadas nos desgoverna.

    O principal culpado é efectivamente o populismo partidário que tomou conta da III República depois de os militares que a 25 de Abril de 1974 derrubaram a ditadura se terem retirado da cena política.

    Foram os militares, e não Mário Soares, Álvaro Cunhal, Sá Carneiro ou Freitas do Amaral, que derrubaram a ditadura, não se esqueçam. Estes e a corja partidária por eles criada, muito mais do que a maioria dos portugueses, que voltou a emigrar em massa ao longo da última década, foram os grandes beneficiários da decisão dos militares. Não sei portanto de que galhofam os nossos néscios deputados sempre que discutem política na Assembleia da República. O resultado da sua irresponsabilidade tonta e ignara está à vista!

    Mais ainda, não fora a adesão à CEE e posterior integração na União Europeia e já a falência brutal do país teria ocorrido. Se nada de pior acontecer, tal ficará a dever-se exclusivamente aos comandos comunitários da União, e sobretudo à determinação da Alemanha. Foi a senhora Merckel que colocou o vigarista Sócrates no seu insignificante lugar, obrigando-o a antecipar a sua reunião ministerial, de Quinta para Quarta Feira, para tomar in extremis medidas ditadas pela Comissão Europeia, sem cuja adopção a torneira do BCE se fecharia imediatamente. Será por causa desta mesma senhora que Portugal acabará por sofrer uma nova revolução constitucional nos tempos mais próximos.

    Se o Passos de Coelho seguir as instruções da matilha de ladrões que há décadas se apropriou da nossa democracia e da nossa poupança, e se abstiver na votação do próximo orçamento do PS, em vez de votar legitimamente contra, morrerá como político no altar da cobardia e de uma então provada mediocridade intelectual. Se assim for, a gangrena do sistema político será geral, não restando outra alternativa que não passe por uma enérgica alteração constitucional. É perfeitamente legítimo exigir, face ao colapso do sistema político que se avizinha, a convocação de uma nova assembleia constituinte, com o objectivo de corrigir o actual sistema constitucional — manifestamente bloqueado pela sua actual composição. Uma assembleia onde, obviamente, se faça representar a maioria do povo português, que neste momento lá não está — como também não está representada na presidência da república.

    Foi pena não terem dado a Manuela Ferreira Leite a oportunidade que ela merecia. Defendi-a aqui, tendo toda a minha vida votado à esquerda. As nossas esquerdas, do PS ao Bloco, passando pelos Estalinistas do PCP, e pelo cada vez mais patético Manuel Alegre, acabaram por revelar-se, ironicamente no ano do centenário do regime republicano, como os principais responsáveis, não apenas da falência do país, mas da própria demolição do Estado Social. De esquerda, portanto, nada têm, a não a ser as definições falsificadas que trazem à lapela. Por incrível que pareça são os melhores aliados desse traste presidencial chamado Aníbal Cavaco Silva.

    Renego, pois, esta esquerda populista, hipócrita, corrupta e incompetente. Para sempre! Outro caminho será certamente possível no futuro — racional, humano e justo.


    POST SCRIPTUM — Acabo de ouvir Mário Soares reconhecer, numa entrevista à SIC-N, conduzida pelo Mário Crespo, que o governo foi "obrigado" por Bruxelas a tomar as medidas que tomou. Mais, foi submetido a um ultimato, que a não ter sido acatado, teria motivado o fecho da torneira dos empréstimos — disse MS, mais ou menos por estas palavras. É óbvio que foi mesmo assim, como aliás escrevi a tempo e horas. O reconhecimento do bem informado Soares só serve, neste caso, para passar mais um atestado de incompetência técnica e nulidade política ao vigarista Pinto de Sousa e ao cabotino ministro das finanças. Estas criaturas miseráveis atribuíram a si mesmas a virtude da coragem. Se não tivesse revisto ontem ou anteontem O Grande Elias, ainda poderia supor que este género de mal é recente e veio das berças beirãs e nortenhas. Mas não, o estilo é alfacinha e vem de longe, como o Brandy Constantino. Os rapazes da província aprendem depressa!

    Entretanto, soube que também Durão Barroso disse à TSF, neste dia 5 de Outubro, que Bruxelas teve que intervir junto do governo português (leia-se, impor-lhe o pacote de medidas de austeridade que este viria a anunciar como um "acto de coragem" seu!) E vão dois...

    Quem tem medo compra um cão

    O jota Passos de Coelho tem duas opções:
    • abster-se na votação do orçamento do vigarista-mor do reino (José Sócrates) e dar um tiro na cabeça logo a seguir,
    • ou votar contra, e abrir as portas à verdadeira possibilidade de sairmos do atoleiro para onde esta democracia degenerada, clientelar, burocrata e corrupta nos levou.
    REPITO:
    1. A única coisa que poderá piorar a crise portuguesa é manter no poder quem criminosamente a criou e alimentou: José Sócrates e Aníbal Cavaco Silva
    2. O Bloco Central da Corrupção e das Obras Públicas é o grande cancro do país — e como tal é preciso remover o tumor quanto antes, até à última metástase!
    3. Para fazer estas duas coisas é necessário que alguém, no quadro partidário, dê o primeiro passo, sabendo que as canalhas partidárias e clientelares são parte do problema e nunca parte da solução (a menos que sejam postas no seu devido lugar, i.e. de cócoras e a ganir!)
    4. Portanto, jovem Jota, o teu dilema nem é dos piores: ou tremes e recuas agora, e morres em seguida de pasmo e estupidez; ou votas contra o orçamento de 2011 e viras o país a favor de uma mudança efectiva do actual estado de coisas.
    5. Manda as sereias compradas do Banco de Portugal, da Standard&Poor's e o Marcelo à merda!
    6. Recorda-te de que quem tinha razão era Manuela Ferreira Leite. Se a renegares pela segunda vez, terás a sorte de São Pedro. De cabeça para baixo!

    sexta-feira, outubro 01, 2010

    O que nos espera - 4

    O luto de Outubro

    No dia 5 de Outubro de 2010 comemora-se a terceira bancarrota de Portugal gerada por sistemas parlamentares populistas que em nada mudaram ao longo dos últimos 100 anos. Assassinaram a Monarquia, colocaram a Primeira República ao colo da uma Ditadura, e preparam-se agora para mergulhar Portugal numa espiral de empobrecimento e descalabro social sem precedentes. A corja não mudou nada desde Eça Queiroz!

    Há, porém, um pormenor que deve ser destacado desta vez:
    • quem levou Portugal à bancarrota? Foi o Partido Socialista;
    • quem começou a demolir de forma imparável o Estado Social? Foi o Partido Socialista;
    • quem permitiu a captura do Estado Português por organizações mafiosas de todas as cores e feitios? Foi o Partido Socialista;
    • quem transformou a Justiça Portuguesa numa anedota trágica? Foi o Partido Socialista.
    • quem instituiu a prática sistemática da falsificação de estatísticas e manipulação da imprensa? Foi o Partido Socialista.
    Tudo isto aconteceu nos últimos quinze anos, sendo desprezível o impacto que Durão Barroso e Santana Lopes tiveram na acelerada e irremediável degradação do regime. É, de facto, o Partido Socialista, pela mão de quem o desfigurou e dele abusou sem pudor, à boa maneira de uma autêntica Cosa Nostra, o principal responsável do colapso ontem finalmente reconhecido pelo boneco que lá colocaram na pose de primeiro-ministro, depois do ultimato mais do que óbvio lançado ao governo pela Comissão Europeia.

    As medidas anunciadas (1) foram vagas e deixaram de fora dois temas essenciais:
    • a diminuição do Estado paquidérmico, indolente, corporativo e corrupto que temos —há 13.740 entidades sem rosto que recebem silenciosamente centenas de milhões de euros dos nossos impostos todos os anos! (2);
    • e os grandes investimentos públicos associados ao Bloco Central do Betão e da Corrupção, com especial destaque para as criminosas Parcerias Público Privadas encavalitadas em verdadeiros desastres programados pelos piratas que há décadas saqueiam o país — tais como: a falência e posterior nacionalização fraudulentas do BPN, a tentativa de fazer um aeroporto desnecessário em Alcochete, a igualmente desnecessária e monstruosa Ponte Chelas-Barreiro, e as novas autoestradas, cujos contratos implicam uma sangria fiscal na ordem dos 2 mil milhões de euros anuais a partir de 2014 (ou seja, o mesmo que pagar anualmente aos concessionários o equivalente a duas Pontes Vasco da Gama!)
    Presume-se que o desalmado Teixeira dos Santos tenha ido a Bruxelas, na manhã seguinte à da conferência realizada no dia 29 de Setembro, trocar por miúdos as vacuidades, desta vez tristes, anunciadas pela criatura sem emenda que os portugueses por duas vezes elegeram primeiro-ministro (não se queixem!)

    Os floreados retóricos que decorreram hoje na Assembleia da República, no meio da mais grave crise de sempre das nossas finanças públicas, mostraram à saciedade que não temos parlamento, mas uma câmara corporativa e sindical dominada por professores (i.e. funcionários públicos) e advogados da corrupção. Na realidade, o parlamento português revelou-se não só um instrumento completamente inútil no regime democrático devolvido aos portugueses por um golpe de Estado militar, mas também um dos principais factores de irresponsabilidade política, compadrio por detrás das divergências televisivas, e egoísmo partidário. Se temos hoje uma democracia degenerada —e temos!—a causa desta triste realidade reside em boa parte no imprestável parlamento que temos vindo a eleger sem nos darmos conta de que criámos um monstro muito caro e patético.

    Temer por uma crise política nestas alturas do campeonato é como ter medo da chuva depois de uma carga-de-água tropical. O papão da crise política, alimentado pelas tríades e máfias instaladas, e papagueado pelos bonecos que se agitam sob o seu comando, não passa de mais uma maquinação mediática para impedir que se faça o que tem que ser feito: demitir o actual governo, e convocar eleições legislativas antecipadas, assim que o novo presidente da república tenha sido eleito.

    Como é também evidente, o maior aliado de José Sócrates, Aníbal Cavaco Silva —que ainda não explicou ao país porque meteu o senhor Dias Loureiro no Conselho de Estado—, é parte inteira do problema político, e não da sua solução. Aliás, só poderá agravá-lo, se se recandidatar e for reeleito!

    Daí que Passos de Coelho, o actual líder do PSD, se quiser sobreviver politicamente, tenha que usar a "bomba atómica" que tem na mão. Isto é, anunciar duas coisas:
    1. que votará contra a proposta de orçamento do actual governo, na medida em que será mais um cheque sem provimento endossado aos portugueses, desta vez com demolição do Estado Social incluída, por um partido que é de facto o principal responsável pela bancarrota de Portugal;
    2. e que não apoiará a recandidatura de Cavaco Silva. Na realidade, bastará anunciar a primeira decisão para que o actual presidente, manifestamente incapaz de lidar com problemas pesados, desista de se candidatar a um segundo mandato.
    O PS, como bem se disse já, que aprove o orçamento de Estado com os partidos que vão juntar-se no apoio eleitoral a Manuel Alegre. Basta de hipocrisias!

    Por menos do que isto, teremos uma gangrena muito perigosa do regime.


    NOTAS
    1. O Governo apresentou as 19 medidas que pretende implementar para reduzir o défice deste ano e de 2011. Entre as 19 medidas apresentadas, 15 são do lado da despesa e as restantes quatro do lado da receita.

      Despesa

      1 – Reduzir os salários dos órgãos de soberania e da Administração Pública, incluindo institutos públicos, entidades reguladoras e empresas públicas. Esta redução é progressiva e abrangerá apenas as remunerações totais acima de 1500 euros/mês. Incidirá sobre o total de salários e todas as remunerações acessórias dos trabalhadores, independentemente da natureza do seu vínculo. Com a aplicação de um sistema progressivo de taxas de redução a partir daquele limiar, obter-se-á uma redução global de 5% nas remunerações;
      2 - Congelar as pensões;
      3 - Congelar as promoções e progressões na função pública;
      4 -Congelar as admissões e reduzir o número de contratados;
      5 - Reduzir as ajudas de custo, horas extraordinárias e acumulação de funções, eliminando a acumulação de vencimentos públicos com pensões do sistema público de aposentação;
      6 - Reduzir as despesas no âmbito do Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente com medicamentos e meios complementares de diagnóstico;
      7 - Reduzir os encargos da ADSE;
      8 - Reduzir em 20% as despesas com o Rendimento Social de Inserção;
      9 - Eliminar o aumento extraordinário de 25% do abono de família nos 1º e 2º escalões e eliminar os 4º e 5º escalões desta prestação;
      10 - Reduzir as transferências do Estado para o Ensino e sub-sectores da Administração: Autarquias e Regiões Autónomas, Serviços e Fundos Autónomos;
      11 - Reduzir as despesas no âmbito do Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC);
      12 - Reduzir as despesas com indemnizações compensatórias e subsídios às empresas;
      13 - Reduzir em 20% as despesas com a frota automóvel do Estado;
      14 - Extinguir/fundir organismos da Administração Pública directa e indirecta;
      15 - Reorganizar e racionalizar o Sector Empresarial do Estado reduzindo o número de entidades e o número de cargos dirigentes.

      Receita

      1 - Redução da despesa fiscal
      ·                     Revisão das deduções à colecta do IRS (já previsto no PEC);
      ·                     Revisão dos benefícios fiscais para pessoas colectivas;
      ·                     Convergência da tributação dos rendimentos da categoria H com regime de tributação da categoria A (já previsto no PEC);

      2 - Aumento da receita fiscal
      ·                     Aumento da taxa normal do IVA em 2pp.;
      ·                     Revisão das tabelas anexas ao Código do IVA;
      ·                     Imposição de uma contribuição ao sistema financeiro em linha com a iniciativa em curso no seio da União Europeia;

      3 - Aumento da receita contributiva
      ·                     Aumento em 1 pp da contribuição dos trabalhadores para a CGA, alinhando com a taxa de contribuição para a Segurança Social.
      ·                     Código contributivo (já previsto no PEC).
      4 - Aumento de outra receita não fiscal
      ·                     Revisão geral do sistema de taxas, multas e penalidades no sentido da actualização dos seus valores e do reforço da sua fundamentação jurídico-económica.
      ·                     Outras receitas não fiscais previsíveis resultantes de concessões várias: jogos, explorações hídricas e telecomunicações.
    2.  O estado português dá emprego efectivo a cerca de 700 mil funcionários públicos (i, 18-05-2010) e contrata a recibos verdes quase 5 mil prestadores de serviços (Económico, 24-08-2010). No entanto, a diminuição dos agentes efectivos e provisórios do Estado não se traduziu na eliminação de serviços inúteis ou redundantes, mas antes na sua contínua proliferação, embora disfarçada pela criação de empresas municipais e regionais de capitais 100% públicos, e pela contratação de prestações de serviços permanentes a empresas privadas, boa parte delas na órbita empresarial dos partidos!