quinta-feira, setembro 15, 2011

Portugal dos Pequenitos - 4

Os cortes na despesa comecaram finalmente a surgir

Governo suprime 1712 lugares dirigentes na Administração Central verno suprime 1712 lugares dirigentes na Administração Central -- Publico
Boas noticias. Mas seria fundamental ir ate ao fundo da questao: se o Estado nao pode fazer tudo, nem empregar toda a gente, nem acudir a todas as nossas imperiosas necessidades, sem se afogar em dividas e sem assassinar fiscalmente a democracia, que Estado queremos ter com os meios de que efectivamente podemos dispor? Tudo gratuito para todos tornou-se uma quimera, nao apenas impossivel, mas simbolo maior da democracia populista que arruinou Portugal. Quais as prioridades que queremos e podemos pagar na saude, na educacao, na velhice? Temos que ganhar coragem para decidir!

Se para alguma coisa servem a tecnologia e as redes sociais e', nomeadamente, para operarem uma revolucao na qualidade, extensao, gratuitidade relativa e grande inovacao nas principais e mais caras responsabilidades publicas de uma democracia inteligente e honesta (em vez de populista e corrupta): a saude preventiva, curativa e paliativa, a educacao e certificaçao permanentes e a seguranca social. Faz, por exemplo, algum sentido manter o negocio absurdo dos manuais escolares que sobrecarregam anualmente os orçamentos familiares? Como este escandaloso exemplo, ha centenas ou milhares parecidos, cuja superacao com solucoes tecnologicas ha muito disponiveis fariam toda a diferenca nos orçamentos publicos e privados da nossa produtividade e competitividade economicas e culturais. Portugal seria outro se a medida hoje anunciada por Passos de Coelho, certamente pela pressao ja impaciente da Troika e dos 20 governantes independentes do actual governo, fosse mais longe e desse de facto inicio a uma reforma profunda da coisa publica portuguesa. Temos que reformar o Estado, pois so começando por aqui, reformaremos em paz a nossa democracia, infelizmente capturada por uma partidocracia indecorosa (do BE ao CDS, passando pelo Bloco Central) que nada mais tem para se gabar do que a bancarrota de Portugal!

quarta-feira, setembro 14, 2011

Portugal dos Pequenitos - 3

Demitam os CA das empresas publicas, quanto antes!

Se este governo nao quiser deixar-se comer vivo pela corja instalada, e que nao desgruda, o melhor mesmo sera agir quanto antes, de forma certeira, sem rodeios, e em profundidade, demitindo de uma assentada os conselhos de administracao socratinos que continuam de pe e andaram estes ultimos meses e semanas a mentir descaradamente ao governo.

Especifico: o governo deveria demitir imediatamente, por falta obvia de lealdade institucinal e ma gestao, os conselhos directivos da ANA, TAP, CP, Refer, Metro de Lisboa e Carris. E acabar, pois claro, com a Parpublica!

Depois de despedidos com justa causa os inuteis que levaram estas empresas ao colapso, sem por isso deixarem de ganhar e dar a ganhar lautos vencimentos aos familiares de familia e partido, estas empresas, ja com nova gestao provisoria, deveriam fazer o spin off  e preparar-se efectivamente para uma privatizacao com pes e miolos, es decir, com racionalidade economica e indiscutivel responsabilidade social.

A canalha que ainda esta onde ja nao devia estar, apenas pode prejudicar ainda mais este pobre pais e entalar desnecessariamete o governo.

Va la Pedrocas, acorda! Nao tens muito tempo. A bancarrota de Portugal esta ao virar da esquina!!

Pergunto a este proposito ao ministro Alvaro Santos Pereira o seguinte: sabia que a estacao de Metro do Aeroporto da Portela devia ter inaugurado em 2010? Porque nao inaugurou ainda, depois de a data da inauguracao ter sido sucessivamente adiada para o fim do primeiro, e depois para o fim do segundo semestre de 2011? Algum problema tecnico ou financeiro irresoluvel? Eu tenho uma explicacao obvia: o lobi do embuste da Ota em Alcochete, onde vegetam piratas do PS, do PSD e do CDS (e ate do PCP, claro), encaram, e bem, esta inauguracao como mais uma demonstracao clara de que o seu intuito de enterrar o pais em Alcochete, como Atenas enterrou a Grecia com aventuras de corrupao e ganancia semelhantes, nao passa duma quimera assente numa mentira, e, afinal de contas, num crime publico!

Michael O Leary, CEO da Ryanair, pergunta: a ANA não nos autoriza voar em Lisboa. Porquê?
O CEO da empresa (...) em conferência de imprensa informou sobre os planos da companhia para o mercado português (Faro e Porto) e, sobretudo, interrogou a gestão do aeroporto de Lisboa (ANA) sobre o porquê de o Terminal 2 não estar a ser utilizado por low costs… como a Ryanair.Ryanair, Michael O’Leary, marcou presença pela primeira vez em Lisboa.
Alguns factos que transpareceram na comunicação:
  • “A Ryanair foi responsável por 80% do crescimento de tráfego da ANA no Porto e Faro, fornecendo mais de 590.000 passageiros do total de 740.000 do crescimento de tráfego destes aeroportos no primeiro trimestre semestre de 2011;
  • Focou o facto do memorandum de entendimento com a Troika pedir o investimento em companhias low cost e do Turismo de Lisboa exigir mais aviação low cost;
  • Michael O’Leary considera que o Terminal 2 é perfeito para ser utilizado pela Ryanair. “Por alguma razão disseram-nos que não na última reunião que tivemos com a ANA”;
  • O aeroporto de Lisboa está limitado a 14 milhões de passageiros anuais quando devia conseguir 20 milhões. Não atinge o valor por “não ter companhias low cost”;
  • Com uma base em Lisboa, a Ryanair promete o transporte de 3 milhões de passageiros anuais no terceiro ano de operações no Terminal 2;
  • Acusou a ANA de bloquear a entrada da Ryanair em Lisboa e de não promover a concorrência. Indirectamente, “supôs” que se esteja a proteger a TAP;
  • “A ANA e o turismo português serão beneficiários de uma base Ryanair na capital”. Seriam criados 2.000 postos de trabalho indirectos e 1.000 directos;
  • “Quando anunciamos uma base, cumprimos. Não é o caso da easyJet que fez um anúncio há 12 meses e ainda não iniciou operações”;
  • “Porto e Faro são a resposta de que podemos crescer um destino. Podemos fazê-lo em Lisboa. Precisamos do apoio do governo para que isso aconteça”;
  • “ANA não quer que a Ryanair baseie aviões em Lisboa. As últimas negociações decorreram há 12 meses”;
  • “Estamos a perder dinheiro nas bases Porto e Faro. Dentro de 12 a 18 meses iremos obter lucro”;
  • “Voar para Beja? Não… porquê se há em excelentes condições em Lisboa?”
-- in Low Cost Portugal

terça-feira, setembro 13, 2011

Portugal dos Pequenitos - 2

A Pitonisa dorida

O Antonio Barreto, com aquele seu ar de Pitonisa dorida, arengou no JN de hoje sobre o Douro (dizia o titulo do artigo). Mas nao, so falou do Vinho do Porto e da saga incestuosa das suas execraveis instituicoes. Se n fossem os ingleses, ao contrario do q afirma erroneamente o historiador de barbicha trotskysta, nem tinha havido alguma vez Vinho do Porto, nem, depois de ter sido inventado e mundialmente popularizado pelo bifes de suas majestades britanicas, continuaria a existir nos dias q correm. Ignorara porventura a Pitonisa dorida que o Douro nao existe sem o rio que lhe da o nome? Que pensa e diz o historiador distraido, das barragens assassinas do Mexia , Socrates e Companhias? Ja ouviu falar de destruicao de rios por segmentacao hidroelectrica? Ja ouviu falar de eutrofizacao das albufeiras? Sabe o mal q a vinha e o olival intensivos podem fazer a um rio e afluentes com margens ingremes como Douro, o Sabor, o Tua, ou o Bestança? Meu caro Antonio Barreto, estude a realidade em vez de posar para a historieta do pais!

Barragens assassinas


O estudo tecnico mais actualizado sobre o embuste das novas barragens que Socrates e a EDP congeminaram, escrito por Joanaz de Melo, depois da oportuna critica q lhe foi dirigida, demonstra claramente q a sujeicao de 75 anos que querem impor aos portugueses, cobrando-lhes uma factura de 16 mil milhoes de euros pelo caminho, nao vai trazer apenas mais 3% de energia electrica/ano. Nao senhor, vai trazer mais 0% de energia electrica/ano! Se isto nao configura o maior roubo do bem comum alguma vez arquitectado contra os portugueses, entao nao sei de que "corrupcao" fala o jovial To Ze Seguro, novo secretario-geral do Partido Socialista. Va la homem, comece a trabalhar e a fazer algo de util pelas suas proprias promessas!

segunda-feira, setembro 12, 2011

Portugal dos Pequenitos

Genealogia

Ando a redescobrir o Porto e Cinfaes, mais precisamente, o antigo concelho de Ferreiros de Tendais, perto de Aregos, onde me prende um galho genealogico que comecei a estudar, lendo cartas, contratos e testamentos desde 1870. Nao deixa de ser extraordinario o pouco que os galaico-lusitanos mudaram desde entao!

Nao se trata de uma critica, mas da confirmacao de uma tese conservadora q alimento ha algum tempo: o nosso atraso, ou a resistencia a certas corridas progressistas, tem-nos defendido da extincao. Por exemplo, o facto de dezenas, se nao mesmo centenas de milhar de portugueses ainda terem um bocado de terra seu, faz de todos nos um pais bem mais rico do que, por exemplo, os Estados Unidos, ou a Inglaterra. Quanto mais desesperada for a crise energetica mais claramente perceberemos este detalhe de sobrevivencia!


Observacoes de um turista acidental pela cidade do Porto

Na realidade nao sou turista, mas retornado intermitente. Estou a apaixonar-me de novo por esta cidade.

Notas de passeio: pobreza a cada esquina, mas ainda assim dignidade e estoicismo em cada loja, passeio, e pastelaria. Os ricos e novos ricos empobrecidos continuam na mesma, como quando eu estudava Portugues com Oscar Lopes no agora liceu Rodrigues de Freitas: hoje levam os caes a cagar os passeios sem cuidar de apanhar os presentes (supoem que como andam sempre de carro, nunca chegarao a pisar a merda). Desconhecem passadeiras para peoes, e continuam a deliciar-se com os seus "brutos carros". Andar na rua, para todos, do mais pobre ao mais rico, continua a exigir aparencia. As raparigas nao me deixam as orbitas em paz. Come-se divinalmente por 7 euros - eu disse divinalmente! E a cidade, bom a cidade tem uma verdadeira estrutura urbana (provavelmente a unica em todo o pais), quer dizer, ossatura de urbe, o contrario de Lisboa, onde temos a Baixa, os bairros historicos encavalitados ao longo da margem do Tejo, a margem do proprio Tejo, e depois, tudo o resto, incluindo as avenidas novas (excepto Alvalade) sao suburbios ou, na melhor das hipoteses, arredores (como Cascais e a praia onde vivo). As ruas do Porto sao a perder de vista, planas para andar, habitadas, movimentadas, promiscuas, comerciais, conviviais, atenciosas, onde conviver se mistura como aquilo que faz das cidades o contrario das aldeias e dos suburbios. As pessoas do Porto, salvo quando vao enfiadas nos brutos carros, sao de uma simpatia surpreendente para quem, como eu, apesar dos pais e avos nortenhos, se habituou ha decadas a uma cidade mais dura e heterogenea: Lisboa. Nao coloco uma cidade contra a outra. Vivo ambas como grandes dadivas da minha vida.


Abaixo de Braga

O Jota Seguro veio a Braga dizer nada. Que outra coisa poderiamos esperar de mais um cu pelado da politica partidocrata que temos? O Mario Soares, coitado, deve ter sentido o muro da historia tombar sobre os seus pergaminhos. Afinal foi obreiro de que coisa? Da queda da ditadura, nao foi concerteza. Da democracia populista e corrupta que temos, foi certamente um dos responsaveis. Nem a sua fundacao se safa, pobre diabo!


Lobi da Ota em Alcochete nao desiste 

O Sol diz q Portugal se prepara para perder toda a sua credibilidade negocial e diplomatica perante Madrid e Bruxelas, deitando a perder centenas de milhoes de euros de investimentos ja realizados, outros tantos prometidos, e sobretudo a palavra dada em tres cimeiras ibericas.

Tudo isto por causa do lobi do embuste da Ota em Alcochete, de dois lideres partidarios q so no TGV dizem n poder falhar as imbecis promessas eleitorais que dizem ter feito, e da total desorientacao q a cada dia q passa devora os "politicos" do actual governo. Espero bem q os independentes n caiam na tentacao de ceder a ponto de nao poderem, nem exigir, nem corrigir, nem sair com dignidade do governo. Salazar, quando foi ministro das financas tb encontrou entao uns abranhos e uns abrunhos da mesma laia. Mandou-os bugiar e regressou a Coimbra. Depois, sabemos o q aconteceu. No caso vertente, se os independentes falharem, teremos duas hipoteses: a Troika passa a escrever a agenda do Conselho de Ministros, tout court, ou entao, fa-lo-ao directamente Bruxelas e Frankfurt. Dizer q uma ligacao ferroviaria para pessoas e mercadorias entre as duas capitais da peninsula iberica (+ de 10 milhoes de pessoas) seria uma ruina, ou coisa pouca, ou demasiado cara, alem dum insulto a nossa inteligencia, seria a prova cabal de q a corrupcao do Bloco Central estaria viva e bem viva (apesar do voto penitente do sacristao Seguro), e que, por uma vez, teria conseguido ludibriar a Troika, Bruxelas, Madrid, e todos nos, com a prestimosa colaboracao da desmiolada e indigente merdia lusitana.

Merdia lusitana significa o estado terminal a que chegou a falida, desmioalada e cada vez mais dispensavel imprensa escrita e audiovisual que temos. Toda ela se dobra, saliva e prostitui com quem lhe paga o servicinho de propaganda. Mandaram-na berrar, gesticular, denunciar, perseguir o "TGV" (uma quimera de que desconhecem absolutamente a origem e a natureza), e ela obedece. Mandaram-na escrever lencois e biblias sobre a solidez e o avanco tecnologico inultrapassavel da nossa banca, e assim fizeram. Pagaram-lhe para nao abrirem o bico sobre a TAP, o roubo da agua e a monumental burla das barragens, e como se constata, nao sai um pio sequer daquela honestidade toda, daquela sensibilidade cada vez mais efeminada e o seu putativo sacrossanto direito de investigar e contar a verdade. Desque quando tal acontece? Ou melhor, desde quando tal deixou de acontecder. Cherchez la putain!


O roubo da agua (1) e o embuste das barragens

O cabotino Mexia e a corja da Endesa e da Iberdrola querem atar os Portugueses durante 75 anos (75!) a um Plano Nacional de Barragens que vai custar mais de 16 mil milhoes de euros, para um ganho energetico igual a zero! Repito: zero!! Com este dinheiro fariamos toda a nova rede feroviaria portuguesa de bitola europeia, uma das poucas saidas economicas para um pais periferico quando o petroleo der o berro, ou for tao caro q nenhum TIR circulara pelas entao falidas, abandonadas, esburacadas, deserticas e re-nacionalizadas autoestradas portuguesas. Mais: a ligacao ferroviaria prevista entre o Poceirao (Pinhal Novo) e o Caia custara menos do que a Caixa Geral de Depositos emprestou ao Joe Berardo para jogar e perder no casino do BCP. Alguem teve ja a paciencia de explicar estas verdades aos senhores da Troika?

Post scriptum: as faltas de acentos e o texto corrido sao frutos de tres semanas de viagens. Quando regressar ao poiso habitual, volto a escrever com ortografia correcta e mais cudiado!

NOTAS
  1. As araras da Esquerda clamam contra a privatizacao da Aguas de Portugal, confundindo a arvore com a floresta. O real problema chama-se Lei da Agua e o que a dita transfere em materia de exploracao privada dos recursos hidricos nacionais, do dominio publico, para o dominio privado... da EDP, da Iberdrola e da Endesa!!! Talvez o novo sacristao do PS, a quem auguro uma passagem curta pelo secretariado cor-de-rosa, se possa indignar com isto, depois de estudar o dossie, claro! Que tal To Ze, comecares por aqui a tua cruzada contra a grande corrupcao?

ULTIMA ACTUALIZACAO: 12 set 2011, 22:58

quarta-feira, setembro 07, 2011

Derivatives

A Besta dos Derivados Financeiros

Touro morto na arena, Pamplona. Bernat Armangue—photo/AP (versão mod. p/ PB)

Aquilo a que se chama produtos "tóxicos" são regra geral (1) contratos de derivados financeiros, complexos (porque agrupam vários produtos financeiros em pacotes embrulhados com designações que não permitem ver o que está lá dentro), e negociados por debaixo da mesa, i.e. fora da bolsa e das demais praças (como são, por exemplo, os mercados públicos das "commodities": café, petróleo, trigo, arroz, carne argentina, etc.) A esta negociação fora dos mercados "transparentes" chama-se OTC: Over The Counter, que eu traduzo Por Debaixo da Mesa, na medida em que tais contratos, embora registados no seu valor, não são negociados em praças públicas (bolsas, etc.) e escapam aos organismos de supervisão financeira.

O derivado mais antigo e simples, que não é necessariamente "tóxico", é o chamado contrato de futuros, por exemplo, um seguro de colheitas, um seguro contra naufrágios, um seguro contra falências, ou contra alterações cambiais, etc. Um contrato de promessa de compra e venda de trigo por um dado valor numa dada moeda realizado antes da colheita é um bom exemplo de um contrato de derivados (não financeiro). Estes contratos existem desde que há comércio marítimo de longa distância, mas com a exportação progressiva das actividades produtivas (extração de matérias primas, produção industrial, serviços) do Ocidente para os chamados países emergentes, a base material da economia ocidental (a começar pela sobre endividada economia dos EUA) começou a decair. O modo como os gurus de Wall Street (de que tais Big Five são a marca distintiva) reagiram a esta perda progressiva de riqueza real foi precisamente a especulação com os mercados de futuros, tornando este tipo de contratos cada vez mais elaborados, opacos e fortemente apostados em ganhar dinheiro a partir de operações de risco: por exemplo, apostando na falência de um banco, ou de um país, apostando na subida e descida das taxas de juro interbancários, ou na subida e descida das taxas de juro das Obrigações soberanas no mercado secundário das dívidas públicas, etc.

Apostar contra/a favor das  taxas de juro, ou a favor/contra as taxas de câmbio, são o principal jogo da especulação financeira mundial de há umas duas décadas para cá, muito à frente das apostas no mercado imobiliário especulativo (de que o Subprime foi o mais recente exemplo), precisamente através dos tais produtos "tóxicos" que compõem o mercado de derivados financeiros: CDO (Credit Debt Obligations), CDS (Credit Default Swaps), Options, Naked Short Selling (vendas a descoberto sem garantia de recompra), etc....

Um dos principais estímulos concertados desta monumental bolha especulativa foi o chamado Yen Carry-Trade, i.e. a especulação com a moeda japonesa, e com as suas baixíssimas taxas de juro interbancário. Porém, no momento em que a China começou a emular este estratagema, e os Estados Unidos também decidiram optar por uma política de desvalorização agressiva do dólar e de destruição das taxas de juro, colocando-as cada vez mais perto de zero, o Yen Carry-Trade entrou em colapso, e com este colapso, começou o turbilhão desse inimaginável buraco negro financeiro chamado derivados.

A partir do momento em que estes produtos se autonomizaram a ponto de serem vistos e transaccionados como fichas de um gigantesco casino, o monstro do mercado de derivados financeiros começou a crescer exponencialmente. Hoje este mercado tem um valor "nocional" —quer dizer, um potencial de exposição ou de risco— na ordem de 12x o PIB mundial, i.e. 12x63 000 000 000 000 = 756 biliões de USD (ou como dizem os americanos: $756 trillions)

Bastaria que 30% dos contratos de Derivados dessem para o torto —e estão a dar!— para que se evaporassem da Terra qualquer coisa como 226,8 biliões de dólares (68E12 USD)

É este maremoto financeiro que está em curso :(




Vale a pena ver os 6 episódios deste excelente doc.

 NOTÍCIAS DO BURACO

A exposição dos cinco principais bancos americanos (JPMorgan Chase Bank, Bank of America, Goldman Sachs Bank USA, HSBC Bank USA) ao mercado de derivados financeiros, sobretudo envolvidos na especulação cambial (82%), com Credit Default Swaps (97,28% dos contratos), equivale a 4x o PIB mundial!

O crescimento desta exposição em 2010 (12,7%), a manter-se, seria claramente exponencial — i.e. virtualmente fora de controle.

Estes Big Five estão entre as dezassete instituições financeiras recentemente processadas pelas autoridades de Washington por terem defraudado a Fannie Mae e a Freddie Mac, causa principal do colapso do Subprime em 2007-2008.

É por estas e por outras que a imprensa anglo-saxónica berra histericamente e todos os dias contra os PIIGS. Estamos mal, sim, mas porque somos o elo fraco de uma cadeia de especulação e ganância mundiais com sede, precisamente, em Wall Street, sob o comando dos piratas que dirigem os Big Five.

CITAÇÕES
The notional value of derivatives held by U.S. commercial banks increased $12.8 trillion, or 5.5%, from the fourth quarter of 2010 to $244 trillion. The notional value of derivatives is 12.7% higher than a year ago. Derivative contracts remain concentrated in interest rate products, which comprise 82% of total derivative notional values. Credit derivatives, which represent 6.1% of total derivatives notionals, increased 5.3% to $14.9 trillion — in OCC’s Quarterly Report on Bank Trading and Derivatives Activities First Quarter 2011, Comptroller of the Currency Administrator of National Banks

World GDP in US$ (Wikipedia)
Listed by:
—IMF: 62,909,274,000,000
—World Bank: 63,048,823.000.000
—CIA: 63,170,000.000.000

JP Morgan still is the biggest HOLDER of derivative contracts. It has only $1.7 trillion in total assets while holding a hot hand of $73.6 trillion in derivatives! Wow. Talk about a heavy overhang of vapid paperwork that has no reality! Goldman Sachs has a mere $84 billion in assets but this lets them toy with $44 trillion in derivatives — in Culture of Life News.

NOTAS
  1. Esta versão simplificada não dispensa aos interessados leituras mais detalhadas sobre o fenómeno. Ler este artigo na Wikipedia.

domingo, setembro 04, 2011

Menos burocracia, e mais emprego!

Aposto no IVA a 25% em 2012!


Vejam como da Europa se vê a Alta Velocidade em Portugal!


Palpita-me que teremos o IVA principal a 25% a partir de Abril de 2012. Talvez com novas medidas de protecção aos mais pobres, mas sem por isso deixar de por os cabelos da classe média em pé, e de enfurecer ainda mais a nomenclatura até agora refastelada nos sofás do orçamento.

Os cortes na despesa vão doer e agitar as corporações e a nomenclatura, que aliás já criaram uma Frente Popular (presidida por Mário Soares e Cavaco Silva) contra o actual governo de estrangeirados (pensam os dois, mas ainda não dizem...)

A verdadeira solução, porém, está em compensar o desemprego público que aí vem, com a criação de novos empregos de iniciativa pública e novos apoios à infância (regresso do abono de família, cheque-nascimento, etc.) Os novos empregos criados directamente pelo Estado, com carácter temporário, deverão ser expressamente destinados à realização de tarefas úteis ao país que exijam, por natureza, o uso de mão-de-obra e massa cinzenta intensivas — preparando-se assim o país para o período pós-crise.


Toyota Prius, adoptado pela polícia de trânsito de Nova Iorque. O Estado e as autarquias devem dar o exemplo...


Seis áreas de crescimento potencial (imediato) do emprego:
  1. turismo urbano (não toquem na competitividade das nossas tascas!) 
  2. requalificação nacional da floresta, reaproximação urbana ao cultivo familiar e comunal de alimentos e criação dum forte sector agrícola orientado para a produção orgânica
  3. requalificação e sustentabilidade urbanas (eficiência energética)
  4. lançamento da nova rede nacional ferroviária de bitola europeia 
  5. formação, certificação e exportação de competências no sector da construção civil e militar.
  6. criação de uma indústria marítima ligeira de tecnologia intensiva

A este tipo de acção responsável e estratégica dos governos, Minsky chamou Employer of Last Resort — ou seja, um Estado como Empregador de Último Recurso. Os governos deixaram de poder desempenhar como antes a função de para-quedas financeiro de último recurso (pois também estão falidos, como todos nós). Ou seja, é preciso emagrecer a burocracia (e calar com argumentos certeiros a Esquerda Empalhada) para criar, de facto, o novo emprego produtivo que permitirá o país sair da crise (não sem antes engavetar, claro está, alguns piratas).

A despesa em percentagem do PIB irá diminuir todos os anos, até passar de 50,6% em 2010 para 43,5 em 2015”, adiantou [Passos Coelho] 
Perante a insistência dos jornalistas sobre se ainda há margem para numa situação excepcional agravar a carga fiscal, Passos Coelho assegurou que, perante um país “tão cansado e tão extenuado com os aumentos” que já ocorreram, não lhe iriam “arrancar a ideia de que se calhar ainda vamos ter que aumentar mais impostos” — Jornal de Negócios.

A despesa pública total era nos EUA, em 1950, de 14,3% do GNP, 23,8% em 1975, e 39,97% do GDP em 2010. Em Portugal, o governo gastou em 2010, por baixo, 46% (ou 50,6%, segundo Passos de Coelho) da riqueza produzida dentro do país (PIB)

É esta tendência, detectada por Hyman Minsky, que tem que ser corrigida e não pode continuar a agravar-se, pelo simples facto de ter dado origem a um facto novo na história económica: uma epidemia de Dívidas Soberanas que poderá atirar o Ocidente para um movimento de empobrecimento caótico, muito perigoso do ponto de vista social e político.


ÚLTIMA ACTUALIZAÇÃO: 05 SET 2011 10:45

sábado, setembro 03, 2011

From Portugal with Love — 1

Raphael Bordallo Pinheiro. "II-A Finança: O Grande Cão" (1900)


Dear Troika,

I feel that I should write to you a weekly post beginning in such friendly way a useful convesation about the country you are trying to help to stabilize its unfortunate economic, financial and political recent evolution. You must know by now that accurate information is not an easy pearl to get! Noise is everywhere. Even for a local dandy like me to know what’s happening is not an easy task. Nevertheless I presume to know by now what are the few decisive barriers we have to cross if we really want to put Portugal in the right path to sustainability and human progress. I assume optimistically that your difficult job may profit from new, independent and above all unexpected insights.

Every Saturday at brunch time I will post a brief memo to you. This first one is about the need of theory before practice. I am actually reading for the second time a marvellous book by Hyman Minsky on the very same and urgent issues that worry most of the macro-economists today, at least in USA and Europe. Big Government he said! Too big right now, many suggest. Can we have “IT” (The Great Depression) again — notwithstanding the huge preponderance of governance in almost all contemporary corners of life?

From Minsky to Yiamouyiannis

How can an exhausted Lender Of Last Resort (Keynes) play the role of an Employer Of Last Resort (Minsky)? Answer: if without some global Debt Forgiveness policy (Yiamouyiannis) it is impossible. On the other hand, fiscal adjustment as the only way to socialize debt cannot solve real issues. It is actually a very dangerous step to try at present pandemic sovereign debt crisis, either in USA or Europe. Overall OTC derivatives notional value amount to more than ten times world GDP. This monster cannot be socialized!

Why to give away our public companies?

Total amount of expected revenues from forthcoming privatization of Portuguese public companies and utilities will not suffice to pay for TAP and CP debts alone. My country is then supposed not only to offer these public companies, but also to heavily pay for such nonsensical give away of potencially profitable business, public utilities and public services. Why not spin-off some of these companies into reliable (even profitable) entities before taking such a suicidal course of action?

Next week

Future roads (SCUTs) and dams (PNBEPH) will drawn this country down the drain of debt if you do not give it full attention, and if we the people fail to stop these huge scams!

And now some juicy food for thought!



By the way: FHFA Sues 17 Firms to Recover Losses to Fannie Mae and Freddie Mac

Finally, my readings for this weekend:
Stabilizing An Unstable Economy (1986, 2008)
Hyman P. Minsky

Although stabilization policy operates upon profits, the humane objective of stabilization policy is to achieve a close approximation to full employment. The guarantee of particular jobs is not an aim of policy; just as with profits, the aggregate—not the participants—is the objective.

The current strategy seeks to achieve full employment by way of subsidizing demand. The instruments are financing conditions, fiscal inducements to invest, government contracts, transfer payments, and taxes. This policy strategy now leads to chronic inflation and periodic investment booms that culminate in financial crises and serious instability. The policy problem is to develop a strategy for full employment that does not lead to instability, inflation, and unemployment.

The main instrument of such a policy is the creation of an infinitely elastic demand for labor at a floor or minimum wage that does not depend upon long— and short-run profit expectations of business. Since only government can divorce the offering of employment from the profitability of hiring workers, the infinitely elastic demand for labor must be created by government.

A government employment policy strategy should be designed to yield outputs that adavnce well-being, even though the outputs may not be readily marketable. Because the employment programs are to be permanent, operating at a base level during good times and expanding during recession, the tasks to be performed will require continuous review and development.


“Endgame: When Debt is Fraud, Debt Forgiveness is the Last and Only Remedy”
by Zeus Yiamouyiannis, Ph.D., copyright 2011. (in Of Two Minds, September 1, 2011)

Finally serious economists are considering a position I have been maintaining and writing about since the 2008 financial meltdown. Whatever its name —erasure, repudiation, abolishment, cancellation, jubilee— debt forgiveness, will have to eventually emerge forefront in global efforts to solve an ongoing systemic financial crisis.

[...]

Debt grows exponentially indefinitely, growth (income and otherwise) cannot. This leads to a widening condition where the fruits of productive “growth” devoted to interest payments increase until those fruits are entirely consumed. [...] Once this happens, stores of wealth (hard assets) begin to be cannibalized to make up for the difference. You see this in Greece with its sale of public assets to private companies, and in middle-class America where people are liquidating retirement accounts to pay for their cost of living.

This problem is compounded by a private Federal Reserve that lends money into circulation at interest, and then allows the multiplication of this consumer debt-money liability through fractional reserve banking. The money in circulation today could pay only a small fraction of the total private and public debt. That fact alone is evidence of a kind of systemic fraud. “If you just work hard enough, save, and make sensible decisions, you can get out of debt” could only physically work for a bare fraction of the population, given the money-to-debt ratio. The rest would have to simply default to clear the boards.

This is why debt forgiveness makes not only moral but rational, mathematical sense. Finances require balancing to be coherent. There must be some way to redress systemic imbalance. One has to be able to “zero the scales” to get an accurate weight of value and to re-establish healthy value creation.

[...]

...subtle debt extortion creates a system of never-ending debt-slavery for a vast majority of the population. When this “manageable” slavery is aggravated by a desire to use hardship to extort ever greater assets from the overburdened at ever cheaper prices (what Naomi Klein calls “disaster capitalism”), by open and unapologetic widespread fraud, and by the unjust offloading of risk and liability to taxpayers who had nothing to do with poor decisions of private banks, then the systemic abuse is revealed in the daily lives of citizens.

Debt creates scarcity, which stimulates fear, which drives manic competition, which favors opportunism, collusion, and concentrations of power, which translates to abuse, which results in a collapse of legitimacy for the economic system. Overreach causes a breaking point, and we are getting close to it. Will the response be warfare, taxpayer revolt, political upheaval, mass default, debt forgiveness, something other, some combination? I have predicted pockets of violence would be mixed with some softer combination of taxpayer revolt, mass default, political upheaval, and debt forgiveness, along with a return to community exchange to meet basic needs.

Last update: 2011-09-04 10:56