domingo, abril 20, 2014

Carcavelos, a nova pérola da Linha?

Memória de uma presença civilizada

A Quinta dos Ingleses merece mais do que abandono e entulho a céu aberto


Vivo em Carcavelos há mais de quatro décadas. Vim de Macau, cresci alguns anos nos corredores do Convento de Mafra, vivi em Lisboa, no Porto, no Mindelo de São Vicente de Cabo Verde, parti várias vezes para outros lugares, vivi sob a chuva miudinha da Corunha, não resisto a ver o Porto e o mar da Foz do alto do Monte Cativo ao entardecer, pisar a terra que o meu avô deixou ao meu pai e o meu pai me deixou, em Cinfães do Douro, com o magnífico e temeroso rio sempre no mesmo lugar, é uma obrigação da memória. Mas depois, depois destas intermináveis andanças, acabo sempre por voltar à avenida dos meus passeios filosóficos e à praia que corre dentro de mim.

Vi arder por mais de uma vez os pinheiros, que já não existem, da metade poente da quinta, ao descer e subir a Avenida Jorge V. Ouvi por três ou quatro vezes a algazarra local dos partidos em volta da urbanização há muito prevista no lugar que os ingleses um dia compraram, porque quinta de vinho deixara de ser (1), e era então lugar propício para ali amarrar o cabo submarino de telecomunicações que ligaria em 1870 o Reino Unido à Índia, passando por Portugal, naturalmente!

Os ingleses nunca chegaram a deixar a Quinta dos Ingleses, nem o primeiro campo de football que Portugal teve. A antiga casa senhorial do século 18, que a Eastern Telegraph Company usara como centro de operações, transformar-se-ia mais tarde no St Julian's School, também conhecido como o colégio inglês, notável, caro quando tínhamos o escudo, caríssimo agora que temos o euro, pequeno para as encomendas que abrem espaço à concorrência para mais de uma réplica. A gente culta da era Salazarista, incluindo os intelectuais comunistas, só se não pudessem deixariam de colocar os seus filhos no Colégio Inglês. E continua a ser assim. Um lugar com tão notável passado foi, no entanto, queimado e abandonado à sua sorte. As guerras partidárias populistas contra os donos do terreno foram degradando paulatinamente aquela mancha verde, metade da qual foi reduzida a mato, a local de despejos ilegais de entulho, incluindo por parte de entidades públicas (!), e de parquemanto grátis para a malta. Grátis a que propósito?! Será poventura grátis estacionar junto à Câmara Municipal de Cascais, ou nas imediações da Junta de Freguesia de Carcavelos?

Antevisão do arquiteto José Adrião (ver proposta)



Antevisão do arquiteto José Adrião (ver proposta)

O Plano de Pormenor (PP)

Não tenho já qualquer paciência para partidos políticos, sobretudo quando as suas guerras intestinas e os seus torneios florais giram à volta do mesmo: comissões por baixo da mesa e empregos para dar e vender. E também tenho cada vez menos paciência para os penduras da partidocracia, ou para as corporações e sinecuras que de tempos a tempos agitam a populaça em nome dos direitos e da democracia, acenando sempre com alguns tremoços grátis. Será que este povo bronco, indolente e oportunista terá percebido desta vez que o que o Estado lhe dá é para ser pago, mais cedo ou mais tarde, pelo próprio ou pelos seus filhos e netos? Será que esta crise lhe ensinará alguma coisa nova, ou continuará alarvemente a abrir esplanadas ilegais a que os burocratas municipais e polícias fecham os olhos apesar das sucessivas queixas? Continuará estupidamente a estacionar nas curvas, em cima dos passeios, dos canteiros e diante das entradas de garagem, como se tudo fosse seu e de borla? Até quando? Até ficar sem carro, suponho.

A contestação ao novo plano de pormenor para a Quinta dos Ingleses, que li, é em geral superficial e oportunista. Da discussão pública que teve lugar, e que pode ser consultada de fio a pavio no sítio da Câmara Municipal de Cascais (pdf) percebe-se que houve regras e foram respeitadas as leis vigentes. Ou seja, os proprietários têm à sua disposição uma superfície de construção idêntica à área da sua propriedade e, por seu lado, a comunidade e a vila de Carcavelos disporão de mais de 50% do terreno para usos públicos, urbanos e sociais. Ninguém perde e todos ganham, suponho.

Salvo se houver uma coligação oportunista na Assembleia Municipal de Cascais que boicote, uma vez mais, a resolução deste problema, teremos em breve aprovado o Plano de Pormenor do Espaço de Reestruturação Urbanística de Carcavelos Sul (PPERUCS; abrev.: PP) Outra coisa, muito diferente, é saber o que farão os promotores com tal aprovação, e o grau de empenhamento e exigência posto no desenvolvimento da obra pela mesma Câmara Municipal que lhe deu luz verde.

A futura Quinta dos Ingleses urbanizada, acomodando um parque urbano e um magnífico espaço verde, a par de um estacionamento decente junto à praia (barato, mas pago, espero, pois há sempre a alternativa do comboio e outros transportes coletivos, e ainda a partilha do automóvel para diminuir a intensidade energética da nossa miserável economia), atraindo alguns milhares de novos residentes de classe média a Carcavelos, para aqui viver, ou estudar, trabalhar, montar negócio, ou tudo em um, é uma oportunidade que deve ser agarrada com todas as mãos e sobretudo com a cabeça.

Os índices de ocupação, corrigidos de 2001 para cá (de 1450 para 939 fogos) e as volumetrias parecem-me em geral razoáveis. Mais piso recuado, menos piso recuado (uma cedência da CMC às críticas sem fundamento e à demagogia populista que se traduzirá na obtenção das mesmas áreas noutros sítios), não vejo nada nesta proposta que possa assemelhar-se aos verdadeiros monstros urbanísticos que o famoso Judas deixou alegremente construir, nomeadamente em São Pedro do Estoril e à entrada de Cascais.

Tudo depende, isso sim, da qualidade dos arquitetos que vierem a ser chamados a desenhar em concreto todo aquele espaço, e todos os edifícios previstos. Nós temos hoje em Portugal arquitetos, paisagistas e designers de elevadíssima qualidade e mérito reconhecido dentro e fora de portas, e nem sequer é preciso recorrer aos de sempre, nem muito menos aos que marcam ponto nos corredores partidários do poder. Faça-se um concurso público, como se a Quinta dos Ingleses fosse, que o é, património municipal, e até património nacional. Dali se fez parte da rota das Índias das telecomunicações, em 1870. Ali continua, pronto a crescer, um dos mais prestigiados colégios do país. Em frente está a praia onde nasceu o Surf português. E ali se bateu a terra do primeiro campo de futebol que Portugal teve, caramba! Só neste ponto dou inteira razão a quem afirmou ao Público: ... o direito de propriedade “não se pode confundir com o direito de construir”— sem cultura (acrescento eu).

Os construtores da futura Quinta dos Ingleses têm perante si próprios e perante a comunidade um dever de qualidade e um dever de carinho pelo génio do lugar. A Câmara Municipal de Cascais, por sua vez, tem o dever de aproveitar com a máxima energia e sabedoria uma das poucas pérolas que lhe restam na frente marítima do concelho. Por fim, os carcavelenses, sabem que uma vila capaz de atrair no curto prazo vários milhares de residentes e fregueses à Quinta dos Ingleses, à requalificada Praia de Carcavelos, ao novo polo académico da Universidade Nova, ao futuro El Corte Inglés, e ao centro da vila, é um autêntico maná nos tempos dificílimos que temos e ainda teremos pela frente. A maioria dos carcavelenses que gostam da sua vila sem dela nada esperar salvo que continue pelos tempos fora, sabe também que os notáveis da sua rua nem sempre são os melhores conselheiros.

Precisamos de sarar esta ferida!

O populismo fala de uma mancha verde. Onde está? Imagem: José Adrião Arquitetos

FICHA PARA CONSULTAR O PROJETO E A DISCUSSÂO PÚBLICA

Cascais
Quinta dos Ingleses (proprietários: St Julian's School e Alves Ribeiro)
Plano de Pormenor do Espaço de Reestruturação Urbanística de Carcavelos Sul (PPERUCS; abrev.: PP)
Área de intervenção: 54,11ha
Área de Solos em domínio privado do Município e a integrar em domínio público: 31,00ha
Área de implantação (edifícios): 14,37ha
Impermeabilização de solos: 27,34ha (50,53%/ índice limpo: 47,51%)
Área Total de Construção (edifícios): 61,79ha (100,21%)
Número de fogos: 939 (1450 no plano rejeitado em 2001)

Documentos de consulta no sítio da CMC (pdf)
Planta de Implantação II - Modelo de Ocupação (pdf)

Relatório de ponderação do período de discussão pública das propostas de Plano de Pormenor do espaço de reestruturação urbanística de Carcavelos sul (pdf)

Discussão
  • 91 participações escritas: reclamações/ observações/ sugestões (Nota: há participações idênticas subscritas por mais de uma pessoa)
  • 35 opiniões favoráveis ao PP
  • 7 opiniões contrárias ao PP
  • 48 participações críticas objeto de ponderação
  • a participação 84, apresentada pelo Movimento Fórum por Carcavelos, é um abaixo-assinado com 3.723 subscritores.

Ponderação
  • Área de intervenção: 50 hectares
  • 25% da área de intervenção do PP é Parque Urbano (incluindo áreas verdes, ribeira, rede de mobilidade interna e equipamentos desportivos)
  • 40% da área é composta por Parque Urbano e outros espaços verdes, público e privados
  • A área verde nuclear do Parque Urbano, incluindo a ribeira abrande cerca de 10ha, correspondente a 1/5 da área de intervenção do PP
  • 50% da área total passa a domínio municipal

Entulho asfáltico vertido na Quinta dos Ingleses

RECORTES DE IMPRENSA
Moradores protestam no domingo contra mega-urbanização em Carcavelos - PÚBLICO e Lusa, 04/04/2014 - 15:51

A representante do grupo Forum de Carcavelos, que junta mais de 3000 pessoas, considera que os blocos de betão previstos - dois edifícios de seis pisos e outro de quatro pisos, um hotel de cinco pisos, um condomínio privado e espaços residenciais e comerciais - são “inadmissíveis”.

Urbanização em Carcavelos sem impactos no surf e na praia, diz estudo - PÚBLICO, Marisa Soares, 02/04/2014 - 07:50

Durante o período de discussão pública, que terminou a 17 de Fevereiro, a autarquia recebeu 91 contributos e aceitou algumas das alterações propostas: a urbanização não pode incluir condomínios fechados e três dos prédios mais próximos da Avenida Marginal terão seis e não sete pisos, retirando cerca de 30 fogos aos 939 previstos.

Mega-urbanização reacende polémica sob ameaça judicial de 264 milhões de euros - PÚBLICO, José António Cerejo, 14/02/2014 - 12:49

A discussão pública do novo plano de pormenor de Carcavelos Sul, que abrange uma área de 54 hectares no interior da qual se situa o colégio inglês (St. Julian’s), termina na segunda-feira. Ao longo de quase dois meses os argumentos dos defensores e dos críticos do projecto voltaram a ser esgrimidos sem grandes novidades em relação a 2001.
Entulho asfáltico vertido na Quinta dos Ingleses

NOTAS
  1. Quinta do Cabo Submarino em Carcavelos. José Morais
Entulho de obras vertido na Quinta dos Ingleses

Edifício degradadao com a inscrição "G S CARCAVELOS"




Atualizado: 21-03-2014 13:18 WET

sexta-feira, abril 18, 2014

Vegetal argelino eleito com 81,53% dos votos e uma abstenção de 48,3% (números oficiais)

Presidente argelino, Abdelaziz Bouteflika, vota na sua reeleição. Abril, 2014.

Um retrato fiel da decadência das democracias


Argélia: Bouteflika vota em cadeira de rodasEuronews, 18-03-2014.

Numa eleição onde a única incógnita parece mesmo ser a taxa de participação, Abdelaziz Bouteflika, o presidente cessante da Argélia – e presumível vencedor do escrutínio – compareceu na mesa de voto em cadeira de rodas.

Esta é a primeira aparição pública de Bouteflika desde que sofreu um acidente vascular-cerebral que lhe causou problemas de fala e de mobilidade.

Mourad Boukhelifa. Ancien candidat à la présidentielleAbdelaziz Bouteflika IV : les réactions — Écrit par  El Watan 2014, 18/04/2014 19:06.

« C'est juste une grande plaisanterie ! Il y a eu fraude, c'est ce qui nous fait douter des chiffres avancés. J'ai personnellement remarqué que les gens ne se sont pas rendus en masse pour aller voter, et on nous annonce des chiffres improbables qui nous laissent frustrés. J'ai moi-même remarqué des anomalies sur les bulletins de Benflis. C'est la raison pour laquelle que je dis que la fraude est incontestable ».

A criatura há quase um ano que não aparecia em público. Sofreu um AVC que lhe tolheu, nomeadamente, a fala. Esteve internado 80 dias. E no entanto, foi de novo candidato à presidência da república argelina e ganhou com 81,53% dos votos (os números oficiais são, no entanto postos em dúvida por vários candidatos, podendo a abstenção ter superado em muito os 50%). Ninguém contestou o que anunciou a comissão eleitoral deste país que apenas interessa ao Ocidente por causa das suas enormes reservas de gás natural. A nossa condescendência e hipocriaia estão, pois explicadas.




Este episódio degradante apenas nos deve levar a refletir sobre o que inquinou de forma tão miserável o projeto democrático que o Ocidente não se tem cansado de promover e abastardar.

Tal como nos casos vegetativos de Salazar e Franco, e antes destes, de muitos outros ditadores, o que mantém os seus cadáveres adiados no topo do poder não os corpos algaleados e amarrados às Unidades de Cuidados Intensivos, mas a corja que os rodeia e teme o colapso que sempre ocorre nos regimes aurocráticos incapazes de aceitar verdadeiramente a lógica democrática.

Podemos, no entanto, olhar para as democracias da Europa e da América neste findar de era como perversões institucionais análogas à de Salazar, Franco e Bouteflika. De democracia, têm ainda a forma e sobretudo a propaganda e os instrumentos legais fortemente controlados pelas partidocracias vigentes. Mas de miolo, já quase nada. Pior ainda: tal como Bouteflika, o estado vegetativo das democracias ocidentais é incapaz de mudar pelos seus prórpios.

A sorte destes regime falidos e sem moral, imagino qual seja. É tudo uma questão de tempo.

Atualizado: 18/04/2014 22:53 WET

Por uma democracia sem partidos - 1

Estado das obras da barragem do Tua em abril de 2014.


Com esta corja não vamos a parte alguma


Portugal não tem partidos de direita, de esquerda, de nada, tem um bando de salafrários que se reúnem para roubar juntos" (José Saramago)

Enquanto for assim, votar é legitimar a cleptocracia que temos e condenar Portugal à extinção. Não votar, pelo contrário, é uma condição necessária à preparação de um DEMOCRACIA SEM PARTIDOS — quer dizer, uma democracia onde os partidos tenham o seu lugar, mas não o execrável monopólio do país que uma vez mais nos conduziu à ruína, à emigração e à tristeza coletiva.

Peixes mortos na barragem (em construção) do rio Sabor, abril, 2014


Mais sobre este mesmo tema:

POST SCRIPTUM

Recebi este email, que vale a pena ler...

Caros
Por enquanto são os peixes, depois seremos nós!!!!
Para produzirem alguns euros, porque o contra embalse transfere e energia barata das eólicas para a hora de ponta com uma perda de 30%.
Para dizerem que têm energia, muita e barata, para fazer não se sabe o quê!!!
Destroem os recursos, solo, água, praias, para não falar da biodiversidade, para não falar da segurança alimentar etc.
Se não alterarmos o rumo (e não é por aumentarmos as pensões e reformas) os nossos netos vão ser uma cambada de velhos caquéticos, a viver em cidades fantasma, vazias de gente, a morrerem de fome e sede, no meio de catástrofes mas cheios de energias renováveis.
Já temos cerca de 1.800.000 casas vazias e somos 10.000.000. Como vêm no jornal estão todos contentes porqe o imobiliário está a renascer e quando formos só 6.000.000 quantas casas teremos.
Os Fluvissolos (para os ignorantes os solos de aluviões e coluviões) nas baixas, os Cambissolos profundos, os Luvissolos e Vertissolos ainda não degradados estão a ficar debaixo de água nas barragens e nas mini-hídricas, debaixo das estradas e das fábricas  (são menos de 5% do território) e depois os que ficarem, os velhos, vão comer voltes e wats???? E o que vão beber com a redução da chuva e a degradação das águas subterrâneas e com as chuvas cada vez menores e com mais intensidade?
E estas ... todas contentes
Um abraço de um velho farto desta gente
Eugénio

Atualizado: 19-03-2014 10:26 WET

quinta-feira, abril 17, 2014

Bruxelas põe Mexia e Passos em sentido. E nós?

Serra de Montemuro, terra queimada nas imediações de um grande parque eólico

 

Nunca se mentiu tanto sobre números e estatísticas


Bruxelas dita diminuição de subsídios às energias renováveis

Euronews, 09/04 19:16 CET

Quando está ao rubro a discussão sobre a dependência da União Europeia (UE) da importação de gás, carvão e petróleo; Bruxelas decide avançar com a diminuição gradual dos subsídios estatais às energias renováveis, tais como a eólica e a solar.
As eólicas e a biomassa
Luís Mira Amaral, Expresso dia 5 de Abril

Segundo a ERSE, em 2013, Portugal consumiu a mesma eletricidade que em 2006, enquanto que nesse ano os famosos Custos de Interesse Económico Geral (CIEG) eram apenas de 500 milhões de euros e em 2013 foram de 2500 milhões de euros! 

Se mais de 150 mil pessoas fogem do país, o desemprego logicamente cai. Se os portugueses diminuem o consumo de gasolina, de gasóleo e de eletricidade, a balança energética logicamente melhora. Não é, pois, por causa das ventoinhas e da propaganda da EDP, da Endesa ou da Iberdrola, que o país vê melhorar a sua autonomia energética. Pelo contrário, o que aconteceu nestes últimos anos foi que, apesar do consumo de energia ter caído e continuar a cair, a fatura elétrica que chega a casa das pessoas e das empresas aumentou, e aumentou acima da inflação!

As renováveis intermitentes (sobretudo as ventoinhas americanas impingidas pela Goldman Sachs ao Mexia a ao Pinóquio, e que nós pagamos em rendas excessivas e ilegítimas) não trouxeram nenhuma diminuição à nossa dependência energética face ao exterior. A melhoria da nossa balança energética só tem uma explicação: importámos menos petróleo e exportámos mais derivados do petróleo importado. As barragens são, pois, um embuste a que este governo indigente não deu ainda a necessária resposta. Se emigrarem mais 150 mil pessoas nos próximos dois a três anos, que tenciona Passos Coelho fazer aos piratas da energia? Continuar a deixá-los sugar a economia e as pessoas em nome das suas aventura financeiras? Permitir que a dívida descomunal da EDP, contraída no casino da bolha eólica americana, seja paga pelos portugueses? Que tal umas lições de História de Portugal no período que se seguiu à perda da teta brasileira... até à subida de Salazar ao poder?

Como um entendido na matéria escrevia hoje:

“A dependência energética de Portugal (saldo importador de energia —importações-exportações— a dividir pela soma do consumo total de energia primária + consumo de energia das bancas marítimas e aéreas) é das mais elevadas da Europa. Analisemos a sua evolução nos últimos anos, segundo a DGEG com valores em percentagem:

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Verificamos que a dependência energética tem variado desde 1998, atingindo um pico em 2005, decrescendo depois até 2012, último ano em que existem balanços energéticos disponíveis.

Analisemos então mais em detalhe estes três anos, para poder calcular quais as razões por detrás destas evoluções segundo os dados dos balanços energéticos disponíveis na DGEG, em toneladas equivalentes de petróleo (tep), e mais em particular a diferença entre 2005 e 2012, período em que decorreu o maior investimento nas renováveis intermitentes:

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O que resulta desta análise é que as afirmações de António Mexia:

“Ao desenvolver as energias renováveis, a dependência energética em Portugal desceu mais de dez pontos percentuais, de 85% para 75%, de 2005 a 2012”, e “Portugal deixou de importar 4,3 mil milhões de euros de combustíveis fósseis” (Jornal de Negócios-26.3.14)

são totalmente desprovidas de sentido e contrariadas pelos números do balanço energético.

O que acontece é que a diminuição da dependência energética verificada neste período se deve quase exclusivamente à drástica redução do consumo de combustíveis líquidos derivados de petróleo nos transportes, devido ao aumento dos preços, o qual teve uma quebra de 20,7%, conduzindo a uma redução das importações de ramas e derivados em 25,2 % conjugada com o aumento das exportações de produtos refinado em 80,3%, permitida pela margem deixada em capacidade de refinação não usada para o consumo interno.

Se olharmos agora para a fatura energética entre estes dois anos de referência usados pelo CEO da EDP, os números aparecem assim, em milhões de euros:

Clique para aumentar

Na queda da dependência energética de Portugal em 9,4 pontos percentuais, de 88,8% para 79,4%, entre 2005 e 2012, não se constata qualquer redução, nem em valor nem em volume, ligado ao apoio às energias renováveis dados naquele período. Houve sim uma redução substancial do consumo de gasóleo e gasolina devido ao aumento dos seus preços, e só isso justificou a melhoria da dependência energética e o espetacular aumento das exportações de energia.

Quanto aos combustíveis fósseis usados para a geração elétrica – o carvão e o gás natural – houve nesse período um aumento de importações em volume para o gás natural e uma pequena redução para o carvão. Também nesse período se verificou um aumento das importações de eletricidade.  Os 4 mil milhões de euros que Portugal deixou de importar naquele período nada têm que ver com as renováveis, mas sim com a diminuição de importação de ramas e derivados de petróleo para o sector dos transportes. Agora a política de apoio às renováveis intermitentes originou um sobrecusto dessa ordem que não foi absorvido pelos consumidores, e que se acumulou numa dívida tarifária a crescer em bola de neve.”

Bruxelas põe Mexia e Passos em sentido. E nós?

quarta-feira, abril 16, 2014

China prepara globalização do Renminbi




A China precisa de aumentar as suas reservas de ouro para poder lançar o Yuan como moeda de reserva mundial

Temos insistido regularmente nesta tecla. A questão é simples: a China tonou-se o maior importador de petróleo do planeta... Se e quando o dólar cair a pique, o Yuan irá surgir inevitavelmente como uma das principais moedas de reserva mundiais... O ouro é essencial como garantia de uma moeda chinesa de reserva.

Reservas de ouro, 2013 (ton.) - Wikipedia
  • Eurolândia (est. mínima): 10.990,4
  • EUA (supostamente): 8.972,6
  • China: 1.054,1
  • Rússia: 1.041,9 
ÚLTIMA HORA

BRICS countries to set up their own IMF
April 14, 2014 Olga Samofalova, Vzglyad

Very soon, the IMF will cease to be the world's only organization capable of rendering international financial assistance. The BRICS countries are setting up alternative institutions, including a currency reserve pool and a development bank.

Source: Russia Beyond the Headlines

Atualizado: 17/04/2014 01:21 WET

Instituto Camões

Portugal deveria fechar uma dúzia e meia de embaixadas na União Europeia, e potenciar a sério o Instituto Camões, abrindo institutos de língua e cultura portuguesas em Xangai, Pequim, Luanda, Maputo, Casablanca, Caracas, Boston, Londres e Berlim. 

Precisamos de gente com visão neste país!

União Bancária Europeia avança

A escassas semanas das eleições europeias...


Le Parlement européen entérine l'accord sur l'Union bancaire

A menos de um mês da eleições europeias o Parlamento Europeu vota e aprova o segundo pilar da União Bancária: serão os bancos que terão que responder, em primeiro lugar, pelos seus erros, e não os estados e os contribuintes, como ocorreu desde 2008 até hoje. Mais de um banco irá fundir-se ou desaparecer nos próximos anos. Ainda bem!

Por outro lado...

Le Parlement européen approuve le compte bancaire universel

58 milhões de europeus não têm conta bancária, mas a partir de ontem ficou decidido que vão ter direito a ela com custos mínimos garantidos e maior transparência no mercado de comissões e taxas de juro. Um sítio europeu na Web passará a informar quem cobra o quê pelo negócio bancário.

Tordesilhas 2.0



Coisas que estão em marcha e outras que deveriam, mas tardam...


  • Este mapa Google é uma carta onde tenho registado informações que ajudam a pensar o estado do mundo. 
  • A eurocidade Elvas-Badajoz é uma projeção de intenções que fazem sentido numa Península Ibérica em processo avançado de integração económica. Há até uma proposta de itinerário e metamorfose museológicos para a futura eurocidade.
  • As linhas cinzentas assinalam com razoável precisão a nova rede ferroviária de Alta Velocidade da Eurásia (que os Estados Unidos muito gostariam de sabotar).
  • As linhas azuis assinalam algumas das principais rotas intercontinentais do transporte do petróleo e outros recursos vitais.
  • A linha vermelha é uma linha de fratura geoestratégica em formação a que chamo Tordesilhas 2.0.

domingo, abril 13, 2014

Próximo PM: Luís Amado?

Luís Amado, o senhor que se segue no PS?

Alea jacta est


O atual CEO do BANIF e ex-ministro dos negócios estrangeiros do PS, Luís Amado, acaba de explicar às criancinhas porque motivo o PS terá que caminhar para uma grande coligação com o PSD se ganhar as próximas eleições legislativas. António José Seguro, enquanto líder prisioneiro da estouvada Isabel Moreira, tem os dias contados.

Próximo Governo terá de ser de maioria, diz Amado

Em entrevista hoje à Antena 1 e ao Diário Económico, o atual presidente do Conselho Administração do Banif considera que “o país aprendeu com os erros”.

“Tivemos durante muitos anos governos minoritários, que tiveram dificuldade em imprimir a ação governativa, uma linha de estabilidade e de coerência programática e política que pudessem resolver alguns problemas estruturais do país”, sublinha. Por isso, o próximo executivo poderá ser “outra coligação, mas tem que haver um governo de maioria”.

“Creio que ninguém duvida hoje que não haverá condições, nem nenhum Presidente da República dará posse a um governo minoritário no atual contexto. Portanto, terá de haver um entendimento”, sustenta.

DN Política, 12/04/2014

O senhor Seguro esqueceu-se de fazer o seu seguro de vida como SGPS. Ou seja, está a prazo e a prazo muito curto. Aliás, o CEO sombra da Mota-Engil já está no lugar certo para o golpe de coelho quando for preciso dá-lo. Quem será o sucessor de Seguro? António Costa? Prefiro pensar em Luís Amado. A entrevista que acaba de dar à Antena 1, revela que já é mais do que uma hipótese.

Sem maioria, com quem irá o PS coligar-se? Com o PCP? A probabilidade de tal acontecer anda muito próxima de zero. Com o resto do Bloco? Risível. Sendo assim, só restam duas hipóteses: ou ganha as eleições, mas não forma governo, ou então terá que aceitar o grande abraço atlântico de José Manuel Durão Barroso. É assim tão difícil de entender?

Os rendeiros da fome

Propaganda do Banco Alimentar Contra a Fome

Risco de pobreza: o limiar em Portugal diminuiu para 421 euros
A taxa de risco de pobreza antes e após as transferências sociais em Portugal tem vindo a diminuir desde 2001, embora de forma não linear. Observatório das Desigualdades, 2010
O alarmismo sobre a pobreza e a fome em Portugal serve sobretudo os interesses da corja devorista que não sabe fazer nada sem o dinheiro dos contribuintes. As mais de 5000 IPSS deste país cresceram como cogumelos nos anos da crise e, no entanto, o risco de pobreza no nosso país anda pela média europeia —ligeiramente abaixo dessa média antes das transferências sociais, e ligeiramente acima depois das transferências. Mas o mais surpreendente é que não há praticamente variação destas estatísticas entre 2001 e 2010, por muito que os populistas do PS, do PCP e do Bloco gritem. Ou muito me engano, ou os números não só não pioraram, como melhoraram em 2012 e 2013 — nomeadamente pelo efeito induzido da emigração. A quem serve, pois, o alarido sobre a fome? A resposta é simples: a quem mais beneficia do dinheiro público distribuído para mitigar as carências sociais do país, e que não são certamente os beneficiários do Rendimento Social de Inserção; e ainda aos partidos políticos que compram votos vendendo ilusões sobre improváveis lotarias futuras.

Eurostat, 2011

Em 2012 escrevemos:
...as transferências correntes, subsídios e transferências de capital para as instituições sem fins lucrativos (IPSS) que o Orçamento de Estado para 2013 prevê é da ordem dos dois mil milhões de euros. Se somarmos a este valor as verbas previstas para o RSI (303.900.000€) teremos um resultado de despesa orçamental de natureza social na ordem dos 2.303.900.000€ — ou seja, mais do que a totalidade das transferências do orçamento de 2013 para o poder local!

Se o valor apurado for distribuído pelas 280 mil pessoas que supostamente passam fome, o seu rendimento mensal instantâneo seria de 685,68€. Alguém me explica como pode esta gente passar fome?!

Se há zonas de penumbra na sociedade portuguesa são as fundações mendicantes, as fundações que ajudam os seus beneméritos a fugir ao fisco, e a Caridade!

46% das receitas das IPSS provêm de transferências do estado: ou seja, este terceiro sector já vale no nosso país mais de 4.000 milhões de euros, e praticamente não paga impostos, nomeadamente em sede de IMI, IMT, IRS e IVA.

in Qual fome?

Menos de €1,50 é o preço por refeição praticado por muitas empresas que fornecem escolas e IPSS.

No entanto, sabe-se que algumas destas empresas são 'convidadas' a comprar parte da matéria prima das refeições às próprias IPSS que fornecem, matéria prima essa que foi entregue gratuitamente às mesmas IPSS por grandes superfícies comerciais e pelos ditos bancos alimentares contra a fome. Este é um caso óbvio de corrupção descarada. Resta conhecer a extensão do fenómeno.

As operações dos bancos alimentares junto das grandes superfícies traduzem-se em receitas extraordinárias para estas últimas, as quais já fornecem gratuitamente alimentos (cujos prazos de validade se aproximam do termo) às IPSS, ao abrigo de isenções fiscais associadas.

Façamos, por fim, uma conta simples, para contestar de uma vez por todas o alarido sobre a fome em Portugal: admitamos que existem neste momento 330 mil beneficiários do RSI (em 2012, segundo números oficiais, eram 329.274), e que cada um toma três refeições por dia, fornecidas pelas mesmas empresas comerciais que hoje praticam preços na ordem dos €1,50 por refeição.

O custo para o contribuinte que subsidia o RSI com impostos saídos do seu bolso seria então este:

330.000 beneficiários do RSI x €1,50 x 3 refeições x 365 dias = €542.025.000,00

Se acrescermos a esta transferência, que deveria ser adjudicada exclusivamente a fornecedores profissionais certificados, o valor do RSI previsto no OE2013 (303.900.000€), teríamos uma despesa pública total com as 330 mil pessoas mais desfavorecidas do país na ordem dos €845.925.000, ou seja, menos de mil milhões de euros.

No entanto, os subsídios e outras transferências do estado previstos para as organizações sem fins lucrativos em 2013 custarão aos contribuintes €2.008.768.424,00. Dirão que não computei as verbas que vão para os lares de idosos e acamados. É verdade, mas lá iremos assim que a informação escondida vier ao de cima.

Só nas faturas da eletricidade pagámos em 2013, para além do custo da energia, em rendas excessivas à EDP, RTP, autarquias e regiões autónomas, três vezes mais —2.500 milhões de euros (1)— do que a verba necessária para acabar com a demagogia sobre a fome e o risco de pobreza em Portugal.


NOTAS
  1.  Como escreveu recentemente no Expresso Luís Mira Amaral:
“Segundo a ERSE, em 2013, Portugal consumiu a mesma eletricidade que em 2006, enquanto que nesse ano os famosos Custos de Interesse Económico Geral (CIEG) eram apenas de 500 milhões de euros e em 2013 foram de 2500 milhões de euros! Eis o monstro elétrico em todo o seu esplendor! Contra factos não há argumentos!”

Douro Azul aponta o caminho

Amavida, navio da Douro Azul


Novo paradigma de crescimento é uma questão de vida ou de morte deste regime


Aos Estaleiros de Viana do Castelo
Douro Azul quer encomendar 4 navios no valor de 100M€
Transportes, 11-04-2014.


A Douro Azul pretende encomendar quatro navios-hotel, no valor de 100 milhões de euros aos Estaleiros de Viana do Castelo. O presidente da Douro Azul, Mário Ferreira, revelou hoje à Lusa que a encomenda será oficializada assim que o financiamento estiver garantido, o que deve ficar definido na próxima semana, após a aprovação de um banco com o qual negociou.
O cliente é o Grupo Viking Cruises que tem sede operacional em Basileia, na Suíça, e que opera essencialmente, nas bacias do Reno e do Danúbio, mas também no Nilo, no Volga e nos grandes rios da China. Mário Ferreira terá referido, relativamente ao seu cliente, que vai “fazer o trabalho de entregar, chave na mão, um navio para o estrangeiro, é esse serviço que eles querem. Por isso é que me encomendam a mim e não ao estaleiro, senão teriam de fazer toda a gestão do processo”.

É por aqui. O Estado deve sair de onde só empata, e deve reforçar a sua ação onde é preciso: infraestruturas essenciais, proteção social e dos recursos, saúde, justiça, supervisão financeira, defesa e segurança, e diplomacia. O resto da atividade deve ser libertada da influência predadora, ineficiente e autoritária da santa aliança entre burocracias, rendeiros e devoristas que tomou de assalto o regime e o conduziu à bancarrota. Ou conseguimos aproveitar esta crise para limpar a democracia dos seus parasitas, ou em breve não haverá democracia. Só não percebo porque continua a faltar uma esquerda capaz de defender e promover esta via de sustentabilidade e de liberdade.

Precisamos de um estado solidário, mas não paternalista, nem despesista, nem sobretudo ao serviço da sufocante baba burocrática que entupiu o país.

Precisamos de eficiência energética imediata, pois não só temos uma das energias mais caras da Europa (cortesia da EDP e da corja rendeira e devorista do regime), como a intensidade energética da nossa economia é absolutamente insustentável e terá efeitos catastróficos no quadro do cada vez mais visível pico petrolífero, se não mudarmos imediatamente de agulha do atual transporte rodoviário baseado em combustíveis líquidos, no betão e no betume asfáltico, para o transporte elétrico, por ferrovia ou em trolleys, em todas as distâncias até 800Km, ou seja, no transporte internacional, intercidades, urbano e suburbano.

A fusão da Refer com a Estradas de Portugal é uma tentativa rasca de continuar a alimentar o lóbi das PPP rodoviárias, do betão, do asfalto, dos automóveis e da GALP, procurando esconder através de uma nova empresa pública, de apoio aos rendeiros do regime, dívidas escandalosas e crimes sem castigo e, pasme-se, desviar fundos comunitários para onde a UE disse e reiterou que não haveria mais fundos comunitários: as autoestradas.

Precisamos de regressar à produção de alimentos criando as condições legais propícias a uma agro-indústria dinâmica e de base orgânica, mas também a novas formas avançadas de agricultura familiar e comunitária, ao mesmo tempo que devemos exigir novas condições favoráveis à recuperação das pescas e da produção de alimentos oriundos do mar e dos rios sob rigorosos regimes de proteção ambiental e sustentabilidade, cuja definição deverá contar com a sabedoria e coragem dos nossos técnicos e políticos nas instâncias comunitárias e internacionais.

Precisamos de reindustrializar o país, mas sabendo à partida que uma nova industrialização só será possível se assentar em novos paradigmas de sustentabilidade energética e ambiental e em novos modelos estratégicos de financiamento, fiscalidade, produção, comercialização e consumo de bens e serviços. O Business as usual morreu!

Ao contrário do embuste da bolha verde especulativa, que o atual ministro do ambiente promove alegremente, o nosso problema fundamental não é climático, nem se resolve com novas barragens, mas é, sim, um problema de eficiência energética, que exige a redução imediata da escandalosa intensidade energética da nossa economia. Temos que nos preparar para o crescimento zero, ou entre 0 e 2%, pois a alternativa, se andarmos mal, será crescimento negativo, deflação, e depois, crises catastróficas de hiperinflação.

A propósito do futuro que temos pela frente, recomendo este excelente post, do qual replico este trecho sintomático...

Estimate of future energy production by author. Historical data based on BP adjusted to IEA groupings.

Oil Limits and Climate Change – How They Fit Together
Our Finite World, Posted on April 11, 2014

The Likely Effect of Oil Limits

The likely effect of oil limits–one way or the other–is to bring down the economy, and because of this bring an end to pretty much all carbon emissions (not just oil) very quickly. There are several ways this could happen:

High oil prices – we saw what these could do in 2008.  They nearly sank the financial system. If they return, central banks have already done most of what they can to “fix” the situation. They are likely to be short of ammunition the next time around.

Low oil prices – this is the current problem. Oil companies are cutting back on new expenditures because they cannot make money on a cash flow basis on shale plays and on other new oil drilling. Oil companies can’t just keep adding debt, so they are doing less investment. I talked about this in Beginning of the End? Oil Companies Cut Back on Spending. Less oil means either a rebound in prices or not enough oil produced to go around. Either way, we are likely to see massive recession and falling world GDP.

Huge credit problems, such as happened in 2008, only worse. Oil drilling would stop within a few years, because oil prices would drop too low, and stay too low, without lots of credit to prop up prices of commodities of all types.

Rapidly rising interest rates, as QE reaches its limits. (QE for the United States was put in place at the time of the 2008 crisis, and has been continued since then.) Rising interest rates lead to higher needed tax rates and high monthly payments for homes and cars. The current QE-induced bubble in stock, land, and home prices is also likely to break, sending prices down again.

End of globalization, as countries form new alliances, such as Russia-China-Iran. The US is making false claims that we can get along without some parts of the world, because we have so much natural gas and oil. This is nonsense. Once groups of countries start pulling in opposite directions, the countries that have been using a disproportionate share of oil (particularly Europe, the United States, and Japan) will find themselves in deep trouble.

Electric grid failures, because subsidies for renewables leave companies that sell fossil-fuel powered electricity with too little profit. The current payment system for renewables needs to be fixed to be fair to companies that generate electricity using fossil fuels. We cannot operate our economy on renewables alone, in part, because the quantity is far too small. Creation of new renewables and maintenance of such renewables is also fossil fuel dependent.

If any of these scenarios takes place and snowballs to a collapse of today’s economy, I expect that a rapid decline in fossil fuel consumption of all kinds will take place. This decline is likely to be more rapid than modeled in the RCP2.6 Scenario. The RCP2.6 Scenario assumes that anthropogenic carbon emissions will still be at 84% of 2010 levels in 2030. In comparison, my expectation (Figure 3, below) is that fossil fuel use (and thus anthropogenic carbon emissions) will be at a little less than 40% of 2010 levels in 2030.

Summary global average surface temperature change exhibit from new IPCC Report.

sábado, abril 12, 2014

Cavaco passa testemunho a Barroso

Foto: Nuno Ferreira Santos. Público, 11-03-2013

Nem Bloco Central Alargado (até ao PS), nem Frente Popular

Sondagem dá liderança mais destacada ao PS
Negócios, 11 Abril 2014, 13:40

A última sondagem da Eurosondagem registou uma completa inversão nas tendências registadas por esta empresa nos inquéritos de Março. PS e BE sobem enquanto o PSD, o CDS e a CDU caem em Abril depois de terem verificado subidas no mês anterior.

Se as eleições legislativas fossem hoje o Partido Socialista seria vencedor com mais votos do que os actuais partidos que compõem a coligação de Governo. Na última sondagem da Eurosondagem para a SIC e o “Expresso” o PS sobe 0,7 pontos percentuais para 37,3% das intenções de voto.
A nossa democracia é um sistema partidário viciado. Como disse o Freitas, neste momento, só uma improvável aliança entre o PS, PCP e BE poderia alterar dramaticamente a situação e o regime. O problema desta ideia lunática é que para a dita Frente Popular poder marchar teríamos que estar à beira de uma convulsão social, o que ainda não é o caso. Enquanto houver dinheiro para o rendimento mínimo e para financiar o desemprego e as pensões mínimas de reforma, enquanto a válvula da emigração continuar a funcionar, e enquanto houver turismo e exportações em alta, o regime não cai, e portanto mantém-se o que é: uma democracia populista irresponsável, que não percebe que o estado paquidérmico e corrupto que temos é o nosso maior inimigo, e uma cleptocracia de colarinho branco.

O Tó Zé é o que é: um zero à esquerda!

Por outro lado, se houvesse uma nova Frente Popular, o PS seria comido vivo em menos de uma legislatura. Por fim, as tensões na Ucrânia favorecem o protagonismo da Aliança Atlântica, e por esta via, Cavaco Silva e Durão Barroso. Daí a luta desesperada de Mário Soares para levantar as hostes 'socialistas'!

“Posso testemunhar a atenção que Durão Barroso sempre prestou aos problemas do país”, agradece Cavaco Silva

“Posso testemunhar, como poucos, a atenção que o doutor Durão Barroso sempre prestou aos problemas do país e a valiosa contribuição que deu para encontrar soluções, minorar custos, facilitar apoios e abrir oportunidades de desenvolvimento”, disse na tarde desta sexta-feira o Presidente na República na abertura da conferência Portugal: Rumo ao Crescimento e Emprego. Fundos e Programas Europeus: solidariedade ao serviço da economia portuguesa, que está a decorrer na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Daí que, quase a terminar o seu discurso de quatro páginas, Aníbal Cavaco Silva tenha sido ainda mais claro: “Portugal e os Portugueses, tal como os outros Estados-Membros, muito lhe devem.”

Público, 11/04/2014 - 17:25

sexta-feira, abril 11, 2014

China exporta menos do que diz...


Pequim falsifica, empolando, números das suas exportações.... Atenção à dívida da EDP!!!


E sobre os números do emprego, nem queremos saber :(

And The "Fake" Headline Of The Day Award Goes To...
By ZeroHedge, 04/11/2014 09:13 -0400

We have been pointing out the massive discrepancies in Chinese trade data for the last 2 years (e.g. here) and it seems, once again, that conspiracy "theory" has become conspiracy "fact."
China Fake Data to Skew More Export Numbers
By Bloomberg News Apr 11, 2014 3:47 AM GMT+0100

China’s data distortions will muddy analysis of the nation’s trade until at least June, making it harder to assess the strength of the world’s biggest exporter and second-largest economy.

Pico da Dívida


É assim nos Estados Unidos. E em Portugal é pior ainda...


The Born Again Jobs Scam, Part 2: The Fed’s Labor Market Delusion
by David Stockman • April 10, 2014 - David Stockman's Contra Corner.

“As a practical matter, however, the Fed cannot stimulate additional “spending” unless it can also cause the economy’s leverage ratio to rise, thereby supplementing “spending” derived from current income with purchases financed by freshly minted (incremental) credit. Yet the flood of demand by which the Fed endeavors to “pull” idle and underemployed workers back into production cannot be activated if the US economy has reached a condition of peak debt, as I strongly believe to be the case. Indeed, when the credit expansion channel is broken and done, all the Fed’s liquidity “accommodation” flows into the Wall Street finance channel where it pulls up the price of existing financial assets, not the employment rate of idle labor.“

Quando as dívidas públicas e privadas atingem picos de sustentabilidade, potenciar o crescimento pela via do crédito às pessoas e às empresas não financeiras, supondo que este induzirá o aumento da procura agregada, é um erro, ou pura demagogia e, portanto, não funciona, pois os devedores não podem endividar-se mais. Pelo contrário, mais empresas fecham, a criação líquida de empregos (na sua maioria, empregos faz-de-conta e temporários) é nula, e os consumidores passam a comprar menos. Segundo a ERSE, em 2013, Portugal consumiu a mesma eletricidade que em 2006!

A circunstância de apenas os governos continuarem a endividar-se redunda num beco sem saída para a economia e para as sociedades em geral. Desde logo, porque o imparável endividamento público, nomeadamente para atender aos mais aflitos, mas sobretudo pressionado pelo serviço da dívida, redunda numa quase inevitável pressão fiscal sobre as pessoas e as empresas (1), pondo em causa a dignidade das primeiras e a sobrevivência das segundas.

Mesmo se houvesse um Jubileu da Dívida Mundial (por exemplo, anulando os contratos com derivados financeiros especulativos -- 'swaps' de moedas e de taxas de juro, etc. — cujo valor nocional equivale a mais de 10x o PIB mundial!), ainda assim a procura agregada global continuaria estagnada ou a decrescer, porque a escassez relativa de recursos energéticos e matérias primas torna-os mais caros e por isso inacessíveis a um número crescente de potenciais compradores e consumidores.

Outro problema que aponta para a inevitabilidade de uma reestruturação das dívidas à escala global (não confundir com as discussões partidárias populistas locais sobre reestruturação da dívida e saídas limpas ou sujas do Memorando) é o abandono do dólar como moeda de reserva hegemónica. Já todos percebemos que os Estados Unidos não têm feito outra coisa nas últimas duas décadas que não seja exportar a sua dívida pública para os países detentores de recursos naturais, energia (petróleo e gás natural) e trabalho barato. Acontece que a China e a Rússia acabam de dar um pontapé de saída na descolagem progressivas desta indigência do império que declina.

Portugal, por exemplo, não pode exportar a sua dívida se os credores não deixarem. E não vão deixar. Quase todos os países da zona euro se deparam com problemas semelhantes ao nosso, e sabem que a mutualização das dívidas soberanas europeias comportaria perigos enormes.
Daí que, tal como a Irlanda, só tenhamos um cenário pós-Troika: sair do Programa sem nenhuma rede cautelar.

NOTAS

  1. Portugal foi o país que mais aumentou impostos sobre os salários
    Portugal teve no ano passado um aumento de 3,5 pontos percentuais, quando o crescimento médio dos 34 países da OCDE se situou nos 0,2 pontos
    TVI/ Redacção / LF    |   2014-04-11 11:08

    COMENTÁRIO: em vez de reformar o Estado central regional e local, tornando-o mais eficiente e eliminando o devorismo partidário e a baba burocrática, preferiu-se esganar toda a economia e destruir a classe média, salvaguardando apenas o bem-estar dos rendeiros, da corja devorista e da partidocracia. A isto chama-se FASCISMO FISCAL.

    E depois do Programa, como vai ser? Irão aumentar ainda mais os impostos e ver polícias e militares a entrarem pelo parlamento dentro? Irão finalmente cortar as rendas excessivas dos rendeiros do regime? Esperemos bem que sim. Irão, em suma, deixar de usar o aparelho de estado como uma alcova partidária? Voluntariamente, não, mas algo acabará por ser feito neste domínio. O desfecho previsível do Programa da Troika será a chamada saída 'limpa' — por uma razão simples: os credores não estão dispostos, nem podem continuar a alimentar porcos a pérolas.
Atualizado: 11/04/2014 13:04 WET

quarta-feira, abril 09, 2014

Que diz o PS? Nada, presumo...

Manuel Valls, novo PM francês

Menos Estado, mais economia e mais solidariedade. Simples, não é? Mas ouviram António José Seguro propor algo assim tão simples para Portugal? Eu não :(

França apresenta uma “verdadeira revolução” fiscal - Negócios, 09 Abril 2014, 14:17

“As linhas gerais do programa de reformas de Manuel Valls passam pelo corte de 30 mil milhões de euros em impostos sobre o trabalho e empresas até ao ano de 2016. Para a protecção das famílias mais carenciadas Valls anunciou a intenção de cortar 5 mil milhões de euros nos impostos aplicados a “famílias modestas”.

Outra das medidas, que passa pela necessidade de consolidação orçamental, prende-se com uma redução de 50 mil milhões de euros do orçamento do Estado até 2017. Esta redução far-se-á com cortes de 19 mil milhões de euros nos gastos da máquina do Estado, 10 mil milhões em despesas com a Saúde e 10 mil milhões nos gastos com os governos locais. Os restantes cortes não foram especificados.”

Economia real seca, mas diarreia monetária prossegue


Baltic Dry Index

A Segunda Lei da Termodinâmica é implacável

Baltic Dry Collapses To Worst Start To A Year On Record - ZeroHedge,  04/09/2014 10:46 -0400

If you listen very carefully, you will still hear absolutely nothing from any talking-heads of the utter collapse that the last few weeks have witnessed in the Baltic Dry shipping index. The Baltic Dry has dropped 12 days in a row and plunged back to $1061 - its lowest since August 2013. This is the worst start to a year on record... must be the weather.

[...] The last time we saw a year start like this was 2012 which saw massive concerted co-ordinated central bank easing in Q3 to save us all... it seems that is not coming anytime soon this time...
O aumento surrealista da massa monetária e da liquidez digital, para socorrer os bancos, a especulação financeira e os governos, produz cada vez menos efeitos na economia real e na vida das pessoas, que continua a piorar em todo o mundo. É como no abuso dos antibióticos, dos pesticidas e das drogas em geral: as doses e o preço das doses sobem, mas o bang é cada vez menor.

A economia mundial está estagnada, e o resto é manipulação estatística. O BCE vai lançar-se, em breve, numa gigantesca diarreia financeira, para salvar, nomeadamente, a França. Os piratas indígenas esfregam os seus dedos grossos e anelados. O Elefante Branco renova o cardápio de meninas. Os perigos, porém, são evidentes!

A sequência previsível dos eventos:

— diarreia financeira (BCE lança liquidez a cântaros numa portinhola de acesso reservado aos bancos) > os bancos financiam-se a custo zero ou negativo nesta portinhola do BCE > depois os bancos compram dívida soberana cobrando juros entre 1 e 4% (remuneração que os contribuintes terão que pagar) > os governos voltam a endividar-se à grande e, se puderem, param as reformas em curso e revertem outras, a favor e com aplauso geral das burocracias e rendeiros do regime > a dívida pública continua a crescer > mas como o dinheiro do BCE serve apenas para impedir o colapso de governos centrais, regionais e municipais, continuará a não chegar às famílias e às pequenas empresas (os rendeiros atrelados às obras públicas, que serão os únicos beneficiários deste aguaceiro de euros, voltam a salivar, a fazer coisas inúteis e a roubar) >  dívida externa volta a disparar > os credores exigem colaterais > o saque do país e das pessoas, nomeadamente através do fascismo fiscal, atinge novas proporções de violência > o novo saque acentuará a guerra partidária, corporativa e burocrática (todos contra todos, pois o bolo não chega e vai durar pouco...) > a instabilidade agravará > o mais provável é virmos a ter em breve um partido populista capaz ganhar eleições em 2019.

Atualizado: 9/4/2014 21:10 WET

O ministro das ventoinhas serve Mexia e Pequim, mas penaliza portugueses!

Está tudo dito, mas a inércia da corrupção é enorme


As eólicas e a biomassa - Luís Mira Amaral, Expresso dia 5 de Abril.
Segundo a ERSE, em 2013, Portugal consumiu a mesma eletricidade que em 2006, enquanto que nesse ano os famosos Custos de Interesse Económico Geral (CIEG) eram apenas de 500 milhões de euros e em 2013 foram de 2500 milhões de euros! Eis o monstro elétrico em todo o seu esplendor! Contra factos não há argumentos!
EDP emite dívida no valor de 650 milhões de euros - Público, 08/04/2014 - 16:56.

...No início de Janeiro, a empresa liderada por António Mexia já tinha anunciado a emissão de valores mobiliários representativos de dívida no montante de 750 milhões de dólares (547 milhões de euros, ao câmbio actual), com vencimento em Janeiro de 2021 e cupão 5,25%.

EDP já encaixou 3900 milhões com venda de défice tarifário (desde 2009)Público, 26/03/2014 - 21:18.

EDP adia em quatro anos barragem de 300 milhões no rio Tâmega - Jornal de Negócios, 08 Abril 2014, 00:01.

O embuste das barragens - O António Maria, 30/01/2014.

A burguesia rendeira nacional continua agarrada à lógica dos monopólios, suga sem parar a poupança e o trabalho dos portugueses, captura e corrompe continuamente o sistema partidário instalado, e espera, no fundo, o colapso da Europa e o regresso à ditadura. Não o diz, claro. Mas lá que espera, espera!

A EDP é um caso paradigmático desta lógica rentista e deste desprezo arrogante pelos contribuintes e clientes. Acontece que a pesporrência do cabotino Mexia poderá ter os dias contados. Basta ver a incapacidade estrutural da EDP para baixar a sua descomunal dívida, quase toda impingida ao grupo de idiotas que a dirige pelos piratas da Goldman Sachs sob a forma de parques eólicos americanos vendidos quando o especulador-mor da América soube que os estímulos à bolha verde, criada a partir de Wall Street, iriam terminar. Escrevemos já abundantemente sobre esta manobra financeira que atou a EDP e o governo de Sócrates a uma verdadeira transferência de dívida americana para os contribuintes portugueses. Só há uma maneira de resolver este problema: denunciar e anular a 100% e de uma só vez tudo o que na fatura elétrica paga mensalmente não corresponde a custos de energia consumida e que, por isso, são rendas inaceitáveis, sejam elas a favor da EDP, dos municípios, das regiões autónomas ou da execrável RTP.

Ainda a propósito das rendas excessivas da EDP e do alto preço que pagamos pela energia, que foi recentemente denunciado pelo novo patrão da PSA (Peugeot), Carlos Tavaraes, vale a pena ler o último e sintético artigo de Luís Mira Amaral publicado pelo Expresso, onde se resumem os argumentos que há anos vimos publicando. A energia em Portugal tem um preço excessivo, que compromete a economia, e que já teve como consequência uma escandalosa diminuição do consumo elétrico, quer das famílias, quer das empresas.

AS EÓLICAS E A BIOMASSA
Luís Mira Amaral - Professor Catedrático Convidado de Economia e Gestão — IST
Expresso dia 5 de Abril

As novas barragens não vão produzir energia, vão apenas servir de muleta às eólicas para acumular o excesso de produção da noite!

Sempre que escrevo sobre energia, o lóbi eólico, a EDP e ajudantes multiplicam-se imediatamente em artigos e entrevistas!

Agora disseram que o preço das eólicas era €70/Mwh, mas a ERSE diz-nos que era em 2013 de €102/Mwh!

Também escamoteiam sempre a intermitência do vento que leva a que as novas centrais tenham que ter sempre duas muletas, a bombagem de noite e as térmicas de reserva de dia. Obviamente que tais muletas têm de ser imputadas às eólicas e por isso temos que somar ao seu preço nominal os €62/Mwh calcula­dos no IST pelo prof. Clemente Nunes e chegamos aos €164/Mwh!

As novas barragens não vão produzir energia, vão apenas servir de muleta às eólicas para acumular o excesso de produção da noite! E a CIP veio agora chamar a atenção para os investimentos de 150 milhões de euros, pagos por nós, que têm que ser feitos na rede de transporte para a ligação de tais barragens à rede!

Segundo a ERSE, em 2013, Portugal consumiu a mesma eletricidade que em 2006, enquanto que nesse ano os famosos Custos de Interesse Económico Geral (CIEG) eram apenas de 500 milhões de euros e em 2013 foram de 2500 milhões de euros! Eis o monstro elétrico em todo o seu esplendor! Contra factos não há argumentos!

Também recentemente Mexia, para desviar as atenções sobre o alto preço da eletricidade, veio dizer que o mais importante não é o preço mas sim a segurança de abastecimento, problema que não se põe em Portugal pois temos excesso de capacidade instalada e temos excelentes interligações com Espanha. Portugal é o campeão mundial da potência eólica instalada por unidade do PIB e o terceiro em termos de eólica por habitante!

Temos infelizmente esquecido em Portugal a biomassa. A biomassa só se mete na central quando é preciso e por isso não tem as externalidades negativas das eólicas. Por isso, o preço de ven­da à rede (€120/Mwh) é aparentemente superior ao nominal nas eólicas mas inferior ao seu preço real (€164/Mwh). Assim, a eletricidade produzida pela biomassa conta para o défice tarifário com um valor inferior a 1%!

Por outro lado, cria postos de trabalho, ao contrário das eólicas em que não dominamos a tecnologia e criamos poucos empregos. Uma máquina de 15Mw cria direta e indiretamente 350 empregos. Estas centrais têm externalidades positivas dando vazão aos resíduos florestais, pagando-os a quem os entrega nas centrais, apoiando assim a limpeza das florestas e contribuindo pois para o combate aos incêndios.

Nos fogos florestais, o Governo devia atuar mais na prevenção com a limpeza das florestas, para a qual o apoio às centrais de biomassa seria muito útil, do que no combate aos fogos em que em 2013 morreram 9 pessoas, arderam 150.000 hectares e se gastaram cerca de €130M.

Infelizmente apenas temos um ministro do CO2 e das ventoinhas, quando devíamos ter um ministro para o nosso Ambiente e um verdadeiro ministro da Energia...

ADFERSIT desanca Plano de Infraestruturas do Governo

Bloco Central da Corrupção é o mesmo. Nada mudou


Governo vai adjudicar 95% das obras estratégicas antes das próximas legislativas
- Público, 09/04/2014 - 07:12

A lista de infra-estruturas estratégicas, divulgada ontem, cresceu face ao elenco de 30 projectos prioritários que constava no relatório de um grupo de trabalho nomeado pelo Governo. Este acréscimo fica a dever-se, em grande parte, a um reforço do número de obras no sector rodoviário.

Quem vai pagar os projectos de infra-estruturas? - Jornal de Negócios, 09 Abril 2014, 13:00

O Governo apresentou um programa para obras nas estradas, comboios, portos e aeroportos. O Negócios diz-lhe quem as vai pagar.

Que diz o Seguro do PS —de novo controlado por Coelho, o Jorge— a mais este embuste?

Como este corajoso comunicado da ADFERSIT denuncia, o plano de infraestruturas do governo, além de ser uma manobra tipicamente eleitoral, é a demonstração de que a cleptocracia indígena continua a mandar, com a sempre subserviente e salivada colaboração dos 'técnicos' e da interminável baba burocrática que sufoca o país.

Neste PETI para eleitor ver, e que não passa de uma caricatura de estratégia que, como está, nem sequer merece a atenção das instâncias competentes da União Europeia, vai tudo atamancado, com os lóbis do betão a cobrar as campanhas eleitorais e os tachos distribuídos pela corja partidária. Esperemos que Bruxelas trave a próxima leva PPP que promete entregar de vez o país à Goldman Sachs e ao PC Chinês!

Segue-se o comunicado da ADFERSIT, onde, resumidamente, está tudo dito.


Plano de Infraestruturas do Governo: erro histórico para a Economia

A componente do Plano Estratégico de Transportes e Infraestruturas (PETI) relativa às ligações ferroviárias internacionais condena Portugal ao isolamento no contexto europeu, pois privará Portugal de vias terrestres competitivas para as suas trocas comerciais com o seu principal mercado externo, a União Europeia. Trata-se de um erro histórico, com consequências irreversíveis durante várias décadas:
  1. Agrava a condição periférica da nossa economia.
  2. Restringe a competitividade das empresas exportadoras portuguesas.
  3. Restringe a possibilidade de Portugal atrair investimento estrangeiro.
  4. É mais uma barreira, grave, à solução estrutural da crise.
  5. Fomenta as falências, o desemprego e as discrepâncias de produtividade e de salários com a União Europeia.
  6. Contraria os objectivos estratégicos do Governo para superar a crise e relançar a economia.
  7. Contraria a política de Fundos estruturais e de coesão da Comissão Europeia, pois prevê a aplicação de Fundos CEF destinados prioritariamente a vias férreas interoperáveis em Linhas que não o são (Linha do Norte e Linha do Sul).
O PETI, ao contrário do que tem sido propagandeado, condena Portugal a ser um apêndice do sistema ferroviário europeu, quase isolado da Europa e da própria Espanha, pois as propostas do PETI para a ferrovia de bitola europeia são soluções de “remendo”, pouco competitivas e sem qualquer visão estratégica para o médio e longo prazo, porque:
  1. Têm uma capacidade limitada porque são em via única.
  2. Não são competitivas para o tráfego de passageiros.
  3. A ligação a norte (Pampilhosa – Vilar Formoso) tem uma rampa elevada que restringe o peso dos comboios de mercadorias, aumentando o custo por tonelada/quilómetro de mercadoria transportada. Recorde-se que a Linha da Beira Alta já foi objecto de modernização, incluindo muitas correcções de traçado, na década de 90, o que não impediu que se mantivesse com infindáveis restrições, pelo que alicerçar o futuro das ligações ferroviárias internacionais do Norte e do Centro sobre o seu traçado é um acto de clamorosa miopia estratégica.
  4. Tem um traçado inadequado, pois liga à Linha do Norte demasiado a sul, afastando-se dos principais portos e regiões que visa servir, o Centro e o Norte de Portugal.
  5. A maior distância e a falta de competitividade desta ligação tornará impossível captar tráfego de mercadorias da Galiza, que aumentaria a frequências dos comboios de Aveiro para Espanha e Centro da Europa.
  6. A manutenção dos mesmos critérios e a opção por soluções do mesmo tipo (3º carril em Linhas existentes) que as adoptados no PETI, tornará muito difícil, na prática quase impossível, levar linhas em bitola europeia - para comboios directos, sem rupturas de carga, com a generalidade dos países da Europa - aos portos de Aveiro e de Leixões e a plataformas logísticas nas mesmas regiões.
Direção da ADFERSIT
9 de Abril de 2014

sábado, abril 05, 2014

A deflação não é um perigo, a dívida imparável e a inflação, sim!

Se a procura de capacidade cai, a economia não cresce.

 

O que Seguro pede, já foi e continuará a ser dado pelo BCE, e não é bom... 

 

“...we do not exclude further monetary policy easing and we firmly reiterate that we continue to expect the key ECB interest rates to remain at present or lower levels for an extended period of time” — Mario Draghi.
“The first obstacle is… the emerging risk of what I call “low-flation,” particularly in the Euro Area. A potentially prolonged period of low inflation can suppress demand and output—and suppress growth and jobs. More monetary easing, including through unconventional measures, is needed in the Euro Area to raise the prospects of achieving the ECB’s price stability objective. The Bank of Japan also should persist with its quantitative easing policy” — Christine Lagarde (in Stockman’s Corner).
The fear of deflation serves as the theoretical justification of every inflationary action taken by the Federal Reserve and central banks around the world. It is why the Federal Reserve targets a price inflation rate of 2 percent, and not 0 percent. It is in large part why the Federal Reserve has more than quadrupled the money supply since August 2008. And it is, remarkably, a great myth, for there is nothing inherently dangerous or damaging about deflation.

Deflation is feared not only by the followers of Milton Friedman (those from the so-called Monetarist or Chicago School of economics), but by Keynesian economists as well. Leading Keynesian Paul Krugman, in a 2010 New York Times article titled “Why Deflation is Bad,” cited deflation as the cause of falling aggregate demand since “when people expect falling prices, they become less willing to spend, and in particular less willing to borrow” — in Deflating the Deflation Myth - Chris Casey - Mises Daily
Wednesday, April 02, 2014, by Chris Casey.

O medo de deflação é irracional e infundado, segundo a Escola Austríaca. Baixar os juros e aumentar mais ainda a emissão de moeda e portanto a massa monetária é o que está em curso, tanto nos EUA, como na UE, como na... China, supostamente para afastar o demónio da deflação. E no entanto os preços e a atividade económica continuam estagnados. Basta reparar nos últimos gráficos do Baltic Dry Index. Nem a criação artificial de liquidez, nem a destruição dos juros chegam à economia, e muito menos às famílias que se vêm atingidas pelo desemprego estrutural causado pelo colapso das empresas, seja por efeito do excesso de capacidade destas, seja por terem o acesso ao crédito bancário bloqueado.

Todos queremos pagar menos, e não mais!

No entanto, a aposta dos bancos centrais, e do PS, e do Bloco de Esquerda, vai sempre ter com a inflação. Ora, como o emprego não cresce e o desemprego aumenta, esta inflação invisível (os tais 2% que são bem mais...) estimulada pelos bancos centrais e pelos partidos de esquerda só pode ser uma receita para o desastre: expropriação generalizada das classes médias, através da expropriação financeira e fiscal das suas poupanças e rendimentos, a qual resulta da redução das taxas de juro para valores negativos (sim, negativos...) e da destruição do crédito à economia produtiva (aquilo que eufemisticamente os banqueiros centrais chamam 'mecanismos de transmissão monetária' e 'fragmentação').

Na realidade, estamos a caminho de uma expropriação em massa da riqueza privada através dos bancos centrais, em nome, não da emancipação de um qualquer proletariado, que já não existe, mas do fortalecimento, enriquecimento e centralização de uma classe financeira global e globalmente servida por uma tropa de choque burocrática sem vergonha, de que a generalidade dos partidos sentados nos parlamentos são parte integrante.

Ou seja, os rendimentos de capital caiem, os rendimentos do trabalho caiem, mas os preços das matérias primas, da energia e os impostos continuam a subir acima da inflação declarada, tal como o preço a pagar pelas dívidas soberanas que são alimentadas pela demagogia populista instalada com recurso à criação imparável de massa monetária fictícia, i.e. de dívida pública e privada — o que, por sua vez, dará aos novos soberanos financeiros pretexto e fundamento legal para a mencionada expropriação da riqueza produzida, bem como da poupança de mais de duas gerações! Veja-se a venda de ativos públicos ao desbarato e sem prudência contratual por parte dos governos de José Sócrates (PS) e Passos Coelho (PSD-CDS/PP). O Estado não tem outra forma de pagar o banquete que encomendou e papou ao longo das últimas duas décadas!

Quando o tótó Seguro pede mais tempo e menos juros esquece, porque na realidade não sabe, e apenas repete o que o economista cor-de-rosa de turno lhe diz, que é precisamente isso que tem sido feito desde que o BCE entendeu que o problema financeiro da UE deixara de ser um problema circunscrito à periferia e se deslocara para o coração do... euro!

Enquanto não deixarmos cair os bancos, e sobretudo não tratarmos da saúde aos especuladores e aos rendeiros sistémicos do capitalismo burocrático, assistiremos à continuada destruição das classes médias, ao empobrecimento geral das economias, à desagregação social dos países e ao perigo de novas guerras e revoluções. Só que desta vez o sangue correrá sem prémio no fim :(

Curiosamente, a democracia populista, devorista e rendeira que temos começa a morder perigosamente a própria cauda.

POST SCRIPTUM
Introductory statement to the press conference (with Q&A)
Mario Draghi, President of the ECB,
Frankfurt am Main, 3 April 2014
(transcript)

Atualizado: 6/4/2014, 02:06 WET

terça-feira, abril 01, 2014

Rota da Seda 2

Xi propõe a Angela Merkel reconstruir a Rota da Seda

Rota da Seda 2

Marc Faber: "...exports from China to emerging countries are higher than exports to the US or Europe." (The Money Morning, 31 March 2014)

A China e a Rússia querem restabelecer a Rota da Seda. Mas à cautela é também necessário reestabelecer a Rota das Índias, com um atalho terrestre chamado caminho de ferro Lobito-Nacala, que falta concluir, mas para o qual a China tem dado o seu contributo interessado.

Tal como prevíramos, estamos a caminho de um Tratado de Tordesilhas 2. 

Vai ser doloroso para os Estados Unidos reconheceram que a sua hegemonia já era, e que de ora em diante terão que deixar de tratar o planeta como uma quinta sua onde entram e saem quando querem, sem pedir licença a ninguém e deixando atrás de si, invariavelmente, países destruídos e milhões de mortos. 

A Europa, ou melhor, a Europa liderada pela Alemanha, escolheu, e por sua vez foi escolhida, quer pela Rússia, quer pela China, como aliado privilegiado de um novo equilíbrio geopolítico. Daí ser Frankfurt, e não Londres, a praça financeira escolhida para liderar na Europa a elevação do Renminbi à categoria de nova moeda de reserva mundial. Percebe-se agora o motivo de tanta espionagem sobre a Alemanha e sobre Angela Merkel por parte dos serviços secretos americanos e ingleses.

Talvez seja agora mais fácil perceber o que se tem passado na Síria, na Turquia e na Ucrânia.
 
President Xi calls on China, Germany to build Silk Road economic belt
Xinhuanet, 2014-03-30

Chinese President Xi Jinping (C) visits Duisburg in Germany, March 29, 2014. (Xinhua/Rao Aimin)

DUSSELDORF, Germany, March 29 (Xinhua) -- Chinese President Xi Jinping Saturday called on China and Germany to work together to build the Silk Road economic belt.

Xi made the remarks during a visit to Port of Duisburg, the world's biggest inland harbor and a transport and logistics hub of Europe.

He said China's proposal of building the Silk Road economic belt, based on the idea of common development and prosperity, aims to better connect the Asian and European markets, will enrich the idea of the Silk Road with a new meaning, and benefit all the people along the belt.

China and Germany, at the opposite ends of the belt, are two major economies that serve as the driving engines for economic growth respectively in Asia and Europe, Xi noted.

Rota das Índias 2


Linha ferroviária Lobito-Nacala em construção

A luta pelo controlo da Eurásia prossegue. O tesouro é, como sempre foi, imenso. O perigo de uma guerra em grande escala no Médio Oriente está na agenda dos falcões de Washington. As provocações sucedem-se. Os Estados Unidos querem fazer três coisas bem difíceis: voltar a espezinhar a Alemanha e controlar a Europa com a ajuda dos poodles ingleses, provocar uma guerra no centro-leste da Europa e/ou no Médio Oriente, para cortar o acesso de uma parte da Europa ao petróleo e gás russos, condicionando assim o acesso da China ao petróleo árabe e do Mar Cáspio e, por fim, bloquear o Estreito de Malaca à passagem dos navios chineses em direção à Península Arábica e a África. Eu diria que é uma missão impossível nesta altura do campeonato. Mas mais vale denunciar desde já o intento e travar os neocons que telepontam Obama, do que remediar.

Lisboa, Portugal e a Península Ibérica voltam assim a ser uma das placas da estratégia mundial.

Se houver dificuldades de abastecimento de petróleo e gás natural oriundos da Rússia, do Médio Oriente e de África (gasoduto Nigéria-Argélia) à Europa, se houver bloqueios marítimos a la cubana, então os portos atlânticos portugueses e espanhóis, assim como as redes ferroviárias de bitola UIC interoperáveis com as redes europeias, e a rede de autoestradas ibéricas serão cruciais para impedir uma qualquer manobra de isolamento económico da Alemanha, França, Holanda e Áustria, entre outros países do centro e norte da Europa Ocidental.

Pelo sim, pelo não, o melhor é andar depressa na rede ferroviária de bitola europeia prevista nos acordos bilaterais com Espanha (sob pena de serem os portos espanhóis a fazerem o serviço todo), aumentar rapidamente a capacidade e operacionalidade dos portos de águas profundas, e investir na reindustrialização tecnológica do país. Os fundos de investimento atolados de liquidez sem destino terão aqui uma boa oportunidade de ganhar algum dinheiro.

Nesta conjuntura perigosa, Portugal deverá assumir uma posição de neutralidade e de cooperação diplomática intensa, usando a sua vastíssima rede de proximidade cultural e política, de que fazem parte, além da Alemanha, França e Reino Unido, muitos outros países, como a China, o Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde ou Timor.

Também por tudo isto, o manifesto pela reestruturação da dívida pública portuguesa, proposto por Francisco Louçã e demais feiticeiros despesistas da macro-economia da treta, é um erro colossal.

Atualizado em: 1/4/14 11:27