terça-feira, setembro 23, 2014

Comunismo liberal ou outra coisa diferente?

Jean-Baptiste André Godin, "Familistère" (1848-1888)

Depois da grande crise do capitalismo global, que utopia?


EU Commission drags its feet on food waste
EurActiv. Published: 18/09/2014 - 17:29 | Updated: 22/09/2014 - 16:31

High-level decision makers at the European Commission are blocking its very own action plan to address food waste and to promote a sustainable food policy for Europe. Saying sorry will surely not be enough, writes MEP Bart Staes.

...

When it comes to food waste, there are many ethical, environmental and social arguments, but also economic reasons to counter this. Firstly, a more sustainable use of resources and energy means gains for every modern company and society at large. The EC estimates itself that every euro spent on fighting food waste, will prevent 250 kilo of food being wasted, with a value of €500.  That is what we call a good return on investment.  On top of this municipalities can save €9 (less waste to be treated) and indirectly we save €50 euro on environmental costs related to climate change.  As the food sector is one of the major contributors to greenhouse gas (GHG) emissions, it is crucial that the Commission has a clear strategy on sustainable food production and consumption in order to mitigate climate change. With recent reports citing that carbon dioxide in the atmosphere have grown at its fastest rate in three decades, it is clear that we must act now.

One of the nitty gritty details of the structural changes of the Commission, is that "food waste" was taken away from DG Environment and given to DG Sanco. This is no coincidence. It is clearly a political decision by the ones being busy with restructuring under the leadership of Catherine Day. The reason for this is that Mrs. Day and Barroso's cabinet – aka the neo- liberal orthodox church – did not like that Potočnik was in their eyes way too ambitious in proposing a very pragmatic and holistic approach to address the fundamental problems linked to Europe's food production and consumption.

Imaginem que havia um cabaz alimentar por pessoa a custo zero, como o ar que ainda respiramos sem pagar.  

Este cabaz calcularia através de sensores, códigos de barra e do peso, as proteínas, vitaminas e outros elementos essencias à vida. Este cabaz essencial seria, por outro lado, uma conta eletrónica unipessoal, disponível em qualquer dispositivo eletrónico de uso universal (cartão eletrónico, smarphone, etc.) Qualquer outro consumo de alimentos e bebidas que excedesse o teto quantitativo/qualitativo (e monetário) mensal previsto e conhecido de todos, seria pago com base nas leis convencionais do mercado (oferta/procura). 

Esta mesma lógica poderia ser aplicada ao consumo de água canalizada, energia elétrica, mobilidade e telecomunicações. Poderia haver ainda um regime de habitação de baixo custo seguindo princípios similares, guiado por critérios de superfície habitável per capita, qualidade dos materiais de construção e localização, pegada ecológica, etc. 

Por fim, cada cidadão teria direito a uma mesada para pequenos gastos. 

A educação e a saúde-medicina poderiam custar uma fração do que hoje custam a partir do momento que fossem parcialmente desmaterializadas e orientadas de acordo com as necessidades dos usuários, em vez de serem orientadas de acordo com os interesses dos mercados, das burocracias e das corporações profissionais. Tudo isto somado representaria uma fração adequada do rendimento per capita de cada país, redistribuída justamente através dos impostos e de um estado eficiente e leve, i.e., mais barato do que o atual, que é insuportavelmente caro e confiscatório.

Todo este setor social da economia seria financiado por uma economia comercial competitiva, cientificamente fundamentada e altamente tecnológica, assente sobretudo numa nuvem planetária de conhecimento intensivo e dinâmico, na automação, na robotização, na desmaterialização dos processos e serviços, em agentes computacionais inteligentes evolutivos, e numa espécie de rizoma social, forte e coeso no centro, capilar, diversificado e mutante nas suas infindáveis extremidades.

Num mundo assim, haveria estímulo à criatividade e à competição?

Sim, haveria compensações para o mérito, da mesma forma que existem nos dias de hoje. 

Há muito mais gente que gosta de ver televisão, do que gente que seja capaz, queira fazer, faça e goste de fazer televisão. Idem para o futebol, para as ciências, para as artes, etc.

Nada nos garante, entretanto, que saibamos fazer a transição de uma sociedade alienada pelo trabalho forçado e pela concentração pornográfica da riqueza e do poder, para uma sociedade mais livre, onde em vez de trabalhos forçados possamos desenvolver atividades voluntárias, vocacionais e sobretudo livres, por mais empenho, dedicação e esforço que estas exijam. As compensações extraordinárias para estes esforços voluntários de uma parte minoritária das populações seriam naturalmente reguladas pela necessidade, procura e disponibilidade relativas desses bens extraordinários. Ninguém seria obrigado a pagar a minha falta de voz musical, ou escrita literária medíocre, através de subsídios culturais burocráticos. Mas as grandes vozes líricas, ou de Jazz, tal como o mais recôndito génio da vanguarda artística por vir, esperado apenas por alguns, seriam recompensados diretamente pelo público que os quer ver, ouvir, ler e conhecer. Haveria criação, crítica da criação e do gosto, aplauso ou assobio, em suma uma comunidade responsável por uma espécie de luxo, ou consumo discricionário, em última instância precindível enquanto necessidade coletivamente assumida, mas com pleno direito a uma vida livre e partilhada, nomeadamente, entre minorias culturais.

Talvez tenhamos um dia que caminhar nesta direção. Se assim for, o grau de destruição dos velhos hábitos de criação e partilha de valor, e de trabalho, produção e consumo, é ainda insuficiente.

Talvez seja o momento de reler e conhecer as utopias de Charles Fourier, Robert Owen e Jean-Baptiste André Godin depois de ver e ouvir a palestra de Charles Hall sobre a grande transformação em curso na principal fonte energética do nosso paradigma de civilização e cultura. Este é certamente um acontecimento cuja importância está a anos-luz das legítimas irritações de cada um em volta dos medíocres e corruptos governantes que temos. 

Charles A. S. Hall, o criador do conceito EROI (Energy Return On Investment), demonstrou de uma forma simples que os elevados patamares de produção de riqueza e consumo atingidos pela humanidade ao longo do século 20 se ficaram a dever à disponibilidade de uma fonte de energia poderosa, abundante e barata: o petróleo — além da referência citada, ver o vídeo abaixo e ler também a entrevista dada ao Scientific American). 

Para termos uma ideia do poder do petróleo, imaginemos o que é empurrar o nosso automóvel, cujo depósito deixámos estupidamente chegar ao fim, durante ns 500 metros, até avistarmos a próxima estação de serviço, a cerca de 1Km do avistamento (que sorte!) Dois quilómetros depois, com um garrafão de 5 litros cheio de gasolina, passamos o precioso líquido para o depósito do carro. Se tivermos um Fiat 500 dos novos, aqueles miraculoso 5 litros de gasolina poderão transportar-nos —quer dizer, mover um peso superior a mil quilos— durante 100 Km! Que outro líquido transportável num garrafão de água vazio, pode conseguir algo sequer aproximado desta proeza?

O maior problema com os econometristas que temos é que nunca pensaram como seria a economia se, de repente, os carros começassem a ficar nas estradas. E a maioria de nós também não.




Para aqueles que temem o comunismo, porque o confundem com as ditaduras estalinista e maoista, estabelecidas precisamente para aproveitarem os impulsos poderosos do carvão industrial e do petróleo, sem os quais nunca teriam saído das tiranias agrárias em que viviam, talvez fosse útil começarem a pensar de novo no ideal comunista como uma economia democrática e descentralizada capaz de lidar com o decrescimento, com o desemprego estrutural (2) e com a ameaça de desorganização social, de uma maneira racional e humana, e em alternativa ao fascismo fiscal que poderá lançar o mundo numa espiral de empobrecimento geral, destruição acelerada das classes médias, desigualdades crescentes, opressão e brutalidade policial-militar sem precedentes.

O socialismo utópico merece nesta época, pelo menos, uma revisitação atenta.

NOTAS
  1. Slavoj Žižek. The Liberal Communists of Porto Davos." In These Times. Vol. 30, No. 4, p. 41-43,pril 2006. (English). The European Graduate School

    In the last decade, Davos and Porto Alegre have emerged as the twin cities of globalization. In Davos, the exclusive Swiss ski resort, the global elite of managers, statesmen and media personalities meets under heavy police protection, trying to convince us (and themselves) that globalization is its own best remedy. In the sub-tropical, Brazilian city of Porto Alegre, the counter-elite of the anti-globalization movement convenes, trying to convince us (and themselves) that capitalist globalization is not our fate, that, as their official slogan has it, “another world is possible.” Lately, however, the Porto Alegre reunions seem to have lost their impetus. Where did the bright stars of Porto Alegre go?

    Some of them, at least, moved to Davos itself! That is to say, more and more, the predominant tone of the Davos meetings comes from the group of entrepreneurs who French journalist Olivier Malnuit ironically refers to as “liberal communists” (that is “liberal” in the pro-market, European sense) who no longer accept the opposition between “Davos” (global capitalism) and “Porto Alegre” (the new social movements’ alternative to global capitalism). They claim that we can have the global capitalist cake (thrive as profitable entrepreneurs) and eat it too (endorse the anti-capitalist causes of social responsibility, ecological concerns, etc.). No need for Porto Alegre, they say, since Davos itself can become Porto Davos. +
  2. THE FUTURE OF EMPLOYMENT: HOW SUSCEPTIBLE ARE JOBS TO COMPUTERISATION?
    Carl Benedikt Frey and Michael A. Osborne
    September 17, 2013.

    Abstract

    We examine how susceptible jobs are to computerisation. To assess this, we begin by implementing a novel methodology to estimate the probability of computerisation for 702 detailed occupations, using a Gaussian process classifier. Based on these estimates, we examine expected impacts of future computerisation on US labour market outcomes, with the primary objective of analysing the number of jobs at risk and the relationship between an occupation’s probability of computerisation, wages and educational attainment. According to our estimates, about 47 percent of total US employment is at risk. We further provide evidence that wages and educational attainment exhibit a strong negative relationship with an occupation’s probability of computerisation. +
Atualização: 23/9/2014, 12:27

terça-feira, setembro 16, 2014

A Grande Depressão 2.0



A caminho de sete anos de vacas magras


O Lehman Brothers colapsou há seis anos, mas os estilhaços e os cacos continuam uma penosa e inerminável caminhada pelos tribunais. A populaão empregada dos EUA baixou 3% nestes sete anos de vacas magras, as dívidas soberanas dispararam na América e um pouco por todo o mundo, o ouro e a prata subiram (+61% e +71%) mas o pico parece ter sido atingido em 2011, a recuperação do Standard & Poor's Index desde 2012 (+58%) pode ter chegado ao fim, e o resto andou literalmente a rastejar desde 2008.

in Zero Hedge






Quem despachou de vez o BES?

A imagem que destruíu todas as veleidades indígenas


O poder indígena deixou de mandar no essencial


O ex-diretor do Público e atual publisher do Observador, José Manuel Fernandes, cometeu no Macroscópio de hoje (uma newsletter diária do mesmo Observador, aliás muito bem pensada) um lapso tipicamente freudiano ao datar erradamente o já célebre artigo do Financial Times, a que JMF chama “análise de fundo do Financial Times”. O artigo do FT não foi publicado na passada sexta-feira, mas sim na passada quinta-feira, dia 11 de setembro. Porque é que este detalhe cronológico é importante? Simples: porque foi a publicação do artigo do Financial Times de quinta-feira, 11 de setembro, repicada pelo Expresso no mesmo dia, e pelo Observador um dia depois, o empurrão, pelos vistos necessário, para levar o titubeante governador do Banco de Portugal a executar a ordem que certamente teria chegado do BCE há já alguns dias, ou semanas (1): vender o BES sem hesitação e depressa, a retalho se for preciso, com os custos sociais —despedimentos— e financeiros inerentes. Foi isto mesmo que Mario Draghi anunciou que se faria aos bancos atolados em dívidas, imparidades, empréstimos incobráveis e outras trapalhadas, em nome, também disse, de uma consolidação bancária à escala europeia. Para tal servirá a próxima ronda de provas de esforço de mais de uma centena de bancos europeus (Reuters).

A polémica tardia causada pela tentativa tosca de Cavaco Silva de sacudir para o governo e para Carlos Costa as suas pesadas responsabilidades no branqueamento da fatal crise do BES tem, aliás, que ver com este timming, e não com o do já longínquo afastamento da família Espírito Santo do banco. Não nos esqueçamos que o chamado Banco Novo continuava, até à demissão de Vítor Bento, sob influência de Ricardo Salgado —através de José Honório—, de Aníbal Cavaco Silva —através  de Vítor Bento—, e da UGT —através do seu secretário-geral e funcionário do BES, Carlos Silva. Todos estes protagonistas estavam unidos num ponto: encanar a perna à rã, ou seja, atrasar a metamorfose da borboleta do Banco Novo muito para além das leis da biologia. Salgado pretendia, até onde lhe fosse possível, evitar ser completamente esmagado pelo terramoto que provocou; Cavaco sabe melhor do que eu até que ponto a Caixa de Pandora em que o BES se transformou pode afetar gravemente a economia (TAP e outras empresas públicas de transportes, EDP, PPPs, etc.), e sobretudo a nomenclatura que ocupou e desfez o país (de que o dominó das dívidas autárquicas e regionais estará em breve na ordem do dia), e ainda, quem sabe, algum negócio mal explicado onde, por exemplo, o seu genro esteve envolvido. Foi o BES que financiou a compra do Pavilhão Atlântico, não foi? E a Portugal Telecom também viria a entrar no negócio, um pouco mais tarde, não foi? Não foi, aliás, o BES de Ricardo Salgado o principal financiador privado da campanha presidencial de Cavaco Silva? Por fim, Carlos Silva e a UGT devem estar neste momento a perguntar onde está a massa do fundo de pensões dos trabalhadores e funcionários da entretanto extinta instituição. Transitou para o Estado? Ninguém perguntou ainda? Ninguém quer saber? Alguém responde?

O sinal mais evidente, para quem acompanha estas coisas, de que o Banco Novo estava condenado, veio da súbita pressa do governo relativamente à privatização da TAP. Findo o verão, a TAP regressará rapidamente aos prejuízos, mas desta vez não há BES. Pelo contrário, a nova administração do banco bom irá provavelmente executar as dívidas de muitos clientes públicos, como, por exemplo, a TAP. Daí a pressa. Só que desta vez a coisa não pode continuar nas mãos do Sérgio das PPP! A opção Lufthansa é seguramente a mais conveniente para o país. Esperemos que Passos Coelho assuma diretamente o comando desta delicadíssima operação — desta vez, sem angolanos, nem brasileiros-colombianos, nem chineses! E quanto à venda do BES, não nos esqueçamos que o BPI não é um banco espanhol, mas português, onde o seu principal parceiro é La Caixa, o resultado da fusão de uma caixa de pensões com uma caixa de aforros, ambas catalãs e que é hoje a terceira maior instituição financeira da Península Ibérica.

As nossas elites continuam em estado de negação, imaginando diariamente que ainda são senhoras da situação. A verdade é que deixaram de o ser no dia em que os salários e vencimentos dos funcionários públicos e o funcionamento do estado em geral passaram a depender do BCE.

Temos que vigiar estas perigosas criaturas de perto!


CRONOLOGIA

Banco Espírito Santo: Family fortunes
Financial Times, September 11, 2014 6:58 pm

Diagrama do FT que destapou de vez a fraude dos Espírito Santo

Bank chief Ricardo Espírito Santo Salgado faces allegations that his group engaged in a fraud

Today, the 70-year-old patriarch of the Espírito Santo family is banned from leaving Portugal as he awaits the outcome of investigations into alleged fraud. The case has shaken faith in Portugal’s regulators, who face tough questions over their failure to prevent what has become one of Europe’s largest financial failures, leaving investors with an estimated €10bn of losses.

[...]

“The fall of the Espírito Santos is effectively the story of Portugal itself,” says one official. “They had too much debt, but they continued to consume.”

Financial documents and interviews with Portuguese officials and company executives reveal a trail of secret offshore financing vehicles stretching from Panama to Luxembourg which comprised a desperate attempt to prop up the ailing Espírito Santo empire before its collapse.

[...]

A BES-owned fund called Espírito Santo Liquidez marketed to its retail clients had grown to become the largest fund in Portugal, holding €1.7bn of debt – consisting almost entirely of short-term commercial paper issued by Rioforte and other ESI companies.


Salgado no “Financial Times” com máscara de Irmão Metralha
Expresso, 21:37 quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O financiamento do BES ao GES através do Panamá terá afinal existido desde 2012, revela o "Financial Times", que questiona o papel do Banco de Portugal. Na primeira página, o diário económico mais lido da Europa põe uma imagem do antigo presidente do BES com máscara de vilão.

BES financiou secretamente a ESI através do Panamá, durante dois anos
Observador, sexta-feira, 12/9/2014

O Banco Espírito Santo emprestou dinheiro secretamente à holding, Espírito Santo International (ESI), avançou o Financial Times quinta-feira. Segundo documentos que aquele diário britânico consultou, a operação de financiamento da ESI, que detinha então 25% do banco, durou dois anos e aconteceu através de um pequeno banco no Panamá. O dono desse banco é o Espírito Santo Financial Group.

Equipa de Vítor Bento de saída do Novo Banco
Expresso, 0:00 sábado, 13 de setembro de 2014

O Governador do Banco de Portugal já está a fazer contactos para substituir Vítor Bento, José Honório e João Moreira Rato na administração do Novo Banco. A notícia, surpreendente, é a manchete do Expresso deste sábado.

Os três administradores manifestaram-se várias vezes indisponíveis para liderar um projeto diferente daquele para o qual tinham sido convidados. Carlos Costa quer vender o mais depressa possível, a equipa de Vítor Bento não concorda.

Administração do Novo Banco confirma pedido de demissão
Expresso, 12:51 sábado, 13 de setembro de 2014

“Em face da especulação mediática sobre o assunto, confirmamos que durante esta semana comunicámos ao Fundo de Resolução e ao Banco de Portugal a intenção de renunciar aos cargos desempenhados na Administração do Novo Banco, dando tempo para que pudesse ser preparada uma substituição tranquila”, pode ler-se no comunicado.

Governo reconhece que problemas no BES podem ter impacto na economia
Público, 15/09/2014 - 17:27

O Governo reconhece que os problemas associados à reestruturação do BES poderão ter consequências “sobre a concessão de crédito à economia e, consequentemente, sobre o investimento privado e o crescimento do produto [interno bruto].

Na proposta de Grandes Opções do Plano para 2015 que foi enviada aos parceiros sociais esta segunda-feira, o executivo lembra que os problemas que o banco enfrenta, e que obrigaram a uma intervenção pública, “resultaram, no essencial, da exposição ao Grupo Espírito Santo, não reflectindo, por isso, problemas generalizados na banca nacional.

Passos exige cautela aos ministros no caso BES
Expresso, 18:00 Segunda feira, 15 de setembro de 2014

O impacto da crise do BES no último ano da legislatura foi discutido na reunião do Conselho de Ministros de quinta-feira passada, e o tom foi de apreensão, apurou o Expresso. O próprio Passos Coelho referiu a necessidade de tratar o assunto com grande cautela.

NOTAS
  1. É bem provável que Durão Barroso tenha sido informado, antes do dia 11 de setembro, do desfecho do BES, o que teria motivado a sua declaração de renúncia definitiva a uma candidatura presidencial que todos julgavam adquirida. Sem o BES, que apoiou de forma exclusiva a recandidatura de Cavaco Silva, onde iria Barroso arranjar dinheiro para a campanha? No dia 8 de setembro Durão Barroso falou à BBC e disse que 'I'm not going to run' (BBC/Sapo).

sexta-feira, setembro 12, 2014

Novo Partido!

António Marinho Pinto — contra a corrupção

António Marinho e Pinto dá tiro de partida para as próximas Legislativas

A resposta à decomposição acelerada do PS e do sistema partidário que conduziu Portugal à pré-bancarrota, de que os dois debates entre Costa e Seguro são exemplos concludentes, não se fez esperar!
Marinho e Pinto assume criação de novo partido
O ex-bastonário da Ordem dos Advogados declarou ainda que o partido será constituído de acordo com as convicções de “um conjunto muito amplo de pessoas totalmente insatisfeitas com a situação que o país atingiu” e com o classificou de “degenerescência das instituições democráticas e o apodrecimento que se verifica em muitas instituições da República”.
Negócios/ Lusa, 11-9-2014, 21:09.
O único argumento que a corja partidocrata, e a maioria dos pseudo analistas que povoam a televisão, quase sempre agentes pagos de uma ou outra banda do espectro partidário, exibem publicamente, da esquerda à direita, sempre que alguém anuncia um novo projeto político é a gritaria sobre o populismo. Mas como podem estas araras gritar contra o populismo se a essência do regime que instalaram e impingiram aos portugueses não tem sido nada mais do que uma democracia populista, partidocrata, nepotista e corrupta até à raíz dos cabelos?

Ou muito me engano, ou os partidos do Bloco Central vão sofrer um grande abalo nas próximas Legislativas. Grande abalo será, por exemplo, nenhum dos principais partidos/coligações —PS, PSD-CDS— conseguir uma maioria, e ficaram todos dependentes de uma de duas soluções: coligarem-se a dois (PS-PSD) ou a três (PSD-CDS-PS), o que não deixaria de ser um suicídio retardado, ou então, terem que recorrer a alianças com novas forças partidárias, já que alianças com os esqueletos leninistas-estalinistas-maoistas-trotsquistas (gente profundamente ignorante, esclerosada e irremediavelmente oportunista) é um cenário totalmente improvável.

Ora bem, pelo andar das massagens que António Costa tem vindo a fazer a António José Seguro, e do radical vazio de ideias que ambos comungam e escancaram diante de milhões de portugueses (embora continue a pensar que uma vitória de António Costa nesta disputa seria ainda mais desastrosa para o futuro do PS do que a permanência de Seguro), chegou finalmente aquele momento inadiável da democracia em que ou aparecem novos atores na cena política, ou o fim deste regime poderá tornar-se trágico.

Marinho e Pinto percebeu obviamente isto mesmo e decidiu avançar, deixando para trás a muleta de que precisou para uma primeira projeção institucional da sua pessoa na nuvem partidária. O MPT já era, venha o novo partido, de preferência sem borboletas à lapela!

Muita gente tem andado ultimamente à procura da rolha. Os diagnósticos estão feitos, a ideia central de que é preciso corrigir o sistema político é quase unânime, mas tem faltado o essencial: um protagonista, um ator dedidido a correr o risco de protagonizar a mudança do regime, levando-a a cabo, ou forçando-a decisivamente. Será António Marinho e Pinto? Se não for, quem será?

Estou convencido que o novo partido vai atrair entre 12 e 15% do eleitorado já em 2015. Estou mesmo convencido que a partir de amanhã Marinho e Pinto precisará de um call center para registar os milhares de voluntários —vindos de todo o espetro ideológico— preparados e com vontade de ajudar a montar, em meia dúzia de meses, a nova máquina partidária.

Claro está que um partido apostado na regeneração do sistema político pode namorar com Seguro, ou até com Passos Coelho, mas nunca com os socratinos que começam a entrar nas prisões por corrupção.

Quanto ao movimento Nós, cidadãos, que quer ser partido até ao fim deste mês, falta-lhe ainda um líder para que as suas ideias razoáveis e cordatas possam singrar.


PS: Nenhum melão é bom antes de abrir... O Marinho e Pinto parece mais inclinado para alianças de tipo social-democrata, enquanto o Nós, cidadãos, a quem falta de momento um líder, situa-se na área dos liberais democratas. Ou seja, Pinto poderá, em tese, viabilizar uma maioria insuficiente do PS, enquanto o Nós poderá vir a viabiizar uma maioria insuficiente do PSD, perfilando-se como alternativa ao CDS. A realidade é complexa, mas vamos tentando percebê-la. Resumindo, somos favoráveis à permanência do Seguro no PS, à continuação do trabalho de Passos Coelho no PSD, ao desaparecimento do CDS, e ao aparecimento de duas novas forças parlamentares de contrapeso: o novo partido do Marinho e Pinto, e o Nós, cidadãos. Recapitulando: O António Maria não tem partido, mas toma partido a cada momento, se possível de forma clara.


A NOSSA PREVISÃO EM 23 DE ABRIL DE 2013

quinta-feira, setembro 11, 2014

O massagista do PS

António Costa a caminho do hara-kiri

António Costa perdeu por KO o primeiro debate, e não ganhou o segundo

Interessante a opinião de Francisco Assis sobre o debate de ontem:
“Mau seria que os portugueses ficassem com a imagem de um PS reduzido a uma confrontação entre a pureza ética e a superioridade carismática. Se assim fosse seria lícito congeminar a existência de um grande vazio doutrinário”.
Como o poder tem horror ao vazio, da luta de galináceos que o debate sem ideias entre Costa (o provocador) e Seguro (que continua a deter as rédeas do partido, nomeadamente as preciosas dez federações, contra nove, de Costa, que serão maioria no próximo congresso) poderá surgir, para sarar as feridas e dar um novo alento e rumo aos sobreviventes, uma terceira via. Basta, para tal, que Francisco Assis aprenda com Matteo Renzi e surja rapidamente com um discurso inovador para o Partido Socialista, num qualquer congresso extraordinário antes das próximas Legislativas. Terá, curiosamente, o benefício da dúvida por parte de todas, ou quase todas, sensibilidades do partido...

A permanência insegura de Seguro, ou a vitória pírrica do massagista Costa, são dois cenários de medo, embora eu continue a defender que, entre os dois, venha o Diabo e escolha Seguro!

Depois do dia 28 de setembro (que raio de data!) Assis tem que meter a cabeça de fora e falar ao país.

Se não, o PS acabará por perder as próximas Legislativas, o que poderá custar-lhe a irrelevância partidária durante mais de uma década.

Alea jacta est.

quarta-feira, setembro 10, 2014

O efeito de uma borboleta chamada Costa

José Sócrates e António Costa, o 1 e o 2 do socratinismo da desgraça

No primeiro round, Seguro derrotou Costa por KO técnico


Apesar das monocórdicas opiniões dos analistas desmiolados de Lisboa, foi evidente que António Costa ficou mudo e quedo perante todas as acusações substantivas que lhe foram dirigidas por António José Seguro. O desleal e traidor Costa, disse o que não fez, fez o que negou, e permaneceu mudo quanto ao futuro. Não tem, além do mais, uma única ideia para o país. Jogador de Póker? Só mesmo os monocórdicos 'analistas' é que não perceberam que o sargento-ajudante de José Sócrates não tem jogo, e o bluff não se aguenta.

Se Costa ganhar as Primárias do PS, e se algum dia chegasse a PM, é evidente que iria aumentar os impostos (1). Doutra maneira como é que poderia alimentar as dívidas da suja e esburacada Lisboa, o forrobodó partidário e a farra da insaciável malta pendurada no Orçamento? E é também evidente que iria dar guarida e proteger a tropa socratina e soarista até ao último corrupto. Seguro, pelo contrário, disse que só por cima da sua demissão haverá aumento de impostos num governo por si liderado, e que irá baixar o IVA da restauração para a taxa intermédia (13%).

A posição que temos vindo a defender sobre o regime partidário é clara: precisamos de dois novos partidos com vocação negocial para a formação de maiorias com os partidos rotativistas (PS e PSD) —ou seja, é bom que Marinho Pinto tenha aparecido, e seria muito útil que o movimento Nós, Cidadãos conseguisse legalizar-se como partido ainda este ano. É, por outro lado, vital promover a rotação geracional dentro do PS e do PSD, já para não falar do PCP, que bem precisa de sair do cemitério estalinista-cunhalista. Nesta fase do campeonato, portanto, é irrelevante avaliar Pedro Passos Coelho e António José Seguro à lupa. O importante mesmo releva de outra ordem de prioridades: ambos estão a protagonizar revoluções internas de enorme relevância no PSD e no PS. Mau seria que os banqueiros corruptos caíssem um a um, e a corja rendeira e devorista que com eles conspirou saísse ilesa dos crimes cometidos contra o país e contra os portugueses.

Só 1/3 dos militantes votaram nas eleições para as distritais do PS. Os restantes 60 mil filiados, que não votaram, ou não existem, ou estão todos mortos, ou não lhes pagaram as quotas... Entretanto, o universo das Primárias já vai em 145 mil eleitores. Resta, pois, saber onde irão votar os 55 mil, ou mais, simpatizantes que se inscreveram propositadamente para terem uma palavra a dizer nas primeiras eleições primárias para designar o candidato a primeiro ministro de um partido. O precedente foi aberto e se der bom resultado irá certamente pressionar os demais partidos a fazerem o mesmo ou algo de semelhante.

Recomendo, pois, aos eleitores tradicionais do PS, que nada têm que ver com as desgraças provocadas por José Sócrates e António Costa, entre outros governantes que conduziram Portugal à pré-bancarrota, que aproveitem esta possibilidade para determinar de modo inédito o futuro do Partido Socialista.

O António Maria é independente, mas declara, mais uma vez, o seu apoio inequívoco a António José Seguro neste combate contra a tentativa de assalto promovida por quem não tem ideias sobre coisa nenhuma —como se viu ontem e se verá nas prestações de António Costa nos próximos debates com António José Seguro— e apenas quer recuperar poder e privilégios justamente ameaçados.

O resultado mais imediato da guerra suja criada por soaristas e socratinos no PS é a quebra sucessivas das intenções de voto neste partido nas próximas legislativas, e a renovação da atual maioria à frente do próximo governo.

Intenções de voto após declarada a guerra intestina no PS

Eurosondagem/Expresso — agosto, 2014
PSD+CDS=34,8%
PS=32,1%

Pitagórica/jornal i — agosto, 2014
PSD+CDS=35%
PS=30%


Por outro lado, “a candidatura nacional de António Seguro sublinhou, dos atos eleitorais nas 19 federações do Partido Socialista, os seguintes resultados:

1. Em número absoluto de votos, os apoiantes de António José Seguro tiveram uma vantagem de mais de 1200 votos. Apoiantes de António Seguro - 52,2% dos votos; Apoiantes de António Costa - 47,8% dos votos

2. Em número de presidentes por federação, os apoiantes de António Costa tiveram 10 e os apoiantes de António José Seguro tiveram 9.

3. Em número de delegados eleitos para congresso, os apoiantes de António José Seguro conquistaram 10 federações e os apoiantes de António Costa obtiveram 9 federações.”

Ou seja, mesmo que as Primárias apontassem Costa como futuro candidato do PS a primeiro ministro, eventualidade que seria uma demonstração de masoquismo por parte dos eleitores tradicionais do PS, o simples facto de as intenções eleitorais apontaram para uma derrota deste partido, deixaria António Costa, depois de toda esta faina, apeado: sem governo, nem partido, pois não vejo como tendo Seguro a maioria dos delegados eleitos para o próximo congresso fosse abandonar a sua posição de secretário-geral perante tão fraca demonstração do senhor Costa que, depois de uma entrada de leão, terá uma inevitável saída de sendeiro.


NOTAS
  1. Quando Costa diz que baixou o IMI em Lisboa, esqueceu-se de dizer três coisas: 1) que tal redução, de 0,35% para 0,3% —prédios reavaliados— e de de 0,675% para 0,6% —prédios por reavaliar— resultou de uma proposta/imposição do PSD (ver notícia da época); 2) que a reavaliação dos prédios trouxe por si só um enorme acréscimo de receita à CML, permitindo por isso a descida deste imposto; e 3) que esta bonança foi também resultado do acréscimo pontual de receitas da sobre endividadade autarquia oriundo da venda dos terrenos do aeroporto à ANA, entretanto privatizada. E também se esqueceu de dizer que a cidade continua suja e com cada vez mais buracos por tapar.

terça-feira, setembro 09, 2014

Barroso fora da corrida a Belém

Durão Barroso foi distinguido recentemente pela Universidade Económica Nacional de Hanoi com o doutoramento honoris causa / FOTO LUONG THAI LINH / EPA.

Próximo presidente da república: António Guterres
 

"Não vou concorrer. Há quase 30 anos que estou na política, só com uma pequena interrupção. Comecei como secretário de Estado quando tinha 29 anos. Estive no Governo em Portugal como ministro dos Negócios Estrangeiros e primeiro-ministro. Fui líder da oposição e, agora, há dez anos que sou presidente da Comissão Europeia. Penso que preciso, pelo menos mereço, uma pausa da política e estou muito feliz" — Durão Barroso.

Ler mais no Expresso

Com Durão fora da corrida (terá certamente outras incumbências), teremos Guterres, Santana e/ou Rui Rio na próxima corrida presidencial. Ou seja, Guterres ou Rio será o próximo PR. Se o PS ganhar as próximas eleições (algo duvidodo face à cisão em curso no PS), Rio será PR. Se o PSD renovar a maioria, então teremos Guterres em Belém. Vamos às apostas?

Creio sinceramente que o país só poderia piorar com um governo 'socialista', pois não vejo na guerra civil que vai neste partido um único neurónio a pensar, e as feridas que resultarão da tentativa (falhada) da corja socratina e soarista regressar ao poder serão suficientes para inquinar à partida qualquer 'alternatva socialista' à governação dura, mas que ainda vai precisar de ser mais dura, sobretudo relativamente à nomenclatura intacta que continua a afogar o país em despesa inútil, mordomias e intoxicação mediática, de Passos Coelho, Maria Luís Albuquerque, Angela Merkel e Mário Draghi.

O colapso do regime está em curso, e não devemos esperar que os coveiros que nos trouxeram até aqui sejam capazes de fazer outra coisa que não seja enterrar-nos ainda mais.

É por esta razão de fundo que, objetivamente, só um entendimento entre Seguro e Passos Coelho seria capaz de gerir a balbúrdia que aí vem. Uma coligação do Bloco Central seria indesejável, por todos os motivos imagináveis. Mas um acordo de incidência parlamentar sobre questões vitais, como a diminuição do peso das burocracias e dos carteis rentistas na nossa sociedade, as liberdades individuais, e a defesa efetiva do direito individual e familiar à propriedade privada e ao poder de compra das poupanças, parece-me imprescindível a qualquer solução durável da gravíssima crise em que estamos.

Resposta a uma msg de Barack Obama


I'm sorry Mr. President


[28/8/2014]
Antonio — I'm emailing you again because the Senate is at stake.

If the GOP gains just six seats, the same Republicans who just voted to sue me will control both houses of Congress.

Republicans will control everything in Congress from Medicare to education. I don't need to tell you how devastating the consequences would be.

That's why the DSCC is building an enormous voter mobilization program to win. But I know first hand: Launching field offices and recruiting new volunteers takes time and work, and it's not cheap.

I need you today. Will you pitch in to stop a Republican Senate takeover? Gifts will be triple matched for a single day only.

Pitch in $3 IMMEDIATELY >>

Pitch in $8 IMMEDIATELY >>

Pitch in $17 IMMEDIATELY >>

Pitch in $25 IMMEDIATELY >>

Pitch in $35 IMMEDIATELY >>

Or donate another amount >>

The election is in just 68 days. That means we have very little time — just over two months — to knock on doors, register voters, and win this thing.

What you do right now will determine what direction our country takes: Will you let Republicans take charge of everything from the future of Medicare to education? Or will you make sure Democrats stay in charge?

Join me in this fight — pitch in and your gift will be triple matched before midnight.

Thank you,

Barack Obama

Dear President Barack Obama,

Even if I could help you, I wouldn't before you'd be able to get the neocons upper hand out of your foreign policy.

Before sending you a penny I would ask you to leave Europe and Russia in peace.

Russia is a peaceful country and has never invaded other countries but for obvious defensive reasons. We Western Europeans did, as your country is doing for more than a century.

USA has been a stealth intruder and deadly presence over the entire planet for too many years now. So please stop it.

USA will need Europe and Russia more than Russia and Europe will ever need USA.

All empires have passed away so far. USA is a deprecated virtual empire and should learn to live with it, like many others did.

My country, Portugal, was once a world empire. It last for about 600 years (1415-1999), though the deprecating phase took more than four centuries — 469 years since our old Escudo stop being a world reserve currency. From 1999 onwards we returned to our 1143 national boundaries. The same has happened to all other empires before.

I think, Mr Obama, that overthrowing the elected government of Ukraine as you did, is not only illegal but a very stupid move against USA own long-term interests. You should have supported Russia, Turkey and Ukraine integration in the European Union instead. Making of NATO a transvestite of American offensive power against Russia is a very serious mistake that can cause another big war in Europe.

There is not much oil, we all know now. We need to learn how to share this precious resource without killing millions of innocent people as has been the case for so many years. We need to work hard for a new transitional economy, and for a new resilient society.

If I could one day hear from you other news than war news, then I would send a couple of euros to your campaign.

Sincerely,

Antonio Maria

segunda-feira, setembro 08, 2014

Colapso?


O petróleo barato chegou ao fim. O período de transição já começou.

Estaremos a tempo de evitar o pior?


O colapso já começou, como começa a ser evidente para todos nós, e se verá melhor ainda em 2015. Este colapso anunciado pode, no entanto, ser mais ou menos ordenado, mais ou menos catastrófico. Tudo depende das medidas que forem entretanto tomadas. Sugerimos algumas, necessárias e urgentes, nomeadamente em Portugal:
  1. Integrar a Rússia (e a Ucrânia) na União Europeia e na NATO.
  2. retirar os recursos estratégicos (água, redes energéticas, transportes e telecomunicações) do circuito rentista, comercial e especulativo do capitalismo, submetendo todos estes setores, numa fase intermédia, a um colete de supervisão e transparência reforçado.
  3. diminuir o consumo de petróleo, e aumentar a produção energética local OFF-THE-GRID.
  4. desmaterializar a economia e o consumo: mais serviços online e mais desporto, saúde, turismo e cultura locais; menos betão; menos automóveis, mais transporte aéreo Low Cost e mais comboios e transportes coletivos de qualidade.
  5. diminuir o peso orçamental, fiscal e humano das burocracias, nomeadamente públicas, em nome do bem-estar e felicidade das comunidades, e da preservação efetiva do chamado 'estado social'.
  6. reforçar as democracias, reformando drasticamente as suas instituições — diminuir o peso da partidocracia e das corporações nas decisões democráticas; instituição de referendos nacionais, regionais e locais para a tomada de decisões que afetem a vida presente e futura dos cidadãos;
  7. instituição de um Rendimento Básico Universal e Incondicional, como meio de atalhar vários problemas complexos próprios das sociedades de transição decorrentes, nomeadamente, do crescimento da produtividade tecnológica, do custo da concentração urbana, do aumento da esperança de vida das pessoas, e da globalização económica — a multiplicação de mecanismos improvisados de emergência social fora de qualquer escrutínio democrático é ineficiente, socialmente injusto e fonte de enorme corrupção.
  8. acabar com a relação perversa entre governos, bancos centrais e especulação financeira mundial, instituindo-se neste particular um conjunto de princípios e regras fiscais universais, justas e equilibradas.
  9. favorecer uma demografia saudável e equilibrada, onde as migrações sejam reguladas de forma transparente e não oportunista.
  10. apostar na desmaterialização progressiva dos processos de informação, ensino e aprendizagem, cuidados de saúde e justiça, com o consequente alívio das correspondentes pressões orçamentais.
  11. defender as liberdades individuais e o direito de propriedade dos indivíduos e das famílias, nomeadamente contra o peso avassalador, autoritário e ilegítimo das grandes corporações e das grandes burocracias.

Para Dennis Meadows, co-autor de The Limits to Growth, já não há nada a fazer, a não ser aumentar os níveis individuais e coletivos de resiliência




Os Limites do Crescimento vistos por uma universidade australiana

Um estudo da universidade australiana de Melbourne analisa o célebre relatório The Limits to Growth (1972) e conclui que as previsões deste relatório encomendado pelo Clube de Roma e pela Volkswagen foram acertadas: 2030 será mesmo um ano charneira, isto é, o início de um colapso sem precedentes, pré-anunciado, aliás, pela forte quebra global da produção industrial per capita que certamente veremos ocorrer em 2015.

Is Global Collapse Imminent?

The Limits to Growth “standard run” (or business-as-usual, BAU) scenario produced about forty years ago aligns well with historical data that has been updated in this paper. The BAU scenario results in collapse of the global economy and environment (where standards of living fall at rates faster than they have historically risen due to disruption of normal economic functions), subsequently forcing population down. Although the modelled fall in population occurs after about 2030—with death rates rising from 2020 onward, reversing contemporary trends—the general onset of collapse first appears at about 2015 when per capita industrial output begins a sharp decline. Given this imminent timing, a further issue this paper raises is whether the current economic difficulties of the global financial crisis are potentially related to mechanisms of breakdown in the Limits to Growth BAU scenario. In particular, contemporary peak oil issues and analysis of net energy, or energy return on (energy) invested, support the Limits to Growth modelling of resource constraints underlying the collapse.

in
Is Global Collapse Imminent?
An Updated Comparison of The Limits to Growth with Historical Data
Author: Dr Graham M. Turner
Research Paper No. 4 August 2014 (PDF)

domingo, setembro 07, 2014

Bancos centrais metidos no casino da especulação

Clicar para aumentar

Bancos centrais jogam na bolsa e com derivados financeiros


Como os bolsos dos bancos centrais não têm fundo (1), as subidas artificiais dos mercados acionistas podem ser o resultado de uma manipulação gigantesca de que os bancos centrais têm provavelmente sido os grandes protagonistas. A Federal Reserve, o Bank of England, o BCE, o Bank of Japan, o People's Bank of China, o Deutsch Bundesbank (e o Banco de Portugal?) podem ter andado desde 2010 a jogar no casino das ações e dos derivados financeiros não regulados. É pelo menos isto que resulta de uma observação cuidada do documento acima publicado, oriundo do CME Group — “the world’s leading and most diverse derivatives marketplace, handling 3 billion contracts worth approximately $1 quadrillion annually (on average). The company provides a marketplace for buyers and sellers, bringing together individuals, companies and institutions that need to manage risk or that want to profit by accepting risk.”.

Se for assim, como parece, o Banco de Portugal poderá estar à beira de um ataque de nervos. A guerra declarada entre o presidente da república, o governo e o dito banco central indígena, a propósito da trapalhada do BES pode não ter ainda saído do adro deste regime em fim de ciclo.

Cavaco levanta dúvidas sobre informação que recebeu no caso BES
Sofia Rodrigues, Público, 07/09/2014 - 14:23

Presidente da República Cavaco Silva disse este domingo esperar que o Governo assim que “tenha conhecimento de informação relevante a comunique” e que espera ter sido essa a situação no caso BES.

Em Arganil, onde participou nas comemorações no dia do município, Cavaco Silva começou por responder aos jornalistas sobre as declarações públicas que fez sobre o BES, ainda antes de ter sido dividido em dois. “O Presidente não tem ministérios, não tem serviços de fiscalização política, recebe a informação das entidades oficiais e espera que o Governo logo que tenha conhecimento de informação relevante a comunique. Eu espero que tenha acontecido assim, que é o que resulta da Constituição”, afirmou o Presidente da República.

No dia 21 de Julho, Cavaco Silva afirmou que os portugueses podiam confiar no BES de acordo com informações que recebia do Banco de Portugal.

Nós já tínhamos alertado (aqui e aqui) para a manipulação das informações sobre o resgate do BES, mas foi preciso o advogado Miguel Reis vir a terreiro, em nome dos seus clientes, acusar o presidente da república de prestar informação enganosa, para que Cavaco Silva viesse hoje lembrar o que disse em Seul sobre o BES no dia 21 de julho, ou seja, seis dias depois da compra de ações do BES pela Goldman Sachs, Desco e Baupost, mas um dia antes de esta compra ser divulgada pelo banco à CMVM, e quarenta e oito horas antes de a notícia vir a público. Acontece que no dia 23 de julho a mesma GS desfez-se da posição qualificada (passando de 2,27% para 1,91% do capital acionista), motivo suficiente para que o Banco de Portugal, o Governo e o Presidente da República tivessem lançado os necessários, embora cautelosos, avisos à navegação — o que nenhum deles fez. Porquê? Não sabiam da saída apressada da Goldman? Claro que sabiam!

Aqui chegados é importante percebermos que a complexidade da crise financeira continua a aumentar dia a dia.

O mais recente plano de Mario Draghi (levar o BCE a comprar ABS - Asset Backed Securities - senior portions of that...) pode acabar por revelar-se um tiro no escuro, ou mais um discurso para empurrar a crise com a barriga, à custa de mais dívida pública europeia a cobrar aos pagadores de impostos do costume.

Why Draghi's ABS "Stimulus" Plan Won't Help Europe's Economy
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 09/05/2014 15:29 -0400
Simply put, the reason why Mario Draghi's impressively-pitched ABS 'stimulus' QE-lite plan won't help can be summed up in 2 words "unencumbered assets." There is simply a lack of the right quality collateral, that has not already been swapped with the ECB (or delevered off balance sheets), for this to make a difference. However, as Bloomberg reports, the plan will not even get that far.. because the market for these assets is incapable of supporting this size of buying. As one major ABS asset manager notes, it takes him about three months to buy 1 billion euros of these securities, "the number that's circulating the market is 500 billion euros, but where is he going to get it from?" Add to that the report from Die Welt that The ECB lacks sufficient expertise for ABS purchases, and as another major European ABS manager concludes, "I don't see either a capital relief for banks or the banks giving more credit to the real economy." Still, it's fun to believe Draghi's promises, right?

Por outro lado, sabe-se agora que os bancos centrais têm andado a alimentar artificialmente as bolsas, como se fosse a única notícia boa a dar num castelo de cartas em derrocada.

It's Settled: Central Banks Trade S&P500 Futures
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 09/01/2014 09:02 -0400

Based on the unprecedented collapse in trading volumes of cash products over the past 6 years, one thing has become clear: retail, and increasingly, institutional investors and traders are gone, probably for ever and certainly until the Fed's market-distorting central planning ends. However, one entity appears to have taken the place of conventional equity traders: central banks.

Courtesy of an observation by Nanex's Eric Hunsader, we now know, with certainty and beyond merely speculation by tinfoil fringe blogs, that central banks around the world trade (and by "trade" we mean buy) S&P 500 futures such as the E-mini, in both futures and option form, as well as full size, and micro versions, in addition to the well-known central bank trading in Interest Rates, TSY and FX products.

In fact, central banks are such active traders, that the CME Globex has its own "Central Bank Incentive Program", designed to "incentivize" central banks to provide market liquidity, i.e., limit orders, by paying them (!) tiny rebates on every trade. Because central banks can't just print whatever money they need, apparently they need the CME to pay them to trade.

"Cluster Of Central Banks" Have Secretly Invested $29 Trillion In The Market
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 06/16/2014 07:22 -0400

Another conspiracy "theory" becomes conspiracy "fact" as The FT reports "a cluster of central banking investors has become major players on world equity markets." The report, to be published this week by the Official Monetary and Financial Institutions Forum (OMFIF), confirms $29.1tn in market investments, held by 400 public sector institutions in 162 countries, which "could potentially contribute to overheated asset prices." China’s State Administration of Foreign Exchange has become “the world’s largest public sector holder of equities”, according to officials, and we suspect the Fed is close behind (courtesy of more levered positions at Citadel), as the world's banks try to diversify themselves and "counters the monopoly power of the dollar." Which leaves us wondering where are the central bank 13Fs?
Bank Of Japan Plunge Protection Team Goes Into Overdrive, Buys Most ETFs Since 2010
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 08/14/2014 09:29 -0400

While the mainstream media has become used to the daily buying of bonds by The Fed, mention that they are buying 'stocks' and suddenly one is labeled a conspiracy theory wonk - despite 1) the fact that they are, and 2) they have admitted that equity wealth creation is a policy tool. However, ignoring the almost daily vertical ramps in US stocks and volatility from a seemingly bottomless pit of margin; the Bank of Japan has been buying stocks (directly through ETFs) for years... and as the Nikkei began to turn down in early August, the WSJ reports the BoJ undertook the longest and largest consecutive buying streak since it started purchasing ETFs in December 2010.

O medo da deflação

A deflação ameaça sobretudo os devedores, para quem a reflação, ou um pouco de inflação, seria uma maneira de desvalorizar as dívidas e de obrigar o aforro a sair dos bancos e dos colchões. Acontece que ninguém quer investir, nem mesmo nas bolsas (já vimos que a festa é patrocinada pelos bancos centrais), e portanto a deflação é mesmo uma ameaça que se perfil no horizonte. Só que à deflação pode seguir-se... a hiperinflação.

O Japão aposta na ilusão do dinheiro: pequenos aumentos salariais estimulam o comportamento consumista e, portanto, a retoma, dizem. Mas como o iéne continua a desvalorizar, e o imposto sobre consumo aumentou, cedo as populações perceberão que os aumentos salariais foram rapidamente comidos pelos impostos e pela desvalorização da moeda. Ou seja, o declínio dos rendimentos reais do trabalho acabará por ser percebida pela população que, por esta via, regressará aos comportamentos de poupança. E assim sendo, a economia japonesa continuará a sua marcha de declínio, com uma dívida pública ingovernável e uma balança comercial que se deteriora face à concorrência da China, Índia, Vietname, México, etc....

Em Portugal os sindicatos exigem aumentos (na realidade, apenas exigem o aumento do salário mínimo), num ambiente caracterizado por uma extraordinária agressividade fiscal, pela perda de regalias e de rendimentos do trabalho, e ainda pela recente desvalorização do euro face ao USD. O impacto dos pequenos aumentos no consumo será pois efémero, e o resultado final poderá resumir-se a mais retração do consumo, menos vendas, preços em queda, falências e... desemprego. Em suma, o ministério da segurança social, acarinhado pelo CDS, continuará a precisar de cada vez mais dinheiro para subsidiar o desemprego e a fragilidade social crescente. Os empresários da fome, e a Igreja agradecem!


ÚLTIMA HORA

A bronca produziu efeito: a partir de 15 de setembro a CME proíbe o que chama 'práticas disruptivas', entre as quais se encontram, claro, os negócos com bancos centrais!

These Kinds Of Market-Rigging "Practices" Will No Longer Be Allowed On The CME
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 09/08/2014 17:31 -0400

It has been an interesting week for the CME: first it was revealed a week ago that in order to “stimulate” the market, the CME is willing to pay central banks a liquidity rebate in order for the world’s monetary authorities to “make markets” in the most important S&P 500 future, the E-Mini, confirming not only that central banks directly trade the S&P 500, but are incentivized to nudge it along the preferred central bank direction: up. Then last week, none other than the CME’s own 10-K proved that something changed in 2013, when for the first time central banks officially became counted as clients of the biggest US derivative exchange.

Today, the CME’s fall from efficient market grace accelerate when it advised the CFTC that the derivative market would be adopting a new Rule 575 to eliminate “Disruptive Practices Prohibited.”



NOTAS
  1. Aos governos, para obterem o dinheiro de que os bancos centrais precisam, basta-lhes empobrecer os "sem dentes" (como lhe chama o "socialista" François Hollande), através da expansão monetária (ou seja, da desvalorização do dinheiro e correspondente expropriação das poupanças), através do desemprego e dos cortes salariais resultantes da paralização económica, através do assalto fiscal, e ainda recorrendo à manipulação das taxas de juro e câmbio. No entanto, o jogo pode não resultar, como parece ser o caso neste momento. A expansão da massa monetária já esgotou a capacidade de crescimento keynesiano convencional da economia e, aparente paradoxo, por mais dinheiro que os governos decretem, este não é transmitido, nem portanto circula na economai, ficando retido nos bancos centrais, ao mesmo tempo que continua a alimentar dívidas soberanas imparáveis, potencialmente catastróficas.

Atualização: 9/9/2014, 00:09 WET

quarta-feira, setembro 03, 2014

Fundos especulativos regressam ao mercado imobiliário espanhol (e português)

Monumento em Lisboa em homenagem aos Judeus mortos no massacre de 1506

O regresso de herdeiros dos sefarditas expulsos de Portugal e Espanha coincide curiosamente com fortes apostas em ambos os países de bancos e fundos de investimento de origem judia.


A oferta de nacionalidade aos sefarditas satura os consulados espanhóis em Israel El País, 10/2/2014.

Aprovada nacionalidade portuguesa para descendentes de judeus sefarditasi online, 12/4/2013.

A especulação financeira desembarcou de novo em Espanha e Portugal. Objetivo: comprar a baixo custo o mercado imobiliário urbano destroçado de ambos os países. Milhares, ou dezenas de milhar, de prédios e empréstmos imobiliários atulhados nos balanços dos bancos, caixas e associações mutualistas de ambos os países, estão disponíveis a preços de saldo, mas apenas para quem tenha ainda bolsos fundos e recheados — o que não é o caso dos setores financeiros de Espanha e Portugal.

A ideia é simples: transformar as próximas gerações de proprietários (1) de casa própria -espanholas e portuguesas- em gerações de inquilinos, ou seja, em rendas perpétuas... Capiche?!

O momento escolhido foi precisamente aquele em que os investidores indígenas e sobretudo os bancos, municípios e particulares se encontram totalmente exangues e incapazes de reagir à perda de rendimentos, acrescida de uma imparável pressão fiscal.
Your Wall Street Slumlord Arrives in Europe – Goldman [Sachs]and Other Financial Firms Launch “Buy to Rent” in Spain
Liberty Blitzkrieg | Michael Krieger | Posted Friday Aug 29, 2014 at 3:21 pm

Now that the financial oligarchs have had their way with the U.S. property market, to the point that average citizens can’t even afford to own a home (Zillow recently showed that 1 in 3 homes are unaffordable), it appears they have turned their sights overseas. What better market for bailed-out bankers to feast on than Spain, with its 50%+ youth unemployment rate and a continued depressed real estate market.

[...]

In January, the New York–based private-equity firm Apollo Global Management LLC [CEO: Leon Black] bought the real estate unit of Banco Santander SA, Spain’s biggest bank by assets, for 664 million euros. In March, the Madrid-based REIT Hispania Activos Inmobiliarios SA raised 500 million euros from investors, including George Soros’s Quantum Strategic Partners LP and John Paulson’s Paulson & Co. In June, Texas-based private-equity firm Lone Star Funds [CEO: John Grayken] and JPMorgan Chase & Co. bought a 4.4 billion euro portfolio of Spanish and Portuguese commercial property loans from Commerzbank AG of Frankfurt.

[...]

Auten says a lot of investors are looking at Spain, a country of 46 million, as if it’s a carbon copy of the U.S. market, where investors such as Blackstone [CEO: Stephen A. Schwarzman] and Waypoint have scooped up hundreds of millions of dollars’ worth of homes and rented them out.
Pergunto-me se terá havido alguma pressão dos lóbis judaicos sobre os governos de Portugal e Espanha. Ou se é apenas uma coincidência, logo numa altura em que Israel dá provas indesmentíveis de ter sido capturada e manipulada por uma elite brutal, cuja ações ilegais e criminosas ameaçam reacender o anti-semitismo por toda a Europa, e até no Brasil. Não nos esqueçamos nunca que a religião é apenas o manto que recobre disputas territoriais mais profundas.

Talvez um dia, quem sabe, a velha Ibéria que massacrou e expulsou tantos judeus, volte a ser o seu lar protetor. Para já, parece que ambos os governos precisam da sua proverbial riqueza e habilidade financeira. Mas transformar os donos das casas portuguesas em inquilinos empobrecidos de fundos abutres, parte deles de origem judia, não será seguramente a melhor ideia!

NOTAS
  1. Convém realçar, a este propósito, que Portugal é um país de proprietários urbanos e rústicos, ao contrário, por exemplo, da Alemanha e, em geral, dos países europeus devastados pelas Primeira e Segunda Guerras Mundiais. Este facto, que a nossa indigente esquerda nunca entendeu, é uma informação a ter em conta nesta ofensiva sobre a Península Ibérica dos abutres financeiros oriundos dos Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha.

    Escrevíamos em 16/4/2014:

    Em Portugal há, sensivelmente:

    10,6 milhões de portugueses
    11,7 milhões de prédios rústicos
    305 mil explorações agrícolas (36.681,45 Km2; 40% da superfície agrícola útil)
    7,9 milhões de prédios urbanos
    4,4 milhões de alojamentos (num total de mais de 5,8 milhões) ocupados pelos seus proprietários.
Atualização: 3/9/2014, 08:51 WET

terça-feira, setembro 02, 2014

Crescimento zero e enterro da dívida



O risco de crédito baixou à medida que os governos entraram dentro dos bancos

Baixa inflação e deflação, baixo crescimento, baixos salários e reestruturação global das dívidas a caminho... O resto é propaganda!


Enquanto a França vende dívida pública a juros negativos (e vende!), a Espanha lançou esta semana uma emissão de dívida pública de 1mM€ a 50 anos com um cupão de 4%. Talvez seja esta a notícia mais importante da silly season no que toca à tendência de fundo da economia mundial e do respetivo sistema financeiro. Este é mais um sinal de que os ajustamentos orçamentais não irão ser realizados pela via da reflação, pois não haverá nem crescimento nem especulação que cheguem para tal, e portanto o que aí vem é uma guerra de classes entre espoliação fiscal e reestruturação das dívidas públicas e privadas por via dos cortes: cortes nas pensões, cortes nos salários, cortes nos juros e cortes nos dividendos esperados, com muitos especuladores a perderem dinheiro, e muitos aforradores a perderem as suas poupanças mal aplicadas....

NOTA IMPORTANTE: é precisamente por isto que 1) as brigadas do reumático cor-de-rosa e laranja andam desesperadas por retomar o poder, e 2) Passos Coelho ganhará as próximas eleições legislativas, com maioria absoluta, se a malta socratina enfraldada pelo Costa conseguir dar o golpe de estado que planeou contra António José Seguro e contra o PS.


O fim de um ciclo longo à vista...

One of the more interesting stories of yesterday was a €1bn 50 year private placement bond issued by the Spanish Government with a 4% coupon. It’s a measure of how far things have come in a couple of years that such a deal could be launched. It was also a day when 2 year French yields traded below zero for the first time ever. We still live in remarkable financial times. Back to the Spanish deal, although current low levels of inflation make this deal look optically attractive on a real yield basis we thought we'd look at the rolling average 50 year level of inflation in Spain to highlight what real returns might potentially be over the lifetime of the bond. I hope I survive to see it mature but I hope I won't be writing about it then. Anyway the average annual inflation over the last 50 years in Spain is 7.0% and as the graph in today's pdf shows the last time the 50-year rolling average was below 4% was in 1956. Clearly prior to this the average rate of inflation was constantly below this level as inflation has been a modern day (last 100 years) phenomenon tied to the evolution of central banks (the Fed started in 1913) and the gradual demise of precious metal currency systems. So it’s a measure of how buoyant fixed income markets are that investors are prepared to ignore that last half century's inflation record and the current fiat currency world when pricing long-term bonds. This is not a Spain-specific issue but on a slow news day the story stood out. The same would be true for most countries issuing similar long-dated debt today. Indeed yields elsewhere would likely be even lower.

in ZeroHedge

Quatro novos gráficos sobre Portugal

Estes quatro gráficos sobre Portugal dizem quase tudo, mostram que, em geral, temos seguido as tendências económicas do Ocidente. Só que em registo quase sempre medíocre e indigente.



 Todos os gráficos (exceto o último) in: Desvio Colossal, de Pedro Serrano (grazia tanta ;) 

Última atualização: 6-9-2014, 15:59 WET 

segunda-feira, setembro 01, 2014

BP: para onde vai o petróleo

O mapa do petróleo desenhado pela BP diz tudo...

A guerra pelo último petróleo já começou, e ao contrário do atum, não se pode criar em cativeiro


Se o ritmo de produção e consumo se mantiver, teremos...
  • petróleo para mais 40 anos
  • gás para mais 160 anos
  • carvão para mais 400 anos 
As energias renováveis são responsáveis por menos de 23% da energia produzida/consumida pelo Homem.

Moral da história
Em 21 de agosto de 1415, i.e. há sensivelmente 600 anos, a conquista de Ceuta iniciou a única e verdadeira globalização que o mundo até hoje conheceu. Infelizmente, 2015 poderá ser a data simbólica de uma era longa da humanidade que termina. Ao contrário da crença entre alguns asiáticos, a China e a Índia, e os BRICS em geral, não poderão liderar uma nova era de crescimento económico, social e cultural como aquela que a humanidade conheceu desde 1415.
A prova de que isto é mesmo assim pode ver-se claramente no mapa acima, comparando-o com as principais zonas de conflito criadas pelos Estados Unidos no mundo. Em nossa opinião, mais cedo, ou mais tarde, será necessário um novo Tratado de Tordesilhas (2.0), ou teremos um colapso desordenado da economia e do sistema financeiro mundiais e uma mais do que provável diminuição criminosa da população mundial.

Quanto a crescimento, é mesmo conveniente começarmos a desenhar uma economia de crescimento zero, justa e sustentável.

Contador de estatísticas

Aliança estratégica Rússia-China precede Tratado de Tordesilhas 2.0

Ao contrário do que o nevoeiro sobre a Ucrânia poderá fazer crer, esta crise geoestratégica provocada pelos Estados Unidos, apenas acelerou a aliança energética e financeira entre a Rússia e a China, que acabam de oficializar um contrato para a construção da maior rede de gasodutos do planeta, assim como, e mais importante ainda, a garantia de fornecimento de 38 mil milhões de metros cúbicos (bcm) de gás natural à China, durante os próximos 30 anos, transacionados em yuans e rublos, certamente.

Russia will ship 38 billion cubic meters (bcm) of gas annually over a period of 30 years. The 3,968 km pipeline linking gas fields in eastern Siberia to China will be the world's largest fuel network in the world.  ZeroHedge, 1/9/2014.


Donella Meadows tinha, afinal, razão

Limits to Growth was right. New research shows we're nearing collapse
Four decades after the book was published, Limit to Growth’s forecasts have been vindicated by new Australian research. Expect the early stages of global collapse to start appearing soon

Graham Turner and Cathy Alexander  
theguardian.com, Tuesday 2 September 2014 02.15 BST   

Atualização: 2/9/2014 16:21 WET

Portugal: que crescimento?

Clique para ampliar

E quem pode afirmar que vai fazer Portugal crescer, sem que o nariz lhe cresça desmesuradamente? 


20 years of the European single market: growth effects of the EU integration

by Bertelsmann Stiftung Future Social Market Economy (PDF)

The ongoing European integration has increased the eco- nomic growth of participating national economies. Calculating the cumulative gains in the real gross domestic product per capita resulting from the integration of Europe between 1992 and 2012, every national economy under considera- tion realized income gains from the European integration. Denmark and Germa ny saw the greatest gains per resident. If the values from only 1992 and 2012 are compared, every country except for Greece has been able to achieve a higher per capita income due to the European integration.

De Hollande a Seguro, passando pela viragem eleitoralista do governo de Passos Coelho, amparados todos pela promessa de facilidade monetária anunciada por Mario Draghi, embora orientada quase exclusivamente para socorrer bancos, governos, empresas e famílias sobre-endividadas, todos procuram acalmar as populações furiosas e ganhar votos, prometendo mais um shot de endividamento e confisco nas veias dos atordoados cidadãos europeus. Como se isto não fosse já uma tragédia anunciada, americanos, judeus sionistas radicais e europeus inconscientes empurram a Europa para uma situação política ameaçadora da sua própria estratégia comunitária.

Em 20 anos de integração europeia (1992-2012) a Alemanha viu o seu PIB real per capita aumentar 9000 euros. Portugal, no fim da tabela (só ultrapassado pelo Reino Unido), apenas melhorou 400 euros per capita. Ou seja, uma democracia capurada por rendeiros e devoristas não pode dar bom resultado.

Apesar de tudo, o gráfico deste sucinto mas esclarecedor estudo demonstra que não há alternativa ao processo de integração europeia, pois apenas este poderá diminuir as fortes assimetrias regionais e nacionais ainda existentes, sobretudo quando a inércia dos poderes indígenas, preguiçosos e parasitários, for finalmente varrida do lugar privilegiado que ocupa junto das tetas orçamentais.

As cleptocracias nacionais, os carteis e os rentistas que vivem em união de facto com os estados paquidérmicos e ineficientes que temos —verdadeiras reservas eleitorais das partidocracias dominantes— resistem à mudança e atrasam a Europa. Mas o seu prazo de validade chegou ao fim.

Está na hora de exigir e provocar uma alteração profunda nas instituições democráticas da União: desde o presidente da Comissão Europeia aos presidentes das Juntas de Freguesia.

Cuidado, em suma, com as promessas de crescimento, e vigilância redobrada sobre o uso dos dinheiros do próximo quadro comunitário de apoio!

Quatro novos gráficos sobre Portugal

Estes quatro gráficos sobre Portugal dizem quase tudo, mostram que, em geral, temos seguido as tendências económicas do Ocidente. Só que em registo quase sempre medíocre e indigente.



 Todos os gráficos (exceto o último) in: Desvio Colossal, de Pedro Serrano (grazia tanta ;)


Atualização: 6/9/2014, 16:04 WET