domingo, maio 31, 2015

Marinho e Pinto convoca abstencionistas a votarem

António Marinho e Pinto, líder do PDR

Partido Democrático e Republicano quer um novo 25 de abril, mas nas urnas


Numa boa entrevista a António José Teixeira (SIC) António Marinho e Pinto conseguiu estabelecer claramente quais as más práticas que têm que ser incondicionalmente abandonadas para, depois, o país conseguir finalmente começar a revitalizar e melhorar a exangue democracia que temos, onde, com o passar das décadas, boa parte dos portugueses deixou de votar, permitindo assim que uma minoria partidária rotativista tenha tomado de assalto as instituições democráticas, usando-as em benefício próprio e promovendo novas formas de corporativismo, incompetência técnica, irresponsabilidade política e corrupção.

O resultado deste nosso abandono da democracia aos que dela se servem, raramente servindo os seus nobres ideais, foi a pré-bancarrota do país, a captura do poder democrático por uma verdadeira cleptocracia, e agora, uma longa travessia no deserto das dívidas. Vamos levar décadas a regressar ao equilíbrio financeiro e comercial do país. Em particular se, como começamos a perceber um pouco por toda a Europa e Estados Unidos, as democracias continuarem sem reagir, ou a reagir apenas através de formas de luta e ideologias ultrapassadas, dando sucessivos murros no ar.

As democracias têm que derrotar as partidocracias instaladas, substituindo-as por instituições representativas mais evoluídas, e por mecanismos democráticos mais transparentes e orientados para o conhecimento das vontades, quer das maiorias, quer das minorias. A decisão política representativa e responsável terá que passar a depender de uma cartografia democrática, interativa e dinâmica, isto é, de verdadeiros mapas de democracia cuja atualização permanente permitirá gerar instituições democráticas ajustadas à complexidade crescente das sociedades e dos desafios, nomeadamente energéticos e ambientais, que temos e teremos pela frente nas próximas décadas.

Continuaremos a ter partidos e parlamentos, mas a democracia precisa de melhorar radicalmente estas instituições, e precisa de instituir e consagrar novas instâncias de representação e de exercício do poder democrático — o qual deverá ser cada vez mais direto, descentralizado e desburocratizado, sem por isso perder rigor, transparência e responsabilidade.

A democracia falsificada e corrupta que temos terá que ser substituída por uma democracia qualitativa, sob pena de caminharmos rapidamente para uma nova forma de escravidão, ainda que disfarçada momentaneamente pela propaganda mediática.

Marinho e Pinto fez um apelo aos que se têm abstido de votar, nomeadamente por já não se reconhecerem na oferta eleitoral ilusória que temos. Fez igualmente um apelo à ação das mulheres, cujos direitos adquiridos ao longo de mais de um século começam a ser uma vez mais ameaçados, desde logo no plano salarial e da biopolítica.

Faltou nesta entrevista uma palavra dirigida aos mais jovens, principais vítimas do desemprego e da falta de emprego que esta crise trouxe em dimensões raramente vistas.

O líder do Partido Democrático Republicano não é um populista, mas antes um herdeiro declarado da melhor social-democracia europeia e do idealismo socialista dos anos 60 do século passado, nomeadamente aquele que, inspirado pela figura de Che Guevara, foi fazendo recuar as ditaduras e o colonialismo em várias partes do mundo. Marinho e Pinto é também especialmente sensível ao primado da liberdade e do direito nas sociedades que se querem progressivas e justas—nisto distinguindo-se claramente da maoria das 'esquerdas' conhecidas, para quem a verdade, a liberdade e o direito ainda são realidades instrumentais, vistas, no plano cultural, como preconceitos burgueses.

Vale a pena rever esta entrevista.

Tragédia grega em números

A grande pergunta é esta: em caso de Grexit quem paga? 


A rol do serviço da dívida em 2015, começando pelo mês de junho, é assustador. Mas depois, até 2057, mais assustador é!


Dívida grega: pagamentos devidos em 2015
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Dívida grega: pagamentos devidos em 2057
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Renováveis já custaram 10 mil milhões de euros aos consumidores
Económico,  29 Mai 2015 Ana Maria Gonçalves

Os subsídios pagos às energias renováveis, e reflectidos nas tarifas da electricidade, já custaram mais de 10 mil milhões de euros às famílias e às empresas portuguesas.
As contas, que têm por base os relatórios da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, no período entre 2002 e 2015, constam de um relatório de um grupo de peritos do sector energético de vários quadrantes políticos, elaborado para a Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa.

Henrique Gomes, ex-secretário de estado deste governo, quando o Álvaro barrava o caminho à corja rentista, escreve:

Duas perguntas simples ao nosso Primeiro-Ministro:

1) Se nos mercados dos EUA e Espanha, os mais importantes em investimento para a EDPR (Renováveis), esta pode vender a sua produção abaixo dos 50€ por MWh, porque aceita o Governo que em Portugal nos cobrem acima de 100€ por MWH?

2) Nestas circunstâncias, porquê o objectivo de querermos ser campeões e querer que, em 2030, 40% de toda a energia que consumirmos  seja renovável se a Europa dos 28 assume uns prudentes 27% (em média) e os EUA (lideres tecnológicos mundiais) prevêem ter 18% em 2040?

Para já, enquanto aguardo ser esclarecido, só tenho uma explicação: em Portugal, o interesse publico que deve ser o leit-motiv e é a legitimidade dos políticos, está subordinado aos interesses económicos e pessoais e isso, pelo menos sob o ponto de vista ético, é corrupção!

Estupidamente sós

Clique neste LINK para ampliar

La autovía de la Plata derrota a la ruta portuguesa para viajar al sur

La Voz recorrió la recién terminada A-66 hasta Sevilla para después volver por Portugal. El viaje por España ahorra los 56 euros de los peajes y es más rápido desde el norte. La Voz de Galicia

Portugal adjacente caminha para uma espécie de ilha rodo-ferroviária. E quanto à TAP está tudo dito.


Eis o que os piratas e burros indígenas do PS e do PSD-CDS, PCP, etc, não entenderam e continuam sem entender, apesar do óbvio: a Corunha, Santiago, Vigo, etc. não precisarão em breve, nem das nossas autoestradas (Sem Custos para o Utilizador—lembra-se, António Costa? Lembra-se, João Cravinho?) nem da nossa ferrovia para chegar a Sevilha.

Portugal caminha alegremente, ao som da corrupção, burrice, leviandade e ininputabilidade pandémicas que o têm arruinado, para uma condição insular reforçada. Só falta mesmo colocar o Carlos César em São Bento, e o Alberto João em Belém.

Não há alternativa para sair deste buraco se não corrermos rapidamente com a corja que o abriu e nos empurra, dia a dia, para o lixo de uma economia a fingir, de umas finanças corruptas, de um sistema fiscal cezarista, e de uma democracia cada vez mais populista, partidocrática e indigente diante dos credores que legitimamente exigem juros e pagamentos de dívidas que a corja contraiu sem pedir licença a ninguém, contando apenas com a legitimidade que lhe é conferida pela algazarra buffa do parlamentop e os votos, uma vezes caninos, outras vezes bovinos, das criaturas que habitam tão indecorosa sinecura.

O harakiri da TAP

Fernando Pinto é responsável pela ruína da TAP e deve responder por isso!

Privatização ou resolução


Só há uma alternativa à privatização da TAP: fechar a empresa, vender os cacos a preço de saldo, indemnizar mais de treze mil pessoas, e mandar a fatura de tudo isto aos burros contribuintes que somos. O nome pós-moderno para esta coisa é resolução.

O harakiri da TAP:
  1. simbiose oportunista da sua administração e trabalhadores (sobretudo pilotos) com a nomenclatura que capturou o estado e o regime, e a quem a TAP sempre 'gostou' de fazer servicinhos;
  2. total irresponsabilidade dos partidos políticos com assento parlamentar no acompanhamento da crise que, já no tempo do governo 'socialista' de António Guterres forçou o anúncio público da reprivatização da TAP (tendo sido contratado para o efeito o gaúcho Fernando Pinto);
  3. ausência de estratégia desde que surgiram as Low Cost;
  4. endividamento criminoso (o passivo total deve chegar aos 3 mM€);
  5. dívidas bancárias de curto prazo insustentáveis: 400M€, de um total de mais de 600 milhões, vencem no próximo mês de setembro! (ler esta notícia do Expresso, de 30/5/2015);
  6. em suma, amadorismo, irresponsabilidade e corrupção.

Quando é que os deputados se interrogarão sobre este descalabro? Como sempre fizeram, imagino que só depois da casa roubada!

quarta-feira, maio 27, 2015

TAP forçada a adiar reprivatização?


Há mais aviões para além da TAP


IAG lanza una oferta por el 100% de Aer Lingus por 1.400 millones de euros
El grupo IAG ha acordado lanzar una oferta pública de adquisición (OPA) por el 100% del capital de la irlandesa Aer Lingus por un importe total de 1.400 millones de euros, según informó la compañía que agrupa a Iberia, British Airways (BA) y Vueling a la Comisión Nacional del Mercado e Valores (CNMV).

La oferta, que se dirigirá a todos los accionistas de Aer Lingus, se formulará como una compraventa en metálico, siendo la contraprestación de 2,55 euros por cada título de la irlandesa, que incluye un pago en efectivo de 2,50 euros por acción y el pago de un dividendo de 0,05 euros por título.

Leer más:  IAG lanza una oferta por el 100% de Aer Lingus por 1.400 millones de euros - elEconomista.es

A IAG, depois da compra da (perdão, fusão com a) Iberia mais a Low Cost Vueling, reduzindo a Iberia a dimensões operacionais não ruinosas, acaba de lançar uma OPA a uma segunda Low Cost (1) que quer ver integrada no grupo: a companhia aérea de bandeira irlandesa Aer Lingus.

Só em Portugal foi possível deixar apodrecer a TAP, em nome, estamos convencidos, da estratégia do desnecessário Novo Aeroporto (primeiro na Ota, depois em Alcochete) e concomitante realização extraordinária de mais-valias especulativas com a urbanização da Portela e dos terrenos circundantes do NAL. Esta operação do Bloco Central, a par das PPP, é um dos fatores cruciais do ruinoso endividamento do país, bem como do colapso do nosso sistema bancário. Ou seja, um caso de polícia que só um novo regime democrático será capaz e julgar e punir.

Entretanto, pela dica do 'rapaz dos finos', a reprivatização da TAP parece destinada a borregar uma vez mais. Ou seja, sem que o estado proceda previamente à reestruturação da empresa, não haverá quem lhe pegue. Fica então a pergunta: quem pagará os salários e as dívidas a fornecedores daqui em diante? Onde está a massa para custear os despedimentos inevitáveis? Quem pagará as próximas prestações do contrato de aquisição de 12 Airbus A350-800? Quem pagará os juros da colossal dívida da empresa?

Só se forem os pensionistas... A Maria Luís Albuquerque não se cansa de avisar que precisa de 600 milhões de euros, mas ninguém quer saber porquê! Para que será?

NOTA
  1. A Aer Lingus não é propriamente uma Low Cost, mas a companhia de bandeira irlandesa. No entanto, foi-se especializando em Voos Baratos, desde o aparecimento da Ryanair, ao contrário da TAP, que perdeu uma década a voar mais alto do que as suas possibilidades e contra todos os cenários previsíveis. A TAP não se reestruturou quando podia e devia, acumulando desde o ano 2000 um passivo criminoso (a rondar, estimamos, os 3mM€), com a colaboração de todos os partidos sentados na Assembleia da República, dos sindicatos, e dos sucessivos governos do PS, e do PSD-CDS. Agora, tal como o BPN e o BES, não passa de um buraco negro mais que os burros contribuintes vão alombar, enquanto a corja partidária troca mimos e insultos entre si. Esperemos bem que o BCE e Bruxelas resolvam mais este cancro indígena, à semelhança do que fizeram com o BES. Assim como Carlos Costa foi o acólito de Mario Draghi na resolução do Esquema Piramidal de Ricardo Salgado (fez o que lhe mandaram, e nada mais), também Passos de Coelho ou Alexis Costa, se for eleito (esperemos bem que não!) receberão um dia destes um daqueles telefonemas com prazo de decisão na casa das 48 horas: —faça-me o favor de fechar a TAP na próxima sexta-feira, e abra uma chafarica qualquer na segunda-feira seguinte, com metade do pessoal, metade das rotas, e metade dos preços! Não faltam exemplos recentes na Europa.
Atualização: 29/5/2015 12:11 WET


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Da fragilidade crescente do eixo franco-alemão

Federica Mogherini é a Alta Representante da UE para Política Externa e Segurança

A Europa marítima prepara-se para reagir à Alemanha


Mogherini: Elections in Poland and Spain show there is a need to rethink the EU projectEurActiv

Um pesadelo em Bruxelas e Franckfurt começa a inquietar seriamente a ambição alemã e a inércia dos burocratas. Grécia não vai pagar, ponto! Os mercados especulativos vão reagir, nomeadamente sobre as dívidas soberanas portuguesa e espanhola. Esta pressão, porém, poderá tão só acentuar o fim do bipartidarismo em Espanha e os ascensos definitivos do Podemos e do Ciudadanos. Se em 2016 a Espanha anti-austericida se juntar ao cadáver ambulante grego, é mais do que provável que Itália e Portugal sigam o mesmo caminho, não sem que, em Portugal, assistamos previamente a uma mutação genética no parlamento e no poder local. Em 2017, com o Reino Unido a um passo de abandonar da União Europeia, teríamos, por fim, uma aliança dos principais estados marítimos europeus contra o eixo franco-alemão. Seria isto suficiente para acabar com o euro? Seria certamente suficiente para forçar o fim da predominância alemã, holandesa e francesa nos destinos do continente. Pois, apesar de tudo, não creio que os alemães queiram deitar tudo a perder.

O peso da dívida portuguesa é um cutelo suspenso por cima das cabeças partidárias de um regime que, em vez de se ter preparado para a crise, continua a agravá-la alegremente, desde as greves neocorporativas e eleitoralistas do PCP, à falta de coragem da atual coligação no ataque, absolutamente necessário, aos rendeiros cleptocratas do regime, passando pela perigosa deriva populista do PS e a irresponsabilidade do costume que caracteriza os micro-partidos da laia do Bloco.

A falta de recursos financeiros para continuar a sustentar um estado de corrupção e imbecilidade acumuladas, tem levado todos os partidos representados nos parlamentos e nas autarquias locais, a endividar o país junto dos credores externos, e a transformar o sistema fiscal numa autêntica máquina de guerra e confisco da propriedade privada, dos rendimentos do trabalho e das poupanças.

A situação já é insustentável. É tempo de criar uma grande e corajosa Plataforma pela Democracia Qualitativa, simultaneamente implacável com os ladrões sistémicos, realista e solidária. Esta plataforma de estratégia e ação democráticas terá que repensar a realidade fora dos quadros mentais e ideológicos maniqueístas em que se movem os partidos tradicionais. Terá que ter a coragem de pensar fora da caixa e estabelecer uma clara ordem de prioridades para a transição social, económica e cultural que aí vem.

O pior que poderia acontecer-nos seria continuarmos entalados no pingue-pongue entre as ineptas e corrompidas representações partidárias da nomenclatura que solidariamente contribuiu para a ruína do país.


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