domingo, maio 17, 2015

Pior é impossível


Economistas do PS e da coligação PSD-CDS/PP, analyze this!


A nova normalidade:
  • trabalho temporário (1);
  • queda nominal e real dos rendimentos do trabalho;
  • regresso ao mercado de trabalho das pessoas com mais de 55 anos — única maneira de compensarem os cortes nas pensões de reforma, a destruição das taxas de juro (e consequente assalto às poupanças individuais e familiares), e a cleptocracia fiscal (confisco, subreptício ou descarado, mas cada vez mais generalizado, das poupanças e da propriedade familiar: casas, quintas e depósitos bancários!)
  • desemprego e falta de emprego sistémicos sobretudo para os grupos demográficos mais jovens e qualificados;
  • institucionalização da mentira estatística como propaganda dominante dos governos, instituições financeiras e partidos políticos;
  • este fenómeno não é episódico, começou no Japão em 1997, alastrou aos Estados Unidos e Europa sobretudo após 2007 (episódio Lehman) e poderá  permanecer na vida das pessoas e das sociedades por mais uma, duas, ou três décadas.

Com papas (estatísticas) e bolos se enganam os tolos! 

Como já não há crentes de direita, nem de esquerda, o truque agora é atrair os eleitores com bla bla bla estatístico e programas supostamente validados por sábios que nunca acertam. O modelo da mentira estatística (acompanhado das táticas agressivas de desvalorização cambial e destruição das taxas de juro) tem sido aperfeiçoado no Japão ao longo das últimas duas décadas. Os 0,1% que dominam o mundo tentam agora confiscar toda a riqueza mundial, para o que programam já a proibição do dinheiro metálico ou de papel. Num ambiente monetário puramente virtual os bancos centrais, instrumentos privilegiados dos 0,1%, poderão, em fim, controlar os movimentos físicos e monetários de qualquer indivíduo, de qualquer empresa, de qualquer estado. Capiche?

Um amigo meu, que no ano passado deveria ter começado a receber a sua reforma, anda desde então perdido no labirinto kafkiano do nosso sistema de pensões, onde ninguém sabe nada e onde abunda a falta de sensibilidade e de profissionalismo. Onde, ao mesmo tempo, os processos se perdem e pronto, onde ninguém responde às cartas ou e-mails, e onde se protelam as pensões a quem não é obviamente deputado da nação, nem governante, ou ex-governante, nem gabiru de partido. Perdem-se —perdemos todos!— milhões de horas por ano a aturar esta execrável burocracia. Menos mal que o meu amigo tinha direito a uma pensão do Luxemburgo, dos tempos em que por lá andou a trabalhar, e que esta veio no momento devido, sem que o pensionista tivesse sequer que se preocupar em alertar os serviços luxemburgueses. Nenhuma complicação, nenhum envido de papelada, uma carta simples e simpática a comunicar o direito, o primeiro cheque, e votos de felicidade. Por cá prevalece há séculos o excesso de burocracia inútil e mal educada que, como nos tempos de Salazar, serve sobretudo para sustentar a nomenclatura sem lei que domina, e trata invariavelmente mal os seus concidadãos. No fundo, estamos bem pior, muito pior, do que o Japão, os Estados Unidos e o resto da Europa. Pior é impossível!

Desiluda-se quem pensar que isto muda com António Costa. Não muda. E como não muda, precisamos de perceber bem onde está o mal e qual é o grau de gravidade da situação.

Recomendo, a propósito da cada vez mais insistente questão demográfica, e das mentiras sistémicas em volta do crescimento e do emprego, a leitura deste artido publicado pela Zero Hedge

How Japan Became The Benchmark For America's Fraudulent "Jobs Recovery"

Submitted by Tyler Durden on 05/16/2015 20:57 -0400

In the US the most recent unemployment rate was 5.4%, about as close to full employment as possible, and yet neither in Japan nor in the US has there been any wage improvement.

So how does one explain the paradox of a labor market that at least quantitatively has no further slack and yet where real wage growth has never been lower. Simple, and incidentally the explanation is one which Zero Hedge provided all the way back in 2010 when we charted "America's Transformation To A Part-Time Worker Society."

It turns out that in Japan the answer is the same, only when one peeks beyond the merely quantitative and into the qualitative, it is worse. Much, much worse. As the following chart shows, virtually all the job growth in Japan since the great financial crisis has been thanks to part-time jobs!


EUA: evolução recente da composição geracional do emprego
Japão: evolução dos salários nominaic e reais (1991-2015)

NOTAS
  1. As empresas de trabalho temporário, em todo o mundo, são das que mais lucros têm apresentado nos últimos anos. Esta espécie de novos negreiros emprega trabalho precário, temporário, mal pago e praticamente sem direitos. Compram e vendem força de trabalho a preços de sobre-exploração, servindo as empresas do PSI 20 e o próprio estado e autarquias do país, sem que estes tenham que preocupar-se com a lei, nem com a dignidade. Assim vai a nomenclatura de consciência tranquila pelo meio do naufrágio que se aproxima.


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sexta-feira, maio 15, 2015

Rota da Seda 2.0 passa por Lisboa



China vai investir 50 mil milhões de dólares no Brasil

Fonte diplomática brasileira disse que o investimento chinês vai ser feito nos setores das infraestruturas, redes de caminho-de-ferro, estradas, portos e aeroportos.

Ler mais em Correio da Manhã

A quem gostar de geoestratégia aconselho o mapa Tordesilhas 2.0 que desenhei há uns anos e que tenho vindo a atualizar. Tive o cuidado de descer a vários pormenores... nomeadamente no que toca a portos e redes ferroviárias estratégicas, existentes ou em construção...

Vale a pena fazer zoom às principais linhas de comunicaçção em que a China está a investir:

  • Pequim-Veneza-Londres (Rota da Seda 2-terrestre)
  • China-Malaca-Golfo Pérsico-Mar Vermelho-Nacala-Lobito-Golfo da Guiné-Cabo Verde-Brasil-Argentina-Portugal...(Rota da Seda 2-marítimo-terrestre).

A China, com o seu excesso de dólares e mais de mil milhões de almas, precisa de petróleo/gás natural (Rússia, Médio Oriente, Moçambique, Angola, Golfo da Guiné), de soja e outros cereais, ferro, cobre e outros minerais, além de ouro, platina e prata, para voltarmos a ancorar o valor do dinheiro em algo sólido, fungicida e imune à especulação digital (Brasil, Argentina, Chile, Golfo da Guiné, Angola-Moçambique) --- >

Portugal deve pois olhar com muita atenção para este movimento rápido das placas tectónicas da política mundial.

A estratégia que nos convém trilhar é clara: manter a velha aliança com a Inglaterra, maior protagonismo ibérico, deixar de seguir caninamente as depenadas águias de Washington, e cuidar da língua portuguesa sem atavismos ortográficos!


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quinta-feira, maio 14, 2015

Blue TAP

Avião cor-de-rosa da brasileira Azul

A parceria AzulBarraqueiro para a compra da TAP faz sentido


Este governo ou resolve bem a privatização da TAP e ganha as eleições, ou borrega e perde-as. A privatização da TAP transformou-se assim na principal batalha eleitoral da coligação.

13:40 13.05.2015 | SIC Notícias

Presidente da TAP envia carta aos trabalhadores a anunciar reestruturação

O presidente da TAP enviou uma carta aos trabalhadores em que anuncia para breve uma reestruturação da empresa, que pode passar por despedimentos. Fernando Pinto diz que é preciso reajustar a empresa à nova realidade, depois da greve, e dar um passo atrás antes de dar dois em frente. Até há bem pouco tempo, o Governo dizia que a empresa só seria reestruturada depois da privatização estar concluida, ou caso falhasse.

Sempre aqui se escreveu que não era possível avançar para uma privatização sem reestruturação prévia, dados os enormes desequilíbrios financeiros e sociais da empresa. E ainda sem que o estado ficasse com parte das dívidas, via Parpública e Caixa Geral de Depósitos. É o preço de mais de uma década de keynesianismo desmiolado e de pirataria cor-de-rosa. A Mariana Mortágua ontem não resistiu ao realejo ideológico sem base racional defensável. Esperemos que seja o preço inevitável, mas temporário, de uma mudança que se quer ver no Bloco de Esquerda.

13/05/2015 | 09:38 |  Dinheiro Vivo

A Barraqueiro ter-se-á juntado ao empresário norte-americano David Neeleman, dono da Azul, para fazer uma proposta de compra de até 66% da TAP, noticia esta quarta-feira o Diário Económico.

Uma solução com empresas portuguesas e não portuguesas é sempre melhor. Por outro lado, meter os chineses e os americanos a competir pela empresa é bem avisado. Portugal, tal como a Grécia, é uma espécie de filet mignon na dança global geo-estratégica que acabará num novo Tratado de Tordesilhas, versão 2.0, ou numa catastrófica guerra mundial.

Já agora uma recomendação ao governo: da parte que ficará ainda em mãos do estado —34%— prepare uma dispersão em bolsa de 30% do capital, em fatias de 10%. Não faltarão portugueses a querer comprar uma dúzia de ações!

PS: nesta altura do campeonato, e dada a recuperação da brasileira TAP M&E, esta empresa de manutenção aeronáutica (que entretanto entrou no estratégico setor militar) deve manter-se, obviamente, no que vier a resultar da reprivatização. A PGA, pelo contrário, é um abcesso a lancetar.


ÚLTIMA HORA

Governo recebeu três propostas pela compra da TAP 
ANA MARGARIDA PINHEIRO
JN | 15 maio, às 17:27
O Governo já recebeu três propostas para compra da TAP. A poucos minutos do fim do prazo, tanto David Neeleman como Gérman Efromovich fizeram as suas ofertas chegar ao Governo e prometem uma corrida acesa pela empresa. Também Pais do Amaral, sobre quem ainda restavam dúvidas, fez chegar uma proposta de compra.

Paes do Amaral é um especulador financeiro que não traz nem experiência nem know how para a TAP, e como tal deverá ser rejeitado. Gérman Efromovich é um desses pássaros em que não é bom confiar, até porque a sua Synergy Europe recentemente constituída no Luxemburgo (expressamente para adquirir a TAP) inspira todo o tipo de preocupações, e a sua tentacular Synergy Group (1) só poderia chupar a TAP até ao tutano, jogando depois a casca fora! Logo, fica a Blue, ou antes, a Azul, com experiência no ramo (foi pioneira da aviação Low Cost) e a precisar de crescer, possivelmente sustentada em capital norte-americano, para quem a Europa é ainda um destino cobiçado.

Nota sobre a Jetblue Airways

87 destinos
207 aeronaves (+123 encomendadas)
acordos com outras companhias: 37
sócio relevante: Lufthansa (15,85%)
pertence à Star Alliance, tal como a TAP e a Luftthansa
Cotada no NASDAQ: $21.42 (16/5/2015 09:20); $21.75 (20/5/2015)

Espero que haja alguém no governo com olhos de ver.

Pelo que fizeram até agora, espera-se sempre asneira. Neste caso, porém, se for asneira, só poderá ser das grandes!

PS: A posição de António Costa sobre a TAP é sórdida e cheira ao estilo do gangue que assaltou o PS e deu cabo do país. A mensagem encriptada dirigida aos potenciais compradores dos 61% da TAP cheira-me a caso de polícia, e de política ou responsabilidade de estado, não tem um pintelho, como diria o compadre Catroga, que já anda de braço dado ao Costa.

NOTAS
  1. O Synergy Group não está sequer cotado em bolsa. Quanto à sua subsidiária Avianca Holding S.A., que compara com a JetBlue Airways, tem 157 aeronaves, contra 207 da JetBlue, nenhum hub nos Estados Unidos, e a sua cotação no NYSE era de 18,39 USD, em janeiro de 2014, e de 11,10 USD em janeiro deste ano. Hoje, 20/5/2015, cotava a 11,15 USD, contra 21,75 USD da JetBlue Airways.

Atualização: 20/5/201513:45 WET

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Acordo Orthographico

Armas e brazão dos Pintos (Torre do Tombo)

 

A discussão mais apaixonada e pueril do meu país


A guerrilha em volta do Acordo Ortográfico é a prova do grau zero a que chegámos. Num país onde a maioria dos indígenas não sabe falar, quanto mais escrever, poetas, escritores, artistas e intelectuais, de toda a espécie e feitio, que, na sua maioria, também dão pontapés, a torto e a direito, na gramática, agitam-se com a orthographia!

Há alguns meses, durante uma das minhas estadias no Porto —o terroir gentílico— dei-me ao trabalho de transcrever um pergaminho herdado, escrito em 1669. Trata-se de uma certidão real atestando que um antepassado meu era mesmo Pinto de gema!

Ora leiam lá o que e como se escrevia em Portugal a meados do século 17, e concluam depois se há algum motivo que me leve a emendar a minha opinião sobre a natureza desmiolada do desacordo ortográfico.


NOTA

Basta ter atenção a algumas pequenas diferenças letristas (o s escreve-se frequentemente com f, o v é u, o u é v, o j, i, e o Í, J, o til é por vezes assinalado por um apóstrofo, o símbolo < usado nesta transcrição deveria ser sobrescrito, etc.) e todo o texto poderia ter saído do Diário da República!


PORTVGAL . REY - DARMAS . PRINCIPAL

NESTES REYNOS E SENHORÍOS DE PORTVGAL


pello mujto alto, & mujto poderofo Príncepe Dom Pedro noffo Senhor, per graça de Devs, Príncepe de Portugal, & dos Algarues, da Quem, & da Lem Mâr em Africa, & de Guíne, & da Conquífta, Nauegaça’o, & Comercío da Ethiopía, Arabia, Perfía, & da Índía & El<  Faço faber aos que efta mínha Carta de Certída’o & Braza’o de Armas de Nobreza & fídalguía de línhagem dígna de fee, & Crença vjrem; que por parte de I<oa’o Campello da Cofta Pínto Capita’o môr no Confelho de Ferreíros de Tendaís, & nelle mor da Comarca de Lamego, me foj feíta petíça’o per efcrípto¶  Dízendo que pellas juftífícacoe˜s, & documentos juntos, fe moftraua fer fílho legítímo de Manoel Campello da Cofta, & de fua legítíma molher María de Barros Pinto, & netto pella parte materna de Íorge Pínto da fonfeca, & bífnetto de outro Íorge Pinto, moradores q’ fora’o no Confelho de Aregos, & 3º netto de Íoa’o Pinto, ao qual o Sor Rey Dom Íoa’o o 3º no An< de 1538, mandou paffar Brazão de Armas da geração dos Píntos, pello Rey de Armas Portugal, q’anta’o era o Bacharel Antonio Roíz, por moftrar fer filho de Gonçalo Euchefe, & de fua molher Briolanja Pínto fa legítima de Ajres Pínto, q’ foj fidalgo mto honrrado do verdadeiro tronco da ditta geraça’o, quartos, & 5º Auôs do Supe, o qual ferue a Sua Mage no d’ Cargo de Capita’o [já ha mtos annos} c’o toda afatíffaça’o, & q’ a dítta fua May María de Barros Pínto, era jrm’a jnteira de Mel Pínto da fonfeca Capam môr no d^ Confo de Aregos, & de Antº Pínto da fonfeca [aos] quais fe paffou a cada hú feu Braza’o de Armas da d’ famílía por mdo do d^ Sor, & Requerendo elle Supe feu Braza’o na meza do Tribunal do Dezo do Paço, fe mandou dar [uista] ao procurador da Coroa, & do q’ de fuas Repoftas Refoltou, fe mandou paffar’ o d’ Braza’o de Armas ao Supe, pera dellas poder vzar, & gozar dos preuílêgíos a ella concedidos. Pello q’ me pediu, que pellas memorias dos dittos feus progínítores fe na’o perderem, & conferuaça’o de fua Nobreza, lhe deffe hú Efcudo com as Armas, q’ãd [linhagem] de direito pertencem, como eftaua mandado, & como fe paffara aos dittos feus 3º Auô, & Tios, pa dellas vzar nos actos em q’a Nobreza dellas lhe deffe lugar & Receberia merce [da] qual petiça’o fendome aprezentada com os documentos, & juftificações de q nella faz mença’o, fe mostraua, mandarffe pello Dezº do Paço dâr uifta ao precurador da Coroa & [finalmte] fe Refolueo q’ fe paffaffe ao Supe feu Braza’o como fo, netto, bifneto, 3º, 4º & 5º netto das peffoas nomeadas em fua petiça’o, & como fobrinho dos Referidos nella, a quem  {???} paffado feus Brazo~es, como confta do Liuro do Regifto da Nobreza, & finalmente  pellos dittos Auttos, fe moftraua juridicamte  prouado todo o contheudo em fua petiça’o [aos quais] Auttos me Reporto em todo, & por todo, & fica’o no Cartorio da Nobreza do Efcriua’o della, q’efta fobefcreueo, Em virtude, & cumprimto do d^ defpo, & mandado do Dez. do Paço, & do q dos dittos Auttos conftaua, & se moftraua pertencerem ao Supe as dittas Armas, como ditto he_< Proui, {?} bufquei os Liuros da Nobreza da nobre, & antigua fidalguía deftes Rnos, & nelles achei affentadas, & Regiftadas as Armas, da mto nobre, & antígua familia dos Píntos, q nefte Rno fa’o fidalgos de geraça’o, & Cotta Darmas, & nefta lhas dou diuizadas, & jluminadas co’ o Metal, & Côr, q’a ellas pertencem comforme Regras de Armaria pla manra feguinte: [e a] faber hú Efcudo pofto aobalon com o Campo de prata, & nelle fínquo Crefcentes de Lua fanguínhos apontados poftos em afpa com as pontas pera fíma, & por dífferença húa Bríca Azul carregada de hua Eftrela de prata < Elmo de prata aberto guarnído douro, Paquífê de prata & Vermelho, & por Timbre hú Leo pardo de prata armado de Vermelho, com hú dos Crefcentes das Armas na Efpadua < E porq~ eftas fáo as Armas, q~ a ditta linhagem pertencem lhas dej, & ordenei do mejo defta cõ o poder & authoridade, q~ de meu mto nobre, & Real Offício pera ifto tenho, pera dellas uzar, & gozar, como acto, & perrogatiua de fua Nobreza, & fidalguía, & co’ ellas poderá entrar em Batalhas, Campos, Duelos, Reptos, Defafios, Íuftas, & Torneos, & exercitar todos os mais actos de guerra, & pax, q~licitos, & honeftos forem, & trazelas em os feus Repofteiros, Firmais, Aneis, Sinetes, & mais couzas de feu feruiffo donde conuementemente efteião, fegdo a Nobreza dellas he diuido, & mandalas pôr nas portadas de fuas Cazas, Quintas, & Edifíçios, & dexalas fobre fua propria Sepultura, & finalmte fe podera feruir, honrrar, & aproueitar dellas em todo, & por todo, como fuas, q´fáo, & a fua Nobreza, & fidalguia conuem < Pello q Requeiro â todos os Dezembargadores, Corregedores, Prouedores, Ouuidores, Juízes, & a todas as mais juftiças de Sua Mge da parte do ditto Snõr, & da minha peço por bem do Offício da Nobreza, que tnho deixem trazer, lograr, & poffuir ao Supe, o Capitaó môr Îoão Campello da Cofta Pínto as dittas Armas & com ellas gozar de todos os preuilegios, graças, honrras, favores, merçes, perrogatíuas, jzenço~es, & mais liberdades â ellas comcedidas pellos Snor~s Reys deftes Reynos, & de q’ vza’o, & goza’o, & deuem vzar, & gozar os nobres, & antigos fidalgos de geraça’o, & Cotta Darmas, & em efpecial os da ditta geração, & affy mando a todos os Officiaes da Nobreza, cmo Îuiz, que fou defta, [W]Reys de Armas, [w]Arautos, & Paffauanies o cumprão, & guardem, como fe nefta conchem, & he declarado, fem duuida nem embargo algum, que a ello lhe feja pofto < Em fee do que lhe mandei paffar a prezente por my’ affinada, como o Sinal publico do Nome de meu Offício de que vzo < Dada nefta Corte, & mo nobre, & sempre leal Cidade de Lifboa aos Quinze de Mayo do Año do Nafcimento de Noffo Senhor Iesu Chrifto de Mil feis Centos feffenta & Noue Franco Mendes a fez pello Capita’o Franco Luis Ferreira Efcriva’o da Nobreza pello Princepe Noffo Sno’r, como Regente, & Gouernador deftes dittos Reynos, & Senhorios de Portugal < {assinatura} Rey d’Armas .P.

E para que toda esta tempestade num copo d'água possa ser ainda mais relativizada, recomendo este excelente vídeo sobre o drama histórico dos galegos em volta do idioma outrora comum.





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terça-feira, maio 12, 2015

TAP desfaz-se da PGA



A culpa não é dos trabalhadores da TAP, nem da PGA


Os principais responsáveis pelo colapso da TAP são Fernando Pinto e o Bloco Central que, agora, pretendem empurrar as culpas para os trabalhadores.

Há muito que vimos denunciando a instrumentalização da TAP pelos piratas do NAL—Novo Aeroporto de Lisboa.

É que para justificar um novo aeroporto e uma nova 'cidade aeroportuária', condição para entregar os terrenos da Portela à especulação imobiliária da Alta e Lisboa, cozinhada pelo PS com o senhor Ho, e especular também com os terrenos de um futuro NAL, seria necessário provar a saturação da Portela, e para isto, além de inundarem o país com mentiras, precisavam de fazer CRESCER A TAP.

Foi este o Padre Nosso do gaúcho Pinto ao longo dos últimos dez anos...

O resultado, sobretudo depois de Bruxelas ter imposto o fim do abuso de posição dominante pela TAP e SATA, foi a perda de competitividade galopante da empresa e o seu endividamento desastroso — de que a operação Brasil é apenas uma das componentes.

Antes das duas últimas duas greves já a TAP registava um passivo superior a dois mil milhões de euros!

  • Aviões antigos consomem demais (800 milhões de euros/ano em Jet fuel). 
  • Pessoal em excesso (580 milhões de euros/ano) comparam pessimamente com a concorrência que entretanto desembarcou em Faro, Porto, Funchal, Lisboa e Ponta Delgada. 
  • Em cima disto a implosão do sistema bancário, desde logo do BES (por acaso, o principal banco da TAP), foi a pancada que faltava para fazer ruir uma empresa pública que quis dar uma passada maior que a perna.

Quem não deve estar a gostar nada desta brincadeira é a Vinci, a quem impingiram a ilusão de uma TAP fulgurante e a miragem de uma cidade aeroportuária na Margem Sul.

Os árabes que financiaram a operação da Vinci devem estar a pensar: e nós que pensávamos ser os maiores aldrabões do mundo. Estes portugueses superam-nos!

Fernando Pinto defende reajustamento da TAP "à sua adequada dimensão"

"Infelizmente, a instabilidade que temos vivido fez-nos perder espaço no mercado, pelo que a nossa principal tarefa, no imediato, passa por reajustar a empresa à sua adequada dimensão", afirma Fernando Pinto numa mensagem enviada esta terça-feira aos trabalhadores.

Fernando Pinto considera que "no curto prazo será possível construir um plano que corresponda às necessidades atuais, que se traduzem numa expressão simples: dar um passo atrás para, em seguida, dar dois em frente".  Rádio Renascença

Reestruturação da TAP não exclui despedimentos

O plano de reestruturação financeira urgente pedido pelo Governo à TAP não descarta a realização de despedimentos. A companhia aérea está, neste momento, a analisar todos os cenários possíveis para superar os desequilíbrios causados pela greve dos pilotos e a redução do número de aviões - e consequentemente de equipas - é um dos cenários que está a ser ponderado, apurou o Dinheiro Vivo. DN Economia

Rússia e China unem-se contra o belicismo americano

O presidente da França, François Hollande, se encontra com Fidel Castro em Havana.
(Foto: Alex Castro / AP Photo) Globo

A desgraça anunciada dos vassalos europeus de Washington


“...unless the dollar and with it US power collapses or Europe finds the courage to break with Washington and to pursue an independent foreign policy, saying good-bye to NATO, nuclear war is our likely future.” — Paul Craig Roberts

Se há personagem caricata na política europeia, Hollande é certamente a mais deprimente. Só depois de Obama ter anunciado o desmantelamento progressivo do cerco que há mais de meio século os Estados Unidos mantém contra Cuba é que o presidente francês, representante do estado terminal do 'socialismo' europeu, teve a brilhante iniciativa de visitar Cuba. Ou seja, a Europa continua a ser uma mão cheia de estados vassalos do falido e declinante império americano.

Entretanto, a ocorrência mais importante da semana passada foi a resposta dada pela Rússia e pela China ao expansionismo provocatório e belicista dos Estados Unidos e da sua cauda militarista, a NATO, de que faz parte uma mão cheia de estados sem espinha dorsal, a começar pela França.

Washington tem feito tudo para montar um cenário de guerra global. Russos e chineses concluíram que esta inércia belicista está a rolar a toda a velocidade, e preparam-se para o pior: uma guerra nuclear.

Quem mais sofreu e quem realmente venceu a Alemanha nazi e o Japão? 

Ao contrário do que reza a mentira americana e inglesa, foram a ex-União Soviética e a China. Hoje estes dois grandes países estão unidos numa nova aliança estratégica contra a ameaça americana, cada vez mais provocatória e belicista, e que tem arrastado na sua cauda os vassalos imbecis e sem vergonha da Europa.





Vale a pena ler a este propósito:

War Threat Rises As Economy Declines
Paul Craig Roberts, Keynote Address to the Annual Conference of the Financial West Group, New Orleans, May 7, 2015

Ex-URSS e China pagaram a mais pesada fatura da II Guerra Mundial


EXCERTOS:
Wolfowitz Doctrine:

“Our first objective is to prevent the re-emergence of a new rival, either on the territory of the former Soviet Union or elsewhere, that poses a threat on the order of that posed formerly by the Soviet Union. This is a dominant consideration underlying the new regional defense strategy and requires that we endeavor to prevent any hostile power from dominating a region whose resources would, under consolidated control, be sufficient to generate global power.”

...

When Russia blocked the Obama regime’s planned invasion of Syria and intended bombing of Iran, the neoconservatives realized that while they had been preoccupied with their wars in the Middle East and Africa for a decade, Putin had restored the Russian economy and military.

The first objective of the Wolfowitz doctrine–to prevent the re-emergence of a new rival–had been breached. Here was Russia telling the US “No.” The British Parliament joined in by vetoing UK participation in a US invasion of Syria. The Uni-Power status was shaken.

This redirected the attention of the neoconservatives from the Middle East to Russia. Over the previous decade Washington had invested $5 billion in financing up-and-coming politicians in Ukraine and non-governmental organizations that could be sent into the streets in protests.

When the president of Ukraine did a cost-benefit analysis of the proposed association of Ukraine with the EU, he saw that it didn’t pay and rejected it. At that point Washington called the NGOs into the streets. The neo-nazis added the violence and the government unprepared for violence collapsed.

Victoria Nuland and Geoffrey Pyatt chose the new Ukrainian government and established a vassal regime in Ukraine.

...

The real reason for Quantitative Easing is to support the banks’ balance sheets. However, the official reason is to stimulate the economy and sustain economic recovery. The only sign of recovery is real GDP which shows up as positive only because the deflator is understated.

...
[o novo protecionismo, interessante...]

To restore the economy requires that offshoring be reversed and the jobs brought back to the US. This could be done by changing the way corporations are taxed. The tax rate on corporate profit could be determined by the geographic location at which corporations add value to the products that they market in the US. If the goods and services are produced offshore, the tax rate would be high. If the goods and services are produced domestically, the tax rate could be low. The tax rates could be set to offset the lower costs of producing abroad.

e...

...unless the dollar and with it US power collapses or Europe finds the courage to break with Washington and to pursue an independent foreign policy, saying good-bye to NATO, nuclear war is our likely future.

Washington’s aggression and blatant propaganda have convinced Russia and China that Washington intends war, and this realization has drawn the two countries into a strategic alliance. Russia’s May 9 Victory Day celebration of the defeat of Hitler is a historical turning point. Western governments boycotted the celebration, and the Chinese were there in their place. For the first time Chinese soldiers marched in the parade with Russian soldiers, and the president of China sat next to the president of Russia.

...

As the years have passed without Washington hearing, Russia and China have finally realized that their choice is vassalage or war. Had there been any intelligent, qualified people in the National Security Council, the State Department, or the Pentagon, Washington would have been warned away from the neocon policy of sowing distrust. But with only neocon hubris present in the government, Washington made the mistake that could be fateful for humanity.


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EUA: 22 estados falidos


Estados americanos com défices fiscais perigosos e ameaças pendentes de suspensão de pagamentos

Os PIIGS não passam de uma manobra de distração


Portugal, tal como os outros países visados pelo odioso acrónimo, chegaram à pré-bancarrota em grande medida por causa da fantasia de um crescimento virtual assente em dívidas públicas, empresariais e familiares exponenciais, políticas públicas neoneoneokeynesianas, e consumo conspícuo. Mas as grandes bolhas estão noutros lugares: Japão, Estados Unidos, Inglaterra. Não se vêm com a mesma acuidade porque os respetivos governos e bancos centrais mentem permanentemente sobre o que se passa. Olhando, porém, para a pobreza e instabilidade social crescentes nesses país compreendemos perfeitamente que o buraco negro criado —nomeadamente o Grande Buraco Negro dos Derivados Especulativos (OTC Derivatives)— poderá, a qualquer momento, empurrar o planeta para um colapso financeiro e económico bem pior do que o de 2008.

Quase metade dos estados dos EUA está oficialmente falida. E no entanto as agências de notação de crédito mantêm o país em AA+ (excellent) !!!

Via AP/ Zero Hedge:

An Associated Press analysis of statehouse finances around the country shows that at least 22 states project shortfalls for the coming fiscal year. The deficits recall recession-era anxiety about plunging tax revenue and deep cuts to education, social services and other government-funded programs.

The sheer number of states facing budget gaps prompted Standard & Poor’s Ratings Service to call the trend a sort of “early warning.”

“After all, if a state is grappling with a budget deficit now, with the economic expansion approaching its sixth anniversary, what will be its condition when the next slowdown strikes?” credit analyst Gabriel Petek wrote in a recent report.


[...]

The forces at work today are somewhat different than when the recession took hold in 2008. In some states, revenue growth has been stagnant, missing projections and making it difficult to keep pace with expanding populations and rising costs for health care and education. Other states have been hurt by a steep decline in oil prices or seen their efforts to promote growth through tax cuts fail to work as anticipated...

A majority of states have failed to climb back to their pre-recession status, in terms of tax revenue, financial reserves and employment rates, said Barb Rosewicz, who tracks the fiscal health of states for The Pew Charitable Trusts.

Alabama, for example, faces a $290 million shortfall after a voter-approved bailout expires at the end of the current fiscal year. If nothing is done, the courts will not have the staff to send jury notices, monitor juvenile delinquents, process protection orders and collect and distribute child support payments, he said.

“This is an insane proposition,” Hobson said. “The public would suffer.”

Nationally, total tax revenue coming to the states has been rising, but the pace has been slow as employment continues to lag pre-recession levels in more than half the states, according to the Pew Charitable Trusts. Pew also found that 30 states are collecting less revenue than at their peak.

The Census Bureau recently reported that total state government tax collections in fiscal year 2014, which in most states ended last June, increased 2.2 percent over the previous fiscal year. That represented the fourth consecutive overall increase, but 17 states reported declines in tax revenue from the previous fiscal year, according to the report. Alaska saw the biggest drop, of $1.7 billion.

In Illinois, lawmakers are trying to figure out how to close a $6 billion projected shortfall for the next fiscal year, due largely to the expiration of a temporary tax increase [and] in Kansas, the Republican governor and GOP-dominated Legislature now confront budget deficits after aggressive tax cutting that prompted them to reduce school funding this spring.


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segunda-feira, maio 11, 2015

TAP: quanto custou a greve?

Às receitas perdidas anunciadas pelo rapaz dos finos há que subtrair as despesas não realizadas com combustível e pilotos.




A poupança em combustível e pilotos deverá ter andado pelo 8 milhões de euros. Ou seja, o rombo pode não ter ultrapassado os 17 milhões de euros.

No estado a que isto chegou, ideias precisam-se! Tal como na Austrália, há que fazer pela vida ;)

domingo, maio 10, 2015

Novo Banco, Nova TAP


Se o Novo Banco não puder esperar até 2016, então a TAP também não


Os protagonistas da agonia da TAP, e já agora, da SATA, comportam-se como baratas tontas, procurando desesperadamente empurrar as culpas do desastre à vista uns para os outros. Todos coincidem, porém, na teimosia: ninguém arreda pé das posições entretanto ocupadas.

A arara do SPAC já não diz coisa com coisa, vociferando apenas que os pilotos que representa preferem uma vitória de Pirro a ceder no que todos os demais trabalhadores deste país cederam: cortes nos salários. O governo prefere perder trinta milhões de euros e ganhar uma crise governamental, a assumir compromissos passados que lhe custariam bem menos dinheiro e chatices. E por fim o novo caceteiro do PS, António Costa, rasga todos os documentos que o PS assinou com a TAP, com Bruxelas e com a Troika, desde 2009 até que o governo de que fez parte foi corrido deixando para trás um país na bancarrota que levará décadas a reerguer, ameaçando agora os possíveis interessados na reprivatização da empresa.

A situação da TAP é simples de descrever
  1. Custa em combustível 800 milhões de euros por ano (logo, precisa desesperadamente de renovar a sua frota envelhecida, com aviões mais económicos: A350 e A320).
  2. Custa em pessoal 580 milhões de euros por ano (um rácio desastroso face ao número de passageiros que transporta).
  3. Tem uma dívida de 1.062 milhões de euros (o equivalente a uma Ponte Vasco da Gama).
  4. Mas o seu passivo total registado é bem maior: 2.072 milhões de euros (ver Relatório Anual e Contas de 2014)
  5. Assumiu ainda compromissos firmes para aquisição de 12 Airbus A 350-900 num montante superior a 2.500 milhões de euros (vender estas posições equivaleria a um harakiri imediato da companhia).
  6. Os seus principais ativos são: o hub da Portela, pilotos, pessoal de manutenção, slots (reserva de pista para descolar e aterrar aviões), e ainda as encomendas e reservas de doze a quinze A350, e oito A320. A marca TAP e o famoso goodwill da empresa valem pouco mais que um caracol.
  7. Tem manifesto excesso de pessoal quando comparada com as companhias concorrentes.
  8. As mordomias de que ainda gozam administradores, pilotos e demais pessoal estão a desaparecer em toda a parte.
  9. As provisões ilegais da Parpública e os empréstimos por baixo da mesa, nomeadamente do ex-BES e da Caixa geral de Depósitos, que permitiram à gestão político-partidária da TAP empurrar os problemas com a barriga, e continuar a endividar-se, foram falsas soluções entretanto descontinuadas pelos grandes credores do país.
  10. Finalmente, sem capital fresco e uma reestruturação profunda, o modelo estratégico imaginado por Fernando Pinto ruirá como um baralho de cartas antes das próximas eleições, se entretanto não for encontrado um comprador credível que tome a maioria do capital social da TAP, reestruture a empresa e invista!

A TAP e o Novo Banco estão indissociavelmente ligados


O ex-BES e o ex-GES foram as principais alavancas financeiras da TAP, a par do Crédit Suisse. Por esta razão estas duas entidades foram as principais assessoras financeiras da primeira tentativa falhada de reprivatização. Seria bom sabermos em que posições estão neste momento o Crédit Suisse e o Novo Banco face a este processo. Saíram de cena? Continuam dentro?

As dívidas da TAP ao GES/BES não foram para o banco mau (não podia!), e portanto estão na carteira do Novo Banco. Qual é a exposição do Novo Banco à TAP? Alguém sabe? Eu presumo que seja muito elevada, e por isso presumo também que ninguém comprará o Novo Banco sem saber previamente o que vai acontecer à TAP.

Imaginem que os piratas do PS regressavam ao poder e recusavam pagar as dívidas. Alguém quererá correr semelhante risco?

Penso que não, e daí a pressa em atacar a bolha cheia de pus em que a TAP se transformou, de uma vez por todas. Enquanto não for esclarecido o futuro da TAP —reprivatização, ou TAPezinha—, a compra do Novo Banco não arrancará, e se não arrancar nos prazos previstos, isto é, até ao fim de junho, o BCE fará o que fez aos Espírito Santo: resolve a TAP num fim-de-semana!


As baratas tontas
“Conseguimos infligir um dano de €30 milhões na TAP”  — Hélder Santinhos, SPAC. Expresso, 08.05.2015

Hélder Santinhos, dirigente daquela estrutura sindical, realçou que os custos da greve, que teve início a 1 de maio e se prolonga até ao dia 10, são na casa dos 30 milhões de euros e as exigências feitas pelo sindicato ao Governo o e à TAP representam 6,5 milhões de euros por ano.

Pires de Lima desafia António Costa a explicar como vai salvar a TAP

O secretário-geral do PS não se limitou a defender que os privados não devem controlar a TAP, como fez um aviso: “Espero que ninguém pense em comprar mais de 49%.”

[...]

As declarações de Costa sobre a TAP (e também a Carris e o Metro) levaram também o líder parlamentar do PSD a acusar o secretário-geral do PS de “condicionar o mercado”. Luís Montenegro lembra que foi “o PS que lançou a privatização e que a incluiu no PEC I, II, III e IV”, estranhando que seja o líder socialista que “agora vem condicionar o mercado levantando problemas sobre a privatização...”

Diário de Notícias, 10/05/2015

ÚLTIMA HORA

TAP quis dar mais ajudas de custo e horas extra. Pilotos rejeitaramDinheiro Vivo, 11/05/2015

Afinal o Governo andou a negociar de gatas, em vez de avançar para um Requisição Civil, como deveria ter feito. Como é possível querer vender uma empresa e entupi-la de compromissos insustentáveis para quem quer que se disponha a pegar nos cacos e reestruturar a TAP?
Atualização: 11/05/2015, 10:16

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sexta-feira, maio 08, 2015

Cameron arrasa sondagens

Infografia: BBC

Dois grandes vencedores: David Cameron e Escócia


O grande problema das 'esquerdas' é que, depois de verem o seu modelo invalidado pela História, se transformaram em forças políticas residuais, estagnadas e a transbordar de corrupção e autoritarismo.

Esperemos que o eleitorado português acorde para a realidade, e deixe de sonhar com o Euromilhões cor-de-rosa. É que não existe mesmo!

E quanto ao UKIP, aqui vai uma demonstração...





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quinta-feira, maio 07, 2015

SATAzinha


Depois da TAPzinha, a SATAzinha—cortesia das alucinações estratégicas do PS


Mais uma empresa 'estratégica' que os 'socialistas' incharam até rebentar. E rebentou.
Qual é, já agora, a dívida do governo açoriano à SATA, senhor Carlos César?

A SATA vai deixar de voar para a Europa já depois de junho. Continuará a voar para o Continente, até ver. E é bem possível que os canadianos, mais cedo do que tarde, preparem uma surpresa para as ligações Açores-Canadá e Açores-Estados Unidos. A oportunidade é de ouro para quem, como os canadianos, querem ensaiar voos intercontinentais low cost. Há uma companhia na calha. Chama-se Rouge.

Quando ao resto e é conhecido o que nos vale é que a easyJet e a Ryanair já começaram a salvar as ilhas dos seus donos cor-de-rosa.

Diz-me fonte geralmente bem informada que a Air Nostrum é capaz de em breve começar a sonhar com pilotos açorianos para iniciar o serviço entre ilhas. Na realidade, a Macaronésia até merecia uma empresa dedicada.

A culpa do colapso do setor dos transportes em Portugal é obviamente dos 'socialistas' e dos 'comunistas' que temos, mas o rapaz dos finos e o moço das PPP, e a coligação que deixou correr o marfim até chegarmos a isto, vão sair chamuscados de tudo isto. Ai vão, vão!

Rotas da SATA para Europa dão prejuízos anuais de quatro a seis milhões de euros

As rotas para a Europa da SATA representam quatro a seis milhões de prejuízos anuais, revelou hoje o presidente da administração da empresa, tendo os partidos da oposição nos Açores sublinhado que foram mantidas por indicação do executivo açoriano.

 Os deputados da oposição lembraram que estas rotas começaram a ser feitas e se mantiveram por indicação do Governo dos Açores, único acionista da SATA, como aliás já foi assumido pelo executivo, que argumentou com a sua importância para o turismo do arquipélago.

O PSD reforçou hoje que o executivo "obrigou" a companhia a manter uma opção danosa financeiramente, enquanto o deputado do PCP, Aníbal Pires, considerou mesmo que a situação de degradação financeira da SATA se deve "às opções" que o Governo dos Açores lhe impôs sem lhe pagar os serviços que pede.

SIC/Lusa

«A SATA deixa de voar para a Europa»
Executive Digest, Fevereiro 12, 2015

A SATA tem, e isso está vertido expressamente no plano, duas dificuldades de natureza diferente.
Tem uma dificuldade financeira, que decorre de ter um crédito bastante elevado sobre várias entidades, e de ter ao mesmo tempo, e em parte por causa disso, um financiamento bancário de curto prazo também de montante muito elevado. Isso leva a que seja uma empresa com dificuldades de financiamento, que é muito importante no sector da aviação, e a uma empresa com uma função financeira muito pesada, ou seja, com custos de capital muito altos porque mais de dois terços da sua dívida é dívida de curto prazo. A par disso, a SATA tem algumas dificuldades não menos importantes de natureza operacional.


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Lucros caem

A inversão da tendência demográfica expansionista é evidente
(clique para aumentar)

Temos que aprender a ser felizes com menos consumo, menos capital e menos trabalho


Basta escrever na janela de pesquisa do Google, como hoje, 7 de maio de 2015, fiz:

— lucros caem,

para ver como está a economia...

E basta olhar para o gráfico acima —previsão da ONU sobre a taxa de crescimento demográfico mundial— para esquecermos toda a demagogia partidária e das instituições governamentais sobre o regresso ao crescimento nas economias, no emprego, nos rendimentos do trabalho e de capital, nos lucros das empresas, e sobretudo no consumo conspícuo suportado pelo endividamento crescente das pessoas, das empresas e dos governos.

O período de crescimento rápido iniciado por volta de 1897 chegou ao fim. Entrou em crise no início da década de 70 do século passado, mas a conclusão natural do ciclo foi sendo sucessivamente adiada por via da expansão do crescimento assente no consumo e no endividamento, e ainda pela globalização.

  • Lucros da Samsung caem 39% nos primeiros três meses de ...
  • Lucros da REN caem 7% com taxa sobre o sector 
  • Lucros da Sonangol caem 77%
  • Lucros da Jerónimo Martins caem mais de 20% num ano ...
  • Lucros da Allianz Portugal caem 33 em 2014 para cerca de ...
  • Lucros das seguradoras caem para 28 milhões em 2014
  • EDP: lucros caem 6,2%, mas mantêm-se acima de mil ... 
  • BlackBerry afunda: lucros caem 58% no trimestre ...
  • A Research in Motion afundou 22% na bolsa de Frankfurt ...
  • Lucros da sands china caem 54,2% devido à queda das ...
  • Lucros da McDonald's caem 33% no primeiro trimestre de ...
  • Lucros das seguradoras caem para 28 milhões em 2014 ...
  • OJE | Lucros do Barclays caem 52% no primeiro trimestre
  • Receitas públicas caem 32% e espelham quebra nos lucros ...
  • Exame Angola – Lucros da banca caem para metade
  • Lucros da Novabase caem 4,4 milhões de euros em 2014 ...
  • Lucros da Sonae caem 61% até Setembro - Sol
  • Lucros do Barclays caem 52% no primeiro trimestre ...
  • ...

Este colapso evidente dos lucros ocorre num ambiente de empregabilidade onde abundam as empresas de trabalho negreiro ('temporário') e os estágios sem remuneração a que, por exemplo em Portugal, o PSI 20 recorre profusamente.

No caso das empresas de trabalho temporário, há vínculos que amarram as pessoas economicamente mais frágeis a bancos de horas de salário mínimo, 40h/semana, sem fins-de-semana, nem feriados, nem férias...

Não estamos longe da escravidão do Qatar.

Até que um dia a revolta parta a loiça toda e a perseguição aos políticos corruptos tome as ruas de Lisboa, Porto, etc. Como vem acontecendo num número crescente de cidades: Londres, São Paulo, Baltimore, Milão...

Onde estão as denúncias fundamentadas por parte dos realejos do PCP e do Bloco?


Se gostou do que leu apoie a continuidade deste blogue com uma pequena doação A sociedade civil precisa de assumir a gestão democrática para lá dos enquadramentos institucionais tradicionais. Temos que reinventar a democracia!

segunda-feira, maio 04, 2015

Fim de festa


Esta era nasceu de guerras e revoluções. A próxima, não sabemos.


Uma reflexão simultaneamente melancólica e realista de Bill Gross, um dos grandes gestores financeiros americanos dos últimos quarenta anos, sobre uma era que está a chegar ao fim.

Envelhecimento demográfico, elevados níveis de endividamento/PIB, e destruição tecnológica de emprego, são uma combinação letal. Todos morremos, como morrem todas as eras de crescimento assentes em 'revoluções de preços' (inflação). Esta, que vem de 1887 (Fischer, D. H.), chegou ao fim. Segue-se uma nova era de deflação, regressão demográfica (Portugal poderá chegar a 2050 com menos 750 a 800 mil residentes que hoje), elevados níveis de desemprego estrutural, envelhecimento da população (a sustentabilidade do estado social tenderá a degradar-se), quebra dos rendimentos do trabalho e do capital, instabilidade social, política e diplomática recorrente, e finalmente, adaptação.

Possivelmente assistiremos a um novo renascimento cultural, por mais paradoxal que este vaticínio pareça. Será, com certeza, noutro paradigma energético, noutro paradigma de consumo, e noutro paradigma de felicidade.

A Sense of an Ending
By Bill Gross
Janus Capital / Investment Outlook, May 4, 2015

Having turned the corner on my 70th year, like prize winning author Julian Barnes, I have a sense of an ending. Death frightens me and causes what Barnes calls great unrest, but for me it is not death but the dying that does so. After all, we each fade into unconsciousness every night, do we not? Where was “I” between 9 and 5 last night? Nowhere that I can remember, with the exception of my infrequent dreams. Where was “I” for the 13 billion years following the Big Bang? I can’t remember, but assume it will be the same after I depart – going back to where I came from, unknown, unremembered, and unconscious after billions of future eons. I’ll miss though, not knowing what becomes of “you” and humanity’s torturous path – how it will all turn out in the end. I’ll miss that sense of an ending, but it seems more of an uneasiness, not a great unrest. What I fear most is the dying – the “Tuesdays with Morrie” that for Morrie became unbearable each and every day in our modern world of medicine and extended living; the suffering that accompanied him and will accompany most of us along that downward sloping glide path filled with cancer, stroke, and associated surgeries which make life less bearable than it was a day, a month, a decade before.

Turning 70 is something that all of us should hope to do but fear at the same time. At 70, parents have died long ago, but now siblings, best friends, even contemporary celebrities and sports heroes pass away, serving as a reminder that any day you could be next. A 70-year-old reads the obituaries with a self-awareness as opposed to an item of interest. Some point out that this heightened intensity should make the moment all the more precious and therein lies the challenge: make it so; make it precious; savor what you have done – family, career, giving back – the “accumulation” that Julian Barnes speaks to. Nevertheless, the “responsibility” for a life’s work grows heavier as we age and the “unrest” less restful by the year. All too soon for each of us, there will be “great unrest” and a journey’s ending from which we came and to where we are going.

Read more / Download Outlook


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A formiga branca partidária




Em Espanha há 445 mil políticos. O dobro dos que há em Itália, e trezentos mil mais que na Alemanha. E em Portugal?


Vale a pena passar os olhos por este exemplo paradigmático do parasitismo partidário que consome as democracias europeias, como se fosse uma formiga branca. Não há nenhum Wikiblues lusitano que apure o tamanho da nossa corte partidária? Seria melhor que adormecer a ouvir os economistas de serviço e os seus cenários macroeconómicos pueris.

http://wikiblues.net/node/9456



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domingo, maio 03, 2015

TAP—FOSUN

Um cenário possível
Clique para ampliar

Depois da tempestade...


Os partidos gritam por causa do IVA da restauração. O PS faz contas ao número de potenciais eleitores ligados aos tascos e tasquinhas do país, e promete baixar dos atuais 23% para 13%, afirmando que assim irá salvar um setor onde continua a predominar a informalidade e a fuga aos impostos (o PS sempre gostou da aldrabice).

Nesta gritaria, a coligação que defende a taxa de 23%, prisioneira de um quadro constitucional que reprime a diminuição da despesa do estado, afirma que a alternativa é recorrer a mais receita fiscal. Neste caso, o resultado traduz-se numa arrecadação suplementar de 230 milhões de euros.

Vejam agora, por comparação, o que o subsídio público à TAP nos custou, só em 2014: 367 milhões de euros! Esta fatura foi passada à vaca leiteira Parpública, a qual, no mesmo exercício, registou 461,9 milhões de euros de prejuízos.

Em 2015 a fatura será ainda maior se o mal não for cortado pela raiz (leia-se privatização).

A nossa análise da situação da TAP é obviamente desinteressada, ao contrário das adivinhações da administração da TAP, do Governo, da banca exposta ao buraco de dívidas da empresa, do SPAC e dos pilotos não sindicalizados, da generalidade dos trabalhadores da empresa, dos fornecedores e do turismo.

O António Maria e os seus amigos preocupam-se com os erros e com a corrupção pandémica que nos atingiu, e escrevem a favor do que julgam ser as melhores estratégias para o país. A centena de artigos escritos sobre a TAP e a estratégia aeroportuária e ferroviária de que precisamos provam a bondade das nossas intenções. Temos acertados nas previsões e felizmente algumas das decisões estratégicas mais catastróficas (Ota e Alcochete, nomeadamente) caíram sob o peso da realidade.

A TAP, como está, é um cancro. Só a sua progressiva privatização a poderá salvar do pior.

A TAP precisa de capital, ou seja, de um acionista privado maioritário (61%), da participação dos seus trabalhadores no capital da empresa (5%), da dispersão de 30% do capital por outros interessados (por exemplo, as câmaras de comércio portuguesas espalhadas pelo mundo), e da retenção nas mãos do estado de uma pequena percentagem do capital da companhia: 4%.

A TAP precisa de parar a estratégia ruinosa que tem seguido até aqui, nomeadamente ao subestimar o paradigma Low Cost (que veio para durar).

A TAP precisa de uma reestruturação profunda e de uma nova gestão, livre dos condicionamentos da cleptocracia indígena que a manipulou, conduzindo a empresa pública à ruína.

A União Europeia, que neste momento está perfeitamente informada sobre a insolvência da TAP, terá já dado instruções a Passos Coelho sobre o que estará disposta a fazer. Tal como no caso do BES, o ponto de não retorno foi atingido: é preciso resolver imediatamente o problema da TAP!

Acontece que o ex-Grupo BES é provavelmente a instituição financeira mais exposta ao buraco financeiro da TAP (a par da Caixa Geral de Depósitos). Quantas centenas de milhões de euros em crédito à TAP estão registados nas múltiplas operações em que o BES, o GES e a TAP estiveram envolvidos? Só a operação Airbus A350 representa uma exposição superior a 2,5 mil milhões de euros!

A nossa intuição diz-nos que a operação de privatização do Novo Banco precipitou a clarificação do processo de privatização da TAP, precisamente por causa da exposição da nova instituição financeira à companhia aérea portuguesa.

No dia 10 de maio, se não for antes, termina a greve da TAP. No dia 15 de maio termina o prazo da entrega de propostas vinculativas para a aquisição de 61% do capital da TAP (os restantes 5% da fatia em processo de privatização são destinados aos trabalhadores do Grupo TAP). Por sua vez, até ao fim do mês de junho, os cinco candidatos à compra do Novo Banco, entretanto escolhidos pelo Banco de Portugal, terão que apresentar as suas propostas vinculativas de compra.

Sem reestruturação prévia da TAP, com as restrições conhecidas do caderno de encargos, e sem se saber a verdadeira dimensão do endividamento e conhecer todos os credores, só um louco (ou um inside trader muito aventureiro) arriscaria oferecer um euro que fosse pela companhia.

A privatização da TAP está, em certa medida, dependente da venda do Novo Banco, e esta está provavelmente dependente do desfecho da privatização da companhia aérea.

O grupo privado chinês FOSUN, que já comprou o Hospital da Luz e a companhia de seguros Fidelidade, e detém cerca de 5% da REN, é um dos candidatos à compra do Novo Banco. Se vencer a concorrência espanhola (espero que vença) a TAP será naturalmente um ativo muito apetecível. Na realidade, as dívidas da TAP ao Novo Banco devem superar os famosos 300 milhões de euros que o Governo espera arrecadar da privatização. Se assim for, e a FOSUN, como sucessora do Grupo BES, poderá comprar a TAP pelos famosos 60 milhões de contos (o valor que Cravinho pedia, em 1999, pela companhia), transformando as dívidas da TAP em capital.

O aparecimento de um grande grupo económico-financeiro chinês em Portugal é uma opção estrategicamente boa para Portugal. Equilibra a pujança das presenças espanhola e angolana num quadro de ruína e extinção dos rendeiros do regime que não souberam ler a tempo o futuro.

Se esta for a floresta, as pequenas árvores retorcidas que se agitam nos média não farão grande diferença.


Nota final: a FOSUN é o maior acionista do Club Med. Ou seja, aviões, aeroportos, barcos e portos, comboios e ferrovia, estão certamente no radar dos seus investimentos futuros. O comércio marítimo e ferroviário, o turismo e as prestação de serviços de saúde de alto valor acrescentado são fileiras a conquistar no curto prazo. Haverá cada vez mais africanos e asiáticos ricos a demandar a Europa. Portugal é uma das principais portas de entrada, não só de petróleo, gás natural e outros recursos estratégicos (sobretudo se as nuvens negras continuarem a crescer na Ucrânia e no Médio Oriente), mas também de pessoas. Que precisa a FOSUN para crescer rapidamente em Portugal? De um banco... e da TAP!


POS SCRIPTUM—A Catarina do Bloco é contra a privatização. Defende, pois, que os pensionistas continuem a levar cortes e mais cortes para alimentar corvos a pérolas, e que as empresas continuem a fechar portas para que a TAP continue a voar alegremente, às costas dos contribuintes. Por outro lado, a Catarina defende que Portugal não deve pagar o que deve. Matematicamente faz sentido. Gasta-se o que não se tem, pede-se emprestado, e depois não se paga. O problema é que o mano Mário, a prima Lagarde, e a tia Merkel já perceberam que esta matemática é um pouco estranha. E como perceberam, decidiram fechar a torneira do crédito, e só a abrem para deixar correr umas pinguinhas de vez em quando, desde que saibam muito bem para onde vai a massa. Para TAP, tão cedo, não haverá um cêntimo mais. Capiche, Margarida Martins do Bloco sem emenda, nem remédio?

Atualização: 9/5/2015 15:12

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Buybacks: o embuste do mercado de capitais

Réplica da Torre Eiffel numa urbanização chinesa

Não há crescimento, há bolhas que incham e outras que rebentam

O principal mecanismo do embuste financeiro em curso desde 2008 tem origem nos bancos centrais e apoia-se em dois pilares principais:
  1. monetização das dívidas públicas (QE e EQE), através da criação de dinheiro meramente contabilístico, i.e. sem contra-valor real, para emprestar aos governos, adiando-se assim colapsos sociais iminentes e potencialmente catastróficos (os tumultos na América e os fogos de rua que precederam a inauguração da Feira de Milão revelam que os barris do desespero social estão prontos a explodir à menor faísca);
  2. empréstimo de dinheiro contabilístico, criado pelos bancos centrais (QE e EQE), aos bancos comerciais e de investimento para que estes financiem as grandes empresas cotadas em bolsa, ajudando-as a manter a ficção do mercado de capitais e de futuros, através da alavancas de crédito orientadas para a prática generalizada da compra de ações próprias ('buybacks').
Vivemos pois, à escala global, numa economia de ficção.

As fugas em frente de matriz keynesiana tiveram e continuam a ter lugar na China, na América e na Europa. A experiência portuguesa deu o que deu: forrobodó socratino, pré-falência do país, entrada dos credores pelo país dentro e uma década de austeridade aflitiva. As réplicas sucedem-se: BPN, BES, TAP, etc.

É por estas e outras que o documento macroeconómico para a década, para já, não passa de um exercício de cenografia sem conteúdo.

For those who require still more proof that the rally in US equities has become inextricably linked with corporations leveraging their balance sheets to repurchase their own shares, JPM is out with an in-depth look at buyback trends which strongly suggests — unsurprisingly —that buyback activity has indeed been very supportive of US shares over the last several years.

The US Equity Bubble Depends On Corporate Buybacks; Here's The Proof
Zero Hedge, Submitted by Tyler Durden on 05/02/2015 09:56 -0400

According to a recent report from the management consulting firm McKinsey & Company, China’s total debt in 2007, counting that of private households, independent firms, and government institutions, equaled 158 percent of the country’s GDP. In 2014, it reached 282 percent of GDP—among the world’s highest levels for a major economy.

China's Dangerous Debt
Why the Economy Could Be Headed for Trouble
By Zhiwu Chen / Foreign Affairs


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sábado, maio 02, 2015

SPAC diz que pode acabar com a greve amanhã

Comandante Lino da Silva


Parece que o Lino deu um passo maior do que a perna! 


É tempo de o presidente e a direção do SPAC agirem de acordo com o seu mandato, em vez de continuarem a seguir um estratega que custa os olhos da cara e resolveu jogar à roleta russa com o Sérgio Monteiro, numa altura em que é pública a falta de interessados na privatização da TAP.

Sempre me interroguei porque motivo estariam os pilotos a deixar que o governo fizesse deles o bode expiatório da bancarrota da TAP, consequência da gestão criminosa da casta que capturou o país, os partidos e os governos nos últimos vinte anos.

Acabei por engolir a história do copo cheio, e do já não haver nada a perder. Mas a proximidade do prazo limite da reprivatização —15 de maio— fez-me sempre pensar que teria que haver algo mais e de muito estranho.

Lá estranho é!
Investigação da RTP revela origem do conflito entre pilotos da TAP

RTP, Diana Palma Duarte/Rui Cardoso/Liliana Claro
01 Mai, 2015, 14:59 / atualizado em 01 Mai, 2015, 18:19

A mais polémica greve da TAP está a colocar pilotos contra pilotos. Uma investigação da RTP apurou a origem deste conflito. O foco deste é o assessor financeiro do sindicato que é acusado de ser o grande estratega da paralisação.

A greve dá ao governo o pretexto ideal para, mentindo com todos os dentes dos seus governantes, e ainda os de António Costa, rasgar o caderno de encargos e vender sem mais chatices a empresa a quem ficar com o Novo Banco. Por um euro e uma garrafa de Champagne!

Entretanto, no final do Sexta às 11 (RTP), sobre a greve dos pilotos da TAP, o representante mandatado do SPAC anunciou que estariam dispostos a terminar a greve já amanhã.


Para tal seria apenas preciso que o governo acedesse a sentar-se de novo à mesa das negociações, pois a Gerência da TAP, como se sabe, não passa de uma figura de retórica e uma testa de ferro sabe-se lá de quem.
Hélder Santinhos (SPAC): "o SPAC está aberto a negociar, mas as portas estão fechadas por parte do Governo" — Expresso.
O Governo tem a obrigação de reunir-se com o SPAC amanhã de manhã, ou ainda esta noite, e ambos devem suspender a greve, reiniciando um período de negociação pública, à vista de todos, sobre os assuntos relevantes que preocupam os pilotos, os restantes trabalhadores da TAP, o governo e o país.

Menos que isto será a prova que o Governo teria agido de má fé em todo este processo, procurando fazer do SPAC um bode expiatório do fracasso patente da sua inexistente política de transportes, em particular no caso da TAP.

Mas há ainda uma hipótese sinistra

Uma greve de dez dias, em vésperas do anúncio do resultado do concurso de reprivatização, poderia servir para tornar mais digerível a venda da TAP por um valor irrisório, combinado debaixo da mesa, e precedida do encerramento da empresa e sua reabertura no dia seguinte, com menos 30% dos trabalhadores e nenhum compromisso laboral herdado, os quais cessariam automaticamente com o fecho da empresa. As indemnizações por cessação dos contratos de trabalho ficariam do lado dos contribuintes, a inscrever no orçamento do próximo ano.

Neste caso, em que só uma pequena parte dos pilotos será dispensada, a greve da TAP apareceria como o veículo de um enorme negócio de duvidosa legalidade. Senhora Procuradora-Geral da República, fica aqui o alerta.


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sexta-feira, maio 01, 2015

Os economistas de serviço

Mário Centeno gosta de modelos econométricos. E depois?

O cenário macroeconómico da treta do PS


Mário Centeno: "Mexidas nas taxas contributivas criam cerca de 45 mil postos de trabalho"
Negócios, 01 Maio 2015, 09:00 por Elisabete Miranda

Faz de conta que vamos acreditar nos economistas do palácio em chamas do regime.

Lemos, lemos, lemos, e só achamos mercearia estatística e macro-economia da treta. Quem manda no país são os credores, e quem manda no Orçamento do país é Bruxelas. O resto é fogo-de-vista para embasbacar os indígenas que ainda não emigraram. Ou seja, os velhos e as crianças.

As últimas não votam. E 91% dos reformados e pensionistas auferem rendimentos sociais entre 364 e 1167€. Ou seja, não se pode mexer nas pensões de dois milhões de eleitores potenciais, e é nos dois escalões seguintes (pensões médias de 2013 €, e de 2.879 €, que o Estado terá que inevitavelmente fazer mais alguns 'cortes de cabelo' austeritários, com repercussão visível no mapa da redução da despesa que é preciso apresentar aos credores, nomeadamente ao BCE.

Os mais ricos, onde se situam todos os ex-deputados e ex-governantes do país, também deveriam levar uma boa poda nas pensões, mas o impacto no orçamento desta poda, de que continuaremos a ouvir gritos, choro e ranger de dentes das Ferreiras e dos Félix deste cantinho à beira-mar plantado, é mínimo, embora não devamos subestimar o impacto ideológico e cultural da coisa.

Por outro lado, continuar a cortar à toa nas despesas de capital, transformando Portugal numa ilha ferroviária, e mantendo em geral o país estagnado, é algo que vai mudar na próxima Legislatura, mas não por causa dos professores-pardais arrebanhados pelo nada fiável Costa do PS. É de Bruxelas que vem a liquidez virtual para ver se a Europa evita uma revolução social violenta.

Mas também neste ponto, aliás crucial, é preciso um governo muito vigiado pela cidadania, nomeadamente pela Blogosfera, para impedir o regresso ao saque.

Por fim, a legislação laboral é injusta para quem está fora dela, nomeadamente as centenas de milhar de pessoas que são contratadas por empresas de trabalho temporário, para serem depois escravizadas nas empresas do PSI20, sob o olhar distraído e míope da corja partidária, e da indigente imprensa que temos. E é também injusta para a esmagadora maioria das nano, micro e pequenas empresas que, pela via da hipocrisia da esquerda burocrática arregimentada, são empurradas para a clandestinidade fiscal e social.

Num sistema demopopulista e neocorporativista como aquele que temos e ainda não foi depurado, o PS de António Costa só nos pode trazer retrocesso e desgraça, ao contrário da coligação que está, apesar das asneiras e subserviências manifestas da liderança de Passos Coelho — sobretudo nas coutadas da energia e dos transportes.

Quanto aos economistas de serviço, por muito queridos que sejam, e são, acabarão despedidos ao menor solavanco nas sondagens, ou à menor pressão dos piratas que mandaram sempre e continuam a comandar o PS.

Como canta o realejo de Carlos Carvalhos, que o inapto Costa tem usado abundantemente, como se fosse um miúdo da JCP, cenários todos fazemos, brincar à macroeconomia todos brincamos. Mas o que é preciso é mudar de política!


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TAP morreu por subestimar as Low Cost



A TAP foi vítima de má gestão e da nomenclatura do regime


A Imprensa local não está a explicar a principal causa da falência da TAP...

A principal causa do colapso da TAP chama-se Low Cost, ou melhor, a falta de resposta da ruinosa gestão da TAP ao desafio das Low Cost. Fernando Pinto chegou a dizer que eram as Low Cost que tinham que cuidar-se, e não a TAP!

Dado essencial: 60% do mercado da TAP está na União Europeia

Produtividade: no caso do transporte aéreo de pessoas, mede-se pelo número de passageiros por trabalhador.

Então vejamos:
  • TAP: 630 passageiros por trabalhador
  • easyJet: 6.800
  • Ryanair: 10.000

Um exemplo do colapso da TAP face às Low Cost, que Fernando Pinto alegremente subestimou.


No passado, a TAP transportava, por ano, 800 mil passageiros para o Funchal
O custo de um bilhete de ida e volta era de 430 euros.
Quando a Easyjet entrou no Funchal a TAP perdeu 30% do mercado.
O preço dos bilhetes TAP, entretanto, caíram a pique pois a empresa de Low Cost fazia o mesmo serviço por 55 euros!
Ou seja, só nesta rota Lisboa-Funchal a TAP teve uma perda aproximada de 60 milhões de euros

RR/OAM

O fim da TAP e o senhor Creosote

Mr. Creosote - Monty Python's The Meaning of Life (videoclips 1 e 2)

A TAP tornou-se um dos abcessos da dívida pública e do regime


TAP leva Parpública para prejuízos de 367 milhões em 2014
Negócios, 30 Abril 2015, 22:24 por Carla Pedro

A Parpública - Participações Públicas, gestora de participações sociais de capitais exclusivamente públicos registou perdas de 367,1 milhões de euros em 2014, contra lucros de 792 milhões um ano antes.

E isto “em consequência dos resultados obtidos pela holding Parpública e pelo segmento ‘transporte aéreo e actividades relacionadas’ no grupo TAP”, justifica a empresa no comunicado sobre as contas divulgado esta quinta-feira na CMVM.

Confirma-se aquilo que já muitos desconfiavam: a TAP foi e continua a ser financiada pela Parpública. Ou seja, por todos nós, que agora sofremos o impacto de um resgate, no fundo, causado pelo assalto à riqueza e às poupanças, públicas e privadas, do país, levado a cabo por uma nomenclatura sem vergonha, nem neurónios.

Ou seja, a descapitalizada e arruinada TAP vivia de subsídios ilegais do estado (ao contrário do que têm dito os aldrabões do PS, PSD, CDS, e sucessivos governos, com o silêncio cúmplice do PCP e do Bloco de Esquerda). Ou seja, tal como o Metro, a CP e a Carris (onde centenas greves que atingem milhões de portugueses e a economia todos os anos não incomodam a nomenclatura, nem, pelos vistos, a consciência coletiva indígena capturada pela indigente imprensa que temos), contribuíram anos a fio para o sobre endividamento do país, enquanto muitos engordavam à conta do prejuízo. O caso da MM Brasil,já deveria estar nos tribunais criminais, mas não está....

Esqueceram-se, os rendeiros e os devoristas do regime, que um dia iriam estourar como estourou o senhor Creosote — a mais extraordinária antecipação dos tempos que correm. Obrigado, Monthy Python, pela vossa arte!





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Porque fazem greve os pilotos?

Foto © ANDRÉ KOSTERS/LUSA

Privatização da TAP adiada sine die


O ministro afirmou que ninguém da sociedade portuguesa está a favor da greve e lamentou “profundamente” a decisão “tão radical” do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC)

Pires de Lima: “Apelo aos pilotos”, que estão habituados a tomar decisões em muitas situações por vezes delicadas, para “irem trabalhar de 1 a 10 de maio”.

Pires de Lima disse ter ainda esperança de que os pilotos reconsiderem e que, por esse motivo, não quer fazer mais declaracões que possam dificultar essa decisão. Observador, 30/4/2015, 21:37

Alguém percebe porque motivo o governo deixou os pilotos avançarem para a greve sem nenhuma tentativa séria de ponderação dos argumentos do SPAC?

Alguém percebe porque motivo Passos Coelho, na Assembleia da República, deixou cair um cenário sobre o futuro da TAP em tudo semelhante àquele que antecedeu o programado colapso e resolução do GES/BES?

Pedro Passos Coelho reagiu com dramatismo à greve de 10 dias na TAP esta sexta-feira no debate quinzenal na Assembleia da República. Respondendo ao líder parlamentar do CDS, o primeiro-ministro alertou para o risco de se vir a ter “uma TAP em miniatura” que não servirá a quase ninguém e acenou com um despedimento coletivo.

“Não se percebe [esta greve]. O Governo estabeleceu um acordo e este acordo não foi cumprido. E é perverso porque uma greve destas pode pôr em risco a própria empresa no curto prazo”, diz o primeiro-ministro, acrescentando: “Quem julga que impedindo a privatização da empresa estará a empurrar com a barriga, está enganado porque está a criar um problema maior”.

Segundo Passos, a alternativa à privatização em curso “é o despedimento coletivo, venda de aviões, cancelamento de rotas, é ter uma TAP em miniatura que não servirá os interesses do país e dos trabalhadores”. Durante o debate, nenhum dos partidos da oposição se referiu a esta greve. Observador, 17/4/2015, 12:22.

Alguém entende porque Cavaco Silva, em vez de fazer um apelo sério aos pilotos e ao governo para que encontrassem maneira de evitar a paralização, praticamente anunciou a morte da empresa?

As razões são estas:

  1. A TAP está irremediavelmente falida e o Governo está entalado.
  2. As fontes de crédito —BCP, GES/BES, Crédit Suisse e Caixa Geral de Depósitos— secaram.
  3. A TAP não conseguiu atrair compradores credíveis, mesmo considerando que Sérgio Monteiro veio declamar, em público e em desespero de causa, na televisão, que a TAP vale hoje 300 milhões de euros, o valor mínimo da avaliação da TAP no tempo em que João Cravinho era ministro (1999): 60 milhões de contos!
  4. Entre os motivos que afugentaram os potenciais compradores há a dívida escondida da empresa, provavelmente nos balanços do Novo Banco, do Crédit Suisse e da Caixa Geral de Depósitos, a qual seria comprada pelo futuro dono da TAP, mas por debaixo da mesa, para evitar problemas com a Comissão Europeia. É pelo menos isto que se deduz das justificações da Globalia para a desistência de apresentar uma proposta de aquisição da maioria do capital da TAP.
  5. O Governo omitiu no Caderno de Encargos da privatização da TAP, dívida e compromissos estabelecidos com os pilotos, colocando o estado português numa posição inqualificável.
  6. O governo, nesta fase, só iria privatizar 66% da TAP (dos quais 5% estariam reservados para os trabalhadores da empresa). Assim sendo, a cedência aos pilotos de 10-20% dos 34% do capital da futura empresa reprivatizada que ficariam na posse do Estado, seria não só possível (apesar do parecer improcedente da PGR pedido por este governo em 2012), como mostra a artificialidade do conflito com os pilotos nesta questão particular.
  7. O governo procurou, pois, o conflito, para esconder o seu próprio fracasso nos dois processos de privatização que tentou levar a cabo, sem êxito. E para confundir a opinião pública.
  8. Os potenciais interessados na TAP sabem agora que, para além das dívidas escondidas, das limitações impostas aos futuros donos da empresa, teriam ainda que suportar sucessivas batalhas jurídicas com os trabalhadores, desde logo com o SPAC, sobre algo que certamente ignoravam, i.e. que um senhor chamado João Cravinho, antigo ministro de um governo 'socialista', se comprometeu em 1999 a vender entre 10 e 20% do capital da empresa aos pilotos da TAP — que aliás já pagaram esta fatia do capital social da TAP reprivatizada, por meio de cedências contratuais plasmadas num Acordo de Empresa assinado por Fernando Pinto com o assentimento do ministro responsável à época.
  9. Mas para agravar tudo isto sobra ainda o problema da venda do Novo Banco, onde estão certamente estacionados créditos da TAP no valor de várias centenas de milhões de euros. Em que ficamos? A TAP falida paga, ou o Novo Banco vai registar o buraco cuja existência os candidatos à compra do banco provavelmente ignoravam?
  10. O que está a emergir é pois um enorme estilhaço do colapso do BES. Tentar responsabilizar os pilotos por um crime cometido por outros, além de provar a má fé deste governo, demonstra a infantilidade inacreditável de quem geriu este processo de reprivatização.
  11. Perante tudo isto, os pilotos resolverem, e bem, proteger-se!

A menos que o grupo Fosun resolva comprar o Novo Banco e a TAP por atacado, o governo vai enterrar-se até às orelhas durante todo este mês de maio, e acabar por perder as próximas eleições legislativas.


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