sexta-feira, março 30, 2018

Os criminosos

A banca transformou-se numa espécie de casino de criminosos


Os criminosos e as suas propriedades


Estado empresta 5,8 mil milhões para Banif, BES e Novo Banco 
DN, 30/3/ 2018, 01:33 
Os bancos portugueses contribuíram com mais de mil milhões de euros para o Fundo de Resolução em cinco anos. Mas o dinheiro colocado pelas instituições financeiras está longe de ser suficiente para assegurar as responsabilidades assumidas com os colapsos do BES, do Banif e com a venda do Novo Banco. E tem sido o Estado a entrar com a maior parte do dinheiro necessário para a entidade que paga os custos com resoluções. O Tesouro assumiu já compromissos de 5800 milhões, entre empréstimos, garantias e linhas de crédito.

Os criminosos e as suas propriedades é um título certeiro do saudoso pintor e escritor Álvaro Lapa, cuja retrospetiva comissariada por Miguel von Haffe Pérez no Museu de Serralves é de visita obrigatória.

A banca —70% da qual já não obedece a portugueses— e a partidocracia indígenas são uma associação de criminosos, cujo crime maior é a preparação do país para a sua entrega completa aos investidores/credores internacionais (1): China, Turquia, França, Espanha, USA, Irlanda, Qatar, etc. Em breve, porém, o problema da independência de Portugal regressará com um furioso e imparável bang! Só não consigo imaginar o que restará da próxima guerra civil portuguesa.

As empresas estratégicas, da energia (EDP/CHINA), incluindo a rede elétrica (REN/China), os aeroportos (Vinci/Qatar/França), todos os principais portos portugueses (Sines/China; Leixões/Turquia, Aveiro/Turquia, Figueira da Foz/Turquia, Lisboa/Turquia, Setúbal/ Turquia), autoestradas, seguradoras, hospitais, aviões (a falida TAP, só subsidiada consegue voar), e em breve a decadente e também falida ferrovia já não dependem da nossa vontade, nem dos nossos interesses.

Quando o Governo fala de resultados da economia nacional, fala realmente de quê e de quem? Quando a próxima bancarrota vier, que teremos para dar pelas dívidas que a canalha estimulou ou contraíu?

Mas se os principais setores estratégicos do país já não nos pertencem, outrotanto está agora a suceder ao pequeno capital e aos pequenos proprietários urbanos e rurais. Um século de congelamento das rendas urbanas conduziu à fragilidade económica e financeira extrema dos proprietários urbanos, tendo como resultado a completa impotência do país (proprietários, inquilinos e Estado!) face à gentrificação furiosa do eixo Lisboa-Cascais e do Porto. Algo semelhante ocorre também, e em breve atingirá velocidade de cruzeiro, nas propriedades rústicas, a começar, desde logo, pelo setor florestal. Sem qualquer estratégia para a propriedade rústica, salvo manter os privilégios de Lisboa aos latifundiários alentejanos do costume, e promover a usura da terra e da água com tecnologias agropecuárias e florestais intensivas, a expropriação progressiva dos pequenos e médios proprietários, e a expulsão das populações rurais que restam, está em curso. O país é cada vez mais apetecível, menos para os indígenas que o devoram e estragam.

Isto já não vai lá com partidos.

É praticamente impossível salvar a nossa paisagem partidária do seu rápido declínio, em grande medida causado pela estupidez oceânica dos seus protagonistas, e pela ganância e corrupção das elites burocráticas e rentistas que tomaram o regime de assalto.

Precisamos de pensar e desenvolver uma nova cartografia social e política, começando (é uma ideia que tenho vindo a desenvolver) por pensar, desenhar e escrever os algoritmos dos mapas democráticos que poderão ajudar ao renascimento da democracia e da liberdade, que neste momento mais não são que palavas. E palavras leva-as o vento!

POST SCRIPTUM — a falta de capital indígena é a principal causa do descalabro em curso. Falta indagar o que nos trouxe até aqui. Os investimentos da China e de Angola, ou ainda da Turquia, ou dos países árabes são bem-vindos desde que sirvam uma estratégia de real diversificação equilibrada da nossa dependência do capital global. Mas não é isto que tem vindo a ocorrer. Estamos a entregar setores estratégicos inteiros a governos que não sabemos se um dia destes não entrarão em guerra comercial com a Europa. Percebe-se que a China, a Rússia, a Turquia e o Irão estejam interessados em virar o sul da Europa contra o Norte. Mas será do nosso interesse cair nesta armadilha? O desespero nascido da indigência económica, financeira e orçamental, e da corrupção, nunca foi bom conselheiro.

NOTAS
  1. A promiscuidade entre políticos, banqueiros, franciscanos (!) e governos estrangeiros é completa e desavergonhada.
Observador: A negociação com os chineses da CEFC – China Energy Company Limited para investirem no Montepio Seguros começou na apresentação de uma proposta por parte do gabinete do primeiro-ministro, revela o Público na sua edição de hoje, a partir de informação que ficou registada em ata da Associação Mutualista Montepio Geral. 
A proposta chinesa encaminhada pelo gabinete de António Costa, com o objetivo de “encetar conversações” com vista “a desenvolver parcerias nas áreas dos seguros e da banca”. Uma intenção que acabou por se concretizar, após reunião da associação mutualista no passado mês de setembro, com o acordo de venda de 60% da Montepio Seguros ao grupo chinês. Está tudo na ata 187 da reunião do Conselho Geral do Montepio – Associação Mutualista. 
— in Montepio. Proposta de investidor chinês chegou via Governo, Observador
Entretanto, o Gabinete de António Costa desmentiu... a "manchete" do Público. Em que ficamos? Investigue-se! 

Atualizado em 6/4/2018 11:26

segunda-feira, março 26, 2018

Geringonça de Orwell?

SATA International, Airbus A310-325/ET, Lajes, Terceira, novembro 2009.
Foto @ Paulo Santos

Um Governo de aldrabões


A cleptocracia lusitana parece gozar da proteção de todo o sistema partidário. Temos, assim, um país visceralmente falido e corrupto que se entrega de mão beijada aos estrangeiros de ano para ano. Um dia destes haverá rebelião, ou mesmo um novo golpe de estado militar em Portugal. A paz podre em que estamos só depende, neste momento, da União Europeia. Se esta colapsar perante as pressões nacionalistas, regionais e imperiais que voltam a fervilhar um pouco por todo a Europa, Médio Oriente, Eurásia e no Pacífico, estaremos em breve a um passo de perder, pela segunda vez na nossa História, a independência. É para isto que nos temos que preparar. Escolher entre bons e maus ladrões não resolve nada.


SATA à venda


Entre 2007 e 2015, durante a governação cor-de-rosa de José Sócrates, a dívida da SATA passou de 5 para 250 milhões de euros. Basta escrever SATA na janela de pesquisa deste blogue para constatar desde quando vimos avisando para o que aí vinha.

Sharp Power

Vladimir Putin e Xi Jinping em Moscovo, julho 2017.


Por onde passará o Tordesilhas 2.0?


Vem aí um novo debate. Chama-se Sharp Power. Por onde passará a próxima fronteira entre o Ocidente e o Oriente? Se fosse por Portugal, onde a penetração chinesa é já muito apreciável, se não mesmo exagerada, tal significaria a capitulação de toda a Europa ao novo e cada vez mais indisfarçável despotismo asiático. Infelizmente, Rússia e China caminham rapidamente em direção ao passado, e o perigo que desta regressão começa a emergir é cada vez mais preocupante. O debate ideológico sobre a democracia, sobre a transparência e a prevalência do estado de direito, e fundamentalmente sobre a liberdade individual e coletiva regressa, pois, quando todos pensávamos que as ditaduras socialistas tinham desaparecido. Não desapareceram. Estão mesmo a ressuscitar com grande cinismo e arrogância.

O recente escândalo da captura do Facebook, por parte da muito obscura Cambridge Analytica, para a manipulação do eleitorado americano durante a eleição que daria a vitória a Donald Trump, vem certamente justificar os alertas que o bem conhecido think tank da inteligência estratégica dos Estados Unidos—Council on Foreign Relations— tem vindo a lançar desde dezembro de 2017.

How Sharp Power Threatens Soft Power
The Right and Wrong Ways to Respond to Authoritarian Influence
By Joseph S. Nye Jr.
in Foreign Affairs/ Council on Foreign Relations
January 24, 2018


Washington has been wrestling with a new term that describes an old threat. “Sharp power,” as coined by Christopher Walker and Jessica Ludwig of the National Endowment for Democracy (writing for ForeignAffairs.com and in a longer report), refers to the information warfare being waged by today’s authoritarian powers, particularly China and Russia. Over the past decade, Beijing and Moscow have spent tens of billions of dollars to shape public perceptions and behavior around the world—using tools new and old that exploit the asymmetry of openness between their own restrictive systems and democratic societies. The effects are global, but in the United States, concern has focused on Russian interference in the 2016 presidential election and on Chinese efforts to control discussion of sensitive topics in American publications, movies, and classrooms.

(...)

In international politics, soft power (a term I first used in a 1990 book) is the ability to affect others by attraction and persuasion rather than through the hard power of coercion and payment. Soft power is rarely sufficient on its own. But when coupled with hard power, it is a force multiplier. That combination, though hardly new (the Roman Empire rested on both the strength of Rome’s legions and the attractions of Rome’s civilization), has been particularly central to U.S. leadership. Power depends on whose army wins, but it also depends on whose story wins. A strong narrative is a source of power.

(...)

But if sharp power has disrupted Western democratic processes and tarnished the brand of democratic countries, it has done little to enhance the soft power of its perpetrators—and in some cases it has done the opposite. For Russia, which is focused on playing a spoiler role in international politics, that could be an acceptable cost. China, however, has other aims that require the soft power of attraction as well as the coercive sharp power of disruption and censorship. These two goals are hard to combine. In Australia, for example, public approval of China was growing, until increasingly alarming accounts of its use of sharp power tools, including meddling in Australian politics, set it back considerably. Overall, China spends $10 billion a year on its soft power instruments, according to George Washington University’s David Shambaugh, but it has gotten minimal return on its investment. The “Soft Power 30” index ranks China 25th (and Russia 26th) out of 30 countries assessed.

(...)

In public diplomacy, when Moscow’s RT or Beijing’s Xinhua broadcasts openly in other countries, it is employing soft power, which should be accepted even if the message is unwelcome. When China Radio International covertly backs radio stations in other countries, that crosses the line into sharp power, which should be exposed. Without proper disclosure, the principle of voluntarism has been breached. (The distinction applies to U.S. diplomacy as well: during the Cold War, secret funding for anticommunist parties in the 1948 Italian election and the CIA’s covert support to the Congress for Cultural Freedom were examples of sharp power, not soft power.)

Today’s information environment introduces additional complications. In the 1960s, the broadcaster Edward R. Murrow noted that the most important part of international communications was not the ten thousand miles of electronics, but the final three feet of personal contact. But what does that mean in a world of social media? “Friends” are a click away, and fake friends are easy to fabricate; they can propagate fake news generated by paid trolls and mechanical bots. Discerning the dividing line between soft and sharp power online has become a task not only for governments and the press but also for the private sector.

As democracies respond to sharp power, they have to be careful not to overreact, so as not to undercut their own soft power by following the advice of those who advocate competing with sharp power on the authoritarian model. Much of this soft power comes from civil societies—in the case of Washington, Hollywood, universities, and foundations more than official public diplomacy efforts—and closing down access or ending openness would waste this crucial asset. Authoritarian countries such as China and Russia have trouble generating their own soft power precisely because of their unwillingness to free the vast talents of their civil societies.

Moreover, shutting down legitimate Chinese and Russian soft power tools can be counterproductive. Like any form of power, soft power is often used for competitive zero-sum purposes, but it can also have positive-sum effects. For example, if China and the United States wish to avoid conflict, exchange programs that increase American attraction to China, and vice versa, can be good for both countries. And on transnational challenges such as climate change, soft power can help build the trust and networks that make cooperation possible. Yet as much as it would be a mistake to prohibit Chinese soft power efforts simply because they sometimes shade into sharp power, it is important to monitor the dividing line carefully. Take the 500 Confucius Institutes and 1,000 Confucius classrooms that China supports in universities and schools around the world to teach Chinese language and culture. Government backing does not mean they are necessarily a sharp power threat. The BBC also gets government backing but is independent enough to remain a credible soft power instrument. Only when a Confucius Institute crosses the line and tries to infringe on academic freedom (as has occurred in some instances) should it be treated as sharp power.

To respond to the threat, democracies should be careful about offensive actions. Information warfare can play a useful tactical role on the battlefield, as in the war against the Islamic State (or ISIS). But it would be a mistake for them to imitate the authoritarians and launch major programs of covert information warfare. Such actions would not stay covert for long and when revealed would undercut soft power.


The Meaning of Sharp Power
How Authoritarian States Project Influence
By Christopher Walker and Jessica Ludwig
in Foreign Affairs/ Council on Foreign Relations
November 16, 2017

Although there are differences in the shape and tone of the Chinese and Russian approaches, both stem from an ideological model that privileges state power over individual liberty and is fundamentally hostile to free expression, open debate, and independent thought.

(...)

Beijing and Moscow have methodically suppressed genuine dissent, smeared or silenced political opponents, inundated their citizens with propagandistic content, and deftly co-opted independent voices and institutions—all while seeking to maintain a deceptive appearance of pluralism, openness, and modernity. Indeed, the dazzling variety of content available to consumers helps disguise the reality that the paramount authorities in these countries brook no dissent. In China’s case, a sophisticated system of online manipulation—which includes a vast, multilayered censorship system and “online content monitors” in government departments and private companies who number in the millions—is designed to suppress and neutralize political speech and collective action, even while encouraging many ordinary people to feel as though they can express themselves on a range of issues they care about.

(...)

As the essays in a forthcoming report by the National Endowment for Democracy’s International Forum for Democratic Studies point out, the authoritarians are not engaged in a form of public diplomacy as democracies would understand it. Instead, they appear to be pursuing more malign objectives, often associated with new forms of outwardly directed censorship and information manipulation.

The serious challenge posed by authoritarian sharp power requires a multidimensional response that includes unmasking Chinese and Russian influence efforts that rely in large part on camouflage—disguising state-directed projects as the work of commercial media or grassroots associations, for example, or using local actors as conduits for foreign propaganda and tools of foreign manipulation. It will also require that the democracies, on the one hand, inoculate themselves against malign authoritarian influence that corrodes democratic institutions and standards and, on the other, take a far more assertive posture on behalf of their own principles.

quinta-feira, março 15, 2018

Rota da Seda vai até Roterdão, Atenas e... Badajoz

Foto: Cargo Revista

Como é óbvio, sem 'interoperabilidade', ou se há 'roturas de carga', por exemplo nas fronteiras entre Portugal e Espanha, os combóios escolhem outras linhas e outros destinos... É por estas e por outras que a corrupta, ou simplesmente estúpida elite indígena, se prepara para transformar Portugal numa ilha ferroviária.

Porto de Roterdão: de gateway a destino final da Nova Rota da Seda? 
Cargo revista, 14 Março, 2018  
O Porto de Roterdão dispensa apresentações, os rankings falam por si: maior porto europeu e um dos maiores à escala mundial. E também o seu papel na cadeia logística global é indiscutível, enquanto gateway (porta de entrada) de mercadorias com origem nos quatro cantos do mundo e destino nos vários países europeus. 
Contudo, uma nova tendência tem emergido no contexto da cadeia logística global: a denominada Nova Rota da Seda, fortemente impulsionada pela iniciativa chinesa Belt and Road, que coloca cada vez mais contentores na ferrovia nos tráfegos entre a Ásia (em particular a China) e a Europa. Ora, neste novo contexto emergente em que a ferrovia está a captar muita carga (cada vez mais!) que seguia habitualmente por navio, o Porto de Roterdão assume menos o papel de gateway e mais o papel de destino final 
«O Porto de Roterdão definitivamente quer ser uma conexão directa na rede ferroviária da Nova Rota da Seda», admite o Director de Logística do enclave holandês, acrescentando que esta «é uma oportunidade para o porto, que quer considerar as suas opções de forma cuidadosa» 
«Para além disso, países de trânsito terão a oportunidade de acrescentar valor ao longo da viagem, por exemplo quando há transbordo da mercadoria para um comboio diferente», acrescenta, concluindo: «Ao longo da viagem, todos têm a oportunidade de ganhar dinheiro. E nós esperamos para comprar os produtos acabados – isto é, pagar».

Mais sobre a ilha ferroviária portuguesa


Miopia ferroviária soma e segue (fev 2015)

Fantasia do Barreiro esconde ilha ferroviária (fev 2015)

Portugal a caminho das Berlengas (dez 2014)

Portugal: ilhéu ferroviário em 2020 (out 2013)

ADFERSIT avista Farilhões (jun 2013)

Greves egoístas (mar 2013)

Berlengas 2.0 (jun 2013)

É a bitola, estúpido! (nov 2012)

TAP, vítima da guerra contra o TGV (nov 2012)

A Berlenga ferroviária (fev 2012)

Novo porto: Barreiro ou Setúbal? (jun 2015)

segunda-feira, março 12, 2018

A minha prenda para Assunção



NOTAS PUBLICADAS NO FACEBOOK NUMA SEMANA LONGE DO COMPUTADOR

No dia da mulher, lembrando um genial gay

Colossus, the machine developed by Alan Turing, and run by an incredibly dedicated team of women, that defeated Hitler's Enigma machines, helping Churchill to win the Atlantic battle, if not the war.

A minha prenda para Assunção

Ouvi Assunção Cristas fazer uma proposta no seu discurso de encerramento do congresso que, pela sua criatividade e ousadia, poderá transformar radicalmente o interior do país, criando uma discriminação tributária positiva. Bastaria montar, sobre uma rede digital terrestre de banda larga, esta 'zona franca do interior', para assistirmos a uma revolução fora dos grandes centros urbanos. Os incentivos fiscais têm que mudar, dos destinatários habituais, para a faixa territorial situada, de norte a sul, a mais de 50km da costa atlântica. Precisamos de criar competitividade fiscal entre o interior e o litoral do país, tal como já existe, nos Açores e na Madeira. Financiar esta reforma estratégica é simples: basta eliminar as milhares de exceções fiscais existentes e discricionariamente concedidas aos parasitas do regime.

Ler a este propósito: Estos son los motivos de la despoblación rural en España (y no es el envejecimiento)

Enquanto o PSD treslê e anda para trás, o CDS caminha. Nem um nem outro são das minhas preferências, mas, neste momento, saúdo o CDS, e desejo que o rio reacionário que inundou o PPD-PSD seque o mais depressa possível. Entretanto, há movimentações na direita não parlamentar que prometem. Democracia 21 é uma delas. O "centro" morreu!

Navio com 116 metros encalha no Bugio


Betanzos, navio espanhol encalhado nas areias do Bugio, Estuário do Tejo
Ainda querem, o PS e o PCP, um porto de águas profundas no Barreiro!!!

Posso redesenhar a cadeira de Salazar?

Os defensores da ditadura do proletariado, perdão, do centralismo de estado, impediram a passagem do abandonado Forte de Santo António da Barra, para a Autarquia. Prefeririam mesmo que o edifício continuasse no estado de latrina e antro de 'xuto' até que apodrecesse literalmente. Assim degeneraram as esquerdas em que há muito deixei de me rever.

Aeroporto da Portela ou palácios de mármore?

Ryanair acusa (indiretamente) António Costa de estar a boicotar a adopção do Montijo, como opção de extensão do Aeroporto de Lisboa, em favor de palácios de mármore, leia-se novo aeroporto da Ota em Alcochete (mais precisamente, em Canha). Costa, como sabemos, quer transformar a Portela num Jardim Chinês. Negócios cor de rosa de Macau que nunca foram objeto de curiosidade da nossa imprensa.

Eurofobia ferroviária

Há uma EUROFOBIA FERROVIÁRIA na Península Ibérica. Em Portugal, esta rejeição do chamado TGV visa transformar o país numa ilha ferroviária, a bem da corja rentista de sempre (nomeadamente a rodoviária, e a que vive do betão e do asfalto), de possíveis compromissos insondáveis do PS, e ainda dos nichos autárquicos e sindicais do PCP.

Ler a este propósito: Oblanca (Foro) alerta de la existencia de un lobby contra el ancho ferroviario internacional

TGV: o governo anda baralhado, ou talvez não

Email amigo: "...curiosamente, na semana passada, uma pessoa chegada ao partido do governo veio-me dizer que tinha ouvido uma cópia audio da minha intervenção na ordem dos engenheiros e que estava completamente de acordo com ela. E afirmava que o culpado de não se ter avançado com a alta velocidade em Portugal era do Passos Coelho e do Sérgio Monteiro, mas que o PS pretendia corrigir isso. E também me disse que a obra do Elvas-Caia ainda não tinha sido adjudicada, e que pretendiam que ela fosse a parte inicial do Poceirão-Caia, como acordado nos acordos da Figueira da Foz." Mas depois inundaram a comunicação social com histórias e declarações contraditórias. Devem ter recebido um telefonema do Jorge, ou de Macau, a lembrar...

Só a TAP continua cega, surda e otimista

BA e Iberia, do grupo IAG, preparam novos planos de austeridade e eficiência. Só a TAP continua nas nuvens, e à boleia das borlas do Novo Banco, que nós vamos pagar com língua de pau. Apesar de tecnicamente falida, e da perda contínua de mercado para as Low Cost, Costa, Lacerda, Coelho e Companhia continuam a conspirar perdão, a suspirar, por um novo aeroporto em Alcochete (Canha).

Turcos em Alcântara

Chineses, árabes, turcos, angolanos; os setores estratégicos do país estão cada vez menos democráticos; e os setores ainda democráticos estão cada vez mais falidos.

Saúde e corrupção

A corrupção no setor da saúde é uma pandemia que fere sobretudo os direitos de quem o sustenta a Pão de Ló: os seus utentes e contribuintes. Este é um dos setores onde as novas tecnologias da medicina, a informática social e os robôs poderão dar um enorme contributo para sustar uma hemorragia que parece não ter limites, nem fim à vista.

O Banco de Portugal não sabe de há-de, ou não, promover a especulação financeira

Depósitos estruturados são fichas de casino. Jogue, mas se perder, não me venha pedir batatinhas!

O buraco do Novo Banco continua a aumentar

Onde pára o fundo de pensões do ex-BES?

Esqueçam os sindicatos, reformem o sistema bancário de cima a baixo!

Os balcões bancários são cada vez menos necessários. Aliás, o próprio negócio bancário está ameaçado em várias das suas frentes, nomeadamente pela desmaterialização dos processos e pela computação inteligente das negociações, transações e avaliações de risco. A solução, antes que o pior ocorra, é concentrar o negócio e racionalizar as economias de escala. Quanto menos tempo e energia empatarmos com os sindicatos, e melhor estudarmos a evolução do dinheiro e dos mercados financeiros, por exemplo olhando seriamente para fenómenos emergentes como o Rendimento Básico Incondicional e a descentralização e desintermediação financeira e monetária associadas às criptomoedas, melhor será para todos, a começar pelos trabalhadores que assistem neste momento à extinção penosa das suas profissões.

Alentejo, queimar a terra com água?

Uma nova formiga branca invade o Alentejo. Chama-se agricultura e agropecuária de regadio intensivo. Um desastre anunciado, com a colaboração ativa de todo o regime partido-parasitário que temos.

A EDIA compra água caríssima à EDP, dona do Alqueva, e vende-a com desconto (pago por todos nós!) aos latifundiários alentejanos. Nas barbas do declinante PCP. Lindo!

A destruição dos CTT

A destruição dos CTT começou no dia em que a cavaquista Manuela Ferreira Leite lhes expropriou o respetivo fundo de pensões, já então para acudir ao descontrolo da dívida pública. A receita pegou, e foi um ver se te avias, rosa e laranja: fundos de pensões do BCP, PT, etc.; e ainda o fundo de reserva da Segurança Social, foram parar às ditas contas públicas; até que, por fim, já só restou a opção de levar a banca indígena à glória, enchendo-a de buracos de liquidez, crédito mal parado e imparidades. Os restos de tamanho saque, levado a cabo por partidos parlamentares e os rentistas do costume, desaguaram a preço de saldo nos bolsos dos especuladores internacionais. Poderia ser doutro modo? Corre um rio de lágrimas crocodilo.

100% com Ana Gomes

Apoio 100% Ana Gomes nesta sua corajosa iniciativa. Os asquenazes, ao contrário do que afirmam, são uma minoria judaica (pouco mais de 10 milhões, contra 2,2 milhões de sefarditas, mas cujos descendentes ultrapassarão bem os 10 milhões). Por sua vez, os extremistas que dominam Israel e o seu lóbi americano, são uma minoria criminosa entre os asquenazes. Há que travar esta corja de radicais fundamentalistas. Não foram estes que Hitler e Estaline massacraram.

Apoio Ana Gomes contra a cobardia típica da União Europeia em lidar com temas difíceis, mas cruciais à sua credibilidade enquanto arauto da democracia e dos direitos humanos.

Leiam, por favor, este testemunho sobre o Estado semita de Israel: "The Pianist" Of Palestine - by Omar Barghouti).

Intolerável. Convém, desde já, explicar que os fundamentalistas judeus que dominam Israel pertencem, na sua esmagadora maioria às tribos semitas do Leste, sucessivamente expulsas do antigo império russo decadente nos finais do século 19, princípios do século 20. A maioria dos judeus, os sefarditas, nunca se reviram, nem toleram esta violência de sinal contrário à idelogia nazi, mas seguindo-lhe perigosamente os passos.

Brasil: Cachoeira Porteira

Quilombo.

Fomos um país de elites negreiras, e em certa medida continuamos a sê-lo. As cicatrizes continuam vivas, apesar do silêncio barroco das mesmas, para quem o trabalho sempre foi e continua a ser visto como ' bom pro preto', ou para os 'galegos'. Viver de rendas e da exploração do trabalho dos 'outros', protegida por uma burocracia mal paga e propensa à corrupção, paquidérmica e subserviente, permanece o figurino de um país a caminho de um desastre irreparável. A geração de capital estagnou, 'progredimos' à custa do consumo, e portanto do endividamento público e privado, interno e externo. Basta olhar para os créditos mal parados. O setor financeiro, mas também os setores estratégicos do país têm sido entregues, por insolvência manifesta, falta de estratégia ou de escala, aos investidores e especuladores chineses, angolanos, turcos, espanhóis, americanos, alemães, árabes e franceses. Em suma, sem negros para traficar, é óbvio que a independência de Portugal depende duma grande revolução, a mesma que Ramalho Ortigão sugere na sua magnífica descrição do povo holandês.

A avó Martina

Sou neto duma brasileira nascida em Belém do Pará, de sangue indígena e alemão. Loira de olhos verdes, ao contrário da sua irmã, de traços bem índios, a Avó Martina, que só conheci em retrato colorido à mão, e pelas descrições da minha Mãe, conserva em mim uma ligação simultaneamente mítica e nostálgica ao Brasil. Que a dura realidade, no entanto, vai quebrando.

Leiam por favor: Their forefathers were enslaved. Now, 400 years later, their children will be landowners

Imprensa?

Uma imprensa falida não serve a democracia. O modelo da comunicação e informação entre os humanos e as suas máquinas mudou e vai mudar ainda mais radicalmente nos próximos anos (projeto Civil). O press wash, o art wash e o green wash foram chão que deu uvas. Neste momento quem detém os 180 milhões de dívidas, de duvidosa cobrança, assumidas pelo grupo Impresa tem que se despachar na busca de soluções, que em caso algum virão da imaginação do herdeiro de FPB.


segunda-feira, fevereiro 26, 2018

Depois desta crise—2

A nossa frota automóvel, sobretudo de mercadorias, vai passar por uma transformação radical.

“A Idade da Pedra não chegou ao fim por falta de pedra, tal como a era do petróleo terminará um dia, mas não por falta de petróleo.” — Sheikh Zaki Yamani, antigo ministro saudita do petróleo.


As conversas à volta do fim do petróleo surgem normalmente contaminadas por vícios vários. Um deles, é confundir o fim do petróleo com o fim do petróleo barato. O petróleo torna-se caro, ou porque a procura excede a oferta, ou porque os custos da sua produção e consumo excedem um certo limiar de rentabilidade económica e ou ambiental a que alguns chamam EROI (Energy Returned On Energy Invested). A maioria dos países importadores de petróleo entra em recessão (1) quando o petróleo se torna demasiado caro, provocando inflação e crises financeiras, especulação e endividamento, e mudanças de governo, ao passo que os países viciados nas suas reservas de petróleo entram invariavelmente em crise quando o preço do barril desce abaixo dum certo limiar, mas também quando este se mantém durante alguns anos em níveis historicamente elevados (2000-2014), induzindo, por um lado, inflação, e por outro, instabilidade política provocada pelas novas exigências sociais e culturais dos povos que observam, nestes períodos de enorme prosperidade petrolífera, o enriquecimento escandaloso das elites que dirigem os seus países, a par da fraca redistribuição da riqueza. Foi este último fenómeno que provocou a chamada Primavera Árabe (2010), mas também a subida de Donald Trump ao poder.

A rentabilidade do 'fracking' é cada vez mais duvidosa, e depende cada vez do endividamento bancário.

Neste momento, parece evidente que o abrandamento da procura global, e a produção americana de petróleo de xisto, são os principais responsáveis pela queda dos preços do crude. Há, porém, outro fator que os mercados de futuros começam a incorporar nos seus cálculos: o início de uma deslocação histórica na composição do chamado mix energético que alimenta a vida dos humanos à face da Terra. Isto é, a corrida às energias eólica e solar, à eficiência energética, aos novos materiais e processos produtivos, à desmaterialização da economia, e sobretudo o cada vez plausível regresso em massa do transporte elétrico!

O fim do ciclo intensivo de petróleo sucederá inevitavelmente aos dois ciclos energéticos que o antecederam: o da madeira e o do carvão. Em qualquer destes três casos, o declínio da respetiva produção e uso deve-se a vários fatores, mas três são estruturais: a novidade, quantidade e qualidade de um novo recurso emergente, e de um novo paradigma de crescimento e bem-estar, o custo relativo da produção deste último, e a produtividade que é capaz de induzir, por comparação com os que parcialmente substitui e, finalmente, a mitigação dos impactos ambientais decorrentes do uso maciço e cumulativo no espaço e no tempo das novas gerações energéticas.

Vale a pena ler sobre este tema um importante paper produzido no FMI: “Riding the Energy Transition: Oil Beyond 2040” (2).

No que ao nosso país diz respeito pode concluir-se, sobretudo dos dois quadros que retirei do referido estudo, que não só seria uma estupidez sem limite entrarmos agora numa aventura tardia de exploração de hidrocarbonetos nas costas alentejana e algarvia (deixem a guerra do gás onde está!), como parece ter chegado a oportunidade de obtermos finalmente um consenso energético nacional claramente favorável à prioridade da energia elétrica num país ainda tão dependente da importação de carvão, gás natural e petróleo. Se houver este consenso, nomeadamente entre todos os partidos parlamentares, a nossa economia poderia começar, mais cedo do que outras, a girar em volta do paradigma que promete relançar o planeta na próxima era de prosperidade sustentável. Há, de facto, uma janela de oportunidade. Mas falta o principal: diminuir o peso das burocracias que entorpecem regime, e reformar de alto a baixo o nosso paradigma fiscal parasitário. Teremos, como propõe Carlota Perez (Beyond the Technological Revolution), que taxar mais os lucros especulativos e de curtíssimo prazo do que os de médio e longo prazo, teremos que diminuir a carga fiscal sobre o trabalho, teremos que introduzir o Rendimento Básico Incondicional, e teremos ainda, proponho eu e muitos outros, que introduzir algoritmos de descentralização e transparência nos domínios económico-financeiros (cripto moedas e moedas locais), no comércio, na política e nas áreas sociais e culturais.

Repare-se como Portugal se afastou rapidamente do carvão. Poderá fazer o mesmo com o petróleo.

NOTAS

  1. All but one of the 11 postwar recessions were associated with an increase in the price of oil, the single exception being the recession of 1960. Likewise, all but one of the 12 oil price episodes listed in Table 1 were accompanied by U.S. recessions, the single exception being the 2003 oil price increase associated with the Venezuelan unrest and second Persian Gulf War.
    —in James D. Hamilton, “Historical Oil Shocks”, 2011 (PDF)
  2. Recent technological developments and past technology transitions suggest that the world could be on the verge of a profound shift in transportation technology. The return of the electric car and its adoption, like that of the motor vehicle in place of horses in early 20th century, could cut oil consumption substantially in the coming decades. Our analysis suggests that oil as the main fuel for transportation could have a much shorter lifespan left than commonly assumed. In the fast adoption scenario, oil prices could converge to the level of coal prices, about $15 per barrel in 2015 prices by the early 2040s. In this possible future, oil could become the new coal.
[...]
From wood to coal to oil, the transition patterns remain similar. Fouquet's (2010) study of the United Kingdom indicates that it takes around 50 years for energy transitions to take place. Wilson and Grubler (2011) find that global changes require 80-130 years, while Vaclav Smil estimates that it takes 50-70 years (Lacey 2010) for new resources to reach a significant level. In a similar vein, Grubler’s (1990) work The Rise and Fall of Infrastructures highlights consistent 55-year intervals between the development of the canal, railway, and surfaced road networks in the United States (Grubler 1990, p. 276).
[...]
What we envisage at the horizon of the early 2040s could be a completely transformed oil market as the result of a technological revolution in transportation. The displacement of motor vehicles by electric vehicles would take away the special role oil has enjoyed over transportation since World War II. The elasticity of oil demand would increase as it would have to compete with coal, natural gas, nuclear and renewables on the energy market. The rise of renewables could even upend the role of fossil fuels in the energy mix all together.

IMF Working Paper 
Institute for Capacity Development
Riding the Energy Transition: Oil Beyond 2040
Prepared by Reda Cherif, Fuad Hasanov, and Aditya Pande1
Authorized for distribution by Ray Brooks and Ralph Chami
May 2017


terça-feira, fevereiro 20, 2018

Depois desta crise—I


Evitar a armadilha populista do pessimismo


E se, como defende a economista Carlota Perez, a próxima era de crescimento (que será sustentável, ou não será) estiver mesmo ao virar da esquina? O ponto de vista desta distinta professora venezuelana-inglesa merece seguramente a atenção daqueles que procuram ver para lá do buraco negro criado pela implosão da era petrolífera, e que, no campo cultural, tentam imaginar as alternativas necessárias ao que Brett Bloom chama petro-subjetividade.

 

Una visión de futuro para América Latina: Carlota Pérez at TEDxCiudadDelSaber

sábado, fevereiro 17, 2018

Capitalismo indígena


O Bloco Central é uma espécie de ecologia encontrada para a convivência entre a burocracia e a sociedade civil. Quanto ao capitalismo indígena, percebemos hoje claramente que não passa de uma espécie em vias de extinção.


A alternância entre o PSD e o PS há muito que não depende das criaturas que em cada momento protagonizam estes dois partidos. O rotativismo indígena é a ecologia do regime que temos, e move-se em sintonia com os ciclos económicos, as recessões, e sobretudo os preços do petróleo (1), do dólar e do dinheiro. Ao fim de três pré-bancarrotas, Portugal depende, antes de mais, dos seus credores: BCE, FMI, UE, dos especuladores financeiros, e ainda de quem tem vindo a comprar os mais valiosos ativos do país: China, Angola e Espanha.

O facto de a Fundação Calouste Gulbenkian ter iniciado a venda de 100% da Partex aos chineses da CEFC (que em dezembro passado compraram o controlo da companhia de seguros da Montepio Associação Mutualista), preparando-se assim para alienar a pedra angular sobre a qual assentou a criação da enorme fortuna do fundador e a prosperidade de uma fundação entretanto tomada de assalto pela voragem partidária local, revela até onde os figurões que temos elegido para dirigir o país têm dado tão má conta do recado.

Quando falam de crescimento mentem com todos os dentes que têm.

REN propõe corte de 30% no investimento na rede elétrica 
Na sua proposta, a REN assume que a procura de eletricidade em Portugal ao longo da próxima década terá um crescimento médio anual de 0,25%. No anterior plano, a gestora da rede elétrica projetava um crescimento médio anual de 0,91%—Expresso, 15.02.2018.
Esta é a verdadeira dimensão, objetiva, do crescimento real do país. O resto é propaganda populista e uma caminhada de zombies para sítio nenhum. Consumimos cada vez menos eletricidade, ou seja, mal crescemos, mas os lucros da EDP continuam em alta, nomeadamente à custa das rendas excessivas denunciadas pela Troika, mas que nem o PCP contesta! Não admira, pois, que a chinesa que controla a REN decida cortar 30% no investimento.

A indigência a que chegámos é de tal ordem e gravidade, que é bem possível vermos o PCP e o Bloco transformarem-se numa espécie de PEV bicéfalo do PS. Se tal vier a ocorrer, só uma renovação radical na direita permitirá o regresso à alternância democrática e, portanto, o regresso do centro-direita ao poder. Rui Rio não é a pessoa certa para esta metamorfose. Assunção Cristas é.

NOTAS

  1. Publiquei este gráfico anotado por mim há já alguns meses. Mas vale a pena recordá-lo.

quarta-feira, fevereiro 14, 2018

E se for mesmo uma revolução?

Mina de bitcoins

¡Bitcoin o Muerte!


O pós capitalismo poderá chegar mais cedo do que toda a esquerda crê, e não necessariamente pelas vias apontadas pelo Marx do Manifesto Comunista, nem muito menos como resultado das burocracias intelectuais, sindicais e partidárias, ou dos ditadores populistas que lhe sucederam reclamando a sua herança teórico-política. O pós capitalismo está neste momento a ser testado num tubo de ensaio com uma escala planetária, e que inclui parte da Internet, comunicação, memória e responsabilidade descentralizadas, e criptografia. Num ponto, porém, o Blockchain (de que o BitTorrent e o Bitcoin são precursores) concorda com Karl Marx: para acabar com o capitalismo predador e a especulação desenfreada vai ser necessário acabar com os bancos e com os governos e sistemas de poder corruptos hoje dominantes no planeta. Curiosamente, é aqui que a esquerda e a direita deixam de divergir.



Referências

Bitcoin (Wikipedia)

Bitcoin.org

Bitcoin.com

BitcoinCash

Bit2Me

Einsteinium

Ethereum

Steem

Steemit


O século americano

Destroços do USS Maine, Cuba, 1898.


O século americano, que poderíamos situar entre 1918 e 2018, significou a passagem de uma era industrial baseada no carvão e na máquina a vapor, iniciada entre 1760 e 1780, para uma revolução industrial baseada, não apenas no carvão e na eletricidade, mas cada vez mais no uso do petróleo e do crédito especulativo. O seu início coincide com duas tragédias europeias: a chamada Grande Guerra, e a Revolução Russa. O Tratado de Versalhes, que decidiu as reparações de guerra devidas pela Alemanha aos países que a derrotaram, e que os americanos nunca chegariam a subscrever, criou o veículo diplomático da rápida emergência da nova potência mundial e principal credor comercial e financeiro da Europa: os Estados Unidos da América.

O garrote que Ingleses e franceses apertaram para além do razoável, mesmo contra a opinião do presidente americano Woodrow Wilson, seria o principal responsável por uma nova e terrível carnificina na Europa: a Segunda Guerra Mundial. Depois de 1945, Washington e Nova Iorque tornaram-se as capitais de um grande império. Bombardeiros, nomeadamente nucleares, e uma imensa armada, flocos de milho, a 'dolarização’ do petróleo, e a arte moderna tornaram-se então sinais evidentes de uma nova potência mundial dominante.

Quando os ingleses invadiram o Iraque (otomano) em 1914, na denominada Campanha da Mesopotâmia (1914-1918), já sabiam que o petróleo abriria uma nova era industrial. Acontece, porém, que depois de 1918, e ainda mais depois de 1945, o petróleo viria a estar para a rápida expansão americana, tal como o carvão estivera para a consolidação do império britânico no século XIX até à rendição da guarda que resultaria do pesadíssimo custo material, financeiro e humano da Grande Guerra.

Entretanto, o petróleo barato, depois de um século de uso intensivo, tal como previra M. King Hubbert em 1956, chegaria ao fim. Tornou-se cada vez mais dispendiosa a sua prospecção e extração, descobrindo-se cada vez menos jazidas de grandes dimensões em cada década depois de 1970, ano em que os Estados Unidos chegaram ao pico da sua produção petrolífera: 9, 637 milhões de barris/dia. O gás e o petróleo de xisto são uma alternativa cara e de curta duração, cujos preços estão inexoravelmente dependentes do valor tendencialmente elevado de um bem precioso, cada vez raro à face da Terra, e a que foi dado um esclarecedor epíteto: “ouro negro”. A corrida ao shale oil só começou, sintomaticamente, em 2011, ou seja, três anos depois dos preços do crude terem atingido a sua cotação mais elevada de sempre: 147,27 dólares por barril, em 11 de julho de 2008.

Sem energia abundante e economicamente acessível não há grande crescimento económico, ainda que durante algum tempo seja possível mitigar o problema explorando mais intensamente a divisão internacional do trabalho, diminuindo os rendimentos laborais médios nos países desenvolvidos, incrementando as tecnologias que substituem o trabalho humano ou o tornam mais eficiente, adotando políticas monetárias e fiscais perigosas, aumentando as dívidas públicas e privadas e, finalmente, forjando estatísticas celestiais. No entanto, haverá um momento em que uma crise energética, ou de transição energética, semelhante à que atingiu a Europa na primeira metade do século XX, mas de sinal contrário, recairá não apenas sobre a economia americana, mas também sobre a economia mundial. Esse momento talvez já tenha chegado.

Depois do Brexit os Estados Unidos da América voltariam a ser a maior economia mundial, com um PIB maior do que o da União Europeia, se a China não tivesse já conseguido, em 2017, ou em 2018, ultrapassar as três maiores economias do planeta: União Europeia, Estados Unidos e Japão, ainda que permanecendo muito longe de qualquer destas em rendimento per capita.

O século americano chegou, pois, ao fim, ainda que o declínio de uma mega-potência possa durar décadas, ou até séculos, sem que tal perda de influência e isolamento relativo signifique necessariamente uma implosão. Veja-se, por exemplo, o caso da China, que, seiscentos anos depois (1415-2015) de ter construído uma segunda grande muralha à sua volta, virando as costas ao mar, regressa por fim, depois de um interregno de transição e acumulação forçada (sob a bandeira do comunismo marxista-leninista-estalinista), mas sobretudo depois de ter descoberto em 1959 enormes reservas de petróleo no seu território (Daqing), ao comércio mundial, aceitando praticamente todas as suas regras, virtudes e defeitos, para assim melhorar as suas oportunidades de êxito.

Nós continuamos, e continuaremos por muitos anos a viver sob a influência impressionante da cultura americana. Aquilo que ainda hoje nos parece uma permanente revolução cultural e tecnológica resulta de uma matriz genética dificilmente repetível: uma imensa terra quase virgem e rica penetrada por uma multitudinária ânsia de liberdade, igualdade e utopia, a que não faltaram matérias primas, algumas delas preciosas, nem energia abundante e barata.

O que é verdade para os Estados Unidos da América é parcialmente verdade para o resto do continente americano, do Canadá aos Andes, passando pelo México, Argentina ou Brasil. Em todos estes novos países nascidos da primeira metamorfose pós-colonial da era moderna existem as cicatrizes de uma espécie de desconstrução antropológica e cultural permanente.

O experimentalismo social a que nesta parte do mundo assistimos não é, porém, uma forma de radicalismo contra o conservadorismo e a inércia, nem uma qualquer forma de perversão. É antes uma espécie de evolução humana historicamente acelerada pelo movimento browniano de diferentes tribos humanas muito distanciadas no espaço-temp que subitamente se encontraram. Ao contrário do resto do planeta, onde predominam a inércia endogâmica e uma espécie de história ruminante acometida periodicamente por grandes convulsões sociais, políticas, militares e culturais, nas Índias Ocidentais predominaram ao longo de quinhentos anos o paraíso, o mistério, e por vezes o inferno em carne viva—“the real thing” (Miles Orvell, 1989). Predominaram durante todo este tempo o “conhecimento de experiência feita”, a liberdade de descobrir e o assumido risco da mudança.

A grande diferença entre a colonização americana a norte do México, e deste grande país do “novo” continente para sul, são as instituições religiosas que acompanharam as sucessivas ondas de emigração que abandonaram a Europa e outras partes do mundo (China, Japão, Rússia, etc.) em busca de uma oportunidade. No primeiro caso, a colonização e a escravização não seriam legitimadas em nome de uma  qualquer evangelização politicamente programada, centralizada, e formalmente assumida pelos invasores, enquanto que a ocupação levada a cabo por portugueses e espanhóis fora desde o início uma empreitada política abençoada por Roma e com esta partilhada. Talvez esteja aqui a principal causa da diferença dos modelos de liberdade (ou falta dela), de sociedade, e de economia que viriam a separar a América Latina Apostólica Romana, da América Anglicana, Luterana, Puritana, Ortodoxa, e em última instância politeísta onde viria a nascer e prosperar o célebre Sonho Americano.

Estados Unidos e Canadá foram e todavia são geografias de liberdade e racionalidade como não existem ainda outras à face da Terra, nem sequer na Europa ocidental, atravessada por contradições aparentemente insanáveis que recorrentemente tolhem as suas historicamente recentes aspirações de liberdade e democracia.

O fim da era petrolífera induzirá uma inevitável reorganização do Médio Oriente. Deixará então de haver razões para o ocupação estrangeira violenta desta vasta região. A guerra do gás que desde a Primavera Árabe e a guerra na Síria lançaram uma vez mais os povos da região no inferno está para durar, mas é por enquanto uma guerra pelo fornecimento de gás natural à velha Europa. Ou seja, um conflito regional. Por outro lado, o crescimento demográfico em África já começou a gerar conflitos brutais pelo domínio das grandes reservas de terras raras, petróleo e gás natural que ainda alberga. Não sabemos até que ponto serão os africanos capazes de superar as grandes dificuldades por que passam e passarão nas próximas décadas.

Tudo somado e avaliado, é de crer que muito do que nos espera até ao fim deste século vai ainda depender do que europeus e americanos forem capazes de sonhar, passado o momento de autocrítica que estão neste momento a viver.


[próximo capítulo: a arte americana]

terça-feira, fevereiro 13, 2018

Originalidade zero


Comissão Europeia. Costa propõe taxas que já tinham votação agendada 

Transações financeiras, economia digital e economia verde são as três áreas relativamente às quais o Governo português pretende apresentar novas taxas em Bruxelas. Devem ser parte da solução para compensar o impacto financeiro do Brexit e os novos desafios da União Europeia em matéria de Defesa, Segurança e Migrações. Ora, as propostas que o primeiro-ministro pretende dar a conhecer no final do mês já são familiares às instituições europeias. Constam, aliás, de um projeto de resolução do Parlamento Europeu de janeiro deste ano, e já tinham sido debatidas – pelo menos, em parte – em setembro do ano passado pela Comissão Europeia. Até já têm votação agendada para o próximo mês. 
—in Pedro Raínho, 2018/02/12, Observador.

Originalidade zero. Além do mais, o importante é realçar que a burocracia europeia apresenta a mais previsível e a mais imbecil das respostas ao Brexit: aplicar impostos, taxas e taxinhas a tudo o que mexe. Chegará o dia em que os cidadãos dirão basta. Os impérios começam por perder a hegemonia, depois entram em decadência, seguem-se a desvalorização da moeda e a contrafação da mesma pelos próprios governos, e finalmente o fascismo fiscal, até que um belo dia, os povos resolvem libertar-se da tirania.

terça-feira, fevereiro 06, 2018

A corja



O PCP estupora a Autoeuropa, enquanto o Bloco estupora a RTP


Uma conjunção inesperada de pessoas, interesses, corrupção e avidez partidária deu cabo de um projeto genuinamente inovador na RTP. Uma visão, um projeto e uma direção que até foram capazes de organizar uma candidatura ao Festival da Eurovisão diferente, com os resultados que se conhecem, tornaram-se uma ameaça intolerável para os que não sabem fazer outra coisa que não seja especular com a pobreza de espírito das famosas audiências, mantendo, por outro lado, bem viva a chama da corrupção embrulhada em populismo justiceiro.

Essa comunhão corporativa e pirata que tirou o tapete a um projeto corajoso, criativo, independente e ganhador é o retrato descarado do regime que apodrece à nossa volta. Um ex-administrador, Luís Marinho, que saiu da RTP com a mais elevada indemnização paga naquela casa, mas sem uma declaração de não agressão aos seus sucessores, trava desde 2016 uma campanha insidiosa contra Nuno Artur Silva e Daniel Deusdado. O tablóide do gajo que anda a poluir o rio Tejo, e deveria ir preso por isso (irá?), serviu sucessivas peças de lixo jornalístico sobre os putativos conflitos de interesses entre Artur Silva e Deusdado, por um lado, e a RTP por outro. Não foram, quando tinham que ser, avaliadas as possíveis situações de incompatibilidade, pelos juristas da RTP ou por aqueles a quem a RTP paga generosas avenças? Cunha Vaz (um dos personal trainers de António Costa) prometeu acabar com esta gerência (e cumpriu). Entrou uma arara de Coimbra no chamado Conselho Geral Independente, botou sentença perante uma turma de ingénuos, cobardes e hipócritas, e estes idiotas renderam-se à lábia do advogado. Por fim, os jovens extremistas do Bloco de Esquerda ganharam a Comissão de Trabalhadores ao PCP, e decidiram dar largas às diretivas vermelhas do Bloco: Ana Drago, fora! Rui Tavares, fora! Ainda não foram, mas não vai demorar muito. A RTP, agora, é nossa, quer dizer deles!

É por estas e por outras que a linha que demarca a esquerda da direita não passa duma linha imaginária.

A corja partidária dum país falido, onde as principais empresas económicas e financeiras acabaram nas unhas de espanhóis, angolanos, chineses e alguns americanos e franceses, só já tem um fim em vista: tomar o Estado de assalto, meter prego a fundo no populismo, e servir-se. Isto é, servir-se de todos nós.

Se pensam que a Geringonça é coisa esporádica e passageira, desenganem-se. Veio para ficar, como predisse e expliquei atempadamente num programa da RTP que um acólito qualquer da situação se apressou a destruir o mais depressa possível.

A ronha, a mediocridade e a subserviência sempre conviveram bem com a corrupção.


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sábado, janeiro 06, 2018

Catalunha e Bruxelas

Retrat oficial del President de la Generalitat de Catalunya, Carles Puigdemont i Casamajó.

Macron não pode dizer uma coisa a Erdogan e outra a Felipe VI


Carles Puigdemont considerou que os independentistas catalães presos em Espanha já não são “presos políticos” mas sim “reféns”. O ex-presidente catalão continua em Bruxelas. Observador

A maioria eleitoral catalã quer a independência da Catalunha. Provou-o em quatro sufrágios sucessivos. Madrid, que vai fazer? Pelo mesmo argumento que invocou para manter preso, um preso político, portanto, o vice-presidente do governo catalão destituído, deveria então prender mais de metade dos eleitores catalães, certo? Se o que houve e há na Catalunha não é um processo democrático que reclama a independência daquele país, mas uma rebelião das massas, e a resposta do reino de Madrid é prender os seus 'cabecilhas', que separa Felipe VI, Mariano Rajoy, e o PSOE, do senhor Recep Tayyip Erdoğan, ontem recebido e saudado, embora criticamente, por Emmanuel Macron?

A unidade constitucional da Espanha invocada por Madrid é uma invenção napoleónica, e portanto um facto histório recente e importado. A realidade histórica é muito mais antiga, difusa e próxima da ideia de uma união de estados, ou de um estado federal, onde a união política entre os antigos reinos de Castela e Aragão deram origem a um centro de poder monárquico cujo objetivo estratégico foi desde então atrair e reunir à sua volta todos os outros reinos, principados e condados, incluindo diversas tentativas de conquistar Portugal pela força. Até Franco gizou um plano para invadir Portugal caso Hitler ganhasse a guerra!

Ou seja, é pefeitamente razoável pensar numa federação, ou mesmo numa confederação espanhola em que as atuais regiões autonómicas adquiram independência e constituições próprias, além das bandeiras que já têm. Nesta configuração, que poderia ser objeto de um referendo constitucional (em que a Catalunha acederia participar), criar-se-ia então, se essa fosse a vontade maioritária de todos os súbditos da monarquia espanhola, a possibilidade de uma coexistência pacífica entre, por exemplo, a República Catalã e a monarquia existente, na qual permaneceriam, ou não, as demais regiões, embora seja crível que o País Basco optasse também por uma independência republicana.

O ensaio das chamadas autonomías chegou ao fim com o fim da prosperidade mundial e europeia.

O endividamento público e a falência bancária estrangulam os orçamentos políticos. E no caso de Espanha estrangulam cada vez mais uma arquitetura autonómica assente em transferências fiscais comandadas exclusivamemte a partir de Madrid. Quem não tem dinheiro, não tem vícios. Ou seja, é preciso encontrar outro e mais sustentável modelo de solidariedade ibérica, com base na verdade orçamental e económica dos seus países, regiões e povos. É fundamental redistribuir justamente o trabalho, a riqueza e o poder político, mas esta descentralização do crescimento potencial não pode continuar a ser uma coutada dos senhorios de Madrid e Lisboa. Precisamos mesmo de uma nova arquitetura política, económica, social e financeira descentralizada à escala global, que terá que começar por algum lado. Porque não reformando desde já os cada vez mais corruptos regimes ibéricos e suas nomenclaturas — incluindo a catalã?

O mito de uma grande Espanha não passa disso mesmo. O tempo dos impérios europeus passou à História. A União Europeia que precisamos de construir pode e deve respeitar a identidade e a diversidade dos seus países, das suas regiões e dos seus povos. Deve dirimir em paz diferendos antigos. Deve, desde logo, substituir a democracia retórica dominante por uma democracia real, mais deliberativa, com mais referendos locais, regionais, nacionais e europeus, em suma, menos burocrática e mais diretamente partilhada por todos. Deve, por isso, restaurar as liberdades individuais plenas da cidadania democrática, sem prejuízo de uma acrescida responsabilidade social e cultural esclarecida e partilhada.

O que não podemos aceitar na União Europeia é a atual disparidade de critérios sobre o Kosovo, a Turquia e Espanha. Nem o deixa andar perigoso para onde o problema catalão está a resvalar.

A tensão psicológica provocada pela incompetência dos políticos espanhois e europeus na gestão desta crise é muito grande. Sei-o por vários amigos e familiares que tenho em Espanha. Paira em muitos deles o espectro de uma guerra civil de sombras e pesadelos antigos. Sofrem e têm por vezes vergonha desta espécie de sonho desfeito por uma austeridade que lhes desferiu o golpe mais duro e inesperado. Desta vivência próxima resulta também a minha dificuldade em escrever sobre isto, mantendo uma desejável sobriedade analítica. Aos meus amigos e à minha família espanhola desejo sinceramente que o ano que agora começa possa trazer claridade e paz à sua magnífica criatividade, coragem e eterna diversidade.




Post scriptum

Seja qual for a leitura que se faça dos sucessivos resultados eleitorais verificados na Catalunha entre 2014 e 2017, é clara e manifesta a vontade da maioria dos catalães pela independência. Os resultados são expressivos, não apenas porque porque foram obtidos apesar da forte pressão política e mediática da visão centralista de Madrid, mas também porque apenas 64% da população residente é nascida na Catalunha.
  1. Consulta popular de 9 de novembro de 2014. Sim pela independência: 80,91%
  2. Eleições regionais de 27 de setembro de 2015. Sim pela independência: 64,9%
  3. Referendo de 1 de outubro de 2017. Sim pela independência: 92,01%
  4. Eleições legislativas antecipadas de 21 de dezembro de 2017. Deputados soberanistas eleitos: 78; não soberanistas: 57.

Atualização: 7/1/2018, 00.57 WET

sexta-feira, janeiro 05, 2018

TAP e TGV, quem ganha?

TGV IZY rame 4551 sur le 9611 Paris-Nord/Bruxelles, passant sans arrêt la gare de Longueau, département de la Somme, France. Foto: Thierry80 (cropped). Wikipedia.

Como Portugal tem petróleo, não precisa do TGV. Certo? Errado!


Toda a Europa, menos nós que temos poços de petróleo e preferimos, por isso, andar de carro e avião, aposta no comboio de alta velocidade movido a eletricidade. Os acordos lógicos entre Espanha e Portugal sobre este tema, assim como o sector ibérico da rede europeia interoperável de transportes ferroviários, continuam engasgados nas caricatas cimeiras ibéricas onde sucessivos governos portugueses têm feito figuras de urso.

Chegará o dia em que perceberemos porquê e quem montou o embuste contra o famigerado TGV a benefício da venda dos terrenos da Portela a um chinês, para fazer um novo aeroporto na Ota, ou em Alcochete.

O sempre luzidio Goldman Arnaut acaba de subir a CEO da ANA-VINCI. Atenção, pois, às próximas notícias sobre a saturação da Portela.... e a necessidade de um novo elefante branco, desta vez em Jamais!

O grande negócio da Goldman Sachs continua a ser o que foi bem descrito por John Perkins em Confessions of an Economic Hit Man (2004): acorrentar os países mais tontos deste planeta a ilusões de grandeza que os indígenas depois pagarão com língua de pau, ou seja, a uma nova forma de submissão colonial só aparentemente sofisticada.

A EDP lucra em Portugal para pagar nos Estados Unidos a ruína das ventoninhas que lhe foram impingidas pela mesmíssima Goldman Sachs. À TAP são perdoados impostos e dívidas e os lucros operacionais servem para amamentar o buraco desenhado no Brasil em volta dos destroços da VEM (Varig Engineering & Maintenance) entretanto rebatizada e rescrita no recém editado artigo da Wikipedia sobre a área de manutenção da TAP. CP e Carris adoram swaps especulativos. Em suma, os credores internacionais adoram o Estado português!

IZY é um bem sucedido exemplo de Alta Velocidade ferroviária Low Cost, que um país pobre como Portugal deveria estudar, em vez de continuar a tolerar um regime comandado por piratas rodeadas de araras.

IZY


IZY is a low-cost train service between Brussels and Paris. 
It is a brand of Thalys, which is jointly owned by the French and Belgian national rail companies SNCF (60%) and SNCB/NMBS (40%). It was announced on 1 March 2016, and the first services started on 3 April 2016. 
Based on the popular Ouigo train service by SNCF, Thalys began its own low-cost service to compete with increasingly popular international coach services such as Eurolines and Megabus, and car pooling services such as BlaBlaCar. IZY provides up to three services per day using two TGV high speed train sets leased from SNCF. 
The model of the service is based on low-cost airlines like Ryanair and EasyJet [...] - Wikipedia.

Contribución a la sostenibilidad ambiental y a la descongestión de otros modos. 
Thalys y su marca de bajo coste Izy han superado este año los siete millones de viajeros transportados tras quince meses de crecimiento ininterrumpido. 
En esta marca, han influid sobre todo el dinamismo de los enlaces en Holanda, el éxito  de las nuevas tarifas lanzadas en septiembre, el impulso dado a los enlaces París- Bruselas por Izy y la estrategia de servicios implantada en las conexiones alemanas en su vigésimo aniversario. 
El récord permite a Thalys reafirmarse en su estrategia de competir con el transporte aéreo y la carretera y resaltar su contribución a la sostenibilidad ambiental y a la descongestión de otros modos. 
Thalys conecta desde 1996, Alemania, Bélgica, Francia y Holanda con conexiones de alta velocidad que enlazan en una hora y veintidós minutos París y Bruselas, en tres horas y catorce minutos París y Colonia y en tres horas y en tres horas y diecisiete minutos París y Ámsterdam. 
— in Vía Libre (22/12/2017)

quinta-feira, janeiro 04, 2018

Fascismo fiscal


O capitalismo português é um embuste


Fisco desiste de cobrar 125 milhões à Brisa 
O Fisco desistiu de cobrar 125 milhões de euros à Brisa em IRC pela venda da brasileira CCR, tendo anulado a inspecção que lhe deu origem. A decisão foi tomada em 2016 e pesa mais de metade das anulações feitas nesse ano, gerando críticas do Tribunal de Contas à eficácia da Unidade dos Grandes Contribuintes. Jornal de Negócios.

O que é que em matéria de impostos diferencia o PCP do Grupo Mello? Nada.

Em Portugal não há capitalismo, nem liberdade económica, mas o velho e entretanto recauchutado corporativismo burocrático autoritário de sempre. Quem faz parte da nomenclatura, do PCP ao Grupo Melo, ou à EDP, passando pelo cartel partidário que se apropriou das instituições democráticas, pelo Estado obscuro e paquidérmico, pelas EPs TAP, CP, Carris e quejandas, autarquias e PPPs, e ainda pelos intermedários da desgraça alheia (Igreja, IPSS, fundações), come. Quem não faz, não come, ou emigra. Acontece que este grande ciclo de parasitismo endémico está a chegar ao fim. O império colonial morreu, e a União Europeia não irá deitar pérolas a porcos por muito mais tempo. Na precipitação descontrolada em direção ao bolo orçamental, dos cortesãos e cortesãs desta Loja Burocrática Indígena a que chamamos Portugal, multiplicar-se-ão exponencialmente os escândalos que provam a indigência da nossa economia e o embuste cada vez mais à tona da nossa democracia. Mas só quando os cidadãos que não fazem parte desta mixórdia acordarem e se unirem será possível varrer a enxovia, regressar à casa de partida, recuperar a confiança e recomeçar. Ou, como diz o Presidente da Repúblcia, reinventar o país.


quarta-feira, janeiro 03, 2018

E Tudo o Veto Levou

Por algum motivo não foi realizada até hoje uma exposição retrospetiva de Rafael Bordalo Pinheiro.
Na imagem, uma antecipação, com 117 anos, dos PIGS.


Estes partidos deixaram de servir o país, mas servem-se dele como se fossem um bando de piratas.


Presidente da República, sobre o embuste parlamentar montado para amamentar os partidos da nomenclatura: “ausência de fundamentação publicamente escrutinável”. Chegou.

O Observador desmonta (aqui) de forma incontroversa o ruído de propaganda montado pelas agências de comunicação da Geringonça. Tal como antes o havia desmontado de forma exemplar Margarida Salema (aqui), ex-presidente da Entidade das Contas e Financiamentos Políticos numa entrevista dada a Ana Lourenço na RTP3.

O comunicado assinado por PS, PSD, PCP e PEV dizia que o grupo de trabalho tinha sido constituído por decisão da Comissão de Assuntos Constitucionais e que foi ao presidente dessa comissão que, meses depois, apresentou propostas “no quadro de um consenso alargado”. — in Observador (3/1/2018)

Porém, a criatura que preside à dita comissão de assuntos constitucionais, Pedro Bacelar Vasconcelos, disse para as câmaras de televisão que lera a nova lei ‘em diagonal”. Em diagonal?!!!! E continua onde está, impávido e sereno?

Do Bloco ao Partido Capitalista Português (perdão, Partido Comunista Português), passando pelo PS, a demência e o oportunismo da esquerda difusa não poderiam ser mais flagrantes:

“O Bloco de Esquerda considera que não deveria existir devolução do IVA aos partidos políticos por incorporar uma discriminação entre candidaturas partidárias e candidaturas de grupos de cidadãos eleitores a autarquias locais”. Porque votou, então a favor? . “Não tendo sido possível alterar o consenso existente, o voto do Bloco foi a forma de garantir que os partidos não ficavam, por incapacidade de acordo, sem fiscalização”. O partido mostrou-se ainda “disponível para melhorar a lei”. E o PCP emitiu uma posição ainda mais complexa: nunca concordaram com a lei por ser “antidemocrática”; mas aprovaram as alterações ao diploma porque o melhoravam ligeiramente. — in Observador (3/1/2018)

Nomenclatura partidária, rendeiros do regime e burocracia são as principais causas da nossa decadência. Precisamos de libertar o país destas amarras. Como? Convocando os portugueses de boa fé a unirem-se numa PLATAFORMA DE CONFIANÇA PELA RENOVAÇÃO DO REGIME.

terça-feira, janeiro 02, 2018

Marcelo e a reinvenção da confiança

Livro-Razão de uma empresa alemã - séc. XIX (Wikipedia)


É preciso reinventar a confiança, diz o Presidente da República.

Sobre isto mesmo escrevi em 18 de dezembro do ano vencido, e sobre isto mesmo falei no Negócios da Semana, na SIC, na noite de 21 do mesmo mês.

O principal problema do país, e da nossa democracia, chama-se CONFIANÇA. A obscuridade a que o regime chegou é inadmissível, cada vez mais vergonhosa e insuportável. O episódio infantil da conspiração parlamentar em causa própria para o financiamento dos partidos agarrados à receita fiscal que impõem irresponsavelmente sobre a população e a economia, que ocorreria um dia depois do citado programa Negócios da Semana, mostra à saciedade que o regime precisa de correções políticas de fundo. Vamos a elas? - Facebook 30/12/2017


Marcelo Rebelo de Sousa:

“O ano que ora começa tem de ser, pois, o ano dessa reinvenção.
Reinvenção que é mais do que mera reconstrução material e espiritual, aliás, logo iniciada pelas mãos de muitos – vítimas, Governo, autarquias locais, instituições sociais e privadas e anónimos portugueses. 
Reinvenção pela redescoberta desse, ou talvez mesmo desses vários Portugais, esquecidos, porque distantes, dos que, habitualmente, decidem, pelo voto, os destinos de todos. 
Reinvenção da confiança dos portugueses na sua segurança, que é mais do que estabilidade governativa, finanças sãs, crescente emprego, rendimentos. É ter a certeza de que, nos momentos críticos, as missões essenciais do Estado não falham nem se isentam de responsabilidades.
Reinvenção com verdade, humildade, imaginação e consistência.”
in Mensagem de Ano Novo do Presidente da República
Cascais, 1 de janeiro de 2018



É seguramente crucial reinventar a confiança no sistema financeiro, na economia, nas instituições e no sistema político que temos. Sem isto a degradação partidária e a hipertrofia do Estado só podem agravar-se, mesmo sob a vigilância apertada dos credores e especuladores que 'apostam' em Portugal.

Convido os que hoje regressam à terrinha, se tiverem tempo e paciência, a uma leitura, de preferência sem ser em diagonal (pelos vistos, um mau hábito do senhor Pedro Bacelar Vasconcelos), dos textinhos que fui publicando imediatamente antes e durante a quadra natalícia.


The post-Snowden no trust society

A mathematical utopia is on the way and it seems powerful enough to tackle the huge loss of confidence in the information society and in power structures at large.



Geringonça 2018

De pedra e cal?



As rendas da EDP

Este quase monopólio é um fator de atraso económico e cultural do país.



Next Revolution

‘These nerds are more powerful than standing armies’
Ethereum: a peaceful and silent revolution is on the way



Por uma democracia de confiança

A revolução digital só agora começou

As bolhas das dívidas soberanas e o mercado especulativo de derivados financeiros são a coisa mais extraordinária que o Capitalismo conheceu em toda a sua história, exceção feita, talvez, das duas grandes guerras mundiais que permitiram a sua expansão exponencial.

O que agora parece estar em causa, por efeito da exaustão dos recursos à superfície da crosta terrestre, a começar pelo fim da energia barata, é mesmo o fim do crescimento. A procura agregada mundial deixou de crescer a um ritmo capaz de repor o capital gasto na busca de matérias primas como o petróleo, o carvão e o gás natural, minérios de ferro, terras aráveis, água potável, etc., e ainda no cumprimento das obrigações contraídas perante os clientes dos bancos, companhias de seguros e da segurança social. Mais, a taxa de crescimento demográfico mundial atingiu o seu máximo em 1964. Ora sem demografia não há crescimento de nenhuma espécie, salvo o das bolhas especulativas que proliferam. Resta-nos, pois, regressar ao crescimento zero (na realidade, entre 0 e 1%) que foi a regra desde o princípio da humanidade até meados do século 19. Esta é a próxima revolução global, que porventura já começou!