segunda-feira, julho 30, 2018

Louçã também deveria demitir-se

À fragata (NATO) NPR "Gago Coutinho", comandada pelo Comandante Seixas Louçã, foi dada ordem de fogo. Felizmente, os oficiais a bordo não cumpriram a ordem do instável militar.
Foto: Alfredo Cunha

Este Alves dos Robles infetou o Bloco de Esquerda até ao tutano!

Ricardo Robles renuncia ao cargo de vereador do BE em Lisboa
Eleito em 2017, representante do Bloco de Esquerda deixa a vereação após a polémica em torno dos investimentos imobiliários em Lisboa.
PÚBLICO 30 de Julho de 2018, 12:08
Em que posição ficam o beato Louçã, a serviçal Catarina e a ex-futura ministra Mariana? Ou muito me engano, ou a ala estalinista do Bloco (Fazenda, Rosas, etc.) vai regressar em força, o que não deixará de acelerar a caminhada deste saco de gatos pequeno-burgueses para a sua merecida irrelevância.

O sonho do degenerado trotskysta Francisco Louçã (será que ainda vegeta pela IV Internacional?) era ser vice-primeiro ministro de um Governo PS, cumprindo o desiderato revisionista que sempre o acompanhou na sua devoção marxista-leninista a Trotsky e ao senhor Mandel. Nunca percebeu a contradição em que viveu praticamente toda a sua vida. Em 25 de novembro de 1975 refugiou-se na clandestinidade em nome da segurança do partido, para logo depois expulsar os que ficaram na Rua da Palma e nos quarteis a aguentar o que então se percebia ser um perigoso, mas imparável descarrilamento da balbúrdia pré-revolucionária em curso. O país tornara-se um enorme furúnculo social, político e institucional, que consumia a velocidades estonteantes as reservas de ouro acumuladas por Salazar. A 'revolução', em suma, tomara o freio nos dentes, sendo por isso imparável. Na antiga Liga Comunista Internacionalista - LCI (uma das avós do Bloco de Esquerda) houve então quem preferisse continuar com as mãos na massa, nomeadamente dialogando com o PRP-BR, o PCP, o MDP, o MES, etc., para o que desse e viesse, mas sobretudo para impedir o pior. Louçã, filho do comandante que dera à fragata Gago Coutinho ordem de fogo contra os revoltosos na manhã de 25 de abril de 1974 quando esta se encontrava posicionada ao largo do Terreiro do Paço (1), preferiu sempre o conforto de uma subordinação estratégica a Mário Soares (e aos Estados Unidos), ainda que enfeitada com a retórica mandeliana, do que pensar honestamente nos interesses históricos do povo português. Um caso perdido.

Francisco Louçã deveria demitir-se do Conselho de Estado e do Banco de Portugal, em nome da coerência, mas também em nome da decência que tanto apregoa.

E o Partido Socialista deveria cuidar melhor da pública RTP, tomada de assalto, por dentro e por fora, por uma falsa esquerda radical, que mais não é que uma soma desmiolada de indigentes e pequenos aristocratas do regime.

Contratorpedeiro Huron das forças da NATO meteu-se entre a Gago Coutinho e a Praça.
NOTA

A ordem do “…Comandante ao chefe de Serviço de Artilharia para serem dados uns tiros para o ar, com munições de exercício” foi desobedecida, quando o oficial imediato “informou o Comandante de que os oficiais e ele próprio se recusavam a fazer fogo”. Esta atitude do oficial Imediato foi corroborada não só pelo chefe de Serviço de Artilharia, como também pelos restantes oficiais. De facto, não se verificou a execução da ordem, quer porque o Imediato teria informado, primeiro, o Comandante dessa recusa, quer porque o chefe de Serviço de Artilharia teria “inventado", depois, "problemas na artilharia", facto que, sem que o Comandante Louçã tivesse, sequer, procurado averiguar quais eram especificamente e que peças afectavam, o levou a informar o Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada da existência de problemas na artilharia que impediriam o cumprimento das ordens recebidas, embora sem justificar a natureza dos mesmos. Na verdade, a execução da ordem de fogo, em sentido estrito, só se verificaria quando e se o chefe do Serviço de Artilharia mandasse dar fogo à peça, proferindo a expressão consagrada “Fogo”!

— in FRAGATA “GAGO COUTINHO”, Esclarecimentos necessários (pdf)

Um tiro no porta-aviões do Bloco

Francisco Louçã na Vi Convenção do Bloco de Esquerda (2009)
Foto: José Goulão/ Wikimedia


Francisco Louçã já não é, de facto, um trotskysta


Se este fim de semana não destruir o Bloco de populistas e especuladores capitaneado pelo beato Louçã, então é porque o país está definitivamente perdido. Já o efeito colateral deste escândalo é simples de imaginar: o fim da Geringonça e a maioria absoluta do PS nas próximas eleições.

Miguel Esteves Cardoso (MEC), na sua crónica no Público, escreve: “A pergunta que eu faria a Ricardo Robles é esta: a quem é que ele queria vender o imóvel? Quem é que ele acha que seria capaz de pagar os 5,7 milhões de euros que ele pedia?”

Ricardo Robles não pode obviamente responder a esta pergunta, sob pena de se auto-incriminar—ideologicamente, claro. Ocorre o mesmo, aliás, às criaturas perdidas que tomaram conta do dito Bloco de Esquerda: o conselheiro Acácio Louçã, a serviçal do conselheiro, Catarina Martins, o Alves dos Robles e a ex-futura ministra Mariana Mortágua.

Eu também tenho duas perguntas de algibeira:

1. Quanto vai custar a rescisão do contrato robliano com a Christie's?

2. Onde está o projeto e o alvará (obrigatórios) que permitiram a Ricardo Robles adicionar um piso (recuado) aos prédios que comprou?

MEC está, porém, enganado, num ponto: o Roblespierre do Bloco de Especulação despejou mesmo, pelo menos, um inquilino, mandou para o desemprego quatro funcionários dum café, e acossou ainda o dono dum prédio vizinho que reclamou contra as obras de ampliação que o dito trotskysta degenerado empreendeu com os favores da Câmara Muncipal de Lisboa e da Caixa Geral de Depósitos. Até prova em contrário estas deduções e suspeitas são mais do que legítimas. São flagrantes!

Não vejo, pois, como é que a malta do Bloco vai poder continuar a socorrer esta espécie chic de Capitão Roby fascinado pela Christie's. Se a criatura continuar na Câmara Municipal de Lisboa, e no Bloco, os fiéis do bloquismo não poderão mais abrir a boca sempre que alguém lhes fizer uma das três perguntas anteriores, sob pena de se transformarem em personagens anedóticos do Little Portugal.



Pobre Mariana. Pensei que ia mais longe...

Da imprensa deste fim de semana:
“Quem é rico e tem dinheiro fica com uns bons prédios em boas áreas”, criticou Mariana Mortágua na Assembleia Municipal de Lisboa em 2014. Robles estava ao lado e já tinha comprado o prédio.
“A cidade planeada à medida dos especuladores e o respeitinho pelo capital”.  
“O pequeno comércio expulso e os últimos residentes enxotados para a periferia” pelos grandes proprietários imobiliários.  
O sector privado “que desenha a cidade e a transforma ao seu gosto, decide quem fica e quem sai.”  
Estas três frases foram ditas a 14 de outubro de 2014 por Ricardo Robles, numa reunião da Assembleia Municipal de Lisboa para criticar a reabilitação que abria caminho a fins especulativos.  
Os que o ouviam ainda não sabiam, mas cinco meses antes o deputado municipal do Bloco de Esquerda tinha vencido um leilão para comprar à Segurança Social um prédio em Alfama por 347 mil euros, que anos mais tarde colocaria à venda no mercado por 5,7 milhões de euros. Ainda hoje recusa que se trate de especulação.  
A remodelação do imóvel de Ricardo Robles - vereador do BE na Câmara de Lisboa -, em Alfama, levou a que quatro funcionários de um café ficassem sem emprego.”Podiam ter sido cinco, mas eu optei por ir para a reforma, dado que já tinha 63 anos”, contou ete sábado ao CM o gerente do Pão com Manteiga, que pediu para o seu nome não ser publicado. Adiantou, ainda, que acabou por ser “despejado” por “decisão do tribunal”, porque “não aceitou vagar” o “primeiro esquerdo” do prédio que utilizava como “armazém” e “quarto de arrumos do pessoal”. “Era o local onde eu tinha duas arcas frigoríficas. Quis aumentar-me a renda de 270 euros para 400 euros, com a condição de eu sair do andar de cima. E como eu não aceitei, ele colocou-me uma ação de despejo, que foi concretizada em outubro de 2016.”
Esta é a definição, que o Bloco sempre usou, de um despejo
O arrendatário de duas frações do imóvel de Alfama - que Robles chegou a colocar à venda por 5,7 milhões de euros, tendo custado 347 mil euros ao político e à sua irmã Lígia - afirmou também ao CM que já avançou “para tribunal com um pedido de indemnização de 120 mil euros”. “Esta verba tem a ver com benfeitorias que fiz ao longo de 28 anos de arrendamento. Os últimos tempos que passei no café foram difíceis. Pela pressão de ter de sair e pelas obras de remodelação. Havia sempre muito ruído e muito pó. Fiquei muito desgastado e decidi ir para a reforma”, vincou. 

sexta-feira, julho 27, 2018

O Bloco de Especulação


Esta Geringonça não passa de caca ideológica

OBSERVADOR: Ricardo Robles dizia que a política de Fernando Medina na área da habitação era uma política que, “no essencial, tem falhado”. “Há uma visão especulativa: os terrenos, os prédios de Lisboa são para negócio, não são para habitação, não são para quem quer viver na cidade. E isso não é uma política de esquerda”.
Esta Geringonça é uma verdadeira vacina contra a demagogia, a hipocrisia, o populismo e a corrupção da Esquerda Rasca - um sucedâneo da velha utopia socialista, que não passa de caca ideológica.

Depois de um especulador imobiliário que engana velhinhos, sob o manto de silêncio indigente da imprensa indígena—o PM da Geringonça, António Costa—, e dos deputados do Bloco que vivem em Lisboa mas declaram residência oficial em Leiria ou na sede do Bloco em Braga, temos agora o engenheiro vereador do Bloco, Ricardo Robles, que barafusta contra a gentrificação, ao mesmo tempo que especula nesse mesmo pardieiro de oportunidades comprando barato —presumo que à custa de informação privilegiada e tráfico de influências— e salivando, qual aprendiz de 'pato bravo', por mais valias escandalosas (5,7 milhões - 350 mil = 5,35 milhões de euros!)

Ao contrário do que dizem, face à corrupção geral da esquerda à esquerda do corrupto PS, mais o colapso iminente do PSD, e a anomia do CDS, prevejo que uma boa parte da classe média acabe por dar a maoria absoluta a António Costa. Sempre será uma maneira de arrumar de vez as botas aos degenerados herdeiros do imprestável marxismo-leninismo, enquanto ficamos todos à espera de Godot.

Caviar na barriga, caca marxista na mioleira

O Bloco de Esquerda tornou-se uma galdéria irrelevante do regime. António Costa acaba de chegar à maioria absoluta.

Pórtico da página Facebook do especulador-mor do Bloco de Esquerda.

Ao contrário do que pretende o bronzeado senador Francisco Louçã...

(mensagens recebidas)
1) O ministério da segurança social tem que explicar esta pessegada. A CML tem que explicar este processo. Nós já percebemos, mas a CML tem que vir a público explicar os contornos destas transações. E a Caixa Geral Depósitos, que aprovou o crédito, tem que explicar publicamente em que bases o fez: qual a entrada de capital, e de que base salarial partiu.
2) RICARDO ROBLES E A IRMÃ compraram vários prédios e não um à Segurança Social por 350.000 euros… A cair? Pelas fotos que vemos no vídeo, não parecem ruínas...
A PGR devia investigar... 
Vendeu-se propriedade do Erário Público, i.e. da Segurança Social, por um valor muito abaixo do real. Esta forma de alienação do património público não foi revertida pela Geringonça (curiosamente...) e Ricardo Robles aproveitou a deixa, em vez de a denunciar! O senhor Robles conseguiu aliás, em tempo recorde, aprovar uma operação de loteamento e até acrescentar mais um andar. Onde está o suporte legal desta operação? Houve ou não favor camarário ao vereador? 
Gostava de ver em que condições foi feito o projeto e se cumpriu sequer os regulamentos mínimos anti-sísmicos. 
Isto é mesmo muito nebuloso… e nada tem a ver com o que dizem as Televisões e os Jornais. 
Não é um, mas sim vários prédios que estão em causa na Rua Terreiro do Trigo, números 6 a 26, em Alfama, e MAIS UM PISO! 
Gostava mesmo de ver o projeto do imóvel, porque não se tratou de uma reabilitação (falso) mas sim de uma reconstrução… pois levou mais um andar...
E ainda, como foi obtido o empréstimo na Caixa Geral de Depósitos? Quanto custa por mês? Etc. 
Isto não é inveja do sucesso dos outros. A Segurança Social, a caminho da falência, é paga com os nossos pesados descontos todos os meses! 
ISTO É MESMO MUITO GRAVE


Mais sobre o especulador imobiliário Ricardo Robles, num comentário de Marcos Soromenho Santos, proprietário de um prédio contíguo ao prédio do Robles
“Barbara, é mais grave do que isso. Eu tenho um prédio contíguo ao dele [Ricardo Robles] e as obras que ele fez (e foi ele e não a irmã, que nunca sequer apareceu nas reuniões que tivémos, sendo que o prédio foi comprado a meias pelos dois) não eram de todo permitidas por vários motivos (edificou sem parecer prévio sobre a muralha fernandina, subiu paredes sobre dois saguões prejudicando a qualidade do ar dos cómodos dos res do chão, que são meus, modificou o sistema de águas dos telhados sobre o meu prédio sem o meu consentimento, chegou a fazer intervenções definitivas de obra num terraço que é meu, apesar de previamente eu não ter consentido. Fiz por isso queixa à Câmara que lhe deu razão em tudo, num parecer vergonhoso que me foi remetido, com a clara conivênciade pelouros do PS (leia-se Medina). Esta gente não é séria, está lá para se servir pessoalmente, tal como aconteceu no caso da compra do andar do Medina à Isabel Teixeira Duarte. Lisboa está a saque, com prejuízo para quem é de facto da cidade.”



A notícia de O Jornal Económico não é falsa
1. Todos os factos noticiados foram devidamente comprovados ao longo da nossa investigação, com base em documentos públicos e nas declarações do próprio Ricardo Robles. E os factos da notícia são estes, entre outros: em 2014, Robles, um dos principais críticos da especulação imobiliária em Lisboa, comprou a meias com a irmã um prédio da Segurança Social, por 347 mil euros. Fez obras de reabilitação e de expansão, negociou com os inquilinos a subida da renda e/ou a sua saída e, no final de 2017, colocou o imóvel à venda na imobiliária Porta da Frente, com o intuito de o vender, tendo por base uma avaliação de 5,7 milhões de euros. Alguns meses mais tarde, o imóvel deixou de estar à venda, mas, tal como o próprio Ricardo Robles admite na notícia, o objetivo é voltar a colocar esse prédio no mercado, “a breve trecho”.

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Atualizado em 29/7/2018 10:26 WET

sexta-feira, julho 13, 2018

O labrego americano


A América não passa hoje de um reality show


A Rússia está em recessão demográfica e envelhecimento acelerado. Além do mais, sem vender gás à Europa, e sem os investimentos alemães e europeus, estaria frita, na sertã chinesa. Logo, o perigo de uma invasão russa é um papão ressequido sem real valor propagandístico. Quanto à NATO, já não serve para coisa nenhuma! Do que precisamos é de um sistema de defesa estratégica europeu, com tecnologia e armamento europeus. Ou será que não dá para perceber o que alguns americanos há muito querem: destruir a Europa? Não nos esqueçamos que a América se tornou uma potência hegemónica sobretudo à custa das duas guerras mundiais iniciadas na Europa (1914-18, 1939-45). Eram, antes destas duas tragédias europeias (já então postas em marcha para travar a Alemanha...), uns labregos. Voltaram a sê-lo!


Trans-Europe Express – NATO is dead
By Georgi Gotev with Freya Kirk | EURACTIV.com

NATO held its first summit in its grandiose new buildings this week. This should have suggested a new beginning for the transatlantic alliance. But the impression from the discussions was quite the reverse.

As one reporter suggested, this was a sadomasochistic extravaganza: Donald Trump first horsewhipped his allies, and then had his happy moment, suddenly declaring victory and having made NATO “much stronger”.

Criminals should be treated with more respect than the way Trump treated his colleagues. A source told your correspondent that every time the US president heard messages he didn’t like, he just ignored the speaker and even turned his back on them to speak to his own delegation.

At one point, Emmanuel Macron had to pause his speech for almost a minute, waiting for Trump to finish his private conversation and refocus on the meeting.

Outside the meeting room, to a mixture of general dismay and disbelief, Trump said the “level of spirit” had been “incredible”, declared the summit a big success, and bragged that he had been able to squeeze an additional $33-$40 billion in defence spending from his allies.

This, however, is not true. NATO Secretary-General Jens Stoltenberg said this money had been committed in advance, and the figures were published in a paper two days ahead of the summit.

It was, therefore, a fudge: intended for an audience that is not interested in the details, which is more or less Trump’s electoral base.

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quinta-feira, julho 12, 2018

Novo Aeroporto de Lisboa... em Rio Frio



Mudei de opinião! O Montijo já não é alternativa.

O novo aeroporto internacional de Lisboa deverá situar-se algures entre os rios Tejo e Sado. Rio Frio continua a ser uma hipótese lógica e interessante.
O António Maria, julho 02-10, 2005
O Novo Aeroporto de Lisboa (NAL), porventura operacional, numa primeira fase (duas pistas), em 2030, mas dificilmente antes desta data, deverá ser planeado para um período de vida de, pelo menos, 70 anos, ou seja, até 2100. Porquê?
  1. Porque o movimento de passageiros no Aeroporto da Portela cresceu a uma velocidade exponencial entre 2007 e 2017 (ver mapa Portela 1990-2050), tendo ultrapassado todas, mas mesmo todas, as previsões publicadas desde finais de 1970 até às mais recentes (Matias Ramos, 2012). Ver a este propósito o mesmo mapa, onde constam também cenários mostrados pelo Prof. António Diogo Pinto em 31 de maio de 2006 no Auditório do Metropolitano de Lisboa (Alto dos Moinhos), no âmbito da iniciativa promovida pela ADFER sob iniciativa e coordenação do Prof. Jorge Paulino Pereira.
  2. Porque o Aeroporto da Portela, que já tem 76 anos, vai chegar certamente aos 90, pois não se vê como possa haver um NAL antes de 2030. O Montijo poderá servir como solução transitória, mas mais vale avançar já para a solução antevista nos finais da década de 1960 e proposta no início da década seguinte, ainda durante o consulado de Marcello Caetano, do que insistir num remendo que já não serve. Esta solução foi, aliás, fruto do melhor estudo até hoje realizado sobre o NAL.
  3. E porque a população mundial, especialmente na Ásia e em África, continuará a expandir-se. A Ásia atingirá o seu pico demográfico em 2060, mas África continuará a crescer até depois de 2100 (ver gráfico). Haverá em 2100 mais 3,7 mil milhões de pessoas no planeta do que em 2017.
A demografia mundial, e sobretudo africana é importante

A população mundial chegou em 2017 aos 7,5 mil milhões de habitantes.
O Aeroporto Humberto Delgado, na Portela, movimentou 26,7 milhões de passageiros em 2017.
Por sua vez, o planeta Terra albergará 11,2 mil milhões de almas em 2100.
No Aeroporto de Lisboa, em 2100, admitindo que a sua taxa de crescimento caísse a pique, ou seja, para valores idênticos à taxa do crescimento demográfico mundial (2018 = 1,09% ; 2052 = <0,5% ; 2100 = 0,09%), nele passariam ainda assim 39,6 milhões de passageiros por ano.

No entanto, é mais provável que em 2050, ao contrário do cenário minimalista anterior, a cidade de Lisboa venha a precisar de acomodar dois aeroportos civis de grande capacidade, por forma a chegar às cinco pistas (uma na Portela; quatro em Rio Frio). É o que ocorrerá se a taxa de crescimento baixar dos atuais e excecionais 7% para um valor intermédio entre 3% e 5% (ver mapa Portela 1990-2050).

Quem financiará o NAL de Rio Frio?

Resta agora saber como financiar um NAL em Rio Frio sem recorrer à receita, por muitos esperada há muito, de uma venda dos terrenos da Portela (1).

Só vejo uma solução: deslocalização da BA6 (por exemplo, para Tancos) e venda do respetivo terreno (cuja área é o dobro da do aeroporto da Portela) para uma urbanização de elevada qualidade urbanística residencial, com a aplicação do grosso desta receita no NAL, a que se somaria investimento privado, nacional e estrangeiro, na aquisição de direitos de utilização e construção (Vinci, Urbanos, TAP, DHL, hteis, etc. ) Por fim, transformar o Campo de Tiro de Alcochete (que deixaria de ser uma instalação militar) num grande Parque Natural.

Mapa dos Slots da Portela: um aeroporto muito perto da saturação

Mapa dos Slots da Portela: um aeroporto muito perto da saturação


REFERÊNCIAS


É verdade!


Portela é o aeroporto que mais cresce na Europa
Nuno Miguel Silva
Jornal Económico, 30 Jul 2017

O ritmo de crescimento de passageiros no aeroporto da Portela tem-se intensificado nos últimos anos, verificando-se de uma forma geral e não apenas no domínio da conectividade. No ano passado, o aeroporto Humberto Delgado registou um total de 22,44 milhões de passageiros, um crescimento 11,7%, o equivalente a mais 2,35 milhões de passageiros que no ano anterior. A tendência acentuou-se no primeiro semestre deste ano, período em que a Portela recebeu 12,1 milhões de passageiros, mais 22,3% que no período homólogo de 2016.

Matias Ramos enganou-se outra vez!


Aeroporto da Portela esgotado em 5 anos
Lusa/DN, 31 Maio 2012 — 18:43

Em declarações à Lusa, Carlos Matias Ramos [à data Bastonário da Ordem dos Engenheiros], lembrou que no ano passado se registaram 15 milhões de passageiros e, com obras finalizadas no aeroporto internacional de Lisboa em 2013, devem registar-se 17 a 18 milhões de passageiros por ano.

Recorrendo a dados de instituições do setor aéreo e que a "realidade tem vindo a confirmar", o responsável afirmou que a capacidade máxima da Portela será atingida num limite de cinco anos.


A indústria dos estudos à medida do dono


Estudo de Impacte Ambiental do Novo Aeroporto de Lisboa
NAER/ Augusto Mateus e Associados
Junho de 2010

As estimativas de tráfego realizadas para o Aeroporto de Lisboa apontam, para 2018 (um ano após a abertura do NAL), um fluxo anual de passageiros comerciais de cerca de 19 milhões.

[...]

O NAL terá, como previsto, uma capacidade no dia da abertura para 22 milhões de passageiros, evoluindo de forma faseada e em função do mercado até aos 44 milhões de passageiros no horizonte do Projecto (2050).


Novo terminal com Figo Maduro permite enfrentar esgotamento da Portela

O secretário de Estado das Obras Públicas, Paulo Campos, afirmou hoje que a solução que permite enfrentar o previsível esgotamento da Portela até à construção do novo aeroporto "já está concretizada.

juntamente com a disponibilização da plataforma de estacionamento da base aérea de Figo Maduro, explicou o secretário de Estado à Lusa durante a visita às obras do terminal.

Para Paulo Campos, esta é a solução - denominada "Portela+1" - que permitirá fazer face ao aumento do tráfego aéreo até que o novo aeroporto esteja construído.

O que chamam solução 'Portela mais um' está concretizada com a construção do novo terminal 2 do aeroporto da Portela e com a disponibilização da plataforma de estacionamento da base aérea de Figo Maduro", disse Paulo Campos.

Na ocasião, Rui Veres, administrador da ANA, anunciou hoje a existência de um protocolo entre a Força Aérea Portuguesa e a ANA-Aeroportos de Portugal para a utilização da plataforma de estacionamento da base aérea de Figo Maduro.

A utilização dessa plataforma permitirá fazer operações de embarque e desembarque de passageiros e o estacionamento de cinco aviões de pequeno porte e de outros cinco de grande porte, disse o secretário de Estado.

As obras do terminal 2 deverão estar terminadas a 28 de Junho, prevendo-se a entrada em funcionamento no terceiro trimestre deste ano.

Fonte: Diario Económico
Auto Hoje, 0-05-07 17:41:50


Capacidade do aeroporto da Portela vai esgotar-se até 2011

Os empresários turísticos que integram o World Travel and Turism Council (WTTC) entendem que a capacidade do aeroporto da Portela, em Lisboa, estará esgotada em 2011, embora o presidente da organização acredite que podem ser encontradas alternativas até à construção de uma nova estrutura.

LUSA/ Público, 9 de Maio de 2007, 14:16


Governo fará segundo aeroporto antes da Ota

Esgotamento da Portela previsto para 2015.

Se a capacidade da Portela atingir o limite em 2015, antes de a Ota ficar pronta, será construído um terceiro aeroporto.

O Governo está a equacionar o investimento numa solução provisória que compense o esgotamento de capacidade da Portela, mesmo antes de a Ota entrar em funcionamento, caso o aumento da procura do actual aerorporto assim o justifique.

O ministro das Obras Públicas, Mário Lino, disse ao Diário Económico que se “a Portela esgotar em 2014 ou 2015 pode ter que se arranjar uma solução provisória, ainda que dispendiosa, mesmo depois de realizado o investimento de 350 milhões de euros”, em curso, para a expansão da capacidade da Portela.

Esta solução tem de se basear em estudos que confirmem o esgotamento da capacidade da Portela antes da data de inauguração da Ota, prevista para 2017, mas que Mário Lino gostaria de ver antecipada para 2016 ou 2015. Segundo Mário Lino, esta alternativa passaria, por exemplo, por “usar uma base aérea qualquer”, acrescentou.

A optar por uma base áerea provisória na Grande Lisboa para superar os constrangimentos da Portela, as alternativas mais faladas são Montijo ou Alverca. A consequência desta opção é que o investimento de 350 milhões de euros em curso na Portela – além de ser desmantelado após 2017 – poderá não ser suficiente para combater a subida do número dos passageiros, obrigando a novo e avultado investimento público.

Para Mário Lino, manter a Portela continua fora de questão uma vez que o tráfego com que iria ficar depois de repartido com a Ota não seria o suficiente para justificar os custos de gestão do aeroporto. “Uma unidade destas tem grandes despesas e estão feitos estudos económico-financeiros que provam a inviabilidade de manter os dois aeroportos”, explicou Mário Lino, acrescentando que “não há nenhum privado interessado em ficar com a gestão da Portela”.

“Nunca teremos 50 milhões de passageiros, quanto muito 40 milhões, e por isso não faz sentido manter os dois. Berlim tem actualmente dois aeroportos e vai construir um e acabar com os outros. Já Paris mantém dois, mas é outra dimensão”, reparou.

Fora de questão está também uma outra localização para o novo aeroporto, mas Mário Lino adianta que “se aparecer uma coisa [alternativa] perfeita, perfeita, terei de olhar para ela”.

Ana Baptista
Skyscrapercity.com, 2007-04-19 00:05


Estratégia de Desenvolvimento da Capacidade do Aeroporto da Portela, Lisboa
Parson-FCG Consortium
Abril 2004

Qual o volume de passageiros, movimentos de aeronaves e taxas de processamento dos subsistemas que o actual aeroporto poderá acolher, com a presente configuração e até 2015?

- Terminal de passageiros = 10,5 milhões de passageiros

Quando é que o volume de tráfego excederia a capacidade acrescida criada por meio das beneficiações realizadas através do Plano de Investimentos da ANA?

- O aeródromo atingirá um nível de restrição da procura em 2012 (cenário optimista) ou 2015 (cenário base). Ao atingir esse nível, nenhum investimento adicional na Portela produzirá um acréscimo de capacidade útil.

[...]

Parallel taxiway is not recommended unless Portela remains operational beyond the year 2020 as the capital investment cannot be recovered.

Runway 17-35 closure poses significant safety concerns and provides insignificant capacity changes. Closure of Runway 17-35 is not recommended by Parsons-FCG.


Novo Aeroporto de Lisboa Estudos de Localização, agosto 1994
ANA Aeroportos e Navegação Aérea, e.p.

[PM: Aníbal Cavaco Silva]

No final de 1969, o GNAL apresentou à Tutela um parecer do qual se salientam, entre outros, os seguintes pontos :

- Não ser possível a ampliação do aeroporto da Portela como solução a considerar para o Novo Aeroporto ;

- Não existir qualquer hipótese aceitável de localização do Novo Aeroporto na margem direita do Tejo ;

- A instalação do NAL na margem esquerda do Tejo apenas seria de considerar nas seguintes localizações : - Fonte da Telha, Montijo, Alcochete, Porto Alto ou Rio Frio;

- A escolha de qualquer destas localizações implicaria necessariamente a transferência do Campo de Tiro de Alcochete e a desactivação da Base Aérea n° 6 no Montijo;

- Após uma primeira tentativa de classificação das várias localizações, resultou uma tendência favorável a Rio Frio uma vez que era considerado o único local dispondo de área, permitindo a instalação de um aeroporto de grandes dimensões, sem quaisquer restrições para ampliações futuras (note-se que era considerado neste estudo, como pressuposto, a possibilidade de expansão até 4 pistas paralelas);

- Para a hipótese de Rio Frio foi dado também realce ao facto da Ponte Salazar (actual Ponte 25 de Abril), através da sua rede de acessos, permitir uma fácil penetração e difusão na cidade de Lisboa e, por outro lado, era também o local que, com menores investimentos permitiria a ligação à rede ferroviária nacional e, por consequência uma futura ligação por caminho de ferro a Lisboa.

O parecer terminava com a sugestão de que, para efeitos de prosseguimento dos estudos relativos ao NAL, fosse aceite:

1º A transferência do Campo de Tiro de Alcochete;
2º A desactivação oportuna da Base Aérea n° 6 do Montijo;
3º A continuação dos estudos se circunscrevesse à margem Sul do Rio Tejo, de preferência à área do Rio Frio - Porto Alto.

A 19 de Dezembro de 1969 foi decidido, em Conselho Aeronáutico, prosseguir os estudos de localização do NAL, limitados à região de Rio Frio.

A opção Rio Frio foi confirmada dois anos mais tarde, l971, em dois estudos independentes, adjudicado à firma americana Systems Analysis and Research Corporation (S.A.R.C.) em associação com a Howard, Needles, Tammen and Bergendoff (H.N.T.B.) e ao consórcio luso-alemão Induplano, Dorsch, Gerlach & Weidle (I.D.G.W.).

Estes estudos apoiaram-se nos estudos preliminares de localização realizados pelo GNAL e tiveram como objectivo fundamental a avaliação e a escolha de um local com a dimensão adequada à construção do NAL, de acordo com os resultados das previsões do tráfego.

A área considerada necessária para a exploração do aeroporto variava entre os 4550ha e os 6440ha, sendo no entanto recomendada, por cada um dos consultores, a aquisição de uma área total de 6550ha ou 21.780ha para permitir a instalação futura da Comunidade do Aeroporto, entre outras infraestruturas.

• Entre 1978 e 1982, os estudos complementares realizados sob a responsabilidade da ANA, E.P., concluíram que :

- o espaço disponível na Portela não permite mais de 50 posições de estacionamento de aviões comerciais de grande porte, correspondendo a uma capacidade máxima de processamento de 12 milhões de passageiros por ano (12 MPA);

- a viabilidade de Rio Frio implicaria a construção de novas ligações rodo-ferroviárias sobre o Tejo na zona de Lisboa. Para esta hipótese de localização, o Campo de Tiro de Alcochete e a Base Aérea do Montijo não poderiam prosseguir com as utilizações actuais.

- na margem direita do Tejo, a Ota apresentava potencialidades razoáveis para ser encarada como alternativa de localização do NAL, devido à sua acessibilidade rodo-ferroviária em relação a Lisboa, entre outros motivos.

• Em 1990 conforme determinado pelo Governo, procedeu a ANA, E.P. a um estudo económico comparativo quanto a duas possíveis localizações a Norte e a Sul de Lisboa, respectivamente, na área da Ota e na de Rio Frio. Este estudo desenvolveu uma análise comparativa das várias vertentes entre cada uma das localizações, não tendo sido manifestada preferência relativamente a qualquer delas.

• Desde 1979, a Tutela tem mantido como grandes linhas de orientação estratégica para a ANA, E.P., quanto ao Aeroporto da Portela :

- expansão gradual até ao máximo possível da sua capacidade de processamento de tráfego estimado em cerca de 12 MPA (em 1993 foram processados 5,7 MPA);

- abertura ao tráfego do NAL só será de considerar no horizontes de saturação da Portela.

[...]

Conclusões

Os limites de expansão do aeroporto da Portela estão definidos para um máximo de 12 milhões de passageiros e condicionados a 45 aviões simultaneamente em posições de estacionamento.

Nesta perspectiva a capacidade estaria esgotada no ano 2008 com os 12 milhões de passageiros, mas não seria possível no lado ar absorver os movimentos de aviões inerentes pois as previsões apontam para 2002 como o ano em que se tornaria necessário ter mais de 45 aeronaves parqueadas simultaneamente.

Assim e caso se mantenham as actuais condições de exploração, revelam-se como limite efectivo de capacidade da infraestrutura actual os cerca de 9 milhões de passageiros previstos para 2002, devendo o novo aeroporto estar disponível nesta data de modo a que não ocorram restrições físicas ao desenvolvimento do tráfego. O plano de investimentos apresentado no capitulo 7 considera esta data para conclusão da 1a fase da construção.

[...]

[Incidentes com aves]

Quanto ao risco de colisão com aves qualquer dos cenários em análise tem implicações com as rotas conhecidas de migração de aves. A Ota é o local menos penalizante e o Montijo o mais penalizante, em especial na hipótese A em que existem segmentos de aproximação e descolagem que implicam o sobrevoo a baixa altitude na área da Reserva Natural do Estuário do Tejo.

[1981-1993]

Montijo: 196 mil movimentos; 5 incidentes (1 incidente a cada 39 200 movimentos) Ota: 160 mil movimentos; 4 incidentes (1 incidente a cada 40 000 movimentos)

[1986-1993]

Portela: 516 mil movimentos: 36 incidentes (1 incidente a cada 14 334 movimentos)

[...]

[Operação]

Face ao exposto conclui-se que nenhum dos locais é inviável em termos de operação aérea e a hierarquização dos mesmos, obtida nesta perspectiva, e a seguinte : 1º - Rio Frio 2° - Montijo B - pistas com orientação este/oeste 3o - Montijo A - pistas com orientação norte/sul 4º - Ota

[Perspetiva ambiental]


Nesta perspectiva, verifica-se uma grande proximidade entre a classificação final das várias opções sendo a hierarquização dos locais a que se segue : 1º - Rio Frio 2º - Ota 3o - Montijo B - pistas com orientação este/oeste 4º - Montijo A - pistas com orientação norte/sul


NOTA

Os terrenos do Aeroporto da Portela representam um potencial de negócio na ordem dos 98 mil milhões de euros. Mas o aeroporto do Montijo tem o dobro da área!

Portela

Área bruta: 487,55ha ( 4 875 500 m2) [510ha-22,45ha]

Cenário de urbanização (2017): 

—habitação, serviços, equipamentos privados: 50% = 2 437 750 m2
—equipamentos públicos e infra-estruturas: 50% = 2 437 750 m2
Nº de pisos acima do solo (média): 8
Valor estimado do imobiliário (habitação, serviços, equipamentos privados) a construir para uma área de implantação de 50% do total da área a urbanizável:

A - Valor comercial: 2 437 750 m2 * 8 * 5000€/m2 = 97 510 000 000 €
B - Custo da construção: 2 437 750 * 8 * 800€ = 15 601 600 000 €
C - Diferença: A-B =  81 908 400 000 €

terça-feira, julho 10, 2018

Lead or leave it!

Poderá a próxima crise europeia nascer, outra vez, na Áustria?

Sair e permanecer no euro, ao mesmo tempo? 


Poderão as criptomoedas e outras formas de dinheiro eletrónico conduzir os países mais endividados do sul da Europa, com a Itália à cabeça, a promover em breve um xeque mate aos alemães e seus satélites do norte da Europa?

Um artigo de Joseph Stiglitz que vai dar que falar, e animar as hostes dos que defendem uma alternativa à zona euro tal como é atualmente gerida avança a seguinte ideia: a Itália e os países do sul da Europa, como Grécia, Espanha e Portugal, poderiam lançar moedas virtuais paralelas ao euro, forçando assim uma reestruturação das suas dívidas, e a existência, na prática, de uma moeda euro com duas faces de desigual valor, sem precisarem de tomar a iniciativa de uma saída voluntária da zona euro. Uma ideia explosiva, a juntar ao Brexit!

A parallel currency for Italy is possibleRome can regain control of its monetary policy without breaking the rules of the eurozone. 
POLITICO. By Biagio Bossone, Marco Cattaneo, Massimo Costa And Stefano Sylos Labini | 7/5/18, 10:10 AM CET Updated 7/5/18, 4:18 PM CET 
In Joseph Stiglitz’s recent article for the POLITICO Global Policy Lab (“How to Exit the Eurozone,” June 29, 2018), the Nobel-prize wining economist proposes that Italy issue a parallel currency as a way to retake control of its monetary policy.


How to exit the eurozoneItaly is right to consider leaving the EU’s common currency area. 
POLITICO. By Joseph Stiglitz | 6/26/18, 1:02 PM CET Updated 7/2/18, 7:23 AM CET 
If Germany is unwilling to take the basic steps needed to improve the currency union, it should do the next best thing: Leave the eurozone. As George Soros famously put it, Germany should either lead or leave. With Germany (and possibly other Northern European countries) out of the currency union, the value of the euro would decline, and exports of Italy and other Southern European countries would increase. The major source of misalignment would be gone. At the same time, the increase in Germany’s exchange rate would go a long way to curing one of the most destabilizing aspects of the global economy: Germany’s trade imbalance. 
[...] 
From an economic perspective, the easiest thing to do would be for Italian entities (governments, corporations and individuals) to simply redenominate debts from euros into new lira. But because of legal complexities within the EU, and because of Italy’s international obligations, it may be preferable to enact a super-Chapter 11 bankruptcy law, providing expeditious recourse to debt restructuring to any entity for whom the new currency presents severe economic problems. Bankruptcy laws remain an area within the purview of each of the nation states of the EU. 
Italy could even choose not to announce that it’s leaving the euro. It could simply issue script (say government bonds) that would have to be accepted as payment for any euro debt obligation. A decrease in the value of these bonds would be tantamount to a devaluation. This would at the same time restore the efficacy of Italy’s monetary policy: Changes in central bank policy would affect the value of the bonds. 
Hue and cry 
Of course, there would be a hue and cry from other members of the eurozone. Introducing a parallel currency, even informally, would almost certainly violate the eurozone’s rules and certainly be against its spirit. But this way, Italy would leave it to the other members of the eurozone to decide to expel it. 
Rome could take the chance that the fractious members of the currency union would never take such strong action, since that would confirm the fraying of the eurozone. Then Italy would have its cake and eat it too. It would remain part of the eurozone but would have accomplished a devaluation. 
[...] 
Advances in technology over the past three years make creating electronic currency systems all the easier and more effective. Should Italy choose to use one, it wouldn’t even have to face the difficulties of printing new currency. 
Italy could also blunt some of the pain of its departure if it were to coordinate its exit with other countries in a similar position. 
The motley group of countries that now forms the eurozone is far from what economists call an optimal currency area. There is just too much diversity, too many differences, to make it work without better institutional arrangements of the kind that Germany has vetoed. 
A southern eurozone would be far closer to an optimal currency area. And while it would be difficult to arrange a coordinated departure in a short period of time, if Italy successfully manages its way out of the euro, others will almost surely follow.

terça-feira, julho 03, 2018

Refugiados, uma crise artificial


Nós, sim, tivemos uma crise de refugiados de guerra! Em 1974-75.


Não há dia, nem noticiário, indígena ou internacional, que não nos encha a cabeça com a crise dos refugiados. Ora são refugiados de guerra, ora são refugiados políticos, noutros casos ainda, refugiados da fome que pagam fortunas a redes ilegais de migração para atravessar o Mediterrâneo—e para, às vezes, nele perder a vida—, em suma, dizem as televisões e os jornais, uma crise humanitária a que os malvados europeus se têm mostrado cada vez mais insensíveis, sobretudo por causa do populismo de direita em ascensão.

Os argumentos, sempre lancinantes e vagos, da ONU e das ONG, por sua vez, deixaram de nos convencer, em parte, pela repetição das suas ladaínhas carpideiras sobre factos mal contados, e sobretudo mal explicados aos povos da Europa. 

Mas afinal, porque está esta questão a envenenar a política, a comunicação social, e as redes sociais europeias, ameaçando a estabilidade da União e da sua moeda? 

Se repararmos bem no quadro publicado na Statista, por Patrick Wagner (que aqui republicamos), dos 29 países que consam desta lista (UE + Turquia), à exceção da Letónia e da Estónia, onde o número de não nacionais residentes chega aos 12% e aos 6% das respetivas populações, em nenhum dos restantes países, até finais de 2017, a população de refugiados ultrapassa os 4,6% (Turquia). Nos casos sempre badalados —Alemanha, Holanda, Áustria, Itália, e França— os refugiados não chegam aos 2%. Por sua vez, na Suécia, célebre pela sua política de acolhimento a refugiados políticos, e onde a nova vaga de imigrantes corresponde 3,25% da sua população nacional, os protestos têm sido menos audíveis, e a proatividade das respetivas autoridades públicas praticamente exemplar.

Quando António Costa se mostra magnânimo perante os microfones da terrinha, afirmando que Portugal pode acolher mais refugiados, e afirmando também que já comunicou essa disponibilidade aos seus parceiros comunitários, está simplesmente a fazer figura de urso, e a fazer de nós parvos!

Portugal é o país de toda a União Europeia a 28 que menos refugiados acolheu em percentagem da sua população: 0,2% (1 682). A Espanha, para citar o país vizinho, recebeu 54 028, 1,2% da sua população, mais de cinco vezes mais em percentagem do que nós! Onde estão os jornalistas do meu país?!

A razão porque digo que a crise europeia de refugiados que entope os canais da informação é ainda uma crise menor e perfeitamente gerível com humanidade e bom senso, advém de uma comparação: a crise de refugiados em Portugal que se seguiu à descolonização precipitada pela queda da ditadura. Foram mais de 500 mil pessoas, das quais pouco mais de metade nascida no continente europeu, ou seja, no total, 5% da população portuguesa residente à época!

Os então chamados “retornados” trouxeram enormes problemas de gestão e administração a um país por sua vez abraços com uma crise pré-revolucionária sem precedentes. No entanto, há quem pense, e bem, que este afluxo de refugiados trouxe mais benefícios do que prejuízos.

A crise europeia de refugiados, em boa parte causada pelos americanos e pelos europeus desde a Guerra do Iraque (2003-2011) —a que se seguiram a Guerra Civil Iraquiana, a Primavera Árabe, e a Guerra da Síria—, mistura-se com a guerra assimétrica movida contra os 'infiéis' americanos e europeus pelos movimentos radicais islâmicos, nomeadamente sob a forma de ataques terroristas de grande eficácia mediática. É nesta mistura explosiva entre crise de refugiados e guerra assimétrica que os governos europeus perderam o norte e a capacidade de gestão conjunta dos efeitos de uma crise que antes de ser de refugiados é sobretudo uma crise político-militar e uma crise bélica, onde religião, petróleo e gás natural fazem o cocktail de todas as desgraças.

Estou, neste tema, ao lado de Angela Merkel e dos suecos. É preciso desdramatizar (com informação clara e detalhada) as verdadeiras proporções da crise de refugiados, em vez de alimentá-la com gasolina e populismo político e mediático, como fazem a toda a hora as redações acríticas dos meios de comunicação, e os serviços secretos de vários países.

Quanto ao Governo português, recomendo mais vergonha nas palavras, ações concretas, e menos festarolas em volta do senhor António Vitorino e da sua eleição para a ONU de Guterres. A ONU inspira-me pouca ou nenhuma confiança no que faz pelo mundo.

segunda-feira, julho 02, 2018

O extermínio fiscal

“Os cavalos também se abatem”. Sydney Pollack (1969)

A nossa classe político-partidária é burra e corrupta. Decidiu rebentar com tudo o que era público (energia, água, mobilidade e transportes, educação, e saúde), esquecendo-se que um país pequeno, pobre, sem estratégia, e endividado até ao tutano, só poderá privatizar os seus setores estratégicos a favor de empresas e países estrangeiros, ainda que numa primeira fase as vendas beneficiem os rentistas indígenas. Consequência final do que era previsível desde início: o sistema bancário português colapsou. Os partidos de esquerda, PCP e extrema-esquerda, mais os seus desmiolados sindicatos e a sua permanente gritaria foram os assessores oportunistas deste desastre.

Neste momento—com a dívida pública em máximos históricos—já não há nada para vender, salvo os próprios portugueses, extorquindo-lhes pela via fiscal o património de gerações, e o património e poupanças de uma vida. É isso que a corja partidária, que elegemos de quatro em quatro anos, vem fazendo sem que nos apercebamos da gravidade deste crime. A destruição das classes médias é a primeira consequência à vista deste extermínio fiscal. A transformação do Estado num bando de malfeitores será, se não acordarmos a tempo, a próxima desgraça. Se esta corrida para o buraco vai passar pela emergência de populismos ferozes, de direita e de esquerda, ainda não sabemos. Mas a Geringonça, para já, promete. Querem acima de tudo o poder. O que dizem não passa de demagogia para entreter os mais distraídos.

Já não há negócios que satisfaçam a voragem da nomenclatura, pois os que existem escapam hoje ao seu controlo. Vão agora aos restos! E um destes restos chama-se Novo Aeroporto de Lisboa (NAL), em Alcochete, Rio Frio, ou Canha-Benavente, mas nunca no Montijo, pois aqui não há fartura para distribuir entre a corja do Bloco Central da Corrupção. Imagino que os chineses estejam na jogada, pois doutro jeito não há caroço. Mas já alguém pensou nas consequências que esta espécie de submissão a Pequim poderá implicar num cenário de guerra aberta (comercial e não só) entre os Estados Unidos e a China?

Recomendo sinceramente ao senhor Presidente da República que abandone o teatro dos afetos, pois um dia destes terá que exercer o cargo para que foi eleito.

A dívida

Mário Centeno, o novo vigilante da dívida.

Não se pode dizer que o governo PS suportado pelo PCP e pelo BE tenha agravado excessivamente a dívida pública. O que podemos e devemos dizer é que a dívida pública continua imparável, seja qual for o partido ou geringonça de turno no poder. Se não, vejamos (dados do IGCP):

Dívida Direta do Estado (*)
[EUR milhões]

- jan/18: 238 760
- jan/17: 238 826
- jan/16: 230 228

nov/2015 - António Costa | Cavaco Silva

- jan/15: 225 885
- jan/14: 208 648
- jan/13: 199 357
- jan/12: 180 689

jun/2011 - Pedro Passos Coelho | Cavaco Silva

- jan/11: 151 562
- jan/10: 133 744

out/2009 - José Sócrates | Cavaco Silva

- jan/09: 117 837
- jan/08: 111 959
- jan/07: 107 870
- jan/06: 101 225

mar/2005 - José Sócrates | Jorge Sampaio (contra a obsessão do défice...)

- jan/05: 91 993

jul/2004 - Santana Lopes | Jorge Sampaio

- jan/04: 84 225
- jan/03: 79 178
- jan/02: 72 279

abr/2002 - Durão Barroso (o país está de tanga!) | Jorge Sampaio

- jan/01: 65 704 milhões de euros

---

* As administrações públicas não incluem empresas que operam em condições de mercado, quer sejam financeiras (exemplo: Caixa Geral de Depósitos, S.A.) ou não financeiras (exemplo: EPAL-Empresa Portuguesa das Águas Livres, S.A.)- in BdP, “O que é a dívida pública?”
https://www.bportugal.pt/page/o-que-e-divida-publica.

quarta-feira, junho 20, 2018

A morte dos média



Cristiano by Nike, no Facebook. Uma conta com mais de 120 milhões de seguidores e fãs.

Depois dos mass media virá o hypermedia


A decisão de acabar, no fim deste mês, com o Diário de Notícias impresso em papel, que será em breve seguida pelo Público e pelo Jornal de Notícias, só peca por tardia. Por outro lado, vai aumentar a concorrência entre o Expresso e os outros semanários de papel. Na corrida do cabo, a CMTV lidera, à frente da SIC, TVI, RTP, Hollywood, mas o mais relevante é verificarmos como esta corrida se tornou rapidamente uma corrida de lémures em direção ao abismo. Os cavalos também se abatem!

Na realidade, o que já faliu há uma década a esta parte é o próprio modelo de média em que assentaram as sociedades industriais. Numa sociedade global eletrónica e digital desenvolvida a partir de satélites e cabos de fibra ótica, onde predomina a Internet, os chamados 'mass media' deixaram de fazer sentido e são sobretudo ineficazes quando comparados com os 'new media' e as redes sociais digitais, ou seja, aquilo a que Ted Nelson nos anos sessenta do século passado chamou hipermédia.

Acontecerá ao média tradicionais o que aconteceu à esmagadora maioria das mercearias e retrosarias depois do aparecimento das grandes superfícies comerciais e das marcas globais: uma extinção em massa. No caso de Portugal, a implosão em curso do sistema bancário indígena, bem como do protecionismo rentista nacional, só irá acelerar esta tendência, como estamos a ver. Esta transição tecnológica poderia ter decorrido de forma preparada, suave e avisada, mas vai ocorrer, ou está a decorrer, de forma brusca, inconsciente e injusta.

Num país com cabeça, esta evolução seria uma prioridade na discussão pública (em vez do Bruno de Carvalho!) A sociedade deveria debater abertamente o que pode estar em causa nesta transição, e como garantir a neutralidade da Net, ou as liberdades que podem estar em causa. Não é certamente metendo a cabeça na areia, como António Costa e a Geringonça fizeram no caso da compra abortada da TVI (Média Capital), ao grupo espanhol Prisa, pela Altice, que problemas de transição desta importância podem e devem ser analisados, enfrentados e resolvidos com o menor custo possível para a autonomia informativa e de opinião numa democracia.

O endividamento geral dos média portugueses, de que a recente venda do edifício-sede da Impresa se afigura como um péssimo augúrio, é uma Espada de Dâmocles que pesa sobre as suas principais cabeças. Sem sistema bancário, nem governo, em condições de os proteger, tornaraam-se naturalmente presas fáceis dos falcões que sobrevoam os produtores de conteúdos e as redes de telecomunicações e de hipermédia plantadas no planeta.

Sobre isto, como era de esperar, os bonzos burocráticos que opinam, nada previram, nada viram, nada sabem, nada comentam.

sábado, junho 16, 2018

Sem energia, nada feito!



Tenho duas más notícias:
  1. a energia nuclear é a única alternativa economicamente rentável ao declínio da energia elétrica oriunda do carvão, do petróleo (diesel) e do gás natural;
  2. a linha do crescimento económico é paralela à do consumo de energia, i.e.: sem energia, não há crescimento. E sem crescimento o mundo tal qual o conhecemos entrará num longo e prolongado declínio, povoado de enormes colapsos financeiros, convulsões sociais e guerras.
No nosso país, a aposta nas chamadas energias limpas e renováveis —hidroelétrica, eólica e solar— tornou a eletricidade mais cara. Este acréscimo de preço levou a grandes esforços de eficiência nalguns setores da nossa economia, mas não no principal: o setor dos transportes, onde, por exemplo, a descarbonização do transporte rodoviário, através de modernização e interligação da nossa rede ferroviária às redes europeias, foi criminosamente adiada, por motivos que ninguém entende, salvo se os interesses das tríades e a corrupção entrarem na análise. Por outro lado, o endividamento público exigido pela implementação das chamadas energias verdes pesará sobre todos nós durante, pelo menos, setenta e cinco anos. Como se isto não fosse já um desastre, o consumo de eletricidade caiu, e caiu ainda mais o consumo energético per capita. Porquê? Porque as pessoas tiveram que emigrar e/ou poupar na conta da EDP, e porque muitas empresas dependentes do consumo intensivo de energia fecharam, umas deslocalizando-se, outras não. Ora menos consumo de eletricidade significa menos faturação para o oligopólio formado pela EDP, REN, Endesa, Iberdrola e GALP, e menos receita fiscal, mesmo se ao consumo de eletricidade se veio a impor a tarifa máxima do IVA (“A subida da taxa de IVA de 6% para 23% entrou em vigor a 1 de outubro de 2011.” — Dinheiro Vivo, 26/7/2017). Mas mais importante ainda: significa menos produtividade e menos criação de riqueza!

É neste quadro que a guerra em volta do equilíbrios contratuais montou as suas barricadas. De um lado, os rendeiros cotados em bolsa, cujos escrúpulos deixam naturalmente muito a desejar. Ao lado destes, ainda que mascarados, está o regime devorista partidocrata instalado, e bem instalado, como se percebeu pela forma intempestiva como António Costa retirou o tapete a uma lei do parlamento que visava diminuir as rendas excessivas da EDP e quejandos. Do outro lado da barricada estão os consumidores, ricos e pobres, assediados simultaneamente pelo preço leonino da energia, e pelo saque fiscal dum insaciável estado partidário e burocrático, que, tal como o oligopólio da energia, se habituou a viver alegremente da extração de riqueza aos seus concidadãos.

A situação é tanto mais grave quanto se avizinham novas e mais graves crises financeiras e recessões. Meter a cabeça na areia, e persistir na propaganda e no circo mediático não vai resolver nenhum problema, mas poderá seguramente agravar irremediavelmente os que já existem. Será que alguém explicou isto mesmo ao presidente da república? É bem possível que sim. Doutro modo a sua mensagem enigmática sobre as cinzas do país permaneceria encriptada para sempre.

Junto a esta reflexão dois artigos, de leitura obrigatória, sobre o tema da energia. Sem percebermos bem este tema tudo o resto parecerá caótico e sem solução. 







100% renewable electricity at no extra cost, a piece of cake?
Jean-Marc Jancovici

Going to a low carbon economy is urgent. If we are serious about it, the good idea is not to waive nuclear for renewables, but to replace everywhere on the planet coal and gas-fired power plants by what has the lowest overall system cost: nuclear. Not doing it is, explicitly, suggesting that we take 10 times more time to phase out coal and gas from electricity generation (that represent together 28% of the overall greenhouse gases emissions in the world), which is equivalent to considering that climate change is a minor risk compared to the nuclear one. It is not because it is trendy that it is true.

+


Our Energy Problem Is a Quantity Problem
Posted on May 30, 2018, by Gail Tverberg

Once energy consumption growth flattens, as it did in the 1920-1940 period, the world economy is negatively affected. The Great Depression of the 1930s occurred during the 1920-1940 period. Problems, in fact, started even earlier. Coal production in the United Kingdom started to drop in 1914, the same year that World War I began. The Great Depression didn’t end until World War II, which was immediately after the 1920-1940 period.

[...]

Recently (2013-2017), the world economy seems to have again reached a period of flat energy consumption, on a per capita basis.

In fact, in many ways, the flattening looks like that of the 1920 to 1940 period. Increased wage disparity is again becoming a problem. Oil gluts are again becoming a problem, because those at the bottom of the wage hierarchy cannot afford goods using oil, such as motorcycles. Young people are finding their standards of living falling relative to the living standards of their parents. They cannot afford to buy a home and have a family. Governments are becoming less interested in cooperating with other governments.

[...]

A major reason for the flat world per capita energy consumption starting in 2013 is the fall in China’s coal production after 2013. Coal production is falling in quite a number of other countries as well, as the cost of production rises, and as users become aware of coal’s environmental issues. Other sources of energy have not been rising sufficiently to keep total per capita energy consumption rising. A person can see in the China chart that wind and solar production are not rising sufficiently to offset its loss of coal production. (Wind and solar are part of Other Renewables.) This situation occurs elsewhere, as well.

What role do wind and solar play in maintaining world energy supply? The truth is, very little. While a great deal of money has been spent building them, wind and solar together amounted to only about 1% of total world primary energy supply in 2015, according to the International Energy Association.

[...]

Globalization requires ever-expanding energy supplies to meet the needs of a rising world population. To maintain globalization, we need a growing supply of energy products that are very cheap and scalable. Unfortunately, wind and solar don’t seem to meet our needs. Fossil fuels are no longer cheap to extract because we extracted the resources that were least expensive to extract first. Our problem today is that we have not been able to find substitutes that are sufficiently cheap, non-polluting, and scalable.

+

Marcelo fora de prazo?

John Collier - Priestess of Delphi (1890).
Art Gallery of South Australia (in Wikipedia)

O Oráculo de Belém fez ouvir a sua voz. Mas que disse, afinal, a nossa irrequieta Pitonisa?


“Até ao fim da próxima legislatura se perceberá se somos ou não capazes de corrigir as assimetrias existentes, de ultrapassar as desigualdades que teimam em permanecer. É pois um desafio que começa na ponta final desta legislatura e que se prolonga para a próxima. Se formos capazes de fazer reviver até 2023 o que importa que reviva, Portugal será diferente. Se não formos capazes perdemos uma oportunidade histórica e condenamos alguns portugáis a serem muito ignorados, muito esquecidos, muito menosprezados e isso significa que falhámos como país.” 
Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.


Que significa este discurso? Parece uma Pitonisa a orar sob a influência do que resta dos fumos assassinos de Pedrógão Grande. Parece, à partida, que dá de barato outro governo de António Costa, um governo desmamado das esquerdas, pois não haverá então ideologia que salve as asneiras da próxima Geringonça. Parece também que, se a próxima Geringonça falhar, tal como tem vindo a falhar até hoje em tudo que dependa da sua ideologia e ambições desencontradas, deixará de haver alternativa democrática à prova real da incompetência e ausência de utopia demonstradas pelo PS, PCP e Bloco. É isto, Senhor Presidente?! Se é, temo bem que o seu mandato, Senhor Presidente, tenha azedado antes do prazo de validade.

Para já, o Oráculo de Belém acaba de abençoar um estado de otimismo que soa cada vez mais a falso, dando a entender que o destino do pitão que nele neste momento habita será o mesmo da Nau Catrineta de António Costa: uma viagem cheia de perigos e sacrifícios, mas que pode chegar a bom porto. E se não chegar? Se a nau for, afinal, uma jangada sem destino destinada a estatelar-se contra o rochedo da realidade numa noite de tempestade financeira, que fará Marcelo?

segunda-feira, junho 11, 2018

O direito à habitação


Os devoristas do sistema apropriaram-se da democracia e transformaram-na num regime populista, habitado por demagogos profissionais, e milhares de corruptos à rédea solta.


Há mais lisboetas a alugar quartos e segundas casas (por vezes herdadas) do que a serem despejados de alojamentos que não podem pagar. Para muitos, o alojamento local e os alugueres clandestinos são a única forma de enfrentar o desemprego, o emprego precário e mal pago, a degradação dos salários ao longo de uma década, pensões miseráveis de reforma e o proto-fascista acosso fiscal.

Os idosos e os mais pobres que vivem em casas, quase sempre a cair de podres e imundas, sem elevadores, etc., em caso de despejo, devem contar com o apoio dos municípios (que têm a obrigação e os recursos para acudirem a estas situações), e do ministério da segurança social. Para isso pagamos mais impostos que o resto dos europeus!

Por enquanto há milho para todos: alojamento local e hoteis. Só em Lisboa foram criados em 2016 mais de 14 mil empregos no ramo imobiliário: construção, renovação e mediação. Uma casa vendida em Alfama significou quase sempre uma casa comprada na Margem Sul, ou na periferia de Lisboa. Ou seja, mais ainda do que o turismo, foi o investimento externo no imobiliário quem nos tirou da crise aguda em que estávamos.

Por enquanto o Medina e o Moreira protegem a recuperação do património degradado por décadas de populismo partidário (apesar do populismo barato da demagoga-mor da nossa democracia, a senhora Helena Roseta).

O direito à habitação é, como o direito ao pão, um bem a cargo da sociedade no seu conjunto, através das suas instituições, e através de políticas fiscais justas. Assim como não se obriga uma mercearia, ou a cadeia de supermercados Pingo Doce a oferecer pão a quem não tem, ou mesmo a vendê-lo mais barato por decreto, também as rendas das casas não devem ser uma propriedade política dos demagogos que nos desgovernam há décadas.

Uma mole partidária que cresce como uma nódoa de azeite falsificado (nem os deputados do Bloco escapam!), tal como arranja empregos para os filhos, netos, noras, sobrinhos, primos e amantes, também se especializou em fazer chegar as melhores casas camarárias a quem menos precisa...

domingo, maio 20, 2018

Make Sporting great again


O presidente da República não tem estado à altura dos acontecimentos na Academia do Sporting.


Os nossos políticos não passam de indigentes do futebol.

O que aconteceu na Academia do Sporting nada tem que ver com terrorismo!

Nunca entrei num estádio de futebol.

Em pequenino todos nós escolhemos um clube. O meu foi o Benfica, talvez porque então o Benfica era um grande clube, com jogadores como Eusébio, Simões, Águas, Torres, e José Augusto, porque gostava de Ferraris, ou porque sempre preferi a cor encarnada às demais. Mas desde então a minha relação com o futebol é inexistente. Não vejo nada, não sei nada, e a última vez que vi um jogo na televisão foi o da vitória portuguesa no Europeu em 2016.

Ou seja, o que aconteceu na Academia do Sporting em Alcochete, um charco de mosquitos onde só a um careca lembraria instalar semelhante equipamento desportivo (ou construir um aeroporto!), não é um assunto de futebol, mas de segurança pública, ou melhor, é um sério problema de insegurança que reflete fenómenos mais profundos, visiveis noutras partes da Europa (ex: final da Liga Europa 2018), e que já desembarcou em Portugal há muito, mas só agora correu mundo, assustando naturalmente o capitalismo indigente e a partidocracia que temos.

Este é um caso de polícia. À partida, perante um aparente ajuste de contas entre membros de uma claque de futebol e os seus jogadores e treinador, ou perante o ataque organizado aos jogadores do Sporting e ao seu treinador por uma matilha humana disposta a fazer sangue, aquilo que teria sido de esperar da parte das instituições do regime —Governo, Presidente da República, Assembleia da Repúblia e partidos políticos—não aconteceu: uma manifestação de repúdio pelo sucedido, uma manifestação de solidariedade para com as vítimas do ataque, incluindo o clube de futebol (na pessoa do seu responsável máximo, Bruno de Carvalho), e o acionamento imediato das ações policiais exigíveis em casos como este. Em vez disto assistimos à montagem dum circo mediático contra Bruno de Carvalho, sugerindo, de forma à partida criminosa, que o mesmo poderia, afinal, ser o mandante da coisa! Espero bem que haja advogados corajosos para defender o Sporting deste evidente assalto à sua honorabilidade e à sua história enquanto associação desportiva.

Li o artigo do Independent que a seguir cito, para ver se percebia rapidamente o que se passará nos bastidores do que parece ser uma conspiração de pessoas e instituições (públicas e privadas) contra a direção de um clube desportivo (e de uma sociedade comercial) que goza de um apoio esmagador da sua massa associativa. Depois ouvi a extraordinária conferência de imprensa dada por Bruno de Carvalho, a qual me ajudou a perceber o resto da história, e a temer por estar de facto em curso um processo de linchamento do personagem fora do baralho que veio a ser eleito por duas vezes para dirigir um clube falido e que se arrastava há anos no fim das tabelas.

A simples ideia de ver Álvaro Sobrinho ("suspeito de desviar milhões") e José Maria Ricciardi (um dos banqueiros do ex-BES, cujo buraco negro continuamos a pagar com língua de pau, nomeadamente através da participação da Caixa Geral de Depósitos no Fundo de Resolução), acompanhados por tantos comentadores, políticos-comentadores, e o senhor Rogério Alves (advogado de Jorge de Jesus), do lado da fronda anti-Bruno, tornou-me, para já, um defensor da presunção de inocência do líder do Sporting em todo este escândalo. A Polícia que apresente rapidamente as suas conclusões sobre toda esta merda!
The 'Donald Trump' of football: Bruno de Carvalho shows few signs of softening his grip at Sporting Lisbon 

Bruno de Carvalho is outspoken, confrontational, unpredictable and abrasive. He is a hero to his supporters but is accused of demeaning his prestigious office by those who look down their noses at him. He is either a brash populist standing up for his people or an unseemly loudmouth with deep psychological issues, depending on who you believe.
De Carvalho is the Donald Trump of Portuguese football, the president of Sporting Lisbon who is trying to make his club great again. On Saturday he is facing re-election and an opponent in Pedro Madeira Rodrigues determined to undo what De Carvalho has done in office. 
But De Carvalho is expected to win comfortably, giving him the licence to keep running the club the way he wants. It may not be popular with everyone but he can fairly point to the awful state of the club when he took over in March 2013, four years ago. Sporting had been run into the ground, were in hundreds of millions of euros of debt and had stopped competing on the pitch too. In 2012-13 they finished seventh, the worst season in their history. 
— in The Independent

segunda-feira, maio 14, 2018

O sonho chinês

Salvando livros da biblioteca da Universidade de Blagoveshchensk durante as inundações de 2013

Amanhecer na Eurásia?


É difícil parar de ler The Dawn of Eurasia, tal é a atualidade do tema, e o estilo aventureiro, ou mesmo picante da viagem empreendida por Bruno Maçães assim que se viu livre do governo Passos Coelho. Levando na bagagem um CV invejável (doutorado por Harvard, ex-secretário de estado de um governo que teve que lidar com uma pré-bancarrota e um violento programa de austeridade), traça um retrato talvez não tão surpreendente quanto pudéssemos imaginar dessa Europa que vai da metade oriental de Chipre e dos Urais até aos confins da Eurásia.

A Europa é uma invenção, tal como a Ásia, ou mesmo África. O mesmo poderíamos dizer da Eurásia, na medida em que a verdadeira massa tectónica contínua, pelo menos à superfície, é a Afro-Eurásia. E até um dia destes, com o arrefecimento da calote polar do Ártico, a própria Afro-Eurásia se ligará ao continente americano! Outra coisa será ponderarmos a diversidade dos povos que vivem nestas regiões e lugares—as suas religiões, culturas e modos de organização social e política. Aqui as diferenças são por vezes muito vincadas e muito antigas, e prendem-se, quase sempre, com a topografia e orografia que ao longo de séculos, ou milénios, definiram fronteiras naturais entre estados, nações, povos e tribos, e as respetivas migrações. Por exemplo, não é a ideologia que explica a extensão territorial da Rússia, mas a natureza e extensão especiais do seu território que explicam a nitidez da sua soberania, nomeadamente nuclear, e a sua razoável estabilidade espacial, energética e alimentar, bem como o seu ancestral multiculturalismo e diversidade racial. A não ser assim, dificilmente explicaríamos o facto de a Rússia pós-soviética ser, do ponto de vista geo-estratégico, idêntica à ex-União Soviética, assim como idêntica é a desconfiança que sobre os russos nutrem os Estados Unidos, a Europa ocidental, ou a China.

Também a China de hoje não é muito diferente da China de Mao, ou da China imperial, quando pensamos nas suas ambições territoriais. Salvo alguns pormenores de fronteira (Bolshoi Ussuriysk Island, etc.), ninguém em Pequim pensa em projetar militarmente o país, mas apenas em negociar e defender as suas vias de acesso à energia e às matérias primas de que absolutamente precisa para garantir a segurança alimentar e tecnológica de mais de 1400 milhões de almas.

O problema que The Dawn of Eurasia pretende desembrulhar não é, pois, nem cultural, nem antropológico, e muito menos, religioso. O que está realmente em jogo é a possibilidade de uma redistribuição mais equilibrada dos recursos disponíveis, nomeadamente do petróleo e do gás natural, bem como uma divisão internacional do trabalho mais justa. Daí a oportunidade da reconstituição da Rota da Seda, vista agora como um sisitema de comunicações redundantes entre a China e os vários destinos de que depende a saúde da sua economia: a Europa ocidental, a Sibéria e o Médio Oriente, África, mas também o Canadá e toda a América do Sul.

Daí que, ao contrário do que postula Bruno Maçães no seu estimulante livro, a questão crucial que temos pela frente não é tanto a da emergência inevitável de uma Eurásia dominada pela China, coadjuvada pela Rússia, e onde o Reino Unido (pós-Brexit) se remeteria ao papel de uma espécie de Singapura europeia, mas sim a de sabermos como desenhar um novo Tratado de Tordesilhas sobre o desconhecido mundo que nos espera numa era marcada pela exaustão dos principais recursos que tornaram possível o modelo económico e cultural a que todos parecem aspirar desde finais do século 19.

O simples facto de as maiores concentrações de reservas petrolíferas existentes à face da Terra se situarem no continente americano (Estados Unidos, Canadá, México, Venezuela, Brasil), no Médio Oriente (Arábia Saudita, Iraque, Irão, Emiratos Árabes Unidos, Qatar, Koweit), na Ásia (Rússia, China, Cazaquistão), e ainda em África (Nigéria, Angola, Argélia, Líbia) determinará mais decisivamente o comportamento das grandes potências, e das potências emergentes, do que as meras considerações subjetivas e a propaganda de cada um dos membros da ONU.

O mapa que venho desenhado desde 2013 talvez ajude a ver melhor o que está realmente em causa.



O que dizem sobre o livro de Bruno Maçães

The Dawn of Eurasia
On the Trail of the New World Order
Penguin Books, 2018

A masterpiece. A book which combines practical experience, theoretical depth, classical literature and travel. Beautifully written. Major thumbs up. Could become a seminal work in IR (Alexander Stubb, Vice-president, European Investment Bank, Former Prime Minister of Finland 
Bruno Maçães announces a new order for the 21st century (Peter Thiel, entrepreneur, investor, and bestselling author of 'Zero to One') 
One of the strengths of The Dawn of Eurasia is that the author has chosen to leave the Davos comfort zone and to travel widely in remote areas. As a result, he mixes his academic analysis with skilful reportage drawn from his travels. This makes the book both more entertaining and more convincing. As well as being a shrewd geopolitical analyst, Maçães is a gifted travel writer, with a sharp eye and a dry wit ... The concept of Eurasia is re-emerging from the history books to become a central concern of contemporary politics. Maçães is one of the first authors to explore the significance of this development and he is a consistently interesting guide (Gideon Rachman Financial Times) 
Sharp, unprejudiced and witty (NRC) 
Filled with observations and insights gathered while travelling across Eurasia, Bruno Maçaes' account sets out why we are at the start of a new era in global affairs. An informative and perceptive guide, Maçaes introduces regions, peoples, and countries that few pay attention to. In the changing world of the 21st century, understanding Eurasia is more important than ever. This book helps prepare for the world of tomorrow, today (Peter Frankopan, bestselling author of 'The Silk Roads: A New History of the World') 
Bruno Macaes deftly navigates beyond the traditional dichotomy of the prevalent global balance of powers and, with the skill of a seasoned pundit, offers the exciting possibilities of a world readjusting to a new geopolitical architecture. An absorbing read. (Shashi Tharoor, author of 'Inglorious Empire') 
Brilliant, bold and beautifully told, The Dawn of Eurasia reveals world geopolitics like an unputdownable thriller. Seen from Brussels, Beijing, and everywhere from Istanbul to Almaty and in between, this is the extraordinary journey teeming with Russian spies, Chinese thinkers, Turkish radicals and Iranian artists. This is a profound piece of political thinking as comfortable with Russian and Chinese ideas, as it is with exposing the limits of our own (Ben Judah, author of 'This Is London: Life and Death in the World City') 
Technically this doesn't come out until January, but it is my pick for "best of the year.' It is one book that has changed how I frame 2017 and beyond' (Tyler Cowen, NYT bestselling author of 'The Great Stagnation') 
Subtle, brilliant essayistic points about the future of world politics leap off the pages of this utterly original travelogue. There are few better people to listen to than Bruno Maçães regarding our current historical juncture (Robert D. Kaplan, author of 'The Revenge of Geography' and 'The Return of Marco Polo's World') 
Bruno Maçães develops the great tradition of Portuguese travelers and adventurers by opening new countries and continents to the world, which was Europe. Maçães does that by a combination of a wealth of juicy first-hand experiences from his travels through most of Euroasia, and with an elegant analysis of historical and cultural factors, making him an original geopolitical philosopher. I agree with the idea that a new geopolitical and geoeconomic entity is in process of formation and could become the foundation of the future world order. We in Russia (and China) call it Greater Eurasian partnership and it, of course, includes the western tip of the continent - Europe. The book is a great fun to read, too (Sergey A Karaganov, Dean of the School of World Economy and International Affairs of the National Research University Higher School of Economics in Moscow)

—in Amazon