PRACE, um programa ambicioso controlado pela nomenclatura partidária
"O PRACE foi o maior programa de reestruturação da Administração Central desde o Mouzinho da Silveira e custou 150 mil euros, porque foi feito por técnicos da Administração. Isto mostra que é possível fazer-se sem ir ao exterior."
"… o então ministro da Administração Interna [António Costa] dizia que não fazia sentido que na direcção nacional da PSP os polícias servissem à mesa. Nem isto se conseguiu mudar." — João Bilhim, sobre o PRACE, in Público (05 Abril 2010).
O PRACE, que mal aplicou as orientações técnicas traçadas, só incluiu o sector da Administração Central. E as Empresas Públicas? E as parcerias público-privadas? E as mordomias não nomeadas: cartões de crédito, carros, motoristas, telemóveis, etc., etc? Provou-se que é possível poupar centenas de milhões de euros em estudos que as práticas corruptas das últimas décadas têm desviado sistematicamente para os escritórios clandestinos dos partidos. Mas também verificamos, ao ler o testemunho desencantado de quem nele investiu o seu melhor, que a burocracia e a voracidade partidária trucidaram boa parte das aplicações recomendadas.
O grande problema da democracia populista que temos foi a transformação do Estado numa coutada privada dos partidos políticos e a hipertrofia que se lhe seguiu. Desfazer este novelo de dispêndio injustificado (financiado pela via fiscal à custa do empobrecimento geral do país e duma barreira burocrática erigida permanentemente contra a produtividade económica), tem-se revelado uma missão impossível. Ultrapassar a ineficiência administrativa, o concubinato, a endogamia, e a corrupção endémica do actual sistema político, de que o Estado é emanação orgânica, vai ter que ser obra para outro regime. O que temos, já entrou em fase de putrefacção irreversível.
Valha-nos a sorte de a Alemanha empobrecida, em boa medida por causa dos mares de dinheiro que fez chegar a muitos países europeus, estar farta. O actual presidente da Eritreia (ler artigo na Monocle) pode ser um doido, mas tem razão numa coisa: a ajuda financeira internacional corrompe os povos!
OAM 699 — 3 Maio 2010 12:51
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