terça-feira, março 17, 2020

Carcavelos na frente de ataque ao Covid-19

Praia de Carcavelos, por do sol, 11 de março, 2020
Foto: OAM


Para melhorar a imunidade ao Covid-19, apanhe 10 minutos de Sol por dia, sem roupa, nem cremes!


Hoje um amigo meu mostrava-me, a propósito da pandemia em Espanha, as taxas de contágio por 100 mil habitantes, sublinhando que parecia haver uma clara correlação entre esta taxa e as temperaturas e humidade relativas no país vizinho:

Ceuta: 1,2
Canárias: 5,1
Baleares: 6,4
Andaluzia: 6,6
Múrcia, 6,6
Galiza, 9,1
C. Valenciana: 9,8
(...)
Castela-Leão: 13,9
Astúrias: 17,3
Castela-La-Mancha: 27,9
País Basco: 28,5
Navarra: 41,9
Madrid: 62,5
La Rioja: 98,5.

O vírus propagou-se e propaga-se a grande velocidade em Madrid num mês de março frio e seco. As temperaturas primaveris de Lisboa estavam e estão, neste mesmo mês, 3 a 4 graus acima das de Madrid. A propagação foi e tem sido claramente mais lenta, ainda que as estatísticas espanholas sejam sempre mais asserivas e menos instrumentalizadas pelo poder político do que no nosso país.

Outro fator na velocidade da propagação é certamente a concentração demográfica e o fator cosmopolita do agregado populacional (um grande aeroporto e o turismo, por exemplo).

Estes dois fatores, um de atraso na propagação do vírus, outro de aceleração, parecem poder explicar o caso português. O vírus entrou pelo Norte (mais frio e especialmente conectado com a Itália através das indústria), e mais tarde cresceu rapidamente em Lisboa (mais quente, mas com um aeroporto sob grande pressão turística, proveniente na sua maioria das cidades europeias).

O calor e a humidade parecem, pois, menos propícios à propagação do vírus. Ver este vídeo, ler este artigo (1).

Curiosamente Wuhan tem temperaturas similares a Lisboa, e um aeroporto (situado a uma altitude de 115m) que movimenta quase 25 milhões de passageiros (a Portela está a 114 m de altitude e movimentou, em 2019, 30 milhões de passageiros). Por este aeroporto situado no centro da China circulavam diariamente, antes de ter sido temporariamente encerrado por causa do Covid-19 (em 23 de janeiro), milhares de passageiros europeus.




Pandemia e matemática do absurdo

Se fizerem zero testes, haverá zero infectados. Percebem agora porque o governo não comprou os kits de teste necessários? Ou porque o Ministério da Saúde está a negar a cedência destes kits a boa parte do SNS e aos médicos do setor privado? Ou seja, há seguramente mais infectados em Portugal do que as estatísticas do governo rezam. Esta manipulação estatística da pandemia é especialmente caricata na Rússia, onde até hoje se registaram apenas 93 casos! Mas tem um propósito: ganhar tempo e esconder as deficiências da capacidade de resposta dos serviços públicos de saúde.

Por outro lado, a matemática pura do crescimento exponencial não se aplica ao Covid-19 da forma alarmista com que tem vindo a ser divulgada por um matemático lunático (2) na nossa amalucada comunicação social, para quem, no desmiolado programa da Fátima Campos Ferreira, corremos o risco de ter no fim do ano mais infectados pelo Covid-19 do que população: 12 milhões!

Em Portugal, seguindo cálculos simples, podemos dizer que, se houver kits de teste ao Covid-19 suficientes (ver o exemplo que dei sobre a matemática do absurdo) poderemos vir a ter qualquer coisa como 50% da população infectada, isto é, 5,1 milhões de portugueses. Destes, poderão morrer de complicações resultantes da infeção, 1 a 2%, maioritariamente oriundos de grupos de risco (pessoas que padecem de outras doenças especialmente vulneráveis ao Covid-19 e pessoas com mais de 65 anos, sobretudo na faixa dos 80), ou seja, mais ou menos entre 50 mil e 100 mil pessoas. É muito? Depende de como olharmos para esta estatística. Por ano morrem em Portugal 110 mil pessoas (a maioria das quais por doença e idade avançada). Já imaginaram o que seria se todas as televisões passassem o tempo a falar de cada português que morre dia a dia? Tal como refere um estudo da Goldman Sachs sobre este mesmo fenómeno nos Estados Unidos, haverá um certa sobreposição entre as vítimas do novo Corona vírus e mortalidade previsível.

Dito isto, que é importante para contraiar a histeria e a manipulação política que esconde as insuficiências de um governo ideológico mal preparado para lidar cm catástrofes, devemos apostar tudo na contenção do Covid-19 através de quarentenas seletivas, sobretudo para atrasar a propagação, esperando assim que o tempo quente e a humidade dissipem o semi-bicho até à próxima estação fria e seca. Mas, ainda assim, não podemos deitar fora o bébé com a água do banho! Não podemos parar a economia e a vida durante dois meses, pois se formos por aqui, não morreremos do vírus, mas de medo e estupidez. E abriremos portas a todos os populismos e gangsters que sempre espreitam as melhores oportunidades para cavalgarem o poder.

Já agora, contrariando a litania sem fim promovia pelas televisões (que gostam imenso de bater nas redes sociais), vale a pena saber o que é que a Goldman Sachs transmitiu recentemente a 1500 dos seus clientes sobre o novo Coronavirus.

Alguns destaques:

—o vírus não gosta de calor;
—atingirá sensivelmente 50% da população americana que, em consequência de uma mortalidade prevista de 2%, atingindo fatalmente sobretudo grupos de risco e idosos com mais de 80 anos, causará a morte a cerca de 3 milhões de americanos, boa parte dos quais se sobrepõe aos 3 milhões de pessoas que já morrem anualmente no país, a maioria dos quais por doença e idade avançada;
—por fim, a Goldman Sachs espera que o pico da pandemia nos Estados Unidos seja atingido dentro de oito semanas, ou seja, em meados de abril...

“Half Of America Will Get Sick”: Here Is What Goldman Told 1,500 Clients In Its Emergency Sunday Conference Call

Around the time the Fed stunned markets with its 5pm Sunday emergency bazooka intervention, Goldman was holding an emergency conference call in which some 1,500 clients and companies dialed-in, making comparisons to “Lehman Sunday” especially apropos.

For those wondering what Goldman said, here is the bottom line via TME:

50% of Americans will contract the virus (150m people) as it’s very communicable. This is on a par with the common cold (Rhinovirus) of which there are about 200 strains and which the majority of Americans will get 2-4 per year.

70% of Germany will contract it (58M people). This is the next most relevant industrial economy to be affected.

Peak-virus is expected over the next eight weeks, declining thereafter.

The virus appears to be concentrated in a band between 30-50 degrees north latitude, meaning that like the common cold and flu, it prefers cold weather. The coming summer in the northern hemisphere should help. This is to say that the virus is likely seasonal.

Of those impacted 80% will be early-stage, 15% mid-stage and 5% critical-stage. Early-stage symptoms are like the common cold and mid-stage symptoms are like the flu; these stay at home for two weeks and rest. 5% will be critical and highly weighted towards the elderly.

The mortality rate on average of up to 2%, heavily weighted towards the elderly and immunocompromised; meaning up to 3m people (150m*.02). In the US about 3m/yr die mostly due to old age and disease, those two being highly correlated (as a percent very few from accidents). There will be significant overlap, so this does not mean 3m new deaths from the virus, it means elderly people dying sooner due to respiratory issues. This may, however, stress the healthcare system.

There is a debate as to how to address the virus pre-vaccine. The US is tending towards quarantine. The UK is tending towards allowing it to spread so that the population can develop natural immunity. Quarantine is likely to be ineffective and result in significant economic damage but will slow the rate of transmission giving the healthcare system more time to deal with the caseload.

China’s economy has been largely impacted which has affected raw materials and the global supply chain. It may take up to six months for it to recover.

The global GDP growth rate will be the lowest in 30 years at around 2%.

S&P 500 will see a negative growth rate of -15% to -20% for 2020 overall.

There will be economic damage from the virus itself, but the real damage is driven mostly by market psychology. Viruses have been with us forever. Stock markets should fully recover in the 2nd half of the year.

In the past week, there has been a conflating of the impact of the virus on the developing oil price war between KSA and Russia. While reduced energy prices are generally good for industrial economies, the US is now a large energy exporter, so there has been a negative impact on the valuation of the domestic energy sector. This will continue for some time as the Russians are attempting to economically squeeze the American shale producers and the Saudi’s are caught in the middle and do not want to further cede market share to Russia or the US.

Technically the market generally has been looking for a reason to reset after the longest bull market in history.

There is NO systemic risk. No one is even talking about that. Governments are intervening in the markets to stabilize them, and the private banking sector is very well-capitalized. It feels more like ‪9/11 than it does like 2008.”

in ZeroHedge

NOTAS

  1. Já depois de publicado este post tive acesso a um artigo que recomendo.
    “Leaders Of Western Nations Misled Over Quarantine/Social Distancing Spring equinox and rise in solar uv radiation will predictably bring mild epidemic to an abrupt halt (except for quarantined populations)”. By Bill Sardi, March 21, 2020
  2. Admito que o matemático Jorge Buescu sabe fazer contas e que a sua inexperiência em televisão o deixou muito nervoso, até porque queria fazer passar a mensagem da necessidade imperiosa de impor uma quarentena total (só possível depois de declarado um Estado de Emergência). Lendo-o, é mais fácil perceber os seus argumentos sobre as fases de propagação da pandemia: fase exponencial, pico, e fase logarítima. A sua tese é que se o país fechar, ou seja, se 'todas' (digamos 90%) as pessoas ficarem em casa durante três semanas (12-15 dias) reduzindo a zero novos contatos com pessoas e superfícies infectadas, em vez de termos um crescimento exponencial do número de infectados, muito rápido, que só pararia quando se atingisse 100% da população (o que, com uma mortalidade de 2%, significaria mais de 200 mil fatalidades), essa curva exponencial transformar-se-ia numa curva logarítima, i.e. com um crescimento exponencial no início, mas rapidamente atingindo um pico, a partir do qual, o crescimento do número e infectados seria mais lento. Ou seja, teríamos neste caso entre 60 e 70% da população infetada, em vez de 100% e, extremanente importante, a propagação seria retardada, impedindo o colapso do sistema de saúde. O senão desta opção é o estrago que provocará na economia, o qual será em muitos casos irreversível (falência de empresas e perdas de emprego, por exemplo). Daqui também uma explicação para o Estado de Emergência: impor a paragem de boa parte da economia (reduzindo a população ativa de 5 para 1 milhão de pessoas, por exemplo) não é fácil! Buescu socorre-se das lições da China, e agora de Itália, para defender a bondade do seu argumento. Na China a pandemia parece controlada, e em Itália há sinais de que o 'lock down' está a produzir efeitos.

  3. Dois artigos importantes para perceber o argumento do matemático.

    JORGE BUESCU, “Subitamente, a esperança chega de Itália” (Observador, 17/3/2020)

    JORGE BUESCU, “A matemática que explica o tsunami europeu. E português” (Observador, 15/3/2020)

segunda-feira, março 16, 2020

O dilema no combate ao Covid-19


Morrer da doença, ou da cura?


Este parece ser o dilema colocado aos estrategos da guerra contra o Covid-19...

Quando Graça Freitas repetiu o que alguém lhe disse sobre o milhão de infectados em Portugal, não estava longe das previsões mais respeitáveis. Na realidade, estima-se que entre 20 a 60% da população será atingida pelo vírus. Pode sê-lo em seis meses, num ano, em ano e meio, ou em dois, mas dificilmente escaparemos à proliferação do Covid-19 e dos seus mutantes. A gestão do tempo é o pomo da discussão teórica e táctica que envolve o combate à pandemia. O ponto de vista inglês diverge, como sabemos, da visão chinesa, que o resto da Europa tende agora a aceitar. Novos surtos apareceram, entretanto, em fevereiro, na China, embora tenham sido ocultados da opinião pública. Acabaremos por ouvir falar deles em breve...

A população precisa de ganhar progressivamente imunidade ao Covid-19 e seus mutantes, única forma de este se tornar relativamente inócuo para a saúde humana. Falta, porém, saber se é possível. As vacinas são uma forma de ganhar esta imunidade, ainda que temporária, mas para a maior parte dos vírus que nos causam problemas, não há vacina, apenas graus diferenciados de imunidade. Ou seja, haverá vacinas contra o Covid-19, mas ninguém sabe ainda se resultarão. Por outro lado (outro pomo de discórdia silenciosa), a contenção é necessária, mas não pode ser exagerada, em primeiro lugar, porque não derrota por si só o vírus, apenas atrasa a sua disseminação e penetração nos corpos humanos, e em segundo lugar, porque se exagerarmos a extensão e duração das quarentenas poderemos estar a matar a economia, e esta morte arrastará muitas mais mortes que o próprio Covid-19!

Eis, em suma, o problema equacionado num post de 11/3 de Gail Tverberg, e que vale a pena ler na íntegra:

An economy is in many ways like a human being or other animal. Its operation cannot be stopped for a month or more, without bringing the economy to an end.  
... 
I sometimes write about the economy being a self-organizing networked system that is powered by energy. In physics terms, the name for such a system is a dissipative structure. Human beings are dissipative structures, as are hurricanes and stars, such as the sun. 
Human beings cannot stop eating and breathing for a month. They cannot have sleep apnea for an hour at a time, and function afterward. 
Economies cannot stop functioning for a month and afterward resume operations at their previous level. Too many people will have lost their jobs; too many businesses will have failed in the meantime. If the closures continue for two or three months, the problem becomes very serious. We are probably kidding ourselves if we think that China can come back to the same level that it was at before the new coronavirus hit. 
In a way, keeping an economy operating is as important as preventing deaths from COVID-19. Without food, water and wage-producing jobs (which allow people to buy necessary goods and services), the deaths from the loss of the economy would be far greater than the direct deaths from the coronavirus.
...
China’s shutdown in response to COVID-19 doesn’t seem to make much rational sense. 
It is hard to understand exactly how much China has shut down, but the shutdown has gone on for about six weeks. At this point, it is not clear that China can ever come back to the level it was at previously. Clearly, the combination of wage loss for individuals and profit loss for companies is very high. The long shutdown is likely to lead to widespread debt defaults. With less wages, there is likely to be less demand for goods such as cars and cell phones during 2020. 
China was having difficulty before the new coronavirus was discovered to be a problem. Its energy production has slowed greatly, starting about 2012-2013, making it necessary for China to start shifting from a goods-producing nation to a country that is more of a services-producer (Figure 1).

Figure 1. China energy production by fuel, based on 2019 BP Statistical Review of World Energy data. “Other Ren” stands for “Renewables other than hydroelectric.” This category includes wind, solar, and other miscellaneous types, such as sawdust burned for electricity.

...
We also need to be looking for new approaches for fighting COVID-19. One approach that is not being used significantly to date is trying to strengthen people’s own immune systems. Such an approach might help people’s own immune system to fight off the disease, thereby lowering death rates. Nutrition experts recommend supplementing diets with Vitamins A, C, E, antioxidants and selenium. Other experts say zinc, Vitamin D and elderberry may be helpful. Staying away from cold temperatures also seems to be important. Drinking plenty of water after coming down with the disease may be beneficial as well. If we can help people’s own bodies fight the disease, the burden on the medical system will be lower.


—in “It is easy to overdo COVID-19 quarantines”

Posted on March 11, 2020, by Gail Tverberg 

domingo, março 15, 2020

Sim, estamos em guerra!

“Mapping a contagion: How the coronavirus may spread around the world”—FORTUNE


Primeira guerra mundial contra um vírus


Estamos a viver em pleno a primeira guerra biológica global da História. Não se trata, porém, de uma guerra entre potências nucleares, mas antes de uma guerra entre toda a espécie humana e um vírus. O facto desta sucessão de embates ter uma escala planetária deve-se exclusivamente a uma das dimensões da globalização humana, o transporte aéreo. Foi a nossa globalização que transformou esta explosão viral na maior ameaça à nossa paz coletiva desde a Peste Negra! 

Continua a haver quem defenda que tudo isto não passa duma conspiração chinesa, para rebentar com os preços da soja, do petróleo e das matérias primas em geral, bem como para tomar de assalto milhares de empresas sediadas na China, cuja queda em bolsa redundou em saldos instantâneos. São os especuladores do costume.

O mais importante de tudo é defender os humanos de uma ofensiva viral sem precedentes desde a chamada Gripe Espanhola (1918-20) e desde a famosa Peste Negre (1343-53). Os marcianos que tanto temíamos nos anos 50 do século passado, por indução propagandística dos americanos, são afinal seres invisíveis, razoavelmente simétricos, e vivem há centenas ou milhares de milhões de anos no mesmo planeta que nós. Há quem pense mesmo que são entidades semi-vivas que precisam da vida dos outros para existir.



O impacto global desta pandemia na economia, no sistema financeiro, nos sistemas políticos, nas sociedades e suas culturas pode vir a ser tremendo. As consequências deste ataque sem precedentes à integridade da espécie humana são de momento desconhecidas.

Estamos, portanto, em guerra, e não podemos começar por desbaratar a retaguarda! 
Se o nosso Governo não sabe, nem ouve os nossos especialistas militares em guerra biológica, ao menos copie a China, que agiu precisamente sob orientação dos comandos chineses especializados na guerra biológica.

Republico, a este propósito, um artigo muito oportuno e clarividente do Prof Carvalho Rodrigues sobre o modo como é necessário e urgente encarar o Covid-19. Uma explicação que vira de pernas para o ar o tabuleiro cognitivo em que muitos de nós temos estado a analisar a pandemia.

Meus Amigos, 
Com vírus que matam Humanos e que não conseguimos aniquilar não há proporcionalidade. Há guerra biológica. É como alguém que quer entrar armado, a disparar, contra alguém que está em casa e nem arma tem. Tem que se atrasar a entrada do ataque de quem vem armado a disparar até que venha a Autoridade e acabe com a ameaça que é, tal como o vírus, total e completamente assimétrica. 
A guerra biológica tem doutrina escrita, tem métodos e tácticas de emprego bem estabelecidas. São feitas manobras, exercícios, é treinada (os hospitais na China montados em meia dúzia de dias são a demonstração que, semana sim, semana sim, treinam contra medidas de  guerra biológica). 
Em Portugal até havia o Hospital das Infecto-contagiosas na Boa Hora e outros com Pessoal treinado em guerra biológica, e enquanto houve Hospital de Marinha também. Há ou havia ,pelo menos até ao Comando das Forças Armadas do General Pina Monteiro, uma companhia especializada em guerra NBQR (nuclear, biológica química e radiológica) com standards de prontidão da NATO. Seria bem falar com o Pessoal que sabe e treina sobre este assunto. 
O que a China faz, o que a Rússia faz e os EUA estão a fazer é desencadear, no terreno, o que sabemos de contra medidas numa guerra biológica em todos os aspectos. A Europa, com excepção da Alemanha, nem tem noção da realidade que em tudo se comporta como um ataque de guerra biológica. Não resulta da agressão de um país a outro, mas de um vírus à espécie Humana; mas não deixa por isso de ser guerra biológica. 
A incúria Europeia, com excepção da Alemanha, é escondida por detrás de argumentos relativamente à China de que é um país comunista e uma ditadura, à Rússia de que também é quase uma ditadura e aos EUA de que têm o Presidente que têm. 
O que a China, a Rússia e os EUA estão a fazer é a pôr no terreno a táctica e a doutrina da Guerra Biológica, e a conseguir utilizar o Pessoal de Saúde apenas na última linha de defesa. Têm na linha da frente de combate Militares, GNR, Polícia, Protecção Civil e a População em geral a garantir a desinfecção pública e sobretudo o isolamento usando força se necessário for para que nesta luta assimétrica (vírus que mata e não é possível exterminá-lo)  sejam, através do isolamento, infectados o menor número possível para que não chegue uma avalanche às portas do último reduto, o hospital. 
Não se pode deixar tudo à mercê e chegar ao Pessoal da Saúde e o Hospital com massas de infectados. Não podemos transformar a retaguarda (o Pessoal de Saúde e o hospital) na frente do combate. 
O que a Europa faz é isto: só dá batalha na última linha de defesa. 
Não podemos numa guerra biológica não ter o envolvimento de todos e deixar que o Pessoal na frente da frente sejam Médicos e Enfermeiros e Gente da Saúde. Esses devem estar a defender o último reduto, a barbacã dos tempos medievais. Não podem ser quem está na frente da frente. 
Na frente, na frente  da frente da guerra biológica temos que estar todos nós, garantindo higiene pública e individual e isolamento com muita solidariedade e quando e se necessário garantido pela força do Estado. Quem, só por que sim, não se isola o máximo que pode, está a baldar-se para o lado do vírus e a entregar a nossa vida à ameaça biológica mortal que o vírus traz. 
Não pode ser como agora em que na Europa, os hospitais, são, apenas, o que constitui a única linha da frente desta guerra biológica. É bem sabido o que acontece a quem ponha a sua defesa apenas no último reduto. 
Para estarmos todos a agir eficazmente, temos que enfrentar este vírus com as bem estabelecidas tácticas de condução de uma guerra biológica. E nesta não há proporcionalidade. Há mobilização. Nós temos todos que ser os peões de Infantaria para que ao Pessoal dos Hospitais que na metáfora são os Cavaleiros possam apenas estar focados na derradeira luta, a luta pela vida no hospital. Eles, o Pessoal de Saúde e o hospital não podem ser a linha da frente da frente. Nós temos que ser a linha da frente da frente. 
Nós todos, com a Autoridade Militar, Policial e Civil mobilizados solidária e eficazmente na primeira linha da frente a garantir higiene individual e pública com isolamento individual ao máximo possível; para que chegue o menor número de casos à retaguarda da frente deste combate onde está o competentíssimo e abnegado Pessoal de Saúde e o hospital. 
Eu não sei, a não ser de alguns cálculos sobre o assunto (estão no P.S.) e por ver por muito de perto, muito do que descrevi da doutrina e da condução de guerra biológica na Emerging Security Challenges Division nos treze anos de Quartel Geral da NATO; mas porque ensino que só verdadeiramente sabe quem já fez (os outros ouvimos dizer) espero que como, em Portugal, há nas Forças Armadas, quem saiba (porque fez e treinou) como a guerra biológica se conduz seria bom que fossem consultados e sobretudo utilizados os seus conhecimentos. 
Forte Abração do vosso
Fernando Carvalho Rodrigues
Publicado originalmente aqui

Referências
“Entropy of plagues: A measure for assessing the loss of social cohesion due to epidemics”
F. Carvalho-Rodrigues, J. Dockery, T. Rodrigues
Abstract
We have asked the question what kind of illumination might be given to a series of historical events through the application of operations research techniques. The question is addressed by means of a model. In that model we compare the evidence for the collapse of civil authority during selected plagues of the 14th–17th century against the value for a casualty based entropy. The entropy is computed from time series of mortality data taken from the historical record of the selected period. This contribution builds upon previously published work in which entropy, computed from military casualties, becomes a predictor of combat outcome. The conjecture is advanced that mortality based entropy calculations reveal the impact of the plague mortality on societal structure Comparison with the work of Dupaquier on the scaling crises is made. Suggested extensions to additional societal phenomena are advanced.
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