domingo, julho 30, 2006

Israel-Libano 2

Lebanon destruction

Líbano: a oportunidade europeia


Much of the United States policy in the Middle East and Central Asia is guided by acquiring strategic depths before Russia, China and Iran acquire strength. Iran wants to build nuclear weapons before the US and Russia are able to dominate the region. China is quietly making inroads in much of Asia and Africa before the US firmly establishes its global dominance. It's not just the United States that is following a doctrine of pre-emption. China and Iran are playing the same game. Can some calculations go wrong when investors are most confident of global economic growth and political stability as they were in the years leading to the First World War?” In Strategic Foresight Group; The Big Questions of Our Time, Part 8: Ferguson's Fears


O território da Palestina, também conhecido ao longo da história como Filastïn ou Falastïn (da desaparecida etnia Filistina), ou ainda como Eretz Israel (Terra de Israel), foi secretamente negociado em 1916 como um Condomínio Aliado decorrente dos arranjos geo-estratégicos posteriores à Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Em 1917, Lorde Balfour enviou a célebre carta a Lorde Rothschild (líder da Comunidade Judia Inglesa e membro influente da Federação Sionista), na qual declarava a intenção da Inglaterra apoiar o desejo sionista de estabelecer uma pátria Judia (‘national home’) na Palestina. Em 1920 o Supremo Comando Aliado (Reino Unido, EUA, França, Itália e Japão) conferiu ao Reino Unido um mandato sobre toda a Palestina, embora sem definir os limites deste terriório. O Reino Unido, confrontado com a pressão da sua opinião pública (farta de pagar os elevados encargos do mandato), a desconfiança dos seus próprios aliados, que temiam pelas ambições coloniais inglesas na zona, o coro de protestos internacionais pela obstrução levantada pelos britânicos à deslocação dos refugiados judeus da Segunda Guerra Mundial para os territórios da Palestina, e o desgaste e humilhação impostos às suas tropas pelas acções terroristas dos grupos sionistas armados Irgun e Lehi, acabaria por anunciar o seu desejo de terminar o mandato na Palestina. Em 29 de Novembro de 1947 a Assembleia Geral das Nações Unidas aprova a resolução 181, com base na qual o território da Palestina é dividido em dois estados (israelita e árabe), mantendo-se a zona de Jerusalém (incluindo a cidade de Belém) sob administração das Nações Unidas. Os sionistas agarram obviamente a oportunidade, enquanto os países árabes rejeitam o inacreditável mapa traçado em Nova Iorque (basta olhar para o que sucedeu entretanto a este mapa para perceber quais os desígnios últimos de Israel). O novo Estado de Israel é proclamado a 14 de Maio de 1948, um dia antes de o Reino Unidos terminar o seu mandato na Palestina. A guerra israelo-árabe seguir-se-ia de imediato, continuando até aos dias de hoje, sem solução à vista. Israel foi alargando agressivamente as suas fronteiras, tendo obviamente como objectivo estratégico expandir a jurisdição do Estado de Israel a todo o (difuso...) território da Palestina, incluindo as cidades santas de Jerusalém e Belém. É por isto mesmo, que o Hamas, o Hezbollah, a Síria e o Irão não vêem outra solução para zona que não passe pelo fim de um Estado artificial, só possível graças ao grande jogo das principais potências militares do Ocidente: a França, o Reino Unido e os Estados Unidos. O prémio deste grande jogo de estratégia é, para além de todas as outras considerações imagináveis (passagem do Suez, direitos humanos, democracia) a imensa riqueza petrolífera de toda a região do Médio Oriente, a qual se estende pela Arábia Saudita e Emiratos Árabes, Irão, Iraque, Afeganistão e zona do Mar Cáspio. Todo o século 20 esteve dominado pelo controlo desta matéria prima e fonte energética de primeira grandeza.

mapa


A agenda de Israel é clara: destruir a possibilidade de existência de um Estado Palestino e expandir o seu território por forma a ocupar não apenas todo o mapa da Palestina desenhado pela ONU, mas também, logo que houver oportunidade, estender o seu Lebensraum à Jordânia.
Perante estes desígnios, a agenda dos árabes da Palestina não pode deixar de contemplar a destruição do Estado de Israel como uma opção racional.
Este cenário de irredutibilidade recíproca é muito perigoso para o futuro da humanidade. Na realidade, a situação actual é muito diferente daquela que existia nos finais do século 19, no primeiro quartel do século 20, e mesmo durante todo o período compreendido entre a derrota nazi e a queda do muro de Berlim.

Por um lado, o fim da União Soviética lançou o Capitalismo na sua derradeira fase expansiva (globalização), libertando a lógica do valor usurário dos constrangimentos estratégicos e políticos que os estados nacionais lhe impuseram ao longo dos tempos. Por outro, deixou os Estados Unidos numa posição estratégica cada vez mais insustentável à escala planetária, na medida em que o fim da bipolarização Democracia vs Totalitarismo abriu uma verdadeira caixa de Pandora no tabuleiro planetário dos jogos de estratégia. De repente, dezenas de países do Terceiro Mundo começaram a sair das suas prisões de sub-desenvolvimento, caminhando para incrementos nos respectivos PIB muitíssimo superiores aos dos países do 1º Mundo (estamos a falar de taxas de 9, 13, 21 e 26 por cento, por comparação com as variações de 0,1 a 3,5 por cento dos chamados países desenvolvidos!) Finalmente, tudo isto ocorre à medida que a principal fonte energética do milagre económico do século 20 entra na sua fase declinante. As grandes reservas petrolíferas mundiais têm vindo a aproximar-se do topo da sua capacidade produtiva desde 1970! O peak of oil production que atingiu as reservas dos EUA, desencadeando a primeira grande crise petrolífera, em 1973, foi um aviso a que muitos não deram a importância devida. O problema agora é que o pico da produção mundial foi atingido no ano 2000!

Se tivermos presente, por exemplo, que em 2020 a produção petrolífera mundial andará pelos níveis da produção de 1980, que o petróleo barato acabou para sempre (sendo muito improvável que volte a descer abaixo dos 70 dólares...), e que, ao mesmo tempo, teremos que colocar nesta equação o crescimento da população mundial e os crescimentos económicos acelerados de países como a China e a India, mas também os dos 84 países que actualmente vêm os seus PIB crescerem a mais de 5% ao ano (ver CIA-The World Fact Book), poderemos facilmente perceber o nervosismo estratégico que percorre os centros de decisão da maioria dos países do planeta. O controlo das reservas mundiais de petróleo, gás natural, ouro, cobre, urânio, etc., já para não falar das florestas, solos agrícolas disponíveis, bancos de pesca e reservas de água potável, deixou de ser apenas um problema de acesso e gestão das garantias do crescimento (ou pelo menos de manutenção de um determinado status quo económico e cultural), mas também, e muito mais dramaticamente, um problema de sobrevivência dos próprios países. Se para crescermos, fizemos o que fizemos ao longo do século 20, imagine-se o que os países não poderão fazer para assegurar a sua própria sobrevivência.
Uma das soluções seria parar abruptamente, mas de forma assimétrica, o crescimento mundial! Quantos países poderão estar agora mesmo a pensar numa solução deste tipo? Eu diria que são muitos: o sr. Bush (e os chamados endtimers, que pelos vistos abundam na Casa Branca), o sr. Putin, o sr. Blair, o sr. Chirac, o sr. Hu Jintao, o sr. Ahmadinejade, o sr. Mujaraf e o sr. Ehud Olmert, entre outros possuidores de armamento nuclear e bioquímico de ponta.

É neste contexto que a guerra desencadeada por Israel contra o Líbano tem que ser estudada. Os EUA e o Reino Unido já demonstraram à saciedade a sua incapacidade para avaliar e gerir o presente curso da História. Multiplicaram estupidamente os teatros de operações anti-islâmicos, sem conseguirem ganhar nenhuma das guerras em que se meteram. Decepcionaram os seus aliados ocidentais. Afastaram da sua óbitra de simpatia a esmagadora maioria dos países do mundo. À medida que o caudal de erros estratégicos e tácticos aumenta, cresce, em resposta, a solidariedade muçulmana mundial, e mais países de outras órbitras estratégicas se aproximam do influente Crescente Islâmico. Quer dizer, para quem gostar de falar no choque de civilizações, é bom perceber que o poder de atracção do Islão tem vindo a aumentar rapidamente, ao passo que o bloco Cristão parece incapaz de demarcar-se do vanguardismo terrorista de Israel, deixando que o seu modo de estar no mundo e os seus objectivos estratégicos pareçam igualmente irreconciliáveis com a nova importância do Islão. Ora isto pode ser um erro trágico para a Europa!

Qana. Carolyn Cole / LAT
Qana: mulher e criança mortas por mísseis israelitas. 30 Jul 2006


A invasão da Faixa de Gaza, e depois do Líbano, sob pretextos absolutamente ridículos (o rapto do soldado israelita pelo Hamas sucedeu-se ao rapto de um civil palestiniano pelas tropas israelitas; e a acção do Hezbollah deu-se em território libanês ocupado por Israel) obedece a um plano de guerra preemptiva já conhecido e bem teorizado pelos think tanks que servem a perigosa administração Bush. Não sabemos, e só a história o dirá mais tarde, se foram os israelitas que adivinharam a vontade do Pentágono, ou se foi mesmo Condolezza Rice que instigou o plano de acção israelita. O resultado está, porém, à vista de todos: uma guerra ilegal, desproporcionada e terrorista, dirigida contra um Estado soberano, com o objectivo claro de desestabilizar toda a região do Médio Oriente, forçando a própria Europa a cair naquela que poderá ser uma das mais bem preparadas ciladas de sempre dos serviços secretos israelitas e norte-americanos. É bom que a Europa dos 25 se reuna, sim senhor. Mas atenção aos resultados da cimeira! A Europa não deverá aceitar, em caso algum, envolver-se em forças de interposição no Sul do Líbano, e muito menos aceitar como termo negocial a derrota do Hezbollah. O que a Europa deverá fazer é exigir o fim da agressão israelita e o regresso de Israel às fronteiras fixadas pela resolução 181 da ONU, em 1948, permitindo deste modo a efectiva criação de dois estados na Palestina: o Estado de Israel e o Estado da Palestina. Jerusalém, neste contexto, deveria transformar-se numa cidade-Estado independente, à semelhança de outros pequenos estados existentes no planeta. Aqui a Europa poderia comprometer a sua vontade e a sua honra, suportando inclusivamente parte dos importantes custos que uma tal decisão acarretaria. A missão da Europa, neste delicado caso, não será nunca a de fazer o trabalho sujo dos EUA e do seu sobrinho inglês. Mas antes a de garantir uma solução equilibrada na região, afirmando-se ao mesmo tempo como um vizinho cooperante do mundo árabe e muçulmano.

LINK 1 — Una historia de dos guerras, Loretta Napoleon, El País, 27 Jul 2006
LINK 2 — A história de Qana repete-se...
LINK 3 — Qana The Village of the Israeli Massacre
LINK 4 — Israel-Lebanon conflict - Wikipedia
LINK 5 — End-Timers & Neo-Cons; The End of Conservatives, Paul Craig Roberts, ZNet, 19 Jan 2005.

OAM #130 30 JUL 2006

quarta-feira, julho 19, 2006

Israel-Libano 1

Aeroporto de Beirute sob fogo israelita

Estado e Terrorismo


[21 Jul 2006] “Would you not agree that Muslim clerics in the Middle East (Sunnis and Shi`ites alike) expressed more outrage over Danish cartoons than over the destruction of Lebanon?” — As'ad AbuKhalil in The Angry Arab News Service

[25 Jul 2006] “[A] soldier is abducted from the army of a state that frequently abducts civilians from their homes and locks them up for years with or without a trial—but only we're allowed to do that. And only we're allowed to bomb civilian population centers . . . The concept that we have totally forgotten is proportionality. While we're in no hurry to get to the negotiating table, we're eager to get to the battlefield and the killing without delay.” — in Operation Peace for IDF, by Gideon Levy, HAARETZ.com


Apesar da antiguidade milenar do povo judeu, o moderno Estado de Israel é uma estranha novidade histórica. Na verdade, pode dizer-se que foi um invento recente da Federação Sionista, estrategicamente estimulada pelos súbditos bem avisados de sua magestade britânica (que não queriam judeus russos em Londres, mas queriam assegurar o controlo de uma zona rica em petróleo), com um primeiro grande impulso em 1917 e outro decisivo em 1948. A sua proto-história tem por conseguinte menos de um século, e a sua história uns escassos 54 anos de vida agitada e violenta. Percebe-se, pois, o remoque do senhor de Teerão quando diz aos ingleses e americanos, principais responsáveis do problema chamado Israel, que o resolvam.

Israel mostrou-se uma realidade difícil de digerir desde o primeiro minuto que pôs o pé nas areias áridas e pouco produtivas da Palestina. Os árabes começaram por lhe fazer a guerra assim que o novo Estado foi declarado. Diga-se, em abono da verdade, que Israel não contou nem com o apoio norte-americano, nem com os ingleses (que apoiaram tacitamente a frente árabe) para ganhar esta primeira guerra. As que se lhe sucederam, que também ganhou, fortalecendo sucessivamente a sua capacidade militar ofensiva e defensiva, foram contando progressivamente com o apoio cada vez mais explícito e prático do lobby judeu estado-unidense. Hoje é uma respeitável potência nuclear (com mais de 200 ogivas prontas a disparar!) O resultado destas vitórias foi, porém, um calvário para os povos árabes da Palestina. Divididos, desapoiados e humilhados, acabariam por enveredar pelas acções terroristas como principal táctica de oposição bélica ao novo país legalmente constituído. Israel decidiu responder com a táctica "olho por olho, dente por dente"... até que, mais recentemente, resolveu considerar que um judeu vale mais do que um árabe... e que dois soldados israelitas valem dez ministros do Hamas, a invasão e destruição de um país estrangeiro, centenas de vítimas civis e o terror de milhões de pessoas!

Israel deixou arrogantemente de respeitar a ONU, tal como o fazem todas as grandes potências quando lhes convém. Humilha sistematicamente as populações árabes da Palestina e os seus desgraçados e corruptos dirigentes. Invade os territórios e Estados vizinhos como se fossem casa sua. Por fim, perante a ameaça iraniana (estabelecer uma paridade nuclear naquela zona geo-estratégica), decidiu que chegara a hora de esclarecer militarmente um abcesso que ameaça, supostamente, a sua sobrevivência. A verdade é que a supremacia militar convencional, termo-nuclear, biológica e química de Israel e do seu principal patrocinador (os EUA) conduziu à expoliação e humilhação permanentes dos povos da Palestina, Irão e Iraque, não só ao longo de todo o século 20, mas sobretudo agora, quando a luta pelo controlo do petróleo e gás natural ameaça lançar o planeta numa tragédia inimaginável.

Esta é a primeira grande guerra entre judeus e muçulmanos no século 21. Devemos contudo olhar para ela como um episódio sangrento da guerra sem quartel que aí vem.

Não sabemos ainda se foram os Estados Unidos que envolveram Israel numa manobra de provocação contra o Irão. Se foi Israel quem programou subtilmente o envolvimento dos Estados Unidos numa confrontação próxima com o Irão. Ou se foi este último, como afirma o actual governo israelita, que preparou toda esta diversão e carnificina, com o objectivo de prosseguir a sua equiparação nuclear ao Estado de Israel, promovendo pelo caminho um afastamento mais decidido da China e da Rússia, dos Estados Unidos e da Europa.

Uma coisa é certa: a escassez anunciada do petróleo comandará os jogos de guerra mais próximos, tendo por teatro de operações privilegiado toda a zona compreendia entre o Irão, o Mar Cáspio e o Golfo Pérsico. Uma zona irresistível para os grandes especuladores, aventureiros, traficantes e assassinos.




Actualizações
[25 Ago 2006] Amnistia Internacional acusa Israel de cometer crimes de guerra e de terrorismo de Estado. In BBC online e Global Research.
[25 Jul 2006] É agora evidente para todos, depois das recentes declarações de Shimon Peres sobre o aniquilamento da Palestina (‘ou eles ou nós!’), da destruição sistemática das principais infra-estruturas do Líbano, dos bombardeamentos sucessivos contra alvos civis e do assassínio premeditado de quatro observadores das Nações Unidas (da China, Áustria, Canadá e Finlândia) estacionados no Sul do Líbano, que Israel se tornou, de facto, num Estado fora-da-lei. A situação é muitíssimo perigosa! A reacção da China perante a provocação assassina de Israel e dos Estados Unidos (que financia, arma e apoia descaradamente a fúria desesperada do estado Sionista) pode muito bem acelerar toda a actual conjuntura de pré-guerra global para o seu desencadear a curto prazo. Será que é mesmo isto que os Estados Unidos querem: antecipar uma guerra global, antes de a China poder chegar à paridade económica com a militarizada mas falida potência yankee? Vale a pena ler, entre outras referências, a entrevista a Noam Chomsky por Amy Goodman & Juan Gonzalez, no Democracy Now, bem como o artigo de Ken Silverstein no Harper's Magazine, We Fight Why? Israel's raid on common sense.

LINK 1 — A III GUERRA MUNDIAL JÁ COMEÇOU? — [13 Jul 2006] “Did World War III start yesterday morning? The great thing about predicting human events is that you are so often wrong. In this case, nothing would make me happier than to be in error. But, G-d help us all, I think the odds aren't that bad that I' m right. It is possible that yesterday morning, we started World War III.” In Sharon Astyk, Casaubon's Book.

LINK 2 — “The bombings of Lebanon are part of a carefully planned military agenda. They are not spontaneous acts of reprisal by Israel. They are acts of provocation.” In Global Research, Israeli Bombings could lead to Escalation of Middle East War, by Michel Chossudovsky.

LINK 3 — “Much of the United States policy in the Middle East and Central Asia is guided by acquiring strategic depths before Russia, China and Iran acquire strength. Iran wants to build nuclear weapons before the US and Russia are able to dominate the region. China is quietly making inroads in much of Asia and Africa before the US firmly establishes its global dominance. It's not just the United States that is following a doctrine of pre-emption. China and Iran are playing the same game. Can some calculations go wrong when investors are most confident of global economic growth and political stability as they were in the years leading to the First World War?” In Strategic Foresight Group; The Big Questions of Our Time, Part 8: Ferguson's Fears

LINK 4 — “NOAM CHOMSKY: Well, of course, I have no inside information, other than what's available to you and listeners. What's happening in Gaza, to start with that -- well, basically the current stage of what's going on -- there's a lot more -- begins with the Hamas election, back the end of January. Israel and the United States at once announced that they were going to punish the people of Palestine for voting the wrong way in a free election. And the punishment has been severe.

At the same time, it's partly in Gaza, and sort of hidden in a way, but even more extreme in the West Bank, where Olmert announced his annexation program, what's euphemistically called ‘convergence’ and described here often as a ‘withdrawal,’ but in fact it's a formalization of the program of annexing the valuable lands, most of the resources, including water, of the West Bank and cantonizing the rest and imprisoning it, since he also announced that Israel would take over the Jordan Valley. Well, that proceeds without extreme violence or nothing much said about it.

Gaza, itself, the latest phase, began on June 24. It was when Israel abducted two Gaza civilians, a doctor and his brother. We don't know their names. You don't know the names of victims. They were taken to Israel, presumably, and nobody knows their fate. The next day, something happened, which we do know about, a lot. Militants in Gaza, probably Islamic Jihad, abducted an Israeli soldier across the border. That's Corporal Gilad Shalit. And that's well known; first abduction is not. Then followed the escalation of Israeli attacks on Gaza, which I don't have to repeat. It's reported on adequately.
” In Noam Chomsky Website [U.S.- Backed Israeli Policies Pursuing ‘End of Palestine’; Noam Chomsky interviewed by Amy Goodman & Juan Gonzalez, in Democracy Now, July 14, 2006]

LINK 5 — “We can never allow an (alien) nation to live in the land (of Israel) as he will always make a claim to the land. The concept of transfer is the only future for the State of Israel. Transfer provides the solution for survival.” In Israel's Demographic and Security Challenge, Is Transfer the Only Rational Answer? By Bernard J. Shapiro

LINK 6 — “All of those people — millions in Ecuador, billions around the planet — are potential terrorists. Not because they believe in communism or anarchism or are intrisincally evil, but simply because they are desperate. Looking at this dam [Pastaza River, Ecuador], I wondered — as I have so often in so many places around the world — when these people would take action, like the Americans against England in the 1770s or Latin Americans against Spain in the early 1800s.” In John Perkins, ‘Confessions of an Economic Hit Man’

LINK 7 — “The wargame started with a crisis involving Iran which quickly escalated when the Tehran regime attacked shipping in the Persian Gulf; this in turn provoked a massive US naval response. As this conflict was developing, China attacked Taiwan, leading the US to split its forces in order to be able to respond to this additional challenge”. In Paul Rogers, The United States vs China: the war for oil, Open Democracy, 15 Jun 2006.

LINK 8 — “Is there a relationship between the bombing of Lebanon and the inauguration of the World's largest strategic pipeline, which will channel more than a million barrels of oil a day to Western markets?
Virtually unnoticed, the inauguration of the Ceyhan-Tblisi-Baku (BTC) oil pipeline, which links the Caspian sea to the Eastern Mediterranean, took place on the 13th of July, at the very outset of the Israeli sponsored bombings of Lebanon.
” In Michel Chossudovsky, The War on Lebanon and the Battle for Oil, Global Research, 26 Jul 2006.

LINK 9 — “The failure of the Rome summit on 26 July 2006 and the unwillingness of the United States to press for anything more than a minor pause in Israel's air offensive after the Qana tragedy on 30 July has not stilled the view in many western circles that the George W Bush administration will soon ensure a ceasefire in the Lebanon war. This ignores a key fact: Washington sees the war as a central part of the evolving global war on terror, with Israel as an absolutely vital part of that wider conflict.” In Paul Rogers, Lebanon: war takes root — The combination of United States global strategy, Israeli determination and Hizbollah resilience mean only one thing: a long war., Open Democracy, 03 Ago 2006.

Imagem: AP

Comentários não publicados: não darei seguimento a comentários acompanhados de links associados à guerra psicológica que acompanha a actual invasão do Líbano pelas tropas de Israel. Temos que impedir os falcões humanos de voar, mas sem cair na tentação de usar a pornografia do horror como arma de arremesso. AC-P

APELO DA AMNISTIA INTERNACIONAL

OAM #129 19 JUL 2006

segunda-feira, julho 10, 2006

Pamplona

Catia Coias - Pamplona

Largada Humana


Recebi uma nota da minha amiga e artista Cátia Coias sobre uma corrida de nus humanos contra a célebre largada de touros de Pamplona, que todos os anos leva milhares de turistas sedentos de uma prova de adrenalina proporcionada pela proximidade dos míticos animais —os touros— à capital Navarra. Há sempre feridos graves nesta loucura, que também se pratica em Portugal, nomeadamente na região do Ribatejo (Montijo, Alcochete, etc.), embora com menos profissionalismo comercial. A Espanha há muito que vende bem os seus produtos taurinos. Confesso que nunca me entusiasmaram, nem lá nem cá, sobretudo quando a faena é de morte!
Não vou entrar na antropologia dos sacrifícios e desafios ancestrais de que as touradas são ainda uma sobrevivência. Basta-me a certeza de serem provas de primitivismo cultural, ainda que bem menos malignas do que o desporto da guerra real com que continuamos a conviver macabramente. Provocar sem necessidade os touros, animais nobres e respeitáveis, não já em nome de um ritual atávico genuíno, mas para proveito puro das indústrias turísticas de Verão e gáudio de populações urbanas desejosas de novidade, parece-me prova evidente de falta de imaginação. Não se poderia re-desenhar o ritual agora degenerado de maneira a obter um sucedâneo interessante, criativo, e onde sobretudo o desporto radical não implicasse uma violência gratuita sobre o belo touro? O Mariscal seria capaz de ter uma boa ideia!

A Corrida dos Nus ou Largada Humana, que começou como uma reacção cultural adversa aos hábitos tauromáquicos dos espanhóis, parece coisa de somenos, quase oportunista, que não teria nenhuma possibilidade de existir se as largadas originais não fossem um facto. No entanto, já vamos na quarta edição desta contraposição cultural festiva, inteligente e erótica, ao pseudo ritual pamplonês. Com o tempo — quem sabe — esta largada humana poderá mesmo vir a ocupar a cabeça do cartaz turístico de Pamplona. Não se esqueçam que ninguém apostaria, há dois ou três anos atrás, que os nossos ambiciosos irmãos ibéricos iriam deixar de fumar. E deixaram!

Ao contrário das imbecis fotografias de manadas de indígenas em pelota promovidas pelo puritano norte-americano Spencer Tunick, estas largadas humanas revelam uma frescura antropológica bem mais estimulante. O seu intrínseco erotismo é inteligente, alternativo e propositivo. Há nesta manifestação de criatividade partilhada uma espécie de actualização muito oportuna das fantasias solares célticas e das provocações dionisíacas mediterrânicas. Havendo imaginação, haverá esperança :-)


Fotografia de Cátia Coias: "Largada Humana", Pamplona, 2006.

OAM #128 10 JUL 2006