terça-feira, fevereiro 22, 2011

TAP no fim da pista

Previsível e doloroso
os responsáveis devem ser responsabilizados!


Companhia reduz salários já este mês e corta mais de 15% na despesa global.
O Governo autorizou a TAP a fazer incidir os cortes salariais maioritariamente nos subsídios de férias e de Natal e ainda nas componentes variáveis da remuneração, soube o DN. DN online.

A TAP tornou-se uma companhia sem futuro. Tudo o resto é doloroso e triste. Só tem uma saída digna: reestruturar-se, i.e. despedir, indemnizando uns milhares de funcionários, e depois integrar-se na Lufhtansa — e não na IAG — International Consolidated Airlines, a companhia resultante da fusão entre a Ibéria e a British Airways, a caminho de nova fusão, desta vez com a American Airlines (ver notícia em Jornal de Negócios).

Os dados estão lançados, e dizem respeito a todo o sector de transportes, que Mário Lino e Ana Paula Vitorino, sob a batuta do intratável Sócrates, espécie de Roberto sempre-em-pé da tríade de Macau, conduziram a uma evitável ruína. A saber:

  • A TAP vem perdendo, dia-a-dia, posição nos quatro principais aeroportos nacionais (Portela, Sá Carneiro, Faro e Funchal) para a Ryanair, easyJet e demais companhias de voo de baixo custo (Low Cost).
  • O abuso de posição dominante que a TAP tem nas ligações entre a Europa e o Brasil já foi contestada pela União Europeia e tem os dias contados (a nova companhia aérea resultante da fusão entre a Ibéria e a British Airways, IAG, começou já a atacar este monopólio irregular).
  • A rota mais lucrativa da TAP —Lisboa-Luanda— não chega, obviamente, para justificar, e muito menos tirar do vermelho, uma companhia aérea que é uma das muitas empresas públicas que tem alimentado a nomenclatura demo-populista e corrupta do regime.
  • Pretender meter a TAP num saco de privatizações três-em-um, fazendo desta companhia falida e da lucrativa ANA um presente para quem ganhasse o futuro contrato de construção/exploração do improvável Novo Aeroporto da Ota em Alcochete, além de ser uma conspiração criminosa do Bloco Central, dificilmente convencerá qualquer investidor com juízo. O Grupo Mello já começou a posicionar-se para sacar o que lhe parece ser mais um negócio chulo, muito característico das economias que levaram os PIGS à situação dramática em que se encontram. Mas eu dou-lhe um conselho à borla: não se meta nisso, e invista na ferrovia!
  • Privatizar um monopólio de Estado como a ANA, que garante a prestação de serviço público a todo o país, substituindo-o por um monopólio privado, além de imbecil e criminoso, teria como consequência inevitável prejudicar seriamente o serviço público nos aeroportos deficitários — a maioria dos que estão ao serviço!
  • A prioridade absoluta em matéria de transportes é a diminuição da factura energética dos mesmos, e isto só se consegue de duas maneiras: 1) pondo de pé um Plano de Mobilidade e Transporte de Baixa Intensidade Energética, Ecológico e Sustentável Para Pessoas e Mercadorias; e 2) dando máxima prioridade ao transporte colectivo. A destruição em curso da rede ferroviária portuguesa é, portanto, um crime. Até a Linha do Norte corre risco de colapso e de descarrilamentos, em particular nos troços Ovar-Gaia e Coimbra-Alfarelos!
  • O CDS e o PSD berram todos os dias contra o TGV, mas nada dizem dos 50-60 mil milhões que querem sacar dos nossos impostos, sob a forma de maior endividamento (claro!), para o Novo Aeroporto da Ota em Alcochete, para as ruinosas PPPs das autoestradas e hospitais, para as inúteis e assassinas barragens que apenas servem para aumentar artificialmente os activos da sobre endividada EDP, para a alfândega das bitolas que a Mota-Engil vai herdar de Sócrates no Poceirão, para o obscuro mundo das águas municipais, e para a enviesada requalificação do Parque Escolar.
  • Com a escalada inflacionista do petróleo tudo começará a ficar mais caro: o pão, o café, o algodão. Mas o que verdadeiramente poderá apressar o colapso das economias mais fracas e dependentes, como a nossa, são três eventos ao virar da esquina: a subida vertiginosa dos preços dos combustíveis; a subida das taxas de juro do BCE; e o encerramento do mercado da dívida soberana para países financeiramente destruídos, como Portugal.

segunda-feira, fevereiro 21, 2011

FMI

Geração à Rasca têm melhores antecedentes do que Vicente Jorge Silva pensa...



Vale a pena ouvir este extraordinário libelo de um artista contra a miséria democrática e o pântano cultural a que uma certa corja financeira e partidária conduziu o país. José Mário Branco está muito mais próximo das gerações “rasca” (X) e “à rasca” (Y) do que muita gente do tempo de Vicente Jorge Silva e da minha (um pouco mais nova) geração — cujo conforto herdado sem esforço de uma ditadura podre, mas poupada e com poupanças, se vê agora exposto como um acto de dilapidação histórica de recursos e oportunidades. Andámos distraídos. Confiámos demasiado em economistas de bolso e penduras de toda a espécie. O resultado está à vista. Muitos de nós fizemos asneira sem intenção dolosa, e até sem proveito próprio, mas a verdade é que deixámos o país caminhar para a ruína. Mais vale acordar agora deste pesadelo, e fazer o que tem que ser feito, do que permanecermos na cobardia porreira, irresponsável e oportunista.

A entrada do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, do BCE e do FMI em Portugal é não só inevitável, como necessária, pois doutro modo, o saque actualmente em curso por parte das ratazanas que correm pelos corredores, prateleiras e fundos ainda fornecidos deste moribundo regime demo-burocrático, será mais catastrófico para todos nós e para os nossos filhos, netos e bisnetos. Teremos pela frente, no mínimo, cem anos de vergonha e solidão.

Ainda hoje li no Expresso um alarve da EDP ameaçar o país a propósito dos devaneios eólicos da empresa que o cabotino Mexia conduziu ao sobre endividamento (um passivo de mais de 29 mil milhões de euros).

A EDP, apesar deste descomunal endividamento, ainda vale alguma coisa, ao contrário da TAP, e é por isso que cairá um dia destes no papo de uma grande energética espanhola, alemã ou chinesa. É o preço de ter embarcado num processo de expansão encostado à especulação bolsista e a uma das várias tetas, hoje secas, do orçamento do Estado português. É o preço de se ter atravessado numa tecnologia que vive à conta dos impostos de dois países igualmente falidos: Portugal e os Estados Unidos. É o preço de não ter percebido a tempo que o mercado de emissões de CO2 equivalente não passou afinal de uma tentativa falhada de criar uma nova bolha especulativa que sucedesse à bolha imobiliária mundial e de alguma forma atenuasse o efeito devastador, e de duração desconhecida, do buraco negro dos derivados financeiros (cujo valor nocional supera em mais de dez vezes o PIB mundial).

Pois bem, a EDP, tal como a Mota-Engil, o BES e o Grupo Mello, entre outros, continuam a berrar pelas tetas orçamentais, mais do que todos os sindicatos juntos. Querem dinheiro! E os sindicatos? E nós? Vamos deixar que o capitalismo imbecil e clientelar, que não há meio de aprender que o colonialismo e a chulice autoritária acabaram, prossiga a sua tarefa assassina e suicida de liquidar Portugal?!

This is America

Bem prega frei Tomás...

Ex-analista da CIA, Ray McGovern, preso e espancado quando protestava em silêncio contra o belicismo americano, no preciso momento em que Hillary Clinton saudava a rebelião democrática egípcia. Os dirigentes americanos deverão temer pelo dia em que o povo americano perder também a sua paciência!



Hypocrisy has reached a new level as Secretary of State Hillary Clinton talked at George Washington University on Wednesday, disapproving governments that arrest protesters, not allowing freedom of speech. Former C.I.A. analyst Ray McGovern was taken from the audience by two security guards, beaten and left bleeding in jail. His crime? Standing silently with his back turned to Clinton, wearing a t-shirt that said “Veterans for Peace”. Officially it was “Disorderly conduct”. US News Source, 18-02-2011.

sábado, fevereiro 19, 2011

Outra classe política

Adeus betão

Paulo Portas: dois pesos e duas medidas

Portas acusa Governo e PSD de "fingirem" avaliação do TGV

Paulo Portas acusa o Governo e o PSD de só reavaliarem o TGV no papel, já que na prática o projecto continua a andar. "Há um fingimento. Oficialmente, o Governo diz que o TGV está para reavaliação, mas na prática, nos contratos e nas portarias, está a avançar com toda a velocidade", disse — Público, 19-02-2011.

Ajustes directos custaram 3,8 mil milhões de euros em 201

(…) em 2010 foram entregues quase 1,5 mil milhões de euros em obras sem concurso - este valor chegava para pagar a construção e manutenção do troço do TGV entre Poceirão e Caia ao longo de toda a concessão — Público 28-01-2011.

O velho clientelismo ruinoso do Bloco Central do Betão —bem expresso nas novas barragens (1) inúteis e assassinas (custo anunciado: 7 mM€), nas novas auto-estradas e SCUTs (custo estimado: 2 mM€), no novo aeroporto e TTT (custo por baixo: 10 mM€), nos dez novos hospitais PPP (custo estimado: 7mM€), e na chamada recuperação do Parque Escolar (custo anunciado: 2,5 mM€)— permanece intocado, a par da defesa canina dos privilégios dos gestores públicos —topo da carreira partidária de centenas ou milhares de boys&girls da nomenclatura que arruinou Portugal.

O modelo preguiçoso, oportunista e corrupto da economia portuguesa assentou nos últimos 30 anos em três pilares estruturais: financiamento comunitário, endividamento galopante, e betão. Interrompendo-se o fluxo dos dois primeiros, o terceiro pilar ruirá inexoravelmente.

A oposição tenaz do Bloco Central do Betão e de alguns banqueiros à correcção atempada deste paradigma deu no desastre à vista: a bancarrota de Portugal. Mas sem a ajuda subserviente dos partidos políticos, com especial destaque para o PS, PSD e CDS, os primeiros não teriam chegado onde chegaram, nem teriam causado tanto dano ao país. 

Não há nem nunca houve uma grande burguesia portuguesa independente. A burguesia palaciana e burocrática que sempre tivemos viveu e continua a viver nos corredores do poder e nutre-se directamente da teta orçamental, quer dizer, de alguma forma de espoliação e saque fiscal. O analfabetismo generalizado foi a condição cultural deste verdadeiro entorse civilizacional ao longo da nossa história. 

Os portugueses melhoraram os seus níveis de educação, sobretudo a partir do início da guerra colonial em África, e do contacto cosmopolita com outros povos e sistemas de governo induzido pela emigração, primeiro, em direcção a França e Alemanha, e mais recentemente, para o Reino Unido, Suíça, Luxemburgo, Canadá e Estados Unidos. Também por isto o actual regime tem os dias contados.

NOTAS
  1. No caso das barragens, Paulo Portas e o PSD não tugem nem mugem, porque o assunto está entregue aos manos Moreira da Silva (Miguel e Jorge), pupilos indirectos do senhor Pimenta verde, cujos interesses (não meramente teóricos, entenda-se) no desastre eólico são conhecidos de longa data.

Idos de Março

Sócrates, demite-te!

Durão diz que UE está pronta para ajudar Portugal
Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, revelou em entrevista concedida à BBC que a União Europeia está preparada para ajudar financeiramente Portugal. O governante disse que para isso acontecer basta o Governo pedir auxílio. — DN (19-02-2011).
Portugal one step closer to requesting EU bailout
A senior eurozone source alleges that the situation signals a Portugese bailout by April at the latest.
“Portugal is drowning. It’s not going to be able to hold on beyond the end of March,” the eurozone source said. “That’s already understood to be the case in financial markets, but now it’s also understood among [EU] finance ministers.” — Euractiv, 18-02-2011.

Posso estar totalmente enganado sobre a sobrevivência do governo socialista. Previsões políticas são sempre uma lotaria. A colocação de dívida pública portuguesa em 2011 é da ordem dos 20 mil milhões de euros (mais de 10% do PIB). Trata-se, porém, de um peditório financeiro essencial e indispensável para o financiamento do orçamento de estado deste ano e para acudir ao serviço da dívida pública que vence também ao longo deste ano: Março, Julho, Agosto, Outubro e Novembro.

Mesmo que parte do orçamento deste ano não seja executado, e que se atrasem pagamentos devidos a fornecedores, o endividamento acumulado e o défice orçamental são de tal grandeza que, sem compras maciças do BCE, a bancarrota já teria sido declarada. Os próximos dias e semanas dependem, portanto, do novo governo económico que sair da cimeira europeia de 11 de Março. Este conclave dos países do euro liderado pelo eixo franco-alemão marcará, segundo alguns observadores (LEAP), o início de uma descolagem europeia da trapalhada americana. O novo banco do mundo chama-se China, e este país anda a comprar dívida soberana de países da União Europeia ao BCE, em nome da estabilidade do euro. O colapso em curso da economia americana levará inevitavelmente a uma progressiva descaracterização do dólar como moeda de reserva mundial. A China e o Japão têm vindo a comprar grande quantidade de euros, mas também, nos últimos meses, importantes stocks de dívida soberana de alguns dos países mais aflitos da Eurolândia.

Para Durão Barroso e para o BCE uma crise política que implique a queda de Sócrates e eleições antecipadas é sobretudo preocupante no curto prazo pelas implicações que poderá ter nos juros da dívida pública portuguesa, e por contágio no resto da Zona Euro. A chantagem de Sócrates deriva aliás disto mesmo: se me deitam abaixo, serão responsáveis pela subida do preço do dinheiro que tem vindo a garantir a nossa sobrevivência! Mas o problema é que os juros têm vindo a subir continuamente, apesar da estabilidade governativa. E com o petróleo de Brent acima dos 100 dólares a coisa vai mesmo agravar-se. A mudança poderá mesmo ser encarada por todos (mercados incluídos) como a única hipótese para travar a escalada da crise financeira portuguesa, e impedir o contágio à Espanha.

Resumindo e concluindo: posso estar muito enganado, mas prevejo que este governo caia antes do Verão (já em Março, ou Abril...), ou com o chumbo do próximo OE...

A Oposição, toda a Oposição, será responsabilizada por viabilizar o descalabro da governação mitómana de José Sócrates, se não derrubar rapidamente este governo à deriva e em estado de negação catatónica.

Passos Coelho está sob enorme pressão, e corre sérios riscos de perder capacidade de manobra num futuro governo por si dirigido se deixar apodrecer mais a actual situação. Um governo Sócrates sem orçamento aprovado, gerido com duodécimos é teoricamente possível, e Sócrates estaria todo contente em seguir num tal cenário fantasista. Mas estaria Teixeira dos Santos? Estaria a Oposição? Estaria Cavaco Silva? Estaria Durão Barroso? Estaria o BCE? Estaria Angela Merkel? Estariam a China e o Japão? É o que falta saber, mas creio que já ninguém está de facto interessado em identificar-se com tamanha farsa e descaramento pseudo-socialista. Em política não há, como se sabe, almoços grátis!

Mesmo que Sócrates aguente mais seis meses, ou mais um ano, é urgente preparar desde já uma alternativa a Sócrates no próprio PS — e não apenas a esperada alternância via PSD.

António José Seguro, Francisco Assis e Sérgio Sousa Pinto devem concentrar-se imediatamente nesta tarefa, em vez de legitimarem uma farsa congressista de tipo coreano. Na minha opinião, Manuel Maria Carrilho é uma alternativa credível a Sócrates —por formação, por experiência governativa, pela reflexão programática evidenciada, e pela coragem que se lhe reconhece. Mas será que os jovens turcos do PS estarão em condições de avaliar objectivamente a situação?

sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Mexia e Sócrates assassinam rios

EDP convence governo PS a destruir rios, bacias hidrográficas, paisagens protegidas e turismo

“São os projetos mais difíceis em que nos devemos empenhar, porque são eles que podem mudar as coisas” (Expresso) — José Sócrates.

O objectivo da endividada EDP, no que se refere ao subserviente Programa Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico, é aumentar o peso dos activos e receitas garantidas pelo Estado português através dos compromissos assumidos por este, a mais de trinta anos, com a construção de onze novas barragens virtualmente inúteis e altamente prejudiciais à sustentabilidade eco-turística e ambiental de toda uma região demograficamente deprimida, envelhecida e indefesa. O jornalismo distraído que temos acompanha, sem verdadeiro contraditório, o embuste.

Para produzir mais 3% da energia eléctrica que consumimos não é preciso destruir rios (Sabor e Tua), ameaçar cidades de inundação catastrófica (Amarante), comprometer o futuro ecológico e turístico de regiões inteiras (por exemplo, o Douro Vinhateiro, classificado pela UNESCO como Património da Humanidade), como estão a fazer os piratas que levaram Portugal à falência. Bastaria, para alcançar este objectivo de duvidosa necessidade, aumentar a potência das barragens existentes e lançar um verdadeiro plano nacional de eficiência energética naquele que é o país da União Europeia onde mais energia se desperdiça sem qualquer proveito económico.

Sim, a tríade de Macau, de braço dado com o BES, a Brisa, a Mota-Engil, o Grupo Lena, a Teixeira Duarte, e muitos outros, decidiram sobreviver à custa da poupança e bem-estar dos portugueses, bem como da pilhagem de um património acumulados ao longo de dezenas, ou mesmo centenas de anos. Rasgaram o país com autoestradas vazias, queriam fazer aeroportos faraónicos em leitos de cheia, e pressionam agora tudo e todos para que os deixem levar por diante, com voz piedosa e muita propaganda e patrocínios culturais hipócritas e populistas, os poucos rios intactos do país, ou boicotar a ligação do nosso periférico país às novas redes ferroviárias de bitola europeia construídas e em construção por essa Europa fora, para desta forma criminosa garantir negócios privados inconcebíveis (neste caso concreto, "oferecendo" à Mota-Engil a faculdade de criar uma alfândega privada entre bitola ibérica e bitola europeia, na chamada Plataforma Logística do Poceirão!)

O caso das barragens do Tua, do Sabor e do Fridão —verdadeiros ecocídios injustificáveis—, tal como a oposição à nova ligação ferroviária rápida, para pessoas e mercadorias, entre Lisboa, a segunda maior rede ferroviária de Alta Velocidade do planeta (precisamente, a espanhola, que conta já com 2600 Km), e o resto da Europa, que se prepara para construir ligações ferroviárias de Alta Velocidade até Moscovo, Pequim e Xangai, ou ainda a insistência em querer fechar o Aeroporto da Portela, um dos mais pontuais do mundo e longe, muito longe mesmo de estar esgotado, revelam, todos eles, a persistência de um modelo parasitário, irresponsável, corrupto e descarado de usurpação privada do bem público em nome da preguiça, incompetência e inércia histórica de uma burguesia burocrática inculta, imprestável e condenada ao desaparecimento. Se não a pararmos já, porém, queimarão o que resta do país intocado.

A EDP é uma empresa muito endividada. Comprou empresas de energia na América cuja rentabilidade está por demonstrar. Apostou no mercado especulativo dos créditos de CO2 equivalente, abortado pela China e pelo Brasil na Cimeira de Copenhaga de 2009. Nem o anúncio de hoje, pré-anunciado ontem, sobre o início das obras da barragem assassina do Tua impediu a EDP de sair do vermelho da bolsa (Jornal de Negócios, gráficos). A sua capitalização bolsista em 2010 (10.498M€) e o seu volume de negócios (10.238, 6M€) são ambos inferiores à sua dívida financeira líquida (16.246,40 M€). O total do passivo da empresa subiu 876.471.000€, de 2009 (28.268.725.000€) para 2010 (29.145.196.000€). Em suma, os ratings da EDP produzidos pelas principais agência de notação financeira poderão em breve ser afectados pelos impactos muito sérios dos endividamentos astronómicos das economias portuguesa, espanhola e norte-americana, bem como pelo colapso financeiro de centenas de cidades americanas. O outloook negativo da Standard & Poors emitido em Outurbo do ano passado foi um aviso:
  • Standard & Poors: A-/Negative/A2 (29/10/2010)
  • Moody's: A3/Stable/P2 (13/07/2010)
  • Fitch: A-/Stable/F2 (17/06/2010)
O discurso de José Sócrates, na sua mitómana irresponsabilidade e permanente conluio com o que de mais cabotino existe na economia portuguesa é bem o espelho de um país em declínio, que urge sustar.