quarta-feira, setembro 01, 2004

Women on Waves 5

WOMEN ON WAVES ATTACKED BY PORTUGUESE GOVERNMENT, NOT IN OUR NAME!


Photo: Women on WavesBarcos de guerra bloqueiam Ms. Borndiep a 15 milhas da costa Portuguesa.
29-08-04, 17:15 : A Marinha de Guerra Portuguesa circunda o navio da Women on Waves e impedem a aproximação do navio à costa Portuguesa. Foto: Nadya Peek for Women on Waves.





OAM #45
01 Setembro
2004
Como se previa, o ministro fatal deste Governo de opereta esperou pouco para tramar o seu parceiro de coligação. Com o Primeiro Ministro em parte incerta, Paulo Portas começou uma guerra, com fragata, corveta e tudo, contra um pequeno rebocador transformado em navio de apoio à causa da legalização do aborto. A situação actual é a seguinte: Portugal bloqueou e bloqueia (através de ameaça militar!) a entrada em Portugal de um navio comunitário em missão de paz; Portugal impediu e impede a circulação livre de cidadãos comunitários no seu território, sem uma única base legal válida; o inenarrável Ministro da Defesa declara, com aquele seu ar parvo, que o assunto, para o Estado Português, está encerrado. O Primeiro-Ministro parece continuar de férias. O Presidente da República já deve ter regressado de Atenas... para assumir o cargo de Comandante Supremo das Forças Armadas. Só não se sabe se vai cumprir a sua promessa de garantir a tal continuidade do espírito do Governo legítimo que deu lugar à presente aberração.
Mas desenganem-se todos, a começar pelo Sinistro Portas: o assunto não está encerrado não senhor! Muito pelo contrário, só agora começou a deflagrar como uma verdadeira bomba mediática por essa Europa fora — a tal Europa Comunitária, de fronteiras abertas, com moeda única e uma soberania crescentemente partilhada, mas que o Paulo betinho sempre odiou (porque são assim alguns betinhos, que nunca viram nem tropa, nem guerra, na puta da vida), embora tenha, neste preciso momento, como seu Presidente, o homem que lhe deu a mão (ou a quem deu a mão): José Manuel Barroso.
O Paulinho conseguiu colocar a imagem do nosso País atrás das dos Irlandeses e Polacos, mas à sua maneira: i.e. estrondosamente. Para que toda a Europa confirme o que já suspeitava: que os Portugueses são um povinho atrasado com' ó caraças! E que gostam bué de Fundos Comunitários. Mas lá trabalhar, lavar os dentes, cortar as unhas, conhecer nem que seja mais um desportozinho além do futebol, deixar de cuspir para o chão, ou de estacionar em cima dos passeios, iss' é qu' era bom! Além do mais, os Portugas, ao que parece, têm a mania de foder as gajas e metê-las na pildra sempre que estas se atrevem a abortar fora duma clínica madrilena ou londrina.

Não em meu nome! Não em nosso nome!

Precisamos de gritar bem alto isto, ou algo parecido, ao longo deste mês. De modo a que saiba que em Portugal não habitam apenas indígenas da Idade Média, corruptos e atrasados mentais.

O nível da resposta da actual maioria à tempestade que se foi levantando depois do acto filho-da-puta de Paulo Portas ficou bem ilustrado na prestação da ex-comunista (e actual personagem rasteira do PSD) Zita Seabra. Depois de alardear como uma peixeira de fracos recursos oratórios que fora ela quem ensinara aos Espanhois como redigir a sua Lei do Aborto, deu-nos a conhecer que toda a sua recém-iluminação e clarividência sobre temas tão complexos como o da Interrupção Voluntária da Gravidez — inatingível por qualquer homúnculo de esquerda — tinha origem numa nova e fascinante Sociologia: a Sociologia do Cabeleireiro. Quem não passou, como ela, pelas passas dum Cabeleireiro, não pode saber até que ponto as mulheres Portuguesas estão tão bem informadas sobre como e onde abortar! Ficámos ainda a saber, de borla (um bónus para a plateia...), que já não existe proletariado. Metalúrgicos, mineiros, extractores de petróleo, montadores de automóveis, de televisões, de DVDs ou de computadores, apanhadores de café e chá, enroladores de charutos, operários têxteis, do calçado ou da indústria alimentar,... nada. Já nada disto existe. E quem lho disse, foi alguém, no cabeleireiro...
É certo que muito boa gente — tanto do PSD, como do PP — anda nestes dias com a pele arrepiada. E que alguma dessa gente teve a coragem de distanciar a sua opinião destas aberrações ideológicas e destes repelentes abortos do carreirismo. Temo, porém, que tais actos de civilidade e inteligência não cheguem para atalhar a verdadeira destruição ideológica actualmente em curso no interior do PSD, pela mão do Sr. Santana Lopes, e pela cabeça do Sr. Paulo Portas.

Estou disposto a assinar qualquer petição cujo título comece por: WOMEN ON WAVES ATTACKED BY PORTUGUESE GOVERNMENT, NOT IN OUR NAME!

1 comentário:

Marta Mestre disse...

Não o vi na manif de hoje em frente à residência do Santana...mas não perdeu grande coisa...
Foi triste ver Portugal desmobilizado.Uma dezena de gatos pingados e muito pouco barulho.

"Portugal é um cú no qual se cai e do qual não se sai" J. César Monteiro

marta mestre