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quinta-feira, setembro 20, 2012

Ainda a Manif do 15-S

Adriana Xavier abraça um polícia chamado Sérgio na Manif de 15 de seembro
Foto©Reuters/Jose Manuel Ribeiro

O amor que desarma a força :)

Tem 18 anos, é de Lagos e nunca tinha ido a uma manifestação. Não acredita em partidos, nem no dinheiro — “O dinheiro só gera maus sentimentos, só gera ódios.” Adriana Xavier é o nome da jovem que no sábado saiu à rua naquele que foi o seu primeiro protesto. As câmaras dos fotógrafos apanharam-na em frente aos escritórios do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Lisboa, num ambiente de tensão. Havia manifestantes a atirar tomates. Um petardo tinha rebentado havia pouco. Adriana aproximou-se de um polícia e abraçou-o — in Público, 17-9-2012.

Uma adolescente algarvia rouba um sorriso a um polícia de choque na mais inesperada e inconveniente situação: uma gigantesca arruada contra a Troika, contra o governo, contra a austeridade. Como foi possível? Ora bem, socorrendo-se de uma energia tão ao mais irresistível que o ódio: o amor à primeira vista! 

Esta foto, que a Reuters imediatamente comprou a José Manuel Ribeiro, correu mundo. No fundo, Portugal tem uma imagem de marca em matéria de revoluções, pelo menos desde a revolução que acabou com ditadura de Salazar e Caetano (1926-1974): preferimos flores e beijos a destruir as montras da Prada.

Há quem escreva que isto se deve à nossa ingenuidade inculta, à falta de mundo, à subserviência perante os mais fortes que sempre nos roubaram como se não fossemos da mesma carne e da mesma terra. Eu creio bem que não. É precisamente por termos barbas compridas, longos cabelos, olhos de amêndoa, nariz que baste, e muito mundo —todo o mundo!— que antes de agirmos com dureza preferimos esperar, mostrar a irritação em estado puro, sem palavras de ordem programáticas, sem partidos, sem sindicatos, sem clubismo. Estamos todos, ou quase todos muito chateados, e fomos no passado dia 15 de setembro manifestar isto mesmo perante o mundo, mandando recado pela Troika.


Adriana e Sérgio. Afinal o polícia até poderia morar no mesmo bairro...
Foto: autor desconhecido

Um povo tão escasso como o português, como teria alguma vez conseguido criar um império, se não fosse através do amor? Camões percebeu-o plenamente, sobretudo quando abominou para todo o sempre o assassínio político de Inês de Castro. Que levas nessa mochila?! São rosas brancas, amigo :)