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Busto romano do imperador Augusto, fim séc. I aC. |
Idade: 2041 anos; fundada pelo imperador romano Augusto (r. 27 a.C.-14 d.C.)
Bracara Augusta, como o nome indica, não foi fundada por padres, mas pelo primeiro imperador romano, Augusto, sobrinho neto de Júlio César. Viveu até aos 75 anos e governou durante 41 anos. O período imperial inaugurado por este primeiro imperador romano duraria dois séculos, e ficou conhecido por Pax Romana.
Braga foi sempre um legado de Roma, da Roma cristã, mas também, na sua estrutura urbana racional, da Roma das inúmeras divindades, por sua vez herdeira doutra grande civilização pagã, a grega.
Braga, que já é uma das cidades mais procuradas pela imigração recente, nomeadamente brasileira, perfila-se no horizonte próximo como um dos principais destinos turísticos do país. Não está, porém, preparada nem para uma imigração descontrolada, e menos ainda para um crescimento turístico em massa repentino.
A gentrificação da cidade, na realidade, já entrou numa espiral inflacionária preocupante.
Ambos os fenómenos são, no curto e médio prazo, imparáveis. E é por isto mesmo que, em vez de polarizações populistas, é absolutamente necessário que a própria cidade-região comece a pensar como os romanos, de forma racional, pragmática, visionária, e criativa.
Há decisões drásticas a tomar, nos planos territorial, urbanístico, habitacional, social, cultural e turístico. Há que substituir o velho sistema de poder local (laico e religioso) despótico que, mesmo em democracia, subsiste, por uma democracia local verdadeiramente representativa, participativa e sobretudo deliberativa, onde a instituição autárquica conduza a metamorfose democrática sem a colonizar, nem, muito menos, instrumentalizar e subverter, como tem ocorrido nas cosméticas operações de 'democracia participativa' ensaiadas no nosso país.
Braga vê-se a pé em duas horas, numa manhã, num dia. É pequenina e os seus arredores mal comunicados e pouco amigáveis de caminhadas e ciclovías. Não é a Roma alternativa que a propaganda enganosa dos especuladores do turismo apregoam. Nem deve querer ser!
Mas o município de Braga é bem maior do que a cidade das igejas, do Sameiro e do Bom Jesus. Comparando os municípios de Braga e Cascais, ambos em franco desenvolcimento, o que vemos? Vemos isto:
Braga: 183,4 Kmq; ~200 mil habitantes
Cascais: 97,4 Kmq; +214 mil habitantes
Ou seja, há muito por onde organizar a expansão harmoniosa da cidade minhota. Desde logo trnasformando-a numa cidade polinuclear desempoeirada, bem comunicada por automóvel, mas também por transportes públicos gratuitos, com regras cívicas, urbanísitcas, sociais e culturais de elevada produtividade e qualidade ambiental.
Braga é a capital de um distrito com mais de 850 mil habitantes, a meia hora de carro do Porto, em cuja Área Metropolitana vivem mais de um milhão e setecentos mil almas.
O desafio é evidentemente espinhoso. Mas Braga é hoje um importante centro universitário que faz dela uma das cidades mais jovens do país. Convoque-se, pois, esta juventude para adaptar a cidade à nova pressão do tempo.