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sábado, julho 23, 2011

Propaganda EDP

Mexia apostou no dólar, e perdeu!



Exemplo indecoroso de manipulação de massas através da propaganda publicitária. A EDP quer não só o monopólio da energia, mas também da água!

E não se trata de uma empresa pública, mas sim de uma empresa que responde única e exclusivamente aos interesses dos especuladores que nela apostam. Está no entanto na corda Bamba do incumprimento (default), ou seja, da falência — pois tem um passivo acumulado equivalente ao custo de 16 pontes Vasco da Gama. O Plano de Novas Barragens que congeminou com José Sócrates é uma fraude criminosa destinada apenas a aumentar a sua carteira de activos, a fim de conseguir dinheiro para sobreviver (1). Creio, porém, que o seu destino a breve trecho será uma OPA hostil, ou a entrada duma grande empresa na privatização da quota que o Estado vai por à venda (alemã ou francesa, dizem), que a pouco e pouco tomará conta da empresa. Se vai ser assim —e vai— que sentido faz deixar o oligopólio avançar com um Plano de Barragens inútil e assassino dos ecossistemas e do nosso potencial turístico, como bem lembrou há meses o The New York Times, numa reportagem em que alertava para eutrofização das albufeiras do rio Douro como uma ameaça escondida à sustentabilidade futura do turismo na região?



Os jornalistas da nossa indigente imprensa dedicam a sua falta de imaginação e brio ao massacre do “TGV”, um projecto necessário, objecto de compromissos de Estado reiterados e financiados parcialmente pela UE com taxas de juro invejáveis e inacessíveis nos tempos que correm. O futuro estratégico da mobilidade europeia, como consta das mais recentes resoluções de Bruxelas, está na interoperabilidade ferroviária, no transporte marítimo de longa (transoceânico) e curta distância (cabotagem), na aviação Low Cost e no transporte colectivo urbano, suburbano e interurbano. No entanto, os jornalistas da nossa indigente imprensa dedicam a sua falta de imaginação e brio ao massacre do “TGV”, esquecendo sistematicamente que o maior rombo nas nossas contas públicas advém, não do TGV (que nem sequer perturbou ainda, num cêntimo que seja, as nossas péssimas estatísticas), mas das 120 PPP — rodoviárias, hospitalares, hidroeléctricas, e ligadas ao negócio do saneamento e do lixo engendradas pelo Bloco Central. É assim tão difícil perceber esta realidade? Cá estaremos para lembrar este comentário aos órgãos de propaganda em que se transformou a nossa indústria jornalística, quando a linha de bitola europeia entre o Pinhal Novo e o Caia (Évora-Badajoz) inaugurar ;)




UMA CARTA AO MINISTRO DA ECONOMIA (recebido neste blog a 5 de Agosto de 2011)

Caro Prof. Álvaro Santos Pereira,

Tomo a liberdade de lhe enviar pessoalmente esta informação, dado que os canais institucionais não parecem estar a funcionar lá muito bem.

Contrariamente à propaganda da EDP (com cumplicidade das autoridades até à data), o Programa Nacional de Barragens é um verdadeiro desastre para a economia nacional, para o orçamento de Estado, para o desenvolvimento regional e para  ambiente.

Nunca foi publicada qualquer estimativa oficial dos custos reais do programa para os cidadãos e o Estado, mas as concessões das grandes barragens são um buraco financeiro comparável às SCUTS. Pelas nossas estimativas, os 3.600 milhões de euros de investimento inicial vão transformar-se num custo directo, para os consumidores e o Estado (ou seja para os contribuintes) de 15 mil milhões de euros, pelo menos. Cerca de 25 a 30% disto serão transferências do orçamento de Estado, pelo subsídio à reserva de potência, enquanto o resto será repercutido na tarifa ou no défice tarifário.

A isto há que acrescentar os custos indirectos das actividades económicas perdidas, das comunidades e dos recursos naturais destruídos.

O emprego gerado é escasso e limitado no tempo, sendo o custo de cada emprego dez vezes mais caro que investimentos no turismo rural.

As alternativas de poupança energética são dez vezes mais baratas, medidas em investimento por kWh, do que a nova produção nas novas barragens.

Anexo cópia do memorando sobre a matéria dirigido às instituições internacionais.

Ao seu dispor para quaisquer esclarecimentos ou para aprofundar a discusão no domínio da política energética (conforme de resto já solicitei pelas vias oficiais).


Com os melhores cumprimentos,

João Joanaz de Melo
Presidente do GEOTA
Professor de Engenharia do Ambiente,
Universidade Nova de Lisboa

ANEXO: “The Portuguese Dam Program: an economic and environmental disaster” (PDF)

NOTAS
  1. O senhor Mexia já teve que vender por duas vezes este ano, em nome da EDP, participações que esta empresa detinha em congéneres brasileiras. Sabem para quê? Pois para pagar os juros galopantes da sua dívida de 17 mil milhões de euros — ou seja, mais de 600 milhões de euros/ano (ler esta notícia do Jornal de Negócios).

    A pergunta óbvia agora é esta: como vai a EDP pagar o serviço da sua descomunal dívida, em 2012, 2013, 2014, etc.? O truque montado com José Sócrates chama-se Plano Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico — o qual irá custar ao país qualquer coisa como 15 mil milhões de euros! Depois do criminoso buraco das PPPs rodoviárias, esta é a maior burla financeira montada no nosso país para acorrentar o nosso futuro imediato e o futuro dos nossos filhos e netos a uma dívida que deveria enviar directamente para a cadeia os seus fautores. Que diz a Esquerda empalhada sobre isto?

ÚLTIMA HORA!

Suicídio não é opção | Sérgio Figueiredo | Económico, 9-8-2011 (QED: Vende-se a EDP, pois claro!)

Sérgio Figueiredo, presidente do conselho executivo da Fundação EDP (quem diria) reconhece implicitamente que o futuro da EDP é a alienação:
“Hoje não temos alternativa à venda de ativos ao exterior, [...]” “[...] Mas como o suicídio não é uma escolha, o mais provável é ver a esmagadora maioria das empresas nacionais sob controlo de estrangeiros. Acumulamos passivo, libertamos ativos. Não é uma opinião, muito menos um palpite. Também não é novidade.”